Você está na página 1de 35

2

Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3

2. A CHEGADA DOS EUROPEUS AO CONTINENTE QUE HOJE CHAMAMOS DE


AMÉRICA ................................................................................................................................. 4

3. ETNOCENTRISMO E O ABANDONO SALUTAR DO BRASIL ENTRE 1500 E 1530 ....... 8

3.1 O “Achamento” ............................................................................................................ 8

3.2 Etnocentrismo.............................................................................................................. 9

3.3 Os Tupiniquins........................................................................................................... 11

4. O "ABANDONO SALUTAR" DE 1500 A 1530 COM POUCAS VIAGENS


EXPLORATÓRIAS ................................................................................................................. 12

4.1 Primeiras Expedições ................................................................................................ 12

5. O BRASIL NOS QUADROS DO SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA ..................... 13

6. REFORMAS POMBALINAS ............................................................................................ 19

7. CONTESTAÇÕES AO SISTEMA COLONIAL ................................................................. 21

8. A EXPANSÃO COLONIZADORA E A FIXAÇÃO DOS LIMITES ..................................... 26

9. A FIXAÇÃO DAS FRONTEIRAS...................................................................................... 30

10. PERÍODO REPUBLICANO........................................................................................... 31

10.1 Primeira República ................................................................................................. 31

10.2 Era Vargas ............................................................................................................. 32

10.3 Quarta República ................................................................................................... 32

10.4 Ditadura militar ....................................................................................................... 32

10.5 Nova República ...................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 34

2
3

1. INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala


de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar,
interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja
esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta
em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é


preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas.
A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos


definidos para as atividades.

Bons estudos!

3
4

2. A CHEGADA DOS EUROPEUS AO CONTINENTE QUE HOJE CHAMAMOS DE


AMÉRICA

A região da cidade de Jerusalém, na Palestina, onde atualmente fica o Estado de Israel


é sagrada para os fiéis das três mais importantes religiões (ditas) monoteístas do mundo: o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Desde épocas muito remotas, judeus, cristãos e
muçulmanos fazem peregrinações a Jerusalém para venerar os Lugares Santos de suas
respectivas fés.
Na Idade Média – e ainda hoje, em certa medida – os cristãos em geral acreditavam
que os lugares onde os santos viveram, os objetos por eles usados e o que restava de seus
corpos (as chamadas “Relíquias”) possuíam poderes milagrosos, como a cura de enfermos e
a salvação para os pecadores. Havia vários lugares de veneração espalhadas por todo o
mundo cristão, mas a Terra Santa, onde Jesus viveu, pregou e foi supliciado, era considerado
o mais sagrado de todos.
Para os judeus, Jerusalém é a principal cidade de sua antiga pátria e ali se encontram
vários locais sagrados, principalmente o “Muro das Lamentações”, ruínas do Templo de
Salomão destruído pelos romanos no primeiro século de nossa era. Para os cristãos, é
reverenciada por ter sido o local no qual Jesus de Nazaré viveu durante os três últimos anos
de sua vida, pregou, fez discípulos e foi crucificado. Para os muçulmanos, Jerusalém é uma
Cidade Santa porque foi dali, da “Cúpula do Rochedo”, situada no coração de Jerusalém –
reza a Tradição que ainda é possível ver a marca do casco do cavalo alado que o levou – que
Maomé subiu ao céu.
Apesar da grande distância da Europa Ocidental, muitos peregrinos faziam uma longa e
arriscada jornada para chegar a Jerusalém. Alguns iam primeiro para Roma e, em seguida,
partiam de algum porto italiano para Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente ou
Império Bizantino e, de lá, para a Palestina. As pessoas mais pobres percorriam todo o trajeto
a pé.
Os Europeus dependiam visceralmente das especiarias encontradas nas Índias (nome
dado vagamente a toda a região sudeste do continente asiático). Em particular nos períodos
mais quentes do ano as especiarias ou temperos (cravo, canela, noz moscada, pimenta...)
eram fundamentais para a conservação e aprimoramento do sabor dos alimentos. A mesma
rota usada pelos Peregrinos era também a rota dos mercadores (hoje eufemisticamente
conhecidos como comerciantes) que iam da Palestina às Índias por terra e lá, trocavam

4
5

produtos europeus pelas especiarias. Não raro, simplesmente saqueavam vilarejos hindus de
suas riquezas e as vendiam na Europa com lucro de 100%, independente da desgraça
causada no local do saqueio.

Fonte:encrypted-tbn0.gstatic.com

Após longo período de cerco, em 1453 as poderosas muralhas de Constantinopla


caíram sob o poder dos canhões de Maomé III. A “Queda de Constantinopla” e sua ocupação
pelos turcos otomanos (muçulmanos) marca o fim do Império Romano do Oriente. Muitos
sábios migraram de Constantinopla para Roma, Veneza e Gênova, na península Itálica e
ajudaram, com seus aportes, a incrementar o Renascimento Europeu.
Com as rotas terrestres para as Índias completamente bloqueadas pois os inimigos
mortais dos Europeus Ocidentais ocupavam toda a Palestina e até Constantinopla (hoje
Istambul, na atual Turquia), além disso as disputas entre Católicos e Protestantes no Segundo
Cisma do Cristianismo tornava a Europa Central uma área consideravelmente perigosa para
os mercadores católicos da Península Ibérica. Era necessário encontrar um "Caminho
Marítimo" para "as Índias".
As viagens navais daqueles tempos podem ser comparadas – grosso modo – às
viagens espaciais da era moderna. Inicialmente, somente Portugueses e Espanhóis
dispunham dos conhecimentos técnicos necessários à construção de grandes embarcações
e, com o auxílio de instrumentos aprendidos com os muçulmanos (como o astrolábio, por

5
6

exemplo, instrumento fundamental ao fiel muçulmano para localizar a direção da cidade de


Meca para suas preces diárias mesmo em dias nublados ou durante a noite) podiam navegar
e orientar-se pelas estrelas, mesmo à noite.

Fonte: www.amorlegal.com

Após a Unificação do Reino de Espanha com o casamento de Fernando de Aragão


com Isabel de Castela que possibilitou a união de forças necessárias à retomada de Granada,
ao sul da Espanha (os muçulmanos ocuparam toda a Península Ibérica por cerca de 700 anos,
daí muito de sua influência aparece na cultura daqueles povos e dos latino-americanos, nós,
que descendemos deles) um navegador genovês (nascido em Gênova, na Península Itálica)
chamado Cristóvão Colombo conseguiu os recursos necessários a subvencionar sua
ambiciosa viagem de circunavegação – dar uma volta à Terra, que, já se sabia, era redonda –
e chegar “ao Levante, viajando na direção do Sol Poente”. Só não contava mesmo encontrar
um continente inteiro no meio do caminho - sorte dele, aliás, que não contava com suprimentos,
equipamentos e tripulação suficientemente motivada e crédula para chegar tão longe quanto
a China, na hipótese de o Continente que hoje chamamos de América não existisse...

6
7

Fonte:www.rededecursos.com.br

No entretempo os Portugueses chegavam às Índias circunavegando o Continente


Africano em viagens, para a época, cheias de perigos e aventuras.
Após muitos contratempos Colombo chega às ilhas do Caribe e imagina haver chegado
às ilhas de “Cipango” – nome pelo qual o Japão era conhecido – e, como Marco Polo 300 anos
antes, embora viajando na direção contrária, chegar até o “Império Katai” – como era
conhecida a China. Índios do Caribe faziam referência a um "Grande Reino" no Continente
(referiam-se à Confederação Azteca) que Colombo interpretou como sendo o famoso "Império
Catai" encontrado por Marco Polo 250 anos antes. Toma posse de todas as terras encontradas
em nome dos reis Cristãos de Aragão e Castela – independentemente de serem terras
habitadas por outros seres humanos, que receberam o nome de “índios” pois que se imaginava
estar chegando às Índias. Colombo morreu acreditando haver descoberto uma rota marítima
para as Índias, navegando em linha reta na direção do Sol Poente. Naquela época, era
totalmente desconhecida a existência de um Continente inteiro e habitado por milhares de
Nações de Seres Humanos diferentes no caminho entre a Europa e a Ásia. Este continente
recebeu o nome de “América” pois foi o florentino (nascido em Florença, na Península Itálica)
Américo Vespúcio, que navegou, estudando todo o litoral destas terras recém encontradas, o
descobridor de que se tratava de um “Mundo Novo” – Mundus Novus é o título do Trabalho em
que registra oficialmente, pela primeira vez na história do Ocidente, que havia um continente
inteiro entre a Europa e a Ásia, continente que, como se disse, em sua homenagem leva o
nome de “América”.

7
8

3. ETNOCENTRISMO E O ABANDONO SALUTAR DO BRASIL ENTRE 1500 E 1530

O interesse pelo Oriente – a armada de Pedro Álvares Cabral, em verdade, dirigia-se


às “Índias”, mas, seja acaso, tormentas, calmarias ou por propósito (o mais provável) chegou
ao Brasil em 1500. Apesar de ter tomado posse da terra em nome do rei de Portugal, o principal
interesse da monarquia, enfatize-se estava voltado para o Oriente, onde estavam as tão
cobiçadas especiarias.

3.1 O “Achamento”

A Carta de Pero Vaz de Caminha fala em “achamento” destas terras, não fala em
“descobrimento” ou “casualidade”. Tudo indica que, realmente, procuravam alguma terra, e a
acabaram “achando” ... O relato abaixo permite-nos uma ideia de como aconteceu este
“achamento” segundo relatos de marujos da esquadra cabralina.
Na terça-feira à tarde, foram os grandes emaranhados de “ervas compridas a que os
mareantes dão o nome de rabo-de-asno”. Surgiram flutuando ao lado das naus e sumiram no
horizonte. Na quarta-feira pela manhã, o vôo dos fura-buchos – uma espécie de gaivota –
rompeu o silêncio dos mares e dos céus, reafirmando a certeza de que a terra se encontrava
próxima. Ao entardecer, silhuetados contra o fulgor do crepúsculo, delinearam-se os contornos
arredondados de “um grande monte”, cercado por terras planas, vestidas de um arvoredo
denso e majestoso.
Era 22 de abril ale 1500. Depois de 44 dias de viagem, a frota de Pedro Álvares Cabral
vislumbrava terra – mais com alívio e prazer do que com surpresa ou espanto. Nos nove dias
seguintes, nas enseadas generosas rio sul da Bahia, os 13 navios da maior amada já enviada
às índias pela rota descoberta por Vasco da Gama permaneceriam reconhecendo a nova terra
e seus habitantes.
O primeiro contato, amistoso como os demais, deu-se já no dia seguinte, quinta-feira,
23 de abril. O capitão Nicolau Coelho, veterano das Índias e companheiro de Gama, foi a terra,
em um batel, e deparou com 18 homens “pardos, nus, com arcos e setas nas mãos”. Coelho
deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Em troca, recebeu
um cocar de plumas e um colar de contas brancas. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz,
entrava, naquele instante, no curso da História.

8
9

O descobrimento oficial do país está registrado com minúcia. Poucas são as nações
que possuem uma “certidão de nascimento” tão precisa e fluente quanto a carta que Pero Vaz
de Caminha enviou ao rei de Portugal, dom Manuel, relatando o “achamento” da nova terra.
Ainda assim, uma dúvida paira sobre o amplo desvio de rota que conduziu a armada de Cabral
muito mais para oeste do que o necessário para chegar à Índia. Teria sido o descobrimento do
Brasil um mero acaso?
É provável que a questão jamais venha a ser esclarecida. No entanto, a assinaturas do
Tratado de Tordesilhas, que, seis anos antes, dera si Portugal a posse das terras que ficassem
a 370 léguas (em torno de 2.000 quilômetros) a oeste de Cabo Verde explique a naturalidade
com que a nova terra foi avistada, o conhecimento preciso das correntes e das rotas, as
condições climáticas durante a viagem e a alta probabilidade de que o país já tivesse sido
avistado anteriormente parecem ser a garantia de que o desembarque, naquela manhã de abril
de 1500, foi mera formalidade: Cabral poderia estar apenas tomando posse de uma terra que
os portugueses já conheciam, embora superficialmente. Uma terra pela qual ainda demorariam
cerca de meio século para se interessarem de fato.

3.2 Etnocentrismo

Todas as culturas e civilizações humanas partilham algumas coisas em comum; por


exemplo, tanto Esquimós, quanto Bosquímanos, Tupinambás, Astecas, Zulus, Mongóis,
Japoneses e Europeus consideram a própria cultura ou civilização superior a todas as demais.
Para os Ibéricos (Portugueses e Espanhóis) cristãos, com seu elã vital de "propagar o
cristianismo católico" iam além e consideravam sua cultura ou civilização "a única válida" a
exemplo dos estadunidenses hoje em dia, no século XXI.
Aquela visão tacanha não permitiu ver a tremenda diversidade cultural entre as mais
distintas civilizações e povos diferentes que aqui viviam: Tupinambás, Carijós, Tupiniquins,
Ianomamis, Guaranis... Todos eram "índios sem cultura, sem rei nem lei" e tinham de receber
a cultura e a religião ibéricas - a alternativa era a morte ("Ficar entre a cruz e a espada" tem
precisamente este significado, por sinal).

9
10

Fonte:www.historiaviva.com.br

Apenas a título de ilustração ou curiosidade, todas as civilizações humanas têm a sua


própria forma fazer sacrifícios humanos. Hoje em dia, nos EUA, a moda é julgar formalmente
e, o considerado "culpado" de algo como "crime hediondo" é sacrificado através do uso da
Cadeira Elétrica, da Forca ou da Injeção Letal. Na Península Ibérica ao tempo da conquista
colonial do Brasil eram também muito comuns os sacrifícios humanos. A Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé, nome eufemístico da Santa Inquisição, julgava - aplicando
violentos métodos de tortura física e psicológica, extraindo confissões as mais diversas - e, ao
término dos trabalhos, "abandonava ao braço secular" o corpo da vítima a ser sacrificada
indicando como deveria ser. Um método muito popular de Sacrifício Humano na Península
Ibérica ao tempo da conquista colonial era a fogueira. A vítima era queimada numa fogueira,
em geral ainda em vida (como ocorreu com Giordano Bruno, por exemplo); em alguns casos
eram garroteados - mortos por enforcamento através de um garrote em torno da garganta - e,
a seguir, incinerados para delírio da plateia. Também no continente que hoje chamamos
América, nos tempos da conquista colonial, se praticava o sacrifício humano: inimigos
derrotados eram mortos e sua carne, devorada pelos vencedores - um ritual nem tão raro nem
tão comum quanto os Sacrifícios Humanos perpetrados na Europa cristã, naturalmente. Mas
uns não consideravam aos outros como praticando esse tipo de coisa...
Agora, imagine que você desse de presente para um grupo de índios da Amazônia
(onde não há eletricidade, água encanada, saneamento básico ou mesmo respeito por parte
da FUNAI - Funerária Nacional de Índios) um computador de último tipo, capaz de pegar o

10
11

sinal da Internet por satélite e funcionar a bateria. Diante de tal peça, os Ianomami, respeitosos,
o enfeitariam com penas, colocariam outros adereços comuns e deixariam o computador em
exibição, todo enfeitado, a quem desejasse olhar. Estranho? E nós que pegamos seus
instrumentos de trabalho - como arco-e-flexa, por exemplo - e penduramos como enfeite em
nossas paredes? Qual a grande diferença?
Enfim, em última instância, no mundo humano e sendo o ser humano como é, vence
sempre quem dispõe de maior poderio bélico, não aquele povo que manifesta um tipo superior
de moralidade. Assim, hoje já não há quase nada de cultura nativa neste país. Os "índios"
foram convertidos ou assassinados.

3.3 Os Tupiniquins
Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com
cerca de 500 nativos.
Eram, se saberia depois, tupiniquins – uma das tribos do grupo tupi-guarani que, no
início do século 16, ocupava quase todo o litoral do Brasil. Os tupis-guaranis tinham chegado
à região numa série de migrações de fundo religioso (em busca da “Terra sem Males”, no
começo da Era Cristã). Os tupiniquins viriam no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e
Bertioga, em São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se aos portugueses na
guerra contra os tupinambás-tamoios, aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: em 1570
já estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de Sá, terceiro governador-geral do
Brasil.

11
12

4. O "ABANDONO SALUTAR" DE 1500 A 1530 COM POUCAS VIAGENS


EXPLORATÓRIAS

Fonte: www.colegioweb.com.br

4.1 Primeiras Expedições

O Brasil, ao contrário do Oriente, não possuía, em princípio, nenhum atrativo do ponto


de vista comercial. Ao longo do período pré-colonial foram, entretanto, enviadas várias
expedições a nosso pais.
Primeiras expedições – Entre 1501 e 1502, Portugal enviou a primeira expedição com
a finalidade de explorar e reconhecer o litoral brasileiro. Essa expedição, da qual se
desconhece o nome do comandante, foi responsável pelo batismo de inúmeros lugares: cabo
de S. Tomé, cabo Frio, São Vicente, etc. Com certeza, nessa expedição viajou o florentino
Américo Vespúcio, que, posteriormente, em carta ao governante de Florença, Lourenço de
Médici, irá declarar que não encontrou aqui nada de aproveitável. Apesar disso, constata a
existência do pau-brasil, madeira tintorial conhecida dos europeus desde a Idade Média, que
até então era importada do Oriente.
O pau-brasil – As primeiras atividades econômicas concentraram-se, pois, na extração
daquela madeira, segundo o regime de estanco, isto é, sua exploração estava sob-regime de

12
13

monopólio régio. Como era costume, o rei colocou em concorrência o contrato de sua
exploração, que foi arrematada por um consórcio de mercadores de Lisboa chefiado pelo
cristão novo Fernão de Noronha, em 1502.
No ano seguinte (1503) Fernão de Noronha montou uma expedição pata a extração do
pau-brasil e fez o primeiro carregamento do produto.
No Brasil, foram estabelecidas então as feitorias, que eram lugares fortificados e
funcionavam, ao mesmo tempo, como depósito de madeira. O pau-brasil era explorado através
do escambo, no qual os indígenas forneciam a mão de obra para corte e transporte da madeira
em troca de objetos de pouco valor para os portugueses.
Brasil 1570. Padres solicitam às Autoridades portuguesas - a Metrópole do Brasil na
época - que enviem órfãs para se casar com os rudes trabalhadores que aqui moravam pois
estavam obcecados - como usualmente os padres sempre são - com a sexualidade dos
trabalhadores que, além de os afastar da missa, produzia uma indesejável quantidade de
mestiços e a prioridade então era o "branqueamento da pele".
O filme DESMUNDO revela de maneira realista o choque cultural entre meninas
profundamente religiosas e seus maridos, brutais, acostumados com a dureza do trabalho e a
lidar com o trabalho escravo. A maioria "amolece" a esposa como um domador de cavalos.
Algumas se suicidam tentando voltar - a nado - a Portugal, algumas enlouquecem. A maioria,
como desde sempre em terra brasilis, "se acomoda" à situação. Alain Fresnot explorou este
tema brilhantemente no filme "Desmundo".

5. O BRASIL NOS QUADROS DO SISTEMA COLONIAL MERCANTILISTA

O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas


colônias em uma determinada época histórica. O sistema colonial que nos interessa abrangeu
o período entre o século XVI e o século XVII, ou seja, faz parte do Antigo Regime da época
moderna e é conhecido como antigo sistema colonial.
Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo
(mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de
ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do
“Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole,
principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas
agrícolas mais ou menos sofisticadas. Uma Colônia de Exploração, como foi o caso do Brasil

13
14

para Portugal, tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de
“plantation”:
_ Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais
_ Monocultura voltada ao mercado exterior: há um “produto-rei” em torno do qual toda
a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o
café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o
consumo ou o mercado interno.
_ Mão de obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além
de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho.

Fonte:www.estudokids.com.br

• O sentido da colonização – A atividade colonizadora europeia aparece como


desdobramento da expansão puramente comercial. Passou-se da circulação (comércio)
para a produção, No caso português, esse movimento realizou-se através da agricultura
tropical. Os dois tipos de atividade, circulação e produção, coexistiram. Isso significa
que a economia colonial ficou atrelada ao comércio europeu. Segundo Caio Prado Jr.,
o sentido da colonização era explícito: "fornecer produtos tropicais e minerais para o
mercado externo".
Assim, o antigo sistema colonial apareceu como elemento da expansão mercantil da
Europa, regulado pelos Interesses da burguesia comercial. A consequência lógica, segundo

14
15

Fernando A. Novais, foi à colônia transformar-se em instrumento de poder da metrópole, o fio


condutor, a prática mercantilista, visara essencialmente o poder do próprio Estado.

• As razões da colonização – A centralização do poder foi condição para os países saírem


em busca de novos mercados, organizando-se, assim, as bases do absolutismo e do
capitalismo comercial. Com isso, surgiram rivalidades entre os países. Portugal e
Espanha ficaram ameaçados pelo crescimento de outras potências. Acordos anteriores,
como o Tratado de Tordesilhas (1494) entre Portugal e a Espanha, começaram a ser
questionados pelos países em expansão.
A descoberta de ouro e prata no México e no Peru funcionou como estímulo ao início
da colonização portuguesa. Outro fator que obrigou Portugal a investir na América foi a crise
do comércio indiano. A frágil burguesia lusitana dependia cada vez mais da distribuição dos
produtos orientais feita pelos comerciantes flamengos (Flandres), que impunham os preços e
acumulavam os lucros.

• Capitanias hereditárias – Em 1532, quando se encontrava em São Vicente, Martim


Afonso recebeu uma carta do rei anunciando o povoamento do Brasil através da criação
das capitanias hereditárias. Esse sistema já havia sido utilizado com êxito nas
possessões portuguesas das ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, São Tomé e
Açores).
O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, 15 lotes (São Vicente estava dividida
em 2 lotes) e 12 donatários (Pero Lopes de Sousa era donatário de 3 capitanias: Itamaracá,
Santo Amaro e Santana). Porém, a primeira doação ocorreu apenas em 1534.
Entre os donatários não figurava nenhum nome da alta nobreza ou do grande comércio
de Portugal, o que mostrava que a empresa não tinha suficiente atrativo econômico. Somente
a pequena nobreza, cuja fortuna se devia ao Oriente, aqui aportou, arriscando seus recursos.
Traziam nas mãos dois documentos reais: a carta de doação e os forais. No primeiro o rei
declarava a doação e tudo o que ela implicava. O segundo era uma espécie de código tributário
que estabelecia os impostos.
Nesses dois documentos o rei praticamente abria mão de sua soberania e conferia aos
donatários poderes amplíssimos. E tinha de ser assim, pois aos donatários cabia a
responsabilidade de povoar e desenvolver a terra à própria custa. O regime de capitanias
hereditárias desse modo, transferia para a iniciativa privada a tarefa de colonizar o Brasil.

15
16

Entretanto, devido ao tamanho da obrigação e à falta de recursos, a maioria fracassou. Sem


contar aqueles que preferiram não arriscar a sua fortuna e jamais chegaram a tomar posse de
sua capitania. No final, das catorze capitanias, apenas Pernambuco teve êxito, além do
sucesso temporário de São Vicente. Quanto às demais capitanias, malograram e alguns dos
donatários não só perderam seus bens como também a própria vida.
Estava claro que o povoamento e colonização através da iniciativa particular era
inviável. Não só devido à hostilidade dos índios, mas também pela distância em relação à
metrópole, e sobretudo, pelo elevado investimento requerido.

• Governo geral (1549) – Em 1548, diante do fracasso das capitanias, a Coroa portuguesa
decidiu tomar medidas concretas para viabilizar a colonização. Naquele ano foi criado
o governo-geral com base num instrumento jurídico denominado Regimento de 1548 ou
Regimento de Tomé de Sousa. O objetivo da criação do governo-geral era o de
centralizar política e administrativamente a colônia, mas sem abolir o regime das
capitanias.
No regimento o rei declarava que o governo-geral tinha como função coordenar a
colonização fortalecendo as capitanias contra as ações adversas, destacando-se particular-
mente a luta contra os tupinambás.
A compra da capitania da Bahia pelo rei, transformando-a numa capitania real é sede
do governo-geral foi o primeiro passo para a transformação sucessiva das demais capitanias
hereditárias em capitanias reais, Por fim, no século XVIII, durante o reinado de D. José I (1750
- 1777) é do seu ministro marquês de Pombal, as capitanias hereditárias foram extintas
Com a criação do governo-geral, estabeleceram-se também cargos de assessoria:
ouvidor-mor (justiça), provedor-mor (fazenda) e capitão-mor (defesa). Cada um desses cargos
possuía, ademais, um regimento próprio e, no campo restrito de sua competência era a
autoridade máxima da colônia. Assim, com a criação do governo-geral, desfazia-se
juridicamente a supremacia do donatário.

• Tomé de Sousa (1549-1553) – O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa. Com


ele vieram todos os funcionários necessários à administração e também os primeiros
jesuítas chefiados por Manuel da Nóbrega. Começava, então, a obra evangelizadora
dos indígenas e, em 1551, criava-se em Salvador o primeiro bispado no Brasil, sendo o

16
17

primeiro bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Com o segundo governador viria ainda
outro contingente de jesuítas, entre eles, José de Anchieta .
Apesar de representar diretamente a Coroa, algumas capitanias relutaram em acatar a
autoridade do governador-geral tais como as de Porto Seguro, Espírito Santo, Ilhéus, São
Vicente e Pernambuco. Esta última, de Duarte Coelho, foi a que mais se ressentiu da
intromissão do governo-geral. Recusando a autoridade do governador-geral o donatário de
Pernambuco apelou para o rei, que o favoreceu reafirmando a sua autonomia.
Consolidação do governo-geral – Duarte da Costa (1553 – 1558), que viera em
substituição a Tomé de Sousa, enfrentou várias crises e sua estada no Brasil foi bastante
conturbada. Desentendeu-se com o bispo D. Pero Fernandes Sardinha e teve de enfrentar os
primeiros conflitos entre colonos e jesuítas acerca da escravidão indígena. Além disso, foi
durante o seu governo que a França começou a tentativa de implantação da França Antártica
no Rio de Janeiro.
Esses problemas foram solucionados pelo terceiro governador-geral, Mem de Sá (1558-
1572). Com ele, finalmente, se consolidou o governo-geral e os franceses foram expulsos.

• Predomínio dos poderes locais – Todavia, apesar da tendência centralizadora do


governo-geral, a centralização jamais foi completa na colônia. Vários obstáculos podem
ser mencionados. O primeiro deles estava na própria característica econômica da
colônia. A sua economia era de exportação, voltada para o mercado externo. O
comércio entre as capitanias era praticamente nulo. Além disso, as vias de comunicação
inter-regionais eram inexistentes ou muito precárias.
Daí a predominância dos poderes locais representados pelos grandes proprietários. Até
meados do século XVII, as câmaras municipais eram ocupadas e dominadas por esses
grandes proprietários, que se autodenominavam "homens bons".
Evolução administrativa até 1580 – D. Luís Fernandes de Vasconcelos, nomeado
sucessor de Mem de Sá foi atacado por piratas franceses que impediram a sua chegada ao
Brasil.
Nessa época, a preocupação com a conquista do Norte fez com que o rei de Portugal,
D. Sebastião (1557 - 1578), dividisse, em 1572, o Brasil em dois governos. O norte ficou com
D. Luís de Brito e Almeida e o sul com Antônio Salema tendo como capitais, respectivamente,
a Bahia e o Rio de Janeiro
Em virtude do tamanho do Brasil, almejava-se com essa divisão maior eficiência
administrativa. Entretanto, como esse objetivo não fora alcançado, a administração foi
17
18

reunificada em 1578. O novo governador nomeado, Lourenço da Veiga, governou de 1578 a


1580. Nesta última data, Portugal foi anexado pela Espanha, dando origem à União Ibérica,
que perdurou de 1580 a 1640.

• A crise do Antigo Regime – O declínio da mineração no Brasil coincide, no plano


internacional, com a crise do Antigo Regime. Fazendo um balanço de toda a exploração
colonial do Brasil, chegamos à melancólica conclusão de que Portugal não foi o principal
beneficiário da exploração colonial.
Os benefícios da colonização haviam se transferido para outros centros europeus em
ascensão: França e, em especial, Inglaterra. De fato, o século XVIII teve a Inglaterra como
centro da política internacional e pivô das mudanças estruturais que começavam a afetar
profundamente o Antigo Regime. Como nação vitoriosa na esfera econômica, a Inglaterra
estava prestes a desencadear a Revolução Industrial, convertendo-se na mais avançada
nação burguesa do planeta.
A visível transformação econômica foi acompanhada, na segunda metade do século
XVIII, por uma ebulição no nível das ideias. Surgiu o Iluminismo e, com essa filosofia, uma
nova visão do homem e do mundo. Por trás de todo esse movimento, encontrava-se a
burguesia, comandando a crítica ao Antigo Regime e, portanto, à nobreza e ao absolutismo.
Mas os filósofos iluministas, como Voltaire e Diderot, seduziram os monarcas
absolutistas da Prússia, Áustria, Rússia, Portugal e Espanha. Sem abrir mão do absolutismo,
esses monarcas realizaram algumas das reformas recomendadas pelos iluministas, que
vieram reforçar o seu poder, uma vez que a modernização empreendida aliviou as tensões
sociais. Por se manterem absolutistas e optarem por reformas modernizadoras, aqueles
monarcas ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos. Esse foi um fenômeno típico da
segunda metade do século XVIII.
D. José I (1750-1777) e seu ministro, o marquês de Pombal, foram os representantes
do despotismo esclarecido em Portugal.

18
19

6. REFORMAS POMBALINAS

Fonte: www.google.com.br

As reformas pombalinas – No reinado de D. José I, o ministro Sebastião José de


Carvalho, marquês de Pombal, com sua forte personalidade, caracterizou o período,
denominado em virtude disso "pombalino”.
O período pombalino coincidiu com a época da decadência da mineração, e todo o
esforço político do ministro de D. José I concentrou-se na tentativa de modernização do reino.
Mas essa modernização, como era típico dos déspotas esclarecidos, foi imposta de cima para
baixo.
Considerando as suas realizações em conjunto, conclui-se que a política de Pombal
tinha em vista, de um lado, o fortalecimento do Estado e, de outro, a autonomia econômica de
Portugal.
No primeiro caso, Pombal tratou de diminuir a influência da nobreza e sobretudo dos
jesuítas, os quais expulsou de Portugal e de todos os seus domínios em 1759.
Quanto à autonomia econômica, o seu objetivo era o de tirar o país da órbita inglesa, na qual
ingressara a partir de meados do século XVII.
Desde o fim da União Ibérica em 1640, o Brasil era a mais valiosa possessão
portuguesa. Com a descoberta e a exploração do ouro em Minas, o Brasil ocupou o lugar

19
20

indiscutível de retaguarda econômica da metrópole. Porém, no tempo de Pombal, a mineração


encontrava-se em franca decadência. A sua preocupação foi então a de reorganizar a
administração colonial, fortalecer os laços do exclusivo metropolitano, a fim de garantir o
máximo de transferência da riqueza brasileira para Portugal.
Em sua política colonial, Pombal tratou de centralizar a administração para maior
controle metropolitano. Nesse terreno, o ministro tomou duas medidas importantes. A primeira
foi a extinção do regime de capitanias hereditárias e, portanto, o fim do poder dos donatários.
A segunda foi a reunificação administrativa.
Com essa reunificação ficava abolida a antiga divisão administrativa estabelecida em
1621, quando então o Brasil ficou dividido em dois Estados: o Estado do Maranhão e o do
Brasil, cada qual com um governador próprio. O primeiro abrangia Pará, Maranhão e Ceará e
o segundo, os demais territórios ao sul. A capital do Estado do Maranhão era São Luís e a do
Estado do Brasil era a Bahia.
Pombal reunificou a administração, transferindo, ao mesmo tempo, a capital para o Rio
de Janeiro, em 1763, o que mostrou a sua preocupação em manter a cabeça administrativa
bem próxima da economia mineira.
Mas a sua política não estava concentrada apenas em Minas. Ela abrangia também a
economia açucareis do nordeste e a exploração das "drogas do sertão" da região amazônica.
Em relação a Minas, com a finalidade de assegurar os rendimentos da Coroa, Pombal
tomou a iniciativa de converter a exploração diamantífera em monopólio real, com o Regimento
da Real Extração e, em relação ao ouro, ele estabeleceu um regime de taxação que combinava
a Casa de Fundição e o sistema de fintas com cotas de 100 arrobas, complementado pela
derrama.
Para atuar no nordeste e na região amazônica, Pombal criou a Companhia Geral do
Comércio do Grão Pará e Maranhão (1755) e a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco
e Paraíba (1759).
Assim, o quadro geral da administração colonial caracterizou-se, no final do século
XVIII, pela crescente racionalização da atividade econômica, tendo por objetivo a transferência
do máximo de riqueza do Brasil para Portugal. Paralelamente a essa racionalização,
aumentava também o grau de opressão colonial. Essa tendência continuou com D. Maria I,
que sucedeu a D. José I. No seu reinado, através do Alvará de 1785, proibiu-se a atividade
manufatureira no Brasil.

20
21

7. CONTESTAÇÕES AO SISTEMA COLONIAL

Fonte: www.youtube.com

• Contradições do sistema colonial – O sistema colonial possuía dois eixos contraditórios.


De um lado, senhores e escravos; de outro, colônia e metrópole.
No Brasil, esse sistema ganhou a forma típica de escravismo colonial, e esse caráter
simultaneamente escravista e colonial não foi desfeito ao mesmo tempo. Primeiro, romperam-
se os laços coloniais e, muito mais tarde, aboliu-se a escravidão.
Alguns historiadores, em data mais recente, afirmaram que o escravismo, e não o
caráter colonial, vem a ser o traço definidor mais importante da sociedade. Por isso não dão
muita importância à independência do Brasil. Para eles, o fato decisivo é a abolição da
escravidão, em 1888. E um exagero: a superação da ordem colonial (o processo de
independência) foi um fenômeno de grande importância e não tem sentido minimizá-lo em
favor de outro, que foi a abolição da escravatura.
De fato, nas inúmeras rebeliões ocorridas antes da independência, raras foram as que
colocaram em xeque o escravismo. A maioria contestava diretamente o regime colonial a que
o Brasil estava submetido, e muitas pessoas arriscaram a própria vida para aboli-lo. E isso tem
a sua importância histórica. Ninguém estava lutando contra uma ficção, mas contra algo muito
real: a opressão e exploração coloniais.

21
22

No entanto, aqueles historiadores não deixam de ter razão. Se prestarmos atenção


apenas à luta pela emancipação, deixamos de lado as camadas populares e os escravos, pois
a obra emancipadora foi, no Brasil, produto das elites. Não se deve esquecer que os de baixo
estavam tão insatisfeitos com o regime colonial quanto com a dominação dos senhores de
escravos.
Tendo em vista, portanto, essa dupla contradição do sistema colonial, examinemos o
processo emancipacionista.
A primeira constatação importante é a de que o rompimento dos laços coloniais
decorreu do próprio funcionamento do sistema: para explorar a colônia é preciso, antes de
tudo, desenvolvê-la. Porém, à medida que a colônia se desenvolve, engendra interesses
próprios que passam a divergir dos da metrópole. Esse é o momento em que os próprios
colonos tomam consciência da exploração e de si próprios como colonos. Por isso mesmo,
serão os integrantes da camada dominante os primeiros a alcançarem de forma aguda essa
consciência e, em regra, serão eles os dirigentes desse movimento de emancipação.
Isso não impediu, todavia, que as contradições sociais internas da colônia se
aguçassem paralelamente à luta contra a metrópole, de modo que a ruptura dos laços coloniais
poderia ser acompanhada, ao menos como possibilidade, de uma convulsão social.
Examinando em conjunto o processo emancipacionista da América, verifica-se que, em
geral, a independência não se fez acompanhar de uma revolução social. A única exceção foi
o Haiti, colônia francesa que, em 1792, libertou-se da metrópole através de uma vasta rebelião
escrava, extinguindo, ao mesmo tempo, a escravidão. Nos demais países, a independência
não alterou em nada a estrutura social, que, no caso brasileiro, era escravista. Porém, isso não
significa que a possibilidade de uma revolução social não esteve presente, de modo quase
permanente, nas revoltas anticolonialistas.

• O sentido das rebeliões coloniais – As primeiras rebeliões anticolonialistas surgiram nos


fins do século XVII e início do seguinte e foram resultado direto da nova política colonial
adotada por Portugal depois da Restauração (1640). Nesse contexto, as contradições
entre metrópole e colônia se manifestaram de diversas maneiras: de um lado, como
protesto ao regime comercial monopolista, como na Revolta de Beckman (1684), no
Maranhão; de outro, como uma guerra entre senhores e escravos fugitivos, como em
Palmares (1694), em Alagoas; mas também como conflito entre senhores de engenho
e mercadores, como na Guerra dos Mascates (1709-1711), em Pernambuco; e, enfim,

22
23

como reação à opressão fiscal, exemplificada pela Revolta de Vila Rica (1720), em
Minas.
Todas essas rebeliões tiveram por base a contradição metrópole-colônia e, no caso de
Palmares, senhores escravos. Entretanto, cada rebelião possuía o seu caráter específico e
apresentou grande complexidade.
Porém, as rebeliões coloniais até o início do século XVIII não chegaram a propor
claramente a emancipação política como solução. Elas só terão esse caráter com a
Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana ou dos Alfaiates (1798).
As primeiras manifestações anticolonialistas. Nos primeiros tempos da colonização, a
contradição entre metrópole e colônia era latente e existia apenas em potencial. Na realidade,
a colônia era vista como um prolongamento da metrópole, e os interesses não eram, de início,
conflitantes. Na fase da montagem da economia colonial inexistia, na prática, divergências
entre colonos e o Estado metropolitano. Porém, à medida que o processo colonizador avançou
e se consolidou, os interesses tornaram-se conflitantes.
Ora, isso é perfeitamente compreensível, pois a metrópole não tem o que explorar se a
riqueza não for produzida. Uma vez produzida, a luta pela sua posse é desencadeada.
Na segunda metade do século XVII, com a Restauração (1640) e a expulsão dos
holandeses (1654), a divergência de interesses entre colônia e metrópole tornou-se evidente.
A opressão colonial começou a ser sentida com a criação das Companhias de Comércio, às
quais a metrópole concedeu monopólio do comércio colonial. A própria administração
portuguesa ganhou um novo contorno com a criação do Conselho Ultramarino.
Assim, à medida que o Estado português torna-se clara e conscientemente colonialista,
no Brasil desenvolve-se uma consciência anticolonialista.

• Revolta de Beckman (1684) – Em meados do século XVII, o Maranhão estava com


problemas devido à dificuldade de escoar a sua produção e de obter gêneros
metropolitanos e, sobretudo, escravos.
A criação da Companhia do Comércio do Estado do Maranhão em 1682, que tinha por
objetivo precisamente resolver tais problemas, veio agravar ainda mais a situação. Em
princípio, essa companhia deveria não apenas adquirir a produção açucareis como também
fornecer gêneros metropolitanos e escravos. Porém, visto que a ela fora concedido o
monopólio tanto da venda de escravos e produtos metropolitanos, como da compra do açúcar,
os colonos ficaram sujeitos aos preços arbitrariamente estabelecidos pela companhia, o que
já era motivo de insatisfação. Essa insatisfação converteu-se em aberta rebelião porque, além
23
24

disso, a companhia não cumpriu o seu compromisso de abastecer adequadamente o


Maranhão com bens metropolitanos e escravos.
A revolta eclodiu em 1684 liderada por Manuel Beckman, um abastado senhor de
engenho. Os revoltosos propunham a abolição do monopólio da companhia e uma relação
comercial mais justa. Em sinal de protesto, o governo local foi deposto, os armazéns da
companhia saqueados e os jesuítas, velhos inimigos dos colonos por impedirem a
escravização do índio, foram expulsos.
Sob a direção de Manuel Beckman foi composto um governo provisório, e seu irmão,
Tomás Beckman, foi enviado a Lisboa para apresentar as reivindicações dos revoltosos. Estas
não foram atendidas e Tomás Beckman foi preso e recambiado para o Brasil, na frota em que
veio o novo governador, Gomes Freire de Andrade. Este desembarcou no Maranhão, onde foi
recebido com obediência, e, em seguida, reconduziu as autoridades depostas. Manuel
Beckman fugiu e quando planejava libertar o irmão do cárcere foi traído por um afilhado.
Beckman foi preso e executado.
Apesar do fracasso, esse foi o primeiro movimento anticolonial organizado, embora não
tivesse ocorrido aos dirigentes do movimento a independência da colônia em relação a
Portugal, ou seja, a condição colonial não foi questionada.

• Quilombo dos Palmares (1630-1694) – No Brasil, a exploração colonial resumia-se, em


última análise, na exploração do trabalho escravo pelo senhor. Devido ao caráter
colonial dessa exploração, é verdade que o próprio senhor não ficava com todo o
produto do trabalho escravo. Boa parte da riqueza ia para o Estado na forma de
impostos e, também, para os cofres dos comerciantes portugueses. Daí a razão da
revolta dos senhores contra o sistema colonial e as autoridades que o representavam.
Mas não apenas a camada dominante que se rebelava. Também os escravos
elaboraram meios de resistir contra o seu opressor imediato, isto é, o senhor.
A resistência dos escravos assumiu formas muito variadas: fuga, suicídio, assassinato,
passividade no trabalho, etc. Em qualquer uma dessas formas, o escravo negava a sua
condição e se contrapunha ao funcionamento do sistema como um todo.
A fuga, entretanto, foi a mais significativa forma de resistência e rebeldia. Não pela fuga
em si, mas pelas suas consequências: os fugitivos se reuniam e se organizavam em núcleos
fortificados no sertão, desafiando as autoridades coloniais. Observemos que, no combate à
rebeldia escrava, aliavam-se senhores e autoridades coloniais.

24
25

Esses núcleos eram formados por pequenas unidades, os mocambos (reunião de


casas), que, no conjunto, formavam os quilombos. Cada mocambo possuía um chefe, que, por
sua vez, obedecia ao chefe do quilombo, denominado zumbi. Os moradores dos quilombos
eram conhecidos como quilombolas. Eles se dedicavam ao trabalho agrícola e chegavam a
estabelecer relações comerciais com os povoados vizinhos.
Palmares foi o maior quilombo formado no Brasil. Localizava-se no estado atual de
Alagoas e deve o seu nome à grande quantidade de palmeiras existentes na região.
Sua origem situa-se no início do século XVII, mas foi a partir de 1630, quando a conquista
holandesa desorganizou os engenhos, que a fuga maciça de escravos tornou Palmares um
quilombo de grandes proporções. Em 1675, a sua população foi avaliada em 20 ou 30 mil
habitantes.
Com a expulsão dos holandeses em 1654 e a escassez de mão de obra aliada ao fato
de Palmares funcionar como polo de atração para outros escravos, estimulando a sua fuga, as
autoridades coloniais, apoiadas pelos senhores, decidiram pela sua destruição. Várias
expedições foram feitas contra ele, mas nenhuma delas teve sucesso. Foram contratados
então os serviços de um veterano bandeirante, Domingos Jorge Velho. Apoiado por abundante
material bélico e homens, o bandeirante contratado conseguiu finalmente destruir Palmares
em 1694. Todavia, o chefe do quilombo, Zumbi, não foi capturado na ocasião. Somente um
ano depois foi encontrado e executado.

• Guerra dos Mascates (1709-1711) – A Guerra dos Mascates ocorreu em Pernambuco


e, aparentemente, foi um conflito entre senhores de engenho de Olinda e comerciantes
do Recife. Estes últimos, denominados "mascates", eram, em sua maioria, portugueses.
Antes da ocupação holandesa, Recife era um povoado sem maior expressão. O
principal núcleo urbano era Olinda, ao qual Recife encontrava-se subordinado.
Porém, depois da expulsão dos holandeses, Recife tornou-se um centro comercial, graças ao
seu porto excelente, e recebeu um grande afluxo de comerciantes portugueses.
Olinda era uma cidade tradicionalmente dominada pelos senhores de engenho. O
desenvolvimento de Recife, cidade controlada pelos comerciantes, testemunhava o
crescimento do comércio, cuja importância sobrepujou a atividade produtiva agroindustrial
açucareis, à qual se dedicavam os senhores de engenho olindenses.
O orgulho desses senhores havia sido abalado seriamente desde que a concorrência
antilhana havia colocado em crise a produção açucareis do nordeste. Mas ainda eram
poderosos, visto que controlavam a Câmara Municipal de Olinda.
25
26

À medida que Recife cresceu em importância, os mercadores começaram a reivindicar


a sua autonomia político-administrativa, procurando libertar-se de Olinda e da autoridade de
sua Câmara Municipal. A reivindicação dos recifenses foi parcialmente atendida em 1703, com
a conquista do direito de representação na Câmara de Olinda. Entretanto, o forte controle
exercido pelos senhores sobre a Câmara tornou esse direito, na prática, letra morta.
A grande vitória dos recifenses ocorreu com a criação de sua Câmara Municipal em
1709, que libertava, definitivamente, os comerciantes da autoridade política olindense.
Inconformados, os senhores de engenho de Olinda, utilizando vários pretextos (a demarcação
dos limites entre os dois municípios, por exemplo), resolveram fazer uso da força para sabotar
as pretensões dos recifenses. Depois de muita luta, que contou com a intervenção das
autoridades coloniais, finalmente em 1711 o fato se consumou: Recife foi equiparada a Olinda.
Assim terminou a Guerra dos Mascates.
Com a vitória dos comerciantes, essa guerra apenas reafirmava o predomínio do capital
mercantil (comércio) sobre a produção colonial. E isso já era fato, uma vez que os senhores
de engenho eram frequentemente devedores dos mascates. Portanto, a equiparação política
das duas cidades tinha fortes razões econômicas e obedecia à lógica do sistema colonial.

8. A EXPANSÃO COLONIZADORA E A FIXAÇÃO DOS LIMITES

• Tratados luso-espanhóis – Portugal e a Espanha, os pioneiros da expansão ultramarina,


a fim de garantir a possessão dos territórios descobertos recorreram à autoridade do
papa para legitimá-los. Assim, no Ocidente foi estabelecido inicialmente a Bula Inter-
Coetera (1493), um meridiano que passava a 100 léguas a oeste de Cabo Verde
dividindo domínios portugueses e espanhóis. O meridiano da Bula Inter-Coetera não
permitia a inclusão do Brasil como domínio português. No ano seguinte, uma nova
divisão foi negociada, dando origem ao Tratado de Tordesilhas (1494), que estipulou
um meridiano a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, ampliando o domínio português,
incluindo desta vez parte do que seria mais tarde o Brasil.
Não tardou que a emergência de novas potências europeias (Holanda, França,
Inglaterra) viesse a contestar a partilha do mundo pelas nações ibéricas. Assim, a alteração
do quadro internacional no início do século XVI forçou Portugal e a Espanha a adotarem uma

26
27

atitude mais efetiva em relação à América. A colonização, como vimos, viabilizou a posse
efetiva.

Fonte: rafatrotamundos.wordpress.com

• A ocupação do litoral: a expansão oficial – Mesmo depois de decidida a ocupação


efetiva do Brasil pela colonização, o litoral não deixou de ser constantemente
ameaçado, principalmente pelos franceses. A dificuldade em desalojá-los foi devida, em
grande parte, à sua aliança com os tupinambás, inimigos mortais dos tupiniquins,
aliados dos portugueses. Por isso, a conquista do litoral deveu-se à conjugação de
ações militares e religiosas. Através das primeiras repelia-se o rival e, em seguida,
fundava-se um forte para guarnecer a região. Depois eram enviadas missões religiosas
a fim de pacificar os indígenas. Porém, quando estes se mostravam excessivamente
rebeldes, utilizava-se a força pura e simples para reduzi-los à submissão.
À medida que a colonização avançava, os franceses foram sendo repelidos para o norte,
onde procuravam ainda extrair o pau-brasil. Assim, sucessivamente foram sendo conquistados
Sergipe Del Rei, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e, finalmente, o Grão Pará,
cuja conquista completa dar-se-ia somente em meados do século XVII. Antes, porém, de
serem repelidos para o Pará, os franceses tentaram ainda fundar no Maranhão a França
Equinocial, em 1612, erguendo o forte de São Luís, num derradeiro esforço para preservar
uma colônia no Brasil. Depois da conquista do Pará, os franceses finalmente iriam se
estabelecer nas Guianas, onde não foram mais molestados.

27
28

No sul, Portugal fundou em 1680 a Colônia do Sacramento, na margem esquerda do rio


da Prata, para se contrapor a Buenos Aires do outro lado do estuário do rio. Nessa área, aliás,
iria se desenrolar um intenso conflito entre portugueses e espanhóis, além da intervenção de
outras potências, como França e Inglaterra, em virtude da posição estratégica do rio dá Prata,
cuja livre navegação era defendida por várias nações.

• Povoamento do Brasil até meados do século XVII – A colonização do Brasil, que teve
como fundamento a agroindústria açucareira, possibilitou a ocupação efetiva do litoral.
Durante muito tempo, segundo a expressão famosa de frei Vicente do Salvador, que
viveu no século XVII, os colonos limitavam-se a "andar arranhando as terras ao longo
do mar como caranguejos".
A interiorização da colonização, entretanto, iniciou-se com o desenvolvimento da
pecuária nordestina, que foi gradualmente se afastando do litoral açucareiro que lhe dera
origem. Seus focos de irradiação foram Bahia e Pernambuco. Seguindo as margens dos rios,
o gado iria possibilitar o povoamento do sertão de Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe, Rio
Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Maranhão.
Outro importante fator de ocupação do interior foi o bandeirismo, o responsável pela
incorporação da maior parcela territorial pertencente à Espanha ao domínio português. O
bandeirismo foi um fenômeno tipicamente paulista.
A capitania de São Vicente, apesar do relativo sucesso no começo da colonização,
terminou por mergulhar num estado de profunda pobreza por causa de sua posição excêntrica
em relação ao polo dinâmico do Nordeste. A falta de contato com a metrópole estimulou os
vicentinos a entrarem para o interior depois de subir a serra do Mar e atingir o planalto de
Piratininga. A princípio, tratava-se de encontrar o ouro ou a prata. É a fase do bandeirismo do
ouro de lavagem. No início do século XVII, os holandeses ocuparam o Nordeste e estenderam
o seu domínio sobre a África portuguesa, desencadeando uma crise de mão de obra na parte
portuguesa do Brasil. Os engenhos da Bahia passaram a ter dificuldades de reposição de seu
estoque de escravos. Para atender a essa procura, os bandeirantes voltaram-se para a captura
de índios, dando origem ao bandeirismo de preação. Essa fase culminou com os ataques às
missões jesuíticas espanholas do Tape, Itatim e Guairá. Nessas missões (aldeamento de
índios para a catequese), havia um número considerável de índios guaranis. Esses
aldeamentos foram estabelecidos com o consentimento do rei espanhol, que via neles uma
forma de preservar o domínio territorial sulino que lhe pertencia por força do Tratado de

28
29

Tordesilhas. Contudo, a reunião dos índios nessas reduções atraiu os bandeirantes, que, num
único ataque, conseguiam mão de obra abundante e já disciplinada pelos jesuítas.
O bandeirismo de preação entrou em declínio tão logo os holandeses foram expulsos e
as posições portuguesas na África recuperadas, regularizando o abastecimento de escravos.
A partir disso, o bandeirismo tornou a se redefinir.
De fato, na segunda metade do século XVII, ao mesmo tempo em que aumentavam a
exploração e a opressão coloniais, ficava evidente a divergência de interesses entre metrópole
e colônia. Na colônia aumentou a tensão entre escravos e grandes proprietários. Na época da
conquista holandesa, ocorreram fugas em massa de escravos, que formaram o mais famoso
quilombo, o de Palmares, em Alagoas. Da mesma forma, os indígenas oprimidos organizaram
no Rio Grande do Norte a Confederação dos Cariris. Para destruir esses focos de rebelião, os
grandes proprietários do nordeste recorreram a esses rústicos bandeirantes que agora
passaram a ser utilizados como força repressora. Teve início aí o sertanismo de contrato, a
última forma e fase do bandeirismo. Para destruir a resistência do Quilombo dos Palmares e
da Confederação dos Cariris foram contratados os serviços de Domingos Jorge Velho.

• A mineração e o povoamento do Brasil central – Com a mineração deu-se o passo


decisivo na ocupação do interior. Com a descoberta de ouro nas Gerais, o centro
dinâmico da economia deslocou-se do litoral nordestino para. o centro-sul do Brasil.
Além de propiciar a formação de um mercado interno, o polo minerador serviu de
elemento articulador da economia colonial, através da pecuária nordestina e sulina. Esta
última, ao se desenvolver e se articular com os centros mineiros, criou condições para
a efetiva ocupação do Rio Grande do Sul.

• A colonização do extremo norte; o vale amazônico – A colonização da Amazônia - que


hoje corresponde aos estados do Amazonas e do Pará - foi estimulada pelas
preocupações de garantir a posse e o acesso ao rio Amazonas e impedir a presença de
rivais de outros países. A base de ocupação se deu através do extrativismo vegetal e
do apresamento indígena.
O extrativismo vegetal consistiu na exploração das chamadas "drogas do sertão”:
cacau, guaraná, borracha, urucu, salsaparrilha, castanha-do-pará, gergelim, noz de pixurim,
baunilha, coco, etc. Por isso, a escravidão tinha ali um terreno desfavorável, pois a exploração
da Amazônia dependia do bom conhecimento da região. Daí a importância dos índios locais

29
30

que serviam de guias. A forma predominante que caracterizou a integração da Amazônia ao


conjunto da economia colonial foi o estabelecimento das missões jesuíticas, que chegaram a
aldear perto de 50 mil índios.

9. A FIXAÇÃO DAS FRONTEIRAS

Fonte: www.google.com.br

• Os tratados de limites – Nos fins do século XVIII, o atual território brasileiro estava
praticamente formado. Para isso contribuíram a pecuária, o bandeirismo, a mineração
e as missões jesuíticas no vale amazônico.
Os limites no extremo norte foram discutidos com os franceses, que haviam se fixado
nas Guianas, e no extremo sul, com os espanhóis. A essa altura, estava claro que o meridiano
de Tordesilhas já não podia ser tomado como referência para delimitar os domínios
portugueses e espanhóis.
No século XVIII e no princípio do XIX, vários tratados foram assinados pelos
portugueses para definir os limites.
O primeiro tratado de limites ocorre com o Primeiro Tratado de Utrecht (1713). Por esse
tratado a França reconheceu o direito exclusivo de Portugal navegar no rio Amazonas, em
troca do reconhecimento português da posse da Guiana pelos franceses. Pelo Segundo

30
31

Tratado de Utrecht (1715), a Espanha reconheceu a possessão da Colônia do Sacramento


(fundada em 1680) por Portugal, mas não de forma definitiva. Outros tratados foram assinados
entre Portugal e Espanha para a fixação dos limites no extremo sul.
Em 1750, a questão começou a ser rediscutida, resultando no Tratado de Madri (1750).
Segundo esse novo tratado, ficou estabelecido o princípio do uti possidetis, isto é, Portugal e
a Espanha estabeleceram como critério a ocupação efetiva. Assim, territórios ocupados por
portugueses foram reconhecidos pela Espanha como portugueses, e reciprocamente. Com
esse tratado foram formalmente invalidados os limites estabelecidos pelo Tratado de
Tordesilhas. A Espanha, a fim m de assegurar a navegação exclusiva no rio da Prata, trocou
a Colônia do Sacramento pelos Sete Povos das Missões (referência às sete missões jesuíticas
espanholas que correspondiam, grosso modo, ao atual estado Rio Grande do Sul).
Entretanto, o acordo estabelecido pelo Trata do de Madri não foi cumprido, devido à
recusa dos jesuítas espanhóis em entregarem os Sete Povos das Missões aos portugueses.
Instigados pelos jesuítas, os indígenas moveram uma guerra contra os novos ocupantes, as
Guerras Guaraníticas, que se prolongaram até 1767.
Por essa razão, o ministro português, marquês de Pombal, decidiu anular essa cláusula
do Tratado de Madri e se negou a entregar a Colônia do Sacramento, levando os países
ibéricos a anularem o tratado anterior, o que se deu com o Tratado do Pardo (1761).
As negociações continuaram com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), com Portugal
renunciando à região dos Sete Povos e ao Sacramento, em troca da ilha de Santa Catarina,
então pertencente à Espanha. A situação só iria se definir, finalmente, em 1801, com o Tratado
de Badajós, depois da destruição dos Sete Povos pelos gaúchos. Retornando aos termos do
Tratado de Madri, Portugal reconheceu a posse do Sacramento e ficou com os Sete Povos.

10. PERÍODO REPUBLICANO


A República é a forma de governo que rege o Brasil, esta proclamada em novembro de 1889,
a história divide a República em seis momentos: Primeira República, Governo provisório e
constitucional de Vargas, Estado Novo, Quarta República, Ditatura militar e Nova República.

10.1 Primeira República


Esta, também conhecida como República do Café com Leite, durou entre 1889 a 1930,
marcada pelo coronelismo onde o poder era centralizado nas mãos dos grandes donos de
terras, outra característica era o clientelismo (troca e favores em troca de serviços políticos).

31
32

10.2 Era Vargas


A era Vargas ocorreu entre 1930 a 1945, ocasionada em decorrência da revolução de
30 que pôs fim a Primeira república. Existia um acordo entre o estado de Minas Gerais e São
Paulo, onde a cada eleição era indicado dos referidos estados para a presidência, então no
ano de 1929 o Presidente paulista Washington Luís, indicou um outro paulista, indo contra a
política do café com leite, o que gerou grande revolta, gerando a então revolução de 30, e
dando início a era Vargas, as principais características desse momento histórico eram a
centralização do poder executivo, a habilidade de Vargas em conseguir conciliar os grupos
mesmo com interesses diferentes, em seu próprio benefício, outra característica era o
autoritarismo.

10.3 Quarta República


A quarta república ocorreu entre 1945 e 1964 marcada pela abertura política em
decorrência da constituição de 1946 que dava direito a se candidatar homens e mulheres já
com maioridade civil, surgindo a partir disso um grande número de novos partidos políticos,
entre eles estavam PTB, PSD e UDN. Outra característica foi a melhoria do sistema
educacional, a política econômica voltada para melhorarias para os trabalhadores, no entanto
esse momento de abertura política e econômica para as camadas até então marginalizadas,
foi interrompida pelo golpe militar.

10.4 Ditadura militar


Esse momento histórico é um marco na historiografia brasileira e que gera muitas
discussões. A ditadura militar, foi um golpe realizado pelos militares com a justificativa de
interromper o processo de transformar o Brasil em um país comunista. Para manter a
organização ditatorial forma criados os Atos institucionais, estes eram decretos feitos pelo
governo da época que determinavam uma nova ordem no país, o mais famoso desses Atos
institucionais foi o AI 5, este dava total liberdade aos militares de agir contra os que
oferecessem algum risco ao processo e como bem entendessem, proibia manifestações que
questionavam o governo vigente, proibiam a visitação de alguns lugares. No total foram 17
Atos institucionais, que incluíam censura da imprensa e qualquer ato que ia contra a ditadura,
sendo que muitas pessoas que ousaram manifestar suas ideias contrarias foram estas
impedidas de forma violenta, um exemplo disso foi desaparecimento de pessoas nesse
período e que até hoje não forma encontradas, a tortura para com participantes de grupos
revolucionários, entre outros.

32
33

10.5 Nova República


Esta foi a fase de abertura para democracia pós ditadura, onde voltou o aumento do
número de partidos políticos e de eleitores, marcada pela constituição de 1888, a constituição
cidadã que deixa claro a garantia de direitos a vida e a dignidade da pessoa humana.

33
34

REFERÊNCIAS

ABREU, Capistrano de. Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia;
São Paulo: Universidade de São Paulo, 1988. – (Coleção Reconquista do Brasil, v. 135).

ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e devotas: mulheres da colônia – condicionamento


feminino nos conventos e recolhimentos do Sudeste do Brasil (1750-1822). 2. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1999.

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São
Paulo: Universidade de São Paulo, 1982, 3º ed. – (Coleção Reconquista do Brasil, v. 70).

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Os discursos do descobrimento: 500 anos e mais de
discursos. São Paulo: Ática, 1991. – (Série Princípios).

BARREIROS, Eduardo Canabrava. Roteiro das esmeraldas: a bandeira de Fernão Dias


Paes. Rio de Janeiro: Olympio; Brasília: INL, 1979. – (Coleção Documentos Brasileiros, vol.
188).

BASTIDE, Roger. Brasil: terra de contrastes. Trad. Maria Isaura Pereira Queiroz. São Paulo:
DIFEL, 1980. – (Coleção Corpo e Alma do Brasil).

COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. 4. ed. São Paulo: UNESP, 1998.

DAVIDOFF, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. –
(Coleção Tudo é História; vol. 47).

DEL PRIORE, Mary. Documentos de história do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo:
Scipione, 1997.

FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. – (Coleção Histórias do Brasil).
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências, séculos XIII a
XX. Trad. Rosa Freire D’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

FLORENTINO, Manolo. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico Atlântico. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

GANCHO, Cândido Vilares; TOLEDO, Vera Vilhena de. Inconfidência mineira. São Paulo:
Ática, 1991. – (Séries Princípios).

GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da terra do Brasil: história da Província Santa Cruz,
século XVI. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1980. – (Coleção
Reconquista do Brasil; v. 12).

GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1992.

34
35

HOLANDA, Sérgio Buarque de. A época colonial: vol. I, do descobrimento à expansão


territorial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

LAPA, José Roberto do Amaral. O sistema colonial. São Paulo: Ática, 1991. – (Série
Princípios).

LANGENDONCK, Madame Van. Uma colônia no Brasil: narrativa de viagem ao Rio Grande
do Sul em 1862. Trad. Paula Berinson. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC,
2002.

LIMA, Oliveira. Formação histórica da nacionalidade brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro:


Topbooks, 1997.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

QUEIROZ, Suely Robles Reis de. Escravidão negra no Brasil. São Paulo: Ática, 1993. –
(Série Princípios).

SALVADOR, José Gonçalves. Os cristãos-novos e o comércio no Atlântico meridional:


com enfoque nas capitais do Sul, 1530-1680. São Paulo: Pioneira; Brasília: INL, 1978.

SOUZA, Laura de Mello e (org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada
na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. – (Coleção História da Vida
Privada no Brasil; vol. I).

VAINFAS, Ronaldo. Trópicos dos pecados: moral, sexualidade e inquisição no Brasil. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1997. – (Coleção Histórias do Brasil).

VOLPATO, Luiza Rios Ricci. Entradas e bandeiras. 5. ed. São Paulo: Global, 1997. – (Série
História Popular).

35

Você também pode gostar