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Parte 1 - O MARANHÃO COLONIAL

O Estado do Maranhão, como de resto todo o Brasil, nasce como resultado da expansão da colonização
tradicional europeia. É fruto da expansão das políticas mercantilistas francesa e portuguesa iniciada no séc. XV.

Na condição de colônia tradicional, o Maranhão surge como espaço de conquista de uma aliança sócio-
econômica e política efetuada entre a classe mercantil e o Estado absolutista, que imperavam na Europa após a
constituição dos Estados-Nação no decorrer da Idade Média. Originando-se portanto a partir da formação do “Estado
Moderno, Centralizado e Absoluto” que, sem recursos suficientes para a realização dos grandes “empreendimentos
marítimos e colonizadores”, alia-se à poderosa e emergente “classe de mercadores e armadores” em franco processo
de desenvolvimento na Europa.

A ocupação e o povoamento(mas não a colonização) iniciam-se em 1612 com a “invasão” francesa da Grande Ilha
do Maranhão ou Upaon-Açu na linguagem indígena. A ocupação, o povoamento e a colonização portuguesa iniciam-se
em 1615. Para isso os portugueses tiveram que travar guerra com os franceses que aqui se instalaram, vencendo-os e
expulsando-os na batalha de Guaxenduba. Dessa forma assegura-se aos portugueses a posse e a propriedade da terra
conquistada, conforme estabelecia o tratado de Tordesilhas que vinha sendo questionado diplomaticamente e negado
na prática pelos reis da França, desde Frederico I, em 1494, por ocasião da assinatura desse tratado entre Portugal e
Espanha.

Trata-se de um processo de ocupação e povoamento tardio, se comparado à colonização do resto do Brasil que,
concretamente iniciara-se a partir de 1532 com a instalação dos governos gerais. (Moacir Feitosa: Tendências da
Economia Mundial e Ajustes Nacionais e Regionais.)

OBS: O Maranhão correspondia a todo o norte do atual Brasil, observando-se os limites do tratado de Tordesilhas. As
regiões que correspondiam ao Maranhão eram: Pará, Maranhão, Ceará, Tocantins, parte do Amazonas e norte do Rio
Grande do Norte.

I- A Invasão Francesa no Maranhão (1612-1615)

O empreendimento francês no Maranhão constituiu-se, na realidade, em uma tentativa de colonização, na qual


estavam inseridos vários fatores, todos referentes à necessidade francesa de montar a sua retaguarda colonial. O norte
das possessões portuguesas desempenharia, assim, o papel de um “Eldorado”, capaz de suprir as deficiências de uma
economia que tentava se afirmar na Europa Ocidental e fazer frente ao poderio espanhol, principal potência européia
do séc. XVI e início do XVII.

São fatores do empreendimento francês no Maranhão:


 A crise geral da França ocasionada pela perda de espaço na Europa Ocidental e pela decadência da rota tradicional
que tinha como ponto final a região de Flandres.
 As disputas decorrentes da formação do Estado Nacional francês e a crise social francesa ocasionada pela difusão
da reforma protestante no país.
 A união Ibérica e seus reflexos sobre o tratado de Tordesilhas, aliada ao conhecimento prévio do litoral pelos
franceses, que desde o século XVI comercializavam o pau brasil.
 O despovoamento da região e a existência da foz do rio Amazonas tornando a região um ponto estratégico para as
potências estrangeiras que queriam se estabelecer na América.
A França Equinocial possui várias características dentre as quais destacam-se: a formação de um núcleo de
colonização efetiva, a ocupação de um ponto estratégico militar e a tentativa de montagem de uma colônia de
exploração nos moldes do restante do continente americano.
Apesar de desfrutarem de uma íntima relação com os indígenas e de conhecerem detalhadamente o litoral
brasileiro, os franceses não resistiram aos portugueses e acabaram por retirar-se do Maranhão, deixando para traz
uma pequena vila e um forte, únicos monumentos que ligavam a cidade de São Luís aos franceses.

II- A Colonização Portuguesa: A “Pobreza Econômica” (1615-1755)

Com a expulsão dos franceses iniciou-se a colonização do Maranhão pelos portugueses. O período colonial
maranhense pode ser dividido nas seguintes fases: de 1615 a 1755, conhecida como a fase de “Pobreza Econômica”
onde se dá a formação ou gênese da sócio-economia local, cuja ocupação se processa, excetuando-se a vertente dos
criadores de gado bovino dos Pastos Bons com fins militares e políticos; e de 1755 a 1823, conhecida como a fase de
montagem do sistema agro-exportador local, sustentado pela exportação do algodão e do arroz, esta fase constitui-se
no período de “Euforia” vivido pela sociedade local.

I- A Capitania do Maranhão
A primeira fase da colonização do Maranhão deu-se de 1615 a 1621, quando o Maranhão era apenas uma capitania,
durante esta fase o Governo Metropolitano adotou um conjunto de medidas visando a ocupação das terras
conquistadas, são elas:

 A criação da câmara municipal de São Luís


 A distribuição de terras para os participantes da batalha de Guaxenduba.
 A montagem de um sistema de proteção para resguardar o litoral de posteriores invasões.
 O início da Exploração do Vale do Itapecuru, dando início ao processo de deslocamento rumo ao interior
 A Exploração do litoral e o deslocamento em direção a foz do amazonas
 Montagem dos primeiro núcleos de exploração agrícola, ainda no interior da ilha
 Transferência de colonos dos açores para o Maranhão com o objetivo de resguardar a região de novas invasões

II- O Estado Colonial Do Maranhão e Grão-Pará (1621-1755)


Em 1621 foi fundado pelo monarca Felipe III de Espanha, o Estado Colonial do Maranhão e Grão Pará, formado por
duas capitanias gerais, Maranhão e Grão-Pará e por onze capitanias menores, sendo a sede do Estado situada na vila
de São Luís, com o objetivo de dinamizar a colonização do norte das possessões lusitanas. Para tanto a Metrópole
adotou uma série de medidas, são elas:

 A Montagem da burocracia administrativa com o objetivo de manter o controle efetivo da região


 A organização de novas câmaras municipais no interior do Estado com o objetivo de estender o controle colonial às
demais regiões do estado.
 A abertura da colônia às missões jesuíticas que passam a responsabilizar-se pela catequização e pela educação do
homem colonial
 A introdução da pecuária pelos sertões de fora como atividade subsidiária à agricultura e como forma de ocupação
do interior da província
 O incentivo à montagem dos primeiros núcleos de produção do açúcar no vale do Itapecuru culminando com a
fundação da vila de Icatu
 Organização de expedições para explorar o vale amazônico e povoar a região evitando, desta forma, novas
invasões
 Fundação do forte de Nazaré, núcleo original da cidade de Belém
 Intensificação da extração das drogas do sertão que passam a atuar como principal produto de exportação da
região
OBS: Após a criação do Estado Colonial o Maranhão passa a constituir-se em uma região distinta do Brasil, só sendo
anexado aos seus domínios após a adesão à independência em 1823.
III- A Invasão Holandesa no Maranhão (1641-1644)
Durante as primeiras décadas do séc. XVII a ocupação do Maranhão restringiu-se a pequenos focos de
assentamento militar, ou indígena, conforme a necessidade de cada área. O viver do colono era modestíssimo e a
economia local, pouco estruturada, não oferecia os dividendos necessários para que houvesse uma esperança de
melhora na vida da população local.

É neste quadro “desolador”, que o Maranhão vai sofrer a primeira grande incursão estrangeira depois do início da
colonização. Fato este que vai fazer com que os habitantes da colônia, pela primeira vez, tenham que arregimentar
forças, sem a parceria aberta com o governo da metrópole. Esta incursão ficou conhecida como a Invasão Holandesa
no Maranhão que, no dizer do professor Jerônimo de Viveiros, nada mais foi do que um prosseguimento da Invasão
Holandesa no Brasil.

O professor Mário Meireles relata assim a ocupação holandesa no Maranhão: “Os holandeses, firmados em São
Luís, cabeça de todo o Estado, não levaram sua presença, ao que tudo leva a crer, além da ilha grande, em que
situadas a vila e apenas mais três povoações, e da foz do rio Itapecurú-Mirim, no continente, onde, atravessando o
Canal dos Mosquitos, ocuparam o forte de Nossa Senhora da Conceição e os cinco engenhos de cana de açúcar
existente nas cercanias.”(Mário Martins Meireles, Holandeses no Maranhão.)

Como é observado pelo professor a invasão holandesa constituiu-se apenas em uma tentativa frágil de estender o
domínio flamengo nas colônias portuguesas e é por este motivo que os moradores tiveram condições materiais para
expulsar os invasores. Vale lembrar que a única instituição realmente organizada que favoreceu a reação nativa foi a
Companhia de Jesus.

É importante salientar que a forma de ocupação adotada pelos holandeses ao invadir o Maranhão não
correspondia à mesma forma adotada em Pernambuco, quer pela baixa rentabilidade da região, que pela decadência
do enclave holandês ou até mesmo pela política de imposição religiosa desenvolvida pelos puritanos da Companhia
de comércio holandesa.

IV- A Restauração Portuguesa e a revolta de Beckman (1640-1680)


Após o fim da União Ibérica e a expulsão dos holandeses do Brasil o Estado português empenhou-se na tarefa de
reorganizar o seu império colonial na América, para tanto resolveu implementar a economia das suas colônias e
melhorar o sistema de monopólio existente no período. No Maranhão, as medidas da Metrópole significavam, pela
primeira vez, a real tentativa de inserção da colônia no universo mercantilista de Portugal, através da criação de uma
Companhia Privilegiada de Comércio e da reestruturação da produção colonial.

“Numa tentativa de acelerar o processo colonizador e dinamizar, como já foi exposto acima, a produção local, a
metrópole resolveu criar a Companhia de Comércio do Maranhão e do Grão Pará, em 1682. Na prática isto significava
entregar, por um tempo determinado, o monopólio do comércio colonial à grupos econômicos que, gozando de certos
privilégios aqueciam o mercado Colonial.

O estabelecimento do Estanco, como ficou denominada a Companhia de Comércio pelos moradores de São Luís,
era o resultado de um contrato celebrado entre a Coroa e os vários negociantes do Reino, e que, em linhas gerais
consistia nos seguintes pontos: “A Companhia teria, por espaço de vinte anos, o privilégio exclusivo do comércio em
todo o Estado do Maranhão e Grão Pará, a isenção de certos impostos, um juízo privado, a via executiva para a
cobrança de suas dívidas, a liberdade de descer do sertão os índios que quisesse tê-los no seu serviço, até cem casais
em cada uma das capitanias e outras vantagens de somenos importância.

Encarregar-se-iam ainda os contratadores da Companhia da introdução, no Estado, de dez mil escravos africanos,
na proporção de quinhentos por ano, além de fazendas de gêneros que necessitassem os moradores que, por
intermédio da Companhia, poderiam remeter para o Reino alguns produtos de sua lavoura. Fica portanto, bem claro o
propósito mercantilista de garantir o exclusivo metropolitano do comércio colonial, privilegiando a burguesia nos
negócios de ultramar, o que limitava as colônias a função de reserva de mercado da metrópole, como tipifica o caso do
Maranhão”. (Sebastião Barbosa Cavalcanti Filho: A Política Indigenista no Maranhão Colonial.)

Para assegurar os interesses e a lucratividade da Companhia de Comércio a Coroa baixou dois alvarás régios: pelo
primeiro determinava o monopólio do comércio à Companhia e pelo segundo proibia a escravização dos índios, numa
tentativa de forçar a compra do escravo africano pelos colonos locais. Estavam isentos destes alvarás a própria
Companhia de Comércio e a Companhia de Jesus.

“A Companhia de Comércio do Maranhão exerceu, arbitrária e excessivamente, aquele monopólio, não conciliando
os seus interesses com os da classe dominante local, que sentindo-se prejudicada e não vendo seus reclamos atendidos
, resolveu rebelar-se. Esse ato de rebeldia de rebeldia ocorrido em São Luís em 1684, denominou-se Revolta de
Beckman(Bequimão), que foi um movimento de caráter econômico, que objetivava a abolição da Companhia de
Comércio e a expulsão dos Jesuítas, cuja atuação prejudicava os interesses dos colonos”. (Sebastião Barbosa
Cavalcanti Filho: Política Indigenista no Maranhão Colonial.)

V- A Revolta de Beckman (1684)


No final do séc. XVII no Maranhão foi sacudido por um forte movimento reivindicatório, que marca, na realidade, a
primeira tentativa concreta de inserção do Maranhão no contexto mercantilista português. A revolta de Beckman,
como ficou conhecido tal movimento, decorreu de uma série de fatores e demonstrou a incapacidade de adequação do
sistema colonial às novas necessidades existentes na Europa do mesmo século.

O movimento de Beckman consistiu em um movimento nativista que reclamava maior atenção da metrópole para
com os colonos e uma substituição da ação jesuítica por uma ação mais planejada do estado Colonial. Por outro lado
esta revolta decorreu da necessidade do estado português de reorganizar a administração colonial, diminuindo de
forma brusca a autonomia desfrutada pelas câmaras municipais durante o período da União Ibérica

Do ponto de vista da ação prática a revolta iniciou-se na câmara de São Luís e teve como principais líderes os
irmãos Manoel e Tomás Beckman, cristãos novos, cuja família havia se deslocado para o Maranhão por imposição da
política segregacionista desenvolvida pelo tribunal do Santo Ofício e apoiada pelo governo português. Com o apoio
dos comerciantes e proprietários da capitania tomaram o colégio dos jesuítas e os armazéns da Companhia de
Comércio, depuseram o governador do estado e procuram apoio (não obtido) da câmara municipal de Belém. Após a
tomada do poder organizaram uma carta de reivindicações cujos principais pontos eram:

 Expulsão imediata dos jesuítas da colônia


 Extinção da Companhia de Comércio e o retorno do antigo método de comércio com a metrópole
 Modificação no sistema tributário e a liberação da escravidão indígena na região
 Maiores incentivos à produção de açúcar na colônia
A reação metropolitana foi imediata, sem apoio os revoltosos não tiveram como manter as suas posições, os irmãos
Beckman foram presos acusados de pregarem o judaísmo e de alta traição ao rei; a companhia de comércio foi extinta,
numa tentativa de acalmar os ânimos coloniais e os jesuítas que desempenhavam um papel importante na
manutenção da colonização retornaram à colônia, de onde só sairiam durante a administração pombalina.

OBS: Os jesuítas durante o período colonial desenvolveram uma intensa atividade, baseada na catequização e na
educação de indígenas e colonos, tal atividade possibilitou aos jesuítas um forte poder na colônia. Sem declarar bens
ou pagar impostos ao Estado acabaram formando um imenso patrimônio que foco conhecido como “Patrimônio do
Guaranis” ou Estado Jesuítico, que ia mito além das fronteiras estabelecidas pelos tratados ibéricos.

VI- As Frentes de Ocupação no Maranhão Colonial e o Panorama Sócio-econômico


De 1615 até 1755, isto é durante todo o séc. XVII e mais da primeira metade do séc. XVIII, a economia litorânea
do Estado desenvolveu-se de forma pouco rentável e o povoamento processou-se de forma muito lenta, dinamizando-
se no Sul, a partir de 1730, com a introdução de gado bovino na região.
As medidas colonizadoras, efetivamente, só vieram ocorrer a partir de 1621, quando é criado o Estado do
Maranhão e Grão-Pará, separado por decreto metropolitano, do Estado do Brasil.

A ocupação dera-se a princípio, entre1612 e 1730, como não poderia deixar de ser dadas as condições materiais e
objetivas da época pelo litoral, posicionamento norte do Estado.

O pouco que se desenvolvia economicamente ocorria por conta do isolamento e da necessidade de sobrevivência
daqueles que aqui, pioneiramente, se estabeleceram; a princípio como seguranças políticas e militares e, mais tarde,
como colonizadores. Deram-se estes ao trabalho inicial do extrativismo dos produtos de baixo valor econômico, das
chamadas drogas do sertão, como eram os casos do âmbar, salsaparrilha, cravo, canela, cascas de madeiras para
tinturaria, destacando-se do conjunto, as valiosas madeiras-de-lei.

A primeira agricultura de subsistência desenvolvida assentou-se nas culturas de tabaco, algodão, arroz vermelho,
feijão, mandioca, além da criação de animais de pequeno porte, como era o caso das aves e suínos.

Deve ser destacado o papel dos padres jesuítas que, à luz do trabalho de catequese, tornaram-se os principais
produtores e comerciantes da colônia. Implantaram diversas fazendas que, além da agricultura para a subsistência da
Ordem, dedicavam-se a criação de gado bovino e cavalar, à cultura da cana de açúcar, à implantação de pequenos
engenhos de açúcar e aguardente e da salga do pescado. Isto tornou-se fácil para os jesuítas porque os mesmos
passaram a dispor do monopólio da força de trabalho: o indígena. Este monopólio do uso da força de trabalho
indígena pelos jesuítas nesse período de formação da economia maranhense, serviu de motivo para os inúmeros
conflitos de interesses econômicos e religiosos entre a Companhia de Jesus e os colonos.

A partir de 1730, entretanto, entrando pela área que corresponde ao Estado do Piauí e Bahia, outra leva de
ocupantes chega ao Maranhão com o gado bovino e cavalar, que vai ser criado nos Pastos Bons do sul maranhense,
constituindo, assim uma outra frente de ocupação desvinculada da frente litorânea.

No vale do Mearim e de alguns de seus afluentes, como é o caso dos rios Maracu e Pindaré, assentaram-se em
específico as fazendas agrícolas, de gado bovino e cavalar, engenhos de açúcar e aguardente e negócios em geral dos
padres da Companhia de Jesus. No vale do Itapecuru assentaram-se particularmente, as atividades agrícolas voltadas
para a produção de alimentos e do algodão dedicado à confecção do vestuário , redes de dormir dos índios e dos
colonos.

Pouco antes da metade do séc. XVIII a frente de ocupação litorânea experimenta uma tímida expansão,
ocasionando um deslocamento da pecuária bovina que servia de apoio para a agricultura local, este deslocamento
empurra a pecuária e os Jesuítas para o sul do Estado, indo engrossar a ocupação dos Pastos Bons no sul maranhense.

Durante todo o séc. XVII a situação do Maranhão, conforme informa o Padre Antônio Vieira, era de extrema
penúria, ou seja com um forte grau de miséria e pobreza. Nesta situação o algodão foi desenvolvendo-se como
produto central da economia maranhense, mesmo com as sucessivas proibições metropolitanas do seu plantio e
comercialização, ao ponto de se transformar em equivalente geral de todas as trocas, bem como se converter na
principal moeda dessa economia, passando a funcionar, não só como valor, mas também como meio de circulação, até
a introdução em 1749, da moeda metálica na região.

A sociedade colonial, a exemplo da economia demonstrava-se bastante acanhada, regra aliás para todo o universo
colonial português, onde a característica principal era a inexistência de uma elite nos moldes pernambucanos ou
baianos, tal questão era decorrente de uma série de fatores, entre os quais podemos citar: a baixa população negra na
região; a forte miscigenação com o indígena; o predomínio de uma elite comercial com fortes ligações com a metrópole
( apesar da relação comercial frágil e instável) e a separação evidente entre o setor agrário e o setor comercial o que
tornava o poder na região extremamente dividido, pois além destes setores os jesuítas também controlavam uma
parcela volumosa do poder colonial, principalmente pelo papel de consolidadora da colonização no plano ideológico.

A Economia colonial durante o primeiro período da colonização caracterizo-se, então, pelos seguintes elementos:

 Baixa rentabilidade do comércio de exportação


 Predomínio do trabalho indígena como sustentador da economia local
 Predomínio das drogas do sertão como principal produto de exportação colonial
 Atuação da pecuária como instrumento de ocupação das áreas livres e como subsídio à agricultura da cana de
açúcar
 Restrição da agricultura de exportação a pequenos engenhos no vale do Itapecurú e no interior da ilha
 Baixa circulação monetária devido a frágil penetração da moeda metálica na região
 Frentes de ocupação atuando em dois sentidos: do litoral para o interior marcada pela expansão da fronteira
agrícola e do interior para o litoral, marcada pelo deslocamento da pecuária que se estabeleceu nos sertões de dentro.

A situação do Maranhão colonial só será alterada em meados do século XVIII principalmente em virtude da política
implementada pelo Marquês de Pombal em todo o Estado português. Finaliza-se o período que a historiografia
tradicional convencionou chamar de “pobreza econômica”, iniciando-se um período de euforia que terá forte reflexos
na adesão do Maranhão à independência do Brasil.

Parte 2 - Maranhão da Colônia ao Império: da formação do sistema agro-exportador à inserção


do Maranhão no Estado nacional brasileiro.

(1) A Segunda Fase da Colonização do Maranhão e a Euforia Econômica: (1750-1820)

a- As Reformas Pombalinas.
A situação interna da colônia começa a mudar em meados do séc. XVIII, quando Portugal e a Europa Ocidental
passam por transformações estruturais que, a grosso modo, alteram a relação Europa/América, O ponto central destas
transformações situa-se entre a décadas de 1750 e 1770, mais precisamente com a ocorrência de dois grandes
movimentos: a Revolução Industrial Inglesa e o Iluminismo, que apesar de serem movimentos europeus
influenciaram diretamente as colônias. No Maranhão, estas transformações serão sentidas através de um conjunto de
reformas, que “detonarão” o maior surto de progresso vivido pela colônia em toda a sua história.

O mentor intelectual destas mudanças, Sebastião José de Carvalho e Melo(Marquês de Pombal), tinha um
conhecimento bastante apurado da realidade portuguesa e tentava, com as mesmas, realizar a difícil tarefa de libertar
Portugal do polo dominante representado pela In’glaterra.

Segundo prof. Moacir Feitosa: “Percebendo que Portugal subordina-se à Inglaterra em função dos pactos anglo-
lusos de proteção, Pombal insurge-se a esse processo de subordinação e traz consigo a idéia de implantar uma
“poderosa empresa de navegação que competisse com o mercantilismo inglês”. Este ministro português chega mesmo
a odiar a presunção inglesa em relação a Portugal.
Pombal preparou-se para o poder. Propõe a criação de um Estado forte para ser reconhecido do ponto de vista das
“relações internacionais”. Eleva o absolutismo a sua mais alta expressão, cai no despotismo, filosofia política que se
harmoniza com sua índole autoritária passando, daí por diante a implementar novas políticas a partir de suas decisões
pessoais, mas todas tomadas em nome dos interesses nacionais de Portugal. (Moacir Feitosa- Tendências da
Economia Mundial e Ajustes Nacionais e Regionais.)

São as seguintes as reformas aqui adotadas:

 A expulsão dos jesuítas e a reorganização administrativa das colônias;


 A extinção do sistema de capitanias hereditárias e a recriação das companhias privilegiadas de Comércio;
 A reorganização do sistema produtivo colonial, intensificando o extrativismo mineral, na região centro–sul; a
agricultura do açúcar no Nordeste; o extrativismo vegetal no vale amazônico e introduzindo a cultura do algodão na
pauta de exportações coloniais;
 A liberação do crédito para financiamento da produção;
 A criação da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão a pedido dos próprios colonos de São Luís e
Belém;
 A proibição da escravidão indígena no Norte e a regularização do tráfico de escravos africanos;
 A mudança das capitais coloniais para Belém e Rio de Janeiro com o objetivo de melhor fiscalizar a exportação dos
produtos extrativos;

b- A Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão


Neste clima de mudança e reestruturação do Estado português, visando libertar-se do polo dominante
representado pela Inglaterra é que Pombal vai criar a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, em
1755. “Trata-se de uma empresa privada que recebe concessão do Estado Português para navegar, transportar e
comercializar produtos da região por vinte anos.

A Companhia Geral de Comércio se transforma numa “nova” ação colonizadora, que reforça o poder militar de
Portugal, desmontando um sistema emperrado do ponto de vista econômico, social e político; elimine parte da
nobreza comerciante e incorpora o restante desta nobreza ao “novo” processo mercantilista, o que promove a
decadência da aristocracia de Portugal; além do que, por ódio de Pombal, se constitui em instrumento de investida
contra os padres jesuítas.

“Com a Companhia Geral de Comércio, estrutura-se um modelo de produção no qual o fator terra é
preponderante, promovendo conscientemente a organização da produção nas grandes propriedades rurais, para o
mercado externo; passa a contar com um sistema de transporte de longo curso, visto ter esta Companhia se
estruturado com frota marítima própria; possibilita a estruturação do sistema fluvial interno de transporte, para
escoamento da produção, visto ter essa se desenvolvido ao longo do vale do rio Itapecurú, desde São Luís até as
cidades de Colinas e Mirador, nas proximidades da foz deste rio; conta com uma participação mais objetiva do capital
mercantil, que ao capitalizar esta Companhia, passa a fomentar na colônia os negócios relativos ao cultivo e
comercialização do algodão, além do que proporciona mudanças nas relações locais de trabalho ao introduzir o negro
escravo africano como força de trabalho no plantio e colheita dos algodoais e arrozais, ao tempo em que, com o
mesmo, implanta um mercado movimentado de escravos, interligando-se ao sistema internacional de tráfico de
homens e mulheres que, ao contragosto, aqui chegavam da África”.( Moacir Feitosa- Tendências da Economia
Mundial e Ajustes Nacionais e Regionais).

Obs.: Convém lembrar que a Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão foi resultado de um pedido da Casa
da Câmara de São Luís e Belém e, por esse motivo a atuação da mesma teve conotações diferenciadas da companhia
anterior
c- O Comércio Colonial e o Modelo Agro-exportador
I- As transformações das áreas de produção.
Com a montagem da Companhia de Comércio a situação econômica do Maranhão começa a ser alterada
profundamente. Do ponto de vista da produção, começam a se desenvolver formas outras diferenciadas das até então
empregadas pela elite colonial. A primeira grande mudança deu-se em relação ao algodão, de produto banido e
proibido no séc. XVII passou à categoria de principal produto local, tal fato observou-se também com o arroz, que
passou a desfrutar, juntamente com o algodão (embora não na mesma intensidade) o papel de produto fundamental
para os interesses do comércio local. O rio Itapecurú passa a se transformar, de forma mais intensa, na “porta de
entrada” para as áreas de cultivo. Cidades como Aldeias Altas (Caxias), São Pedro de Alcântara (Carolina), Codó,
enfim toda a Ribeira do Itapecurú, transformam-se na região de maior volume econômico da Colônia.

Na região do litoral de Alcântara, Cururupú e na Baixada o plantio do Algodão, seguido do Arroz e do Açúcar
transformam a paisagem física e social local. A saída do golfão maranhense, mais precisamente a região de Viana,
Pindaré e São Bento, passa a observar o crescimento do comércio de gêneros diversos. Produtos até então
desconhecidos passam a fazer parte do cotidiano econômico do Estado e as camadas sociais que detinham o controle
da terra passam a experimentar uma prosperidade dantes impensada. O Maranhão do litoral e dos vales do Itapecuru
e Mearim conseguia, enfim, alterar a sua condição frente à combalida economia metropolitana, segundo Celso Furtado
“chegara então a vez e a hora do norte sustentar as necessidades e o luxo das elites comerciais metropolitanas”.

Na Segunda metade do séc. XVIII a pecuária estabilizou-se no sul do Maranhão, passando a constituir-se em uma
atividade com características definidas e com uma atuação autônoma em relação às demais atividades existentes. Este
processo determinou um deslocamento da fronteira de povoamento, que deixa definitivamente o litoral e passa a
dirigir-se para o sertão em um movimento que só se encerrará na Segunda metade do séc. XX.
A entrada do gado pelos sertões de dentro vindo da Bahia e Pernambuco determinaram um novo movimento
migratório para a região. Ao contrário do que se procedera no séc. XVII e na primeira metade do séc. XVIII o
movimento ocasionado pelo gado bovino, cujo objetivo maior era a produção do couro e a utilização dos ossos para
roupas e utensílios, ocasionou a transformação da fisionomia social da região. Ao contrário do Maranhão do litoral a
região sul passou a se constituir em uma região distinta, tanto do ponto de vista econômico, como social, ou seja, a
população que ocupa esta região não possui o mesmo grau de ligação com a metrópole e, muito menos com a capital
do Estado – Belém – e o seu principal porto exportador – São Luís. As comunicações desenvolvidas pela República dos
Pastos Bons (como era conhecido o sul) davam-se principalmente com o interior da Bahia e de Pernambuco, tendo
como principal ponto de referência a “Casa da Torre”, maior entreposto comercial de gado da região nordeste.
Ao contrário do movimento migratório do litoral (deslocamento da fronteira agrícola) nesta região a grande marca
foi a procura de terras livres parar o gado, em um movimento que se dava do sertão para o litoral, marcado pela
ocupação dos campos de pastagem e dos vales dos rios Tocantins, Corda, Balsas, Alto Parnaíba, chegando, em alguns
casos até o rio Gurupi.

II- As transformações do Comércio Colonial.


A situação interna do Estado transformou-se radicalmente, a entrada do escravo negro africano, a “descoberta” do
algodão enquanto produto de exportação sustentador da balança comercial local, o fortalecimento de São Luís
enquanto principal centro de comércio e exportação da região, a entrada do arroz na pauta de exportação como
produto rentável, o crescimento da pecuária em importância e em área utilizada e o aumento circunstancial do
movimento do porto de São Luís, fizeram com que a metrópole passasse a destinar mais atenção ao Estado Colonial
do Grão-Pará e Maranhão, que somente no final do séc. XVIII atingiu o status de região próspera, onde começava a se
formar uma forte aristocracia ligada à terra e ao controle do trabalho escravo.
“O trabalho escravo do negro africano, o capital mercantil, o despotismo político do governo de Portugal, além da
gestão econômica dos negócios de terra sustentaram, ajudados pelo menos por três acontecimentos internacionais,
dois deles no período em questão, ( a guerra de independência das 13 colônias, as guerras Napoleônicas e a guerra de
secessão dos EUA) esse vigoroso processo de acumulação mercantil no Estado do Maranhão.”(Moacir Feitosa-
Tendências da Economia Mundial e Ajustes Nacionais e Regionais)
O comércio colonial, agora com a devida atenção da metrópole, tornou-se mais complexo e mais diversificado. O
impulso dado pelas exportações de Algodão e o aumento do contingente populacional, aliados à política mercantil
de Portugal possibilitaram mudanças radicais na Capital e nas principais cidades do interior da colônia.
A montagem da Companhia impulsionou o comércio de Belém e São Luís a tal ponto que as principais casas
comerciais do reino deslocaram as suas atenções para ma região que até o presente momento figurava como uma área
cuja viabilidade colonial era impossível. O incremento do comércio fez com que o porto da Praia Grande se
transformasse na principal praça comercial local, no largo do comércio as transações eram múltiplas; comercializava-
se escravos ao lado do algodão, que por sua vez era transacionado com produtos europeus; os navios ingleses,
devidamente autorizados pela companhia transportavam diuturnamente os produtos que lhe interessavam, as
famílias metropolitanas externavam o orgulho de mandarem seus filhos para uma próspera região, onde segundo os
mesmos: “os desmandos da classe senhorial ainda na se faziam sentir”. É neste burburinho comercial que as situações
sociais e políticas começam a se definir no universo maranhense. Convém lembrar, que as casas comerciais montadas
no Maranhão, mais especificamente em São Luís e Belém, não possuíam o mesmo formato das casas comerciais do
Brasil. Expliquemos melhor: por este período funcionava em São Luís (no que diz respeito ao grande comércio) casas
comerciais vinculadas diretamente à burguesia comercial metropolitana, era O Comércio Comissionado, controlado
diretamente pelos comerciantes do reino, através de seus funcionários e familiares (chamados aqui de comissários).

O Comércio Comissionado possibilitou uma interessante relação na colônia, tal relação funcionava da seguinte
forma: os comerciantes da Metrópole, muitos com ações na Companhia, impedidos de controlar o comércio de
miudezas, monopolizavam o comércio de exportação; os grandes armazéns comerciais, na realidade, não passavam de
entrepostos, ou melhor, de grandes depósitos, cuja finalidade máxima era armazenar os produtos que vinham da área
rural até que pudessem ser transportados, via companhia para a metrópole ou para os pontos de manufaturamento
(principalmente a Inglaterra). Como não havia bancos estas mesmas casas responsabilizavam-se pelo crédito e pela
circulação monetária, provocando, desta forma, uma tensa dependência por parte dos grandes proprietários de terras
e escravos, que, além de dependerem destas casas para escoar e adquirir produtos, também delas dependiam para
obter crédito e assim manter os seus negócios.
Os portugueses natos monopolizavam o comercio e, por legado, acabaram por controlar também os postos de
mando na administração local. Aos proprietários de terras e escravos cabia o controle das casas da câmara das cidades
do interior da colônia. Esta tensa relação vai existir até a proclamação da adesão do Maranhão à Independência do
Brasil

III- A Estrutura Social no Final do Séc. XVIII.


No final do séc. XVIII a sociedade maranhense transforma-se e passa a ter uma configuração semelhante ao
restante da colônia sendo, portanto, de vital importância para o desenvolvimento das ações ocorridas na região. A
elite local, no entanto, e até pela própria situação da metrópole, apresentava sérios problemas tais como a falta de
unidade com relação aos interesses e uma estrutura muito simples de organização, o que tornava a relação desta elite
com o resto da sociedade bastante instável.
A professora Socorro Cabral relata assim a formação da elite local: “A estrutura social maranhense passou por
sensíveis transformações, a datar de meados do séc. XVIII, quando o Maranhão constituiu-se um polo dinâmico na
economia colonial do Brasil, tornando-se um dos principais centros brasileiros exportadores de algodão e arroz. O
Maranhão não é só economicamente que se transforma; a mudança é mais profunda..... modifica-se a feição étnica da região, até
então comporta em sua quase totalidade, salvo a minoria de colonos brancos, de índios e seus derivados mestiços. O algodão apesar
de branco tornara preto o Maranhão(Caio Prado Júnior).

As mudanças que se processaram na base material determinaram, pois, modificações na organização social. Com a
produção em larga escala dos produtos mercantis, algodão e arroz, intensificou-se a corrente de importação de
escravos africanos libertando-se, de certa forma, o índio e o mestiço, até então considerados trabalhadores
fundamentais das atividades econômicas do Maranhão. Por outro lado , o desenvolvimento da produção, exportável
com base no trabalho escravo, provocou o aumento da riqueza e do prestígio dos colonos proprietários de sesmarias,
transformando-os nos ricos senhores produtores de arroz e de algodão e possuidores de mitos escravos.
Por essa época notavam-se, já, certas divergências de interesses no seio da elite privilegiada, distinguindo-se, de
um lado, os comerciantes, em geral portugueses e, de outro, os senhores proprietários de terras e de escravos,
produtores de gêneros exportáveis. (Maria do Socorro Coelho Cabral- Política e Educação no Maranhão. 1834-1889)
Até mesmo os viajantes do período já notavam estas divergências que, mais tarde, provocariam um imenso
tumulto no processo de adesão à independência do Brasil. Spix e Martius, que estiveram no Maranhão no início do
séc. XIX( 1818), deixaram registradas suas impressões sobre o Maranhão e a sua sociedade, mais precisamente a elite
local:
“Notam-se(entre os habitantes de São Luís).....muitos descendentes sem mistura de português e muitos negros......Os brancos,
em cujas mãos se acham a administração, a maioria das casas de comércio e alguns ofícios, são em geral portugueses natos(filhos
do reino). A sua atividade, espírito de iniciativa e antigamente também o sistema que excluía os nascidos no Brasil dos
importantes cargos de Estado, deram a essa parte da população uma estranha preponderância sobre os brasileiros, disso resultando
uma tensão....Os brasileiros, nascidos na fartura das necessidades físicas .....reconhecem a supremacia do imigrado, e
abandonam-lhe com certa timidez, a atividade comercial que enriquece, preferindo retirar-se para suas fazendas e
gozar sua prosperidade. Embora laços de família prendam portugueses e brasileiros, restam, não obstante, diferenças no pensar,
nas forças e tendências e, como todos os anos acodem novos imigrantes, conserva-se viva a tensão dos ânimos até que
qualquer motivo externo desperte as sementes adormecidas da discórdia. ( Spix e Martius. Viagem pelo Brasil.)

As sementes da discórdia seriam lançadas pela abertura dos portos e, principalmente, pela tomada de posição de
ambos no processo de adesão ou não à independência do Brasil, quando o Maranhão deixou de vincular-se a Portugal
e passou a fazer parte do universo que compunha o nascente Estado do Brasil.

OBS: No início do séc. XIX o então Estado Colonial do Grão Pará e Maranhão passa por uma reforma
administrativa, cuja culminância dar-se com a divisão do Estado em duas unidades autônomas entre si. Estavam
criados os Estados Coloniais do Maranhão e Piauí e do Grão Pará e Rio Negro. Tal ato reforçou ainda mais o papel
de São Luís como principal centro exportador da região e aumentou sobremaneira a distancia entre a região do litoral
e do sertão maranhense.

IV- A transferência da corte para o Brasil e a abertura dos portos:


Com a vinda de D João VI para o Brasil e a Abertura dos Portos, os interesses da colônia e os interesses da
Metrópole tornaram – se mais antagônicos. A política do regente descontentou a fração da classe dominante lusa
ligada ao comércio colonial, levando, inclusive, esse setor a tomar parte na Revolução do porto exigindo a volta do
monarca e pretendendo o restabelecimento do monopólio comercial português no Brasil.
A transferencia da corte para o Brasil modificou profundamente a relação entre a colônia e a metrópole. A invasão
napoleônica em Portugal e a pressão inglesa para a abertura dos mercados americanos, pressionaram o príncipe
regente a assinar tratados preferenciais com a Grã Bretanha e os países não beligerantes, tais tratados trouxeram
conseqüências diretas para o comércio das colônias portuguesas. No caso do Maranhão os resultados foram imediatos,
uma vez que a adoção de medidas liberalizantes, arruinou, quase que totalmente o “velho comércio comissionado”,
possibilitando, pela primeira vez, um contato direto dos senhores de terras e escravos com as principais casas
comerciais da Europa.
Por outro lado, como dito anteriormente, a política liberal do regente, com relação ao Brasil, possibilitou a
ampliação das relações entre a colônia e a Inglaterra. Nesse quadro, prosperou a aliança entre os senhores
proprietários de terra e de escravos brasileiros e a burguesia inglesa, para quem a posição de intermediação da
Metrópole tornava–a um intermediário indesejável. A elite rural maranhense, com estas medidas ampliava, a partir de
então, a órbita de influência sobre a sociedade local, passando a rivalizar com os comissários de São Luís. Tal situação
teve como resultado o aumento das tensões entre estes dois setores da elite. A tensão resultante da polarização das
disputas pelo controle do poder colonial, provocou inúmeros conflitos que se estenderão até o período pós-adesão.
Tal situação tornou–se ainda mais insustentável com a volta de D. João VI a Portugal e com as pretensões da Corte
de recolonizar o Brasil. Essa decisão impossível de ser aceita pela classe dominante brasileira, precipitou os
acontecimentos em favor da causa brasileira, provocando o rompimento definitivo do Brasil com Portugal. Com a
independência do Brasil a situação do Maranhão tornou-se extremamente confusa, tanto do ponto de vista político,
quanto do ponto de vista sócio-econômico, pois o rompimento de relações do Brasil com Portugal trouxe ao setor rural
a perspectiva de romper de vez com o controle excessivo exercido pelos grupos comerciais ligados à Lisboa.
(2)A Adesão do Maranhão à Independência do Brasil (1823)

“Nessa época, no Maranhão, o poder político estava nas mãos dos comerciantes (portugueses) cujos interesses,
mais do que em outras províncias brasileiras, ligavam–se aos da burguesia mercantil lusa. A Junta governativa,
representando essa fração da classe senhorial local, procurou agir no sentido de conservar o Maranhão separado do
Brasil e unido à Metrópole. Para isso solicitou ajuda a Portugal, reforçou as tropas da capital e do interior, assinou
acordos com as Juntas do Piauí e do Pará, no sentido se conservarem – se essas províncias ligadas à Metrópole. Todo
esse esforço, contudo, resultou em total insucesso, pois o movimento de adesão ao Império tomou corpo e acabou
vencendo.
Esse movimento pró–independência assumiu, por efeito da heterogeneidade de interesses que nele se
manifestaram, uma feição bem complexa. Nele tomou parte a fração da classe dominante local representada pelos
fazendeiros nacionais, até então alijados do poder e interessados no livre comércio. Alinhavam – se também a esses
fazendeiros frações das classes dominantes piauienses e cearenses que vieram lutar no Maranhão pela causa da
independência. Ao lado dessas forças, estava presente parte da população oprimida maranhense e das vizinhas
províncias do Piauí e do Ceará, constituindo – se as tropas improvisadas que lutaram contra as forças organizadas
pela junta governativa maranhense.
Com a conquista do interior pelas forças fiéis ao imperador ao imperador, rende – se a capital, capitulação
precipitada pela chegada, a São Luís de Lord Cochrane, almirante da esquadra contratada pelo imperador para lutar
contra as “províncias rebeldes”. Efetivou – se assim a adesão oficial do Maranhão à Independência do Brasil a 28 de
julho de 1823”.(Maria do Socorro Coelho Cabral. Política e Educação no Maranhão )

(3) O Maranhão no 1.º Império: Os conflitos intra-classe dominante.

Essa vitória trouxe novas condições para os fazendeiros, fração da classe senhorial maranhense, os quais passaram
a disputar a direção dos aparelhos de Estado, a fim de fazer valer os seus interesses. Com relação aos comerciantes
(Portugueses) a nova situação criada não significou o seu total afastamento do poder. Eles vão continuar, por um certo
tempo ainda a disputar com os fazendeiros o domínio do aparelho de Estado, decorrendo, deste conflito, os fatos
políticos que compuseram o agitado período que se estende por todo o primeiro império e pela regência. Para os
setores subalternos a nova situação pouco, ou nada diferenciou – se da anterior, que ajudaram a combater.
Com a proclamação da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, organizaram–se as primeiras juntas
governativas, compostas de elementos ligados aos fazendeiros. Não foram tranqüilas, porém, as gestões destas juntas,
pois logo tiveram que enfrentar o poder e prestígio dos comerciantes portugueses. Apesar da derrota sofrida em 1823,
os comerciantes permaneceram como fração da classe dominante e rapidamente se com puseram para reconquistar as
posições perdidas. Comerciantes ricos e elementos de grande prestígio social e distinção cultural, esses portugueses
representavam uma força poderosa à frente do partido que ficou logo conhecido como partido dos portugueses. Os
choques entre essa facção político – partidária e a dos fazendeiros que se agrupavam em torno do partido conhecido
como partido dos Brasileiros, permearam toda a vida maranhense até a regência. Logo na gestão da Segunda junta
ocorreu o conflito denominado de “Guerra dos Três Bês”. Esse movimento que teve a participação de diversas forças
sociais, inclusive das classes subalternas que haviam lutado pela adesão, visava a deposição do poder das três famílias
ligadas ao partido dos brasileiros: Belfort, Bruce e Burgos, integrantes da junta, mas que não se entendiam,
disputando entre si a liderança do poder. A situação agravou–se quando a junta publicou dois atos; pelo primeiro
eram mandados sair do Maranhão, em um prazo de oito dias, todos os portugueses solteiros que não tivessem bens de
raiz, e, pelo segundo, eram mandados sair da terra todos os europeus solteiros, quer tivessem bem de raiz ou não. Tais
atos foram suficientes para levantar as forças de oposição na província, principalmente os portugueses, que ansiosos
para voltar ao poder, acabaram agindo como força aglutinadora de todos os setores descontentes com a atuação do
partido dos brasileiros. Para repelir o movimento levantou – se o governo de forma extremamente violenta. A guerra
dos três bês só chega ao fim com a volta, ao Maranhão, de Lord. Cochrane, que debela o movimento, mas não acalma
os ânimos na província. Os conflitos entre as frações da classe dominante persistiram, pois nem uma delas tinha força
suficiente para ocupar, de forma hegemônica, o poder.

Durante todo o primeiro reinado a situação no Maranhão permaneceu tensa, as


constantes disputas entre as frações da classe dominante local e o desgaste profundo das instituições que mediavam a
vida na província, transformaram–na em um barril de pólvora, cujo estopim pouco a pouco se aproximava do fim.
Este clima tenso em que se encontrava o Maranhão era reflexo direto das tensões vividas na corte (Rio de Janeiro) e do
desgaste político do Imperador.
Os conflitos entre as frações da elite dominante expressos nas duas facções político-partidárias persistiram, pois
nem uma delas, como foi dito, tinha força suficiente para impor-se e consolidar-se no poder. Eram constantes os
assaltos, as perseguições praticadas pelas tropas sob a direção hora de um, hora de outro desses partidos. Os
portugueses sofriam deportações, como a imposta ao líder português, Garcia de Abranches, rico comerciante, redator
do jornal “O Censor”. “Ninguém estava seguro de sua pessoa, a espionagem devassava o interior das casas, as reuniões algum
tanto numerosas eram tidas por ajuntamento sediciosos e as queixas e censuras por crimes” (Meireles, Mário. História do
Maranhão, 1980, p255)

As lutas de caráter ideológico, através dos jornais eram também coisas comuns corriqueiras. Esse clima político era
agravado pela situação econômico-financeira da província. Na década de 1820, começam a aparecer os efeitos da
manutenção do livre-cambismo, que beneficiava sobremaneira pelos efeitos das baixas no preço do algodão, principal
produto de exportação provincial. A respeito das transformações operadas na economia provincial por esta época,
comentava Viveiros: “Subiam desmedidamente a exportação e a importação, mas os saldos que vinham sendo da primeira
passaram para a Segunda. E nem se diga que esses gastos fossem provenientes de maquinaria importada para o aparelhamento de
um parque industrial… gastávamos, portanto, nossas reservas no conforto e no luxo, a que nos íamos habituando no convívio com
ingleses e franceses” (História do Comércio do Maranhão p182)

(4)O Período Regencial no Maranhão e o Conflito da Balaiada.

Com o advento da regência a situação se agrava ainda mais na província, uma vez que as questões pendentes
herdadas do primeiro reinado atingiam uma dimensão jamais imaginada pelas elites locais. A constante disputa pelos
postos de mando e a estagnação do preço do algodão, legaram à elite dirigente da província um profundo descrédito
frente aos demais segmentos sociais; o esforço do governo imperial em montar as estruturas do Estado brasileiro,
repassando às províncias uma discussão travada apenas na câmara imperial, provocava um forte conflito entre as
câmaras municipais e a recém criada Assembléia Provincial, pelo controle das instituições locais; por fim a criação da
Guarda Nacional, transferindo aos proprietários a responsabilidade pelo controle dos distúrbios sociais locais,
acirrava ainda mais os ânimos no interior da província.

Do período que vai da abdicação à Regência de Araújo Lima, a situação se agrava e a já combalida política
provincial entra de vez em colapso, vários motins vão ocorrer neste período (Setembrada, Revolta de Novembro),
evidenciando a falta de controle e de unidade na elite local. “Esse clima de choques e tensões permitiu que aflorassem as
contradições entre a classe senhorial e as classes oprimidas. Nesse período vários bandos de homens livres e desempregados
(“Desocupados Rurais”) infestavam a margem do Itapecurú”(Cabral, Política e Educação no Maranhão), região mais rica
da província e onde estavam sediadas as maiores propriedades do Maranhão, nesta área cometiam arruaças e
espalhavam o medo por onde passavam. A instabilidade social e política agravou-se, mais ainda, com a elaboração,
pela Assembléia Provincial, da “Lei dos Prefeitos”, que retirava das câmaras municipais uma série de prerrogativas,
transferindo-as aos prefeitos e juizes de paz dos municípios. Com o objetivo claro de escalonar e hierarquizar o poder
na província, esta lei agradou aos Cabanos (conservadores que controlavam o poder), mas desagradou os Bem-te-vis
(partido que representava o segmento liberal), provocando um considerável aumento das desavenças políticas na
província.

Às desavenças políticas seguiam-se as erupções sociais e o clima de instabilidade aumentava sobremaneira, tanto
no meio rural, quanto nas principais cidades do interior da província. As fugas de presos e negros; o aumento dos
arrendamentos rurais; os bandos de pistoleiros e assaltantes que saqueavam as cidades; as severas críticas que
oposição e situação trocavam na disputa pelo controle local e regional; e o alto grau de exclusão e concentração
fundiária, formavam o cenário perfeito para a eclosão de conflitos, tanto nos setores dominantes, quanto nos demais
setores sociais. Isto levou o presidente da província a criar, em 1838 ( às vésperas da Balaiada), a Polícia Rural e o
Corpo de Polícia da Província, para ajudar na manutenção da ordem. A questão apresentada neste contexto era a
seguinte, segundo Maria Januária: “como um corpo criado para transferir poderes das mãos do Estado para os grandes
proprietários, que encontravam-se em constantes litígios políticos e militares, poderia, em um país cuja tradição era o descompasso
entre as determinações centrais e as execuções locais e o autonomismo localista, propor alguma idéia de ordem? O resultado foi
justamente o contrário; apoiados em um forte aparato bélico os senhores de terras e escravos acabaram por utilizar-se destes
organismos para imporem-se frente aos opositores e, em alguns casos frente ao próprio poder central da província” (Balaiada e
insurreição de escravos no Maranhão, p77-8)

a- A Balaiada (1838-1841)
É neste clima de agitação política e profunda exclusão social que irrompe no Maranhão a maior revolta popular de
toda a sua história, A Balaiada, fruto de todos os distúrbios que se abateram sobre o Brasil e o Maranhão, durante o
período regencial, este conflito marcou profundamente o meio rural maranhense durante o Segundo Reinado.

Até a eclosão da Balaiada, portanto, eram grandes as disputas entre os dois partidos existentes na região,
representando frações da classe senhorial. Na fase Regencial estes partidos passaram a ser chamados de Cabanos e
Bem–te–vis. Em 1837, ascenderam ao poder os cabanos, ocasionando uma forte reação dos Bem–te–Vis. Estes
criticavam todos os atos praticados pela administração provincial composta de Cabanos. A lei que instituiu os cargos
de prefeitos e Vice – Prefeitos, por exemplo, foi um ato violentamente censurado pelos bem-te-vis que diziam ser um
instrumento criado para garantir a manutenção dos adversários no poder.
A Balaiada se estendeu por mais de dois anos no Maranhão, do fim de 1838 ao começo de 1841. Teve, como
condição, o quadro de conflitos no interior da classe dominante e representou o afloramento das contradições
fundamentais que havia entre senhores e escravos, e entre senhores e homens livres, estes excluídos e marginalizados
pela existência do escravo. Os balaios eram, pois, constituídos de homens livres e sem ocupação fixa, de posseiros, de
vaqueiros, de ex–soldados, de artesãos, além de quilombolas. Esses elementos explorados e oprimidos, não
encontrando na nova ordem que se constituiu, respostas aos seus anseios de liberdades e de justiça, davam vazão,
através dessa luta, às antigas tensões e revoltas. A independência brasileira, pela qual muitos deles haviam lutado, não
lhes trouxe benefício algum. Pelo contrário, com o clima de instabilidade política que se instalou, eles foram ainda
mais perseguidos e reprimidos. Segundo José Ribeiro do Amaral, em um artigo publicado no período esta era a
situação da província: “…multiplicavam-se os atos de violência e prepotência. Às perseguições, aos vexames, aos mas tratos, às
prisões ilegais e recrutamento, juntavam-se os trabalhos em estabelecimentos rurais. Os açoites…Nestas condições a revolução era
uma coisa fatal” (Apontamentos para a história da Revolução da Balaiada na província do Maranhão, p 92)

OBS: A Balaiada(1838-1841), enquanto movimento, caracterizou-se por não possuir homogeneidade, nem projeto
próprio, o que ficava bastante claro ao se observar a constituição do movimento e as suas próprias ações.
Observando o quadro abaixo analise a Balaiada:
 MOVIMENTO POLÍTICO: Disputa Parlamentar, envolvendo dois partidos: Os Cabanos (Conservadores) e os
bem-te-vis (Liberais), que disputavam o poder e a amplitude de sua esfera Principais Líderes: João Francisco Lisboa e
Estevam Rafael de Carvalho.
 MOVIMENTO POPULAR: Caracterizava-se por ser uma crítica às péssimas condições de vida no interior da
província, não possuindo conteúdo ideológico próprio nem tão pouco forma definida. Sua principal vitória foi a
tomada da cidade de Caxias no Itapecurú. Principais Líderes: Raimundo Gomes (vaqueiro) e Manoel dos Anjos
Ferreira(fabricante de balaios da cidade de Codó).
 MOVIMENTO ESCRAVO: Não possuía projeto definido, e baseava-se nos ataques desordenados às fazendas da
região. Não eram reconhecidos pêlos demais movimentos. Foram aceitos pêlos demais somente após a tomada da
cidade de Caxias. Principal Líder: Cosme Bento das Chagas (Negro Cosme).
Dessa forma irrompeu a luta, não se apresentando como um movimento unificado, com objetivos definidos, com
perspectivas mais conseqüentes, mas como uma revolta que se caracterizou por sucessivos e ininterruptos levantes de
bandos armados, que favoreceu o se rápido declínio
“No feitio geral da Balaiada domina a caudilhagem, o que a impediu de se transformar num movimento de resultados mais
sérios. Em vez de um levante em massa, logo aproveitando para a realização de uma política conseqüente, o que vimos é a
cristalização de grupos sertanejos em torno de chefes, formando assim apenas bandos armados que percorrem o sertão em saques e
depredações.” (Caio Prado Júnior, Evolução Política do Brasil)
Entre esses bandos distinguia-se o liderado pelo negro Cosme, formado por cerca de 1000 quilombolas. Outro
bando era chefiado por Manoel dos Anjos Ferreira, cujo apelido, como vimos, deu nome ao movimento. O primeiro
levante ocorre na Vila da Manga, às margens do rio Iguará, logo seguido por outros que se espalhavam por todo o
Maranhão oriental, desde o litoral defronte da ilha até o sertão de Pastos Bons, atingindo mais intensamente as
margens do Itapecurú, região mais rica da província.
Nos seus primeiros tempos, a revolta teve grande sucesso. Os balaios tomaram vilas e cidades como a de Caxias,
principal centro comercial e produtor do interior. Ocuparam também Icatú, vila próxima à São Luís, espalhando o
pânico entre os habitantes da capital. Em Caxias organizaram um conselho militar através de Assembléia composta
com os chefes da luta e com líderes bentevis caxienses. Houve, pois um aliança entre os balaios e alguns elementos
bentevis da cidade conquistada. Através dessa aliança os bentevis procuraram se beneficiar da situação, atuando como
mediadores e impondo seus interesses nas condições apresentadas ao governo da província pelos rebeldes, para
deposição das armas. Entre as condições destacavam-se a exigência da expulsão dos portugueses e restrição dos
direitos dos que se houvessem naturalizado, medidas essas que interessavam unicamente aos bentevis. Urge que se
assinale, contudo, que o partido bentevi, em geral, combatia os balaios. Dizia a Crônica Maranhense, o principal jornal
do partido bentevi, “que os dois partidos provinciais deviam juntar-se num só corpo para que, unidos, pudessem combater o
inimigo comum – o balaio.” (Jornal Crônica Maranhense’)
A enorme proporção que vinha atingindo a revolta fez o governo central intervir, reforçando as forças locais com
tropas vindas do Pará, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí, delegando todo o controle das forças ao
coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias que ocupou cumulativamente os cargos de Presidente
da Província e Comandante de Armas. Com Caxias, que soube habilmente aproveitar-se da desunião que reinava
entre os balaios e que contava com forças superiores, a rebelião em pouco empo foi sufocada. De seus principais
chefes, Manoel Francisco dos Anjos Ferreira – o balaio – foi morto na luta. Raimundo Gomes, chefe do primeiro bando
levantado, rendeu-se e morreu, quando se dirigia para o exílio em São Paulo. O negro Cosme foi enforcado, após,
transferir suas forças para o lado do Governo, sob promessa de anistia. O vencedor dos Balaios recebeu o título de
Barão de Caxias.
Com o fim da Balaiada (1841) inicio-se uma nova fase política no Maranhão, sob o domínio da classe senhorial
constituída por fazendeiros. Daí por diante, as lutas pelo poder político vão ocorrer no seio dessa própria fração de
classe, agora dividida em duas facções político-partidárias, que tentavam consolidar a sua dominação impondo à
sociedade os seus interesses e a as visão de mundo.

Parte 3 - O Maranhão no 2.º Império

1. Introdução:

Com o fim da Balaiada e da regência o Maranhão, assim como o restante do Brasil, entra em um período de relativa “calmaria”.
Tal situação será comprovada com a acomodação dos grupos dominantes no poder; com a consolidação da estrutura existente
desde o período colonial, totalmente assentada no trabalho escravo e na mono-exportação, tendo como produto básico o algodão;
em um modelo de sociedade patriarcal e aristocratizada, direcionada para uma tentativa incessante de reprodução dos padrões de
refinamento franceses; e, por fim, por uma profunda cisão interna representada na existência de duas realidades distintas: uma
determinada pelos padrões de europeização característicos do império brasileiro, e a outra assentada na pecuária extensiva e na
formação de padrões mais maleáveis de inclusão social. Outra característica importante da economia maranhense durante o
império foi a instabilidade econômica, ou melhor, o esgotamento das suas capacidades básicas de reprodução e manutenção,
possibilitando várias tentativas de adaptação da produção local aos novos interesses do mercado internacional.

2- As Forças Político-partidárias do Segundo Império:

Com o fim da Balaiada, ascendeu ao poder o partido bentevi, permanecendo até 1846, quando se deu a organização partidária
da província. Nesse ano dissidentes dos tradicionais partidos uniram-se, alimentando, mais ou menos, o mesmo ideal progressista e
formaram um novo partido – o da liga Maranhense – que logo chegou ao poder, defendendo para a província um amplo programa
de “melhoramentos materiais e morais”. Comprometia-se a liga com a promoção de uma “política de salvação e de paz”, de
verdadeira “metamorfose social”. Esse novo partido era representado pelos fazendeiros, donde se sobressaiam os senhores de
engenho interessados nas reformas econômicas. Seus grandes líderes foram: João Lisboa, os Franco de Sá, os Costa Ferreira, os
Ribeiro (esses últimos de Alcântara), os Teixeira Mendes, os Vilhena e os Carvalho Reis.

Os “melhoramentos materiais” visados eram, sobretudo, aqueles que favoreciam os produtos agrícolas exportáveis,
especialmente o açúcar. Defendiam o que chamavam de revolução agrícola, ou seja, várias medidas reformistas para incrementar a
economia mercantil. Como “melhoramentos morais” os partidários da Liga entendiam a difusão dos valores dominantes, através
de diversos canais ideológicos partidos, associações, escolas, sociedades, jornais, favorecendo, assim, a consolidação da hegemonia
destes fazendeiros. Inicia-se a partir daí a formação da imagem francesa de São Luís, visando, principalmente, a difusão da idéia de
refinamento e nobiliarização, que, de fato, inexistia no Maranhão. É esta imagem que damos o nome de “mito da fundação francesa
de São Luís”, que passa a se tornar sinônimo de Maranhão.

Opuseram-se à Liga duas agremiações partidárias. Uma denominada Estrela, mais ligadas aos interesses das camadas médias
urbanas e a outra, chamada de Saquarema, representada por fazendeiros em geral, ligados à cultura do algodão e menos adeptos às
reformas econômicas pregadas pela facção da Liga Progressista.

“A Liga, dizendo-se partido da conciliação, ora conseguia adesão de elementos da Estrela, ora de Saquarema, facilitando, assim, a vitória de
seus candidatos. Defendendo a idéia da conciliação de partidos, a Liga estava acompanhando, e dela se beneficiando, a tendência manifestada
pelos partidos políticos nacionais, favoráveis à conciliação dos dois grandes partidos, o Liberal e o Conservador. Essa tendência de fato se
concretizou no período de 1853 a 1858, quando ocorre a conhecida fusão dos partidos, sob a liderança do gabinete presidido pelo Marquês do
Paraná.” (Maria do Socorro Coelho Cabral. Política e educação no Maranhão – 1834–1889)

Em 1860 a Liga redefinia-se, fundindo-se com saquaremas dissidentes e formando um novo partido o liberal. Por outro lado
reorganizava-se, em 1863, o partido Saquarema, dando surgimento ao partido Constitucional. Desse período em diante, até o final
do império, esses dois novos partidos vão disputar as posições políticas na província, visando consolidar sua força e dominação,
para impor seus interesses sobre toda sociedade. A lógica de construção do domínio local era fundada na violência (contra a
população e contra os seus opositores), legitimada pela criação e implementação da milícia paramilitar denominada de “Guarda
Nacional”; no controle eleitoral, devido à existência do voto aberto; na exclusão política, legitimada pelo voto censitário; e na
oligarquização das instituições do Estado. Nesse último período (déc. de 1870), no entanto, houve maior predomínio no poder dos
constitucionais que tiveram alguns de seus grandes chefes, como Silva Maia e Gomes de Castro, ocupando a presidência da
província. É bom lembrar que, no mesmo período, o projeto de reestruturação econômica dos fazendeiros não encontrava mais
condições de expandir-se.

Convém lembrar que os projetos defendidos pelos fazendeiros, quer progressistas, quer constitucionais, não diferiam em seu
conteúdo ideológico, o melhor dizendo, eram projetos conservadores que visavam de uma forma, ou de outra a consolidação do
“status quo” de uma sociedade escravista e aristocratizada, que professava valores importados de refinamento, mas que, na sua
base, demonstrava a profunda violência com que conduzia os seus atos.

3- A Organização Econômica da Província:

Durante todo o século XIX a estrutura que predominará na província estará assentada na grande propriedade agro-exportadora
e no trabalho escravo como forma de subexistência desta sociedade. Com efeito, a economia local será totalmente dependente do
mercado externo, com sua produção voltada, quase que exclusivamente, para o suprimento das necessidades inglesas. No quadro
econômico maranhense dois produtos merecem destaque maior, o ALGODÃO, produzido basicamente no vale do Itapecurú, e o
AÇUCAR, que entrará em cena, como produto economicamente viável, em meados do Séc. XIX e terá como zona de produção os
vales do Mearim e Pindaré, além das áreas produtivas do litoral. Tais produtos serão os mantenedores da economia local durante o
referido período. Além de agro-exportadora, a economia local era totalmente dependente do braço escravo, tanto que, a
desagregação do segundo acelera a crise da primeira. O trabalho escravo sustentava a agricultura, e embora fosse restrito à mesma,
era de fundamental importância para a província, devido, é claro, ao seu aspecto agrário e exportador. Apesar de predominante, a
atividade agrícola, voltada para a exportação, não era a única; havia uma agricultura de subsistência destinada ao mercado interno,
e, no sul da província o desenvolvimento da pecuária, responsável, em grande parte, pelo povoamento da região sul. É com esta
estrutura que a economia local vai se manter durante todo o Séc. XIX. Observemos passo a passo como se organizou a economia
maranhense neste período:

3.1- A Agricultura de exportação:

a- O Algodão:

O algodão, produto nativo brasileiro, era produzido no Maranhão, até meados do séc. XVIII, em quantidades insignificantes.
Servia, depois de fiado e tecido em panos grossos, para a vestimenta de colonos, índios e escravos. Os novelos de algodão, devido a
ausência de moedas, chegavam inclusive a circular como dinheiro. Com a montagem do modelo agro-exportador local, o algodão
se torno um dos principais produtos de exportação do Maranhão, alavancando, junto com o seu crescimento toda uma fração da
elite dominante local, ligada principalmente às regiões de maior plantio de algodão.

“O aumento da produtividade algodoeira do Maranhão, durante todo este tempo, dependeu exclusivamente do aumento da área plantada e do
incremento quantitativo da força de trabalho utilizada. Pouco se cuidou de melhorar a genética da planta, dos tratos culturais, e
acondicionamento, bem como não foi reformulado o sistema de comercialização, totalmente centralizado em São Luís, desde o período colonial.
Mesmo com estes limites até a década de 1830 a produção local passou por sucessivas ondas de crescimento, ocupando, inclusive o primeiro lugar
na pauta das exportações locais. Este movimento ascendente, é bom lembrar, decorreu, principalmente, dos problemas existentes nos centros
produtores internacionais (EUA e Ásia) e da falta de concorrência interna e externa ao produto”.(Moacir Feitosa, Tendências da economia
mundial e os ajustes nacionais e regionais)

Tão logo normalizados os conflitos, tanto na Europa quanto nos EUA, com os investimentos ingleses dando resultado nos
campos de produção da Índia, a oferta de algodão foi normalizada na Europa. A produção maranhense entra em franca decadência,
dando início, desta forma a uma longa agonia que trará como resultado a falência total do modelo agro–exportador.

Em decorrência, em grande parte, da concorrência americana e oriental, o algodão brasileiro (maranhense) sofreu séria perda de
posição na exportação nacional. Com a concorrência externa o algodão maranhense veio a sofrer constantes quedas de preço. Nas
décadas de 1850 e 1860 houve uma ligeira elevação deste preço, em decorrência, principalmente, da guerra e secessão dos EUA,
nessa época o preço do algodão elevou-se consideravelmente. Após a guerra, esse preço veio a diminuir, sobretudo depois dos anos
70.. Os produtores locais, face a dura concorrência e a baixa dos preços, não foram capazes de viabilizar medidas que enfrentassem
a situação e recuperassem a expansão das exportações.

Ao final do séc. XIX, início do século XX, o modelo agro–exportador que nasceu e extrapolou o período da Companhia de
Comércio encontrava–se completamente quebrado. Entre 1850 e 1900, contudo, duas tentativas de recuperação das taxas de
crescimento da economia maranhense, foram feitas.

A primeira diz respeito a um esforço de dinamização da economia, realocando capitais e força de trabalho do setor algodoeiro e
arrozeiro, no cultivo da cana e implantação dos engenhos de açúcar, inclusive dos chamados Engenhos Centrais.

Ao contrário do que ocorreu na região Centro–Sul no setor cafeeiro, no Maranhão, a busca de diversificação de produção
econômica somente vem ocorrer quando as taxas de lucros da agro–exportação encontram–se em franco e acelerado processo de
comprometimento, o que nos indica descontinuidades empresariais e tecnológicas.

b- O Açúcar:
A produção de açúcar no Maranhão, até meados do séc. XIX, foi bastante reduzida, insuficiente mesmo para o consumo interno,
sendo pois necessário importar-se esse produto. A partir da década de 1840, grande parte de lavradores, sobretudo das regiões de
Guimarães, Alcântara e Viana, diante da baixa rentabilidade da produção algodoeira, passo a cultivar a cana-de-açúcar. Segundo
esses senhores a produção de açúcar apresentava várias vantagens sobre o algodão, como menor vulnerabilidade dos preços e
inexistência de forte concorrência externa como a dos EUA, além de regiões propícias para o cultivo da cana

Na década de 1840 o mercado internacional apresentava-se bastante favorável ao produto brasileiro, favorecendo o surgimento,
nessa década e nas duas subseqüentes, de um grande número de engenhos, sendo a maioria movido a vapor ao a energia
hidráulica. Tal dado é de extrema importância se notarmos que Pernambuco, principal exportador de açúcar do Brasil, possuía
apenas 2% de seus engenhos movidos à energia hidráulica. O Maranhão possuía, 1870, cerca de 500 engenhos, sendo a maioria no
vale do Pindaré e na região de Guimarães. Até o início dos anos 80 a produção de algodão expandiu-se, porém, na década
subseqüente começou um acelerado processo de declínio. Na realidade essa crise começou a evidenciar-se bem antes dessa data.
Notou-se que a partir dos anos 70 os senhores de engenho já se queixavam das dificuldades para a venda do produto e,
principalmente, para o plantio e manutenção da mão de obra.

No caso da cana–de–açúcar, além do modelo exigir o uso da força de trabalho escravo, cujas campanhas abolicionistas já
encontravam–se em franco processo, o produto básico resultante desta atividade, o açúcar, encontrava–se com preços
acentuadamente baixos, tanto interna, como externamente, não podendo responder o mercado local e regional para o que se
propunha, dada a sua estreiteza à época

3.2- A Rizicultura:

No Maranhão a rizicultura constitui-se em uma atividade diferenciada da agricultura de exportação e da agricultura de gêneros
de subsistência, formando pois, uma atividade diferenciada das demais. Iniciada nos moldes agro-exportadores no final do período
colonial esta atividade transformou-se em uma substancial fonte de renda para a província, principalmente para as regiões da
baixada.

Durante o período imperial a rizicultura transformou-se em uma atividade alternativa aos problemas surgidos na lavoura
tradicional, propiciando o incremento de uma série de atividades direcionadas ao mercado interno. Baseada em uma produção de
médio porte e sustentada na produção familiar a rizicultura tornou-se responsável pela manutenção da economia local no período
agudo da crise.

3.3- A Agricultura de Subsistência:

Os gêneros agrícolas destinados à subsistência interna mais cultivados no Maranhão, nessa época, foram mandioca, milho e
feijão. Eram cultivados por toda província, nas unidades produtoras de gêneros exportáveis , nos quilombos, nas colônias
indígenas, nos roçados das fazendas de gado, por toda parte.

Esta atividade desenvolveu-se dentro dos limites do sistema escravista na chamada brecha camponesa e teve como principal
elemento difusor o próprio escravo. A brecha camponesa foi responsável pela manutenção do comércio interno da colônia e pela
formação do campesinato local no pós abolição.

3.4- A Pecuária:

Além da produção agrícola desenvolveu-se no Maranhão a atividade criatória, que se concentrou no sul da província formando
uma zona diferenciada das demais regiões. Desenvolvida de forma extensiva a pecuária tornou-se a atividade econômica básica
destes sertões. Baseada na produção de couro, esta atividade desenvolveu-se com certa rapidez a partir das décadas de 1840 e 1850
possibilitando a ocupação da região sul da província e a formação de uma sociedade diferenciada das demais sociedades, apesar de
voltada para o controle da terra.

A grande contribuição da pecuária deu-se, no entanto, no povoamento e na forma de ocupação dos sertões de dentro. Esta
forma de ocupação caracterizou-se pela abertura de caminhos para deslocamento do gado e pela busca de novas áreas de pastoreio.
O gado criado livre possibilitou uma ampliação considerável da fronteira de ocupação na província, além da consolidação de um
tipo diferenciado de sociedade

Ao contrário da agro-exportação a pecuária possuiu como marca fundamental a utilização do sistema de parceria e do trabalho
livre, onde a figura do agregado social tornou-se bem mais marcante que o escravo na região.

3.5- O Comércio de Exportação:

Situado, na sua maioria, em São Luís e nas grandes cidades do interior da província, esta atividade torno-se fundamental para a
manutenção da estrutura sócio-econômica local. Responsável pela ligação do Maranhão com o mercado internacional e nacional, o
comércio de exportação funcionava na província com múltiplas atribuições, pois além de possibilitar a venda dos produtos
exportáveis e a introdução dos produtos manufaturados exigidos pela elite local, era responsável também pela liberação do crédito
e pela introdução da mão-de-obra na região.

Além de controlar as principais casas comerciais os empresários locais controlavam também os bancos e as casas de
financiamento e fomento da produção, posição que permiti a estes homens um destaque social e político na província. Ao contrario
do que aconteceu no resto do brasil a camada comercial local desfrutou de ma posição privilegiada, tanto na sociedade, quanto na
política local. O papel desempenhado pelo setor comercial foi fundamental para a reaplicação do capital e para as experiências
desenvolvidas na província, tanto no tocante às formas alternativas de superar a crise, quanto no tocante às experiências de
substituição da mão-de-obra africana na região.

Ao contrário do que se deu no período colonial, durante o império a relação entre a camada comercial e a aristocracia rural era
bem definida, pois se aos primeiros era dado o privilégio do controle do crédito e do comércio aos segundos era dado o privilégio
do controle da produção e da política local, devido ano à existência do voto censitário, quanto à forma como o império dava a estes
senhores privilégios judiciais locais (indicação de juizes, delegados, funcionários públicos, etc)

4- As Relações Sociais na província:

Durante o período imperial a sociedade maranhense caracterizou-se por ser aristocratizada, predominantemente rural e
escravista. Tal qual o restante do país, o Maranhão constituiu, do ponto de vista social, um forte legado colonial, esta proposição
determinou as seguintes características:

a- Padrões comportamentais europeizados, uma vez que a elite local tentava demonstrar um grau de refinamento e sofisticação
dentro dos padrões franceses de comportamento.
b- Relações sociais de produção predominantemente escravistas, devido ao fato do trabalho escravo constituir a base de
sustentação da sociedade e da economia local. O escravo dava poder e status e, por este motivo, tornava-se indispensável aos
interesses da leite rural local.
c- Monopolização do poder político, provocando uma exclusão da grande maioria da população no que diz respeito à participação
no poder. Essa característica é chamada de oligarquização do poder público na província.
d- Desprezo pelas atividades populares, consideradas ilegais e em alguns casos punidas com a prisão e a execução dos
responsáveis. As atividades artísticas e culturais de cunho folclórico e as organizações religiosas só eram permitidas quando
autorizadas pela igreja católica, ficando o restante marginalizado em relação à aceitação por parte do estado.

4.1- O Trabalho Escravo:


No Maranhão imperial todo e qualquer trabalho físico era desempenhado pelos trabalhadores escravos. Nas zonas rurais, eles
se destinavam, sobretudo, ao trabalho na grande lavoura, desde o desmatamento até a colheita dos gêneros e sua transformação em
produtos prontos para a comercialização. Ocupavam-se, ainda, do transporte destes artigos até o ponto de escoamento, e da
construção e reparo dos caminhos. Cuidavam também da produção dos gêneros de subsistência, milho, mandioca e feijão, além
destas atividades, nas horas vagas dedicavam-se à pesca, que funcionava como complemento à sua alimentação.

A partir, principalmente, da Segunda metade do século XIX, com a extinção do tráfico negreiro, o regime escravista no Brasil
começou a desmoronar. No Maranhão a classe senhorial foi duramente atingida, essa classe, no entanto, procurou adaptar-se,
através da implementação de medidas alternativas, visando resguardar sua base material de dominação. Estas reformas, porém,
possuíam um forte obstáculo, qual seja; o aprofundamento da crise geral da economia local.

Com o fim do tráfico negreiro, o escravo africano teve seu preço consideravelmente elevado, provocando uma intensa corrida
interna para a reposição deste nas grandes fazendas, esta corrida ficou conhecida como tráfico interprovincial, do qual o Maranhão
participou ativamente, fornecendo escravos para as fazendas do vale do paraíba, que estava em ascensão neste momento. A venda
de escravos para as fazendas de café foi a forma mais imediata que alguns fazendeiros encontraram para repor, de forma imediata,
as perdas ocorridas com a crise da grande lavoura. A medida que a crise se aprofundava mais e mais escravos deixavam, via venda,
as fazendas do Maranhão rumo ao centro-sul do país.

OBS: Com a crise do escravismo várias tentativas de inserção do trabalho livre foram feitas na província, entre elas destacam-se
a imigração estrangeira e as colônias de produção e serviços públicos da província (todas auxiliadas pela publicação da Lei de
Terras, que estabelecia que as terras devolutas não poderiam ser ocupadas senão pela compra). As principais colônias de produção
e serviços foram:

a- Colônia do Arapapaí – 1858 com 368 colonos destinou-se a obra de construção do canal do Arapapaí
b- Colônia de Petrópoles – 1855 com 168 colonos foi fundada pelo empresário Francisco Marques Rodrigues, através de um
contrato assinado com o governo provincial para a exploração de terras no município de Codó. Os colonos desta colônia eram
naturais do Porto
c- Colônia de Santa Tereza – 1855 com 140 colonos vindo dos açores, foi contratada pelo empresário Antônio Mendonça de
Bittencourt, em terras que possuía no município de Cururupú
5- A Crise da Economia Maranhense:

No âmago da crise do sistema agro–exportador algodoeiro, várias experiências surgem como expressão de uma nova busca de
alternativas para evitar a derrocada completa dos capitais comerciais e agrários da província do Maranhão, no finalzinho do
império, foi determinada pela onda de investimentos deslocados do setor comercial e destinados ao setor têxtil”

5.1- O Parque Fabril Têxtil:

A partir de meados do Séc. XIX a crise da economia maranhense aprofunda-se, ocasionada pela desagregação do escravismo e
pela superação dos produtos locais no mercado internacional. Com a crise da economia local, passou a ser necessário uma
rearticulação da mesma visando, sobretudo, sanar as perdas da Aristocracia Rural, ocasionada pela falência de engenhos e fazendas
algodoeiras. Para solucionar tal problema e reaver o capital perdido com a crise da agro – exportação algodoeiro, a elite local
resolveu reaplicar o capital restante em um novo setor da economia, a instalação de um parque fabril responsável pelo semi-
manufaturamento do algodão. A partir daí o Maranhão entra em uma era que ficará conhecida como a “época da euforia
industrial” segundo as palavras do Historiador Jerônimo Viveiros. Esta fase corresponde ao período de transição do império para a
república no Brasil.

Essas fábricas foram implantadas nos principais núcleos urbanos da época: em São Luís, num total de dez; em Codó, somente
uma; e em Caxias em um total de quatro. A fonte básica do financiamento foi a mesma dos engenhos centrais: os comerciantes
urbanos e agro-exportadores do Maranhão. Essas fábricas também se constituíram sob a forma de sociedades anônimas
De imediato, certamente devido ao isolamento a que vinha sendo lançada a economia local e regional, em função da
quebradeira e da paralisação das atividades exportadoras, a produção têxtil avançou significativamente, voltando – se para um
mercado regional pouco exigente, mas que estava disposto a consumir seus produtos: fios, punhos de redes, tecidos de brim e
riscados grosseiros.

Da mesma forma que o Engenho Central, o setor têxtil contou com dificuldades em conseguir recursos para a capitalização de
seus empreendimentos, o que fica caracterizado, também, pela não integralização plena das ações por muitos daqueles que o
subscreveram.

São fatores da implantação do parque fabril têxtil no Maranhão:

a- A crise geral vivida pela economia local provocando m deslocamento do capital restante para o setor fabril
b- A abolição da escravidão liberando a mão-de-obra e provocando um deslocamento de parte destes ex-escravos para as grandes
cidades do interior da província e para a capital
c- A política emissionista e de liberação do crédito dos primeiros governos republicanos, ocasionando uma euforia fabril em todo
o país.
d- A existência de um setor comercial urbano com capital suficiente para aplicar no nascente parque fabril.
e- A venda de algumas propriedades, por parte da elite rural, tentando aplicar o capital conseguido nas fábricas implantadas em
São Luís

OBS: Apesar da participação da falida elite agrária na montagem do parque fabril têxtil, o capital predominante em tal processo
foi o capital comercial, gerado principalmente a partir do comércio de exportação.

O parque fabril têxtil do Maranhão não pode ser visto com um parque fabril nos moldes europeus ou norte americano, ao
contrário do que se dava nestes países, no Maranhão o parque fabril estava profundamente atrelado ao setor agrário e mais
especialmente à agro-exportação do algodão. Apesar deste sério problema o parque local conseguirá sobreviver até a década de
1960, quando entra em processo de desagregação final. Até esta década os mercados nacional e regional, aliados às duas grandes
guerras, possibilitam a manutenção deste parque fabril.

Parte 4 – Maranhão República

1. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DE TERRAS NO MARANHÃO DURANTE A PRIMEIRA REPÚBLICA


Um outro aspecto marcante deste período no Maranhão é o processo de ocupação das terras do interior do estado, que, segundo
Franz Gistelinck, inicia-se, nos moldes atuais, a partir do final do séc. XIX, mais especificamente após a abolição da escravatura. O
mesmo autor divide este processo em quatro fases distintas, duas das quais durante a primeira república. São elas:

I- Fase de formação do campesinato, correspondente ao período da abolição da escravidão ( final do séc. XIX e décadas de 1910 e
1920 )
II- Período das grandes secas, nas décadas de 1920 e 1930
Podemos enumerar as seguintes características da primeira fase de ocupação do campo maranhense:

 Transformação do escravo em camponês modificando a relação de forças existente no campo e reforçando o poder do grande
proprietário
 Manutenção da estrutura oligárquica e da ocupação das terras no limite do grande latifúndio
 Consolidação da relação de dependência entre o grande latifundiário e o camponês, traduzida no compadrio e no controle
eleitoral
 Predomínio das atividades de baixa densidade produtiva como o arroz, a mandioca, o milho e o algodão
 Aumento da área destinada à pecuária extensiva ampliando sobremaneira as áreas ocupadas nos vales dos rios
 Ocupação das áreas tradicionais do Estado representadas pelo litoral, baixada e vales dos rios Itapecurú, Mearim e Gurupi
No período que vai de 1920 a 1930 o nordeste será sacudido por duas grandes secas que, a grosso modo, ocasionarão um
deslocamento das populações nordestinas em direção dos estados do norte em busca de melhores condições de vida devido, entre
outros aspectos, a existência de terras férteis e de um grande potencial hídrico. A entrada de grandes levas de imigrantes
nordestinos no Maranhão, durante o segundo quartel do séc. XX, ocasionou uma mudança nas áreas ocupadas e nas relações entre
o grande latifúndio e o campesinato. Tais mudanças podem ser notadas com as seguintes características:

 ocupação de novas áreas, reforço do poder do grande latifúndio, aparecimento de novos personagens ( posseiro e comerciante
usineiro ), ocupação dos chamados “caminhos da boiada”.
 ocupação de terras devolutas e dos vales médios dos rios( Mearim, Corda, Pindaré e Gargaú ), fortalecimento das atividades
marginais, surgimento de novas vilas, reforço do poder do coronel e aumento do contingente populacional rural.
 Proliferação das lavouras de arroz e mandioca, aumento dos conflitos no campo, expulsão dos camponeses rumo a novas áreas
mais ao sul do estado.
 Surgimento do comércio do babaçu proporcionando a ocupação de novas terras, formação de um novo setor da elite local
formada basicamente por comerciantes que atuam no interior do estado.
OBS: Nesta nova fase de ocupação do campo maranhense o camponês torna-se o elemento principal de ampliação das áreas
ocupadas, porém a desigual relação com o comerciante usineiro e a falta de instrumentos legais de proteção ao campesinato
determinaram o deslocamento do camponês para área distantes dos vales dos rios, em um movimento que só se encerrará na
década de 1950 com a entrada dos grandes projetos rodoviários e agropecuários no estado.

OBS2: Durante a primeira república no Maranhão um grupo de literatos, professores, médicos e pesquisadores tentarão
“reconstruir” a imagem do Maranhão e do maranhense. Tal grupo, resultado direto da fuga dos grandes literatos para o sudeste,
mais precisamente para a capital da república, tornou-se a referência urbana em um Estado predominantemente agrário.
Participaram deste grupos os principais intelectuais residentes no Estado no começo do séc. XX ficou conhecido como o grupo
dos “Novos Atenienses”.

2. O MARANHÃO APÓS A REVOLUÇÃO DE 1930( PERÍODO VARGAS )


Com a revolução de 1930 a situação no Maranhão, a exemplo do Brasil, vai passar por uma série de mudanças, a grande maioria
restrita ao campo da organização do Estado e do reordenamento das forças que predominam no cenário local. Tal situação é, na
realidade, um reflexo do modelo adotado pelo governo central, principalmente durante o Estado Novo

As mudanças ocorridas no Maranhão durante este período serviram para desestruturar, ainda que provisoriamente, o
mandonismo local no estado, principalmente após a indicação de Paulo Ramos para o cargo de interventor federal no Maranhão.
Segundo Mário Meireles a atuação de Paulo Ramos no comando do executivo estadual serviu para que novos grupos ascendessem
no cenário estadual, compondo mais tarde o novo mandonismo, caso específico do pernambucano Vitorino Freire que, com o fim
do Estado Novo, consolida-se como chefe político local.

Convém lembrar que as medidas adotadas durante o referido período muito mais consolidam a estrutura sócio-econômica do
que a transformam, pois as bases da economia continuam agrárias e extrativas e as oligarquias rurais apenas se “recolhem”
temporariamente. Na realidade a base de sustentação do governo Paulo Ramos( apesar da demonstração pública de autonomia )
ainda era mantida pelas oligarquias locais.

São características do Maranhão durante o período Vargas:

 Aumento das atividades fabris ocasionando um renascimento dos centros urbanos e das camadas ligadas ao setores comercial e
fabril
 Aplicação das rendas públicas nos serviços de melhoramentos urbanos e nos setores educacional e de assistência social
 Reorganização dos aparelhos de Estado nos moldes impostos pelo governo Vargas
 Reaquecimento do parque fabril têxtil impulsionado pela 2.ª guerra mundial e pelo reordenamento do mercado após a crise de
1929
 Surgimento e consolidação dos sindicatos e das associações de classe visando estender o poder do Estado às bases populares da
sociedade.
OBS: O período Vargas marca, no Brasil, a passagem da política de elites para a política de massas, onde o Estado desempenha o
forte papel de mediador das ações sociais e de incentivador direto da economia, a partir do gerenciamento direto das ações
produtivas. Além destas transformações outra mudança ocorrida foi a planificação e a nacionalização das ações sócio-
econômicas. O maranhão, como um Estado iminentemente agrário e com fortes problemas econômicos demorará para entrar
neste contexto, só passando por parte destas transformações durante o plano de metas do governo Kubitschek.
3. NOVO MANDONISMO LOCAL(PERÍODO POPULISTA)
A década de 1950 marca, no Brasil e no Maranhão, uma série de mudanças. É o período do populismo e do nacional
desenvolvimentismo, levado a cabo pelos governos que se seguem no pós guerra, e do reordenamento dos grupos que compõem o
poder, tanto a nível local, quanto nacional.

No plano nacional o governo Kubitschek(1956 a 1961) consolida o modelo populista, adotando uma política de fomento ao
crédito e à montagem de indústrias no Brasil, num processo conhecido como substituição de importações. Tal política irá se
assentar em um plano de metas, que, a grosso modo, será baseado em três pontos: melhoria do sistema rodoviário, incentivo à
montagem de indústrias de base no centro sul do país, liberação do crédito ao consumidor e liberação dos sindicatos.

O Maranhão irá, como todo estado brasileiro, sentir os efeitos desta política. Recém saído de uma grande greve( a greve de 1951,
desencadeada por motivos políticos e que demonstrou de forma clara o reordenamento dos grupos que disputavam o poder no
estado ), com um parque fabril que ainda sentia os efeitos da segunda guerra mundial( que provocou uma elevação do preço do
algodão e dos seus produtos) e com um intenso processo de capitalização do campo( devido ao crescimento da extrato-indústria do
babaçu e à valorização do arroz ), o estado vai se tornar um palco perfeito para conflitos sociais no meio rural e para novas disputas
pelo poder, tanto no plano do executivo, quanto do legislativo. No plano político este período é marcado pela ascensão e
consolidação do grupo vitorinista, que tinha na figura de Victorino Freire, então senador da república, seu principal líder. A greve
de 1951, no dizer de Benedito Buzar, será a maior greve já ocorrida na capital do estado. Podemos enumerar como fatores deste
movimento:

 A crise do parque fabril têxtil aumentando ainda mais a tensão social existente na capital
 O reordenamento político nacional que, após o Estado Novo, transferiu para os Estados a possibilidade de reorganizar os
grupos detentores do poder e as instituições que legitimavam tais grupos
 A existência de uma forte oposição composta principalmente por intelectuais e personalidades de projeção nacional
 A reorganização do mandonismo local e da política das oligarquias, atuando agora sob o manto do pluripartidarismo
 As disputas pelo controle político do Estado, tanto a nível Federal, quanto a nível regional
 A busca de legitimidade por parte dos grupos que disputavam o poder no estado
OBS: A década de 1950 marca o início da desarticulação do parque fabril local devido, entre outros fatores, aos próprios reflexos
da política de reorganização da economia nacional própria do período populista, e os seus reflexos sobre a economia local.
Neste período, segundo Bandeira Tribuzi, o parque fabril, apesar de obsoleto, chega a responder por 11% da economia local.

Neste período a extrato-indústria do babaçu também se aquece provocando uma valorização das terras no interior do estado
e uma diversificação das atividades ligadas ao capital gerado pelo comércio do Babaçu. A principal marca deste momento será a
ampliação da fronteira agrícola e a planificação da ocupação do campo maranhense

As décadas de1950 a 1970 são marcadas pela implantação dos grandes projetos agropecuários e rodoviários que irão
desencadear um novo processo de ocupação do campo maranhense. São características deste período:

 A construção das rodovias de integração nacional cortando o sul do estado e proporcionando uma revitalização das áreas do
sertão maranhense
 A implantação de grandes projetos concretizado na agricultura de grãos e na pecuária intensiva, possibilitando a entrada do
grande capital no campo maranhense
 Hipervalorização da terra fazendo com que a propriedade valesse por ela própria sem necessidade imediata de produção,
valorizando-se somente pela localização e viabilidade
 Aumento do êxodo rural como conseqüência do aumento dos conflitos pela posse da terra entre o camponês e o grande
proprietário
 Expulsão do homem do campo para áreas mais ao interior do estado possibilitando a ocupação de áreas de reserva natural e
indígena
 Intensificação das políticas de colonização com o objetivo de retirar o camponês das áreas mais valorizadas e pretendidas pelo
grande capital
 Desenvolvimento do fenômeno da grilagem marcado pela posse ilegal da terra e pela difusão da chamada “república cartorial”
 Aumento dos conflitos agrários ocasionando ma diminuição do potencial produtivo do pequeno produtor
OBS: Durante a década de 1950 será organizado um grupo de literatos no Maranhão que ficará conhecido como geração de 1945.
Este grupo fará oposição sistemática ao mandonismo de Vitorino Freire e às estruturas de sustentação do Estado. Farão parte
deste grupo: Lago Burnet, Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzzi e José Sarney. Este grupo comporá a base de sustentação do novo
corpo oligárquico do Maranhão, propondo a construção de um poder público mais atrelado às mudanças rumo à modernização
econômica do Estado, o chamado “Maranhão Novo”.
A implantação dos grandes projetos no Maranhão desencadeará um intenso conflito no campo e, em conseqüência, um forte
êxodo rural. Os governos estadual e federal vão tentar resolver tal problema através da implantação dos programas de colonização
que, na realidade, serão desenvolvidos por instituições criadas para tal fim. No dizer de Franz Gistelinck, tais projetos trazem
imbutidos na sua prática a necessidade de afastar o camponês mais para o interior e liberar a área de maior valor para o grande
capital. São as seguintes as instituições que atuarão no Maranhão:

 INCRA
 COLONE
 ITERMA
 COMARCO
OBS: Com o golpe de 1964 uma nova fase se desenvolverá no Maranhão marcada, principalmente, pela organização de um novo
modelo de controle oligárquico e pela ascensão de novas estruturas de controle do poder público. Esta fase será determinante
para a montagem das características atuais do estado e para a introdução do Capital internacional na região, principalmente com
a formação do parque mínero-metalúrgico e com o fechamento da fronteira agrícola. Este período será marcado pela
consolidação do grupo ligado à geração de 1945 e pelo atrelamento do estado às grande empresas multinacionais.

As décadas de 1970 e 1980 serão marcadas por uma crise global vivida no Maranhão. São características destas décadas:

 Surgimento do extrativismo da madeira.


 crise da extrato-indústria do babaçu
 crescente êxodo do campo para a cidade.
 perda geral de projeção no cenário nacional.
 mudança de grupos controladores do poder, surgindo assim um novo grupo oligárquico na região.
 implantação do plano de desenvolvimento da Amazônia oriental ( PDAO )
 execução do Grande Projeto Carajás
 implantação do parque mínero-metalúrgico, representado aqui pela Vale do Rio Doce e pela ALUMAR.
A última fase de ocupação do campo maranhense será conhecida como fase de implantação do projeto Carajás, que coincidirá
com o período dos governos militares no Brasil e com a grande crise de abastecimento mundial, cristalizada na carência de
minérios necessários a própria sobrevivência do mundo capitalista de então. São características desta fase:

 Implantação de grandes projetos mínero-metalúrgicos como o projeto de desenvolvimento da Amazônia Oriental e o projeto
Ferro Carajás
 Implantação das áreas de segurança ambiental e mineral expulsando o homem do campo rumo às grandes cidades do estado.
 Aumento dos conflitos rurais ocasionando o surgimento das áreas de fronteira e grilagem no Maranhão
 Intensificação das diferenças regionais entre o sul e o norte do Estado devido, entre outros fatores, ao surgimento do
empresariado rural no sul e à manutenção das velhas características oligárquicas nas demais regiões do Estado
 Surgimento das favelas rurais em decorrência do fechamento das fronteiras agrícolas
 Valorização da agricultura de grãos e da pecuária de corte que passam a funcionar como principais veículos de introdução de
capital
 Proliferação dos garimpos na região do Gurupi e do Tocantins provocando uma desestruturação das comunidades agrícolas do
interior
 Diminuição do nível de vida do homem do campo devido à devastação ambiental e à proliferação das zonas de pasto e de
extração de madeira
 Crescimento desordenado dos grandes centros urbanos em decorrência da fuga do homem do campo rumo aos grandes centros
do estado.

OBS: No final da década de 1970 e início da década de 1980 o Maranhão passará por uma profunda cisão entre as comunidades
existentes no momento, qual seja: a difusão da idéia de repartição do Maranhão em dois outros estados, marcado
principalmente pelo aprofundamento das diferenças sócio-econômicas entre as duas macro regiões do Maranhão.

Aspectos do Maranhão na atualidade:

 crescimento desordenado das cidades.


 diminuição do nível de vida.
 aumento do custo de vida.
 concentração fundiária e de rendas.
 aumento dos conflitos rurais.
 persistência do poder oligárquico.
 rearticulação da grande lavoura em outras bases ( plantio da soja no sul do estado e mecanização da rizicultura ).
 consolidação do atrelamento definitivo ao capital internacional.
 formação das favelas rurais.
 formação de um parque industrial incipiente e setorizado.

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