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br
Banco Mundial e FMI
reforçam alerta de
risco de recessão
global A11
Banco Central antecipa
divulgação da nova
regulação cambial C2
Destaques
CNC informa endividamento recorde
A Pesquisa de Endividamento e Inadim-
plência do Consumidor, da Confederação
Nacional do Comércio (CNC), relativa ao
mês passado, mostra que 79,3% das família
brasileiras declararam ter dívidas — em se-
tembro de 2021 eram 74%. Já o percentual
das que informaram ter dívidas em atraso
foi de 30% — eram 25,5% em setembro do
ano passado. Os dois indicadores são os
mais altos da série, iniciada em 2010. A4
Santander quer retomar espaço
Um ano após assumir o comando da San-
tander Asset, Carlos André (ex-BB DTVM)
aposta em fundos de renda variável mais so-
fisticados para melhorar margens e retomar
participação de mercado. “Os produtos de
renda variável são os mais importantes para
compor os ganhos de margem, mas é o vare-
jo que fará a gente ter escala. Nunca deixare-
mos de olhar os clientes institucionais e o
private banking, mas não podemos nunca
mais nos afastarmos do varejo.” C6
Geopolítica tecnológica
As ações das principais fabricantes de
semicondutores da China perderam
US$ 8,6 bilhões em seu valor de merca-
do na segunda-feira, afetadas pelos no-
vos controles sobre as exportações
anunciados pelos EUA, que impedem ci-
dadãos ou entidades americanas de tra-
balhar com fabricantes chinesas de
chips sem autorização explícita e limi-
tam a exportação de equipamentos. B5
Cadeia da celulose em ebulição
Os mais de R$ 63 bilhões em investimentos
planejados ou em execução pela indústria
de base florestal no Brasil até 2028 estão
movimentando a cadeia global de forne-
cedores, desde empresas de consultoria e
serviços de engenharia a fabricantes de
máquinas e equipamentos e outros insu-
mos. Segundo a Pöyry, referência mundial
no setor, só em celulose há sete projetos
em construção na América do Sul. B3
Certificados de recebíveis
O mercado de certificados de recebíveis
(CRs) deve ganhar relevância nos próxi-
mos meses, após mudança na lei que
permite que empresas de qualquer se-
tor — e não apenas as do agronegócio
ou do ramo imobiliário — possam emi-
ti-los. As companhias têm demonstrado
interesse pela novidade e há a expectati-
va de que pelo menos 15 operações des-
se tipo sejam lançadas ainda em 2022,
segundo apurou o Valor. C1
Ações da Cosan caem 15,5%
O mercado acionário se manteve arredio em
relação à compra de participação na Vale
anunciada na sexta-feira pela Cosan. Na se-
gunda-feira, as ações da companhia caíram
mais 7,51% e acumulam perda de 15,57% em
dois pregões, com queda de R$ 5,3 bilhões
no valor de mercado em relação à quin-
ta-feira (6). Em uma combinação de compra
direta de ações e derivativos, a Cosan pode
chegar a 6,5% do capital da mineradora. B4
Ideias
Fernando Genta e Fabio Kanczuk
O mercado acredita que a ociosidade na
economia é sensivelmente menor do que
a considerada pelo Banco Central. A12
Ana Maria Diniz
Atual governo está encerrando seus
quatro anos com o pior desempenho
da história na área educacional. A13
Indicadores
Ibovespa 10/out/22 -0,37 % R$ 25,6 bi
Selic (meta) 10/out/22
Selic (taxa efetiva) 10/out/22
Dólar comercial (BC) 10/out/22
Dólar comercial (mercado) 10/out/22
Dólar turismo (mercado) 10/out/22 5,2062/5,3862
Euro comercial (BC) 10/out/22 5,0382/5,0409
Euro comercial (mercado) 10/out/22
Euro turismo (mercado) 10/out/22
Corregedor-geral do
TSE, ministro Benedito
Gonçalves impõe
linha-dura contra
abusos em
campanhas
eleitorais A10
Agência firma parcerias por Bolsonaro e
Lula tentam
avanço na Lei do Saneamento ampliar base
Daniel Rittner
De Brasília
A Agência Nacional de Águas (ANA)
aliou-se a órgãos de controle e à Justiça
em ofensiva sobre 1.117 municípios que
não se adaptaram ao marco do sanea-
mento básico. O objetivo é convencer o
poder local a cumprir a lei, que comple-
tou dois anos em julho. A norma obriga a
universalização dos serviços até 2033.
Hoje, 20% das cidades do país estão irre-
gulares e muitas companhias estaduais de
água e esgoto, especialmente no Norte e
Nordeste, não comprovaram condições fi-
nanceiras para atender o prazo legal.
Outros municípios, capitais como Salva-
dor e João Pessoa, estão sem contratos váli-
.
Bernanke, Diamond e Dybvig: trabalhos melhoraram a compreensão sobre o papel dos bancos e o gerenciamento de crises financeiras
Obras de Volpi Trigo sobe mais de 6% em Chicago Telhanorte e
vão a leilão após
depois de ataque russo na Ucrânia C&C buscam
litígio de dez anos
Daniela Braun
De São Paulo
Uma coleção de 2.875 obras do pin-
tor modernista Alfredo Volpi irá a lei-
lão na próxima semana. As obras esta-
vam no ateliê do pintor desde sua mor-
te, em 1988, e foram colocadas à venda
pelos herdeiros de Volpi, após dez anos
de disputa judicial. Os lances poderão
ser feitos pela internet e telefone. B6
Ecoagro anuncia a emissão do
1º CRA de Bioeconomia do mundo
que beneficiará o Extrativismo
Sustentável em Floresta Nativa
“É um grande orgulho participar dessa emissão pioneira
que irá fomentar a conservação da Biodiversidade nas
florestas nativas de Babaçu e o desenvolvimento
sustentável de importante território da Amazônia Legal.
Temos um grande compromisso com a agenda de
13,75% ao ano finanças sustentáveis, e esta emissão é prova disso.”
13,65% ao ano
Moacir Teixeira, sócio fundador da Ecoagro.
5,1935/5,1941
5,1894/5,1900
5,0357/5,0363
5,0637/5,2437 Câmera Registradora Participante Especial Participante Especial
Terça-feira, 11 de outubro de 2022 | Ano 23 | Número 5603 | R$ 5,00
dos com as atuais prestadoras. Em ambos
os casos, há desconformidade com o novo
marcolegaleasprefeiturasdevemlicitaros
serviços, abrindo caminho para a troca de
operador e o avanço do setor privado.
Aagênciafirmoudoisacordosdecoope-
ração, com o Conselho Nacional do Minis-
térioPúblicoecomoConselhoNacionalde
Justiça. A ideia é que esses órgãos atuem na
fiscalização do setor e magistrados estejam
municiados para a tomada de decisões,
uma vez que a ANA não pode forçar os en-
tes públicos a cumprir a legislação.
A mudança dos operadores em situação
irregular fica à mercê dos gestores locais,
pois os municípios detêm a titularidade
dos serviços e os Estados estão incumbidos
de desenhar blocos regionalizados de lici-
Fernanda Pressinott e José Florentino
De São Paulo
O trigo encerrou o pregão de segun-
da-feira em forte alta na bolsa de Chi-
cago, depois de a Rússia bombardear
diversas cidades da Ucrânia. Os ata-
ques aumentaram as preocupações
com a oferta do produto no mercado
internacional, já que russos e ucrania-
nos são dois dos maiores produtores e
exportadores do cereal no mundo.
Assessor Jurídico Escriturador
tação — os prefeitos podem ou não aderir.
Um terceiro convênio em tratativas, na
mesma linha, é com a Associação dos
Membros dos Tribunais de Contas do Brasil
(Atricon). A entidade elaborou nota técni-
ca em que orienta os tribunais de contas
dos Estados, do Distrito Federal e dos mu-
nicípios a enfatizar o novo marco legal em
seus planos de fiscalização.
Segundo estimativas da Abcon (associa-
ção das concessionárias privadas de sanea-
mento),seráprecisoinvestirR$308bilhões
nos próximos quatro anos a fim de não
comprometer as metas de universalização.
Se esse plano de investimentos for cumpri-
do, a expectativa é que 91% da população
tenha água tratada e 71% contem com es-
gotamento sanitário até 2026. Página A2
MONTAGEM COM FOTOS AP
Os contratos do trigo para dezembro
encerraram a sessão em alta de 6,56%, a
US$ 9,38 por bushel. Já os papéis de se-
gunda posição, para março do ano que
vem, avançaram 6,31%, a US$ 9,515.
Para analistas, a ofensiva russa pode
impedir uma renovação do acordo para
exportação de grãos ucranianos pelos
portos no Mar Negro. “Colocar as duas
partes na mesma sala pode ser um desa-
fio”, disse Richard Buttenshaw, da Marex,
à agência Dow Jones. Página B8
Agente Fiduciário Segunda Opinião
CRA Verde
De São Paulo e Brasília
Em busca de adesões do centro políti-
co, o ex-presidente Lula reforçou que sua
candidatura é “muito mais que o PT” na
disputa contra o presidente Jair Bolsona-
ro (PL). O petista recebeu apoio do Der-
rubando Muros, grupo formado por em-
presários, economistas, políticos, ativis-
tas e acadêmicos. Já Bolsonaro deve redo-
brar a aposta na “guerra religiosa” neste
2 o turno. Fontes da campanha afirmam
que o foco é consolidar a posição entre os
evangélicos e ampliar a votação entre os
católicos. Nova pesquisa Ipec mostrou
Lula com 51% das intenções de voto, co-
mo no dia 5. Bolsonaro oscilou um ponto
para baixo, com 42%. Páginas A7 a A9
Nobel premia
pesquisas sobre
crises bancárias
Lucianne Carneiro
Do Rio
O Nobel de Economia foi concedido
ao ex-presidente do Federal Reserve Ben
Bernanke, além de Douglas Diamond
(Universidade de Chicago) e Philip H.
Dybvig (Universidade de Washington).
Os trabalhos dos três ajudaram governos
e bancos centrais a enfrentar a crise de
2008 e evitar depressão econômica como
nos anos 1930. “Ensinaram como lidar
melhor com uma crise bancária. Não é
possível evitá-las, mas que, quando ocor-
ram, tenham um custo menor”, diz Aloi-
sio Araújo, do Impa e da FGV. Página A14
compradores
Mônica Scaramuzzo
De São Paulo
As rivais de material de construção
C&C, da família Faria, e Telhanorte, do
grupo francês Saint-Gobain, estão à ven-
da e devem disputar os mesmos compra-
dores. Apesar de o setor ter crescido em
2021, as redes não fazem parte das prin-
cipais estratégias de seus controladores,
dizem fontes. Com 77 lojas no país, o
Saint-Gobain contratou o Bradesco BBI
para vender o negócio. O grupo também
é dono da Tumelero, no Rio Grande do
Sul. A C&C, com 36 unidades, conversa
com o BTG Pactual. Procuradas, as em-
presas não se manifestaram. Página B5
Acidente em
Congonhas
expõe gargalos
Cristian Favaro e Taís Hirata
De São Paulo
Os reflexos para os usuários do aero-
porto de Congonhas, na capital paulista,
de um acidente sem vítimas com um jati-
nho no início da tarde de domingo — a
aeronave só foi retirada do local às
22h18, quando a pista foi então liberada
— vão durar ao menos até a quarta-feira.
Centenas de pessoas lotavam o terminal
na tentativa de embarcar ou remarcar
passagens. Mais de 320 voos foram can-
celados. A Associação Brasileira das Em-
presas Aéreas (Abear, que representa Gol
e Latam) defendeu a restrição de voos
executivos no aeroporto. Página B1
A2 | Valor | Terça-feira, 11 de outubro de 2022
Brasil
Estranharofamiliare
familiarizaroestranho
Pedro Cafardo
C
omo os jornalistas
poderiam cobrir
melhor a educação
na Amazônia? A
professora Katia
Schweickardt, da Universidade
Federal do Amazonas, responde:
“Tornando familiar o que é
estranho e estranhando o que é
familiar”.
O diálogo se deu em recente
Congresso Internacional de
Jornalismo de Educação,
promovido pela Associação de
Jornalistas de Educação (Jeduca).
Katia dizia que, para garantir a
sobrevivência do bioma
amazônico, será preciso assegurar
educação de qualidade e
adaptada à realidade local.
Tornar familiar o que é
estranho significa se desfazer de
estereótipos sobre a Amazônia e
aceitar um ensino que abranja
também a cultura local, o que
parece pouco relevante aos
formuladores de diretrizes
educacionais dominantes do
Sudeste.
A frase da professora Katia,
cunhada para o caso da educação
na Amazônia, se presta também a
outros setores, especialmente à
economia em plena reta final de
campanha. Estranhar o que é
familiar parece ser boa sugestão
aos responsáveis pela política
econômica que vão assumir o
governo em 1 o de janeiro, sejam
os de Lula, sejam os de Bolsonaro.
O que hoje parece familiar na
economia, quase um dogma
para os neoliberais, é a ideia de
que cabe ao Estado unicamente
cuidar do rigoroso controle
fiscal, ou seja, manter as contas
públicas equilibradas. Com isso,
o setor privado se sentiria
estimulado a investir, promover
crescimento econômico e criar
emprego e renda.
Fugir de estereótipos,
uma sugestão para
educação e economia
Foi esse pensamento, por
exemplo, que sustentou a
aprovação da PEC do Teto de
Gastos em 2016, no governo
Michel Temer, que na prática
congela os gastos do governo por
20 anos. Em pouco tempo, o teto
foi desmoralizado, por impedir a
adoção de políticas anticíclicas,
pelas quais o governo deve retirar
poder de compra da economia e
aumentar impostos quando ela
está muito aquecida e, por outro
lado, estimulá-la com mais gastos
e menos impostos em momento
recessivos. Foi preciso estranhar o
que parecia familiar e furar o teto
várias vezes.
Outros exemplos: o Banco
Central vem aumentando os
juros, que saíram de 2% ao ano em
março de 2021 para 13,75% hoje.
Era necessário tudo isso? Uma
taxa mais de 7 pontos percentuais
acima da inflação prevista e que
projeta um custo de quase R$ 600
bilhões em 12 meses ao governo,
equivalente a 6% do PIB? Que tal
estranhar isso que parece familiar
aos agentes do setor financeiro?
O BNDES, que já foi o maior
banco de desenvolvimento do
mundo, sofreu desmoralização
sob uma suspeita de corrupção
nunca confirmada e por ideologia
contrária ao papel do Estado na
promoção de investimentos. Não
é hora de estranhar essa ideia
também tida como familiar e
voltar a usar mais o banco para
estimular investimento privado e
crescimento?
O que parece radicalmente
estranho para o outro lado, dos
chamados progressistas, também
precisa ser familiarizado. O
discurso deles, quando defendem
o gasto público, sempre traz uma
ressalva: “Sem deixar de lado a
responsabilidade fiscal”. Precisam
ir além de frases “en passant”
nessa matéria. Por exemplo: qual
mecanismo fiscal propõem para
garantir o controle de gastos que
possa ser colocado no lugar
daquele “ex-teto sacrossanto”?
Talvez uma inspiração para o
debate do tema fiscal, crucial para
o próximo governo, possa vir dos
verdadeiros ensinamentos de
John Maynard Keynes. É falsa a
ideia de que Keynes defendeu os
déficits fiscais crônicos como
forma de proporcionar o pleno
emprego. Bresser e Loreiro, em
artigo publicado no Valor há mais
de dez anos, observam que o
economista Bradley Bateman, em
ensaio de 2006, desmonta a
ligação do nome de Keynes ao
populismo fiscal. Segundo
Bateman, essa associação se deveu
a dois economistas liberais,
Buchanan e Wagner, que em 1976
publicaram um livro cujo objetivo
era caricaturar a figura de Keynes
e atacar as bases do Estado do
bem-estar social. Keynes nunca
defendeu o uso indiscriminado
de déficits fiscais para estimular a
economia. Propunha que os
gastos correntes (com pessoal e
custeio) dos governos deveriam
estar sempre equilibrados,
independentemente do estado
em que a economia se
encontrasse. Só as despesas de
capital poderiam variar de
maneira anticíclica, com aumento
de investimentos estatais em
tempos recessivos e redução deles
na prosperidade. Ao longo de
uma sequência de períodos,
portanto, os gastos não correntes
também se equilibrariam com as
receitas obtidas pelos novos
investimentos.
A sugestão da professora Katia,
de tornar familiar o que é
estranho, é valiosa especialmente
quando o país se prepara para um
novo mandato presidencial. É
recomendável estranhar tudo o
que parece ser tão familiar ou
quase dogma, como o equilíbrio
fiscal geral a qualquer custo, a
defesa do Estado mínimo e a
supremacia absoluta do mercado
para promover desenvolvimento.
A pandemia seguida de guerra
mostrou que isso não é razoável.
P
or falar em
participação do
Estado na economia,
está na praça o livro
“Atualização Estatal
Estabilizadora” (Dialética
Editora), do professor Marco
Antonio Karam, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. A
obra lembra que existe na ordem
constitucional brasileira o dever
da atuação estabilizadora direta
do Estado na atividade
econômico-empresarial em
momentos de desestabilização
sistêmica que pode gerar
instabilidade jurídica.
Karam partiu do enunciado do
artigo 173 da Constituição, que
estabelece que a exploração
direta de atividade econômica
pelo Estado será permitida
quando necessária aos
imperativos da segurança
nacional ou do interesse coletivo.
O dever de estabilização seria
alcançado, por exemplo, pela
participação acionária
transitória do Estado em
empresas vulneráveis a
desequilíbrios sistêmicos do
mercado. Extremamente técnica,
a obra destrincha o real
significado das duas expressões
— segurança nacional e interesse
coletivo — incluídas no texto
constitucional.
Acrisegeradapelapandemiae
pelaguerranaUcrâniaseriauma
dassituaçõesqueexigem,segundo
aConstituição,essaatuação estatal
estabilizadora? Na Alemanha,o
governovaipagar € 8bilhõespara
estatizaragigante Uniper,grande
importadoradegásrusso.Em
outraaçãoparagarantiro
fornecimentodeenergiano
inverno,ogovernoassumiuo
controledaRosneft,refinariade
petróleorussaque fornece90%do
combustívelparaBerlim.
Pedro Cafardo é jornalista da equipe que
criou o Valor Econômico e escreve
quinzenalmente às terças-feiras
E-mail: pedro.cafardo@valor.com.br
ANA e órgãos de controle se aliam
por avanço na Lei do Saneamento
Daniel Rittner
De Brasília
A Agência Nacional de Águas
(ANA) aliou-se aos órgãos de
controle e à Justiça em uma ofen-
siva contra 1.117 municípios que
não se adequaram às exigências
do marco legal do saneamento
básico. O objetivo é fechar o cer-
co à situação de irregularidade
vivida por cerca de 20% das cida-
des brasileiras, pressionando o
poder local pelo cumprimento
da nova lei, que completou dois
anos em julho e obriga a univer-
salização dos serviços até 2033.
Muitas companhias estaduais
de água e esgoto, especialmente
nas regiões Norte e Nordeste, não
comprovaram condições econô-
mico-financeiras de atender a es-
se prazo. Outros municípios —
incluindo capitais como Salva-
dor e João Pessoa — estão sem
contratos válidos com as atuais
prestadoras. Em ambos os casos,
há desconformidade com o novo
marco legal e as prefeituras de-
vem licitar os serviços, abrindo
caminho para a troca de opera-
dor e o avanço do setor privado.
O problema é que a ANA, na
prática, não possui atributos para
forçar nada. A mudança dos ope-
radores em situação irregular fica
à mercê dos gestores locais, já que
os municípios detêm a titularida-
de dos serviços e os Estados estão
incumbidos de desenhar blocos
regionalizados de licitação — aos
quais os prefeitos podem ou não
aderir. O máximo que pode fazer
a União é interromper os canais
de financiamento público, como
repasses do Ministério do Desen-
volvimento Regional e desembol-
sos do BNDES ou da Caixa, para
quem estiver fora do marco legal.
“Nós elaboramos as normas de
referência do saneamento, mas
não temos dentes”, diz a presi-
dente da ANA, Verônica Sánchez.
A agência firmou dois acordos
de cooperação técnica para bus-
car a implantação da lei do sa-
neamento no âmbito local. Um
foi celebrado com o Conselho
Nacional do Ministério Público
(CNMP) e outro com o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ). A ideia
é dotar promotores, procurado-
res e juízes de maior conheci-
mento sobre o que está em jogo.
Governo tenta licitar BR-262 após duas frustrações
Cibelle Bouças
De Belo Horizonte
O ministro da Infraestrutura,
Marcelo Sampaio, disse após reu-
nião com o governador reeleito
de Minas Gerais, Romeu Zema
(Novo), que será publicado em
15 dias o edital de licitação do
trecho da BR-262 que vai de Belo
Horizonte a Manhuaçu (MG).
O ministro anunciou investi-
mentos de R$ 5,4 bilhões em Mi-
nas Gerais nos próximos anos,
para a duplicação e revitalização
das rodovias federais BR-381 —
de Belo Horizonte a Governador
Valadares — e BR-262, no trecho
de Betim a Uberaba.
O ministro observou que já fo-
ram feitos dois leilões de conces-
são da BR-262 que fracassaram. O
primeiro, em 2013, não teve inte-
ressados. No ano passado, o gover-
no tentou fazer a concessão da BR-
262 junto com a BR-381 e também
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
Aché B2 Bradesco BBI B4, B5
ACM Research Shanghai B5 Bradespar C2
Advanced Micro-Fabrication BTG Pactual A12, B4, B5,
Equipment B5 C2
Advent B5 C&C B5
Aegea Saneamento B2 Caixa A12
AFRY Management CBTU A2
Consulting B3 Ceagesp B8
Ambev B2 Ceron B2
Andritz B3 Citi C2
Applied Materials A11 Cosan B4, C2
ArcelorMittal B2 Credit Suisse B4
ASML A11 Cury B4
Banco do Brasil A4, A12 Direcional B4
Banco Inter C1 EcoAgro B8
Banco Pan A12 EDP B2
BNDES A2 Eldorado B3
Bracell B3 Eletrobras B2
Bradesco A12, B2 Embraer B2
Verônica Sanchez: “Nós elaboramos as normas de referência no saneamento, mas não temos dentes”
Assim, busca-se que os órgãos
de controle atuem na fiscalização
do setor e magistrados estejam
municiados para decisões. A ANA
fica responsável por emitir reco-
mendações gerais. Um terceiro
convênio em tratativas, seguindo
na mesma linha, é com a Associa-
ção dos Membros dos Tribunais
de Contas do Brasil (Atricon).
A própria Atricon elaborou re-
centemente uma nota técnica em
que orienta os tribunais de con-
tas dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos municípios a enfatizar o
novo marco legal do saneamento
em seus planos de fiscalização.
“Posso assegurar que esse é um
tema com atenção prioritária
dos tribunais”, afirma o presi-
dente da entidade, Cezar Miola,
também conselheiro do TCE-RS.
De acordo com estimativas da
Abcon (associação das concessio-
nárias privadas de saneamento),
será preciso investir R$ 308 bi-
lhões nos próximos quatro anos a
fim de não comprometer as me-
tas de universalização contidas
na nova lei. Se esse plano de inves-
timentos for cumprido, a expec-
não apareceram interessados, de-
vido a riscos geológicos das obras.
“Herdamos projetos do gover-
no anterior que foram mal mo-
delados. Vamos apresentar agora
novos leilões em um novo pa-
drão”, afirmou Sampaio.
O governador acrescentou que
o Estado deu início neste ano à
recuperação de 2,5 mil quilôme-
tros de rodovias estaduais e, em
seu segundo mandato, planeja
completar 10 mil quilômetros.
“Com as estradas federais e es-
taduais revitalizadas, ampliadas
e duplicadas, teremos um Estado
com uma infraestrutura adequa-
da para o crescimento, com mais
segurança e facilidades para o
mineiro”, afirmou Zema.
Zema destacou que em Minas
Gerais houve avanços na conces-
são de aeroportos e ferrovias.
“Mais do que criar nome bonito
como o PAC [Programa de Acele-
ração do Crescimento], o que va-
Energisa B2
Energisa Rondônia B2
Gol B2
Hua Hong Semiconductor
A11, B5
Huawei A11
Itaú Asset Management A4
Itaú BBA B4, C2
Itaú Unibanco A12
J.P. Morgan B4, C2
Klabin B2
KPMG B6
La Basque B5
Lam Research A11
LD Celulose B3
Linde B3
Localiza B2
Lojas Renner B2
Marfrig B8
tativa é que 91% da população te-
nha água tratada e 71% contem
com esgotamento sanitário até
2026. Metade dos brasileiros não
têm tratamento de esgoto hoje.
Além da aliança com a Justiça e
com os órgãos de controle, a ANA
se prepara para lançar até o fim
do ano uma das consultas públi-
cas mais aguardadas pelo merca-
do. Trata-se da proposta de regra
para indenização dos ativos não
amortizados em caso de troca de
uma operadora de água e esgoto
por outra. As normas da agência
federal são apenas de referência.
Para valer efetivamente, precisam
ser acatadas pelas agências esta-
duais ou municipais, que respon-
dem pela regulação dos serviços.
Na avaliação de Verônica, uma
clareza maior em torno das inde-
nizações levará mais tranquilida-
de às empresas e aos gestores pú-
blicos, que hoje veem esse ponto
como um elemento de incerteza.
A ANA está recebendo atual-
mente contribuições de interes-
sados para definir a versão final
de sua agenda regulatória 2022-
2024. Dezesseis itens são referen-
le é executar e é o que está acon-
tecendo”, afirmou Zema, em crí-
tica ao ex-presidente e candidato
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
anunciou ontem a intenção de
criar um novo PAC para estimu-
lar a economia, caso seja eleito.
Sampaio citou investimento já
anunciado na ferrovia Vitória-
Minas de R$ 4 bilhões a R$ 5 bi-
lhões, e a entrega, hoje de 200 va-
gões pela VLI, entre outros proje-
tos em andamento.
O ministro disse ainda que o
edital para ampliação da linha 1
e a construção da linha 2 do me-
trô de Belo Horizonte já foi pu-
blicado e o leilão está previsto
para 22 de dezembro. As obras
estão previstas para serem reali-
zadas entre 2023 e 2024.
Sampaio acrescentou que a ci-
são da CBTU, processo necessário
para a ampliação do metrô em
Belo Horizonte, deve ser realiza-
do até o fim de dezembro.
Mercer C6 Santander Asset C6
Morgan Stanley C2 Schneider Electric B2
Naura Technology B5 Semiconductor Manufacturing
Opea C1 International Corp. B5
PagSeguro C1 Shanghai Fudan
Petrobras A4 Microelectronics A11, B5
Porto C1 SHV Energy A4
Pöyry B3 SLC B2
Raízen C2 SMIC A11
Resultante B6 Solinftec B7
RGE B3 Stara A10
Rhodia B2 Stefanini B2
Riva B4 SulAmérica B5
Rosneft A2 Supergasbras A4
Rumo C2 Suzano B2, B3
Sabin B2 Sylvamo B3
Saint-Gobain B5 Telhanorte B5
Samsung A11 Tendências A6
Santander B4, C2 Tobasa B8
WENDERSON ARAUJO/VALOR
tes ao saneamento, o que mostra
a importância crescente do setor.
A agência também aprovou
uma reestruturação interna que
reforça a área, com uma nova Su-
perintendência de Regulação de
Saneamento Básico. Ela será co-
mandada por Cíntia Leal, servi-
dora de carreira da ANA, mas ce-
dida à equipe da Secretaria de
Desenvolvimento da Infraestru-
tura (SDI) do Ministério da Eco-
nomia durante a formulação e as
negociações do novo marco com
o Congresso, em 2019 e em 2020.
A Lei 14.026, que expandiu as
atribuições da ANA para o sanea-
mento básico, previa mais 101
vagas à agência. O pedido de pre-
enchimento dos postos, com
abertura de concurso público, foi
enviado à Economia. “A nossa ex-
pectativa é que a autorização do
ministério saia ainda neste ano,
depois das eleições”, diz a presi-
dente. Das 101 vagas, 40 devem
ser alocadas para a regulação e a
fiscalização do saneamento bási-
co. As demais devem ser usadas
na reposição de servidores que se
aposentaram ou saíram da ANA.
Para as obras do metrô, o go-
verno federal fará aporte de
R$ 2,8 bilhões e o governo de Mi-
nas vai investir R$ 400 milhões.
Sampaio afirmou que o leilão de
concessão de quase 200 quilôme-
tros da BR-381, no entroncamento
com a BR-262, em Sabará (MG), até
o entroncamento da BR-116, em
Governador Valadares (MG), deve
ser realizado até 24 de dezembro.
O projeto está no Tribunal de
Contas da União (TCU) aguardan-
do análise e aprovação pelo órgão.
O investimento estimado é de
R$ 5,5 bilhões. “O edital vai ser pu-
blicado em novembro e o leilão
ocorrerá em dezembro”, disse.
Na primeira fase de obras, será
feita a recapacitação da malha já
existente. A maior parte dos in-
vestimentos deve ser feita nos
cinco primeiros anos de contrato,
segundo o ministro. O trecho
concedido terá duas praças de pe-
dágio já a partir do ano que vem.
Transamérica B5
True Securitizadora C1
TSMC A11
Unilever B2
Uniper A2
Vale B4, C2
Vectis Gestão C6
Vert C1
Virgo C1
Vivo B2
VLI A2
Vórtx C1
WEG B2
Wells Fargo C2
White Martins B3
Wise C1
XP A12, B4
Zurich C6