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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE UBÁ


FACULDADE DE DIREITO
2023

RACISMO NO FUTEBOL BRASILEIRO: SOBRE QUEM DEVE CAIR A


RESPONSABILIZAÇÃO?

Matheus Pires Pereira –matheuspereiracd97@gmail.com

Resumo: ( entre 100 a 250 caracteres)


Palavras-chave: ( 5 palavras ou expressões)

Abstract: ( é o resumo em inglês – deixe para depois da correção )


Keywords: ( ão as palavras-chave em inglês – deixe para depois da correção )

INTRODUÇÃO
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1- RACISMO NO BRASIL.

O racismo pode ser entendido de várias maneiras, ou até mesmo se manifestar de


diferentes modos, mas cabe destacar nesse enfoque a concepção de que ele pode ser percebido
como “um ato ou fala de caráter discriminatório baseados no pressuposto de que todos os
membros de uma minoria racial possuem os mesmos traços”. Esses traços são transmitidos
biologicamente, assim compreendidos como imutáveis e classificados como inferiores
(MOREIRA, 2019).
Na verdade, falar de racismo é falar de uma conduta que resulta fatores como aversão
e ódio, as quais são direcionadas às pessoas pertencentes a minorias raciais, configurando-se
por sinais raciais, manifestados na cor da pele, no formato dos olhos ou forma do cabelo,
decorrendo da convicção de superioridade existente, ou seja, de que há uma raça superior e
outra inferior (MUNANGA, 2016).
A palavra racismo foi utilizada pela primeira vez no século XVII, sendo empregada
para apontar as diferenças físicas da população daquela época. Um pouco mais tarde, no
século XVIII a distinção racial era voltada para a cor da pele, agrupando em etniais branca,
negra e amarela. Um século depois, essa questão encontrava-se direcionada para o parâmetro
morfológico, obtendo mais expressividade com a reinterpretação da teoria darwinista (os
organismos mais adaptados ao meio tê maiores chances de sobrevivência do que os menos
adaptados, deixando um número maior de descendentes). Assim, estabelecendo-se uma
hierarquia que exaltava a etnia branca, a mesma possuia maior dominino do desenvolvimento
físico e mental, colocando assim, as demais etniais presentes como inferiores.
Na verdade, o que podemos notar é que a questão da discriminação racial está
enraizada na cultura da sociedade brasileira. Segundo Silva:

O preconceito está presente na humanidade desde o início da mais remota história,


rotulando raça, gênero e classe social, aos quais durante todo processo de
desenvolvimento da vida humana vão sendo incorporadas ideias, valores,
sentimentos e maneiras de pensar que nem sempre são aceitos por todos. (SILVA et
al., 2015, p.1).

Diante do exposto, fica claro que a população do nosso país é uma população
miscigenada, mas na hierarquia social os negros são a base, pois os próprios habitantes não
consideram as diferenças físicas, comportamental, social, entre outras, como diversidade
cultural e étnica, ou seja, como algo positivo e que possa incrementar algo para a sociedade
brasileira. Assim, constitui-se um impedimento de diálogo, de conhecimento, de maneiras de
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vidas e aceitação do outro, que ocorre quando o ser humano não aceita as qualidades e
diferenças do nosso oposto, denominando-se assim, o preconceito.
Desta forma, fica evidente que os afrodescendentes possuem uma presença
demográfica muito significativa em nosso país, mas as dificuldades de construir a identidade
negra em uma sociedade que vive o mito da democracia racial ainda são implícitas, já que
uma população que desde o princípio ensina seus habitantes a se afugentar de suas
ascendências para serem aceitos no coletivo, não pode ser intitulada com esses aspectos de
uma sociedade democrática racial.

Estamos em um país onde certas coisas graves e importantes se praticam sem


discurso, em silêncio, para não chamar a atenção e não desencadear um processo de
conscientização, ao contrário do que aconteceu nos países de racismo aberto. O
silêncio, o implícito, a sutileza, o velado, o paternalismo são alguns aspectos dessa
ideologia. (MUNANGA, 1996, p. 220-221).

Como todos nós sabemos, o racismo é uma forma sistêmica de discriminação, a qual,
tendo a raça como fundamento, decorre da própria estrutura social, se manifestando por meio
de práticas conscientes ou inconscientes, trazendo desvantagens ou privilégios para àqueles
que o comete, a depender do grupo racial ao qual pertencem, ocorrendo pelas costas dos
indivíduos e parecendo legado pela tradição (ALMEIDA, 2018. p. 32 e 50).
O que queremos dizer é que pessoas negras experimentam o racismo, sendo o objeto
da opressão, o qual restringe oportunidades por conta do sistema de opressão, enquanto as
pessoas brancas presenciam essa prática, se beneficiando dessa mesma opressão (RIBEIRO,
2017. p.88).
O racismo é uma forma sistêmica de discriminação que deveria ter tido um fim com
a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888, extinguindo-se a
escravidão no Brasil. Porém, mesmo diante dessa assinatura, podemos dizer que quase nada
(ou nada) foi feito para que a vida dos escravos (agora libertos), bem como suas familias
sofresse uma reparação aos danos causados por tantos anos de sofrimento.
Na verdade, o racismo continuava sendo praticado, refletindo no dia a dia da
sociedade, e uma das formas de entendermos muitas das características do Brasil pós-abolição
é estudando o futebol e o seu desenvolvimento ao longo dos anos até os dias atuais, já que o
futebol em seu início era um esporte praticado exclusivamente pela elite.

1.2- O NEGRO NO FUTEBOL BRASILEIRO


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Mas qual a relação do racismo com o futebol?


Em um primeiro momento cabe ressaltar como se deu o início desse esporte em nosso
país.
Mesmo sabendo que a concepção e planejamento do futebol aconteceram na
Inglaterra, o Brasil é mundialmente conhecido como o país do futebol, recebendo muito
prestígio, importância e reconhecimento por tal façanha.
A chegada do futebol em nosso país aconteceu com o desembarque dos imigrantes,
mais especificamente no século XIX, onde o futebol, ao título de modalidade mais praticada e
favorita, tornou-se um elemento forte e relevante da cultura nacional, integrando a “identidade
brasileira”. Segundo Lucena (2002):

O futebol surge no Brasil num contexto específico de nossa sociedade, cada vez
mais urbana e com o encontro de culturas diferentes, com o fim do trabalho escravo,
o aumento da imigração e uma série de mudanças que favoreceram a ampliação de
ações no sentido de um redirecionamento ao estilo europeu de vida. (LUCENA,
2002, p. 35).

Assim entende-se que a construção histórica do futebol com a identidade brasileira


encontra-se compreendida na reflexão sobre outros pontos importantes envolvidos dentro
deste contexto. Para Almeida et al (2012, p.60) “o esporte está incrustado na sociedade,
tornando-se um meio indispensável para a formação do homem e para a convivência em
sociedade”. Para Assunção et al (2010, p.93), “o esporte não pode ser pensado apenas como
um fenômeno biofisiológico, ele é um espetáculo do mundo moderno, está presente no
cotidiano das pessoas e movimenta um grande mercado de bens, produtos e serviços”.
Segundo Caldas (1989, p.24), “os ingleses precursores desse esporte em nosso país
faziam parte da elite da sociedade paulista e carioca e somente os brasileiros ricos tinham
acesso à prática do futebol”. Com isso, podemos dizer que o preconceito racial, o racismo, a
discriminação e a injúria racial fazem parte do futebol brasileiro desde o seu início, pois a
prática esportiva encontra-se repleta de casos que envolvam estas vertentes, tanto como em
outras esferas sociais.
Na verdade, como já mencionado o futebol é referência no Brasil. Segundo DaMatta
(2006, p.11), “foi esse esporte que juntou hino e povo e popularizou a ideia de nação que
pertence a todos, desde o pobre que mora do subúrbio das grandes cidades até os “doutores”
que ocupam altos cargos”.
Porém, para ter acesso ao esporte conhecido atualmente como o mais popular do
mundo, os negros tiveram que enfrentar várias dificuldades. Rossi e Mendes Júnior (2014,
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p.39) relatam que “há pouco mais de um século, quando o futebol nascia no Brasil, jogadores
negros não só eram xingados impunemente em campo, como mal eram admitidos no
gramado”. Os resquícios da escravidão no Brasil e das teorias raciais do século XIX eram
empecilhos, mas, não impediram esta inserção:

(...) sublimando tanto do que é mais primitivo, mais jovem, mais elementar, em
nossa cultura, era natural que o futebol, no Brasil, ao engrandecer-se em instituição
nacional, engrandecesse também o negro, o descendente de negro, o mulato, o
cafuzo, o mestiço. E entre os meios mais recentes - isto é, dos últimos vinte ou trinta
anos - de ascensão social do negro ou do mulato ou do cafuso no Brasil, nenhum
excede, em importância, ao futebol. (FREYRE, 1947).

Notavelmente o futebol começa ao longo dos anos que sucedem sua chegada a ganhar
espaços em todos os âmbitos sociais, sendo notório que no início do século XX, o mesmo já
era febre nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro. Isso tudo começou a refletir, pois novos
jogadores e clubes começaram a aparecer, porém existiam clubes que eram exclusivos de
brancos e outros que começavam a incorporar jogadores negros. Assim, entendemos que o
racismo era escancarado e esse surgimento mostra como foi um processo difícil e de muito
preconceito.
Ao escrever seu livro O Negro no Futebol Brasileiro, Mário Filho, mostra em suas
páginas, grandes jogadores negros que foram se destacando, buscando seu espaço em um
mundo elitista e branco. Dentre eles podemos citar: Francisco Carregal, Marcos Mendonça,
Carlos Alberto, Friendenriech, Grandin, Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Pelé,
Garrincha e muitos outros. Nesse clássico livro, Mário Filho conta como o jogador negro foi
buscando seu espaço em um ambiente totalmente branco, e assim, relata algumas histórias de
clubes e pessoas que ele denomina “mulato” e que tomaram algumas atitudes para participar
desse ambiente racista e serem aceitos.
Assim, o autor mostra em sua fala um dos primeiros jogadores que se foi registrado no
início do futebol em um time, que se chama Francisco Carregal. Mário Filho o caracteriza da
seguinte forma:

Brasileiro com cinquenta por cento de sangue preto. O pai, branco, português, a
mãe, preta, brasileiro. Francisco Carregal, talvez por ser brasileiro e mulato, o único
brasileiro, o único mulato do time, caprichou na maneira de vestir. Era o mais bem
vestido dos jogadores do Bangu. Um verdadeiro dândi em campo. (FILHO, 2003,
p.32).

Assim percebemos que Mário Filho procura destacar que o jogador negro em seu
início tinha que buscar alguns meios para facilitar ser aceito nesse meio etilizado e branco, ou
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seja, para adentrar necessitava se parecer mais com os “brancos”. O autor destaca que na
época o Bangu, nascido em 1904, começou a dar seus primeiros passos tendo apenas
jogadores imigrantes brancos, onde o único brasileiro e negro era Francisco Carregal. Mário
Filho diz que: “William Procter podia descuidar-se, Francisco Carregal, não. No meio de
ingleses, de portugueses, de italianos, sentia-se mais mulato, queria parecer menos, quase
branco. Passava perfeitamente. Pelo menos não escandalizava ninguém” (FILHO, 2003,
p.33).
Cabe destacar que alguns clubes foram importantes para a aceitação do negro no
futebol, como o Bangu e o Vasco da Gama, este último que surgiu no futebol por
comerciantes portugueses, os quais começaram a colocar jogadores negros em seu time. O
crusmaltino, assim intitulado, por possuir uma cruz de malta em sua camisa, no ano de 1923,
primeiro ano em que estava jogando a principal liga, foi campeão jogando contra times que só
aceitavam brancos em seu elenco.
Como poderia um time formado por jogadores pobres, negros e oriundos da periferia
ter tanto sucesso dentro das quatro linhas? O título conquistado pelo Vasco e o bicampeonato
estadual no ano seguinte incomodaram os clubes cariocas q não aceitavam negros no elenco, o
que fez com que estes, a fim de boicotar o Vasco e assim excluir os jogadores “indesejados”,
criassem regras como a obrigatoriedade que os jogadores assinassem a súmula, na tentativa de
assim excluir os negros que não pudessem assinar (VEIGA, 2015, p. 91).
Não satisfeitos os clubes da elite, decidiram por criar uma nova liga (Amea), e para
este campeonato o Vasco teve o acesso negado com a justificativa de que o clube não teria um
estádio próprio. Mas o real motivo da exclusão se deu quando os demais clubes enviaram uma
carta ao Vasco, onde diziam que o cruzmaltino poderia participar do campeonato caso
exclusive 12 jogadores, todos estes negros.
O clube cruzmaltino não se intimidou e apresentou a seguinte resposta diante dos fatos
racistas ali presentes:

Estamos certos de que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco
digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que luram
para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do campeonato de futebol da cidade do
Rio de Janeiro de 1923. São 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo
de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a
solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles
com tanta galhardia cobriram de glórias. Nestes termos, sentimos ter que informar à
V. Exa. que desistimos de fazer parte da Amea (Veiga, 2015, p. 92)
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Esta pode ser considerada um marco do futebol no Brasil, pois em 1925 o Vasco foi
aceito no campeonato com todos os seus jogadores.
Outro jogador também citado na obra de Mário Filho era Carlos Alberto, que jogava
no América, porém não era tão percebido por lá. Quando foi jogar no Fluminense, Carlos
Alberto, que era negro, passou a ser mais percebido por conta do pó-de-arroz. Melhor
explicando, os jogadores quando entravam em campo, iam saudar a arquibancada e esse era o
momento em que ele mais temia, pois segundo Mário Filho:

Era o momento que Carlos Alberto mais temia. Preparava-se para ele, por isso
mesmo, cuidadosamente, enchendo a cara de pó-de-arroz, ficando quase cinzento.
Não podia enganar ninguém, chamava até mais atenção. O cabelo escadinha ficava
mais escadinha, emoldurando o rosto, cinzento de tanto pó-de-arroz. (FILHO, 2003,
p.60)

Portanto podemos dizer que o tradicional nome Pó-de-arroz atribuído ao tricolor


Fluminense até hoje, é reflexo do jogador Carlos Alberto, que quando ia jogar contra seu ex-
clube, o América, tinha seu nome gritado pela torcida “pó-de-arroz”, mostrando que o
racismo estava interiorizado.
Um pouco mais para frente surge também uma das primeiras estrelas brasileiras do
período, Arthur Friedenreich, que jogou até 1933 e que Segundo Mário Filho, “Friedenreich,
de olhos verdes, um leve tom de azeitona no rosto moreno, podia passar se não fosse o cabelo.
O cabelo farto, mais duro, rebelde. Friedenreich levava pelo menos meia hora amansando o
cabelo” (FILHO, 2003, p.61). Mário Filho ainda relata que Friedenreich era sempre o último a
entrar em campo, pois fazia de tudo para se arrumar e se aproximar mais dos brancos. Porém,
foi um jogador promissor, principalmente após ganhar o sul-americano de 1919 pela seleção
brasileira, fazendo um gol, sendo apelidado de “EL TIGRE” e merecendo destaque, pois foi
um dos primeiros a se sobressair em um ambiente em que permitiam somente brancos.
No início o futebol no Brasil era amador, o que permaneceu até a década de 1930. Sua
profissionalização ocorreu depois de muitos percalços, já que a transformação do futebol
amador para o profissional era uma necessidade, pois as famílias ricas conseguiam bancar
seus filhos que apenas estudavam e conseguiam treinar e jogar futebol. Na realidade, o
amadorismo permitia a elite continuar de forma predominante, pois os mais pobres
precisavam trabalhar e não conseguiam se dedicar ao esporte da época. Também pela
quantidade de times e jogadores bons passarem a aumentar, e com a profissionalização isso
permitia a manutenção e contratação de novos jogadores. Desta forma, o futebol amador
passou a ser insustentável, pois o processo de profissionalização envolviam questões
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financeiras, sociais e principalmente raciais.


Na época era praticado o chamado de “amadorismo marrom”, em que alguns
jogadores recebiam informalmente para jogar futebol e não precisavam trabalhar. Além disso,
muitos recebiam as refeições que eram feitas nesses comércios e assim podiam treinar e se
destacar fisicamente.
Diante desse cenário, surgiam nomes como Leônidas, o Diamante Negro, Fausto,
Domingos da Guia, Pelé e tantos outros jogadores negros que colocaram o Brasil, no que se
refere ao futebol, no topo do mundo, porém sofreram com a ideia de que através dos esportes
nos quais o poder econômico não é fator determinante, o negro passa do papel de inferioriado
para o papel principal, atingindo o patamar de ídolo.

2- CASOS DE RACISMO NO FUTEBOL PUNIDOS PELA JUSTIÇA DESPORTIVA

2.1- O OBSERVATÓRIO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL NO FUTEBOL

Antes de iniciarmos a discussão sobre os casos de racismo no futebol punidos pela


justiça desportiva, cabe destacar a importância do Observatório da Discriminação Racial, que
surgiu em 2014, após serem acompanhados uma série de casos de racismo ocorridos na Copa
do Mundo no Brasil com Mário Chagas, com o Tinga e o Arouca, levando mobilização para
que o trabalho fosse iniciado.
A ideia inicial do projeto tinha como base a monitoração de casos de racismo pela
mídia jornalística, enfatizando os casos, cobrando justiça das autoridades e educar, a partir de
ações que visam a acabar com esse tipo de intolerância nas relações sociais. Desta forma, no
primeiro momento do estudo, o relatório daquele ano foi destaque na grande mídia esportiva
brasileira e, assim, o Observatório alcançou relevância nacional na mídia tradicional.
O material mais relevante produzido pelo site é o Relatório Anual de Discriminação,
criado em 2015, tendo como finalidade coletar os casos de racismo que ocorreram no Brasil
entre 1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano corrente, apontando todos os seus
desdobramentos. Segundo o Observatório, o objetivo desse relatório anual é identificar e
informar a sociedade brasileira sobre os casos de discriminação que acontecem no esporte,
afirmando que os casos não acontecem de forma esporádica, ou seja, eles são comuns.
Desta forma, devido à grande falta de comprometimento dos clubes, federações,
entidades e até mesmo, uma maior cobrança por parte das vítimas, hoje o Observatório se
tornou um banco de dados e um grande aliado em pesquisas, sendo um consultor na
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comprovação de fatos. Portanto, o site do mesmo, principal plataforma on-line do projeto,


comporta um grande acervo de notícias sobre casos de preconceitos, não somente o racial,
mas todos os casos reportados e denunciados.
O Observatório realiza um trabalho muito organizado, onde os fatos de preconceito,
racismo, injúria racial no futebol são detalhados, sendo a principal referência para grandes
veículos de mídia na hora de recorrer às questões raciais, bem como a outros preconceitos que
insistem em se impregnar na sociedade e no futebol brasileiro, já que os relatórios de acesso
rápido e gratuito desdobram cada caso de racismo denunciado e identificado nos estádios de
futebol do nosso país.

O resultado do reconhecimento do trabalho do Observatório passa por esse estudo,


pelo contato com historiadores e jornalistas para tentar entender como o racismo no
futebol funciona. Não é simplesmente ficar denunciando, gritando que o racismo
aconteceu e querendo uma punição. Muitas vezes, desejar punição extrapola o que é
permitido no regulamento (CARVALHO, 2022).

Na verdade acabar com o racismo no futebol é impossível, já que vivemos em uma


sociedade que comete esse tipo de coisa a todo o momento, mas o futebol não pode ser palco
para racistas se manifestarem, por isso o projeto do Observatório é muito importante, para
punir quem comete ato racista no meio futibolístico, não dando a liberdade das pessoas
expressarem e trazerem outras pessoas que pensam como elas para o palco do futebol.

2.2- ALGUNS CASOS DE RACISMO PUNIDO NO BRASIL

O racismo no futebol já vem acontecendo há muito tempo, desde os primórdios do


ínicio do futebol no Brasil, como visto anteriormente, porém os casos nunca eram punidos
pelas autoridades. Porém, com o passar do tempo o cenário mudou e os casos começaram a
serem punidos.
Em 13 de abril de 2005, na partida entre São Paulo Futebol Clube e o Quilmes, da
Argentina pela Copa Libertadores da América, realizado no estádio do Murumbi, na cidade de
São Paulo, Estado de São Paulo, o então zagueiro do Quilmes, Leandro Desábato, proferiu
injúrias racistas contra o atacante Grafite, do São Paulo Futebol Clube.
O ato aconteceu depois de uma disputa de bola entre Grafite e o outro zagueiro argentino,
Arano, Desábato aproximou-se de Grafite e não somente xingou-o de “macaco”, como disse o
seguinte: “Negrito de mierda, enfia la banana en el culo”. O Atacante Grafite reagiu e agrediu
fisicamente o zagueiro do time argentino, empurrando o seu rosto. Após o jogo, Leandro Desábato foi
preso na cidade de São Paulo, onde ficou dois dias na cadeia. Na época nem o presidente do Brasil,
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Luiz Inácio Lula da Silva, nem o presidente da Argentina, Néstor Carlos Kirchner, se manifestaram
sobre o caso (SANTOS, 2014).
Outro caso acontecido na Libertadores da América, porém em um ano diferente, mais
especificamente em 12 de fevereiro de 2014, em uma partida de futebol entre o Cruzeiro Futebol
Clube, do Brasil, e o Real Garcilaso, do Peru, na cidade de Huancayo, no país andino, o meio-
campista do time brasileiro Tinga (Paulo César Fonseca do Nascimento), um jogador negro, foi
insultado racialmente em face da sua cor escura. A torcida do time peruano, cuja maioria absoluta dos
integrantes presentes ao estádio tinha fenótipo marcadamente indígena, insistentemente fazia gestos e
sons imitando macacos, em todas as vezes que o jogador tocava na bola.
O fato vexaminoso foi divulgado amplamente pelos meios de comunicação no Brasil, a ponto
de a presidenta brasileira Dilma Rousseff se manifestar, no dia seguinte, sobre o ocorrido.
Os fatos de racismos cometidos no futebol acima citados foram referentes a jogos
internacionais, mas em jogos de campeonatos estaduais ou nacionais brasileiros, também acontecem
casos de racismo, sejam por parte das torcidas dos times, bem como, de jogadores brancos brasileiros
contra os negros, como por exemplo, o ocorrido em 05 de março de 2006, no jogo entre o Grêmio
Futebol Clube e o Juventude Futebol Clube, na cidade de Caxias do Sul, Estado do Rio Grande do Sul,
onde o zagueiro do Juventude, Antônio Carlos, atual integrante da Seleção Brasileira de Futebol
daquela época, proferiu injurias racistas contra o volante Jeovânio, do Grêmio, que se sentiu ofendido.
Esse ato foi punido pelas autoridades futebolísticas brasileiras, ou melhor, as instituições
responsáveis pelo futebol brasileiro, a qual puniu o zagueiro do Juventude, Antônio Carlos,
suspendendo-o por 120 dias (SANTOS, 2014).
Cabe destacar que não foi a primeira vez que atos criminosos como estes aconteceram no
campo do Juventude. Outro fato ocorrido nesse estádio foi o que aconteceu no dia 22 de outubro de
2005, em uma partida realizada pelo campeonato gaúcho, entre o Internacional Futebol Clube, equipe
que Tinga defendia na época, e o Juventude, onde a torcida do Juventude insultava o jogador Tinga
todas as vezes que ele tocava na bola, xingando-o de “macaco” (SANTOS, 2014).
Esse ato teve punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em decisão
unânime, o qual aplicou a multa de R$ 200 mil e tirou o mando de campo de duas partidas do time do
Juventude.
Outro caso de racismo muito comentado no nosso país foi o caso do Goleiro Aranha, que no
dia 28 de agosto, em uma partida entre Grêmio e Santos pela Copa do Brasil, os torcedores gremistas
que viam seu time perder de 2x0 para o adversário acima citado, revoltados com o placar do jogo,
começaram a insultar o então goleiro do Grêmio Márcio Lúcio Duarte Costa, mais conhecido como
Aranha, chamando-o de “macaco” e “preto fedido”. O mesmo, ao perceber os atos e insultos, virou-se
para a torcida batendo no braço em resposta a dizer que não tinha vergoha de sua cor. Assim relatou as
ofensas recebidas ao juiz da partida Wilton Pereira Sampaio, que somente aos 42 minutos do segudo
tempo, suspendeu a partida.
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Os insultos racistas foram registrados pelo cinegrafista da ESPN Brasil que gravou o momento
exato em que a torcedora gritava “macaco”. A rapidez com que as informações se multiplicaram nas
redes sociais, sites e canais de televisão proporcionaram a rápida identificação de Patrícia Moreira.
Dessa maneira, a torcedora gremista foi transformada na personagem central do caso de maior
repercussão de racismo e injúria racial no futebol brasileiro em 2014.
Um fator muito importante desse caso foi às atitudes tomadas pelo jogador, que ao denunciar
os insultos e não se prestar a participar das inúmeras tentativas de “encontros de perdão” apoiados pela
imprensa com a agressora, fez esse caso diferente dos demais. Após os insultos a profanadora dos atos
racistas, Patrícia Moreira perdeu o emprego, passou a sofrer ameaças, teve a casa queimada por outros
torcedores e por questões de segurança passou a viver com parentes. Já o Grêmio foi julgado pelo
STJD e foi excluído da Copa do Brasil; recorreu e foi penalizado com a perda de 3 pontos em multado
em R$ 54 mil reais.

3- A JUSTIÇA DESPORTIVA NO COMBATE AO PRECONCEITO RACIAL

Cabe destacar que a Justiça Desportiva é organizada de vários modos diferentes ao


redor do mundo, sendo reconhecida em alguns países, como por exemplo, o Brasil, como
Justiça Especializada, a qual não é separada da jurisdição estatal, ou seja, é regida pela própria
Constituição, apresentando características de direito público e de direito privado. Melhor
exemplificando, no Brasil, a Justiça Desportiva é uma justiça administrativa que não pertence
ao poder judiciário, pois apesar de ser uma instituição de direito privado, é dotada de interesse
público.
Segundo Rezende a Justiça Desportiva é:

“órgão deliberativo obrigatório30 e com atribuição específica que integra uma


pessoa jurídica de direito privado (em regra constituída na forma de associação de
fins não econômicos), e que não exerce função delegada pelo Poder Público. Logo,
resta claro que não possui personalidade jurídica própria (ente despersonalizado),
funcionando apenas como órgão interno (obrigatório) de uma pessoa jurídica de
direito privado, in casu, uma entidade de administração do desporto(...) (REZENDE,
2016, p.720).

É notório que a Lei Zico foi muito importante para uma nova estrutura organizacional
do Esporte, porém sua sucessora, a Lei Pelé (Lei 9.651/98), é a que constitui uma das
principais fontes normativas do Direito Desportivo atual, sobretudo em questões referentes à
Justiça Desportiva. A “Lei Pelé” regulamento o disposto no artigo 217/CF, tendo sido alterada
por 41 vezes ao longo de sua vigência – razão pela qual alguns especialistas pugnam por uma nova lei
geral do desporto (Arts. 49 a 55-C da Lei 9.615/98).
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A competência da Justiça Desportiva é delimitada pelo art. 24 do CBJD e pelo art. 50 da Lei
Pelé, restringindo-se ao processamento e julgamento de infrações disciplinares e às matérias referentes
a competições esportivas. No art. 1° do referido diploma, encontra-se o extenso rol daqueles que se
submetem aos seus órgãos judicantes.
São órgãos integrantes da Justiça Desportiva, os Tribunais de Justiça Desportiva, que
funcionam junto às entidades regionais de administração do desporto e os Superiores Tribunais de
Justiça Desportiva, que funcionam junto às entidades nacionais de administração do desporto, bem
como as respectivas Comissões Disciplinares de cada tribunal34. Por não fazerem parte do Poder
Judiciário, os tribunais e as comissões disciplinares não são compostos por juízes, mas sim por
auditores que possuem mandatos eletivos de quatro anos, permitida uma recondução (ART.54, § 2º da
Lei 9.615/98).

3.1- ESTATUTO DO TORCEDOR

Apesar de estar prevista na Constituição Federal de 1988, a temática sobre o Direito


Desportivo, se mostra recentemente e insuficientemente debatida na justiça brasileira, onde
sua maior visibilidade encontra-se alcançada no futebol. Assim, a instauração do Direito
Desportivo, entrelaçada com o surgimento do desporto e sua operação sobre o esporte, tornou-
se uma força representativa, fazendo adequar-se com o ordenamento jurídico brasileiro.
Como já mencionado anteriormente, o Brasil é conhecido por ser o “país do futebol”,
encontrando-se assim associado à esse esporte e, principalmente, reconhecido pelas torcidas
empenhadas e fiéis aos times que torcem. Assim, visando promover ainda mais a perpetuação
dessa cultura, fez-se necessária a proteção às práticas desportivas, onde diversas medidas
normativas foram desenvolvidas através da proteção trazida pela Constituição Federal, em seu
artigo 217, a qual classifica, inclusive, o esporte como um direito de cada cidadão.
Desta forma, regulamentado em 15 de maio de 2003, o Estatuto do Torcedor, disposto
pela Lei 10.671/03, surgiu com a intenção de regular a relação entre as atividades esportivas e
o torcedor, não servindo apenas para o futebol, mas sendo o esporte de maior aplicação deste.
Isto porque são nos jogos de futebol que os estádios recebem torcidas distintas e estas podem
criar desentendimentos durante a partida. Ou seja, o Estatudo de Defesa do Torcedor, como o
próprio nome já diz, tem por objetivo estabelecer normas de proteção e de defesa dos
torcedores.
Um fator importante é que apenas em 2010, 7 anos depois de sua criação, a partir da Lei
nº 12.299, que houve a inserção do artigo 13-A no estatuto, o qual destacava a prevenção e a
repreensão de violência nos esportes, estabelecendo as condições de acesso e permanência dos
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torcedores aos recintos esportivos. Neste novo artigo, os atos de racismo e discriminação passam a ser
proibidos:
Artigo 13-A – São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto
esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei:
[...]
IV – não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com
mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
V – não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;
[...]
Parágrafo Único: O não cumprimento das condições estabelecidas neste artigo
implicará a impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o
caso, o seu afastamento imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções
administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis.

3.2- CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), aprovado em 2003, através do Conselho


Nacional do Esporte, é o conjunto de normas que disciplinam a conduta de todas as pessoas ligadas
diretamente à prática desportiva no Brasil (SILVA, 2015, p.25).
Uma fonte normativa essencial para que se compreenda o funcionamento atual da Justiça
Desportiva é o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, responsável por unificar e atualizar as
codificações já vigentes. Cumpre ressaltar que este não se trata lei propriamente dita por emanar do
Conselho Nacional de Esportes, configurado ato público de natureza administrativa (REZENDE,
2016, p.716-717).
É importante destacar que Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), aprovado
pelo Conselho Nacional de Esporte em dezembro de 2003, tendo o objetivo de organizar a
Justiça Desportiva Brasileira, estabelecendo as infrações disciplinares e suas possíveis
sanções, traz, a partir da resolução CNE nº 29 de 2009, medidas antirracistas, destacando as
letras do artigo 243-G apresentando as possíveispunições e casos raciais que variarão de
acordo com o autor da infração, o número de pessoas e a gravidade da ofensa:

Artigo 243-G – Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a


preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa
idosa ou portadora de deficiência:
Pena: suspensão de 05 (cinco) a 10 (dez) partidas, se praticada por atleta, mesmo se
suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo
de 120 (cento e vinte) a 360 (trezentos e sessenta) dias, se praticada por qualquer
outra pessoa natural submetida a este Código, além de multa, de R$100,00 (cem
reais) a R$100.000,00 (cem mil reais).
§1º Caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por
considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de pratica
desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos atribuídos a
uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da
partida, prova ou equivalente, e, na reincidência, com a perda do dobro do número
de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição,
independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente; caso não haja
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atribuição de pontos pelo regulamento da competição, a entidade de pratica


desportiva será excluída da competição, torneio ou equivalente.
§2º A pena de multa prevista neste artigo poderá ser aplicada a entidade de prática
desportiva cuja torcida praticar os atos discriminatórios nele tipificados, e os
torcedores identificados ficarão proibidos de ingressar na respectiva praça esportiva
pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias.
§3º Quando a infração for considerada de extrema gravidade, o órgão judicante
poderá aplicar as penas dos incisos V, VII e XI do art. 170.

Como já mencionado, os incidentes discriminatórios só começaram a ser julgados pela


Justiça Desportiva após a criação do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que em 2009, as
alterações incluídas pela resolução CNE nº 29 identificaram novas condutas puníveis, fazendo
com que a cada ocorrência racial, as discussões a respeito do tema se intensifiquem
gradativamente, de forma que deve a Justiça Desportiva acompanhar tal evolução.
O que se tem de mais recente sobre tais fatos é que para o atual ano em que nos
encontramos o Pesidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues,
proponha a aplicação de punições esportivas contra os times cujos torcedores demonstrarem
comportamentos racistas. Ou seja, um ato discriminatório praticado por torcedores terá
consequências puniveis, como perda de pontos pelo respectivo clube no Campeonato
Brasileito.
Além da legislação, outra evolução é o diálogo e posicionamento cada vez maior entre
os clubes, entidades, torcidas, movimentos sociais e a mídia, fomentando ideias e buscando
sugestões para combater a discriminação. Isso é muito importante, já que é o futebol que
mobiliza e transforma vidas, contribuindo para a aprendizagem e proporcionando mais
qualidade de vida, bem-estar e saúde, além de gerar empregos e ser um fator importante de
inclusão social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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