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História do livro:

reino mineral, vegetal e animal

Professora: Gabrielle Francinne Tanus


Reino Mineral
• Uso da pedra em que foi gravada a lei dos hebreus, revelada
no Monte Sinai.
“os edifícios de pedra que os maias ‘escreviam’ os seus calendários, enquanto
os gregos e romanos, mesmo depois da invenção do livro, gostavam de
reproduzir em suas muralhas as narrativas de certos fatos de maior
importância”.
• Mármore também foi registro de inscrições tumulares e
cívicas, e calendários descoberto nas ruínas de Pompéia.
• Metais para textos importantes. O bronze foi utilizado para
a escritura dos tratados de paz dos romanos e a lei das doze
tábuas. Discursos de imperadores, como o de Claudio,
conservado em Lyon. Chumbo também foi encontrado
como suporte, mais maleável, pouca resistência.
• Ouro e prata para a escrita.
Pedra
bronze

Calendário sueco datado


de 1540, em bronze

detalhes do código de Hamurabi


• Barro e Argila, esculpidos e cozidos, que constituíram nas
coleções das bibliotecas da Mesopotâmia.
• Foi utilizado como suporte da escrita desde o séc. IV a. C. Um dos
primeiros materiais utilizados pelo ser humano na produção de
objetos.
• A descoberta das lajotas de argila do Palácio de Nínive, revelou a
civilização Mesopotâmia.
• No princípio eram feitas inscrições em vasos e óstracos (cacos de
vasos de barro).
• As lajotas de barro das bibliotecas mesopotâmicas, com sua
escrita cuneiforme são considerados os mais remotos ancestrais
do livro.
• Os cilindros, as lajotas e os óstracos serviam ao comércio para
contratos, recibos e notas.
• As lajotas também eram usadas para correspondências.
Livro de barro
• Não registrava o nome do autor, mas sim, o do escriba ou
proprietário.
• As bibliotecas dispunham de catálogo das obras em lajotas de
barro.
• Os livros não tinha títulos, eram catalogados pelas duas ou três
primeiras palavras do texto.
Assurbanípal
• Rei da Assíria. Tirano, bibliófilo, culto, amante das artes
plásticas e da literatura.
• Organizou a maior biblioteca do mundo antigo.
• Na biblioteca, os textos eram submetidos à criticas, de
um grupo de estudiosos, acrescentando ou suprimindo
partes e determinando se deviam ou não ser copiados.
• Possibilitou o acesso aos escritos das antigas civilizações
da Mesopotâmia
• Cerca de 30.000 tabuinhas de argila foram gravadas em
cuneiforme foram catalogados sob o reinado de
Assurpanípal.
Código de Hammurabi
• Código de leis reunidas por Hammurabi,
rei da Babilônia, entre 1790 e 1750 a.
C.

• O código não reúne todas as leis da


época. Tentou corrigir injustiças do
passado, apresentando em um único
documento a regulamentação básica de
todas as questões resultantes do
relacionamento social.
• Alguns autores classificam-no como
obra literária.

• Foi dividido por Vicent Scheil em 282


parágrafos, todos começando com a
letra se. http://br.youtube.com/watch?v=JIqKikEAaoA
Epopéia de Gilgamesh
• Mais antigo épico da literatura
universal.
• Descoberta entre as ruínas da
biblioteca de Assurbanípal é um
dos fascinantes capítulos da
história da arqueologia.
• A obra, incompleta, está contida
em 12 lajotas quebradas,
recolhidas ao Museu Britânico.
• Relata um dilúvio que ocorreu
cerca de 300 antes do relato do
dilúvio bíblico de Gênesis.
Reino Vegetal

• Mais utilizado.
• Folhas de palmeiras, oliveiras, papiros, seda, eucaliptos...
• Madeira foi utilizada como suporte da escrita. Tabletas de
cera perduraram até o final da Idade Média.

Recobertas ou não como uma camada


de cera, sobre a qual se escrevia com o
estilete, elas serviam para os mais
variados fins: correspondências,
cadernos de estudos, contas,
anotações, e ofereciam a vantagem de
servir indefinidamente, quando
enceradas. Rapava-se a cera e substitui
por outra.
• O Tripitaka Koreana é a
coleção mais completa
de textos budistas,
gravada em 80.000
blocos de madeira
entre 1237 e 1249.
Foram construídos no
Templo de Haeinsa os
edifícios de
Janggyeong Panjeon
no século XV para
abrigar os blocos de
madeira
Egito
• Papiro. Nome científico: Cyperus papyrus
• Acredita-se que os egípcios foram os primeiros a utilizarem
como suporte da escrita. Pensa-se que os mais velhos
papiros datem de 3500 anos, o que está de acordo com o
que hoje se sabe da civilização egípicia. Os egípcios foram os
maiores produtores.
• O papiro era empregado para objetos do dia-a-dia como
cordas, esteiras, sandálias, velas de barco...

Tipos de textos:
• Ficção • Livro dos Mortos
– Lendas e contos, Poesias Transcrição e
• Livros de medicina compilação dos textos
– Papiro Ebers encontrados nas
paredes dos túmulos.
– Papiro Smith
Utilizava-se tinta vermelha
(óxido vermelho de ferro) para
abertura dos parágrafos, hábito
ratificado nos manuscritos
europeus e nos primeiros
impressos.
Tinta preta: fuligem e água.

O tamanho das folhas de papiro era


aproximadamente 12,5 X 12,5cm e 12,5 X
35,7cm, unidas umas às outras para formar
rolos com cerca de 6 a 9 metros de
cumprimento.
MAIS LONGO: 40 metros.
• Produção do papiro: divide-se com uma agulha a haste do papiro, cuja
grossura é mais ou menos a de um braço, em folhas bem delgadas, mas tão
largas quanto possível. A melhor folha é do interior do tronco e assim
sucessivamente, na ordem das camadas sobrepostas. Moldam-se as
diferentes espécies sobre uma mesa umedecida com água do Nilo. Esse
líquido turvo exerce o papel de cola. Sobre essa mesa inclinada colocam-se
primeiramente as folhas em todo o comprimento do papiro, aparando-as
apenas em cada extremidade, e em seguida colocam-se transversalmente
outras camadas em forma de trama. A seguir, prensa-se o conjunto,
obtendo-se uma folha que é secada ao sol. As folhas reunidas entre si,
colocando-se em primeiro lugar as melhores e assim sucessivamente. A
reunião dessas folhas forma um scapus (mão)...As desigualdades, os
defeitos do papiro, são polidos com um dente ou com uma concha, sem que
o caracteres poderiam desaparecer. Polido, ele é mais brilhante mas não
pega a tinta satisfatoriamente. Depois de juntá-lo com cola de farinha ou
com miolo de pão cozido, de forma a ter o menos possível camadas secas
interpostas, e de torná-lo mais macio que o próprio linho, adelga-se com um
malho, põe-se nova camada de cola, desfazem-se as dobras que se
formaram e bate-se-o de novo com o malho. O papiro recebia escrita apenas
no lado interno e macio.
• Para escrever/ler desdobrava-se o rolo com a mão
esquerda e enrolava com a mão direita.
• Declínio do papiro:

• A técnica de produção de papiro difundiu-se por todo o mundo antigo,


espalhando-se pelo Mediterrâneo, até que o suprimento do papiro chegou ao
limite;

• Papiro começou a desaparecer na Idade Média, Século VII. Na Itália, ainda se


encontrava papiros até o século XII, mas na França eles desapareceram
completamente no século VIII.

• Palimpsestos: reutilização do papiro. Realiza-se a raspagem do papiro e


escritura por cima.

• à escassez natural do papiro, mais as guerras que impediram a sua exportação.


Rivalidade da Biblioteca de Alexandria e Pérgamo.

• O papiro, muito frágil, foi suplantado por volta do início de nossa era por um
material mais resistente: o pergaminho.
• Judéia: Em 622 a.C. ocorreu a primeira leitura pública do livro
da lei. Nascimento da Bíblia Antigo Testamento: Composto
desde II milênio a. C. 46 livros (Pentateuco, históricos,
sapienciais e proféticos).

• Talmude: O mais importante livro do judaísmo após a Torá.


Reúne a tradição oral rabínica acumulada desde 250 a.C. até
550.
• Incluí tratados, leis complementares, disposições, normas
capazes de regular a vida da comunidade. A obra consta de 63
tratados, contidos em seis divisões. Escrita por judeu
Maimônides.

• Mishné Torá: Condensa a jurisprudência da lei judaica,


ressaltando o que é permitido ou proibido. Composta de 14
volumes.
Bambu
• Um dos primeiros suportes de escrita utilizados pelos chineses.

• O livro de bambu era pesado.

• Foi usado durante mais de 1000 anos e muitas obras de literatura


chinesa utilizaram esse suporte.

• Paralelamente com o bambu, os chineses usavam pedaços de


seda e tabuinhas entalhadas como suportes da escrita.

• As tabuinhas abrigavam textos literários e documentos


comerciais (recibos, contratos, etc.)
Bambu
• A seda, material caro, era usado para textos
breves.

• A “arte da guerra” – Sun Tzu


Reino animal
• Pergaminho: É do início do séc. II a. C. Pele curtida de animal. O
seu nome lembra o da cidade grega de Pérgamo, na Ásia Menor,
onde se acredita possa ter se originado ou distribuído.

• Pele de bois, cavalos, porcos, carneiros, etc. Seres humanos –


“couro sólido, espesso e granulado”. Ex: Tratado de Anatomia do
médico Antônio Askew (1722-1775).

• O velino era um tipo especial de pergaminho, mais fino e caro,


preparado com a pele de carneiro nati-mortos. Reservado a
documentos especiais.

• Muito utilizado na Idade Média. Os mosteiros e conventos têm


grande importância na produção e confecção dos manuscritos
em pergaminho.
• Um dos curadores da pesquisa de Harvard anunciou que foram
realizadas diversas análises em um livro intitulado Des Destinées de
l'ame (Os Destinos da Alma), do escritor francês Arsène Houssaye,
que foi publicado em algum momento da década de 1880. Com
isso, eles confirmaram com 99,9 % de certeza que ele tem a capa
feita com pele humana. O livro, que está no arquivo da Biblioteca
Houghton de Harvard desde 1930, foi dado pelo autor a seu amigo
médico Ludovic Bouland, que o encadernou com a pele.
• O exemplar tem uma anotação interna de Ludovic, que explica um
pouco sobre isso. O recado diz:
• "Este livro é encadernado em pergaminho de pele humana em que
nenhum ornamento foi carimbado para preservar a sua elegância. Ao
olhar cuidadosamente, é possível distinguir facilmente os poros da
pele. Um livro sobre a alma humana merecia ter uma capa humana:
eu tinha mantido este pedaço de pele humana retirado das costas de
uma mulher”.

• Como identificar? processo de identificação de proteínas


• Preparo do pergaminho: Primeiramente, as peles eram mergulhadas
em água de cal e os pelos eram retirados. Depois, voltavam para um
banho de cal e a seguir eram resfriadas sobre uma armação para
secar. Durante a secagem, sua superfície era
desbastada cuidadosamente com uma lâmina em forma de meia lua,
tornando-a muito fina. Depois de secas, as peles eram lixadas com
um pó fino de pedra pomes, tal como os dentistas fazem atualmente
para polir dentes.

• Diferenças entre o pergaminho da Antiguidade e Idade Média: o


pergaminho medieval é menos igual, menos isento de fibras e raias,
menos bem batido; nem sempre apresenta uma coloração uniforme
e exibe fendas ou buracos grosseiramente corrigidos. Em
compensação é mais forte, mais durável e sempre de uma certa
espessura, enquanto nos romanos o adelgaçamento extremo do
tecido ia às vezes até a inconsistência e à transparência...Mas, a
partir do século XIII a fabricação alcançou progressos consideráveis,
atestados pelo vélin unido e aveludado dos livros de horas da
nobreza.
• Diferentemente do papiro, o pergaminho oferecia praticamente
duas faces idênticas sobre as quais era possível escrever. A
escrito no verso e no reto vai dar nascimento ao códex, o
antepassado imediato do livro.
“é o nome dado aos manuscritos cujas folhas eram reunidas entre si pelo dorso e
redescobertas de uma capa semelhante à das encadernações modernas. É em suma, o
livro quadrado e chato, tal como ainda hoje o possuímos”.

• A dobra de um grande retângulo cortado na pele permitia obter


cadernos que eram ligados por uma costura: é esse o sentido
próprio da palavra encadernar. Já o papiro quebrava ao ser
dobrado, por isso, era enrolado, volumen.
• A pele não somente resiste à dobra, como permitia o desenho.
• Preço elevado! Trabalhoso!
• Prática de reutilização: Palimpsesto "aquilo que se raspa para
escrever de novo“, designa um pergaminho ou papiro cujo texto
foi eliminado para permitir a reutilização.

Página do Palimpsesto de Arquimedes. O texto


litúrgico é o que pode ser lido de cima abaixo,
enquanto a obra de Arquimedes é o texto mais
débil que se pode ler de esquerda a direita.
Instrumentos da escrita
• Instrumento da escrita diferia segundo a matéria empregada.
• Podem ser divididos em dois tipos:

• 1. Arqueológicos: apropriados para escrever em materiais duros.


Ex: Estilete (stilus ou graphium), ossos, metais e cinzel.

• 2. Paleográficos: apropriados para escrever em materiais macios.


Ex: Cálamo ou calamus, pena de ave, pena metálica e pincel .

• Estilete: era uma haste de metal ou de osso, pontuda de uma


lado, achatada de outro, o que permitia escrever e apagar em
caso de erro. Uso sobre as tabuinhas de cera e argila.
• Cálamo (calamus): eram conservados em
estojos apropriados, que muitas vezes
carregavam pendurados na cintura, junto
com os recipientes de tinta. Espécie de
caniço fino, servia para escrever em
papiro e pergaminho. Para o papiro sua
ponta era macerada em forma de pincel.
• Pena de aves (ganso e pato principalmente): utilizada
sobretudo para escrita no pergaminho e no papel.

Pena metálica:
aparece no início do
século XIX, quando
ouvires cria sua
pena de aço.
Lápis: grafite foi usado
Pincel: utilizado século XVI para
principalmente na marcação em ovelhas.
escrita em tecidos, Alemanha, em 1761, que
sobretudo na o lápis começou a ser
China. produzido em larga
escala.
• O livro na Antiguidade: formatos
• Rolo: escrito e lido no sentido transversal ou
escrito e lido no sentido do comprimento.
Inicialmente em papiro, sendo substituído
posteriormente pelo pergaminho;
• Volumem: longa tira formada por folhas de papiro
coladas umas às outras, escritas em colunas de um
só lado do rolo. Possuía extensões variadas.
• Eram guardados em estojos ou em caixas de
madeira que asseguravam sua conservação.
• Seu uso vigorou até o século VII e apresentava-se
tanto no formato regular quanto no transversal.
• Códice: livro comporto por cadernos
regulares, costurados e preservados por uma
capa.
• Formatos: vantagens do códice em relação
ao rolo
• É compacto; O códice podia receber a escrita
em suas duas faces.
• Não apresenta risco de se quebrar;
• Pode-se abri-lo e fechá-lo sem a necessidade “sem a invenção do
de o “rebobinar”; pergaminho, a arte
sublime da
• Pode-se manipulá-lo com facilidade, mesmo iluminura não teria
jamais conhecido
com uma só mão, o que permite liberar a
tal brilho” (JEAN,
outra para a escrita; 2008)
• Ele se coloca bem próximo ao corpo, em qualquer posição,
favorecendo a intimidade com o conteúdo e, notadamente, a leitura
silenciosa (o rolo era mais propício à leitura pública e formal, quase
em uma postura teatral).
• O códice pode ser empilhado e organizado mais facilmente que os
rolos, os quais devem ser encaixados em alvéolos, ou abandonados
uns sobre os outros para que o peso de um mantenha o outro;
• Sua etiquetagem sobre a capa e o dorso é igualmente visível,
enquanto a identificação dos rolos depende de envelopes e de faixas
especiais pouco visíveis;
• O códice permite a indexação de suas partes, na medida em que se
divide em páginas, as quais o leitor tem acesso de maneira quase
imediata.
Quem escrevia na Antiguidade?
- Os escribas.
- Quais eram os suportes?
- Barro/argila – Mesopotâmia.
- Papiro – Egito.
- Formato: Volumen.
- Instrumento: cálamo.
- Pergaminho – Pérgamo.
- Pedras, Paredes, Túmulos, Bambu, Ceras...

Quem escrevia na Idade Média?


- Os copistas.
- Onde? Nos conventos,
mosteiros.
- Quais eram os suportes?
- Pergaminho
- Instrumento: pena de ganso.
- Formato: códice.
• A forma física de um livro é importante porque
determina seu método de armazenamento, que
pode ser em baú, escaninho, cavalete, armário ou
prateleira. A história das bibliotecas é, em parte, a
história da relação entre a mudança do formato dos
livros e seu método de organização. E assim como a
organização dos livros mudou com o tempo, os
livros também mudaram para que fossem mais
fáceis de guardar”. (CAMPBELL; PRYCE, 2015, p. 22).
• Bibliotecas antigas - prateleiras abertas,
cestos;
• Bibliotecas medievais – baú, prateleiras de
madeira, armários. Mas, geralmente
colocavam-se os livros em escrivaninhas de
leitura, com bancos acoplados, organizadas
em filas com ângulos perpendiculares em
relação às paredes. "sistema de atril”.
• Bibliotecas modernas - Estantes fixadas nas
paredes "sistema de paredes“.
• A estante de metal surge no século XIX.
Antiguidade
Idade Média
Biblioteca Duquesa,
Alemanha, 1766

Biblioteca do Palácio de
Mafra, 1771
• Biblioteca da
Universidade de
Tecnologia Delft,
Holanda, 1997.

Biblioteca José Vasconcelos,


México, 2006. Estrutura aço,
concreto e vidro
Obrigada

Dúvidas?

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