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Estudo de caso – Projeto de implementação de uma nova loja para a cadeia CASA DE SONHO

Suponha que é um gestor de projeto sénior na empresa CASA DE SONHO, um fabricante de mobiliário e
utilidades para o lar, que possui igualmente uma cadeia de lojas para venda a retalho dos seus produtos.

A empresa, cuja sede é em Lisboa, detém atualmente duas fábricas – uma em Portugal e outra em Espanha
– e possui 24 lojas em cinco países da União Europeia – cinco em Portugal, 12 em Espanha, três em França,
uma no Reino Unido (Manchester) e três na Alemanha. Entre funcionários do quadro e contratados a prazo,
a companhia emprega 1.200 pessoas, 150 das quais trabalham na sede. A empresa tem um volume de
negócios anual que ronda os 200 milhões de euros e um lucro de 15 milhões.

A missão da companhia declara o seguinte: “Concebemos e produzimos mobílias de sonho para pessoas
que querem ter uma casa de sonho”. Recentemente, a Administração decidiu abrir mais uma loja, na
realidade uma “megaloja”, em Londres (Reino Unido). O administrador responsável pelo marketing da
empresa, Dr. Alberto Campos, chamou-o ao seu gabinete, no qual já se encontrava o seu diretor funcional,
e disse-lhe:

“Como já deve ter ouvudo falar, decidimos abrir uma loja de grandes dimensões, a nossa 25.ª loja. As
vendas estão em alta e ainda não tínhamos qualquer representação em Londres. Como não sei se está a
par da nossa filosofia de retalho, deixe-me despender alguns minutos do seu tempo para lhe dar uma
panorâmica da nossa estratégia. Gostamos de colocar as nossas lojas em locais que têm grande afluência. A
nossa clientela não é constituída pelas pessoas ricas, nem colocamos as nossas lojas em locais onde apenas
vão os ricos. No entanto, como a maioria dos nossos clientes possui rendimentos anuais superiores a
50.000 €, fazemos um esforço para situar as nossas lojas de retalho nos locais onde essa classe de pessoas
compra normalmente”.

“Queria que a nossa próxima loja em Londres estivesse situada nas imediações da Oxford Street. Como se
trata da nossa 25.ª loja, estamos a planear fazer uma grande festa de inauguração, com o tipo de surpresas
e atividades que se podem esperar em inaugurações deste tipo, incluindo um grande cocktail para
convidados importantes”.

“As nossas lojas ocupam geralmente um espaço entre 3.000 e 5.000 m 2 e normalmente contratamos
empresas locais para tratar da adaptação do espaço. Esta atividade dura, em média, 120 dias, desde a data
em que se escolhe a localização até à data de abertura ao público. Posso facultar-lhe o plano do projeto da
nossa última loja para que tenha uma ideia do que se trata. O seu trabalho vai ser pesquisar uma loja com
as dimensões adequadas, negociar o contrato de leasing, adquirir o mobiliário e decoração necessários,
contratar uma empresa para realizar as obras de adaptação da loja, gerir os trabalhos de montagem e
preparar a festa de abertura da 25.ª loja. O pessoal do departamento de Marketing apoiá-lo-á nesta última
parte. Tem 6 meses para concluir o projeto. Alguma questão?”.

Respira fundo e tenta organizar os pensamentos. O seu interlocutor forneceu-lhe um vasto conjunto de
informação, sem lhe dar tempo para pensar. Vêm-lhe à cabeça algumas questões, enquanto puxa do seu
bloco de notas.

Trabalha numa organização funcional com um departamento de projetos separado, que trata de projetos
desta natureza, e está na empresa há tempo suficiente para saber que o Dr. Alberto Campos tem não só o
poder, como a vontade necessária para fazer as coisas acontecerem. Por isso, ele é o candidato ideal para
sponsor do projeto. Começa a escrever no seu bloco de notas algumas das coisas que o administrador lhe
dissera e resume em alta voz o que escreveu:

 O objetivo do projeto é abrir uma nova loja em Londres, num prazo de 6 meses a partir de hoje;
 A loja deve ser localizada numa zona com grande afluência de público e venderá toda a gama de
produtos que a organização concebe e produz;
 A inauguração deverá ser um grande acontecimento, que celebre dignamente a abertura da 25.ª
loja.

Tem algumas questões a colocar. A primeira é: “Com quem mais devo falar para além de si?”.

“Temos o João Antunes, que trata das instalações e tem a seu cargo o mobiliário das lojas, as prateleiras,
monstruários, artigos para as lojas que não sejam produto para venda a retalho, etc. Ele pode também
ajudá-lo nas obras de arranjo da loja, pois supervisionou as últimas seis lojas e fez um excelente trabalho”.

“O Ricardo Santos está à frente do nosso departamento de Tecnologias de Informação (TI). Fale com ele
sobre todas as questões relacionadas com instalação de terminais de ponto de venda, cablagens, etc., bem
como sobre o software necessário para as diversas atividades a realizar na loja”.

“Pode falar também com a Mariana Silva, a diretora do departamento de Compras. Ela pode ajudá-lo no
dimensionamento do stock inicial de produtos de mobiliário e decoração para o lar, bem como nos
produtos destinados à festa de inauguração (comida e decoração). Logo que a loja estiver aberta e a
funcionar, o grupo dela toma conta das operações. Todos os diretores da região reportam a ela”.

A segunda questão que você quer saber é: “O prazo é a restrição-chave neste projeto? Existe alguma razão
especial para que a loja tenha de abrir exatamente daqui a 6 meses?”.

“Sim, queremos que a loja abra no início da primeira semana de março, pois é nesta semana que se inicia a
grande exposição Home Show, em Londres e vamos ter um show room nessa exposição. A experiência de
outras lojas diz-nos que este tipo de evento faz aumentar imenso as nossas vendas durante o mês em que
se realiza. É uma excelente maneira de publicitar a nossa loja e atrair mais clientes, logo na abertura”.

Tem mais uma questão: “Existe algum orçamento estabelecido para este projeto?”.

“Não fixámos um valor”, responde o seu interlocutor. “No entanto, da nossa experiência passada, sabemos
que a abertura de um armazém custa entre 2,5 e 3 milhões de euros. E não queremos esquecer a grande
festa de inauguração que queremos fazer desta vez. De qualquer modo, sinta-se à vontade para me colocar
quaisquer questões ou problemas, em qualquer altura”.

Documenta aquilo que lhe foi dito na reunião no documento de Descrição Preliminar do Projeto e decide
enviar um e-mail com o resumo das suas notas para João, Ricardo e Mariana, para que eles as revejam
antes de se encontrar pessoalmente com eles.

Miguel (2013)

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