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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

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Noções de Biossegurança laboratorial

1. Conceito de biossegurança

A biossegurança é um conjunto de medidas necessárias para a manipulação


adequada de agentes biológicos, químicos, genéticos, físicos (elementos
radioativos, eletricidade, equipamentos quentes ou de pressão, instrumentos de
corte ou pontiagudos, vidrarias) dentre outros, para prevenir a ocorrência de
acidentes e conseqüentemente reduzir os riscos inerentes às atividades
desenvolvidas, bem como proteger a comunidade e o ambiente e os experimentos.

2. Equipamentos de proteção individual

São quaisquer meios ou dispositivos destinados a ser utilizados por uma


pessoa contra possíveis riscos ameaçadores da sua saúde ou segurança durante o
exercício de uma determinada atividade.

3. Tipos de EPI’s utilizados no laboratório clínico

Luvas: As luvas protegem de sujidade grosseira. Elas devem ser usadas em


procedimentos que envolvam sangue, fluidos corporais, secreções, excreções
(exceto suor), membranas mucosas, pele não íntegra e durante a manipulação de
artigos contaminados. As luvas devem ser trocadas após contato com material
biológico, entre as tarefas e procedimentos num mesmo paciente, pois podem
conter uma alta concentração de microrganismos. Remova as luvas logo após usá-
las, antes de tocar em artigos e superfícies sem material biológico e antes de
atender outro paciente, evitando a dispersão de microrganismos ou material
biológico aderido nas luvas. Lave as mãos imediatamente após a retirada das luvas
para evitar a transferência de microrganismos a outros pacientes e materiais, pois
há repasse de germes para as mãos mesmo com o uso de luvas.

Luvas de procedimento: São de látex, não estéreis, protegem o manipulador.

Luvas domésticas: São de borracha e indicadas para limpeza de materiais e de


ambiente

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Luvas estéreis: São utilizadas para procedimentos invasivos e assépticos (evitar a
contaminação por microrganismos), protegem o operador e o paciente.

Máscaras: Servem para proteger a mucosa do nariz e da boca contra respingos


gerada por espirro, fala ou tosse de pacientes ou durante a realização de
procedimentos laboratoriais. São de uso único, devem ser trocadas quando úmidas
ou submetidas a respingos visíveis.

Óculos: Protegem a mucosa dos olhos contra respingos, aerossóis e da irritação


provocada por substancias voláteis (álcool, acetona, reagentes). São reutilizáveis,
feito de material plástico.

Gorro: É utilizado para proteger as amostras de contaminação, para não cair fios
de cabelo na amostra, para impedir a impregnação de algum odor nos cabelos.
Também são úteis durante a realização de procedimentos nos quais são
produzidos aerossóis, projeção de partículas e proteção dos pacientes durante
procedimentos cirúrgicos. São descartáveis.

Protetor facial: É utilizado no lugar dos óculos e da máscara, protege toda a face.
É utilzado em procedimentos onde há a produção de muitos aerossóis e de
partículas solidas, de faíscas, etc.

Avental ou jaleco: O avental (limpo, não estéril) serve para proteger a pele e
prevenir sujidade na roupa durante procedimentos que tenham probabilidade de
gerar respingos ou contato de sangue, fluidos corporais, secreções ou excreções. O
avental será selecionado de acordo com a atividade e quantidade de fluido
encontrado (plástico ou tecido). O avental de plástico está indicado para lavagem
de materiais em áreas de expurgo. O avental sujo será removido após o descarte
das luvas e as mãos devem ser lavadas para evitar a transferência de
microrganismos para outros pacientes ou ambientes.

Calçados: fechados e impermeáveis, para impedir a penetração de sujidade ou de


amostras derramadas no chão, vidros quebrados, etc.

4. Equipamentos de proteção coletiva

São utilizados na proteção coletiva de trabalhadores expostos ao risco

4.1Tipos de EPC’s

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Dispositivos de pipetagem – Nunca usar a boca para pipetar, porque além do
risco de aspiração, torna mais fácil a inalação de aerossóis. Utilizar um dos vários
tipos de bulbos, pêra ou pipetadores.

Extintores de incêndios: equipamento que combate o fogo é colocado no corredor


do laboratório.

Lava olhos: tem o objetivo de livrar os olhos de contaminantes

Chuveiro de segurança: são aqueles especificamente projetados para fornecer


um fluxo de água abundante e de baixa pressão, suficiente para remover do corpo
humano qualquer tipo de contaminante ou calor, sem causar agravamento de
possíveis lesões.

Saída de emergência: facilitar o acesso para fora do laboratório no caso de


incêndios ou acidente com gazes explosivos ou tóxicos.

Capelas biológicas: Equipamento imprescindível onde se manuseia produtos


químicos ou particulados, amostras biológicas que podem apresentar
microorganismos infectantes. As capelas ajudam a proteger o operador, a amostra
e o meio ambiente, pois possuem filtros que purificam o ar que é lançado para o
interior ou para fora do laboratório.

Descartes para materiais perfurocortantes: devem ter paredes firmes e rígidas,


geralmente são feitos de papelão, com revestimento interno que não permita
vazamento ou perfurações. Após o uso, são recolhidos e devem ser incinerados
para destruir os matériais contaminantes.

5. Cuidados com materiais perfuro-cortantes:

Os matérias perfurocortantes são seringas, agulha escalpes, ampolas, vidros


de um modo em geral ou, qualquer material pontiagudo ou que contenham fios de
corte capazes de causar perfurações ou cortes.

Recomendações especificas devem ser seguidas durante a realização de


procedimentos que envolvam a manipulação de material perfurocortante.
a) Máxima atenção durante a realização dos procedimentos;
b) Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos
que envolvam materiais perfurocortantes;

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c) As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da
seringa com as mãos;
d) Não utilizar agulhas para fixar papéis;
e) Todo material perfuro-cortante (agulhas, seringas, scalp, laminas de bisturi,

vidrarias, entre outros), mesmo que esterilizados, devem ser desprezados em


recipientes resistentes à perfuração e com tampa;
f) Os recipientes específicos para descarte de materiais não devem ser preenchidos
acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados sempre
próximos do local onde é realizado o procedimento.

Figura 1 chuveiro de segurança e lava-olhos

As Boas Práticas de Laboratório exigem que se respeitem as seguintes diretrizes


básicas ao utilizar os laboratórios da área da Saúde:

1. Utilizar proteção apropriada para os olhos quando necessário.

2. Usar outros equipamentos de proteção conforme for necessário.

3. Não usar cabelo solto, quando for longo.

4. Jamais pipetar com a boca solventes ou reagentes voláteis, tóxicos ou que


apresentem qualquer risco para a segurança. Usar sempre um pipetador.

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5. Evitar a exposição a gases, vapores e aerossóis. Utilizar sempre uma capela
ou fluxo para manusear estes materiais.

6. Lavar as mãos ao final dos procedimentos de laboratório e remover todo o


equipamento de proteção incluindo luvas e aventais.

7. Nunca consumir alimentos e bebidas no laboratório. A separação de


alimentos e bebidas dos locais contendo materiais tóxicos, de risco ou
potencialmente contaminados pode minimizar os riscos de ingestão acidental
desses materiais. Consumir alimentos e bebidas apenas nas áreas
designadas para esta finalidade.

8. Não guardar alimentos e utensílios utilizados para a alimentação nos


laboratórios onde se manuseiam materiais tóxicos e perigosos.

9. Não utilizar os fornos de micro-ondas ou as estufas dos laboratórios para


aquecer alimentos.

10. A colocação ou retirada de lentes de contato, a aplicação de cosméticos


ou escovar os dentes no laboratório pode transferir material de risco para os
olhos ou boca. Estes procedimentos devem ser realizados fora do laboratório
com as mãos limpas.

11. Aventais e luvas utilizados no laboratório que possam estar


contaminados com materiais tóxicos ou patogênicos não devem ser utilizados
nas áreas de café, salas de aula ou salas de reuniões.

12. Antes de sair do laboratório, lavar sempre as mãos para minimizar os


riscos de contaminações pessoais e em outras áreas.

13. No laboratório sempre devem existir locais para a lavagem das mãos
com sabonete ou detergente apropriado e toalhas de papel descartáveis.

14. Limpeza da Bancada de Trabalho

a) Deve ser feita com álcool a 70% no início e no término das atividades ou

sempre que houver necessidade;

b) Quando houver derramamento de material biológico, limpar imediatamente

com solução de hipoclorito a 2% em preparação diária.

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Procedimentos para controle de microorganismos no laboratório

Conceitos

Limpeza: Consiste na remoção da sujidade da superfície de artigos e


equipamentos, através da ação mecânica utilizando água e detergente, com
posterior enxágüe e secagem. A grande carga microbiana está concentrada na
matéria orgânica, que conseqüentemente, será removida de uma superfície durante
a remoção da sujidade. A limpeza deve ser sempre realizada como primeira etapa
de desinfecção ou esterilização, pois vai garantir a qualidade destes processos. O
material orgânico aderido abriga os micróbios. Ao realizarmos a limpeza de artigos
estamos expostos à fluidos contaminados e produtos químicos, sendo
imprescindível a utilização de equipamentos de proteção como óculos, máscara
cirúrgica, avental plástico, braçadeiras plásticas e luvas de borracha.

 Produtos utilizados para limpeza

Detergente liquido e neutro

Modo de uso em superfícies: aplicar puro em um pano úmido ou escova, ou diluído


em água (solução detergente). Aplicar pano umedecido em água para o enxágüe.

Desinfecção: É o processo de destruição de microrganismos como bactérias na


forma vegetativa (não esporulada), fungos, vírus e protozoários. Este processo não
destrói esporos bacterianos.

Produtos utilizados:

• Cloro e compostos clorados: o composto clorado de uso mais comum é o


hipoclorito de sódio.

Por ser volátil, sua troca é indicada a cada 24 horas. A concentração recomendada
é de 1% em dez minutos de contato ou 0,5% com trinta minutos de contato para
desinfecção de nível médio.

Modo de uso: a solução deve ser solicitada na concentração indicada. Se for usado
alvejante comercial, considerar a concentração de 2% e preparar a solução com
uma parte de alvejante e igual parte de água para obter 1% ou uma parte de
alvejante para três de água obtendo 0,5%.

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• Álcool 70%: fechar o frasco imediatamente após o uso para evitar a volatização.

Modo de uso:

Em imersão: colocar em recipiente plástico com tampa. Por ser volátil, sua troca é
indicada a cada 24 horas. Seu tempo de contato mínimo é de 10 minutos. Deixar
escorrer e secar espontaneamente dispensa o enxágüe. Indicado para artigos
metálicos como pinças, estantes de laminas, tesouras e materiais de odontologia.
Não é indicado para materiais de borracha, látex, silicone e acrílico pela sua
possibilidade de ressecar e opacificar estes materiais.

Em superfícies: aplicá-lo diretamente com compressas, friccionando até sua


evaporação repetindo por mais duas vezes. A superfície deve estar limpa e seca,
pois é inativado na presença de matéria orgânica. Indicado para equipamentos
como refletores de luz, mesas ginecológicas, mobiliário de atendimento direto ao
paciente.

Esterilização por processos físicos

A esterilização por processos físicos pode ser através de calor úmido, calor seco ou
radiação. A esterilização por radiação tem sido utilizada em nível industrial, para
artigos médicos-hospitalares. Ela permite uma esterilização a baixa temperatura,
mas é um método de alto custo. Para materiais que resistam a altas temperaturas a
esterilização por calor é o método de escolha, pois não forma produtos tóxicos, é
seguro e de baixo custo.

• Esterilização por Calor Úmido: o equipamento utilizado é autoclave. É o método


de 1ª escolha tratando-se de esterilização por calor. Esta preferência se justifica por
preservar a estrutura dos instrumentos metálicos e de corte, por permitir a
esterilização de tecidos, vidros e líquidos, desde que observados diferentes tempos
de exposição e invólucros. O mecanismo de ação biocida é feito pela transferência
do calor latente do vapor para os artigos, e este calor age coagulando proteínas
celulares e inativando os microrganismos. Os artigos termossensíveis não devem
sofrer autoclavagem, pois a temperatura mínima do processo é de 121º C, bem
como os óleos que não permitem a penetração do vapor.

Etapas para processamento:

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Invólucros: após limpeza, secagem e separação, os artigos deverão ser
acondicionados para serem submetidos ao ciclo de esterilização. Os instrumentos
articulados, tipo tesoura, porta-agulha, devem ser embalados abertos no interior do
pacote. Como invólucros para este processo, existem: papel grau cirúrgico, filme
plástico de polipropileno, algodão cru duplo com 56 fios, papel crepado, caixas
metálicas forradas internamente com campos simples e com orifícios para permitir a
entrada do vapor.
Os invólucros deverão ser identificados quanto ao conteúdo, e todos deverão ter
escrito a data de validade da esterilização. Todas as embalagens deverão portar
um pedaço de fita de indicação química externa para diferenciar e certificar que os
pacotes passaram pelo processo.
Os invólucros de papel crepado, papel kraft ou tecido deverão obedecer a um
método de dobradura para possibilitar abertura asséptica do pacote.
Colocação da carga na autoclave: os artigos embalados em papel, dos diferentes
tipos, e artigos embalados em tecido não podem ter contato entre si, pois retém
umidade. Se tiverem de ser colocados na mesma carga, devem ser colocados em
prateleiras diferentes da autoclave. Quanto a posição na prateleira, os invólucros
devem ficar dispostos no sentido vertical, e nunca camada sobre camada na
mesma prateleira, para permitir a exaustão do ar e a circulação do vapor no interior
de cada pacote. As cargas de tecidos (gazes e campos) devem ser processados
em cargas diferentes dos metais, caso contrário os têxteis devem ficar na prateleira
superior para facilitar a penetração do calor. Os pacotes não podem encostar nas
paredes internas da câmara, assim como a carga não pode ultrapassar 70% da
capacidade interna. A fita indicadora química de processo deverá ser colocada em
todos os pacotes ou caixas em local visível, em pequenos pedaços
Estocagem e validade do material esterilizado: para papel Kraft a durabilidade do
processo é de 7 dias de estocagem.
Esterilização por Calor Seco: o equipamento utilizado é o Forno de Pasteur,
usualmente conhecido como estufa. A esterilização é gerada através do
aquecimento e irradiação do calor, que é menos penetrante e uniforme que o calor
úmido. Desta forma requer um tempo de exposição mais prolongado e maiores
temperaturas, sendo inadequado para tecidos, plásticos, borrachas e papel. Este
processo é mais indicado para vidros, metais, pós (talco), ceras e líquidos não
aquosos ( vaselina, parafina e bases de pomadas).

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Etapas para processamento
Invólucros: após limpeza, secagem e separação, os artigos deverão ser
acondicionados para serem submetidos ao ciclo de esterilização. Os instrumentos
articulados, tipo tesoura, porta-agulha, devem ser acondicionados abertos no
interior da caixa metálica. Como invólucros para este processo, existem: caixas
metálicas, vidros temperados (tubo de ensaio, placas de Petri) e lâminas de papel
alumínio. Utilizando-se caixas metálicas, estas devem ser fechadas com tampa. Os
artigos contidos no interior das caixas devem ter um limite de volume que
proporcione a circulação do calor. Preferentemente as caixas devem conter kits de
instrumentos a serem usados integralmente em cada procedimento. Se utilizadas
caixas maiores, contendo grande volume de artigos, recomenda-se envolver cada
instrumento ou kits em papel alumínio para reduzir a possibilidade de contaminação
na retirada dos instrumentos. Neste momento deve-se ter o cuidado de evitar o
rompimento do papel alumínio. Os pós e líquidos devem ser colocados em vidros
fechados com alumínio. Todos os invólucros deverão conter um pedaço de fita
indicadora química do processo de esterilização, bem como a indicação de validade
e o nome do kit ou instrumento.
Colocação da carga na estufa: os principais pontos a observar são a não
sobrecarga de materiais, deixando espaço suficiente entre eles para haver uma
adequada circulação de calor. Não é permitido o empilhamento de caixas em cada
prateleira da estufa.

Controle de qualidade no laboratório clínico


O resultado de um exame laboratorial confiável e de qualidade depende do preparo
do paciente, da colheita do material e do manuseio e armazenamento da amostra
colhida.
O controle de qualidade é o conjunto de atividades planejadas e sistemáticas do
laboratório para garantir que os seus serviços atendam ao requisito de qualidade.
A garantia de qualidade engloba os processos pré-analíticos, analíticos e pós-
analíticos. Portanto, o seu objetivo é assegurar resultados laboratoriais corretos que
satisfaçam as necessidades do cliente ou paciente.
Para se obter a qualidade nos exames realizados, é preciso que se faça uma
padronização dos processos envolvidos desde a solicitação médica dos exames até
a liberação do laudo.

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Portanto, a padronização em laboratório clinico tem a finalidade de prevenir,
detectar, identificar e corrigir erros ou variações que possam ocorrer em todas as
fases da realização dos testes.
Padronização dos processos pré-analíticos:
Os fatores pré-analíticos são difíceis de monitorar e controlar porque grande parte
deles pode ocorrer fora do laboratório.
1. Identificação: é muito importante que o paciente, a solicitação de
exames e as amostra sejam devidamente identificadas: nome do
paciente, data e hora da coleta, tipo de material (soro, plasma, sangue
total, urina, fezes, secreção vaginal, escarro, etc.
2. Preparação do paciente: todos os profissionais do laboratório devem
saber da importância da correta preparação do paciente e saber como
ela pode afetar os resultados. Na preparação dos pacientes para a
realização do exame deve-se observar alguns fatores como:
necessidade de jejum, estado nutricional, uso de álcool; estresse, fumo,
exercícios físicos, postura (sentado, deitado, em pé).
3. Coleta da amostra: na coleta da amostra é importante que os
profissionais tenham conhecimentos necessários dos erros e variações
que podem ocorrer antes, durante e após a obtenção da mesma.
Variações devido à obtenção, preparação e armazenamento da amostra:
identificação incorreta do paciente, troca do material, contaminação da amostra,
erro por hemólise, estase prolongada, homogeneização, centrifugação,
conservação inadequada, erro no emprego de anticoagulantes, etc.
Erros potenciais na etapa pré-analítica
 Erros na solicitação dos exames: escrita ilegível, interpretação errada do
exame, erro na identificação do paciente, falta de orientação por parte do
médico ou do laboratório para determinados exames.
 Erros na coleta da amostra:
 Identificação errada do paciente, troca das amostras.
 Paciente não preparado corretamente: falta de jejum, horário da coleta
incorreto, tempo de coleta de amostra de urina incorreto.
 Uso de anticoagulante errado
 Volume da amostra inadequado para o exame

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 Hemólise e lipemia intensas
 Estase prolongada
 Transporte e armazenamento da amostra incorreto
 Contaminação de tubos, frascos e tampas.

Padronização dos processos analíticos


As diversas variáveis analíticas na realização de um exame laboratorial devem ser
muito bem controladas para assegurar que os resultados sejam precisos e exatos.
1. Confiabilidade: Precisão, exatidão, sensibilidade, especificidade,
linearidade.
2. Praticidade: volume e tipo de amostra, duração do ensaio, necessidade
de equipamentos, segurança pessoal.
3. Outras variáveis: qualidade da água, limpeza de vidrarias.
4. Calibração dos dispositivos de medição e ensaio: pipetas e vidrarias,
equipamentos.

Erros potenciais na etapa analítica


 Troca de amostras
 Erros de pipetagem; pipetas não aferidas, molhadas, volume incorreto
 Vidraria e recipientes mal lavados
 Presença de interferências das amostras: medicamentos, lipemia,
hemólise, icterícia.
 Temperatura ambiente e da reação não adequadas
 Erros nos cálculos das diluições, nas unidades, na concentração.

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Padronização na etapa pós-analítica


Os processos pós-analíticos consistem nas etapas executadas após a realização
do exame.
Incluem:
 Cálculo dos resultados
 Analise de consistência dos resultados
 Liberação dos laudos
 Armazenamento de material ou amostra do paciente
 Transmissão e arquivamento dos resultados
 Consultoria técnica
A direção do laboratório é responsável por assegurar que os laudos sejam
entregues ao usuário adequado
Os laudos devem ser legíveis e sem rasuras de transcrição
Os dados dos laudos são confidenciais, devendo-se respeitar a privacidade do
paciente e manter sigilo sobre os resultados.
Os resultados devem ser liberados em prazos especificados e expressos
preferencialmente na unidade do sistema internacional de medidas (mg/ l; g/l;
mg/cm ³; etc.).
No laboratório devem permanecer copias ou arquivos de laudos para posterior
recuperação.
Conteúdo de um laudo
1- Do laboratório clinico: nome, endereço completo, número do registro
no conselho profissional, responsável técnico com seu registro no conselho
profissional.
2- Do paciente: nome, número de registro do laboratório
3- Do medico solicitante: nome, numero do registro do conselho
profissional
4- Do material ou amostra do paciente: tipo, data, hora da coleta ou do
recebimento, quando aplicável.

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5- Do resultado do exame: nome do analito, resultado, unidade, nome do
método, intervalos de referencia, data da liberação
6- Do responsável técnico: nome, número do registro profissional,
assinatura.

Erros potenciais na etapa pós-analítica


 Identificação errada do paciente
 Transcrição de dados incorreta
 Resultado ilegível
 Unidades erradas
 Não identificação de substâncias interferentes
 Erros na interpretação dos resultados

Acondicionamento para transporte de amostras

1 - Para transporte de curta distância


Para transporte rápido, de curta distância, os tubos com amostras (geralmente
sangue total, soro ou plasma) podem vir em estantes e transportados em caixas
térmicas.
2. Para transporte de longa distância
Quando as amostras de sangue total, soro, plasma e outras similares são
procedentes de locais mais distantes, sugere-se o seguinte procedimento:
a) Colocar o(s) tubos(s) com as amostra(s), devidamente identificada(s) e
etiquetado(s), em um saco plástico e fechar;
b) Colocar o saco com os tubos em pé, protegido com papel, dentro de uma garrafa
plástica cortada (pode ser de álcool, água sanitária, refrigerante, etc);
c) Colocar uma fita adesiva por cima para fixar o saco com tubos na embalagem
plástica;
d) Colocar dentro de uma caixa térmica;

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e) Colocar o gelo reciclável dentro da caixa;
f) Colocar papel amassado por cima, de maneira que as amostras e o gelo não se
batam;
g) Colocar as requisições correspondentes, devidamente preenchidas, dentro de
um saco plástico;
h) Vedar bem o saco e fixa-lo na parte interna da tampa da caixa térmica;
i) Fechar e vedar bem a caixa;
j) Identificar com destinatário, remetente;
k) Enviar ao laboratório.

 Gelo: o gelo deve ser preferencialmente reciclável, para não haver risco de
perda da amostra.
 Caixa Térmica: é a caixa para transporte de amostra que deve ser de
polietileno ou similares (tipo geladeira portátil). Deve ser lavável, resistir a
desinfecção e portar a identificação de “Infectante” ou “Risco Biológico,
juntamente com o nome, telefone e endereço da pessoa que deve ser avisada
em caso de acidente com a(s) amostra(s).

Coleta de amostras biológicas


As amostras utilizadas para análises laboratoriais são:
• Sangue
• Urina
• Fezes
• Líquor
• Esperma
• Secreção vaginal
• Liquido sinovial
• Saliva
• Escarro

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• Lavado broncoalveolar

Coleta de fezes – EPF (Exame parasitológico de fezes)


• Finalidade: O exame de rotina de fezes compreende as análises
macroscópicas, microscópicas e bioquímicas para a detecção precoce de
sangramento gastrintestinal, distúrbios hepáticos e dos ductos biliares e
síndromes de má absorção.
• Pesquisa de helmintos e protozoários nas fezes.
• Preparo do paciente:
• Evacuar em recipiente limpo e seco e transferir uma porção das fezes recém
emitidas para o frasco coletor, tendo o cuidado para não ultrapassar a metade
do frasco.
• Não utilizar laxantes ou supositório.
• Material: Fezes em frasco coletor de polipropileno com tampa de rosca de
aproximadamente 80 ml.
• Interferentes: Contaminação com urina.
• Observações: o paciente para evitar misturar fezes com urina ou contaminá-
las com água usada para limpar banheiros, que podem conter desinfetantes
químicos.
• Armazenamento:
• Conservar refrigerada
• Não congelar
• Material deverá ser colhido mesmo apresentando-se diarréico, muco, pus ou
sangue.

Coleta de urina
 É de fácil obtenção
 Deve ser colhida em recipiente descartável limpo, seco
e, no caso das uroculturas, também deve ser estéril.

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 O recipiente deve ser devidamente etiquetado com o
nome do paciente, data e hora da coleta além da identificação comum
utilizada para os demais exames. É importante lembrar que amostras não
etiquetadas colocadas sobre suas respectivas requisições podem ser movidas
facilmente e trocadas.
 A amostra deve ser entregue imediatamente ao
laboratório e analisada dentro de 1 hora. Caso isso não seja possível à
amostra deve ser mantida refrigerada para prevenir a decomposição da urina
e a proliferação bacteriana na amostra
 A amostra não deve ser congelada, pois o
congelamento destrói os elementos figurados e ocorre turvação ao
descongelar.
Orientações específicas de coleta - Amostra de urina de jato médio
Sempre que possível, as amostras de urina devem ser colhidas pela manhã.
a) Como orientar pacientes do sexo feminino:
A paciente deve lavar bem as mãos com água e sabão neutro e secá-las com
toalha de papel limpa e descartável. Deve despir-se em sala adequada,
afastar os lábios vaginais e lavar bem a vulva e os lábios vaginais, usando
chumaços de algodão e gazes estéreis em água morna com sabão, esfregando
de frente para trás. Deve enxaguar bem com água morna e secar com gazes
esterilizadas. Durante todo este processo a paciente deve manter os lábios
vaginais separados, e não tocar a área limpa com os dedos. Urinar,
desprezando a primeira parte do jato urinário. Colher cerca de 30ml
(aproximadamente a metade do frasco) de urina em um recipiente estéril,
fechando assim que a urina for colhida. Em seguida a amostra colhida, contida
no recipiente fechado, deve ser entregue a pessoa responsável para ser
encaminhada ao laboratório.
b) Como orientar pacientes do sexo masculino:
O paciente deve lavar bem as mãos. Afastar o prepúcio e desprezar no vaso
uma pequena quantidade de urina. Sempre segurando para trás o prepúcio
colher cerca de 30ml de urina no frasco estéril. Em seguida, a amostra
colhida, contida no recipiente fechado, deve ser entregue a pessoa responsável
para ser encaminhado ao laboratório.

 TIPOS DE AMOSTRAS:

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 PRIMEIRA AMOSTRA DA MANHÃ (JATO MÉDIO): É
a amostra ideal para o exame de rotina Urina tipo I. Também é essencial
para evitar o resultado falso – negativos nos testes de gravidez. A primeira
amostra da manhã é uma amostra concentrada, o que garante a detecção de
substâncias que podem não estar presentes nas amostras aleatórias mais
diluídas. Deve-se instruir o usuário para colher a amostra logo que se levantar
e entregá-la ao laboratório o mais rápido possível.
 AMOSTRA ALEATÓRIA: Esse tipo de coleta é útil nos
exames de triagem, para detectar anormalidades bem evidentes. Contudo
também pode produzir resultados errados, devido à ingestão de alimentos ou
à atividade física realizada pouco antes da coleta da amostra.
 AMOSTRA COLHIDA 2 HORAS APÓS A REFEIÇÃO:
Orienta-se o paciente para urinar pouco antes de se alimentar e colher a urina
2 horas depois de comer. Este tipo de coleta é utilizado para controlar a
terapia com insulina.
 AMOSTRA DE 24 HORAS OU COM TEMPO
MARCADO: Quando é necessário medir a quantidade exata de determinada
substância química na urina e quando esta quantidade varia segundo as
atividades do dia, como exercícios, refeições e metabolismo orgânico, é
necessário a coleta de 24 horas. Para conseguir uma amostra precisamente
cronometrada, é necessário iniciar o período de coleta com a bexiga vazia e
terminá-la também com a bexiga vazia. Estas orientações aplicam-se para
qualquer coleia com tempo determinado.
 EXEMPLO DE COLETA DE AMOSTRA DE 24
HORAS:
 1º dia -7 da manhã: o paciente urina e descarta a
amostra. O paciente colhe toda a urina nas próximas 24 horas.
 2º dia – 7 da manhã: o paciente urina e junta esta urina
com aquela previamente colhida e envia ao laboratório todo o volume
coletado.

Coleta pediátrica / urina com saco coletor


• Realizar assepsia da região genital. Retirar o papel que recobre a parte
adesiva e fixar o orifício do saco coletor na região genital em torno da uretra.
Aguardar que a criança urine. Se a criança não urinar em um período de 30
minutos, repetir a higiene e trocar o saco coletor a cada 30 minutos. Assim

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que a criança urinar, retirar o saco coletor e fechá-lo, colando as bordas do
orifício. Verificar se está vedado.
• Enviar imediatamente ao laboratório sob-refrigeração.
• Colocar a identificação do usuário no saco coletor.

Coleta de líquor
• Líquor é normalmente colhido por punção suboccipital ou lombar entre a
terceira, quarta ou quinta vértebra. Embora não se trate de um procedimento
complicado, requer certas precauções, que compreendem a medida da
pressão intracraniana e o emprego de técnicas cuidadosas para evitar a
infecção ou lesão no tecido neural.
• As amostras devem ser colhidas em TRÊS tubos estéreis, marcados 1,2,3 na
ordem em que são obtidos. O tubo 1 (UM) é usado para as análises
bioquímicas e sorológicas: o tubo 2 é usado para a microbiologia: o tubo 3 é
usado para a contagem celular, por apresentar menor probabilidade de conter
células introduzidas acidentalmente pelo procedimento de punção espinhal
• As amostras destinadas a testes bioquímicos, sorológicos e de hematologia
são refrigeradas e as de microbiologia são mantidos à temperatura ambiente.
• A coleta do liquor só poderá ser feita por um médico.

Secreções Genitais
Coleta da secreção uretral masculina para exame a fresco
 Solicitar ao paciente para retrair o prepúcio;
 Limpar a secreção emergente com gaze estéril;
 Certificar-se de que a uretra esteja reta;
 Introduzir o swab cerca de 2 centímetros no canal uretral;
 Gire o swab delicadamente de 8 a 10 vezes para absorver a secreção;
 Retirar o swab, introduzir em um tubo com 1,0 ml de salina estéril e
encaminhar para o laboratório imediatamente.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

Coleta de secreção vaginal para exame a fresco


 Introduzir o espéculo;
 Coletar a amostra do saco vaginal com auxílio de um swab;
 Retirar o swab e introduzir em tubo de ensaio contendo 1,0 ml de salina
estéril, previamente identificado;
 Encaminhar ao laboratório imediatamente.

Coleta de esperma
• MATERIAL: Esperma.
• EXAMES: Espermograma, Cultura de esperma, Bacterioscopia
• FORMA DE COLETA:
• Fazer abstinência sexual de no mínimo 3 dias e no máximo 5 dias, para
posterior coleta de esperma.
• A coleta deverá ser realizada pela manhã (entre 7:00 e 8:30 hs), de segunda
a sexta-feira, de preferência no laboratório. Se não for possível, seguir
rigorosamente o tempo de envio ao laboratório. Lavar o pênis com água e
sabonete. Deve-se urinar previamente e depois coletar por masturbação, todo
o volume de esperma de uma ejaculação, diretamente no frasco fornecido
pelo laboratório. Não coletar o esperma em preservativo, pois o látex interfere
com a viabilidade dos espermatozóides.
• Anotar o horário da coleta e enviar o esperma ao laboratório no máximo 30
minutos após a coleta. O material deve ser protegido contra extremos de
temperatura (menos de 20º C e mais de 40º C) durante o transporte até o
laboratório. Comunicar ao laboratório se fez vasectomia e a quanto tempo.
• A realização do espermograma tem como aplicações, principalmente, a
avaliação das glândulas seminais, da fertilidade e monitoramento pós-
vasectomia. Além de esclarecer infecções neste local.
• Antes da coleta, realizar higiene das mãos e pênis;
• A amostra deve ser coletada por masturbação em frascos limpo, de vidro ou
plástico, de boca larga, fornecido, pelo laboratório;

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1
• Não utilizar métodos alternativos para obtenção do sêmen (em caso de coleta
em casa) como, por exemplo, relação sexual interrompida (interrompe a
relação quando vai ejacular e colhe o material);
• Evitar perda do material durante a coleta. Fechar imediatamente o frasco
após a coleta, para evitar alcalinização;
• Recomendar ao paciente a não utilização de preservativos de látex durante a
coleta;
• É indispensável informar o horário da coleta;
• O jejum não é obrigatório, exceto quando solicitado à dosagem de frutose,
pois níveis elevados de glicose podem interferir na dosagem.

Coleta de escarro
 Colher, de preferência, a primeira amostra da manhã;
 Orientar o paciente para enxaguar previamente várias vezes a boca com água
para remover à flora bacteriana superficial dessa região e colher a amostra
obtida após tosse profunda, diretamente em um frasco de boca larga;
 Explicar ao paciente a diferença de uma amostra obtida após tosse profunda
e saliva, para se obter um material de melhor qualidade;
 Paciente incapaz de expectorar – colher escarro induzido após nebulização
com solução fisiológica estéril de 3 a 10%.

Figura 2 pote para coleta de escarro

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

Coleta de sangue digital para exame gota espessa - Malária

a) Coletar sempre uma lâmina com duas gotas espessas e uma lâmina com
esfregaço;
b) Não utilizar sangue com anticoagulante para preparação da lâmina.
c) Após secagem das lâminas, transportar em caixas ou frascos , com paredes
rígidas e com ranhuras próprias para fixação das lâminas.
d) A solicitação do exame deve acompanhar os frascos de transporte.
Técnica de Coleta e Preparação da Gota Espessa

a) Trabalhar sobre superfície plana horizontal.


b) Preencher completamente os dados do paciente.
c) Usar duas lâminas, colocar uma lâmina sobre a superfície plana ou sobre o
“padrão”, sendo o manuseio pelas extremidades sem tocar as superfícies. De
preferência, a lâmina deve estar com etiqueta auto-adesiva para o registro da
identificação ou usar lâmina com extremidade esmerilhada.
d) Limpar vigorosamente a pele do local de punção (parte lateral do segundo ou
terceiro dedo esquerdo, lóbulo da orelha ou em lactentes o dedo grande do pé ou o
calcanhar) com gaze ou algodão embebido em álcool e enxugar com gaze ou
algodão.
e) Retirar o estilete do envoltório estéril, segurando-o com a mão direita. Mantendo
firmemente o dedo a ser puncionado entre o polegar e o indicador da mão
esquerda, puncionar o local de maneira firme e leve.
f) Remover a primeira gota de sangue com gaze ou algodão seco.
g) Comprimir o dedo suavemente (como uma “ordenha”) para obter outra gota de
sangue esférica sobre a pele seca. Não tocar o ponto de saída do sangue.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1
h) Segurando a lâmina firmemente pelas bordas numa das extremidades contra o
indicador (que está comprimindo o dedo do paciente) baixa-se lentamente a lâmina
até tocar o alto da gota de sangue.
i) Colocar a lâmina com a face para cima na superfície de trabalho. Com o canto e
os primeiros 5mm da borda longa da segunda lâmina, espalhar o sangue formando
um retângulo de tamanho e espessura adequados. Tomar outra amostra, colocar
ao lado da primeira e espalhar da mesma maneira. As gotas espessas devem ser
localizadas na parte central da lâmina.
j) Em lugar da segunda gota espessa pode-se colocar uma gota de sangue e fazer
um esfregaço (distendido ou extensão).
k) Limpar o local puncionado com gaze ou algodão seco, se necessário pressionar.
l) Secar abanando com um pedaço de cartão, ar morno, caixa com lâmpada, estufa,
ou sobre o próprio quebra-luz com suporte para secagem de lâminas recém-
colhidas ou coradas.
m) Não é recomendável o registro do número da lâmina na própria amostra de
sangue.
n) A melhor preparação para o diagnóstico de malária é obtida com amostra de
sangue colhida diretamente por punção digital ou venosa sem anticoagulante. O
sangue com anticoagulante fixa menos na lâmina de vidro, podendo ocorrer o
desprendimento do sangue no ato da coloração.
Coleta de sangue
Coleta de sangue venoso
 Coleta de sangue Venoso

É o sangue que circula da periferia para o centro do sistema circulatório, que é o


coração. É conseguido pela punção venosa que fornece quantidade apreciável de
sangue usado nos exames hematológicos e bioquímicos.

Locais de punção: fossa cúbita (dobra do cotovelo), dorso da mão e dorso do pé.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

Veia
Cefálica
Veia Basílica

Veia Mediana
Cefálica Veia Mediana
Veia Longitudinal Basílica
(ou Antebraquial)

Veia Mediana cubital

Figura 1: Veias da fossa cúbital indicadas para venopunção

Procedimento:

- Preparar a seringa, agulha, algodão e o tubo apropriado.

- Colocar o braço do paciente no suporte

- Garrotear o braço quatro dedos acima da fossa antecubital

- Sentir com as digitais a veia do paciente

- Introduzir a agulha com o bisel voltado pra baixo

- Retirar a quantidade de sangue desejado

- Desgarrotear o braço e retirar a agulha

- Pressionado o algodão para o estancamento do sangue

- Importante não deixar o paciente dobrar o braço.

- Retirar a seringa e colocar o sangue no tubo de maneira que escorra pelas


paredes do tubo, para evitar a hemólise.

- Homogeneizar

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

 Coleta de sangue capilar


É conseguido pela punção no calcanhar em crianças, na margem livre do lóbulo da
orelha e na face palmar do dedo da mão.

Procedimento:

- Fazer assepsia do local com álcool;

- Esperar secar e introduzir no local da punção uma lanceta (descartável e


estéril);

- Permitir o escoamento livre do sangue e não espremer para que não haja
diluição do sangue com a linfa (liquido tissular) e sempre desprezar a primeira gota,
pois contendo liquido tissular e material exógeno;

- Realizar a coleta com tubo capilar com ou sem anticoagulante apenas


tocando na gota de sangue;

- Pressionar o local da punção com um pedaço de algodão embebido com


álcool até cessar o sangramento.

 Coleta de sangue á vácuo


O sistema de coleta a vácuo consiste de uma agulha, um adaptador tubo-
agulha e o tubo de coleta.

Os tubos de coleta com vácuo são produzidos para determinados volumes de


sangue, que é determinado pelo tamanho do tubo e seu vácuo. Tubos com várias
capacidades estão disponíveis desde 2 mL até acima de 20 mL.

Muitos tubos de coleta com vácuo contêm aditivos ou anticoagulantes


utilizados para coletar amostras para diferentes análises. A cor da tampa do tubo de

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1
coleta é codificada para definir se existe algum aditivo ou anticoagulante ou não. As
cores usadas em geral são:

- Tampa vermelha: Sem anticoagulantes é utilizado na coleta de sangue para a


obtenção de soro para bioquímica e sorologia.

- Lavanda: Adicionado de anticoagulante EDTA sódico ou potássio. Obtém-se


sangue total para a hematologia.

- Azul: Adicionado de anticoagulante citrato de sódio para obtenção de plasma para


provas de coagulação

- Verde: Adicionado de heparina para a obtenção de plasma para testes


bioquímicos.

- Cinza: Adicionado fluoreto de potássio (inibe a glicólise) para a obtenção de


plasma para a determinação da glicose.

Procedimento:

- Preparar a o suporte para tubos a vácuo com o tubo apropriado.

- Fazer a assepsia unidirecionalmente do local desejado utilizado um algodão


emedecido com álcool 70%.

- Colocar o garrote com força moderada a uma distância de mais ou menos 4


dedos da fossa antecubital.

- Introduzir a agulha na veia desejada utilizando o suporte de tubo a vácuo

- Introduzir o tubo a vácuo, quando atingir a quantidade desejada, retirar o tubo a


vácuo do suporte, soltar o garrote assim que o sangue começar a entrar no tubo a
vácuo do suporte.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1
- Quando atingir a quantidade desejada, retirar o tubo a vácuo do suporte, e em
seguida retirar a agulha e colocar um algodão seco no local puncionado,
pressionando levemente e evitando dobrar o braço.

- Tampar a agulha retirando-a do suporte e descartá-la.

- Tubos de Coleta e Anticoagulantes

ANTICOAGULANTES - São substâncias que evitam a coagulação do sangue.


Os tubos estão disponíveis em uma variedade de tipos e tamanhos. Os tubos
podem ser estéreis ou não. As tampas coloridas demonstram claramente qual o
anticoagulante contido no tubo, ou se não há anticoagulante.
Cor da Tampa Anticoagulante Exemplos de Uso
Exames que requerem soro. Ex:
Vermelha Nenhum
(bioquímica e sorologia).
Lilás EDTA Hematologia e Tipagem sanguinea.
Exames de coagulação (TAP, TTPa,
Azul Claro Citrato de Sódio
Fibrinogênio)
Cinza Fluoreto de Sódio Glicose (impede a glicólise)
Verde Heparina Alguns exames especiais.

ANTICOAGULANTES
Como já foram citados antes, os anticoagulantes são substâncias usadas para
prevenir a coagulação e retardar a deterioração do sangue. A escolha do
anticoagulante e da sua quantidade é importante. Escolhido impropriamente
interfere com as investigações bioquímicas como o EDTA potássico na dosagem do
potássio e o oxalato de amônio na dosagem da uréia. O excesso de anticoagulante
líquido dilui o sangue interferindo nas determinações quantitativas.

Alguns anticoagulantes se prestam melhor à hematologia pelas suas propriedades


conservadoras da morfologia celular e dos componentes do plasma, especialmente
os fatores da coagulação.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1
 O EDTA apresenta propriedade conservadora das células sanguineas.
Impede a aglutinação das plaquetas no sangue. Não deve ser usado para o
tempo de protrombina e testes de função plaquetária. O EDTA impede a
coagulação ao formar quelatos com o cálcio.
 A Heparina inibe a formação de trombina, impedindo a conversão de
fibrinogênio em fibrina. Não altera a morfologia e o tamanho celular.
 O citrato de sódio é utilizado como anticoagulante nas transfusões de sangue
e no estudo da coagulação quando em solução aquosa a 3,8% ( Atividade de
protrombina, PTT e fibrinogênio).
 Para as transfusões sanguíneas o citrato é combinado com outras
substâncias formando o ACDF (ácido cítrico, citrato de sódio, dextrose e
fosfato monossódico)
Confecção do esfregaço sanguíneo
A confecção de um bom esfregaço sangüíneo é indispensável a obtenção de
corretos resultados e pode ser feita com sangue com anticoagulante ou sem
anticoagulante. Considera-se como esfregaço erradamente confeccionado os
curtos demais, os finos demais, os com parte de gota sanguínea deixada na cabeça
sem estirar, os com paradas e recomeço e aqueles que não deixam margem lateral.
As lâminas para o esfregaço devem estar perfeitamente limpas, sem gordura e
polidas.

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FUNDAMENTOS DE LABORATORIO 1

Técnica de Preparação de Esfregaço (Distendido)

a) Trabalhar sobre superfície plana e horizontal.

b) Colocar uma pequena gota de sangue na parte central da lâmina de vidro a 1,5
cm da extremidade fosca ou da etiqueta.

c) Colocar a Lâmina com a face para cima sobre a superfície plana.

d) Com a borda estreita da lâmina em contato com a gota de sangue, formando um


ângulo de 50º, espalhar o sangue com um movimento rápido, para formar uma
camada delgada de sangue sem atingir a extremidade da lâmina.

e) Deixar secar na mesma posição horizontal.

f) Usar etiqueta adesiva para identificação.

g) O sangue pode ser espalhado também da seguinte maneira: Retirar com a


extremidade da própria lâmina espalhadora a gota de sangue. Colocar a
extremidade que contém o sangue em contato com a parte central da lâmina em
posição horizontal e antes que o sangue, por capilaridade, atinja as bordas laterais
da lâmina espalhadora formando um ângulo de 50º, faz-se o deslocamento rápido
para formar a camada fina de sangue sem atingir a extremidade da lâmina.

Figura 3 Esfregaço de sangue distendido Figura 4 frasco para


transporte de amostras

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