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ROTHSCHILD NO BRASIL | Documento dos Arquivos da

Família Rothschild revela história oculta do Brasil - tradução


Hoje sabemos que o Brasil é, de longe, o país mais rico do mundo.
Como tão claramente é revelado neste documento  guardado nos
arquivos  da Família Rothschild, o saque das riquezas do Brasil foi e
ainda está sendo a principal fonte de riqueza e de poder da Família
Rothschild, do distrito financeiro City of London, do próprio Império
Britânico e, atualmente, de todo o sistema financeiro trans-nacional.  A
Nação Brasil e o povo brasileiro precisam despertar a sua memória
para a real história do Brasil, de como a história do Brasil foi
intencionalmente distorcida para demonizar Portugal e fazer da
República Maçônica, a  salvadora-da-Pátria... e ter noção do tamanho
da riqueza que se encontra debaixo dos seus pés. Depois de lermos o
seguinte documento, perguntamo-nos: o Brasil ainda deve alguma coisa
à Família Rothschild? Quanto do Brasil pertence à Família Rothschild -
incluindo o que está sendo administrado através de insuspeitáveis
empresas e representantes financeiros, comerciais e legais da família?

A seguinte tradução contém comentários do tradutor (Daniel Simões)


devidamente destacados em itálico, entre parêntesis retos e com fonte
mais clara.

Nathan Mayer Rothschild e o Brasil: 


o papel de Samuel Phillips & Co
Roderick J. Barman analisa os altos e baixos do relacionamento de Nathan Mayer Rothschild
com seu agente no Rio de Janeiro
Print do documento no site dos Arquivos da Família Rothschild

Em 18 de junho de 1812, JUDITH COHEN, recém-casada com Moses


Montefiore, escreveu em seu diário: “Nesta noite também passeamos
com minha irmã Hannah Rothschild e encontramos lá Esther e Samuel,
que tiveram a gentileza de nos levar para casa em seu coche. O tempo
tem estado chuvoso ”. Hannah,  Judith  e Esther eram todas filhas de
Levi Barent Cohen, sobre as quais muito já foi escrito. Mas quem era
"Samuel"? A resposta a essa pergunta lança uma luz considerável
sobre os vínculos existentes entre Nathan Mayer Rothschild, marido de
Hannah, e a comunidade empresarial judaica na Inglaterra e sobre
como esses vínculos permitiram que ele estabelecesse conexões
comerciais com o Brasil.
Print do vídeo "O início do Sionismo | O Movimento Sionista Internacional" do Canal Daniel
Simões no Youtube, onde o Ministro Moshe Montefiore é mencionado.

Até meados do século XVIII, a comunidade judaica na Grã-Bretanha era


composta em grande parte por pessoas de origem Sefardita, originárias
das terras ao redor do Mediterrâneo. A partir do início da  década de
1740, vários milhares de Ashkenazim, nativos da Europa Central e
Oriental, chegaram à Grã-Bretanha. Entre esses migrantes - muitos
deles pobres e com baixa escolaridade - estava Moshe ben Zanvil
Pulvermacher, nascido na cidade de Krotoschin, sudeste de Pozen,
depois nomeada Polônia prussiana. Na Inglaterra, onde chegou no
início da década de 1760, com cerca de 18 anos, ficou conhecido como
Moses Samuel. Ele construiu sua fortuna como comerciante,
estabelecendo-se no East End de Londres. Piedoso e respeitável, ele
se tornou um dos principais membros da Grande Sinagoga, sendo
escolhido como Parnas (Diretor), em  1795. Ele se casou com Esther
Phillips e o casal teve cerca de 10 filhos.

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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido 


1694, 27 de julho
Banco da Inglaterra (BI) |  Fundação  | O Banco da Inglaterra começa como um banco privado
dos Rothschild que atua como banqueiro do Governo, principalmente para financiar o esforço
de guerra contra a França. O rei e a rainha, William e Mary, são dois dos acionistas originais. A
Carta Régia original, assinada pelo rei Guilherme III, explica que o Banco é fundado para
"promover o bem público e o benefício do nosso povo".

1697-1701
1ª Corrida ao ouro dos tempos modernos começa com a mineração de Ouro no Brasil | Início | A
1ª corrida do ouro leva ouro do Brasil para Londres, parcialmente transportado em navios
pertencentes à Companhia das Índias Orientais.  Esse ingresso de ouro levou à demanda por
um cofre em Londres construído para esse fim, estabelecido pelo Banco da Inglaterra.

1703, 27 de Dezembro
Tratado de Methuen, ou Tratado de Panos e Vinhos |  Tratado comercial (1703-1836) entre
Portugal e a Inglaterra, onde aquele compraria tapeçarias desta e esta compraria vinhos
daquele. A diferença de quantidade de produtos exportados – muito mais tecido era comprado
por Portugal do que vinhos pela Inglaterra - fez com que Portugal entrasse numa crise imensa,
gerando até fome. A única forma de pagar foi com o ouro vindo do Brasil, fazendo da Inglaterra
o maior beneficiado com tal tratado e tornando Londres o novo centro financeiro europeu.

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O filho mais velho foi Samuel Moses Samuel, o 'Samuel' que foi casado
com Esther Cohen. Samuel e seus 4 irmãos parecem ter se tornado
comerciantes, a princípio, em parceria com o pai. Em 1805, o Diretório
de Correios de Londres registra a empresa "Moses Samuel and Sons"
no n° 1 Hammet Street, em Minories, Tower Hill. A posição da família foi
atestada pelo casamento em  1802  de Hannah Samuel com Solomon
Cohen, filho mais velho de Levi Barent Cohen e pelo casamento de
Samuel Moses Samuel com Esther Cohen em  1803. Quando Moses
Samuel se aposentou dos negócios e se estabeleceu em Bath, seus
filhos continuaram a empresa como "Samuel Brothers, African
Merchants" no n° 1 Hammet Street. No entanto, S. M. Samuel também
dirigiu seu próprio negócio. Em fevereiro de  1812, ele forneceu a seu
cunhado Nathan Mayer Rothschild, 261/2  dúzias de Vinho do
Porto  [vinho  português, da cidade com o mesmo nome]  vintage
de  1804, 10 dúzias de Vinho da Madeira  [vinho  português, da Ilha da
Madeira] maduro, um barril de Vinho da Madeira, um berço de criança,
uma “Bíblia e Profecias com Anotações e Comentários” encadernada
em 13 volumes e um “Conjunto Completo de Orações do Festival”. A
conta desses itens heterogêneos chegou a £ 245 - 5s - 4d.

Vinho Madeira do século XVIII descoberto atrás de uma parede | Adega secreta descoberta em


museu dos EUA. Parede falsa protegeu garrafas e garrafões durante a Lei Seca. Espólio pode
valer 2,5 milhões e receita será usada para melhorar acessibilidades do museu.

O [vinho do] Porto e o [vinho da] Madeira que S. M. Samuel vendeu a


Nathan Rothschild indicam que ele e a empresa de Samuel Bros
estavam negociando com Portugal e suas colônias  [o arquipélago da
Madeira eram colônias de Portugal. Hoje são Regiões Autônomas ainda
pertencentes a Portugal]. Foi precisamente essa conexão e a vontade
de explorar novas oportunidades de negócios que explicam a criação
da nova empresa da Samuel & Phillips. No final de 1807, os exércitos
franceses invadiram Portugal, até então neutros nas guerras
napoleônicas. Em vez de tentar resistir à invasão, a família real
portuguesa, a corte e o governo embarcaram em uma frota no porto de
Lisboa e cruzaram o Atlântico até o Rio de Janeiro, que se tornou a
capital do Império Português. O Brasil deixou de ser uma colônia  [o
Brasil nunca foi colônia de Portugal: esta deficiente percepção histórica
é iniciada pela Maçonaria desde, pelo menos, a Declaração da
Independência do Brasil, em  1822]  e seus portos foram abertos para
comercializar com Estados amigos, sobretudo com a Grã-Bretanha.
Entre os comerciantes ingleses que se estabeleceram no Rio de
Janeiro em  1808  estavam Denis (David) Moses Samuel, irmão mais
novo de S.M. Samuel e Alfred (Abraham) Phillips, sobrinho de Esther
Phillips Samuel.

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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido 

1797
França declara guerra à Grã-Bretanha | Quando uma pequena força francesa desembarcou na
Grã-Bretanha continental, os temores de invasão se espalharam rapidamente.

1806
O primeiro cliente de Rothschild: o Príncipe-Eleitor de Hesse Cassel | Napoleão invade Hesse
em resposta ao apoio de Guilherme IX à Prússia. No avanço do exército de Napoleão,
Guilherme IX é forçado a se exilar no Ducado de Holstein. O dilema de como ocultar seus
cofres das forças de ocupação é resolvido por Carl Friedrich Buderus (1759-1819), seu
consultor financeiro, que recomenda que todas as suas ações sejam confiadas à Casa de
Rothschild porque estariam em melhor posição para proteger seus fundos. Assim, o Prícipe-
Eleitor confia parte de sua vasta fortuna a Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 –  Casa De
Frankfurt) por segurança. Mayer redireciona este valor para seu filho, Nathan, em Londres e
este investe £ 550.000 dos fundos do Wilhem IX em títulos e ouro do governo britânico. Esses
investimentos revelam-se extremamente lucrativos e, quando Wilhem IX volta do exílio, os
Rothschild já haviam acumulado consideráveis interesses. A reputação dos Rothschild de
confiabilidade e gestão financeira astuta fica firmemente estabelecida.

1807
Casa Rothschild de Frankfurt trata de grande parte das extensas transações financeiras de
Wilhem IX | Devido à influência de Buderus, - e até a expulsão do exército francês do eleitorado
de Hesse em 1813 - Buderus, em nome de Wilhem IX, utiliza os serviços dos Rothschild para
realizar discretamente transações financeiras em toda a Europa. Nestes primeiros anos do
século XIX, Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 – Casa De Frankfurt) consolida sua posição
como principal banqueiro internacional para Wilhelm IX e começa a emitir seus próprios
empréstimos internacionais, emprestando capital ao Landgrave. Ele também lucra com a
importação de mercadorias, contornando o bloqueio continental de Napoleão. Como resultado
dessas negociações, Mayer Amschel acumula uma fortuna considerável.

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Nathan Mayer Rothschild, 1853

A empresa criada por 2 jovens (Denis Samuel com 24 anos em  1808)
prosperou. Em  1812, seus negócios eram tão consideráveis que
exigiam a presença no Rio de um 3° irmão, James Samuel. Em 21 de
Setembro, James escreveu de Portsmouth para Nathan Mayer
Rothschild. Reconhecendo o recebimento de uma carta endereçada a
Samuel & Phillips, ele observou: “Ficarei feliz no prazer de vê-lo antes
da minha partida, com espera diária, com os melhores votos à Srª R, a
você e à família.” De fato, os negócios entre Rothschild e Samuel &
Phillips já estavam em andamento. No início de outubro, a empresa do
Rio comprou 133 "portos” [vinho do Porto], moedas de ouro, no valor de
£ 303, despachadas para Londres em uma lata [feita] de lata “pela Acct
& Risk of N M. Rothschild”. No final de dezembro, Samuel & Phillips
despacharam 19 barras de ouro, no valor de £ 1525. Foi nessa época
que Rothschild começou a fornecer dinheiro para os exércitos britânicos
no continente. O Brasil, com suas minas de ouro, era uma boa fonte
para a espécie de que precisava. Para pagar as remessas feitas por
Samuel & Phillips, Rothschild enviou às firmas letras de câmbio
sacadas dos comerciantes britânicos e portugueses no Rio de Janeiro.
Cada transação foi separada e com liquidação automática.

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Pequena Tabela Cronológica não incluída no texto traduzido 

1809
Rothschild fazem o primeiro negócio em lingotes de ouro | A Casa de Londres negocia com a
Braunsberg & Co. de Amsterdã e Flushing, iniciando, assim, os trabalhos com ouro - comércio,
refino e mineração de ouro, estendendo-se por quase 200 anos.

1814
Rothschild fornecem ouro para o Duque de Wellington, opositor de Napoleão Bonaparte | Nos
anos finais das Guerras Napoleônicas, o Duque Wellington avança para o norte através da
Espanha e empurra os franceses de volta aos Pireneus, mas precisa desesperadamente de
dinheiro para pagar suas tropas. Os irmãos Rothschild estão espalhados pela Europa e Nathan
Rothschild, que ainda é um recém-chegado ao banco britânico, é contratado pelo Governo de
Inglaterra para fornecer ao Duque Wellington os fundos necessários e junto com seus irmãos,
montar uma rede de agentes para comprar moedas e transferi-las para Wellington na forma de
moeda local. A empresa de NM Rothschild & Sons é abordada, acredita-se, porque o Governo
já havia falhado em estabelecer uma rede semelhante e havia sido derrubado por outras firmas
londrinas mais estabelecidas. A pressão estava nos Rothschilds para ter sucesso.  Nathan
entende que o sucesso nesse negócio pode levar, no futuro, a novas comissões importantes da
Grã-Bretanha e seus aliados. Os irmãos Rothschild desenvolvem, então, uma rede
incomparável de rotas secretas e correios rápidos.  Em um pós-escrito de uma carta de um
mensageiro de Rothschild, John Roworth: “Sou informado pelo Commissary White que você fez
bem pela informação adiantada que você teve da Vitória ganhou em Waterloo”. O correio e a
rede de comunicações Rothschild ganham uma reputação justificável de velocidade e
confiabilidade. A comissão de Waterloo sublinha o sucesso de uma empresa baseada em fortes
laços familiares e uma rede de comunicações insuperável.

1815
Notícias da vitória inglesa em Waterloo chegam a New Court, City of London |  "O melhor
negócio que já fiz"- diz o próprio Nathan. O The Times (Dezembro de 1823) relata: "O Sr.
Rothschild desempenhou um papel tão importante na história da geração atual que é muito
provável que nunca venha a ser esquecido”. Nos últimos anos do Séc. XIX, alguns
comentaristas até acreditam que Nathan Rothschild fez uma fortuna após Waterloo, agindo de
acordo com seu conhecimento inicial da vitória e comprando no mercado com o conhecimento
certo de que os estoques subiriam quando a vitória fosse confirmada. Alguns escritores
declaram que Nathan estava realmente presente em Waterloo e pessoalmente havia trazido de
volta as primeiras notícias da vitória, montando uma sucessão de cavalos pela Europa e
cruzando o Canal da Mancha na calada da noite. Uma análise cuidadosa das finanças de
Rothschild prova que esse não é o caso. Um milhão fora de Waterloo? Embora seja
virtualmente parte da história inglesa que Nathan Mayer Rothschild (1777-1836 –  Casa de
Londres) tenha feito 'um milhão' ou 'milhões' de suas primeiras informações sobre a Batalha de
Waterloo, a evidência é pequena: pouco mais, na verdade, do que a carta de Roworth para
Nathan “ter feito bem”, reforçada por uma lenda persistente. Na ausência de registros
contemporâneos no New Court, é impossível estimar o tamanho de seu ganho. Mas,
conhecendo a estrutura do mercado, podemos concluir que, por mais que Nathan tenha saído
de Waterloo, deve ter sido muito menos que um milhão de libras, quanto mais milhões. O
impacto de Waterloo para os Rothschild. Para Wellington, Waterloo foi o culminar de uma longa
campanha contra Napoleão: “Difícil de bater nisso, senhores. Vamos ver quem vai bater mais
tempo” - foi a sua previsão para a batalha. Para Nathan Rothschild, cujos irmãos o viam como
seu general comandante em sua própria campanha paralela durante as Guerras Napoleônicas,
Waterloo sublinhou o sucesso de um plano de negócios construído com fortes laços familiares e
uma rede de comunicações insuperável. “Eu, que o conheço tão bem e que no cumprimento de
meu dever público recebi tanta ajuda dele, posso seguramente dizer que ele foi o mais capaz,
hábil, correto e liberal em todo o curso de seu emprego como um todo agente do estado” - uma
apreciação de John Herries (Comissário-chefe britânico na época de Waterloo) em relação a
Nathan Rothschild.

1815 - 1835
Nathan Mayer Rothschild (1777-1836 –  Casa de Londres) |  NM Rothschild & Sons  emite 26
empréstimos governamentais britânicos e estrangeiros
1818
NM Rothschild & Sons  faz 1° grande negócio de empréstimos com 5% de empréstimo ao
Governo Prussiano |  Considerado por muitos como o verdadeiro precursor do empréstimo
público que transformou o mercado internacional de capitais no Séc.  XIX. Embora os cinco
filhos de Mayer Amschel Rothschild (1744-1812 – Casa De Frankfurt) tivessem arranjado muitos
empréstimos para governos soberanos antes de 1818, a emissão de bônus prussiana de 5% de
£ 5.000.000 foi a primeira de muitas emissões de títulos do governo seguindo esse modelo, que
eram a base dos negócios da  NM Rothschild & Sons  em Londres até à 2ª Guerra Mundial e
uma característica significativa dos negócios das outras casas bancárias de Rothschild em
Paris, Frankfurt, Viena e Nápoles.

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Em meados de  1815, Samuel e Phillips haviam se tornado o agente


correspondente de Rothschild no Brasil, mantendo uma conta
permanente para transações entre a empresa e Rothschild, uma conta
equilibrada no final do calendário anual. A partir da correspondência
sobrevivente, fica claro que Denis Samuel era a figura dominante na
empresa. Ele não tinha muita cultura, ou educação: seu estilo de escrita
e ortografia eram erráticos na melhor das hipóteses, mas era enérgico,
perspicaz e sem muito escrúpulo. Ele cultivou contatos estreitos com
funcionários do governo do Rio, particularmente os do Tesouro,
mantendo a casa aberta para eles e
silenciosamente[??]  proporcionando-lhes uma parcela dos lucros. Em
fevereiro de  1816, Denis Samuel comentou com Nathan Mayer sobre
“Os nossos Negócios do Governo, que em grande parte estão em
nossas mãos". 2 meses depois, ele enviou a Rothschild uma letra de
câmbio escrita pelo Tesouro Português a £ 701/2d por Mil Réis, £ 31/2d
acima da taxa de câmbio vigente, obtendo um "ganho total a 5%".
Uma fatura para caixas de moedas de ouro ('Ports') enviadas do Brasil para a Inglaterra por
Samuel & Phillips no paquete Diana, 1815

Nas negociações com Rothschild, Samuel & Phillips era respeitosos e


obedientes. A empresa sempre foi "gratificada" e "honrada" por receber
as cartas de Nathan Mayer e cumprir seus pedidos. "A maneira bonita
de oferecer espontaneamente sua garantia colossal de nossa empresa
está indelevelmente marcada em nossa mente." A empresa sofreu as
repreensões de Rothschild humildemente, sempre cedendo aos seus
desejos. Ao mesmo tempo, tentava constantemente obter informações
privilegiadas de Rothschild e aumentar seus favores. O relacionamento
comercial era aquele em que a Samuel & Phillips enviava espécie e pó
de ouro e colecionava contas escritas no Rio que Rothschild havia
descontado, remetendo os lucros sob a forma de boas contas para a
Inglaterra. O negócio era mutuamente lucrativo e cresceu em tamanho
e intensidade na década após 1815.

Em meados de 1818, Alfred Phillips voltou para casa na Inglaterra, onde


se casou com sua prima Rebecca, uma das filhas de Moses Samuel.
Ele levou consigo a empresa Samuel & Phillips, que conduzia negócios
no n° 8 South Street, Finsbury. No Rio, foi criada uma nova empresa,
Samuel Phillips & Co., com James Samuel sendo admitido como sócio.
(Essa mudança tem sido compreensivelmente motivo de muita
confusão, não apenas para os historiadores, mas também para os
contemporâneos, principalmente porque o "Samuel" em "Samuel
Phillips & Co." era e é frequentemente considerado como um primeiro
nome). A mudança posterior ocorreu em junho de 1820, quando Joshua
Samuel, mais um dos irmãos, chegou ao Rio para trabalhar na Samuel
Phillips & Co. Uma carta pessoal que ele enviou a Nathan Mayer
Rothschild esclarece a estreita relação existente entre os dois homens.
"Com os melhores cumprimentos à Srª Rothschild, a você e à família
em que imploro incluir a respeitável família dos Montefiores [Judith e
Moisés] e o círculo em volta da sua hospitaleira mesa". Em outra carta
pessoal de  29 de janeiro de 1821, anunciando que a falta de saúde
tornava necessária a volta de seu irmão James à Inglaterra, Joshua
Samuel se referiu às “amáveis damas”, palavras escritas discretamente
em Judendeutsch (alemão em caracteres hebraicos), que “deverão ser
apenas encontradas no nome”, no Rio. Joshua entendeu o
temperamento de Nathan Mayer Rothschild, como mostra uma
observação em uma carta de 19 de outubro de 1822: “Nosso Sr. Josh
Samuel nos diz que o Sr. Rothschild estava em um de seus melhores e
alegres humor quando ditou seu memorando no Prem das Contas da
Bahia”.
O cunhado de Rothschild, Samuel Moses Samuel, nunca foi, ao que
parece, um parceiro da Samuel & Phillips de Londres ou da Samuel
Phillips & Co. do Rio, mas as duas firmas mantinham laços estreitos
com ele tanto como indivíduo quanto como como sócio sênior na
empresa de Samuel Brothers. Em  1820, quando a empresa do Rio
elaborou uma letra de câmbio em favor do governo português por £
14.500 na Samuel & Phillips em Londres, especificou S. M. Samuel
como pagador "em caso de ausência".  [Nota de Roderick J. Barman:
"Arquivo Nacional da Torre do Tombo,  Lisbon, Portugal, Arquivo do
Ministério dos Negócios Estrangeiros, Caixa 173, n° 66, Viscount of São
Lourenço to Samuel Phillips & Co., Rio de Janeiro, 3 February 1821]

Os eventos no Brasil durante a década de 1820 favoreceram a empresa


de Samuel Phillips & Co., fazendo com que ela prosperasse como
nunca antes. Quando o Rei de Portugal foi forçado a retornar a Lisboa,
em  1821, após uma ausência de 14 anos, deixou para trás seu filho
mais velho, Pedro, como Regente do Brasil. Temores crescentes de que
Portugal tentaria tornar o Brasil mais uma vez uma colônia levaram a
uma declaração de independência no  final de 1822, com o Príncipe
Regente tornando-se Imperador Pedro I. Samuel Phillips & Co.
mantinha estreitas relações pessoais com a família
imperial  [maçônica]  e com o novo gabinete de ministros da Nação.
No  início de 1824, Woodbine Parish, o primeiro enviado britânico à
Argentina, chegou ao Rio de Janeiro a caminho de Buenos Aires e a
empresa relatou a Nathan Mayer Rothschild: “O Sr. Parish entregou-nos
também suas gentis apresentações e lhe oferecemos nossos Serviços
e mesa, com convite para encontrar o ministro de Estado com alguns
de nossos amigos em particular.”
Empréstimo de £ 3 milhões requisitado pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II

As finanças do novo Império estavam, na melhor das hipóteses,


instáveis e Samuel Phillips & Co. mostraram-se ansiosos por obter lucro
com esse embaraço. Já em  Outubro de 1820, a empresa havia
sugerido a Rothschild o arranjo de um empréstimo ao Governo com
juros de 9 a 12%. “Não devemos hesitar em tomar uma grande fatia
[sic]. Seus sentimentos nos obrigariam muito a esse assunto." Eles
renovaram suas urgências sobre o assunto em Março e em Agosto de
1821. Mas Nathan Mayer recusou-se a morder  [a isca], como a
empresa reconheceu em  Março de 1822. “Anotamos o fato de você
recusar qualquer parte de um empréstimo, caso façamos esse contrato!
Você certamente deve ser o juiz mais capaz sobre esse assunto. Tudo
o que temos de lhe garantir é que, se isso for efetuado por nós, as
bases serão sólidas e, quão longe a visão humana possa  ver, o
pagamento garantido pelas receitas de nossa residência de 15 anos,
nos fez iguais para selecionar.”
O 1° empréstimo ao Governo brasileiro não foi, de fato, lançado no
mercado de Londres até o início de 1824. Samuel Phillips & Co. sabia
exatamente o que então transpirou, como mostra a carta da empresa
de 18 de Novembro: “O empréstimo foi concedido por 1 milhão a 75% e
tendo sido com um desconto de 3%, é muito apreciado aqui; os
empreiteiros tomando a opção dentro de 4 meses de levar [um] milhão
a mais [a] 83%  e 4 meses após esse período, o milhão restante [a]
87% mas como é mais provável que eles não cumpram a primeira parte
deste contrato, ele será anulado e, nesse caso, talvez você possa ser
induzido a fazer um acordo com Brant & Gameiro (os enviados
brasileiros em Londres) para recuperar seu crédito e o  [crédito] de seu
Governo, contratando para o restante". Em  Janeiro de 1825, Nathan
Mayer entrou na brecha e não teve dificuldade em vender a segunda
colocação de  £  2 milhões. Rothschild passou, efetivamente, a ser o
agente do Governo brasileiro, pagando os dividendos semestrais dos
empréstimos e atuando como banqueiro do enviado brasileiro em
Londres.
Obrigação do empréstimo de £ 2 milhões ao Governo brasileiro, 1825, emitida por NM
Rothschild

Como o Governo brasileiro havia levantado o empréstimo de 1825 - em


parte para quitar suas dívidas no Brasil - precisou recorrer ao capital de
Rothschild. Como Samuel Phillips & Co. relatou em Março de 1825: "É
muito provável que os Saques do Governo em seu próprio bem,
possam passar por nossas mãos". De fato, de Março a Agosto de 1825,
a empresa forneceu ao Governo mais de £ 200.000, sendo
reembolsada principalmente por letras de câmbio sacadas pelo Tesouro
Brasileiro em Rothschild. O tamanho dessas transações atesta os
recursos e a posição de Samuel Phillips & Co.
O ano de  1825  viu uma mudança na administração da empresa no
Brasil. Denis Moses Samuel, que estava doente, retornou à Inglaterra
no paquete de Abril. Em Londres, ele assumiu a direção de Samuel &
Phillips. Para ajudar Joshua Samuel e seu irmão James (retornou ao
Rio com a saúde restaurada no  início de 1824), veio ao Brasil John
Samuel, filho de Phineas Moses Samuel, outro dos irmãos. John
Samuel era muito jovem e só começou a trabalhar como balconista de
cópias confidenciais em Julho de 1826.

Ao tempo do seu retorno a Londres, Denis Moses Samuel era um


homem rico. Ele se estabeleceu em Hanover Terrace, projetado por
John Nash, no lado oeste do Regent's Park. Ainda mais bem-sucedido
foi Samuel Moses Samuel, que no início da  década de 1820  havia
transferido seu escritório para a Corte de Freeman, Cornhill, pela Royal
Exchange e muito perto de New Court [Sede do Banco NM Rothschild &
Sons]. S. M. Samuel comprou por volta dessa época o n° 29 Park
Crescent, projetado por John Nash, que ainda está de pé, de frente
para Marylebone Road e Regent's Park. No diretório da corte de Boyle
de 1829, os dois irmãos tinham o título "Esq"  [Escudeiro]. Contribuindo
para esse novo status social estavam os estreitos laços entre Nathan
Mayer Rothschild e S. M. Samuel. Em  Novembro de 1826, Samuel
Phillips & Co. escreveu do Rio: “Temos que agradecer pela
comunicação do casamento pretendido da filha de nosso irmão SM
Samuel, Henrietta, ao Sr. Worms e espero que todo o bem possa
atendê-los, assim como a você e à estimada família". Solomon Benedict
Worms, filho da irmã de Nathan Mayer, Jeannette, havia sido trazido
para a Inglaterra e educado lá por seu tio. O casamento ocorreu
em Julho de 1827. 7 anos depois, em Dezembro de 1834, Denis Moses
Samuel, então com 50 anos, casou-se com sua sobrinha Amelia, a
caçula das 3 filhas de S.M. Samuel.
As cartas que Samuel Phillips & Co. enviaram a Nathan Mayer
Rothschild no final da década de 1820, sugerem uma mudança sutil no
relacionamento. As informações fornecidas são bastante esparsas e
resumidas e o tom adotado é muito mais igual. A empresa no Rio
estava tomando agora, é justo deduzir, tanto ou mais atenção às suas
transações financeiras e comerciais com a Samuel & Phillips. Em 1826,
a tentativa da firma do Rio de obter 3/4 do lucro de uma letra de câmbio
de £ 10.000 sacada em Rothschild pelo enviado inglês ao Brasil
desagradou tanto Nathan Mayer que ele observou em sua carta: “Não
posso permitir isso, devo ter o montante total". Ele se recusou a aceitar
a conta do enviado até que Samuel & Phillips a endossasse a ele. As
circunstâncias alteradas talvez expliquem por que, no  final de 1829,
Rothschild escolheu como seu segundo agente correspondente no Rio
de Janeiro, Leuzinger & Co., uma filial de uma empresa estabelecida
com o mesmo nome em Paris. A Leuzinger & Co. não era apenas tão
respeitosa em suas cartas quanto Nathan Mayer poderia desejar, mas
fornecia a ele, todos os meses, informações abundantes sobre a
situação financeira, comercial e política no Brasil.
Dom Pedro II, seu neto, Pedro Augusto e sua esposa, Teresa Cristina - 1887

O elemento de tensão existente no relacionamento entre Samuel


Phillips & Co. no Rio e Rothschild ajuda a explicar a série de eventos
que levaram, no final de 1831, a Samuel & Phillips, substituindo Nathan
Mayer Rothschild como o agente financeiro do Governo brasileiro em
Londres. No final da década de 1820, a situação financeira do Império
do Brasil ficou cada vez mais instável. Sentiu grande dificuldade em
encontrar os fundos necessários para cobrir os dividendos pagáveis
em 1 de Abril e 1 de Outubro em seus empréstimos em libras esterlinas.
Em mais de uma ocasião, Rothschild fez o montante necessário a partir
dos seus próprios recursos e se acostumou a desafiar os Conselhos do
Tesouro nos portos fora do Rio de Janeiro por suas contribuições
alocadas aos pagamentos de dividendos. Ele parece ter ensinado o
Governo Imperial sobre seus deveres e reprovando-o por não cumpri-
los. Em  Maio de 1829, Samuel Phillips & Co. relatou “a sugestão que
fizemos ao Ministro das Finanças, do que você teve o prazer de
declarar ao nosso Sr. Denis Samuel na partida de Packet em  7 de
Março 'isso mas  para sua informação sobre o estado deste país, você
não pagaria dividendos no dia  1º de Abril  passado' e esperamos que
nada tenha ocorrido na partida de Packet no dia  27  para alterar sua
determinação”.

Em  Abril de 1831, uma crise política forçou Pedro I a abdicar. Ele
navegou para a Europa, deixando como imperador seu filho, então com
5 anos. Os opositores políticos de Pedro I assumiram o controle do
Governo. A Samuel Phillips & Co. lucrou com essa mudança. Não
apenas o imperador que partiu deu à firma sua procuração para
administrar seus assuntos financeiros e pessoais no Brasil, mas a firma,
tendo feito muitos favores aos políticos agora no cargo, possuía acesso
aberto a eles. O político mais capaz e forte foi Diogo Pereira de
Vasconcelos, nomeado Ministro das Finanças em  Julho de 1831.
Vasconcelos estava determinado a garantir que as finanças do Brasil
fossem dali em diante administradas adequadamente e que fundos
suficientes sempre estivessem depositados em Londres bem antes da
data de vencimento para o pagamento de dividendos. Ele assim
informou Rothschild e lhe enviou informações detalhadas e instruções
específicas sobre o assunto.
Diogo Bernardo Pereira Vasconcelos, Ministro da Fazenda de 17 de Julho de 1831 a 4 de
Agosto de 1832

Vasconcelos escreveu em português e o uso desta linguagem pode


explicar por que Nathan Mayer Rothschild prestou pouca atenção às
cartas do Ministro. Ele acreditava claramente que desordem política e
crise financeira resultariam do novo estado de coisas e, portanto,
continuou pressionando os Conselhos do Tesouro local a fazer grandes
remessas diretamente a ele. Suas cartas ao Ministro das Finanças do
Brasil forneciam poucas informações sobre a quantidade de fundos que
Rothschild mantinha em Londres, mas continham muitas exortações
sobre a necessidade do Brasil cumprir seus compromissos
internacionais. As cartas de Vasconcelos tornam patente sua
impaciência e crescente raiva, tanto pelo tom quanto pelo conteúdo da
correspondência de Rothschild. Nathan Mayer não deu atenção a esses
sinais de perigo. No final de 1831, Vasconcelos entrou em ação. Em 24
de Dezembro, Samuel Phillips & Co. informou Rothschild:

“Devemos comunicar a você que, em uma Conferência que tivemos


com o Ministro das Finanças, Sr. Vasconcelos, ele apresentou que se
sentiu extremamente magoado por você não tratar bem o Ministro
brasileiro, mesmo que se recusasse a aceitar seu projeto de lei por
valores insignificantes. Isso o fez, somado aos seguintes motivos,
suspender as transações do Governo com você e encontrar sua
resolução fixa, caso não aceitássemos o mesmo para adotar alguma
outra medida, achamos adequado aceitá-lo, também alegando [sic] a
irregularidade de suas contas de envio e A/C, tanto que o Governo
desconhece o estado real de seus fundos nas mãos dos Contratantes;
parece que eles pretendem continuar pagando os Dividendos como de
costume e que Ordens positivas foram enviadas a todas as Províncias
para fazerem remessas e também se esforçar para fazer o mesmo a
partir de agora”.

O que Samuel Phillips & Co. não especificou em sua carta a Nathan
Mayer foi que, a partir de então, o Ministro das Finanças usaria Samuel
& Phillips para administrar os fundos do Governo em Londres e vender
diamantes, tinturas, algodão e outras mercadorias enviadas para
Europa. A carta de  24 de Dezembro  implica que a firma carioca não
exerceu influência sobre Vasconcelos, mas simplesmente aceitou sua
decisão, já que, de outra forma, escolheria outra firma de comerciantes
para cuidar dos negócios do Governo em Londres. Um comerciante
português, escrevendo no Rio em 12 de Janeiro de 1832, ofereceu uma
interpretação muito diferente da situação, a do cuco no ninho:

“Como é que a empresa de Samuel Phillips, representada aqui por um


bêbado que não sabe falar em nenhum idioma, não apenas serviu o ex-
Imperador, recuperando para ele todas as propriedades que ele deseja,
mas, como seu advogado, está exigindo grandes quantias do Estado?!
E, com a abolição da Agência do Tesouro em Londres e a remoção da
venda de diamantes e madeira do Brasil das mãos dos enviados em
Londres, a empresa foi solicitada a vender esses produtos e também a
atuar como Agente do Tesouro a partir de agora. Tudo isso é resultado
de manter todos os dias a casa aberta, servir não mais do que meia
dúzia de pratos e encontrar dinheiro com o qual fazer empréstimos a
figuras públicas desejosas de fazer um show, mas sem a renda
necessária para fazê-lo”  [Nota de Roderick J. Barman: "Cartas de João
Loureiro escriptas do Rio de  Janeiro ao Conselheiro Manuel José da
Costa  e Sá," Revista do Instituto Historico e Geographico  Brasileiro
tomo 76, parte II (1913), 392. Em 1831 o agente financeiro em
Londresnão mais era o enviado brasileiro, como  Loureiro assumiu,
mas NM Rothschild.]
Os Rothschilds estiveram envolvidos no desenvolvimento de ferrovias em todo o mundo e o
Brasil não foi exceção. Já em 1858, eles emitiram seus primeiros empréstimos para empresas
ferroviárias brasileiras, a Companhia Ferroviária da Bahia e San Francisco e a Companhia
Ferroviária Don Pedro II, seguida pela Companhia Ferroviária de São Paulo em 1859. Outros
empréstimos foram concedidos a essas empresas ao longo dos anos e a Ferrovia do Oeste de
Minas foi acrescentada a esse número em 1893. As ferrovias abriram o interior do Brasil: os
imigrantes entraram e a plantação de café se expandiu enormemente. O mapa mostrado aqui
acompanhava um prospecto de empréstimo para a Companhia Ferroviária da Bahia e San
Francisco, emitido em 1884 para arrecadar cerca de £ 300.000 para financiar um ramal. Os
produtos - e potenciais produtos - do interior que podem ser trazidos para o porto da Bahia pela
ferrovia são marcados no mapa.

É patente que Nathan Mayer Rothschild não acreditou e não pôde


creditar como foi tratado. Ele escreveu com ira a Samuel Phillips & Co.,
o qual respondeu em 26 de Abril com uma suave punição: 

“Temos que lamentar que não tenha lhe proporcionado satisfação nossa
comunicação a respeito de nossa conferência com o Ministro das
Finanças. Temos apenas como conclusão declarar que foi por
insistência dele que passamos por cima de você  [no original "we made
it you"]  e não temos nada para comentar. Não temos dúvida dos
esforços feitos aqui, os dividendos foram pagos a você como sempre no
dia 1º de Abril".

Ainda mais irritante para o orgulho de Rothschild deve ter sido a carta
enviada por Samuel & Phillips, de Londres, em 31 de Agosto de 1832:

“Pedimos para informá-lo que na próxima 6ª-feira,  7 de Setembro,


manteremos à sua disposição a soma de trinta e três mil setecentos e
cinquenta libras, pela qual quantia de £ 33750, solicitamos que você
nos entregue seu recibo em triplicado, declarando que sua aplicação
esteja na conta dos Empréstimos Imperiais do Brasil para Dividendos
com vencimento em 1º de Outubro seguinte”.

Rothschild agiu como se não tivesse sido suplantado. Ele continuou a


assediar os Conselhos do Tesouro local para fazer remessas diretas a
ele de sua cota de fundos para pagar os dividendos do empréstimo. Ele
bombardeou sucessivos Ministros das Finanças com protestos, projetos
e reclamações contra a conduta de Samuel & Phillips. As respostas dos
Ministros, sempre corteses e atenciosas, foram inflexíveis. Nenhum
deles consideraria reverter a decisão de Vasconcelos. Em  meados de
1833, Rothschild havia percebido que o status de Samuel & Phillips
como agente do Governo brasileiro em Londres era inexpugnável. Ele
resolveu terminar o papel de Samuel Phillips & Co. como seu agente
correspondente no Rio. Usando uma falha da parte do outro para
cumprir suas instruções ao elaborar uma letra de câmbio, ele ordenou
que entregasse os fundos substanciais que mantinha em seu nome à
Leuzinger & Co. e à Finnie Brothers. "Não podemos deixar de ser
sensíveis a essas mudanças", respondeu Samuel Phillips & Co, "e
confiar que qualquer incidente de negócios não nos privará a honra de
sua amizade que você teve o prazer de manter conosco como nos
tempos passados". A carta está escrita à mão de Joshua Samuel, que
cerca de 20 anos antes fazia parte do “círculo em volta da sua mesa
hospitaleira”.

 Cupons de obrigações emitidos sobre a segurança do café


Proteção contra incêndios em um armazém de café | O café foi o principal produto do Brasil,
mas a quadruplicação da produção no Estado de São Paulo entre 1870 e 1900, estimulada em
grande parte pelo crescimento das ferrovias [um dos investimentos da Família Rothschild], foi o
início de décadas de problemas com excesso de oferta. Até 1930 [ano em que o BIS foi criado],
os Governos federal e estadual responderam ao excesso de oferta tentando apoiar o preço do
café por meio do armazenamento em pilhas. O Banco [NM Rothchild & Sons, New Court, City of
London] era cético em relação a tais esquemas de "valorização", mas, no conselho telegráfico
de Henry Lynch, em 1922, agente [do NM Rothchild & Sons] no Brasil, acabou achando que
precisavam se envolver para não perder negócios para outras empresas: "Como você não
favoreceu a política até o presente, atrevo-me a sugerir que continue sua política dependendo
das eleições futuras, mas, em minha opinião, se o Governo Federal brasileiro presente, ou
futuro, decidir sustentar a política contra o seu interesse em [não apoiar a política], não
podemos deixar de pensar que outros irão fazer dinheiro devido a agentes financeiros que não
apoiarem o governo quando o dinheiro do mercado permitir que outros o façam." Como
resultado, o banco participou do empréstimo de 1922 para o Brasil destinado a ajudar a
financiar o estoque de café. Com um empréstimo de £ 9.000.000 garantido em 3.000.000 de
sacas de café, o governo teve que proteger essa mercadoria economicamente vital. Em 1924,
como agentes do governo brasileiro, os Rothschilds buscavam seguro para o café, reunindo
informações sobre proteção contra incêndios nos armazéns espalhados pelo estado de São
Paulo.

Nathan Mayer Rothschild nunca, até o dia da sua morte, reconheceu


que ele poderia ter sido responsável por perder a agência financeira.
Em  Abril de 1836, ele disse a um enviado especial do Governo
brasileiro que “fora injusto com ele, talvez por causa das circunstâncias
do momento, mas que ele não hesitaria agora em emprestar com a
mesma boa vontade e liberalidade que demonstrou em tempos idos,
desde que o Governo adotasse princípios sólidos, ou seja, se
escrupulosamente cumprisse os contratos que faz, a única maneira de
possuir crédito”.  [Nota de Roderick J. Barman: "Projeto de carta do
Marquês de Barbacena a Diogo Antônio Feijó, Rio, Junho de 1836,
transcrito em Antonio Augusto de Aguiar, Vida do Marquez de
Barbacena (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1896), pg 950.
Conhecido como "General Brant" antes de receber seu título de
nobreza, Barbacena havia sido um dos dois agentes brasileiros em
Londres que negociaram o empréstimo de 1824 e 1825"]

Três meses depois, Nathan Mayer morreu em Frankfurt e com ele


terminou qualquer elemento de animosidade pessoal, se tal existiu,
contra Samuel & Phillips. Os presentes no funeral de Rothschild
incluiram, como relatou o The Times, membros dos vários ramos da
família Samuel. No Rio de Janeiro, Samuel Phillips & Co. continuou a
prosperar. A grande conquista da empresa foi o lançamento bem-
sucedido de um empréstimo do Governo brasileiro por £ 400.000 no
mercado de Londres em 1839. O enviado britânico no Rio caracterizou
a Samuel Phillips & Co no final de  1839  como “um grande judeu
comercial, ou melhor, Casa Financeira [sic] em Londres e aqui, há muito
tempo conectada com este Governo na maioria de suas operações”.
Um mês antes, ele comentou: “a influência da Casa de Samuel e da
Companhia é muito grande neste país e eles fazem uso sem escrúpulos
do profundo conhecimento que possuem da venalidade dos
representantes e servidores públicos brasileiros”.

Na realidade, a Samuel Phillips & Co. havia atingido seu apogeu. No


final de 1839, James Samuel retornou permanentemente à Inglaterra,
deixando a empresa sob a administração de seu sobrinho John Samuel.
A evolução política no Brasil trouxe a substituição de Samuel & Phillips
pela empresa Goldsmid, King e Thompson como agentes do governo
em Londres. Essa mudança não parece ter afetado muito a sorte da
empresa do Rio. John Samuel possuía excelentes conexões com a elite
política e social do Brasil. De 1841 a 1843, Samuel Phillips & Co. serviu
novamente como agente correspondente no Rio para a N M Rothschild
& Sons. Finalmente, em  1851, após uma residência de um quarto de
século no Brasil, John Samuel decidiu retornar à Inglaterra. Sem
nenhum membro da família para sucedê-lo, ele colocou a empresa do
Rio em liquidação.

Em Londres, Samuel & Phillips continuou seus negócios até a morte de


Denis Moses Samuel, em  Agosto de 1860. Após seu retorno, John
Samuel - cuja sobrinha Juliana Cohen se casou com Mayer de
Rothschild - era um visitante frequente de Mentmore, residência de
Mayer em Buckinghamshire e ele às vezes almoçava com Lionel de
Rothschild no clube da cidade de Londres, Old Broad Street. John
Samuel pode ter desempenhado um papel na nomeação da N M
Rothschild & Sons em  1855  como agentes do Governo brasileiro em
Londres. Ele certamente usou as conexões de sua família para
convencer a NM Rothschild & Sons a atuar como a casa emissora das
ações das empresas ferroviárias brasileiras das quais ele era diretor.
A vida mais longa dos irmãos Samuel foi, paradoxalmente, Samuel
Moses Samuel, o mais velho. Ele não morreu até  1873, aos 99 anos,
deixando uma fortuna de £ 500.000. Nem o filho dele, George, nem os
dois filhos de Denis Moses Samuel, Frank e Arthur, demonstraram o
menor interesse no mundo do comércio e finanças. John Samuel, que
nunca se casou, viveu até 1887. Até então, as duas firmas da Samuel
Phillips & Co, do Rio de Janeiro e Samuel & Phillips, de Londres, não
passavam de lembranças. Em contraste,  NM Rothschild &
Sons continuou a florescer como uma árvore de louro verde.

Henry Lynch (1878-1958) - não mencionado no documento aqui traduzido


- foi representante da NM Rothschild & Sons, New Court, City of London, no Brasil de 1919 até
sua aposentadoria em 1957. Palin, um funcionário do Banco em Londres, descreve Lynch em
suas memórias Rothschild Relish (1970): "Esse grande personagem, membro de uma antiga
família anglo-brasileira, era sócio de um negócio de importação e exportação, mas o mais
importante para nós, ele era o agente e representante no Brasil da NM Rothschild & Sons, New
Court, City of London. Ele era solteiro, alto, com uma compleição que se aprofundou durante os
anos em que o conheci, (...) gostava de boa vida e ocupava uma posição única no Rio, onde às
vezes dizia ser mais Embaixador Britânico do que o próprio Embaixador Britânico. Conhecendo
e sendo conhecido nos círculos governamentais, políticos, financeiros, comerciais e sociais, ele
sempre me pareceu extremamente bem preparado para o seu trabalho". Lynch se tornou
indispensável para o Banco NM Rothschild & Sons e se dedicou à promoção dos interesses
britânicos no Brasil. Ele enviou ao Banco informações e conselhos regulares e detalhados sobre
questões comerciais, políticas e econômicas e foi um canal para os níveis mais altos do
Governo Brasileiro. Seus arquivos de correspondência para os anos 1919-1940 discutem, entre
outros, os empréstimos propostos; empréstimos sendo solicitados e emitidos em outro lugar; e
desenvolvimentos no Banco do Brasil [do qual, hoje, a Família Rothschild é acionista]. Os
arquivos de Henry Lynch podem ser encontrados na série de correspondências especiais do
Arquivo [da Família Rothschild].

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