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01/12/2022 13:15 Qual o papel político das torcidas organizadas no Brasil | Nexo Jornal

ENTREVISTA (/ENTREVISTA/)

Qual o papel político das torcidas


organizadas no Brasil
Marcelo Roubicek 01 de jun de 2020 (atualizado 01/06/2020 às 16h59)

Atos pró-democracia liderados por torcedores marcaram a volta da oposição a


Bolsonaro às ruas. O ‘Nexo’ conversou com o sociólogo Bernardo Buarque de
Hollanda sobre o espaço ocupado por esses grupos

FOTO: REPRODUÇÃO/TWITTER - 31.05.2020


TEMAS

POLÍTICA
(/TEMA/POLÍTICA)

ESPORTE
(/TEMA/ESPORTE)

 CORINTHIANOS PROTESTAM EM FAVOR DA DEMOCRACIA NA


AVENIDA PAULISTA, EM SÃO PAULO

Torcidas organizadas de diferentes times foram às ruas


(https://oglobo.globo.com/brasil/torcidas-organizadas-de-clubes-
rivais-saem-as-ruas-em-defesa-da-democracia-em-sao-paulo-minas-
rio-24455430) em diversas cidades brasileiras no domingo (31). Em
São Paulo, torcedores palmeirenses, são-paulinos e santistas se
juntaram a membros da Gaviões da Fiel, maior torcida corinthiana,
em ato a favor da democracia
(https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2020/05/torcidas-rivais-
se-unem-em-ato-a-favor-da-democracia-na-paulista.shtml) ,
organizado pelos alvinegros (https://br.noticias.yahoo.com/se-os-
partidos-nao-se-organizam-o-povo-vem-para-a-rua-diz-fundador-
da-gavioes-da-fiel-182015462.html) da capital. No Rio de Janeiro, a
manifestação com a mesma pauta foi liderada por um grupo de
torcedores do Flamengo
(https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/05/31/grupo-de-
torcedores-do-flamengo-faz-ato-pr-democracia-no-rio.ghtml) . E em
Belo Horizonte, grupos antifascistas de torcedores de Atlético,
Cruzeiro e América também ocuparam
(https://veja.abril.com.br/brasil/atos-anti-e-pro-bolsonaro-tem-
confrontos-e-acirram-polarizacao-na-pandemia/) a rua.

https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2020/06/01/Qual-o-papel-político-das-torcidas-organizadas-no-Brasil 1/7
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As bandeiras democráticas levantadas pelas torcidas organizadas


fizeram contraponto a grupos bolsonaristas que manifestavam
(https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/05/31/policia-
apura-se-bandeiras-neonazistas-foram-estopim-para-confronto-de-
manifestantes-na-avenida-paulista.ghtml) apoio ao governo e
oposição ao Supremo Tribunal Federal e o Congresso. No lado
favorável ao presidente Jair Bolsonaro apareciam símbolos da
extrema direita (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-
noticias/2020/05/31/pm-diz-que-bandeiras-neonazistas-foram-
estopim-de-tensao-em-ato-na-paulista.htm) , como bandeiras de
movimentos neonazistas ucranianos (/expresso/2020/06/01/O-que-
representa-a-bandeira-ucraniana-usada-em-atos-no-Brasil) .

As torcidas antifascistas – ou 'antifa' – vêm se multiplicando


(https://brasil.elpais.com/esportes/2019-12-25/torcidas-
antifascistas-se-multiplicam-nas-arquibancadas-do-futebol-
brasileiro.html) no Brasil em anos recentes, e fazem oposição a ideias
antidemocráticas e movimentos de extrema direita.

Os atos em São Paulo e Rio de Janeiro terminaram em confrontos


(https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2020/05/torcidas-rivais-
se-unem-em-ato-a-favor-da-democracia-na-paulista.shtml) com a
polícia. As cenas incluíram correria, bombas de efeito moral, gás
lacrimogêneo e barricadas nas ruas. Na capital paulista, relatos de
jornalistas presentes dão conta de que os conflitos foram iniciados
(https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2020/05/mulher-
bolsonarista-com-taco-de-beisebol-inflamou-animos-em-
manifestacao.shtml) após provocações
(https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-
noticias/2020/05/31/confronto-avenida-paulista-relato-
fotojornalista.htm) dos grupos bolsonaristas. À CNN Brasil, o
coronel Álvaro Batista Camilo, secretário-executivo da Polícia Militar
de São Paulo, disse que a confusão teve início
(https://www.cnnbrasil.com.br/politica/2020/05/31/manifestantes-
e-pm-se-enfrentam-na-av-paulista) quando um manifestante
contrário a Bolsonaro tentou pegar uma das bandeiras ucranianas
que estava com um manifestante favorável ao presidente.

Desde o agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil,


em que aglomerações vão contra as recomendações de autoridades
sanitárias, atos de rua têm sido organizados principalmente por
apoiadores do presidente, que em grande parte se posicionam contra
as medidas de isolamento social decretadas por governadores para
conter a doença. Entre os torcedores à frente dos protestos pró-
democracia, havia a ideia de assumir um protagonismo e tomar as
rédeas das manifestações de oposição ao governo. Chico Malfitani,
fundador da Gaviões da Fiel que estava presente no ato da Avenida
Paulista, disse ao portal de notícias UOL que a intenção era “riscar o
primeiro fósforo (https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-
noticias/2020/06/01/riscar-o-1-fosforo-como-as-organizadas-
sairam-em-defesa-da-democracia.htm) ”.

Para entender o papel político ocupado pelas torcidas organizadas no


Brasil, o Nexo conversou com Bernardo Buarque de Hollanda,
professor da Escola de Ciências Sociais da FGV e pesquisador do

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FGV-CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História


Contemporânea do Brasil).

Em qual contexto vemos as torcidas


organizadas assumindo o protagonismo nos
protestos pró-democracia?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Acho importante primeiro
enquadrar em um contexto histórico mais amplo que é, inclusive,
internacional. Vem desde a chamada Primavera Árabe, quando
tivemos o protagonismo de torcidas em participações políticas,
manifestações e protestos. No contexto sul-americano mais recente,
podemos mencionar o caso do Chile, onde, no ano passado, tivemos
protestos contra o governo [de Sebastián] Piñera e também houve
grande adesão de torcidas chilenas – também muito rivais entre si.
Isso é uma tradição que vem da Europa, de grupos chamados “ultras”
que se posicionam.

Para tratar do caso brasileiro, você tem o crescimento das torcidas


antifascistas, que é algo mais recente dos últimos anos, e que vêm
crescendo do ponto de vista de participação em redes sociais e
também nas arquibancadas. E se junta a isso as chamadas torcidas
organizadas tradicionais, que têm um contexto histórico do final dos
anos 1960, que coincidiu com o período da ditadura militar – isso é
parte da retórica, dos mitos de origem, mas está ancorado na
memória das torcidas. Ou seja, são torcidas que surgiram no período
da ditadura militar e que, em parte, lutaram contra os processos
autoritários que havia dentro da política dos próprios clubes. Elas
surgem com essa posição de fiscalização, insurgência e
questionamento das estruturas clubísticas que, de alguma maneira,
reproduziam estruturas sociais maiores.

No contexto atual, essas torcidas têm sido criminalizadas,


judicializadas, excluídas dos estádios. São grupos com uma
capacidade de mobilização grande e que evidentemente tiveram suas
divisões internas – grupos que aderiram a Bolsonaro e grupos que se
posicionaram contra; até alguns conflitos entre as bases das torcidas
e as cúpulas. Então tudo isso é parte desse caldeamento que originou
as manifestações.

Por que as torcidas organizadas encabeçaram o


protesto pró-democracia ontem em São Paulo e
outras cidades?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Ontem marcou uma certa
inflexão naquilo que vinha sendo uma aparente hegemonia
bolsonarista nas ruas. Até então – por conta inclusive das
recomendações para as pessoas não saírem às ruas – isso estava
sempre muito colado a essa vanguarda bolsonarista que estava mais
propensa a não seguir as normas e recomendações.

O protagonismo das torcidas ontem mostrou uma certa capacidade


de resistência e enfrentamento que até então não se acreditava no
sentido dos grupos ligados a Jair Bolsonaro. Isso colocou um divisor
de águas.

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É interessante que as torcidas tenham assumido esse protagonismo.


E é interessante que, de alguma maneira, elas entram num certo
vácuo nas esquerdas tradicionais – seja partidos políticos, seja
sindicatos ou outros movimentos –, com um tipo de mobilização
social que é diferente, que até desarma a retórica antipetista que é
muito forte nos grupos bolsonaristas. Porque você via que não eram
pessoas com perfil político tradicional, aliado a grupos da esquerda
tradicional. E isso foi um fator surpresa.

Há uma sinalização de um progressivo tensionamento das ruas, que


já não estão dominadas ou hegemonizadas pelos grupos
bolsonaristas. Claro que isso vai depender dos próximos passos da
conjuntura política, que está mudando muito rapidamente, a cada
dia. Mas existe aí um sinal de que a tendência é de maior volume de
pessoas na rua e também de um maior enfrentamento. Ontem foi
ainda uma coisa mais ou menos espontânea, mas que tende, de
ambos os lados, a se orquestrar, se organizar, com potenciais danos
que não podemos prever.

A política é um tema central nas torcidas


organizadas hoje? Que papel ela assumiu em
outros momentos?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Isso coincide com determinados
períodos históricos, em que isso aflora mais ou menos. Por exemplo,
eles têm também essa questão inicial da ditadura militar, tem o
processo de redemocratização, onde houve participação nas Diretas
Já. Então, há alguns marcos em que a visibilidade das torcidas foi
além da esfera esportiva. E sabemos, evidentemente, que isso
depende de determinadas lideranças, ou seja, da vinculação social
das lideranças, que vai estimular ou não essa adesão a algumas
bandeiras mais gerais.

A gente tem também hoje uma Associação Nacional das Torcidas


Organizadas que, inclusive, se vê como um movimento social. Temos
esses grupos antifa que também têm um perfil associado a um novo
público que está frequentando os estádios. Então temos novos
grupos de torcidas que são diferentes das torcidas tradicionais e
hegemônicas que a gente conhece, as grandes torcidas, e que têm a
ver também com uma mudança no perfil de frequentadores de
estádios. É um perfil às vezes até mais estudantil, com até alguma
formação e esclarecimento do ponto de vista de consciência política,
que estimula esses grupos mais à esquerda a atuar.

Qual o espaço ocupado pelo antifascismo


dentro das organizadas?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Podemos ver que, em muitos
casos, são grupos autônomos. Eles têm a ver com uma série de
movimentos que foram criados nos anos 2000 e sobretudo 2010, que
começaram com uma renovação da ideia de torcida organizada.
Houve uma certa insatisfação desses grupos com organizadas
tradicionais, que se multiplicou nos chamados coletivos, nas torcidas
de alento, em grupos que atuam com novas pautas, como a questão
do machismo, do racismo e da homofobia, que não são temas
originais da pauta das torcidas organizadas tradicionais.

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Elas [as torcidas antifascistas] vão crescendo também num certo


vácuo, em alguns estados do Brasil, de torcidas organizadas
tradicionais que estão, neste momento, proibidas judicialmente de
entrar nos estádios. Então, temos essa combinação de grupos
autônomos com algumas torcidas organizadas que têm esse discurso
originário contra a ditadura, no caso da Gaviões – mas mesmo a
diretoria da Mancha Verde foi muito enfática em reprimir grupos
fascistas e nazistas entre seus componentes.

Nesse sentido, podemos dizer que há mais uma coexistência, uma


espécie de miríade de grupos e subgrupos que estão atuando hoje em
dia. E esse é um fenômeno interessante, porque passa pela questão
da identidade clubística: como, nesta atual conjuntura, o futebol –
que originalmente é visto como um meio de alienação – está sendo
um vetor de aglutinação de identidades coletivas para fazer frente a
um contexto e uma conjuntura política maior.

O senhor mencionou as pautas identitárias


(feminismo, racismo e LGBTI). Como elas são
vistas e tratadas dentro das organizadas hoje
em dia?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA É um espaço em disputa, que não
é consensual. Tradicionalmente, as torcidas são compostas
majoritariamente por homens – 80%, 90% das bases são uma base
juvenil masculina. Então sempre o ethos da virilidade e da
masculinidade foi muito acentuado. Havia pressões físicas e toda
sorte de agressões verbais em relação a isso.

É um momento em que esses próprios grupos estão se redefinindo e


lidando com essa questão. Alguns grupos têm maior facilidade em
aceitar, outros menos. É um ponto que está em questão, e a
existência desses outros grupos antifascitas e torcidas gays que estão
surgindo nas redes sociais faz com que tenham de rever isso. Essa é
uma discussão que também passa pelo politicamente correto, uma
série de discussões interessantes que me parece que tem a ver com a
mudança do perfil social de quem frequenta os estádios.

Por que as torcidas organizadas são


comumente associadas ao crime e à violência?
Essa visão é correta?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA É um processo que vem do
crescimento desses grupos de maneira quantitativa muito grande,
que remonta aos anos 1990. E que tem a ver também com a vida
social nas periferias e nas comunidades onde esses grupos cresceram
muito. Seria uma ingenuidade dizer que não há relação, até porque
vemos como o tráfico cresce, se impõe em muitas dessas
comunidades. Ainda mais se você pensar que é um meio juvenil,
voltado para o lazer – pensar que não há consumo de drogas em um
grupo de torcedores organizados seria uma hipocrisia. Porque essa é
uma realidade que está disseminada no tecido social como um todo.

Em parte isso é reflexo, em parte isso foi canalizado. E há também


variações conforme os grupos. Isso tem que ser considerado, mas é
uma questão de ordem social mais ampla, e não efetivamente ligada
ao princípio da torcida, que é sua vinculação com o futebol, com o

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apoio a seus clubes. É algo que acontece porque os indivíduos


pertencentes a essa realidade estão situados socialmente nessas áreas
mais vulneráveis em que o tráfico de drogas opera, em que a
linguagem da violência é uma linguagem ainda muito forte.

Esse é um ponto que está no centro das grandes torcidas


organizadas: como lidar com o crescimento desses grupos e com a
dificuldade de controlar o comportamento desses grupos nas suas
comunidades de origem. Se rivalizam não só entre torcidas de
diferentes clubes, mas do mesmo clube e da mesma torcida. Esse é
um fenômeno bastante complexo, seja a questão da violência, seja a
questão do tráfico.

A relação histórica entre a polícia e as


organizadas explica a repressão aos atos de
ontem?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Sim, acredito que existe já um
modus operandi de lidar com esses grupos, que é a maneira da
estigmatização. Tanto no caso de São Paulo como do Rio, [a
repressão] foi uma coisa residual, mais para o final das
manifestações. Mas claramente havia uma ideia de que um grupo
devia ser protegido e outro grupo devia ser atacado. Isso talvez é
parte de algo que esteja internalizado na corporação da Polícia
Militar, no sentido de quem é o seu potencial inimigo.

Acho que de alguma maneira isso foi transposto de uma lógica de


vigilância que existe dentro dos estádios. Lembrando que esse tem
sido o modus operandi contra manifestações populares que
acontecem e que são rapidamente finalizadas com bombas que são
soltadas a esmo, sem muita razão evidente para que haja uma certa
desproporcionalidade no modo como a polícia lida com grandes
manifestações.

Isso também se catalisou porque já havia essa predisposição para


lidar com as torcidas dessa forma. E você tem um espaço público de
manifestação como também um espaço de atuação das polícias que,
em geral, se baseia numa certa desproporcionalidade de forças.
Estamos vendo também todo esse caldeirão de protestos nos EUA;
sabemos que essas coisas também têm influências conscientes e
inconscientes sobre o modo como as corporações, que são forças do
aparelho repressivo do estado, costumam atuar nesse cenário.

Qual o significado da união das organizadas


neste momento? Por que isso ocorreu
justamente em um momento de polarização e
radicalização?
BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Num certo sentido, esse
acontecimento foi um sucesso, um êxito. É realmente um processo
interno muito difícil você abstrair essas rivalidades históricas que
incluem confrontos, perdas fatais.

Mas a gente viu que havia um pacto ali, um entendimento de que


aquele era um momento de abstração daquelas rivalidades. Podemos
pensar, por exemplo, que tínhamos em peso ali a Gaviões da Fiel e
não tínhamos a Mancha Verde. Se eventualmente tivéssemos, seria

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um pouco mais complicado contornar aquela tensão. Mas, num certo


sentido, pode-se dizer que foi exitosa a presença não só das grandes
organizadas, mas também desses coletivos e movimentos de torcida
que têm outros princípios. Foi simbólico que não tivesse nenhum
tipo de estranhamento e enfrentamento entre esses grupos que são
rivais.

A mais recente união nesse sentido foi quando aconteceu a tragédia


da Chapecoense, em 2016, e houve uma ação conjunta das torcidas,
que foi também histórica no sentido de reunir todos esses grupos
maiores e mais antagonistas. Isso foi um segundo momento, porque
esses grupos percebem que eles estão sendo cada vez mais
empurrados pelo poder público para a marginalidade. E isso faz com
que suas lideranças se articulem, no sentido de que precisam somar
forças para continuarem existindo e vivendo em função do futebol
profissional. Então teve também esse significado de existência
jurídica de grupos que estão sendo asfixiados economicamente –
pelos ingressos caros –, e juridicamente, por cada vez mais o
Ministério Público impedir sua presença dentro dos estádios.

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EXPLICADO (/EXPLICADO/) Como a
arenização mudou o jeito de assistir futebol
no Brasil (/explicado/2020/01/27/Como-a-
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futebol-no-Brasil)

(https://thetrustproject.org/) SAIBA MAIS

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