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SÉCULO XXI
TEXTO I
Delito tipificado no artigo 216-A do Código Penal, configura-se quando o agente constrange
alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua
condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo
ou função. Constranger pode significar tolher a liberdade, impedir os movimentos, cercear,
forçar, vexar, oprimir, embora prevaleça o sentido de forçar alguém a fazer alguma coisa.
TEXTO II
“Não existe mão-boba. Existe falta de caráter. Rompa o silêncio” – com essa mensagem, o
Metrô de São Paulo frisa, diariamente, seu posicionamento diante das denúncias de abuso
sexual registradas quase que diariamente nas 79 estações que compõem a malha
metroviária da capital paulista. Apesar disso, dados da Secretaria de Segurança de
Segurança Pública revelam aumento de 9% de casos do crime no transporte público do
estado. Os números, referentes ao primeiro trimestre deste ano, foram obtidos por meio da
Lei de Acesso à Informação. Entre janeiro e março, registrou-se um total de 180 ocorrências
de crimes e contravenções relacionados a agressões sexuais dentro de ônibus, trens ou
metrô. Inclui-se neste levantamento casos de importunação ofensiva ao pudor (classificada
como contravenção e não um crime) e de 5 crimes diferentes: estupro, estupro de
vulnerável, assédio sexual, ato obsceno e violação sexual mediante fraude. Comparado ao
mesmo período, em 2017, o Estado de São Paulo tinha registrado 165 casos dessa
natureza. Ainda de acordo com a pesquisa, 56% dos casos descritos no boletim de
ocorrência se deram nos horários de pico: da manhã (6h às 9h) e à tarde (17h às 20h).
Disponível em: https://catracalivre.com.br/cidadania/casos-de-abuso-sexual-no-transporte-
publico-aumentam-9-em-2018/. Acesso em: 16 jul. 2018.
TEXTO III
Onde acontece o assédio às mulheres*
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O assédio sexual na
sociedade brasileira do século XXI, apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.
SÉCULO XXI: contemporaneidade, atualidade, início do século XXI, anos 2010, final dos
anos 2010, década de 2010, segunda metade da década de 2010, final da década de 2010.
ASPECTOS GERAIS
a) IPEA, 2014: de 2009 a 2011, houve mais de 17 mil feminicídios no Brasil;
b) A TELENOVELA “O outro lado do paraíso”, no final do ano de 2017, tratou o tema do
assédio: uma personagem masculina agredia fisicamente [depois, estuprou] sua esposa;
c) El país, 2017: a figurinista Susllen Tonani denunciou o ator José Meyer por tê-la
assediado verbal e fisicamente;
d) IPEA, 2014: 85% das mulheres já tiveram seu corpo tocado sem permissão;
e) “Folha de S. Paulo”, 2017: após a ação de Meyer, surgiu uma onda de solidariedade
entre as mulheres, que teve por lema “Mexeu com uma, mexeu com todas”;
f) IPEA, 2014: 26% dos entrevistados em uma enquete sobre violência sexual concordam
parcialmente com a afirmação “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem
ser atacadas”.
CONTEXTUALIZAÇÕES HISTÓRICAS :)
a) A mulher só passa a ter direito ao voto no início do século XX [1932];
b) Só a partir de 1962, com o Estatuto da Mulher Casada, cria-se amparo na Lei para que a
mulher possa:
I) trabalhar fora de casa sem o consentimento do marido;
II) receber herança;
III) receber a guarda dos filhos;
c) Apenas em 1980, começam a surgir centros que visavam a diminuir a violência física
contra a mulher [Lema: “Quem ama não mata”]: havia um consenso na sociedade brasileira
[amparado pelo Código Penal de 1940] segundo o qual o homem poderia matar a mulher
flagrada em ato adúltero;
d) Somente em 2006, cria-se uma Lei [Maria da Penha] que prevê punição para quem
agride e mata mulheres.
a) Depois de ouvir de um policial o conselho segundo o qual “as mulheres deveriam evitar
se vestir como vadias para não serem vítimas de estupro”, as estudantes da Universidade
de Toronto organizam a Primeira Marcha das Vadias; nos anos 2010, o movimento ampliou-
se pelas Américas e pela Europa e deu maior visibilidade à causa feminista;
b) Apesar de ter tido bastante repercussão no ano de 2017, foi em 1996 que a expressão
“me too” foi pensada pela primeira vez: depois de ouvir o relato de uma criança negra que
sofria abusos sexuais do padrasto, a ativista Tarana Burke não teve coragem de dizer para
ela “eu também”; esse remorso corroeu a americana que, somente anos depois, teve força
para falar ao mundo: “me too”, ou seja, eu também; a ideia de propagar o movimento teve
por objetivo criar empatia entre as vítimas de assédio; a popularidade da expressão veio
com o Twitter, quando a atriz norte-americana Alyssa Milano, de 44 anos, tuitou o termo; ela
fez isso depois dos escândalos com Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de
Hollywood, fundador da Miramax e da The Weinstein Co.; ele já venceu o Oscar e produziu
grandes sucessos de bilheteria como “Senhor dos anéis”.
CONTEXTUALIZAÇÕES TEÓRICAS
a) O fato social, de Émile Durkheim (capítulo 51, página 228);
b) Artigo 5° da Constituição Federal de 1988 (capítulo 52, página 230);
c) A violência simbólica, de Pierre Bourdieu (capítulo 51, página 225);
d) A violência física, de Michel Foucault (capítulo 51, página 228).
CONTEXTUALIZAÇÕES CULTURAIS
“Orange is the new black”: A personagem Pennsatucky é assediada por um dos guardas da
prisão, Charlie Coates. A série aborda o trauma da presidiária de um ponto de vista
bastante emocional, já que Pennsatucky estava começando a considerar Charlie um amigo
antes do acontecido. Quando Big Boo se oferece para ajudá-la a se vingar, a personagem
diz: “Eu não estou com raiva, só triste”. “House of cards”: No começo da série política da
Netflix, Claire confessa que foi estuprada na faculdade, algo que nunca contou a ninguém
antes. A personagem de Robin Wright “se desprendeu” da experiência, recontando-a em
terceira pessoa, a fim de proteger sua psique do trauma: “A alternativa a isso é algo com o
qual eu não conseguiria viver”, diz ela. “Switched at bird”: Na série, a jovem Bay acorda ao
lado do ex-namorado, Tank, sem lembrança alguma do que aconteceu na noite anterior. Ela
não se lembra de dar consentimento para que os dois fizessem sexo, mas hesita em
chamar o que aconteceu de estupro ou assédio, justamente por não se lembrar do
acontecido. A série a conduz à conclusão de que, se ela não estava bem o bastante para se
lembrar de dar consentimento, o que ela sofreu é, sim, abuso. “Não dizer ‘não’ não é a
mesma coisa que dizer ‘sim’”, define a showrunner Lizzy Weiss.
SOLUÇÕES DE PROBLEMA