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SOCIOLOGIA : MOVIMENTOS
SOCIAIS
MOVIMENTOS SOCIAIS E
ATIVISMO NAS RUAS
Autor: Me. Paulo Fernando Zanardini Bueno
Reviso r: Luis Zaghi

I NI CI AR

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introdução
Introdução
Esta unidade destaca as Jornadas de Junho de 2013 de protestos contra o aumento
das passagens do transporte coletivo de São Paulo, o que se tornou uma luta
nacional por direitos sociais.

O segundo governo da presidenta Dilma Rousseff protagonizou a segunda


experiência nacional de um processo de impeachment . O período que se seguiu
trouxe à cena pública novos movimentos sociais com inclinações conservadoras,
moralistas e economicamente liberais.

Em 2015 e 2016, os estudantes tomaram novamente as ruas com manifestações


contrárias às reformas na educação, ocupando milhares de estabelecimentos
escolares.

O Fórum Social Mundial (FSM) simboliza as aspirações dos movimentos sociais de


todo o mundo por mudanças num sistema econômico globalizado e excludente, e
tem levado milhares de homens e mulheres a se manifestarem nas ruas de todo o
planeta.

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Jornadas de Junho
de 2013 no Brasil

Uma série de protestos iniciados em São Paulo no mês de junho de 2013


contrários ao aumento de 20 centavos na passagem do transporte coletivo daquela
cidade tomou proporções que superaram a reivindicação inicial em defesa do
direito social de mobilidade urbana. O primeiro Ato de Convocação teve início no
dia 6 de junho, com poucos manifestantes, mas o movimento cresceu a partir do
dia 13, quando reprimido violentamente pela polícia:

o quinto ato, programado para o dia 17 de junho, foi avaliado por um


jornalista como uma “metamanifestação”: a violência com que a polícia
reprimiu o ato anterior fez com que as pessoas se manifestassem pelo
direito de protestar nas ruas (GONDIM, 2016, p. 369).

A violência policial na repressão dos protestos, e que atingiu também a diversos


jornalistas, foi decisiva para fazer a opinião pública e a própria imprensa mudarem
de posição. Diversos outros segmentos da sociedade, em apoio aos manifestantes,
também saíram às ruas; como consequência, o movimento saiu do controle dos
organizadores. Não havia mais uma liderança para negociar com o governo. Com o
passar dos dias, a cobertura jornalística ocupou-se em tempo integral do caso. Os
meios de comunicação fizeram uma narrativa dúbia do Movimento Passe Livre

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(MPL) e da organização dos protestos, como sendo formados por pessoas bem-
intencionadas, mas também por vândalos.

Assim como acontecera um pouco antes em movimentos sociais de outros lugares


do mundo, como nos eventos da Primavera Árabe, no movimento espanhol dos
indignados e no movimento norte-americano Occupy Wall Street, “exemplos mais
emblemáticos que acabaram por influenciar diversos movimentos de contestação
em vários países” (ESPÍRITO SANTO; DINIZ; RIBEIRO, 2016, p. 143), as redes sociais
digitais foram os canais para a convocação dos protestos de junho. Como
resultado, houve o engajamento de milhares de jovens que não tinham um
histórico de ativismo social, mas viram naquele movimento a ideia e a
oportunidade de lutar por uma causa.

Com a expansão do movimento, diversas críticas e reivindicações foram incluídas,


como gastos com as obras da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do
Mundo que aconteceria em 2014, pedidos por melhorias nas condições de
atendimento na área da Saúde (cobravam das autoridades “hospitais padrão Fifa”),
fazendo menção à estrutura dos novos estádios de futebol para as duas copas,
melhorias na educação, buscando mais eficiência na qualidade dos serviços
públicos, e, mais ao final, incluiu também a questão da corrupção.

Uma marca dos protestos das Jornadas de Junho foi a participação dos black blocs
(jovens encapuzados e vestidos de preto que formam um bloco homogêneo para
não serem identificados), que respondiam com força às ações da polícia, pichavam
e quebravam tudo que encontravam. A cultura dos black blocs é a de pregar a
desobediência civil e responder às injustiças do sistema capitalista com
desobediência violenta. O ingresso dos black blocs inibiu a participação de muitas
pessoas. Outra característica das Jornadas de Junho foi a rejeição quanto à
participação de partidos políticos, mesmo que manifestassem apoio ao
movimento.

O Movimento Passe Livre (MPL) foi criado no Fórum Social Mundial de 2005, em
Porto Alegre. Vamos conhecer seu histórico e seus objetivos de ação.

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O vídeo indicado documenta as manifestações
de junho de 2013 e destaca a dimensão que os
protestos tomaram no Brasil. A crítica inicial
contra o aumento de 20 centavos nas passagens
dos ônibus da cidade de São Paulo transformou-
se em uma revolta contra vários outros
problemas do país, como a deficiência dos
serviços públicos na educação e na saúde e os
gastos milionários com a Copa do Mundo de
2014. Para saber mais, acesse o link a seguir.

ASSISTIR

A Luta contra o Aumento da Passagem


e o Protagonismo do Movimento Passe
Livre
Os princípios que orientam o Movimento Passe Livre são: ter total independência,
ser um movimento apartidário, sem estrutura de comando, ser uma organização
horizontal (sem liderança) e decidir ações com base no consenso. A pauta que
marcou o começo do Movimento Passe Livre foi a busca pelo passe livre
estudantil, ampliada mais tarde “para defender o passe livre irrestrito, propondo a
gratuidade do transporte público para todos os seus usuários” (ESPÍRITO SANTO;
DINIZ; RIBEIRO, 2016, p. 144).

O MPL é reconhecido como um movimento nacional que preza pela autonomia de


seus representantes locais em cada cidade, mas define diretrizes em comum que

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todos devem seguir, formando uma espécie de pacto movimentalista federativo,


com uso exclusivo das mídias alternativas para comunicação.

O histórico do MPL começa ainda nos anos 2000, nos protestos contra o aumento
das passagens, como “a Revolta do Buzu, ocorrida em 2003 em Salvador, e a
Revolta da Catraca, em Florianópolis no ano de 2004” (ESPÍRITO SANTO; DINIZ;
RIBEIRO, 2016, p. 144).

Conforme Espirito Santo, Diniz e Ribeiro (2016), o MPL utiliza a expressão “por uma
vida sem catracas” como menção a essa barreira no transporte público para todos
e como representação das desigualdades existentes na sociedade entre pobre e
ricos e entre homens e mulheres.

A ação do movimento conhecida como “catracaço” reúne uma série de táticas


cotidianas de protestos, como ocupar os terminais de ônibus, fechar as vias de
circulação de carros, entrar pela porta traseira, passar por baixo da catraca ou
pular por cima, sair pela porta da frente: tudo sem pagar a passagem. Os
integrantes do MPL protestam na cidade de São Paulo desde 2006, mas foi em
2013 que alcançou projeção nacional.

As ruas de diversas cidades brasileiras tornaram-se o cenário de inúmeras


manifestações em junho de 2013, a exemplo do que aconteceu na capital paulista.
O ativismo social ocupou os espaços públicos como poucas vezes aconteceu no
Brasil.

A Nacionalização dos Protestos de Junho de 2013


Desde o movimento “Diretas Já!”, entre 1983 e 1984, e o “Fora Collor”, em 1992, as
ruas brasileiras não recebiam tantas manifestações como as de junho de 2013. A
identificação com a causa defendida pelo MPL como uma questão social
importante foi o elemento que desencadeou os protestos, mas trazia consigo uma
latente insatisfação da sociedade com o poder e os políticos. Com isso, “as
manifestações se disseminaram por todo o país. Com o aumento da lista de
cidades organizando protestos, aumentava também a diversidade das
reivindicações” (ESPÍRITO SANTO; DINIZ; RIBEIRO, 2016, p. 151).

Conforme Antunes e Braga (2014), a reivindicação do MPL em São Paulo teve como
primeira vitória, no dia 20 de junho, a redução do valor da passagem. A partir da
nacionalização das Jornadas de Junho, a presidenta Dilma Rousseff fez um

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pronunciamento destacando a atenção do governo ao clamor das ruas. Reuniu-se


a seguir com representantes do MPL, governadores e prefeitos, negociando um
pacto nacional pela melhoria dos serviços públicos, como saúde e educação.

praticar
Vamos Praticar
1) “Junho de 2013 entrará para a história das rebeliões sociais no Brasil. [...] contra o
aumento das tarifas no transporte público, os jovens do Movimento do Passe Livre [...]
não poderiam imaginar que estariam sacudindo o Brasil, numa explosão que só teve
similar na campanha pelo impeachment de Collor [...] e na campanha pelas eleições
diretas [...] ainda sob a ditadura militar”.

ANTUNES, R.; BRAGA, R. Os dias que abalaram o Brasil: as rebeliões de junho, julho de
2013. Revista Políticas Públicas , São Luís, n. esp., jul. 2014. p. 42.

Considerando o excerto apresentado sobre o Movimento Passe Livre, analise as


afirmativas a seguir.

I. O Movimento Passe Livre organizou as manifestações de junho de 2013 para protestar


pelo direito social à mobilidade urbana.

II. A reivindicação do Movimento Passe Livre em 2013 teve início protestando contra o
aumento de 20 centavos nas passagens do transporte coletivo de São Paulo.

III. O Movimento Passe Livre era inexperiente em questões que envolviam os problemas e
o acesso de todos aos transportes públicos.

IV. O Movimento Passe Livre utiliza como estratégia de ação fazer marchas virtuais pela
Internet e redes sociais digitais.

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.

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c) II, III e IV, apenas.


d) I, II e III, apenas.
e) I, II e IV, apenas.

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Os Movimentos Pró-
impeachment de
2015 e 2016

O Governo Dilma Rousseff, acusado de crime de responsabilidade, em 2015,


respondeu a um processo de impeachment que resultou na perda do mandato da
presidenta. Os antecedentes do processo envolveram o então presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, investigado pela Operação Lava-Jato por
crimes de corrupção e contas secretas na Suíça. Havia naquele momento 37
pedidos de impeachment contra Dilma. Quando o Partido dos Trabalhadores
mostrou-se favorável à perda de mandato de Cunha na Comissão de Ética da
Câmara, o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, redigido por Hélio
Bicudo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), protocolado pelos
juristas Miguel Reale Junior e Janaina Conceição Paschoal, foi aceito.

Vários movimentos se organizaram, principalmente nas redes sociais digitais,


defendendo a saída de Dilma Rousseff da presidência. A imprensa tradicional
também construiu uma narrativa pró- impeachment .

[...] a presença da mídia tradicional na rede demonstra que esta


também teve um papel central: na produção de conteúdos que
alimentaram a construção da narrativa; na divulgação e mobilização
para os eventos de protesto; e na validação da perspectiva de

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criminalização do PT expressa em suas reportagens e análises


(PENTEADO; LERNER, 2018, p. 20).

Inúmeras comunidades no Facebook foram criadas tendo como tema o apoio ao


impeachment , a resistência contra o PT, contra o ex-presidente Lula e contra a
corrupção. Com isso, “os diversos grupos mostraram uma coesão (a formação de
uma rede), pois tinham o mesmo objetivo político: o afastamento de Dilma
Rousseff” (PENTEADO; LERNER, 2018, p. 20).

Personalidades, empresários e celebridades também se manifestaram contra


Dilma, assim como grupos radicais de direita que faziam pedidos de intervenção
militar no processo democrático-civil. As condições políticas para o impeachment
se desenharam com o apoio de todos esses segmentos sociais. Houve uma
associação direta das ações da Operação Lava-Jato com o governo, mesmo que as
acusações não envolvessem algum caso de corrupção. “As ondas de
manifestações pró ou contra o governo de Dilma Rousseff culminaram no
processo de impeachment no ano de 2016 (ROCHA, 2020, p. 84).

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reflita
Reflita
O impeachment é a destituição do poder
de diferentes agentes públicos. Essa ação
se aplica à presidência da República, a
governadores, prefeitos, seus respectivos
vices, e mesmo a ministros do Supremo
Tribunal de Justiça. No caso da
presidência do Brasil, a Câmara dos
Deputados organiza as acusações e o
Senado Federal realiza o julgamento.
Crimes comuns, abuso de autoridade,
descumprimento de preceitos
constitucionais e crimes de
responsabilidade estão entre as
principais razões para abertura de um
processo. O Brasil já destituiu dois
presidentes: Fernando Collor de Mello,
em 1992, e Dilma Rousseff, em 2015.

Dilma deixou a presidência da República em 31 de agosto, um importante marco


que ainda recebe a acusação de ter sido um golpe político por vias legislativas e
que influenciou o perfil conservador dos governos neoliberais que assumiram o
país.

A Eleição de Dilma Rousseff em 2014 e a


Operação Lava-Jato
Dilma Rousseff foi reeleita presidenta do Brasil em 2014 com 54 milhões de votos.
A campanha eleitoral coincidiu com o período dos protestos de Junho de 2013.

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Dilma fez um pronunciamento na televisão em 21 de junho, pois “as diferentes


esferas governamentais foram obrigadas a agir, tentando atender certas demandas
apresentadas durante o atual ciclo de protestos e, desse modo, procurar estancá-
las” (ANTUNES; BRAGA, 2014, p. 46). Assim, o governo propôs cinco medidas: 1)
controle fiscal para evitar inflação; 2) investimentos em mobilidade urbana; 3)
destinação dos recursos do petróleo (Pré-Sal) para a educação; 4) ampliação de
vagas nas universidades federais e 5) melhorias na saúde, criando o projeto Mais
Médicos, com profissionais contratados em Cuba.

O programa de transferência de renda para populações brasileiras abaixo da linha


da pobreza, o Bolsa Família, foi decisivo para Dilma vencer as eleições; o
“Nordeste potencializou o voto em Dilma e diminuiu as chances de voto em Aécio,
nos dois turnos” (AMARAL; RIBEIRO, 2015, p. 118), por ser a região com o maior
número de famílias beneficiadas.

A Lava-Jato iniciou suas operações justamente no primeiro ano do segundo


mandato de Dilma Rousseff. Recebeu esse nome quando desmantelou um
esquema bilionário de lavagem de dinheiro usando como meio de movimentação
financeira ilegal lavanderias e postos de combustíveis. Essa organização criminosa
era formada por construtoras e empreiteiras e envolveu políticos da maioria das
legendas partidárias do Brasil. A empresa estatal de petróleo Petrobras também
esteve envolvida em um dos mais longos processos de corrupção dessa empresa,
iniciado ainda em 1997, e que se intensificou a partir de 2004, em meio ao
primeiro mandato do presidente Luiz Inácio da Silva, o Lula.

O caso da Lava-Jato propiciou espaço para o fortalecimento de movimentos sociais


liberais de direita que se opunham ao Partido dos Trabalhadores e ao Governo
Lula.

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ASSISTIR

A Agenda Liberal dos Novos Movimentos Sociais


As transformações políticas que o Brasil viveu a partir de 2014 deixaram uma
marca: a guinada no perfil dos movimentos sociais. A emergência de grupos com
ideias conservadoras e moralistas, movidos por um forte sentimento antipartido
dos Trabalhadores e anticomunista foi uma identidade que unificou esses novos
movimentos, passando a fazer oposição aos movimentos formados por jovens
contestadores ligados a ideais socialistas, como os das Jornadas de Junho de 2013.

Nesse período, surgiu o MBL (Movimento Brasil Livre), com “suas lideranças [...]
formadas por jovens com grande capacidade de comunicação nas mídias sociais e
com trânsito no meio político tradicional (PENTEADO; LERNER, 2018, p. 14). Seus
membros receberam expressivas votações nas eleições municipais de 2016. O MBL
apoiou um antigo projeto, o “Escola sem Partido”, que defende o fim do que
chamam de “doutrinação ideológica” nos currículos escolares, assim como
questões que envolvem temas ligados a gênero, religião e sexualidade.

O movimento “Vem pra Rua” foi outro grupo “que se apropriou de um dos gritos de
ordem das Jornadas de Junho de 2013” (PENTEADO; LERNER, 2018, p. 15), com um
discurso liberal e contra a corrupção. Diversos outros movimentos liberais fizeram
uma intensa apologia contrária à esquerda política brasileira, com um apoio

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irrestrito ao então juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da


Operação Lavo-Jato que condenaram à prisão o ex-presidente Lula.

Figura 4.1 - Manifesto contra o aumento das passagens em São Paulo, em junho de
2013
Fonte: Gianluca Ramalho Misiti / Wikimedia Commons.
Jovens estudantes participaram de diferentes movimentos sociais a partir de 2013,
reivindicando melhores condições de vida, educação e saúde, e demonstraram sua
disposição para realizar mudanças na sociedade. Saíram às ruas para defender o
governo ou para pedir pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e,
independentemente de suas posições políticas, demonstraram habilidade para
compreender o contexto político em que estavam inseridos.

praticar
Vamos Praticar
O impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi o segundo processo de destituição de
um presidente eleito na história do Brasil. O processo foi apresentado pelos juristas
Miguel Reale Junior e Janaina Conceição Paschoal. Nesse sentido, assinale a alternativa
que indica qual crime cometido pela presidenta motivou o processo.

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a) Crime de corrupção.
b) Crime de organização criminosa.
c) Crime de falsa delação.
d) Crime de responsabilidade.
e) Crime de lavagem de dinheiro.

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A Retomada do
Movimento
Estudantil
em 2015

Todos os acontecimentos recentes da política brasileira se conectam de alguma


maneira com as manifestações sociais. O movimento estudantil que retornou às
ruas a partir de 2015 reescreveu as características de movimentos anteriores,
como os de junho de 2013.

Mais que reivindicação por serviços públicos de qualidade, ambos manifestaram


uma intensa insatisfação com o modelo de representação política tradicional, pois
admitiram que ele não faz mais o mesmo sentido que fez para outras gerações;
assim, buscou-se formas alternativas de participação social.

Testemunhamos a emergência de um novo ciclo para o ativismo social com a


construção de um novo sujeito político, com novas formas de se fazer ouvir. A
ocupação das escolas brasileiras, por exemplo, contou com um recurso que
conferiu poder para os estudantes: o compartilhamento de conversas pelo
aplicativo WhatsApp, uma rede privada, mas sem a fragilidade para ser
monitorada como ocorre no Facebook. Diversos grupos se articularam e sabiam,
em tempo real, tudo que se passava numa escola próxima.

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Esse recurso tecnológico tem um efeito estratégico para os movimentos sociais


que lutam contra várias frentes, como contra o processo seletivo das informações
da mídia e contra a versão oficial do governo.

Conforme Rocha (2020), o manual de ocupação do movimento estudantil chileno


usado nas ações de ocupação de escolas em 2006 e 2011 naquele país serviu
como base para o manual usado na organização das tarefas de cada estudante nas
ocupações paulistas.

O Movimento Paulista de Ocupações de


Escolas em 2015
A apresentação do projeto de “reorganização” da educação pelo governo paulista,
sem discussão pública na elaboração das mudanças que estabelecia, mobilizou os
estudantes secundaristas em São Paulo. O novo modelo previa uma redistribuição
dos professores, a transferência de milhares de alunos para outras instituições de
ensino e o fechamento de diversas unidades.

Descontentes com o novo modelo de gestão da educação pelo Estado, os


estudantes paulistas se inspiraram na “Revolução dos Pinguins”, de 2006 no Chile,
“movimento secundarista chileno que, em dois momentos, em 2006 e 2011, se
organizou para protestar pelo passe livre e por educação pública de qualidade”
(ROCHA, 2020, p. 75), e uniram a tática de protestos nas ruas à ocupação das
escolas.

Diversas ações de ocupação das escolas públicas se espalharam pela capital


paulista e cidades do interior do Estado. A primeira ocupação aconteceu em 9 de
novembro (Escola Estadual Diadema), mas foi a Escola Fernão Dias, sitiada pela
polícia durante uma semana, que incentivou outras ocupações; em um mês, já
eram mais de 200 espalhadas por todo o Estado de São Paulo.

No caso de São Paulo, as ruas também foram ocupadas pelos estudantes, e


muitos carregavam cadeiras escolares nos protestos. A polícia reprimiu as
manifestações com muita violência. O Ministério Público estadual e a Defensoria
Pública impediram na Justiça as propostas do governo, que suspendeu as medidas
e propôs o diálogo com estudantes e professores.

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Uma nova reforma do Ensino Médio foi proposta em 2016, dessa vez pelo Governo
Federal de Michel Temer, e mobilizou novamente os estudantes, quando as
ocupações assumiram uma dimensão nacional.

O Movimento Nacional de Ocupações de Escolas em


2016
“Primavera Secundarista” foi como os estudantes nomearam o “movimento que
utilizou a estratégia de ocupação de prédios públicos para reivindicar direitos
essenciais” (ROCHA, 2020, p. 62). As escolas públicas voltaram a ser locais de
protestos e confrontos após a apresentação da Medida Provisória que se tornou a
Lei n. 13.415/2017 (BRASIL, 2017), prevendo a reforma do Ensino Médio em tempo
integral proposta pelo Ministério da Educação.

Nem todos os estudantes apoiaram as ocupações. Um exemplo disso foi o


Movimento Brasil Livre que, “associado à organização Estudantes pela Liberdade e
à defesa de valores e ideais liberais e um posicionamento antipetista” (PENTEADO;
LERNER, 2018, p. 14), opôs-se às ocupações organizadas pela União Nacional dos
Estudantes (UNE) e pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), e
acusava os estudantes de serem doutrinados pela esquerda política.

Os estudantes colocaram em discussão os problemas estruturais desse serviço


público e a necessidade de rediscutir a educação. Naquele momento, “com a
segunda onda de ocupações de escolas no Brasil [...], diversos movimentos
manifestaram apoio: Movimento Passe Livre, O Mal-Educado, Diretório Central dos
Estudantes da USP”, e as ocupações assumiram outras pautas e incorporaram
outras questões, como os projetos de limitação dos gastos do Governo Federal e a
objeção à lei da “Escola sem Partido”. Os protestos dos secundaristas foram
incorporados pelos estudantes universitários e das escolas técnicas e ganhou
força para reivindicações.

As ocupações deixaram um importante legado político para os movimentos


sociais, como a capacidade de mobilização latente nos estudantes, a experiência
de articulação, o fato de serem capazes de se organizar em pouco tempo e, o
principal, a capacidade de refletir sobre os problemas brasileiros.

Diferentes forças sociais se mobilizaram no Brasil nos últimos anos, ainda no


período das ocupações de 2015 e de 2016, fato que colaborou para que o campo

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político ficasse polarizado em duas forças, PT versus PSDB, petismo versus


antipetismo e, mais recentemente, esquerda (ainda representada pelo PT) versus a
direita, ou extrema direita do Governo Jair Bolsonaro. Essa divisão também
repercute nos grupos que formam os movimentos sociais e que de alguma
maneira apoiam ou contestam os partidos políticos.

praticar
Vamos Praticar
O Movimento Brasil Livre (MBL) é uma organização liberal fundada por estudantes em
2014; defende valores conservadores e de cunho moral para a sociedade. O MBL também
se posicionou durante as ocupações nacionais das escolas públicas. Nesse sentido,
assinale a alternativa que indica corretamente a participação do MBL diante desses
protestos.

a) O MBL participou das ocupações e coordenou as ações em todas as escolas.


b) O MBL foi o porta-voz do movimento de ocupações das escolas públicas.
c) O MBL se posicionou contra as ocupações das escolas públicas.
d) O MBL realizou manifestos a favor das ocupações das escolas públicas.
e) O MBL se envolveu nas ocupações e fez diversas reivindicações.

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O caso do Fórum
Social Mundial

O Fórum Social Mundial (FSM) surgiu em 2001, na cidade de Porto Alegre, pela
ação de Organizações Não Governamentais brasileiras e do jornal francês Le
Monde Diplomatique , defendendo o slogan “Um outro mundo é possível”, como
contraponto ao Fórum Econômico Mundial (FEM), que acontece em janeiro, em
Davos, Suíça. O FSM, como evento internacional,

é o conjunto de iniciativas de intercâmbio transnacional entre


movimentos sociais e organizações não governamentais e respectivas
práticas e conhecimentos, onde se articulam lutas sociais de âmbito
local, nacional ou global, travadas (de acordo com a Carta de Princípios
de Porto Alegre) contra as formas de exclusão social, de autoritarismo
político e de imposição cultural, geradas ou agravadas pela presente
fase do capitalismo conhecida por globalização neoliberal (SANTOS,
2008, p. 4).

Segundo Santos (2008), o FSM não é um evento que realize diversas atividades, não
é um encontro acadêmico, mesmo que com a grande integração de pesquisadores
e intelectuais, não é um partido nem um internacional de partidos políticos,
mesmo reunindo militantes de todo o mundo, não é uma organização não
governamental, ainda que as ONGs participem ativamente, e não é também um

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movimento social, mesmo sendo reconhecido como o movimento dos


movimentos sociais. Santos compreende que:

o FSM não está estruturado de acordo com qualquer dos modelos de


organização política moderna, seja ele o do centralismo democrático, o
da democracia representativa ou o da democracia participativa.
Ninguém o representa ou está autorizado a falar e, muito menos, a
tomar decisões em seu nome, ainda que ele seja concebido como um
fórum que facilita as decisões dos movimentos e das organizações que
nele participam (SANTOS, 2008, p. 5).

O FSM é um movimento diferente, porque acolhe os temas de todos os


movimentos sociais, inclui a diversificada agenda temática do ativismo mundial, e
nisso reside a sua força e importância. “Constituiu-se [...] numa nova etapa deste
movimento mundial de resistência ao pensamento hoje hegemônico no mundo: o
neoliberalismo e a globalização” (SGUISSARDI, 2001, p. 292). O FSM acaba reunindo
uma ideia de consenso que os movimentos sociais muitas vezes não alcançam em
seus lugares de ativismo, e propõe a construção de uma forma de contrapoder
frente os aspectos negativos do capitalismo e da globalização.

O FEM, representante do sistema neoliberal, tem uma trajetória iniciada em 1974;


diferentemente do FSM, é financiado por grandes empresas e reúne os principais
líderes empresariais e políticos dos países ricos e alguns convidados. Toda edição
do FEM é marcada pela presença dos movimentos sociais, que realizam
manifestações e protestos, porém, isso ocorre em outras cidades suíças, já que
Davos é isolada por forças de segurança nos dias do encontro do FEM. As relações
econômicas mundiais baseadas em muitas das decisões do FEM aumentam as
desigualdades entre países ricos e pobres.

praticar
Vamos Praticar
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Levando em consideração o slogan “Um outro mundo é possível”, do Fórum Social


Mundial, pesquise na sua cidade a ação de movimentos sociais que realizaram alguma
intervenção na sociedade civil local e que pode ser compreendida como uma ação de
transformação social.

A exclusão social com origem econômica atinge grupos minoritários de várias


nacionalidades e fortalece a necessidade de ativismo social articulado e
transnacional.

Os Movimentos de Minorias e a
Articulação Internacional da
Mobilização
A ideia de desigualdade social é sinônima da palavra “minoria” no contexto dos
movimentos sociais. Os segmentos da sociedade que sofrem preconceitos,
discriminações e algum tipo de exclusão social ou não são representados
adequadamente e estão submetidos a desvantagens estruturais.

A ideia de “minorias sociais” não se orienta pela quantificação numérica de


pessoas, pois é uma categoria que serve para análise em comparação com os
demais grupos majoritários da sociedade. As mulheres em geral são a maioria em
todo o mundo, mas são submetidas a um tratamento desigual em muitas áreas,
como no que se refere ao salário que recebem realizando a mesma atividade de
um homem, ou em relação à sua representatividade política. Nesse sentido,
“ativistas dos movimentos de mulheres de muitos cantos do mundo, por exemplo,
apontam que legislaturas ocupadas majoritariamente por homens não podem
representar devidamente as mulheres” (YOUNG, 2006, p. 140).

As minorias sociais são formadas por particularidades que podem ser


compreendidas a partir da identidade que tenham em comum, assim como pelos

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marcadores sociais (ou o modo como podem ser classificados) que possam
diferenciá-los. Como exemplo, existem diferenças mesmo em grupos formados
por iguais, como as mulheres. As necessidades sociais, as demandas e a dinâmica
de mobilização das mulheres negras, por exemplo, são essencialmente diferentes
do perfil e da dinâmica das mulheres camponesas que participam do Movimento
de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A população formada por grupos
homossexuais segue a mesma racionalidade. Há diversas bandeiras agrupadas na
sigla LGBT (atualmente LGBTQ+), mas cada grupo homossexual que forma essa
sigla tem uma especificidade, mesmo internamente.

Vejamos, por exemplo, a letra “T”, de Transsexual. Esse grupo pode ter diferenças
significativas: um transsexual negro que se prostitui nas ruas pode ter uma
demanda e uma vulnerabilidade social bastante diferentes de um transsexual
branco que faz shows numa casa noturna, mas a ideia que os aproxima é a de que
os “grupos culturais minoritários e aqueles situados em posições raciais
desvalorizadas também costumam carecer de voz política efetiva” (YOUNG, 2000,
p. 169).

Conforme Viana (2006), as minorias podem ser relativas, ou seja, um grupo pode
ser minoritário numa região, como nordestinos em São Paulo ou judeus no Brasil,
e ser maioria em sua origem regional (Nordeste) e nacional (Israel).

A vulnerabilidade social de cada grupo minoritário orienta as diferentes lutas por


direitos enquanto sujeitos coletivos nas sociedades. Mas são as suas identidades
semelhantes e com temas diferentes, recepcionadas pelo Fórum Social Mundial
anualmente, que tornam o FSM o maior movimento de todos e uma das maiores
ações coletivas do mundo.

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reflita
Reflita
“Minoria” é um conceito bastante
dinâmico e não expressa como sentido a
quantidade numérica de pessoas.
Podemos viver, ao mesmo tempo, uma
situação de inclusão ( In - dentro) e de
exclusão ( Out - fora). Por exemplo, a
comunidade negra é numericamente
maioritária no Brasil, mas minoritária no
acesso aos bens materiais da sociedade
(situação Out ). As ações afirmativas são o
maior exemplo de ganho social, e desde
2019 a população afrodescendente é
maioria no ensino superior público do
Brasil (situação In ).

Fonte: Keil (2001, p. 102-103).

Formação de Sujeitos Coletivos e Ações Coletivas


Internacionais
Butler (1998) afirma que a construção do sujeito coletivo, que também é político, é
produto de alguma ação de exclusão. Sendo assim, a organização de um
movimento social serve para criar a legitimidade necessária para tornar
determinados grupos minoritários visíveis e, assim, representados. A partir dessa
condição social de excluído surgem os sujeitos coletivos, tornando-se, nesse
sentido, sujeitos políticos, como o fazem os movimentos de mulheres com
diversas matizes de reivindicações (mulheres negras, agricultoras ou indígenas) e o
movimento de estudantes ou de homossexuais, pois “entre nós ocidentais, nos

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últimos anos, a exclusão tem estado presente de uma maneira quase banal: tudo é
exclusão, todos são excluídos e todos excluem” (KEIL, 2001, p. 71).

A luta feminista pode ser citada como exemplo de ação coletiva internacional
surgida nos anos 2000, sendo conhecida como Marcha Mundial de Mulheres, pois
“a MMM é um movimento social contemporâneo, em forma de rede, que busca
legitimidade em meio aos demais movimentos (PINGRENT, 2013, p. 2005). As
primeiras edições do FSM, a partir de 2001, contribuíram diretamente para a
consolidação da MMM,

que se conceitua como um movimento antiglobalização, e está inserida


nessa dinâmica dos movimentos sociais contemporâneos, em vários
aspectos, começando pela pauta de reivindicações por liberdade
reprodutiva, pelo direito à contracepção e ao aborto e contra o assédio
sexual e a violência (PINGRENT, 2013, p. 2.005).

A MMM tem uma aliança próxima com movimentos como a Via Campesina e os
Amigos da Terra. Essa aliança entende que há um processo homogêneo de
acirramento do capitalismo com base patriarcal e racista em muitos estados
nacionais, além dos problemas ocasionados pela tecnologia, que eliminou
inúmeros postos de trabalho, e dos danos ambientais, para relacionar alguns.
Desse modo, unificaram suas agendas para fazer frente à onda de
conservadorismo e retrocesso presente em muitos países, como no caso do Brasil.

A guinada conservadora brasileira serve de modelo de estado nacional enfrentado


pela MMM. Desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, as questões
que envolvem educação, gênero, sexualidade e mesmo a ciência são tratadas com
base em ideias criacionistas envolvendo religião (de matriz evangélica).

Também alguns itens da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) do período do


Governo Getúlio Vargas e alguns itens da Constituição de 1988 foram adequados à
nova realidade das relações econômicas na contemporaneidade como reflexo da
economia globalizada na qual o Brasil está inserido.

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saiba
mais
Saiba mais
O vídeo indicado descreve a história, os
objetivos e o internacionalismo da Marcha
Mundial das Mulheres. Ocupando as ruas de
cidades de diferentes países, destaca-se sua luta
contra o capitalismo, as empresas
multinacionais e os governos de extrema direita.
Lutam contra as causas da pobreza e da
violência sexista e exigem mudanças na vida das
mulheres. Apresenta a agenda de ações de 2020,
que se iniciou em 8 de março e que se encerra
em 17 de outubro na fronteira de Honduras,
Guatemala e El Salvador, como resistência a um
mundo com muros, assim como uma sociedade
com barreiras sociais. Defendem o lema:
“Seguiremos em marcha até que todas sejamos
livres”. Para saber mais, acesse o vídeo a seguir.

ASSISTIR

Os movimentos sociais de esquerda de todo o mundo integram o Fórum Social


Mundial. Essa identidade transnacional propõe uma nova agenda política que
promova maior equidade social diante das diferenças culturais presentes em todas
as sociedades e uma nova agenda econômica como alternativa para uma melhor
distribuição das riquezas concentradas em poucos países no modelo de economia
neoliberal.

praticar
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praticar
Vamos Praticar
Leia o trecho a seguir.

“Durante as últimas décadas, a hegemonia cultural e política do neoliberalismo deu


origem a uma concepção do mundo que o mostra como sendo demasiado perfeito para
permitir a introdução de quaisquer novidades, ou demasiado fragmentado para permitir
que o que quer que façamos tenha consequências capazes de compensar os riscos
inerentes em tentar modificar o status quo ”.

SANTOS, B. de S. A esquerda no século XXI : as lições do Fórum Social Mundial.


Universidade de Coimbra, Oficina do CES, n. 298, fev. 2008. p. 1.

Considerando o excerto apresentado sobre o Fórum Social Mundial, analise as


afirmativas a seguir.

I. O Fórum Social Mundial tem uma aliança cultural com o Fórum Econômico Mundial.

II. O Fórum Social Mundial é um movimento internacional que luta contra as ações do
neoliberalismo.

III. O Fórum Social Mundial é o maior movimento social do mundo.

IV. O Fórum Social Mundial é resultado da parceria de ONGs com o jornal The New York
Times .

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II e IV, apenas.

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indicações
Material
Complementar

FILME

Democracia em vertigem
Ano : 2019
Comentário : O documentário analisa a ascensão política
da esquerda brasileira representada pela eleição de Lula e
da primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff.
Apresenta também a sua queda a partir de quatro
momentos da recente história brasileira, os bastidores do
processo de impeachment da presidenta Dilma, o
julgamento do ex-presidente Lula, a eleição de Jair
Bolsonaro e o novo projeto econômico do país, além da
polarização radical que se estabeleceu no discurso político
nacional.
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer a seguir.

TRAI L ER

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LIVRO

Junho de 2013 - a sociedade enfrenta o Estado


Editora : Summus Editorial
Autor : Rubens Figueiredo (org.)
ISBN : 9788532309792
Comentário : Essa publicação é uma coletânea de artigos
que analisam as possíveis causas dos protestos iniciados
pelos estudantes em 2013 e que assumiram proporções
poucas vezes vistas no Brasil. Esse foi um movimento
inusitado pela forma como emergiu, sem mediadores
políticos como os partidos, os sindicatos ou as entidades
estudantis, e causou grande surpresa pelo tamanho da
insatisfação popular com o Estado. Os textos revelam o
novo perfil do ativista social brasileiro, identificam as
razões econômicas dessa crise e o papel das redes sociais
digitais na sua organização.
Disponível em : Biblioteca Virtual da .

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conclusão
Conclusão
Esta unidade mostrou que uma nova geração de jovens ativistas sociais surgiu nos
últimos anos no Brasil. Esse fenômeno social foi iniciado em muitos outros países,
quando milhares se organizaram pelas redes sociais digitais e saíram para as ruas
em manifestações e protestos.

Os movimentos sociais de todas as vertentes, socialistas ou liberais, encontraram


nessa forma de ação um meio para reivindicar suas demandas, questionar a
ordem política estabelecida e agir em busca do que julgam ser igualdade e justiça
social.

O Fórum Social Mundial representa a disposição, a esperança e o compromisso


que as pessoas e os movimentos sociais ainda têm de construírem um mundo
melhor para todos. Nesse sentido, compreendemos que o nosso mês de junho de
2013, pelo impacto que causou e por tudo que ainda esperamos compartilhar de
suas ideias, ainda não acabou.

referências
Referências
Bibliográficas
AMARAL, O. E. do; RIBEIRO, P. F. Por que Dilma de novo? Uma análise exploratória
do Estudo Eleitoral Brasileiro de 2014. Revista Sociologia e Política , v. 23, n. 56,

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YOUNG, I. M. Representação política, identidade e minorias. Revista Lua Nova , n.


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da-representacao---ano-2006---no-67 . Acesso em: 11 maio 2020.

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