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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – UFPB – 5 a 9/9/2022

Questões étnico-raciais no futebol contemporâneo: como o racismo estrutural


opera no esporte mais popular do Brasil1

Vinícius Lucena de OLIVEIRA2


Soraya BARRETO JANUÁRIO3
Universidade Federal de Pernambuco, UFPE

RESUMO

Neste trabalho, procuramos oferecer um panorama introdutório, munido de um


referencial teórico e amparado em dados e casos concretos, que nos permitem refletir
sobre como o racismo estrutural se manifesta no futebol brasileiro a partir do estudo de
casos amplamente noticiados na mídia entre 2020 e 2022, como as manifestações
racistas ocorridas nas competições sul-americanas em 2022, entre outros
acontecimentos reportados no Brasil. Vimos que determinadas concepções, que moldam
o senso-comum em relação à percepção das problemáticas raciais no Brasil,
influenciam os modos como os atores ligados à prática futebolística no país lidam com
as questões étnico-raciais. Ainda, estudamos um conjunto de representações presentes
na sociedade brasileira que enquadram os corpos negros à margem em relação a um
ideal branco; essas representações, também manifestadas através do racismo recreativo
e da estereotipagem, são elementos fundamentais nas construções e nas sustentações das
relações de poder.

PALAVRAS-CHAVE: sociedade; futebol; esportes; antirracismo; racismo.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos de 2020 e 2021, uma série de acontecimentos, como a


pandemia de Covid-19, causou reconfigurações em diversas esferas das sociedades
ocidentais. A prática futebolística de alto nível — imersa na lógica da Cultura da Mídia,
com produtos de alcance global e uma cultura de mercado amplamente difundida — foi
um dos segmentos afetados por estes eventos, com o afastamento do público dos
estádios, a suspensão temporária das competições a nível profissional, as
reconfigurações nos regulamentos das competições, entre outros impactos. Em paralelo
ao cenário pandêmico, as tensões sociais impulsionadas pela recorrência de práticas de

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Trabalho apresentado no IJ08 - Estudos Interdisciplinares da Comunicação – XVIII Jornada de Iniciação
Científica em Comunicação, evento componente do 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
2
Recém-graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); vncslcn@gmail.com
3
Orientadora do trabalho. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e
professora do Departamento de Comunicação da UFPE, e-mail: soraya.barreto@upfe.br

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caráter racista no ocidente alimentaram um sentimento de revolta manifestado por


determinados grupos sociais. Entre esportistas, o movimento Vidas Negras Importam
ganhou projeção e, em várias ocasiões, saiu do ambiente das redes sociais e se
converteu em mobilizações levadas aos mais diversos campos, quadras, estádios e
arenas esportivas ao redor do mundo. Apesar dos debates em torno de questões raciais
no âmbito esportivo estarem em voga por muito tempo, o ano de 2020 marcou uma
virada de chave quando o assunto é ativismo no esporte, de modo que vários atores
ligados à prática futebolística se juntaram à luta antirracista e levaram as manifestações
a campo. Os atos em questão penetraram um ambiente permeado pela influência do
racismo estrutural (ALMEIDA, 2019), que, no universo do futebol, se manifesta nas
mais diferentes maneiras. Nos espaços clubísticos, corpos não-brancos costumam ser
alvos de manifestações preconceituosas que vão desde a estereotipagem exacerbada
(HALL, 2016) às recorrentes injúrias raciais.
Neste artigo, revisaremos alguns conceitos fundamentais para o estudo das
questões raciais no Brasil contemporâneo e, consequentemente, no futebol brasileiro;
como o mito da democracia racial e as ideias de transcendência racial (MUNANGA,
1999; CARNEIRO, 2011; MOREIRA, 2019) e o “mito negro”, trabalhado por Neuza
Santos Souza (1990). Na primeira seção, elencamos alguns desses pensamentos e,
posteriormente, associamos cada um deles a situações nas quais o racismo se manifesta
através de gestos, declarações e ações discriminatórias no âmbito do esporte mais
popular do país. Com base em uma amostra intencional, casos ocorridos entre 2020 e
2022 foram citados em uma análise qualitativa efetuada a partir dos conceitos
trabalhados na sequência; investigamos acontecimentos amplamente noticiados na
mídia especializada, como as manifestações racistas ocorridas na Copa Libertadores e
na Copa Sul-Americana em 2022, entre outros casos nos quais profissionais ligados à
imprensa esportiva proferiram declarações de cunho racista.

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1. ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A COMPREENSÃO DO RACISMO NO


FUTEBOL
De acordo com o Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol,
elaborado pelo Observatório Racial do Futebol (2020)4, somente no ano de 2019, 67
casos de incidentes discriminatórios no futebol brasileiro foram noticiados na imprensa
esportiva. O relatório, publicado anualmente, ainda registrou um aumento considerável
nos casos de ofensas raciais ocorridos em meio à prática esportiva no Brasil; enquanto
em 2014 foram registradas 20 ocorrências, em 2019 foram 67, o que representa um
aumento de 235% (OBSERVATÓRIO RACIAL DO FUTEBOL, 2020, p. 20).
No futebol, os impactos causados pelo racismo estrutural se manifestam em
diferentes ocasiões e refletem as características do racismo presentes na sociedade
brasileira. Na obra As relações étnico raciais e o futebol do Rio de Janeiro: Mitos,
discriminação e mobilidade social, o sociólogo José Jairo Vieira (2018) discorre sobre o
mito social da ausência de discriminação e desigualdade racial no futebol, entre outros
problemas. Para o autor, uma análise de determinados aspectos relacionados à presença
do negro no futebol brasileiro implica o estudo de tópicos relacionados à sociedade
como um todo, como “o racismo, as possibilidades de mobilidade social, a crença ou o
mito da democracia racial e, sobretudo, a trajetória e as implicações sociais da inserção
social dos negros no Brasil” (VIEIRA, 2018, p. 29).
Assim, um caminho para a compreensão da questão étnico-racial na sociedade
brasileira — e, consequentemente, no âmbito do futebol — pode ser traçado através de
uma revisão de determinados conceitos que nortearam os estudos do racismo no país e
que passaram a ser constantemente difundidos na sociedade, como o mito da
democracia racial. O fato de que a ideia da transcendência racial continua a exercer uma
influência na sociedade contemporânea faz com que, no universo dos esportes, tais
pensamentos sejam comumente reproduzidos, como observaremos mais adiante.

1.1 O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

4
OBSERVATÓRIO RACIAL DO FUTEBOL. Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol 2019.
Porto Alegre, 2020. Disponível em:
https://observatorioracialfutebol.com.br/Relatorios/2019/RELATORIO_DISCRIMINCACAO_RACIAL_
2019.pdf. Acesso em: 20 jun. 2021.

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A concepção de um país no qual todas as raças são iguais e, portanto, não há


discriminação racial, serviu como um fio condutor para os estudos sociológicos
desenvolvidos no Brasil durante boa parte do século XX e passou a fazer parte do
imaginário social. Guimarães (1995) afirma que, a partir do século XX, o racismo
colonial “cedeu lugar, depois da independência do país, à ideia de uma nação mestiça,
cuja cidadania dependia do lugar de nascimento e não de ancestralidade"
(GUIMARÃES, 1995, p. 48). A construção de uma identidade nacional via na
pluralidade racial uma ameaça à construção de um ideário de uma nação branca.
Munanga (1999) reitera que havia um interesse pelos intelectuais ulteriores ao período
da abolição na formulação de uma "teoria do tipo étnico brasileiro", o que representava
uma "definição do brasileiro enquanto povo e do Brasil como nação" (MUNANGA,
1999, p. 52). Construiu-se, portanto, um discurso, utilizado tanto de modo científico (de
modo que os estudos sociológicos e antropológicos desenvolvidos na primeira metade
do século XX seguiram a tendência da democracia racial) quanto popular, que defende a
existência de uma nação na qual todas as raças - que juntas constituíam uma identidade
tipicamente brasileira - conviviam de forma harmônica.
A ideia de que há no Brasil uma espécie de democracia racial, no entanto, exerce
certa influência na sociedade brasileira mesmo nos dias atuais e continua a influenciar
na ausência de políticas institucionais de combate efetivo ao racismo. Para Kabengele
Munanga (1999), o processo de mestiçagem, que se sustenta no discurso da
homogeneização da sociedade brasileira, desemboca em uma eventual dissolução da
diversidade racial e cultural. Nesse contexto, de acordo com Munanga, predominaria “o
modelo hegemônico racial e cultural branco ao qual deveriam ser assimiladas todas as
outras raças e suas respectivas produções culturais” (MUNANGA, 1999, p. 90), de
forma que os discursos que pregam a ideia da igualdade e ao mesmo tempo negam as
disparidades raciais existentes na sociedade podem ser entendidos como estratégias de
branqueamento e desmobilização.
O mito da democracia racial, que possui uma penetração profunda na sociedade
brasileira, encobre, portanto, os conflitos raciais e acaba por permitir uma dissimulação
das desigualdades existentes no país, de modo a impedir que grupos marginalizados
tomem consciência dos sutis mecanismos de exclusão que operam na sociedade.
(MUNANGA, 1999).

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Na obra de Gilberto Freyre - um dos intelectuais mais influentes entre os que se


utilizaram da ideia da dissolução das diferenças a partir do convívio pacífico entre as
raças que compuseram a sociedade brasileira - há uma insistência em tratar a
"cordialidade" como "estratégia de ascensão social dos grupos subordinados" (SALES
JR, 2006); no entanto, para Sales Jr., a cordialidade se caracteriza como um “não-dito
racista”, pois, ao negar o conflito ou ao evitá-lo ao máximo, acabam por afastá-lo do
debate público e político.
No mesmo sentido, Sueli Carneiro (2011) argumenta que a difusão do mito da
democracia racial resulta em um ocultamento das desigualdades raciais no país, de
modo que tal ideia pode ser entendida como uma “construção ideológica” que tem como
efeito o afastamento das questões raciais da esfera política.

1.2 A CONCEPÇÃO DO RACISMO COMO UM PROBLEMA INDIVIDUAL E


O RACISMO INSTITUCIONAL

Na obra Racismo Estrutural, Silvio Almeida (2019) distingue as três principais


concepções do racismo (individual, institucional e estrutural). De acordo com Almeida
(2019), a perspectiva individualista - reproduzida com frequência na sociedade
brasileira, inclusive no âmbito dos esportes, como apontaremos ao longo desta pesquisa
- entende o racismo como um fenômeno de natureza psicológica e o relaciona a um
desvio comportamental. Por limitar o problema à esfera do “preconceito” originado a
partir de comportamentos individuais, tal concepção implica que as principais formas de
enfrentamento ao problema em questão devem se ater à educação e à conscientização e
ao “estímulo a mudanças culturais” (ALMEIDA, 2019, p. 38). O autor também
relaciona a utilização de enunciados como “somos todos humanos”, “todos iguais” e
“racismo é errado” à concepção individual do racismo (com suas limitações e
insuficiências) e a uma “fraseologia moralista inconsequente” (ALMEIDA, 2019, p.
26).
A interpretação do racismo como um problema individual ignora, portanto, as
desigualdades raciais no sistema econômico, a reprodução das disparidades raciais
(inclusive nas instituições) e prejudica a elaboração de políticas públicas e institucionais
eficientes de enfrentamento ao problema. Além disso, tal interpretação implica, de
acordo com Silvio Almeida (2019), em um enfrentamento ao racismo conduzido,

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majoritariamente, na esfera jurídica por meio de sanções civis ou penais. O


enfrentamento ao racismo com base em abordagens que o enxergam sob uma
perspectiva individualista resulta, portanto, em análises “carentes de história e de
reflexão sobre seus efeitos concretos” (ALMEIDA, 2019, p. 37).
Já a concepção do racismo como um problema de caráter institucional
representa, para Almeida (2019), uma evolução significativa em relação ao
entendimento do racismo como um problema individual. O autor explica que, segundo
essa concepção, os conflitos raciais não se restringem às ações individuais isoladas, mas
se manifestam - e se sustentam - através da ação de instituições “hegemonizadas por
determinados grupos raciais que utilizam mecanismos institucionais para impor seus
interesses políticos e econômicos” (ALMEIDA, 2019, p. 28). Tais mecanismos de
dominação passam, portanto, pela institucionalização dos interesses hegemônicos.
Assim, o racismo, bem como outros conflitos sociais (como as disparidades de gênero e
classe) que não são efetivamente combatidos dentro das instituições esportivas, são
reproduzidos no interior dessas organizações, que assimilam as práticas excludentes
normatizadas na sociedade. Almeida defende que

em uma sociedade em que o racismo está presente na vida cotidiana, as


instituições que não tratarem de maneira ativa e como um problema a
desigualdade racial irão facilmente reproduzir as práticas racistas já tidas
como 'normais' em toda a sociedade. É o que geralmente acontece nos
governos, empresas e escolas em que não há espaços ou mecanismos
institucionais para tratar de conflitos raciais e sexuais. [...] Sem nada fazer,
toda instituição irá se tornar uma correia de transmissão de privilégios e
violências racistas e sexistas. De tal modo que, se o racismo é inerente à
ordem social, a única forma de uma instituição combatê-lo é por meio da
implementação de práticas antirracistas efetivas (ALMEIDA, 2019, p. 34).

Os mecanismos que impedem a ocupação de cargos diretivos ou com poder de


decisão por pessoas não-brancas, por exemplo, estão diretamente relacionados à ideia de
racismo institucional. Moreira (2019) defende que o racismo institucional pode se
manifestar quando determinados grupos sociais não obtêm acesso aos serviços de uma
instituição, quando as pessoas não conseguem acessar postos de trabalho na organização
ou quando não as chances de ascensão profissional dentro da instituição são
consideravelmente limitadas por causa da raça. Essas práticas discriminatórias
encontram “sustentação na presença de atitudes culturais racistas que permeiam as
normas que regulam instituições públicas e privadas” (MOREIRA, 2019, P. 35) e
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podem ser observadas no ambiente futebolístico a partir do momento em que nos


deparamos com as disparidades observadas entre os quadros de dirigentes dos principais
clubes do país e da entidade máxima do futebol nacional.
Se, por um lado, os atletas negros estão presentes na prática futebolística, ainda
se vê poucas pessoas não-brancas ocupando posições de poder no universo do esporte;
uma das justificativas para essa disparidade é a de que “ao jogador negro é “dada” uma
certa margem de humanidade, construída a partir da lógica racista que considera o corpo
negro apto tão somente às atividades que exigem força e resistência” (CARVALHO;
PEREIRA, 2019, p. 110).
No âmbito do futebol, as práticas antirracistas costumam seguir os
direcionamentos impostos pelas instituições responsáveis pela organização do esporte;
tais organizações - que dispõem de um número ínfimo de pessoas negras em seus
quadros diretivos - reproduzem, constantemente, um racismo institucional que, para
Almeida (2019), também pode ser compreendido como um problema estrutural, de
modo que “as instituições são apenas a materialização de uma estrutura social ou de um
modo de socialização que tem o racismo como um de seus componentes orgânicos”
(ALMEIDA, 2019, p. 33).
Em 2019 não havia nenhum presidente negro entre os clubes da primeira
divisão nacional, tampouco entre as 27 federações estaduais vinculadas à CBF. Marcelo
Carvalho e Roberta Pereira (2019) afirmam que a ausência de pessoas negras em postos
decisórios costuma se sustentar nos discursos da meritocracia e da ausência do racismo,
ideia fundamentada sobre as bases da democracia racial.

1.3 DISCRIMINAÇÃO E ESTEREOTIPAGEM DOS CORPOS NÃO-BRANCOS


NO ÂMBITO ESPORTIVO

Os conceitos explorados nas seções anteriores estão relacionados, sobretudo, às


respostas das instituições ligadas ao esporte a casos de discriminação racial. Tais
episódios, recorrentes no âmbito da prática futebolística no Brasil, costumam estar
relacionados a ataques direcionados à fisionomia de atletas, torcedores, trabalhadores,
entre outros corpos racializados que ocupam espaços no futebol contemporâneo. Além
dos ataques diretos, podemos observar, no âmbito esportivo, a recorrência de

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microagressões diagnosticadas como expressões de um racismo recreativo (MOREIRA,


2019).
Ao discorrer sobre o chamado “mito negro”, Neuza Santos Souza (1990)
relaciona a ideia da existência de um mito às relações sociais. Os mitos, de acordo com
a autora, correspondem a "uma fala, um discurso — verbal ou visual — uma forma de
comunicação sobre qualquer objeto: coisa, comunicação ou pessoa" (SOUZA, 1990, p.
25) que "objetiva escamotear o real, produzir o ilusório, negar a história, transformá-la
em 'natureza''' (SOUZA, 1990, p. 25). Desse modo, o mito poderia ser entendido como
um "conjunto de representações que expressa e oculta uma ordem de produção de bens
de dominação e doutrinação" (SOUZA, 1990, p. 25), de modo que, apoiado em um
caráter estrutural, esse mito acaba por enquadrar os corpos negros como “exóticos”,
"insólitos" ou "diferentes"; tais construções implicam relações de subalternidade, com o
branco sendo colocado em uma posição de referência. Para a autora, figuras
representativas que relacionam a irracionalidade, o feio e o exótico são reproduzidas
para que se afirme uma espécie de “natureza negra”, portando, assim, uma mensagem
ideológica que beneficia os grupos privilegiados na hierarquia social (SOUZA, 1990, p.
27).
Além dos casos de discriminação explícita, direta, podemos observar uma série
de casos nos quais o racismo se faz presente de formas mais silenciosas e supostamente
menos agressivas. No futebol, uma das manifestações mais recorrentes do racismo se dá
por meio do chamado “racismo recreativo”. As intolerâncias que permeiam o universo
do futebol no Brasil também se manifestam através do riso, de supostas piadas que são
constantemente vinculadas a uma "incredibilidade do discurso, já que se trata de uma
piada, de algo que não deve ser levado em consideração, ou seja, algo permitido”
(CERVI, 2014, s/p)." Ao debater o teor racista contido em supostas brincadeiras,
Adilson Moreira (2019), afirma que “os estereótipos raciais negativos presentes em
piadas e brincadeiras racistas são os mesmos que motivam práticas discriminatórias
contra minorias raciais em outros contextos” (MOREIRA, 2019, p. 23) e que o racismo
recreativo possui um caráter estratégico que produz relações de hierarquia e,
consequentemente, de dominação racial.
Moreira ainda relaciona as piadas recorrentes ao chamado racismo aversivo, que
se manifesta através de “preconceitos sutis, mas persistentes” e “indicam o desprazer na

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interação social com negros, motivo pelo qual pessoas brancas tentam evitar contato
com eles ou os tratam com o devido distanciamento social" (MOREIRA, 2019, p. 33).
O autor, especialista em direito antidiscriminatório, ainda afirma que “os racistas
aversivos tratam minorias raciais de maneira cordial, mas essa interação não tem um
caráter espontâneo, sendo meramente circunstancial” (MOREIRA, 2019, p. 33).
Moreira sustenta que tais práticas estão relacionadas ao caráter simbólico do racismo,
que "designa construções culturais que estruturam a forma como minorias raciais são
representadas" (MOREIRA, 2019. p. 34).
Moreira (2019) argumenta ainda que o racismo provoca a criação de “imagens
deturpadas do outro, o que induz a uma série de comportamentos conscientes e
inconscientes de natureza sutil que expressam desprezo por minorias raciais”
(MOREIRA, 2019, p. 37), tais comportamentos podem ser definidos como
microagressões. Ao relacionar tais comportamentos ao humor (argumento comumente
utilizado entre os indivíduos que reproduzem o racismo em forma de microagressões), o
autor argumenta que “o humor racista satisfaz a necessidade de diferenciação que
pessoas brancas sentem em relação a indivíduos considerados inferiores e também cria
um sentimento de solidariedade entre os membros desse grupo (MOREIRA, 2019, p.
49). Para ele, “o humor racista é uma das formas que pessoas brancas utilizam para
referendar o sistema de opressão social que as beneficiam, mas elas sempre argumentam
que ele é algo benigno” (MOREIRA, 2019, p. 54).
Apesar de tais agressões serem direcionadas a determinados indivíduos,
entende-se que elas não afetam somente a dimensão subjetiva, mas funcionam como
uma reprodução de uma série de valores culturais que acabam por atribuir signos
pejorativos a pessoas racializadas e, portanto, colaboram com a perpetuação das
relações de poder e das hierarquizações raciais presentes na sociedade.
Outra manifestação do racismo no universo do futebol - e dos esportes em geral
- está relacionada à atribuição de estereótipos acerca dos corpos racializados, que
costumam ser enquadrados em características ligadas à força física, à agilidade, à
malandragem, entre outras adjetivações que se opõem às designadas aos atletas brancos.
Entre 2019 e 2020, a organização RunRepeat e a PFA, a associação de jogadores de
futebol profissionais da Inglaterra e no País de Gales, conduziu um estudo que consistia
na análise dos adjetivos utilizados por comentaristas de futebol para caracterizar atletas

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em 80 partidas de quatro das principais ligas europeias (a Premier League inglesa; a La


Liga, da Espanha; a Série A, da Itália; e a Ligue 1, da França). O estudo concluiu que
comentários relacionados ao adjetivo "inteligência" costumam ser direcionados de
forma positiva a futebolistas brancos e de forma negativa aos não-brancos. Já os
comentários relacionados à força física têm 6,59 vezes mais chances de serem
destinados a atletas negros; quando se trata de velocidade, os comentários também
tendem a ser direcionados a futebolistas não brancos (3,38 vezes a mais do que menções
à jogadores brancos). Outro dado levantado pela pesquisa aponta que, quando o assunto
é a ética no trabalho, 60,4% dos comentários fazem referência a atletas brancos. A
pesquisa, que analisou mais de duas mil falas de comentaristas, sobre 643 jogadores,
também concluiu que qualidades relacionadas à liderança costumam ser direcionadas a
esportistas brancos5.
Tanto no âmbito dos esportes quanto na sociedade como um todo, a reprodução
de estereótipos desempenham um papel maior do que uma simples atribuição de rótulos
generalizados a um grupo de pessoas. Valendo-se dos conceitos trabalhados por Stuart
Hall, MacNeill (2006) afirma que “os estereótipos não são apenas representações
simplistas de relações de poder desiguais, eles são elementos constitutivos e
constituintes de relações de poder que afetam a identidade” (MACNEILL, 2006, p. 24).
No livro Cultura e Representação, Hall (2016) argumenta que "a estereotipagem tem sua
própria poética - suas próprias maneiras de trabalhar - e sua política - as maneiras com
as quais ela está investida de poder" (HALL, 2016, p. 200) e a define como "uma forma
de poder hegemônico e discursivo que opera tanto por meio da cultura, da produção de
conhecimento, das imagens e da representação, quanto por outros meios” (HALL, 2016,
p. 200). Assim, o teórico dos Estudos Culturais sustenta a tese de que a atribuição e o
uso recorrente de estereótipos estão diretamente relacionados às relações de poder, que
sempre operam sob condições de desigualdades; ao discorrer sobre a estereotipagem, o
autor estabelece uma relação entre representação, diferença e poder.

Muitas vezes, pensamos no poder em termos de restrição ou coerção física


direta, contudo, também falamos, por exemplo, do poder na representação,
poder de marcar, atribuir e classificar; do poder simbólico; do poder da

5
MCLOUGHLIN, Danny. Racial Bias in Football Commentary (Study): the pace and power effect.
The Pace and Power Effect. 2021. Disponível em: https://runrepeat.com/racial-bias-study-soccer. Acesso
em: 15 jul. 2021.

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expulsão ritualizada. O poder, ao que parece, tem que ser entendido aqui não
apenas em termos de exploração econômica e coerção física, mas também em
termos simbólicos ou culturais mais amplos, incluindo o poder de representar
alguém ou alguma coisa de certa maneira - dentro de um determinado
"regime de apresentação". Ele inclui o exercício do poder simbólico através
das práticas representacionais e a estereotipagem é um elemento-chave deste
exercício de violência simbólica" (HALL, 2016, p. 193)

A estereotipagem pode ser entendida, então, como um dos mecanismos que


permitem a manutenção da ordem social e simbólica, de modo que uma de suas
principais características é a “prática de fechamento e exclusão''. Simbolicamente, ela
fixa os limites e exclui tudo o que não lhe pertence" (HALL, 2016, p. 192). Ainda de
acordo com Stuart Hall, "a estereotipagem tende a ocorrer onde existem enormes
desigualdades de poder. Este geralmente é dirigido contra um grupo subordinado ou
excluído" (HALL, 2016, p. 192).

2. O FUTEBOL E AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DE RACISMO


Neste trabalho, adotamos o estudo de caso como estratégia de pesquisa. Robert
Yin (2001), explica que tal metodologia pode ser adotada "quando o foco se encontra
em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real" (YIN, 2001,
p. 19) e que o estudo de caso "contribui, de forma inigualável, para a compreensão que
temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos" (YIN, 2001, p.
21).
Na noite do dia 13 de abril de 2022, o Fortaleza Esporte Clube fazia sua
primeira partida fora de casa pela 63ª edição da Copa Libertadores da América de
futebol masculino. O adversário da noite era o River Plate, de Buenos Aires, e o palco
do jogo era o Monumental de Nuñez, estádio que chegou a sediar uma final da Copa do
Mundo de Futebol masculino, em 1978. Naquela ocasião, torcedores registraram o
momento em que um homem vestido com um agasalho do River arremessou uma
banana em direção ao setor da arquibancada que abrigava a torcida do Fortaleza6. Ao
redor dele, dezenas de pessoas riam e algumas direcionavam gestos obscenos aos
brasileiros. Poucos dias depois, a história se repetiu em outros estádios. No dia 26 de
abril, treze dias após o incidente no Monumental, um torcedor do Boca Juniors, da
Argentina, dirigiu-se à torcida do Corinthians imitando um macaco, gesto que se
6
O POVO. Torcedor do River Plate é flagrado atirando banana em direção a torcida do Fortaleza.
Fortaleza. 13 abr. 2022. Disponível em <https://cutt.ly/mLJvsGl> . Acesso em 7 jul. 2022

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repetiria ao menos 11 vezes na mesma competição7. O emprego do gesto em questão


reforça um discurso que acaba por desumanizar os corpos racializados, animalizando-os
e, consequentemente, colocando-os em uma posição de inferioridade e primitivismo
(SOUZA, 1990). Ao debater o chamado Mito Negro e a representação estereotipada dos
corpos racializados, Neusa Santos Souza (1990) afirma que

a representação do negro como elo entre o macaco e o homem branco é uma


das falas míticas mais significativas de uma visão que o reduz e o cristaliza à
instância biológica. Esta representação exclui a entrada do negro na cadeia
dos significantes, único lugar onde é possível compartilhar de um mundo
simbólico e passar da biologia à história. (SOUZA, 1990, p. 28)

Além das manifestações racistas por parte dos atletas e dos torcedores, também
observamos a recorrência casos de injúrias raciais e manifestações de racismo por parte
de profissionais da imprensa esportiva. Em julho de 2020, o atacante Marinho — atleta
do Santos Futebol Clube — foi alvo de uma fala racista do comentarista Fábio
Benedetti, da rádio Energia 97. Após ter sido expulso em uma partida do Campeonato
Paulista de Futebo Masculino, Marinho viu o comentarista chamá-lo de "burro" e dizer
que ele "estava na senzala"8. Pouco mais de seis meses após o episódio, outro atleta do
Santos foi alvo de comentários racistas por parte de um profissional de imprensa.
Durante uma transmissão de um duelo contra o Grêmio, válido pelo Campeonato
Brasileiro de Futebol Masculino, o narrador Haroldo de Souza, da Rádio Grenal, usou a
frase "aquele crioulinho que está lá na ponta esquerda”9 para se referir ao lateral Lucas
Braga. Nos dois casos, os termos utilizados nos insultos racistas evocam uma herança
da sociedade escravagista. De acordo com Guimarães (2000), os insultos raciais verbais
costumam conter referências à situação de escravidão — como observado no caso do
“estava na senzala”, proferido por um comentarista esportivo — ou estratégias
linguísticas que envolvem o uso de diminutivos, como "negrinho", "negrinha" ou
"crioulinho", termo citado pelo narrador da Rádio Grenal. Segundo o autor, o uso de
diminutivos deriva da crença na existência de uma hierarquia social, e pode ser

7
PLACAR. Corinthians x Boca tem ato nazista, racismo e pedra no ônibus. São Paulo. 29 jun. 2022.
Disponível em <https://cutt.ly/uLJbDBG>. Acesso em 2 jul. 2022.
8
CORREIO BRAZILIENSE. Comentarista é afastado após fala racista que fez jogador do Santos
chorar. Brasília. 31 jul. 2020. Disponível em <https://bit.ly/3feMMwZ> . Acesso em 28 jun. 2022.
9
IG. Narrador é acusado de racismo contra jogador do Santos: "crioulinho"; veja. 4 fev. 2021.
Disponível em <https://bit.ly/3ljdCrr>. Acesso em 28 jun. 2022.

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interpretado como uma tentativa de colocar a vítima em uma posição de inferioridade


(GUIMARÃES, 2000).
Nenhum dos dois agressores respondeu criminalmente e apenas no primeiro
caso, o veículo de imprensa (a rádio Energia 97, de São Paulo) atribuiu uma punição ao
responsável pelas injúrias raciais. Enquanto Benedetti foi afastado, o narrador Haroldo
de Souza seguiu trabalhando na Rádio Grenal. No caso da rádio de Porto Alegre, foi
emitida uma “nota de esclarecimento” na qual o veículo afirmava “não compactuar com
qualquer tipo de atitude discriminatória [...], pautando sua atuação através do respeito a
todos, sem exceção”10; já o narrador afirmou que "não houve intenção de racismo" e
argumentou que é "casado com uma mulher da raça negra" e que "foi criado em meio
aos negros" (IG, 2021). Argumentos semelhantes ao utilizado na defesa do narrador
Haroldo de Souza são constantemente reproduzidos por pessoas que cometem injúrias
raciais. Como discutimos anteriormente, a estratégia do amigo negro (MOREIRA,
2019) consiste em um apelo à cordialidade e a uma transcendência racial por parte dos
agressores. De acordo com Moreira (2019), a reprodução desses discursos,
frequentemente acionados por pessoas brancas como uma ferramenta de "blindagem
legal", acaba por ocultar a hierarquização racial e pode ser interpretada como uma
tentativa de afastamento das questões étnico-raciais do debate político.
Além dos ataques diretos, há uma série de casos nos quais comentários acerca de
algumas características dos corpos racializados são proferidos. Em algumas ocasiões,
enunciados permeados por pensamentos essencialmente racistas são dirigidos a pessoas
não brancas e amparados pela justificativa comum de que tais comentários se
caracterizam como injúrias. Em abril de 2021, o Esporte Clube Bahia visitou a
Associação Atlética Nápoli, de Santa Catarina, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol
Feminino. Na ocasião, um comentarista que participava da transmissão, feita pela CBF
— entidade organizadora do torneio — em parceria com a plataforma MyCujoo11, falou
sobre os "cabelos exóticos" das jogadoras da equipe nordestina. Questionado por
internautas que assistiam a transmissão online, o comentarista contou ainda com uma
defesa feita pelo narrador da partida12. Meses depois, em setembro, telespectadores e

10
GZH. Santos diz que irá tomar "medidas cabíveis" sobre fala de narrador a respeito de Lucas
Braga. Porto Alegre. 4 fev. 2021. Disponível em <https://bit.ly/3jcVL2B>. Acesso em 28 jun. 2022.
11
Plataforma online especializada em streamings esportivos.
12
UOL. Comentarista tem fala racista em jogo feminino na CBF TV e é afastado, São Paulo. 25 abr.
2021. Esporte. Disponível em <https://bit.ly/RacismoMyCujoo>. Acesso em 18 jun. 2022.

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internautas testemunharam as críticas proferidas por dois comentaristas de um programa


esportivo da ESPN a dois atletas negros, relacionando suas aparências a uma suposta
“falta de foco” e a uma “queda de rendimento”. Fábio Sormani e Zé Elias (ex-atleta de
futebol profissional) teceram comentários sobre os jogadores Danilo e Patrick de Paula,
ambos da Sociedade Esportiva Palmeiras. Os comentaristas utilizaram, na ocasião, um
espaço dotado de um alto alcance para criticar os cabelos em estilo dreadlocks
utilizados por um dos jovens atletas palmeirenses. Admitindo que a fala “pode parecer
preconceituosa”, um dos comentaristas disparou: “ao invés de passar seu tempo
estudando o adversário, você passa seu tempo na frente do espelho olhando o
‘rastafári’”13.
Tais comentários reproduzem preconceitos e evidenciam as relações de
subalternidade presentes na sociedade, nas quais os corpos racializados são taxados
como “exóticos” enquanto os brancos são colocados em um lugar de referência
(SOUZA, 1990).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A preocupação em entender como o racismo estrutural opera no universo
futebolístico parte do entendimento de que o estudo das relações de poder reproduzidas
em um microcosmo nos permite estabelecer uma série de conexões que podem nos
fornecer uma compreensão de um macrocosmo (BOURDIEU, 1983). Assim, uma
análise das estruturas que sustentam o racismo no campo dos esportes pode fazer com
que exerçamos um olhar mais apurado para a sociedade na qual essas relações estão
inclusas.
Nos últimos anos, o futebol (e o esporte, em geral) ficou marcado por uma série
de manifestações coletivas contra o racismo; ainda que os protestos centrados em
questões étnico-raciais não sejam uma novidade na história do esporte mundial, a
ocorrência de manifestações generalizadas na prática esportiva de alto nível faz com que
os olhos se voltem a essa problemática. Tais movimentos têm a capacidade de promover
alterações nas dinâmicas relacionadas ao ativismo no campo dos esportes. As respostas
dos atletas, dos torcedores mais engajados e de outros atores ligados ao futebol às

13
TORCEDORES.COM. Sormani e Zé Elias ‘culpam’ cabelos e tatuagens por má fase de garotos do
Palmeiras e geram discussão ao vivo na ESPN;. 27 set. 2021. Disponível em <https://cutt.ly/VZ8Ei78>.
Acesso em 10 ago. 2022.

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tensões sociais cada vez mais latentes podem causar reconfigurações nos modos como
as instituições ligadas ao esporte lidam com as manifestações realizadas em campo.
Como resultado, podemos esperar a adoção de medidas mais efetivas de combate ao
racismo no universo dos esportes.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019. 264 p. (Feminismos Plurais).

BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.

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CARVALHO, Marcelo; PEREIRA, Roberta. Se ninguém for responsabilizado pelos atos de


racismo praticados, nada vai mudar. Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol 2019,
Porto Alegre, p. 110-112, set. 2020. Disponível em:
https://observatorioracialfutebol.com.br/Relatorios/2019/RELATORIO_DISCRIMINCACAO_
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Revista eletrônica de jornalismo esportivo. Santa Catarina, p. 1-3, abril, 2014. Disponível em:
http://observatorioracialfutebol.com.br/intolerancia-racialno-futebol-alem-das-quatro-linhas/.
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queixas de discriminação. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, n. 38, p. 1-15, 2000.

_____. Racismo e anti-racismo no Brasil. Novos Estudos, n. 43. São Paulo, p. 26-44. 1995.

MACNEILL, Margaret. Estudos de mídia do esporte e a (re)produção de identidades. Revista


Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 28, n. 1, p. 9-38, set. 2006. Disponível em:
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/36. Acesso em: 17 jun. 2022.

MOREIRA, Adilson. Racismo Recreativo. São Paulo: Pólen, 2019. (Feminismos Plurais).

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus


identidade negra. Petrópolis: Vozes, 1999.

OBSERVATÓRIO RACIAL DO FUTEBOL. Relatório Anual da Discriminação Racial no


Futebol 2019. Porto Alegre, 2020. Disponível em:
https://observatorioracialfutebol.com.br/Relatorios/2019/RELATORIO_DISCRIMINCACAO_
RACIAL_2019.pdf. Acesso em: 20 jun. 2021.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se Negro. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

VIEIRA, José Jairo. As relações étnico raciais e o futebol do Rio de Janeiro: Mitos,
discriminação e mobilidade social. Mauad Editora Ltda, 2018.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

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