Filipenses 2.1-5 PIB em Janaúba, 13 de novembro de 2022 – Pr. José de Andrade Cunha
1. Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se
alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, 2. Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. 3. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. 4. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. 5. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
INTRODUÇÃO
Vamos lembrar um pouco o contexto dessa carta.
Paulo, escreveu essa carta preso em Roma e queria expressar gratidão pela ajuda enviada por aquela igreja. A igreja de Filipos teve sua origem com os próprios esforços do apóstolo Paulo, durante a sua segunda viagem missionária, conforme o registro histórico de Atos 16.12-40. Tendo ouvido o chamado místico “Passa à Macedônia e ajuda- nos” Atos 16.9 Filipos era uma colônia romana, seus cidadãos eram romanos, falavam latim, vestiam vestimentas romanas e se orgulhavam disso. Eles tinham um grande orgulho de sua cidadania romana. Porém, agora, eles são cristãos! Eles são cidadãos de outro reino. O reino de Cristo. Paulo era cidadão romano e quando foi preso lá em Filipos, ocasião da conversão do carcereiro e sua família, Paulo não usou sua cidadania para não ser preso. Talvez ele tivesse entendido, pelo Espírito, um propósito de Deus naquela prisão. E fato, houve. Paulo, nesse texto incentiva a igreja a viver de modo digno da cidadania celestial. É por isso que o apóstolo os manda viverem como cidadãos dignos do evangelho de Cristo. Nós cristãos vivemos uma tensão no que diz respeito ao fato de temos duas cidadanias. “Portanto” é continuidade dos preceitos dos versos 27 a 30 do capítulo anterior. Acima de tudo, vivam de modo digno do evangelho de Cristo, e firmes em um só espírito, ... lutando juntos pela fé do evangelho; Viver com dignidade a vida cristã, administrando a tensão entre o temporal e o eterno, entre a pátria celestial e a terrena de tal forma que as pessoas reconheçam você como cidadão do Reino de Deus. O texto nos orienta mais três atitudes essenciais para o modo digno do viver do cristão:
I – CONSIDERANDO AS EXORTAÇÕES DE CRISTO (1)
“Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação
de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,”
“conforto” seria melhor traduzido por “exortação ou
encorajamento” – paráklesis Parákletos é traduzido também por advogado: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” I João 2.1 Jesus é perfeitamente qualificado para ajudar, confortar, encorajar, exortar. A ideia é de “chamar para o lado”, tendo em vista uma chamada de atenção, uma defesa, um consolo ou conforto. Paulo estava falando a crentes que, se recusando a viver dirigidos pelo curso desse mundo, deveriam se recordar da força, do encorajamento que eles tinham disponíveis em Cristo. A base da exortação a considerar é que ela é sustentada em Cristo. “há exortação em Cristo” A consolação tem sua origem no amor, é resultado do amor de Deus e tem no amor sua motivação. O amor de Cristo é um incentivo, que apela para todos os crentes a se amarem mutuamente. “E vivam em amor, como também Cristo nos amou...” Efésios 5.2 O amor de Deus é uma espécie de “persuasão”, para que alguém ame aos outros e vivam com eles em harmonia. A comunhão é na convicção da presença do Espírito Santo, habitando na vida de cada crente, selando para a salvação e forjando em nós o caráter de Cristo. Por isso, Paulo ensinando sobre dignidade na maneira de viver a vida cristã, nos convida a considerar a exortação de Cristo. A verdadeira comunhão com o Espírito soluciona todos os casos de contenda e pensamentos divididos dentro de uma igreja. Os “entranháveis afetos” parte da ideia de afetos que se refletem internamente, nos órgãos internos, coração, pulmões, fígado. Era uma forma de expressar fortes emoções: dar um “frio na barriga”. Em Cristo, os afetos, a compaixão são tão intensos que são manifestações verdadeiras e intimamente profundas entre todos os cristãos.
II – VIVENDO A UNIDADE EM CRISTO (2)
“Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo
amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.”
Paulo sentia grande alegria nos crentes filipenses, reconhecia
como eles progrediam espiritualmente e queria continuar se alegrando com a maneira com eles viviam. “completai a minha alegria” As exortações de Cristo, o encorajamento que os crentes encontram em Cristo, promovem uma unidade verdadeira que glorifica a Deus e cumpre seu propósito. A unidade em Cristo faz com que todos tenham: “o mesmo sentimento”, sintam “uma mesma coisa” Paulo se refere a uma harmonia geral que deveria haver entre os crentes da igreja de Filipos, em todas as coisas. Fala da necessidade de terem o mesmo sentimento, a mesma disposição espiritual para juntos cumprirem os propósitos de Cristo para suas vidas e para a igreja do Senhor Jesus. Crentes que vivem a vida cristã de forma digna do Evangelho de Cristo unem suas forças, buscam concórdia intelectual, emocional e espiritual para vencerem o inimigo comum da obra de Deus. É na identidade de ideias, na busca pelos mesmos alvos, na harmonia de sentimentos que o Reino de Deus avança, alcançando cada vez mais corações sem Cristo. “o mesmo amor” – falamos no ponto anterior sobre o amor mútuo que nos é aqui recomendado, como também o amor a Cristo. “o mesmo ânimo” é literalmente: “unidos de alma”. Concordando ou unidos em espírito. Aristóteles definia a amizade como uma só alma em dois corpos. A expressão no texto subentende “pleno acordo” quanto aos propósitos, às intenções, às ações, como se todos os crentes tivesses uma única alma. E de fato em Cristo somos todos um. Jesus ensinou sobre essa unidade que deve haver entre nós, exemplificando a unidade entre Ele e o Pai. E por fim, vivemos dignamente a vida cristã.
III – SERVINDO COM A HUMILDADE DE CRISTO (3-5)
“Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade;
cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.”
Essas palavras podem ser colocadas em paralelo com Romanos
12.10 “Amai-vos cordialmente uns aos outros, com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. No grego temos a palavra “contenda” “eritheia”, quer dizer “ambição egoísta”. A tradução é uma interpretação bem habilidosa. Paulo falava das ambições egoístas, daqueles que faziam alguma coisa na igreja, buscando promoção pessoal. Somente Deus pode ser glorificado e o será, por cristãos sinceros. “humildade” “tapeinoprosúne” – do verbo rebaixar, aplanar. “...as estradas irregulares serão aplanadas;” Lucas 3.5 “Porque todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.” Lucas 14.11 “Será que cometi algum pecado pelo fato de viver humildemente, para que vocês fossem exaltados...” II Coríntios 11.7 “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;” I Pedro 5.6 Para muitos a humildade é uma indesejável demonstração de fraqueza. Mas a humildade consiste numa atitude que nos leva a evitar pensar exageradamente bem a nosso próprio respeito, o que seria um orgulho egoísta. Quem não é humilde sempre procura impor os seus desejos e os seus métodos. Jesus orou ao Pai: “...Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice! Contudo, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” Mateus 26.39 A humildade consiste de uma correta atitude para com Deus, no reconhecimento de sua grandeza e de seu total controle sobre nossas vidas. É essa humildade que precisamos aprender com Cristo e de verdade praticar. Nenhum é de nós é mais ou melhor do que ninguém. Se cada um considera o outro superior a si mesmo, ninguém será considerado inferior a ninguém. Assim se vive a vida cristã com dignidade, reconhecendo o valor de cada pessoa. E reconhecendo a Soberania de Deu sobre todos nós e diante dela, decidindo viver uma vida obediente e que sirva aos propósitos do Reino de Deus.
CONCLUSÃO
Vamos viver a vida cristão com dignidade.
A unidade de pensamento, de propósitos, de missão já foi definida por Cristo. Só precisamos obedecer e alinhar nossa disposição de juntos trabalhar para o Senhor. Assim vivia a igreja no primeiro século: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.” Atos 4.32 Vamos considerar todo o encorajamento de temos em Cristo para avançar. Mas prossigamos nossa caminhada cristã no Espírito, e com a atitude de humildade que aprendemos em Cristo. Aprovemos e busquemos as coisas mais excelentes (Fil. 1.10), e agora e no final, cumpre-nos dar toda a glória a Deus, o qual opera em nós a sua vontade (Fil. 2.13).