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INTRODUÇÃO
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Doutor em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Agronegócios
pela UFGD/Dourados-MS. Docente dos Cursos de Graduação em Direito e de Engenharia
Ambiental e Sanitária, e do Curso de Especialização em Direitos Difusos e Coletivos da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS – Dourados/MS).
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Mestre em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos pela Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul – UEMS (2018-2020). Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela
UEMS (2016-2017). Cursou como aluno especial a disciplina Tópicos Especiais em Direitos
Humanos, Cidadania e Fronteiras I: Povos indígenas, quilombolas e tradicionais e
trabalhadores na América Latina na Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD
(2019), no Curso de Mestrado em Fronteiras e Direitos Humanos. Graduado em Direito pelo
Centro Universitário da Grande Dourados (2012). Advogado.
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Mestrando em Desenvolvimento Regional e Sistemas Produtivos pela Universidade Estadual
de Mato Grosso do Sul – UEMS. Graduado em Relações Internacionais pela Universidade
Federal da Grande Dourados (2009-2012) e, em Direito pelo Centro Universitário da Grande
Dourados (2002).
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Historiador. Graduado em História pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS
– Amambai/MS. Autor do livro: História e formação do município de Amambai. Das
memórias, imagens e documentos. São Paulo: Editora Dialética, 2022.
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JUSTIFICATIVA
ANTECEDENTES
A Praça dos Prazeres, por sua localização privilegiada para fazer frente
aos domínios hispânicos, além de impedir a ocupação pelos espanhóis, deveria
fomentar a ocupação das áreas ainda não habitadas, formando uma barreira
ao avanço espanhol (BATAIOLI, 2020).
Desde o século XVII, os rios Jejuí, Igureí e Ygatimi eram palmilhados por
paulista, em constantes choques com os espanhóis. Em 1715, fora fundada a
povoação paraguaia de Curuguaty, que passara a manter comércio com os
paulistas (BELOTTO, 1976).
Em 1748, considerando-se a dificuldade do governador do Rio de
Janeiro em administrar Goiás e Cuiabá, o rei de Portugal, D. João V,
estabeleceu os governos para aquelas capitanias; destituindo, o governo da
capitania paulista, subordinando-a à capitania do Rio de Janeiro e, no campo
militar, passando à administração de Santos (MONT SERRATH, 2015, p. 5).
José Custodio de Sá e Faria. Carta XIII. Diário e Planos do Caminho que da cidade de Assumpção do Rio
Paraguay se dirige the o passo do Rio Yguatemy, oferecidas ao Ilmo. E Exmo. S. D. Luiz Antonio de
Souza do Cons. De S. Mag. Governador & Capam. General da Capitania de São Paulo. [1754]. Fonte
BUENO, B. 2009.
Disponível em <http://dx.doi.org/10.1590/1590/S0101-47142009000200008> Acesso em 15.fev 2022
Guatemy he por donde se fes a divisão fronteira dos nossos Dominios com os
de Espanha...” (sic).5
De setembro de 1766 a janeiro de 1767 foram enviados
circulares aos Capitães-mor com vista à primeira expedição.
Exigia-se brevidade no preparo das canoas e dos mantimentos.
A arregimentação dos homens não foi fácil. Para ser o Capitão
Regente do Iguatemi foi escolhido João Martins Barros. (...)
Assim, o caráter de bandeira de exploração devia encobrir
perfeitamente a intenção de “ação militar” (BELOTTO, 1976, p.
37-38)
Nas últimas instruções a João Martins Barros, capitão-mor regente da
praça, se lhe reiterava que fundasse o Presidio, o “mais além que poder, mas
dentro dos Limites do marco dividente”, em sitio “cômodo e forte por natureza”.
(...) A expedição partiu a 28 de julho de 1767, composta de 360
homens e mais alguma gente de serviço, em 35 canoas.
Também levavam três dos curuguaitinos. Os relatos enviados
por Martins Barros dão-nos conta do que foi a jornada de 55
dias até o sitio escolhido junto ao rio Iguatemi.6
Essa expedição exigiu enormes sacrifícios e gastos, na ordem de trinta
mil cruzados, uma soma vultosa para a época, com parcos recursos da
Capitania.
O recrutamento forçado reuniu um contingente de 320 homens,
na maioria arrancados dos seus lares em Porto Feliz, Itu,
Sorocaba e Parnaíba. O capitão general ordenara ao capitão
mor regente que prendesse os pais, ou mulheres, sendo
casados, ou parentes mais chegados dos alistados, que
ficariam retidos na prisão até que a expedição tivesse chegado
à barra do Potunduba a prevenir-se de protestos e deserções.
Verdadeira atmosfera de terror se criou em São Paulo, “onde
os sacrifícios de vidas e dinheiro, para a criação e manutenção
do presidio, as violências e opressões autorizadas exercidas
pelo Capitão general e seus delegados foram inúmeras e
constituíram por mais de dez anos uma das maiores
calamidades com que o erro ou o capricho dos governos tem,
mais de uma vez, flagelado os povos (BELOTTO, 1976, p. 43).
Já, na Praça dos Prazeres, o capitão-mor João Martins Barros
escamoteando a verdade, manifestava-se que tinha a intenção de voltar atrás.
A escusa inicial era a de que, o encarregado de explorar o Ivaí, internara-se
pelo rio Iguatemi, sem saber realmente onde se encontrava; e, para
5
Oficio do Morgado de Mateus ao Conde da Cunha. São Paulo, 20 de julho de 1767. Arquivo
Histórico Ultramarino, Lisboa, “São Paulo”, doc. 2113 e “Documentos Interessantes”, v. 9, p.
4-12. In BELOTTO, 1976, p. 36.
6
As quatro primeiras cartas do Regente ao Governador acham-se em Documentos
Interessantes, v. 9. p. 20-31. In BELOTTO, 1976, p. 38.
6
subsistência de sua gente, teve que plantar roças, mas estava disposto a partir
assim que as colhesse.
No entanto, o Capitão-General ordenava-lhe que “já agora sem ordem
minha o não fala, nem saya desse sitio em que está” (sic). O que demonstra
que, o Morgado de Matheus apoiava inteiramente a atitude de seu lugar-
tenente e mostrava-se disposto a defender a posse da área; e, devia continuar
afirmando aos fronteiriços, que aquele território era português, lá
permanecendo, sem a “menor alteração ou infração que possa ofender a
imunidade da paz entre as duas Nações (...)”.7
O administrador Morphi parecia acreditar (ou fingia), pois
contava com a sua palavra de retirar-se com seus homens,
depois de colhido o milho. Assim, solicitava a D. Luís Antonio
que mandasse seu subordinado desocupar o Iguatemi. (...) O
Governador de São Paulo garantia a Morphi que João Martins
retirar-se-ia assim que obtivesse o necessário para sustentar a
sua gente. (...) Diante da notícia de que estava construindo
uma fortificação às margens do Iguatemi, Carlos Morphi
afirmava que aquela espera a produção do milho era
fingimento; sua atitude, um atentado à paz entre Espanha e
Portugal. Acusava o Capitão-General de São Paulo de ter se
introduzido clandestinamente em seus domínios para fins de
sua conhecida ambição.8
A verdade é que nada parecia ser circunstancial naquela empresa. Para
Morphi, ela fora premeditada pelo Governador de São Paulo e por Mauricio
Vilalba, o “traidor” de Curuguaty, para explorar (sic) los Disiertos de Uvay”.
Estava assim descoberto, o que as autoridades paulistas tinham procurado
escamotear. A exploração do “Ivahy”, como tal, era uma ficção. “Havia uma
Praça militar e um Povoado em embrião, se não em território espanhol, ao
menos em seu limiar”. A partir daí, cessadas as palavras, passou-se à ação.
Ainda que paulatinamente, os espanhóis foram fechando o cerco ao Iguatemi.
“Tal fato, somado às suas outras inúmeras dificuldades (que na realidade foram
as que verdadeiramente mais pesaram) acabou por determinar-lhe a queda,
em 1777” (BELOTTO, 1976, p. 41).
9
Carta do Conde Azambuja ao Morgado de Mateus. Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1768.
Documentos Interessantes, v. 14, p. 223-6. In BELOTTO, 1976, p. 39.
8
PRELUDIOS DA QUEDA
Paulo, Dom Luis Antonio de Souza [...]. 21 de abril de 1774. Arquivo Público do Estado de São
Paulo. Avisos-Carts Régias (1765-1777) – C00420, liv. 170. In MONT SERRATH, 2015, p. 10
15
Mapa do Diário de Custódio (1774). Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro. (In CINTRA,
OLIVEIRA, 2020, p. 9).
Demonstração da Praça N.S. dos Prazeres do Rio Ygatemi. Brig. José Custódio de Sá e Faria,
1775. BN Acervo Digital. Disponível em:
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart543427/cart543427.jpg> Acesso
em 15.Fev.2022
17
Demonstração do terreno inmediato à Praça N.Sra.dos Prazeres do Rio Ygatemi. José Custódio de
Sá e Faria, 1775. BN Acervo Digital. Disponível em:
<http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_cartografia/cart543426/cart543426.jpg>
Acesso em 15.fev.2022.
Demonstração do curso do Rio Ygatemy e terreno adjacente. Brig. José Custódio de Sá e Faria,
1775. BN Acervo Digital. Disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart1033417/cart1033417.jpg
Acesso em 15.fev.2022
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13
“Ordens que El-rei Nosso Senhor foi servido mandar à Capitania de S. Paulo em 22 de abril
d’este presente anno de 1774 para que o disposto n’ellas se ececute litetarmente, sem
modificação, interpretação, ou alteração que ella seja. Apud José Custodio de Sá e Faria
(1876). In BUENO, 2009, p. 128
19
14
Sá y Faria informó que aquel lugar era inhabitable, rodeado de pantanos, y con tamañas
incomodidades y mortandad para su población que era totalmente inútil para las Coronas
Portuguesa y Espanhola. Sá e Faria a Cevallos, Buenos Aires, 25/11/1777, AGI, Buenos Aires,
21
57, Doc. nº 160. RICO BODELÓN, O. (2014). “Qué fé de José Custodio?” Un ingeniero
dieciochesco en la frontera de los imperios ibero-americanos. El Futuro del Pasado, 5, pp. 331.
http://dx.doi.org/10.141516/fdp.2014.005.001.012.
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CONCLUSÕES
BIBLIOGRAFIA:
BATAIOLI, Everson da Silva. O forte de Nossa Senhora dos Prazeres do
Iguatemi: defesa e povoamento nas fronteiras da América portuguesa (1765-
1777) [recurso eletrônico], Dissertação de Mestrado em História, Universidade
Federal da Grande Dourados, 2020, p. 124.
BELOTTO, Heloisa Liberalli. O Presidio do Iguatemi: Função e Circunstancias
(1757-1777). Trabalho apresentado ao Simpósio Comemorativo da
Restauração do Rio Grande do Sul (1776-1976). Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 1976
BIANCHINI, Odaléa da Conceição Deniz. A Companhia Matte Larangeira e a
ocupação da terra do sul de Mato Grosso: (1880-1940). Campo Grande, MS:
UFMS, 2000.
CABRAL, Anne Emilie Souza de Almeida. História, memória e identidade:
Aspectos metodológicos de pesquisa. GT2 – Educação e Ciências Humanas e
Socialmente Aplicáveis. 8 Encontro de Formação de Professores e 9 Fórum
Permanente de Inovação Educacional (FOPIE), 2015, 1-10 Disponível em:
<https://eventos.set.edu.br/enfope/article/viewFile/1640/129> Acesso em 16.fev
2020.
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