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Como Torna Complexo Do Acesso Da Educação Política e Ideológica e Da Educação Religiosa No Ensino Primário
Como Torna Complexo Do Acesso Da Educação Política e Ideológica e Da Educação Religiosa No Ensino Primário
Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
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Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 3
2. Como torna complexo do acesso da educação política e ideológica e da educação religiosa
no ensino primário ....................................................................................................................... 4
2.1. Contextualização histórica .................................................................................................... 4
2.2. Educação e religiosidade .......................................................................................................... 4
2.3. O direito à fé e a intolerância religiosa ..................................................................................... 7
2.4. Ciência, religiosidade e ensino ............................................................................................... 10
2.4.1. Religião, Conhecimento Religioso e Ciência ...................................................................... 10
2.5. O Ensino Religioso ................................................................................................................. 13
2.6. Importância das relações interpessoais ................................................................................... 14
2.7. Nitidez na apresentação das informações ............................................................................... 15
2.8. Inserção num grupo de referência mais abrangente ............................................................... 17
3. Conclusão .................................................................................................................................. 18
4. Bibliografia ................................................................................................................................ 19
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1. Introdução
O presente trabalho apresenta uma análise sobre a relação entre a religião e a educação, levando
em consideração o valor cultural, bem como suas contribuições à sociedade, abrangendo
características históricas e hodiernas dessa polémica relação. O trabalho constitui-se de uma
pesquisa bibliográfica e exploratória, com vistas a levantar discussões sobre um tema pouco
abordado. Deste modo, proporciona uma comparação entre as características do ensino religioso
com o processo educativo na actualidade; aborda temas inerentes ao processo educativo quanto à
origem do conhecimento, a difícil relação entre fé e ciência, os métodos de ensino, as concepções
de mundo, o papel da religião na sociedade e na cultura, demonstrando que a religião em si, não
apenas mantém uma relação com a educação, mas, também se constitui em um processo
educativo, com objectivos semelhantes aos objectivos da educação laica.
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Há mais de dois mil anos, na história da humanidade, surgiu um homem que perturbou e intrigou
os alicerces de sua época de Jesus de Nazaré, o Cristo como é conhecido por seus seguidores.
A repercussão de seus ensinamentos foi intensa, possuindo seguidores até hoje. O cristianismo,
por exemplo, actualmente consiste no conjunto dos mais diversos grupos que tem em Cristo seu
referencial de fé, estando espalhado nos mais diversos países. (Cury, 2004).
A história da humanidade nos mostra que a religião sempre possuiu estreitas ligações com a
educação, não foi diferente; vemos que seus objectivos e os da educação se cruzam em
determinados momentos. Portanto, levando em consideração o grande número de cristãos, e o
fato de Jesus ter sido considerado um mestre.
Ao falarmos em educação nos remeteremos a uma gama de concepções do que esta consiste. No
sentido etimológico da palavra, “educação” possui procedência latina oriunda a partir de dois
termos: educare (alimentar, cuidar, criar) e educere (tirar para fora, conduzir para, modificar um
estado). Assim sendo, as diferentes concepções de educação concordam, quase unanimemente,
que esta consiste em um processo de desenvolvimento do ser humano através de uma
transformação contínua, no entanto, a concepção de educação é bem mais complexa e variável
tão quanto as teorias da educação (Libâneo, 2010).
Esse contexto pode ser a escola, a família, a igreja, a fábrica e outros segmentos sociais, portanto
o acontecer educativo está presente em suas diferentes modalidades em todas as áreas das
relações humanas.
O ser humano é um ser complexo que desenvolve sua personalidade e seu carácter a partir das
relações que mantém com as diversas instituições sociais em que está inserido, desse modo, essa
personalidade é desenvolvida através do chamado processo de socialização, e não é simplesmente
uma característica biológica; ou seja, embora o ser humano nasça com maiores potencialidades
que os demais animais, muitas dessas potencialidades só serão desenvolvidas através desse
processo de socialização. A família, a escola, e a religião são exemplos de instituições sociais
básicas que contribuem para essa formação da personalidade (Toscano, 2001).
O termo “religião” segundo Cury (2004) provem do verbo latino “religare”, o que nos remete a
reunião de algo ou alguém, o restabelecimento de um elo, Cury (2004, p. 188) rejeita a ideia de
que tal termo provenha simplesmente das religiões monoteístas, para ele “outras manifestações de
carácter religioso, místico, cósmico ou transcendental também aspiram por um reencontro do ser
humano e do conjunto dos seres humanos vivos ou já mortos com a „Totalidade‟”. A etimologia
da palavra nos ajuda a compreender o seu sentido em termos práticos, deste modo, a religião
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consiste em uma instituição social, que procura reunir pessoas, ou seres em sentido natural e/ou
sobrenatural.
Instituições sociais, por sua vez, consistem em meios pelos quais o homem procura ajustar-se ao
ambiente natural, social, ou sobrenatural. A instituição religião consiste na qual o homem se
ajusta no seu ambiente sobrenatural (Lakatos e Marconi, 2011). Assim, podemos definir a
religião como “um sistema unificado de crenças e práticas relativas às coisas sagradas, isto é, a
coisas colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem numa comunidade moral única
todos os que a adoptam” (Chinoy apud Lakatos & Marconi, 2011, p. 181).
Essa relação se mantém, portanto, desde as comunidades primitivas até as sociedades modernas.
Aranha (2006, p. 35) nos explicita como já “nas comunidades tribais as crianças aprendiam
imitando os gestos dos adultos e nas actividades diárias e nos rituais”.
No entanto, essa relação torna-se mais clara a partir do momento em que as sociedades tornam-se
mais complexas. Como exemplo, podemos citar o Egipto antigo, onde a transmissão do saber era
restrita a poucos, dentre eles os sacerdotes; a Mesopotâmia onde a classe sacerdotal também era
encarregada da educação; Índia onde a educação era privilégio dos brâmanes, que teriam sido
gerados da cabeça do deus Brahaman, segundo as crenças dos indianos. E os hebreus,
propagadores do monoteísmo ético (Aranha, 2006), que diverge das demais civilizações por
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crerem em um deus4 único, que requeria dos seus seguidores a absorção de determinados valores,
descritos na Torá5. Borges (2002) faz consonância com Aranha ao relatar que
O que podemos destacar sobre as considerações de Aranha (2006), Borges (2002) e de Toscano
(2001) é que a educação não esteve somente relacionada à religiosidade, mas por muito tempo
fora apenas um privilégio da classe sacerdotal dos diferentes tipos de religiões e culturas, como
também a religiosidade intervinha em toda esfera das sociedades primitivas.
O cristianismo, por sua vez, surgido também dentre o povo hebreu, mantém um relacionamento
intenso com as práticas educativas no decorrer da história até a actualidade, “os cristãos legaram
ao mundo um vastíssimo património cultural e uma extraordinária riqueza filosófica e
pedagógica” (Borges, 2002, p. 40).
Como podemos perceber, o artigo versa sobre o direito a fé, mudança de religião, a sua expressão
pelo ensino e pelo culto, o que inspirou a Constituição algumas constituições do mundo, que
tratam dos Direitos e Deveres Individuais e Colectivos.
Dada a diversidade religiosa e a laicidade do nosso país, deparamo-nos perante a um dilema que
chega aos limiares da escola. O Estado não toma mais partido de uma única religião, a escola
pública estando sobre o domínio do Estado deve acolher pessoas de diferentes crenças. É
importante considerar que a diversidade religiosa do nosso país está relacionada a sua
multiculturalidade, o que não se reduz somente a religião, assim, eis o desafio: tornar a escola um
espaço acolhedor para as diversas pessoas, respeitando suas crenças, seus valores, hábitos e
costumes, através de um diálogo pacífico, “imparcial”, e não preconceituoso.
De acordo com Souza (2002, p. 156) multiculturalidade é um fenómeno do nosso tempo, “que
traz para o campo da educação uma série de questionamentos e desafios, tais como o respeito a
diversidade cultural e o redimensionamento das práticas educativas, a fim de se adequar às
recentes demandas por uma escola mais democrática e inclusiva”.
Assim, propõe Semprini citado por Souza (2002) uma educação com uma “epistemologia
multicultural”, essa epistemologia se fundamentaria em quatro aspectos:
dá” (Souza, 2002, p. 159). Cada ser, portanto, possui a sua verdade ou realidade, não existe
verdade absoluta ou universal, o que pressupõe a existências de “verdades” ou “realidades”.
Souza (2002) defende uma educação que valorize a dialéctica entre igualdade e a diferença, entre
o universal e o particular, para tanto, ressalta a necessidade de compreender que diferença e
igualdade não são antónimos. Igualdade e diferença afirmam, respectivamente, a inclusão e a
abertura, enquanto a desigualdade e a indiferença supõem a exclusão do outro, e sua
desqualificação. Portanto, a diferença deve existir, mas não a desigualdade.
A diferença e igualdade fazem parte de nossa humanidade, no entanto, tanto o relativismo radical,
como a igualdade como um parâmetro de padronização dos indivíduos devem ser rejeitados. E
assim questiona,
como é possível entender a nossa humanidade enquanto iguais e
diferentes? E até que ponto somos iguais e diferentes? Em que somos
iguais? Em que somos iguais e em que somos diferentes? Como articular
igualdade e diferença a fim de garantirmos a tolerância e o respeito e
necessária articulação das temáticas, principalmente na educação escolar?
(Souza, 2002, p. 168).
Em se trantando de religiosidade, é necessário considerar que, embora seja uma cosmovisão, sua
visão de mundo determina valores que podem abranger todas as instituições da esfera social,
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assim temos no cristianismo uma espiritualidade voltada não somente para o transcendente, mas
que volta-se também para a constituição da família, para os valores necessários ao sistema
político, para a origem do conhecimento, o cuidado com as emoções do indivíduo, enfim, para a
sociedade como um todo. O pensamento cristão ou a epistemologia cristã é essencialmente
universalista, embora possa aceitar as diferenças individuais de cada pessoa.
À luz do que nos fala Souza (2002) sobre intolerância, podemos entender a intolerância religiosa
como um ódio destrutivo à religiosidade de outrem. No entanto a intolerância não pode ser
tolerada.
Portanto, podemos compreender que é direito de qualquer religião possuir a sua visão de mundo,
questionar valores, criticar a realidade e a sociedade segundo os seus princípios e defender sua fé,
entretanto, lhe é vedado o desrespeito à pessoa humana e às decisões individuais de cada ser. Em
outras palavras, lhes são outorgado o direito de discordar, na sua liberdade de expressão, mas não
o de desrespeitarem os demais indivíduos ou “obrigá-los a aceitar sua visão”, ambos aspectos são
direitos humanos e garantidos por lei.
Mesmo o conhecimento religioso ou teológico sendo fundamentado na fé, para Rampazzo (2004,
p. 30), “o conhecimento teológico tem uma „veste‟ científica, no sentido de que é racional,
metódico e sistemático,” onde “o objecto do conhecimento teológico são os dados da fé; e
método é a procura da integração entre fé e razão”.
Para Ruiz (1991), o conhecimento religioso parte da premissa que Deus existe, possui ciência
infinita, tem poder infinito, inclusive, de se comunicar com os homens através da relação directa
com cada um, ou da revelação directa a alguns profetas e de seu filho Jesus Cristo. E a Bíblia é
onde está escrito o que Deus falou ou parte do que ele falou. Deste modo, os textos bíblicos são
autênticos, portanto, merecem todo o crédito. Cabe, entretanto, ao teólogo provar que Deus
existe, que falou aos homens, e que os textos bíblicos possuem inspiração divina.
Deste modo, no conhecimento religioso a razão está a serviço da fé, como defende Tomás de
Aquino (1225-1274), entretanto, nem a teologia, nem a ciência do fato religioso conseguem
explicar a fé cabalmente, por ser de ordem místico-intuitiva (Ruiz, 1991).
método científico, o próprio Deus consiste em um ser sobrenatural, assim sendo, a ciência não
possui métodos de verificação que possam atestar ou não a sua existência.
Rampazzo (2004) afirma que existem alguns aspectos religiosos que podem ser provados
cientificamente, por exemplo, historicamente é comprovada a existência de Jesus e que ele foi
crucificado, no entanto, aceitá-lo como salvador da humanidade e que sua morte foi vicária, é
uma questão de fé; o dado de fé é uma revelação que não pode ser descoberta pela ciência, pela
filosofia, ou pelo conhecimento popular, ele só tem valor para aquele que vivencia a experiência
da fé.
Já Hammes (2006) discute sobre a possibilidade da Teologia se configurar como ciência, para
tanto, levando em consideração o debate do que consiste a ciência, afirma que “a questão da
cientificidade da Teologia, [...] depende, em primeiro lugar, de um conceito aberto de ciência,
capaz de abranger áreas de pesquisa e metodologias diferentes das meramente positivas”
(Hammes, 2006, p. 546), o que não é uma discussão exclusiva da Teologia, mas também, quanto
ao Direito e algumas ciências sociais, dentre outras.
A Teologia seria então para Hammes (2006) a logos da fé, e não a própria fé. Aqui, define fé não
como irracionalidade, mas como fidelidade ou confiança em alguém. Assim,
Por essa razão, o estudo das teologias, dentro da área de Ciências Humanas conforme
classificação CAPES/CNPq, não pode prescindir de conhecimentos das Ciências Humanas e
Sociais, da Filosofia, da História, da Antropologia, da Sociologia, da Psicologia e da Biologia,
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entre outras. O estudo da Teologia deve, ainda, buscar diálogo com outras áreas científicas,
possibilitando estudos interdisciplinares.
O carácter laico do Estado proporciona outra discussão a respeito dessa relação ciência-educação-
religião: o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental, o que também não é um
debate novo.
Vemos que o ensino religioso, constitui-se como parte da formação básica do cidadão e rejeita
qualquer tipo de proselitismo, responsabilizando os sistemas de ensino por sua regulamentação
em parceria com as denominações religiosas, sendo o Estado responsável pelo ônus.
Paily (2004) discorre sobre “O dilema epistemológico do ensino religioso”, Hammes (2006)
define a teologia como “uma polémica científica”, nas discussões destes dois últimos autores
juntamente a Cury (2004) fica evidente como qualquer debate a respeito de crenças religiosas,
como a cientificidade da teologia e o ensino religioso nas escolas públicas, é árduo e requer muito
diálogo. Criar um diálogo pacífico, entretanto, ainda é um grande desafio, mesmo dentro da
academia.
papel da universidade na sociedade, e existem também objectos sociais que parecem alheios aos
interesses académicos, como o comércio e a religião (PAIVA, 1999).
Algo semelhante comenta Robbins (2011, p.1) embora se referindo ao cristianismo enquanto
objecto de estudo da Antropologia, ao afirmar que “[...] de algum modo, durante seu primeiro
século de existência, a Antropologia, que afirmava ter o mundo inteiro como campo de estudo,
negligenciou a religião mais praticada no mundo”.
Paiva (1999) ainda destaca que “no meio académico a questão da religião é uma questão
delicada; as pessoas se inclinam a esquivar-se de falar do assunto, embora hoje os professores
não mais se sintam envergonhados de sua crença; [...] a posição dos colegas quanto à religião
conhece-se superficialmente”. É o ponto nevrálgico que citamos anteriormente, a pesquisa de
Paiva (1999) nos permite perceber como é tenso discussão sobre a fé dentro da universidade.
Brooke (1991) e Marsden e Longfield (1992) citados por Paiva (1999) explicitam que, no
decorrer da história, por muito tempo ciência e religião andaram juntas na universidade, tendo,
inclusive, a religião lutado pela autonomia da ciência, inclusive, em países de tradição científica e
tecnológica mais consolidada, teólogos e cientistas reúnem-se com certa frequência para
discussões e debates acerca da relação ciência e religião.
O ensino religioso, do ponto de vista cognitivo, para ser significativo deve corresponder-se com o
elemento afectivo do desejo. Esse elemento pode ser despertado ou, se já presente, intensificado,
por meio do diálogo.
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Em termos práticos, encontros pessoais em grupos menores são uma condição necessária, embora
não suficiente, para a eficácia do ensino religioso. Nesses grupos menores, aliás, torna-se possível
um outro processo, não necessariamente interpessoal mas, em todo o caso, social, a saber o da
imitação.
conhecimento, juntando os elementos que lhe correspondem e separando os elementos que não
lhe correspondem (Rosch, 1978).
As religiões não se equivalem do ponto de vista cognitivo, isto é, uma religião não é outra. As
concepções, as doutrinas, as histórias são, sob certo aspecto, nem mesmo específicas, mas
singulares. Não é possível ensinar o budismo como se fosse o cristianismo, como não é possível
ensinar o protestantismo luterano como se fosse o catolicismo.
O ensino religioso não deixaria de propor, com nitidez, os critérios discriminadores de um e outro
protótipo ampliado. Não há como obliterar, no entanto, a dificuldade da aquisição de
competência, por parte dos docentes, de protótipo religioso tão complexo como o cristianismo em
geral ou o budismo em geral.
Um efeito, como já apontado, pode ser a tolerância e o empenho por elevadas causas comuns. No
entanto, o mínimo denominador comum nem sempre é o mais indicado para toda finalidade,
como quando se quer conhecer e apreciar uma bebida ou uma obra de arte.
Nesse nível é possível agrupar as religiões a espiritualidade e a moralidade, embora com o risco
de se agruparem coisas conceitualmente distintas, uma vez que religião inclui alguma forma de
transcendência, ao passo que espiritualidade e moralidade podem situar-se no âmbito da
imanência humana. É provável que nesse agrupamento mais inclusivo se perca a nitidez da
apresentação dos estímulos informativos, e dissolva-se o fundo contra o qual se destaque
perceptualmente alguma figura com contorno.
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A inserção num grupo mais abrangente, ampliado no espaço e no tempo, garante o sentido de
identidade, isto é, de reconhecimento de uma realidade social também abrangente, que resistiu ao
tempo e ao deslocamento espacial e que nos retira de uma solidão sem referências sólidas.
O dinamismo da existência não permite que essa resistência se torne inércia: ao contrário, a
história mostra as transformações por que passam as grandes identidades colectivas em contacto
com o ambiente e as transformações que, por sua vez, induzem no ambiente. Sob esse ponto de
vista, o ensino religioso nas escolas não deveria limitar-se à escola. Para ser, além de ensino,
educação, deveria tender à inserção no grupo religioso portador dessa referência dinâmica, isto é,
estável e aberta ao diálogo com a diferença. O contacto com os grupos locais ou regionais das
filiações religiosas daria o tónus final para o ensino escolar.
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3. Conclusão
O que certamente é importante é a reflexão acerca da conjuntura actual do ensino religioso nas
escolas. Melhor do que conjuntura pode-se dizer estrutura, pois embora haja variáveis
conjunturais em todo planeamento e decisão, às vezes não há clareza a respeito da estrutura da
realidade que se quer ordenar.
Não são ingénuos em relação ao ideal da acção comunicativa ou do diálogo que propõem como
base pré-política da convivência social no Estado democrático. A descrição de alguns processos
psicológicos de aprendizagem social tampouco garante a efetivação dessa aprendizagem. Porém
essas são contribuições que podem levar à reflexão acerca do que está em jogo, antes de se passar
à acção ou à discussão dos caminhos que a acção já iniciou.
Em suma, as orientações práticas do livro de Provérbios incentivavam a não tolerar a rebeldia,
mas também não desanimar diante da crítica, e o ensinamento deveria ser feito de forma doce e
amorosa, para que fosse mais bem apreendido. Talvez, a concepção bíblica que mais influenciou
a educação infantil seja: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando
envelhecer, não se desviará dele. O provérbio enaltece a importância de ensinar valores ao ser
humano, desde sua meninice, pois ao crescer levaria o ensinamento para sua vida inteira.
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4. Bibliografia
Glock, C.Y. & Stark, R. (1962). On the study of religious commitment. Religious Education, 57.
Research Supplement, 98-110.
Oakes, P.; Haslam, A & Turner, J. C. (1998). The role of prototypicality in group influence and
cohesion: contextual variation in the graded structure of social categories. Em S. Worchel, J. F.
Morales, D. Paez & J. C. Deschamps (Orgs.), Social Identity: international perspectives (pp. 75-
92). Londres: Sage publications.