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NORMATIVAS BÁSICAS PARA O TRABALHO EM

LABORATÓRIOS: cuidados necessários para a prevenção e riscos de


acidentes

Cleice do Socorro Gomes Portilho 1


Adma Luana Hage Marinho1
Rafaela Souza dos Santos1
Zélia Marcilena Lima dos Santos Souza1
Zélia Marta Lima dos Amaral1
Larissa Silva dos Santos2

1. INTRODUÇÃO

O objetivo do atual trabalho é fornecer ao pesquisador informações necessárias à


sua familiarização com o tema das normativas para o trabalho em laboratório, uma vez
que trata-se de elemento fundamental para a boa prática do trabalho em laboratório,
evitando-se assim, riscos de acidentes e introduzindo uma cultura de segurança e
cumprimento de regras e normas de biossegurança.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É fato que “todo e qualquer trabalho a ser desenvolvido em laboratório apresenta


riscos, seja por material biológico, reagente químico, chama, eletricidade ou
imprudência do próprio usuário” (CAVALCANTI; FILHO, 2016, p.05), o que acaba
ocasionando acidentes pessoais e danos materiais. Em pesquisa realizada por Zochio
(2009), constatou-se que cerca de 80 a 90% dos acidentes em laboratórios ocorre com
perfurocortantes. Nesse sentido, pode-se dizer que o problema não está nas tecnologias
disponíveis para minimizar tais riscos, mas no comportamento inadequado dos
profissionais.
Na figura 1 (abaixo), apresenta-se cinco categorias de riscos, segundo o Guia de
boas práticas laboratoriais (2015):

FIGURA 1: As cinco categorias de riscos de acidentes em laboratórios

1
Acadêmica do Curso de Biomedicina no Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI.
2
Tutora externa. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Biomedicina (BBI3277506)
– Prática do Módulo I - 18/10/21.
FONTE: Guia de Boas Práticas Laboratoriais (2015)

A imagem acima representa os cinco níveis de riscos associados a acidentes em


laboratório. Os riscos de acidentes correspondem a todo e qualquer “fator que possa
colocar o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade física”. Os
riscos ergonômicos correspondem a “fatores que possam interferir nas características
psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando a sua saúde”. Os
riscos físicos correspondem a toda e “qualquer forma de energia a que os profissionais
possam estar expostos”. Os riscos químicos, por sua vez, correspondem a “exposição a
agentes ou substâncias químicas que possam penetrar no organismo através da pele,
serem inalados ou ingeridos”. Já os “riscos biológicos as bactérias, fungos, vírus,
parasitas entre outros, podem ser distribuídos em 4 classes, de acordo com a
patogenicidade para o homem”: Classe de risco I – Baixo risco individual ou para
comunidade. Classe de risco II – Risco individual moderado e risco limitado para a
comunidade. Classe de risco III – Risco individual elevado e baixo risco comunitário.
E Classe de risco IV – Elevado risco individual e para comunidade (GUIA DE BOAS
PRÁTICAS LABORATORIAIS, 2015). Pode-se dizer que, dentro dessas cinco
categorias, há normativas específicas para que se evitem acidentes durante o trabalho,
transporte ou manuseio de suas ferramentas.
De acordo com o Cavalcanti e Filho (2016), há Legislação específica para
regulamentação de normativas, pois,

Nas atividades de laboratório devem ser seguidos os requisitos


previstos na Lei 6514, de 22 de dezembro de 1977, regulamentados
através da Portaria 3214 de 08 de junho de 1978 que estabelece as
Normas Regulamentadoras (NRs), com alterações e aditamentos, do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE); bem como as Normas
Técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
Normas Técnicas da Fundacentro e legislação ou códigos municipais e
estaduais correlatos. (CAVALCANTI; FILHO, 2016. p. 05).

Com isso, tem-se que o trabalho em laboratório é regido por medidas e


procedimentos básicos assegurados em lei, e que garantem a segurança individual e
coletiva, bem como, a eficiência de resultados quando bem executados por seus
profissionais. Assim, algumas regras básicas para o trabalho em laboratório, segundo
Manual de Biossegurança do Lacen – Espírito Santo, especificam que quanto a:

a) Higiene e hábitos pessoais


- Manter cabelos longos presos;
- Usar exclusivamente sapatos fechados no laboratório;
- O ideal é não usar lentes de contato. Se for indispensável usá-las,
não podem ser manuseadas durante o trabalho e devem ser protegidas
por óculos de segurança;
- Não aplicar cosméticos quando estiver na área laboratorial;
- Não usar piercing;
- Manter as unhas cortadas e limpas;
- Não usar acessórios e adornos durante as atividades laboratoriais. Os
crachás presos com cordão em volta do pescoço devem estar sob o
jaleco dentro da área analítica;
- Não colocar objetos à boca;
- Lavar as mãos com água e sabão, por meio de técnica adequada
(Figura 1) para a remoção mecânica de sujidades e a microbiota
transitória da pele.
NOTAS:
I - As mãos devem ser lavadas ao entrar no laboratório, depois de
manipular amostras, depois de realizar qualquer procedimento, depois
de tirar luvas e jaleco e antes de sair do laboratório (Figura 1).
II - Após a lavagem das mãos, aplicar antissépticos, preferencialmente
álcool a 70% (glicerinado ou não).
III - O uso de luvas não substitui a necessidade da LAVAGEM DAS
MÃOS porque elas podem ter pequenos orifícios inaparentes ou
danificar-se durante o uso, podendo contaminar as mãos quando
removidas.
b) Normas para a área analítica
- Não pipetar com a boca;
- Não fumar, beber ou se alimentar;
- Não armazenar alimentos e artigos de uso pessoal no laboratório;
- Não assistir televisão e ouvir aparelhos eletrônicos, inclusive com
fone de ouvido;
- Não segurar o telefone ou manipular qualquer outro objeto externo à
área analítica calçando luvas;
- Não usar telefones celulares durante as atividades laboratoriais;
- Não usar equipamentos da área analítica para aquecer e preparar
alimentos;
- Não utilizar refrigeradores para armazenar alimentos ou bebidas;
- Não receber pessoas estranhas ao serviço, inclusive crianças;
- Não usar ventiladores;
- Não manter plantas e animais na área analítica, que não estejam
diretamente relacionados com o trabalho técnico.
c) Práticas de limpeza e descontaminação
As superfícies das bancadas de trabalho devem ser limpas e
descontaminadas antes e após os trabalhos e sempre após algum
respingo ou derramamento (vide item 13.2).
d) Formação de aerossóis
Todos os procedimentos de laboratório devem ser conduzidos com o
máximo cuidado para evitar a formação de aerossóis. Em casos
inevitáveis, como nas operações em centrífugas, aguardar 5 a 10
minutos após cessar a centrifugação, sendo recomendável usar
máscara de proteção respiratória descartável tipo PFF2 (eficiência
mínima de filtração de 94%).
e) Uso de pipetas e de dispositivos auxiliares de pipetagem
(mecânicos ou automáticos)
- Usar sempre um dispositivo auxiliar de pipetagem;
- Eliminar os líquidos das pipetas de forma suave;
- Pipetas graduadas devem conter barreira de algodão na extremidade
superior interna, para reduzir o risco de contaminação dos dispositivos
de pipetagem;
- Pipetas contaminadas devem ser mergulhadas por completo
(horizontalmente) em um recipiente inquebrável contendo água.
Esterilizar o recipiente com as pipetas em autoclave. (ESPIRITO
SANTO, 2017. p. 11, 12 e 13).

Além dessas recomendações, o Manual também recomenda o uso de


Equipamentos de Proteção Individual – EPIs e Coletivos – EPCs, limpeza e
higienização do ambiente laboratorial entre outras. Todas essas medidas são
constituídas por atividades organizacionais do ambiente de trabalho que visam a
segurança do profissional em exercício, e a eficiência nos resultados obtidos
(ESPÍRITO SANTO, 2017).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Atualmente muito se ouviu falar em protocolos de segurança em saúde devido


ao ocorrido em Wuhan, na China, e que ocasionou a pandemia da COVID-19. Suspeita-
se que tal acontecimento, ocorreu, segundo reportagem publicada pelo G1 (2021),
devido a uma falha no sistema de segurança do laboratório que manipulava cepas de
coronavírus. No entanto, tudo isso poderia ter sido evitado, caso todas as normativas de
segurança tivessem sido cumpridas.
Assim, pode-se dizer que as normativas de segurança devem ser rigorosamente
observadas para que incidentes como esse sejam evitados, uma vez que a biossegurança
para laboratórios é regulada por um conjunto de leis, procedimentos ou diretrizes
específicas, que quando não cumpridas à risca, podem colocar em risco a segurança e a
integridade física, não apenas das pessoas ali presentes, mas de um planeta inteiro.

4. REFERÊNCIAS

GUIA DE BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS. Gerência Técnica – LIM , Hospital


das Clínicas - FMUSP- São Paulo. 2015. Disponível em:
https://limhc.fm.usp.br/portal/wp-
content/uploads/2015/11/Manual_Guia_de_Boas_Praticas.pdf. Acesso em: 13/10/2021.

ESPIRITO SANTO. Manual de Biossegurança. LABORATÓRIO CENTRAL DE


SAÚDE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO – LACEN. Governo do Estado do Espírito
Santo. Secretaria Estadual de Saúde. Vitória, 2017. Disponível em:
https://saude.es.gov.br/Media/sesa/LACEN/Manuais/MANUAL%20DE%20BIOSSEG
URAN%C3%87A%20LACEN-ES%20REV%2002.pdf. Acesso em: 13/10/2021.

CAVALCANTI, Gleydson de Oliveira. FILHO, Jose Arnobio de Araújo. Manual de


Segurança para Laboratórios. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte – Campus Natal central. 2016. Disponível em:
https://portal.ifrn.edu.br/ifrn/campus/natalcentral/cissp/lateral/manuais/manual-de-
seguranca-dos-laboratorios-v.01. Acesso em: 13/10/2021.

ZOCHIO, Larissa Barbosa. Biossegurança em Laboratórios de Análises Clínicas. In:


AC&T CIENTÍFICA. São José do Rio Preto. 2009. Disponível em:
https://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/revista_virtual/administra
cao_laboratorial/trabzochio.pdf. Acesso em: 13/10/2021.

G1. Origem do coronavírus: o que se sabe sobre o laboratório de Wuhan


investigado pelos EUA. 03/06/2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/06/03/origem-do-coronavirus-o-que-se-sabe-
sobre-o-laboratorio-de-wuhan-investigado-pelos-eua.ghtml Acesso em: 13/10/2021.

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