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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

Fazenda e Trabalho na Amazônia,


Mão de Obra nas Guianas:
O Caso de Berbice (1726-1736)

Lodewijk A.H.C. Hulsman


Maria Odileiz Sousa Cruz
Organizadores

EDUFRR
Boa Vista - RR
2016
UMA SOCIEDADE COLONIAL EM EXPANSÃO�
O MARANHÃO E O GRÃO-PARÁ DE
MEADOS DO SÉCULO XVII A MEADOS
DO SÉCULO XVIII*
Rafael Chambouleyron
Universidade Federal do Pará

O principal objetivo deste texto é chamar a atenção


para a singularidade do território português denominado
Estado do Maranhão ao longo dos séculos XVII e XVIII. Sin-
gularidade que, a meu ver, decorre em grande medida das
especificidades da sua complexa territorialidade, que quero
discutir aqui. De fato, desde a década de 1620, o chamado
Estado do Maranhão foi criado como uma unidade admi-
nistrativa separada e distinta do Estado do Brasil. Pouco
depois da Restauração da coroa portuguesa de 1640, o Con-
selho da Fazenda, por exemplo, reafirmava perante a Coroa
que “o dito Estado do Maranhão o é hoje, de por si, sem
dependência alguma do Estado do Brasil”.1 Escritos pelo
governador Bernardo Pereira de Berredo provavelmente
nos anos 1730, os Anais Históricos do Maranhão também des-
tacavam como as “conquistas do Maranhão e Grão-Pará”
tinham se separado do governo-geral do Brasil “com título
de Estado”(BERREDO, 1749, p. 221§ 515).

*
Esta pesquisa conta com o apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
1
Consulta do Conselho da Fazenda ao rei D. João IV. 25 de setembro
de 1641. Arquivo Histórico Ultramarino [AHU], Maranhão (Avulsos),
caixa 2, doc. 130.

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Do ponto de vista territorial, o Estado do Maranhão
sofre inúmeras transformações ao longo do período colo-
nial (STUDART, 1955). Da sua fundação até meados do
século XVII, incorporava as capitanias reais do Maranhão,
Pará, Gurupá e Ceará, além de capitanias privadas. Em
1656, dele se desvinculou a capitania do Ceará. Até me-
ados do século XVIII, o Estado do Maranhão foi forma-do
por diversas capitanias. Eram capitanias reais o Pará,
Maranhão, Gurupá (na verdade, a fortaleza do Gurupá),
Piauí (a partir de inícios do século XVIII) e São José do Rio
Negro (meados do século XVIII).
As capitanias privadas, que retornaram à Coroa a
partir de meados da década de 1750, eram Cabo do Norte,
Cametá, Caeté e Cumã ou Tapuitapera, todas criadas na
década de 1630.2 Em 1665, foi criada a capitania da Ilha
Grande de Joanes (ilha do Marajó). Houve tam-bém a
tentativa frustrada de efetivação de uma capitania no rio
Xingu, em meados da década de 1680. A capital do Estado
era São Luís, mas em meados do século XVIII, ela se
muda oficialmente para Belém e o território passa a se
chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão. Na década
de 1770, desmembrou-se em Estado do Grão-Pará e Rio
Negro e Estado do Maranhão e Piauí.
Boa parte da historiografia brasileira, ainda hoje ex-
cessivamente centrada nos quadros do Estado nacional
não consegue construir um lugar explicativo para o Estado
do Maranhão, inserindo-o, ao invés, em modelos
explicativos construídos a partir do que se considera como
2
Para além do clássico de António Saldanha de Vasconcelos, sobre
capitanias nas conquistas de Portugal, ver, para a Amazônia:
MIRANDA, 2006; CHAMBOULEYRON, 2010, pp. 82-101; PELEGRIN,
2015, pp. 22-59.

14
as áreas dinâmicas da América portuguesa. Nesse sentido,
cristalizou-se na historiografia brasileira e brasilianista a
noção de uma condição periférica do Estado do Maranhão.
Termos como isolamento ou atraso são frequentemente
empregados para definir o desenvolvimento da economia
e sociedade do Estado do Maranhão.
O que quero chamar a atenção aqui é que temos que
apostar em outras matrizes explicativas e superar as fron-
teiras nacionais para entender a complexidade da expe-
riência histórica dessa província setentrional da América
portuguesa. Vou me concentrar aqui no período que vai
de meados do século XVII a meados do século XVIII.

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Nesse período, o Estado do Maranhão sofre o que
poderíamos denominar de processo de expansão de suas
fronteiras. Esse processo se verifica a oriente e a ocidente
do Estado. Vejamos rapidamente os contextos nos quais se
enquadra o início deste processo
Em primeiro lugar, um quadro mais geral, marcado
pelo declínio do domínio sobre a Índia e pelo deslocamento
do eixo central do império para o Atlântico. Em segundo
lugar, a consolidação da dinastia bragantina, notadamente
durante a regência e o reinado de Dom Pedro II. Esse pro-
cesso está marcado por uma relativa estabilidade política,
e também, como indica Nuno Gonçalo Monteiro, pelo “re-
torno a um modelo bem definido de tomada das decisões
políticas” (MONTEIRO, 2000, p. 130). Em terceiro lugar,
como aponta Vitorino Magalhães Godinho, um considerá-
vel recuo da economia portuguesa do final da década de
1660 até 1693, “prolongada depressão dominada pela crise
do açúcar, tabaco, prata e tráfico de escravos” (GODINHO,
1970, p. 511). Essa crise não significou a retração da ação da
Coroa. O próprio Godinho já chamava a atenção para o fato
de que os portugueses tiveram consciência da crise e da ne-
cessidade de enfrentá-la (GODINHO, 1950, p. 186).
Parte dessas ações voltou-se para as conquistas, caso
do Estado do Maranhão e Pará. Karl Heinz Arenz e Frede-
rik Matos chamam a atenção para a importância de uma
série de medidas tomadas pela Coroa, nesse período, que
denominaram de “pacote socioeconômico”, que certa-
mente criará condições para um movimento de expansão
já na primeira metade do século XVIII (ARENZ & MA-
TOS, 2014, pp. 352-354).

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Esse novo quadro de finais do século XVII tem uma
série de implicações territoriais.
Por um lado, o que poderíamos identificar com uma
expansão em direção das fronteiras.
Em primeiro lugar, no caso dos vastos sertões
da capitania do Pará, uma economia voltada para
a extração de produtos florestais. Desde o início da
conquista,principalmente no Pará, há um interesse evi-
dente pelos produtos da região, as chamadas “drogas do
sertão”, profundamente marcado pela experiência oriental
de Portugal (CHAMBOULEYRON, 2007, pp. 70-74; CAR-
DOSO, 2010, pp. 9-26). De fato, em diversos momentos ao
longo da segunda metade do século XVII se acreditou que
o Estado do Maranhão pudesse ser uma “nova Índia”, o
que se verificou principalmente com a descoberta do cha-
mado cravo de casca cujo cheiro era semelhante ao do
cravo da Índia (CHAMBOULEYRON, 2014a; CARDOSO,
2015). Por outro lado, a “descoberta” de cacau nas terras
do Pará, pelos portugueses, também a partir de meados do
século XVII, ensejou uma tentativa de reproduzir em ter-
ras paraenses a exitosa experiência castelhana de cultivo e
exploração de cacau, principalmente aquela desenvolvida
na Venezuela (CHAMBOULEYRON, 2014b). Como pode
se ver, a exploração das drogas como o cravo e o cacau,
que se tornaram os principais produtos exportados da re-
gião, estava inspirada não na experiência “brasileira”, mas
sim na experiência oriental (em crise) e na experiência das
Índias de Castela. Ora, a exploração do cacau e do cravo
consolidou um tipo de exploração econômica que signifi-
cou o espraiamento pelos rios e sertões da Amazônia.
Em segundo lugar, a organização de uma lógica de
obtenção de trabalho indígena que pressupunha a expan-
são territorial, por meio de descimentos de índios livres
(para as aldeias missionárias, ou para particulares), das

17
guerras e das expedições de resgates de índios escravos,
formas que se conectavam à exploração das drogas do ser-
tão.3 O grande “celeiro” de mão de obra na região era o
sertão amazônico (inclusive para São Luís e boa parte da
capitania do Maranhão). Cada vez mais, as drogas e os ín-
dios buscavam-se mais longe. As expedições em busca de
trabalhadores indígenas, tal qual as de busca das drogas do
sertão, com as quais se confundiam, aliás, tiveram, portan-
to, uma dimensão territorial fundamental na consolidação
do domínio português, ainda que frágil, sobre a região.
Em terceiro lugar, a condição de fronteira da capitania
do Pará se tornou um problema cada vez mais presente para
a Coroa, e principalmente, autoridades, mas também mora-
dores e missionários. De um lado, a ameaça que se fazia
cada vez mais clara na fronteira noroeste, com a consolida-
ção da presença francesa em Caiena, desde finais do século
XVII. As respostas a essa ameaça serão várias: o acirramen-
to dos conflitos contra alguns grupos indígenas, conside-
rados aliados dos franceses; a tentativa de aliciá-los para o
lado português; a construção de fortalezas; as negociações
diplomáticas que culminarão com a assinatura do Tratado
de Utrecht na década de 1710.4 Mais a oeste, em direção do
3
Ver, por exemplo: SOMMER, 2005; GUZMÁN, 2008; SILVA E
MELLO, 2009a; SILVA E MELLO, 2009b; DIAS, 2009; ARENZ, 2010;
NEVES, 2011; COELHO, 2012; NEVES, 2012; ROCHA, 2013, pp. 187-
240; DIAS., 2014; BOMBARDI, 2014; PELEGRINO, 2015, pp. 60-161;
CHAMBOULEYRON, 2015, pp. 54-71.
4
Para além do primeiro volume do clássico de Arthur Cezar Ferreira
Reis, sobre a fronteira (Reis, Limites e demarcações na Amazônia
brasileira…), a bibliografia é considerável. A pesquisa histórica se
beneficiou da vasta compilação de documentação decorrente das
arbitragens entre o Brasil e a França para definição das fronteiras.
Ver: GOMES, QUEIROZ & COELHO, 1999. Ver, também: CASTRO,
1999; MARIN & GOMES, 2003; REZENDE, 2006; PATELLO, 2010;
BARARUA & CHAMBOULEYRON, 2014.

18
Rio Negro, as missões jesuíticas castelhanas de Maynas se
revelaram um problema (embora àquela altura não tão gra-
ve quanto o do Cabo do Norte), com o aparecimento, em
1689, do religioso jesuíta boêmio a serviço de Castela, padre
Samuel Fritz nas terras que os portugueses consideravam
suas (ALMEIDA, 2003, pp. 113-119; TORRES-LONDOÑO,
2006, pp. 15-43; SILVA, 2007; CAMILO, 2008, pp. 108-113;
MARTINS, 2009; TORRES-LONDOÑO, 2012; DIAS, 2012;
GONZÁLEZ, 2013; DIAS, 2014, pp. 213-219).
Em quarto lugar, em finais do século XVII, a Coroa
determina a divisão do território do Pará em distritos mis-
sionários, repartidos entre as diversas ordens religiosas.
Em termos gerais, os carmelitas ficavam com as aldeias
do Rio Negro; os franciscanos da província da Piedade,
os rios Xingu, Trombetas e Gurebi; aos mercedários, o rio
Urubu; aos franciscanos de Santo Antônio, as terras ao
norte do Amazonas até o Cabo do Norte; coube aos jesuí-
tas os rios que desaguavam na fronteira sul do Amazonas,
o rio Tocantins, Xingu, Tapajós e Madeira.5
Em quinto lugar, o que chamarei de fronteira orien-
tal do Estado do Maranhão. O sul e leste da capitania do
Maranhão e a capitania do Piauí representam igualmente
uma fronteira. Fronteira entre o Estado do Brasil e o Es-
tado do Maranhão, pois o Piauí se incorpora à jurisdição
deste nas primeiras décadas do século XVIII. Mas também
uma fronteira, pois os vastos sertões das duas capitanias
passam a ser ocupados a partir de dois vetores fundamen-
tais: por um lado, uma ocupação mais antiga, da segun-
5
“Para Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Sobre mandar
separar distritos e encarregar aos padres de Santo Antonio as missões
do Cabo do Norte”. 19 de março de 1693. Anais da Biblioteca Nacional,
vol. 67 (1948), pp. 142-144; DIAS, 2014, pp. 149-150.

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da metade do século XVII, vinda principalmente da Bahia
(CABRAL, 1992)6; de outro, uma ocupação comandada de
São Luís pelos governadores do Estado do Maranhão as-
sentada no binômio guerras e sesmarias, que começa a se
configurar já em princípios do século XVIII.
Este vetor decorre da expansão em direção ao les-
te, iniciada a partir da “limpeza” dos sertões da capitania
do Maranhão, principalmente do rio Itapecuru, iniciada já
nos anos 1690. Somente durante o reinado de Dom João V,
os governadores do Estado do Maranhão concederam em
torno de 880 sesmarias nos sertões orientais do Maranhão
e no Piauí, todas elas dedicadas à criação de gado vacum e
cavalar.7 Mais do que isso, distribuíram inúmeras patentes
aos moradores desses sertões legitimando a ocupação já
existente ou a nova ocupação que buscavam garantir.
Assim, além de patentes de postos e ofícios, há vá-
rios postos de ordenanças, que indicam uma fronteira
militar conquistada aos índios; caso de vários moradores
providos em 1727, por João da Maia da Gama: Marçal Cor-
reia Maciel, sargento-mor dos moradores do Itapecuru;
Manuel Gonçalves de Carvalho, sargento-mor da fregue-
sia de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Piracuruca;
Antônio Gonçalves George, sargento-mor dos moradores
da freguesia de Santo Antônio de Gurguéia; Antônio Fer-
6
Para uma bibliografia mais recente, que dá conta da expansão do
gado a partir da Bahia, ver: ARRAES, 2012, pp. 99-160. Para uma
perspectiva mais geral, ver: SANTOS 2010.
7
Os fundos que detêm essas cartas são os “Livros de Sesmarias” do
Arquivo Público do Estado do Pará; os Avulsos (do Pará, do Maranhão e
do Piauí), do Arquivo Histórico Ultramarino; e as Chancelarias Régias
(Dom João V) e o Registro Geral de Mercês (Dom João V), do Arquivo
Nacional da Torre do Tombo.

20
nandes de Araújo, capitão dos moradores da freguesia de
Santo Antônio dos Longás.8
O Estado do Maranhão de finais do século XVII e pri-
meira metade do século XVIII é assim, uma sociedade em
plena expansão, processo marcado pela guerra contra os
índios, mas igualmente pelo que poderíamos chamar de
aceleração do assentamento.
Aqui temos duas dinâmicas distintas a leste e a oeste.
A leste parece se constituir uma dinâmica centrada
no binômio guerras e terras. De fato, desde finais do sé-
culo XVII, as autoridades do Estado do Maranhão iniciam
um processo de conquista dos sertões inicialmente do Ma-
ranhão e depois do Piauí. É a partir dos anos 1670 que
a Coroa começa a se mobilizar para tomar o controle da
fronteira oriental do Estado do Maranhão. É a partir desse
período que se sucedem diversos conflitos com os grupos
indígenas que habitavam ou percorriam esses vastos ser-
tões e que, segundo a perspectiva dos portugueses, é cla-
ro, impediam o avanço da lavoura e do gado.
Mas é principalmente na década de 1690, estenden-
do-se até meados do século XVIII que tem lugar uma sé-
rie de conflitos, organizados a partir de São Luís, ou pelos
próprios moradores que haviam se instalado na região,
principalmente no caso do Piauí. Em 1691, combate-se os
índios Caicai e Guarati, guerra reconhecida como justa
pela própria Coroa.Em 1695, nova guerra foi travada no
Mearim e Itapecuru. Entretanto, os ataques do “gentio do
corso” não cessavam e nova incursão foi feita entre 1700 e
1702 (CHAMBOULEYRON & MELO, 2013b).
8
Arquivo Público do Estado do Pará, Sesmarias, Livro 3, ff. 96-96v, 103v-
104, 131-131v

21
Entrado o século XVIII, os ataques se intensificam, no
governo de Dom Manuel Rolim de Moura, mas principal-
mente nos de Cristóvão da Costa Freire e Bernardo Perei-
ra de Berredo. No trabalho de Vanice Siqueira de Melo há
uma sistematização dos vários conflitos contra os índios
empreendido por esses governadores. Não vou entrar em
detalhes sobre essas guerras, que a historiografia clássica,
principalmente do Piauí, já estudou (MELO, 2011).
Vale a pena indicar que a grande maioria dos conflitos
se concentra nas primeiras décadas do século XVIII, coin-
cidindo com o processo de expansão a leste empreendido
pela Coroa e pelos governadores a partir de finais do século
XVII. Por outro lado, é fundamental destacar a perspectiva
apontada por Vanice Siqueira de Melo sobre a complexida-
de desses conflitos. De fato, tratava-se mais do que guer-
ras de extermínio e mera “limpeza” dossertões, já que ha-
via diversos interesses envolvidos nelas: aescravização dos
indígenas num território em que o trabalho dos índios era
fundamental; os interesses dos próprios governadores do
Estado do Maranhão que promoviam ou legitimavam as
guerras como forma de obtenção de índios e de poder polí-
tico. Assim, as guerras serviam também como mecanismos
múltiplos (CHAMBOULEYRON & MELO, 2013a).
A distribuição de sesmarias por parte dos governa-
dores do Estado do Maranhão se multiplicou após os anos
1730, quando os conflitos começam a se tornar mais espar-
sos. Quase 70% das sesmarias concedidas na fronteira orien-
tal do Estado do Maranhão, o foram a partir de 1730. Dessas,
também quase 70% (410 terras) foram concedidas durante o

22
governo de João de Abreu de Castelo Branco, fenômeno que
ainda aguarda sua explicação e seu historiador.9
Fundamental lembrar que, diferentemente do que
ocorria no Estado do Brasil, no Estado do Maranhão, pelo
menos até meados do século XVIII, somente os governado-
res concederam terras ao longo do período colonial. Não há
registro de terras concedidas por capitães-mores, a exemplo
das capitanias do Brasil (excetuando-se alguns casos nas ca-
pitanias de donatários, o que fazia parte das prerrogativas
do senhorio). Assim, podemos falar num processo conside-
ravelmente centralizado nas mãos das autoridades régias,
que comandavam guerras e distribuição de terras, que, é
claro, negociavam seu poder com os grupos locais.
A oeste, uma dinâmica mais complexa se consolida.
A relação entre guerra e assentamento existe, porém não é
direta. Isto porque no Pará se constitui uma outra fronteira
interna, localizada nos diversos rios que deságuam na baía
do Guajará, próximo a Belém, cuja existência começa a se
configurar em finais do século XVII, por meio da posse.
Retomando a ideia de Robert Bartlett para entender
o desenvolvimento da Europa a partir de meados do sé-
culo X, poderíamos falar, com relação às terras mais pró-
ximas à cidade de Belém, numa “expansão interna”, da
qual deriva a consolidação do assentamento europeu nes-
sa região em particular, relacionado, principalmente, com
o desenvolvimento da agricultura.10
Essa ocupação, que se legitima inicialmente com a con-
cessão de umas 100 sesmarias para moradores que já ocupa-
9
Ver nota 7.
10
A “ ‘expansão interna’ – intensificação do assentamento [settlement]
e a reorganização da sociedade na Europa ocidental e central – foi tão
importante quanto a expansão externa” (BARTLETT, 1994, p. 2).

23
vam as terras no final do século XVII, boa parte deles plan-
tadores de cacau e também de cana de açúcar, não decorre
do conflito com os índios (CHAMBOULEYRON, 2010, pp.
101-114). Ao contrário da fronteira leste, a região dos rios
próximos a Belém já se encontrava “pacificada” havia muito
tempo, já que os portugueses haviam ocupado esse espaço
desde meados da segunda década do século XVII.
Por outro lado, em sua imensa maioria, diferentemen-
te dos sertões do Maranhão e do Piauí, ocupavam original-
mente boa parte dessas terras grupos Tupi, com os quais,
dada a sua larga experiência na costa do Brasil, ao longo do
século XVI, os portugueses conseguiam lidar por meios que
não fossem somente o conflito (BONILLO, 2015).
Assim, a fronteira da ocupação do Pará, por meio da
agricultura, a partir das décadas finais do século XVII, não
se configura necessariamente por meio do conflito armado
contra dos grupos indígenas, como ocorre com a ocupa-
ção dos sertões do Itapecuru, do Mearim, do Munim e,
depois do Iguará, Parnaíba e rios do Piauí.Essa fronteira
interna paraense, relativamente próxima a Belém – outra
diferença significativa com a fronteira oriental – também
se expande a partir de inícios do século XVIII. Ao longo do
reinado de Dom João V, pouco mais de 800 sesmarias são
distribuídas a moradores, que, em sua grande maioria se
diziam residentes em Belém.11Do mesmo modo que para
a fronteira leste, o número de concessões é provavelmente
maior, já que de 1707 até a década de 1720, só temos os re-
gistros de confirmação, guardados nos fundos da Chance-
laria Régia e do Registro Geral de Mercês, do Arquivo Na-
cional da Torre do Tombo, em Lisboa. Além disso, a primeira
metade do século XVIII assiste ao início de uma tentativa
11
Ver nota 7.

24
mais sistemática de exploração de recursos florestais como
a madeira (BATISTA, 2008; BATISTA, 2013).
Ora, o desenvolvimento de uma ocupação de base
agrícola está intimamente conectado ao processo de expan-
são em direção à fronteira oeste do Estado do Maranhão.
Em razão do despovoamento causado por epidemias e in-
tensa exploração da mão de obra indígena, nas regiões mais
próximas a Belém,os sertões do Rio Negro, que lindavam
com as missões castelhanas jesuíticas, se tornarão o prin-
cipal alvo das jornadas portuguesas de devassamento do
sertão em busca de drogas e de índios (GONZÁLEZ, 2012).
A eliminação da barreira estabelecida pelos índios Manao
no Rio Negro, na segunda metade da década de 1720, pos-
sibilitará uma significativa expansão, pelos rios da região,
das tropas de resgate e de guerra e das canoas que busca-
vam as drogas do sertão (atividades que muitas vezes se
confundiam), que recentemente André dos Santos Pompeu
denominou de “monções amazônicas” (POMPEU, 2015).
Significativamente, mais de dois terços das ses-
marias distribuídas pelos governadores se concentram
no período posterior à “abertura” do Rio Negro.12 Isso
porque, do ponto de vista de uma dinâmica econômica
mais ampla, esse movimento centrífugo não se explica
senão também em função da constituição de uma base
agrícola, por duas razões fundamentais.
De um lado, é o cultivo da mandioca e da cana de
açúcar (que se acelera em finais do século XVII) que forne-
cerá dois elementos indispensáveis em qualquer jornada
ao sertão: farinha e aguardente. De outro lado, as jornadas
12
Ver nota 7.

25
permitem o descimento de índios livres que comporão a
população das aldeias missionárias e de escravos e tam-
bém índios livres que trabalharão nas terras dos brancos,
fruto da expansão de finais do século XVII.
Assim, extrativismo e lavoura se complementam no
mundo amazônico, pois a expansão pelos sertões em bus-
ca de drogas e índios só é possível em razão da agricultu-
ra, que por sua vez só é possível graças ao tráfico indígena
que sustenta a atividade agrícola. Em texto recente, Nírvia
Ravena e Rosa Acevedo Marin defendem uma comple-
mentaridade entre abastecimento e extrativismo, constru-
ída principalmente a partir das aldeias missionárias (RA-
VENA & MARIN, 2013). Também Camila Loureiro Dias
refere-se a um “circuito fechado” que conecta a zona agrí-
cola à região de coleta das drogas do sertão e de obtenção
de trabalhadores (DIAS, 2014, p. 292).
Não se trata, entretanto, de um circuito fechado.
Justamente o período de expansão agrícola é também um
período de expansão da lavoura do cacau e também do
café, produtos que tinham como principal mercado a Eu-
ropa. Por outro lado, temos que lembrar que muitos dos
produtos cultivados e coletados, como o açúcar, o cacau,
o cravo e o algodão (no Maranhão), serviram de moeda
corrente até meados do século XVIII, quando foram intro-
duzidas as primeiras levas de moeda metálica na região
(LIMA, 2006). Os produtos coletados nos sertões (cravo,
salsaparrilha, cacau, copaíba) e também cultivados (ca-
cau e café) serão exportados para a Lisboa13 e, também,
13
Em 1749, por exemplo, o cacau representou pouco mais de 22% das
receitas de entrada dessa alfândega. Já outros produtos amazônicos,
como salsa, copaíba e cravo representaram pouco mais de 4%. Arquivo
Nacional da Torre do Tombo. Alfândega de Lisboa – Casa da Índia,
Cobrança de Direitos, Receita por entrada, livro 143.

26
reexportados para portos como Baiona, Livorno, Londres
e Hamburgo.14Configurou-se, portanto, uma complexa
dinâmica econômica em que se entrelaçavam a fronteira
agrícola e a fronteira da expansão oeste. O que implicava
uma sociedade e economia em que se conectavam, portan-
to, o sertão, a roça e o ultramar.
Podemos afirmar que o Estado do Maranhão estava
na encruzilhada das Américasem razão das implicações
territoriais que essa expansão ensejou.
De um lado, a expansão oriental, conectou de maneira
mais eficaz o Estado do Maranhão e seus centros de poder,
notadamente São Luís, ao Estado do Brasil. Por mais que a
historiografia insista, com razão, na existência de “dois Ma-
ranhões” desconectados, um ao sudeste, do gado, e outro
no litoral, a ofensiva por meio das guerras empreendidas a
partir de São Luís, seguidas da distribuição de terras e de pa-
tentes e cargos, permitiu conectar a capital do Estado do Ma-
ranhão (São Luís) aos vastos sertões orientais do Maranhão e
Piauí. Ora, a capitania do Piauí tinha um papel fundamental
de conexão histórica com a Bahia e também com as Minas
Gerais, principalmente por meio do gado
Em seu pedido de sesmaria, no rio Gurguéia, repro-
duzido na concessão da terra dada em 1727 Antônio Pi-
nheiro de Carvalho pedia um sítio “para nele fazer as suas
boiadas que deita todos os anos para as Minas Gerais”.15
Já o provedor do Piauí, Manuel Pinheiro de Carvalho, em
1704, informava que os moradores do Piauí “mandam os
14
Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Alfândega de Lisboa – Casa da
Índia, Cobrança de Direitos, Receita por saída, livro 4.
15
Arquivo Público do Estado do Pará, Sesmarias, Livro 3, ff. 99-100v.

27
seus efeitos” para a Bahia, sendo menos perigoso remeter o
rendimento dos dízimos da capitania do Piauí, de Salvador
para a Bahia, do que enviá-los a São Luís e de lá a Belém.16
O Piauí era também passagem do chamado “ca-
minho do Brasil”, cujo descobrimento é insistentemente
buscado pelas autoridades e moradores a partir de finais
do século XVII, e constitui uma outra faceta do processo
de expansão da sociedade do Estado do Maranhão. Não
sem razão, um antigo governador do Estado do Mara-
nhão, muito influente nas políticas da Coroa com rela-
ção a esse território, opinava, em 1700, que a distribuição
de terra entre moradores da Bahia era o melhor meio de
“apartar os tapuias daquelas terras”.17
Assim, apesar das diferenças que cada vez mais mar-
cavam os sertões do gado em relação ao que a historiografia
denominou de ocupação litorânea, o espraiamento dos cur-
rais pelos sertões do Maranhão e do Piauí, movimento ao
mesmo tempo oriundo do Maranhão e da Bahia, permitiu a
conexão entre os dois Estados ao longo da primeira metade
do século XVIII. Permitiu, do mesmo modo, uma relação
entre litoral (São Luís) e sertão que a historiografia tende
sempre a separar, em razão de ter incorporado como consti-
tuidor da “brasilidade” um modelo explicativo construído
no início da República (CHAMBOULEYRON, 2013).
A oeste, a expansão da sociedade colonial, por meio
das fortalezas, das tropas de resgate, de guerra, dos des-
cimentos de índios, das canoas em busca de drogas, dos
16
A carta de Manuel Pinheiro de Carvalho, datada de 4 de setembro de
1704 está em: “Consulta do Conselho Ultramarino a Dom Pedro II”. 3
de outubro de 1705. AHU,Maranhão (Avulsos), caixa 10, doc. 1079.
17
O parecer de Gomes Freire de Andrade encontra-se anexo a: “Ofício
de Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho”. São Luís, 4 de
setembro de 1700. AHU, Maranhão (Avulsos), caixa 10, doc. 1006.

28
sertanejos (como se dizia à época), como vimos, permitiu
o espraiamento pelos sertões e rios da Amazônia.
A experiência castelhana do cacau ensejou a intensa
exploração do cacau, cultivado e colhido nos sertões, a
ponto de ele ter se tornado o principal produto da eco-
nomia paraense até meados do século XIX. A expansão
pelos sertões e rios da Amazônia em busca de drogas e
de índios colocou os portugueses em contato com diver-
sas fronteiras e diversos povos, tanto indígenas como
europeus (holandeses no Rio Branco; espanhóis no Rio
Negro; franceses no Cabo do Norte).
Trabalhos recentes têm apostado, justamente, na com-
preensão desses espaços de conexão e circulação que se tor-
naram os territórios da fronteira amazônica, abandonando
um relato da historiografia clássica centrado excessivamente
na construção de uma soberania luso-brasileira.18 A histo-
riografia sobre a Amazônia deixa de lado, assim, um relato
quase que de inevitável de integração ao mundo brasileiro e
passa a explorar o significado das conexões e das circulações
da fronteira. Inclusive, inserindo nesse relato um lugar para
os grupos indígenas que também se relacionavam com euro-
peus de diversas nações de acordo com seus interesses
No Estado do Maranhão de meados do século
XVIII se cruzavam, portanto, a América portuguesa ao
leste e ao sudeste, e as Américas francesa, holandesa e
castelhana, ao longo de toda a fronteira noroeste e oes-
18
Ver, por exemplo: GUZMÁN, 2006; HULSMAN, 2011; GOMES, 2011;
COLLOMB & BEL, 2014. Há um interessante e recente dossiê publicado
em Procesos. Revista Ecuatoriana de Historia, dedicado exclusivamente
à “Amazonía transfronteriza”. Ver: http://revistaprocesos.ec/ojs/
index.php/ojs

29
te; perpassando todas elas estavam as múltiplas e com-
plexas “Américas indígenas”. É também a partir dessas
diversas fronteiras e experiências que devemos compre-
ender as vicissitudes do Estado do Maranhão.
A importância do cacau e a forma como ele se de-
senvolveu na Amazônia portuguesa revela o papel de-
sempenhado por outras experiências coloniais, como a
castelhana, para a compreensão dos caminhos trilhados
no Estado do Maranhão. Ora a lógica de produção agrí-
cola do Maranhão e do Pará foi compreendida por muito
tempo a partir da experiência do açúcar do Estado do
Brasil. Certamente, a experiência das fazendas das co-
lônias holandesas, como as de Berbice, nas quais houve
uma significativa presença de escravos indígenas, é de
fundamental importância para compreender os cami-
nhos da organização do mundo rural e do trabalho com-
pulsório de índios e africanos nas fazendas amazônicas.
Não há como isolar as fazendas do Pará das fazen-
das das Guianas, por exemplo, em grande medida porque
elas compartilhavam dos mesmos trabalhadores, de ter-
ritórios com características próximas, e se beneficiavam,
inclusive, dos mesmos circuitos de comércio do interior
da Amazônia. A história do Brasil, definitivamente, deve
incorporar um relato territorial menos teleológico, pro-
curando compreender que implicações essas múltiplas
conexões tiveram para entender a própria diversidade e
heterogeneidade do Brasil de hoje.

30
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