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ANAIS DO 8º CONICE

Publicação de artigos completos


ANAIS DO 8º CONICE
Congresso de Iniciação à Ciência Espírita

Carlos Gomes e Vladas Urbanavicius Júnior (Orgs.)

1ª edição

Santa Rita do Sapucaí – Minas Gerais


LEMA (Lar Espírita Mãos de Amor)
2021
Comissão Organizadora e Científica do VIII CONICE

Presidente
Carlos Gomes

Vice-Presidente
Vladas Urbanavicius Júnior

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C749 Congresso de Iniciação à Ciência Espírita (8.: 2021: Santa Rita do


Sapucaí, MG).

Anais do VIII Congresso de Iniciação à Ciência Espírita / VIII


CONICE, Santa Rita do Sapucaí, MG, 7 de agosto de 2021 [evento
virtual] / Comissão Organizadora e Científica do VIII CONICE. Lar
Espírita Mãos de Amor.- Santa Rita do Sapucaí: LEMA, 2021.

120 p.

1. Espiritismo. 2.Congresso Espírita. I. Comissão Organizadora e


Científica do VIII CONICE. II. Lar Espírita Mãos de Amor. III. Título.

CDD 133.9

CDE 40.01.01
PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA –
CONICE 2021
ABERTURA DO EVENTO

8h00min CERIMONIAL DE ABERTURA

PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA –


CONICE 2021
TEMA DO
RELATO DE
ATIVIDADE REGIÃO DE
HORÁRIO ESPÍRITA AUTOR/INSTITUIÇÃO/CIDADE ORIGEM DO
(10 min de TRABALHO
apresentação por
trabalho)
Luiz Lenarth Gabriel Vermaas 23º Conselho
8h20min Estudo da Regional Espírita –
Revista Espírita Núcleo Espírita Fraternidade e Amor Santa Rita do
ONLINE – NEFA – Itajubá/MG Sapucaí Região Sul
Luiz Lenarth Gabriel Vermaas 23º Conselho
8h30min Prosa com Chico Regional Espírita –
Núcleo Espírita Fraternidade e Amor Santa Rita do
– NEFA - Itajubá - MG Sapucaí Região Sul
Projeto de Ana Lucia Passos Ribeiro 23º Conselho
8h40min Inclusão do Regional Espírita –
Assistido na Centro Espirita Fé, Esperança e Santa Rita do
Casa Espirita. Caridade – Itajubá/MG Sapucaí Região Sul
Nilson José de Castro Filho 22º Conselho
Papo de NEPE Regional Espírita –
8h50min NEPE (Núcleo de Estudo e Prática Piumhi Região Sul
do Evangelho) – Jeziel de
Vinhedo/SP
Estudo Manoel Sara Beraldo Vilela Marques 23º Conselho
9h00min Philomeno de Regional Espírita –
Miranda Núcleo Espírita Fraternidade e Amor Santa Rita do
– Itajubá/MG Sapucaí Região Sul
Sara Beraldo Vilela Marques 23º Conselho
9h10min Grupo de Prece Regional Espírita –
da Pandemia Núcleo Espírita Fraternidade e Amor Santa Rita do
– Itajubá/MG Sapucaí Região Sul
PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA –
CONICE 2021
TEMA DO POEMA REGIÃO DE
HORÁRIO COM TEMÁTICA AUTOR/INSTITUIÇÃO/CIDADE ORIGEM DO
ESPÍRITA TRABALHO
Nilson José de Castro Filho 22º Conselho
9h20min Luz Invencível Regional Espírita –
NEPE (Núcleo de Estudo e Piumhi Região Sul
Prática do Evangelho) Jeziel de
Vinhedo/SP.
Nilson José de Castro Filho 22º Conselho
9h25min Filhos da Luz Regional Espírita –
NEPE (Núcleo de Estudo e Piumhi Região Sul
Prática do Evangelho) Jeziel de
Vinhedo/SP.
Nilson José de Castro Filho 22º Conselho
Regional Espírita –
9h30min A Túnica Salvadora NEPE (Núcleo de Estudo e Piumhi Região Sul
Prática do Evangelho) Jeziel de
Vinhedo/SP.

PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA –


CONICE 2021
HORÁRIO TEMA DO ESTUDO AUTOR/INSTITUIÇÃO/CIDADE REGIÃO DE
MINUCIOSO DO ORIGEM DO
EVANGELHO TRABALHO
(10 min de
apresentação por
trabalho)
Expulsão dos MANGIA, Roner Sebastião 25º Conselho
9h40min Vendilhões do Regional Espírita –
templo (Marcos, 11, Coordenador AEEJ do 25º CRE Caxambu Região
15-17) Caxambu/MG. Sul
Vós, porém, não Alba Luislene Cirne e Cristiane
estais na carne, Ribeiro
mas no Espírito, se
é que o Espírito de Núcleo Espírita Fraternidade e 23º Conselho
9h50min Deus habita em Amor – NEFA – Itajubá/MG Regional Espírita –
Santa Rita do
vós. Mas, se Sapucaí Região Sul
alguém não tem o Fábio Nascimento
Espírito de Cristo,
esse tal não é dele Lar Espírita Mãos de Amor –
(Romanos 8:9) LEMA – Santa Rita do
Sapucaí/MG
PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA –
CONICE 2021
HORÁRIO LIVRO AUTOR/INSTITUIÇÃO/CIDADE REGIÃO DE ORIGEM
RESENHADO DO TRABALHO
Momentos de
Consciência e de
Saúde. Série 23º Conselho Regional
10h00min Psicológica Leonardo Oliveira Urbanavicius Espírita – Santa Rita do
Joanna de Ângelis Sapucaí Região Sul
(volume 4, Editora
Leal, Salvador,
2020)
Um Girassol que Laura Cintra Puebla 23º Conselho Regional
10h10min não acompanhava Espírita – Santa Rita do
o Sol Sapucaí Região Sul
Salido, o bom Pablo Cintra Puebla 23º Conselho Regional
10h20min espanholzinho Espírita – Santa Rita do
Sapucaí Região Sul
O semeador do Pietro Muneo Goncalves 23º Conselho Regional
10h30min bem Takehara Espírita – Santa Rita do
Sapucaí Região Sul
Pedro Oliveira Urbanavicius 23º Conselho Regional
10h40min Timbolão Espírita – Santa Rita do
Sapucaí Região Sul
PROGRAMAÇÃO DO VIII CONGRESSO DE INICIAÇÃO À CIÊNCIA ESPÍRITA – CONICE
2021
ARTIGOS REGIÃO DE
HORÁRIO (15 min de AUTOR/INSTITUIÇÃO/CIDADE ORIGEM DO
apresentação por TRABALHO
trabalho)
GLÂNDULA PINEAL - GOMES, Carlos 23º Conselho
IMPLICAÇÕES Regional Espírita –
13h00min FÍSICAS E Instituição – Núcleo Espírita Santa Rita do
ESPIRITUAIS Fraternidade e Amor, NEFA, Sapucaí Região Sul
Itajubá/MG
EDUCAÇÃO LIMA, Flávio L.
INCLUSIVA, 23º Conselho
NEUROPSICOLOGIA Instituição - Sociedade de Estudos Regional Espírita –
13h20min E REENCARNAÇÃO: Espíritas Paulo e Estevão, SEEPE Santa Rita do
Sapucaí Região Sul
UMA PONTE PARA
EVOLUÇÃO DA
HUMANIDADE
ANÁLISE SOBRE A RODRIGUES, Jeane; GOMES,
REALIZAÇÃO DO Carlos 23º Conselho
13h40min EVANGELHO NO LAR Regional Espírita –
NO MOVIMENTO Instituição – Núcleo Espírita Santa Rita do
ESPÍRITA Fraternidade e Amor, NEFA, Sapucaí Região Sul
Itajubá/MG
PSICOLOGIA PALHARES, Leandro Ribeiro 15º Conselho
ESPÍRITA: A Regional Espírita –
14h00min REALIZAÇÃO DO SI- Instituições – Psique: Grupo de Curvelo,
MESMO PELO Estudos em Ciência Espírita DiamantinaMG,
EVANGELHO DE (UFVJM) e Centro Espírita Casa Região Norte
JESUS do Caminho (Diamantina/MG)
AS PRIMEIRAS Wesley Caldeira 14º Conselho
“SALAS” DE Regional Espírita –
14h20min REUNIÕES 14º Conselho Regional Espírita – Montes Claros
MEDIÚNICAS? Montes Claros Região Centro Região Centro Norte
Norte
Amanda de Mendonça Corrêa 23º Conselho
MULHER, DANÇA E Gomes Regional Espírita –
14h40min ESPIRITISMO: UM Santa Rita do
ENCONTRO EM Instituição - Núcleo Espírita Sapucaí
MARIA Fraternidade e Amor, NEFA, Região Sul
Itajubá/MG
ANÁLISE DA ROSA, Fernando Carvalho 23º Conselho
FORMAÇÃO DO Regional Espírita –
15h00min MOVIMENTO Instituição – Núcleo Espírita Santa Rita do
ESPÍRITA NA CIDADE Humberto de Campos Instituição - Sapucaí Região Sul
DE PEDRALVA – MG Pedralva, MG
REGES, Elisabete Barboza de
SAÚDE MENTAL, Araújo
15h20min SUICÍDIO E Cabedelo, Paraíba
ESPIRITISMO Instituição - Associação
Assistencial Mensageiros da Paz –
AAMP - Cabedelo, Paraíba
BITENCOURT, Ayla Patricia

Instituição – 19º Conselho


ANÁLISE DO Regional Espírita de Santa
AMBIENTE DE Luzia/MG 19º Conselho
Regional Espírita –
15h40min ATUAÇÃO DO 19º Santa Luzia
CRE – SANTA LUZIA, GOMES, Carlos; URBANAVICIUS Região Centro Norte
MG JÚNIOR, Vladas

Instituição – 23º Conselho


Regional Espírita de Santa Rita do
Sapucaí/MG
O FIM DO SERMÃO ABREU, Magda Luzimar de 10º Conselho
16h00min PROFÉTICO: A VIDA Regional Espírita –
ETERNA E O Instituição – Grupo Espírita Belo Horizonte
CASTIGO Emmanuel Região Centro Norte
MT. 25: 31 A 33
ANÁLISE DA NAVAROLI, Lucas; GOMES,
PERCEPÇÃO DOS Carlos; URBANAVICIUS JÚNIOR,
TRABALHADORES Vladas 23º Conselho
16h20min ESPÍRITAS SOBRE O Regional Espírita –
ESTILO DE 23º Conselho Instituição – Santa Rita do
Sapucaí
LIDERANÇA NO Regional Espírita de Santa Rita do Região Sul
MOVIMENTO Sapucaí/MG
ESPÍRITA
BERTOZZI, Carlos Alberto Milani

Instituição – Casa Espírita Cairbar


ANÁLISE DA Schutel, Ouro Fino/MG
PERCEPÇÃO SOBRE 23º Conselho
Regional Espírita –
16h40min A MEDIUNIDADE NO ARAÚJO, Ricardo Paduan Pereira
Santa Rita do
MOVIMENTO de Sapucaí
ESPÍRITA Região Sul
Instituição – Lar Espírita Mãos de
Amor – LEMA 23º Conselho
Regional Espírita de Santa Rita do
Sapucaí/MG
ANALISE DA URBANAVICIUS, Lilian Oliveira 23º Conselho
ESTRUTURA DOS Regional Espírita –
17h00min GRUPO DE Instituição – Lar Espírita Mãos de Santa Rita do
MOCIDADE EM UMA Amor – LEMA, Santa Rita do Sapucaí
Região Sul
CASA ESPÍRITA Sapucaí/MG
Luiz Lenarth Gabriel Vermaas 23º Conselho
EVIDÊNCIAS Regional Espírita –
17h20min CIENTÍFICAS DA Instituição - Núcleo Espírita Santa Rita do
REENCARNAÇÃO Fraternidade e Amor, NEFA, Sapucaí
Itajubá/MG Região Sul
PESQUISA SOBRE
INCLUSÃO E SILVA, Daniel Salomão 7º Conselho
17h40min ACESSIBILIDADE Regional Espírita –
NOS CENTROS Instituição – Aliança Municipal Juiz de Fora
ESPÍRITAS DE JUIZ Espírita de Juiz de Fora/MG Região Zona da
Mata
DE FORA
SÚMULA

ARTIGOS COMPLETOS
(Por ordem alfabética dos títulos dos trabalhos)

ARTIGO 1- Análise da estrutura dos grupos de mocidade em uma casa

espírita......................................................................................................... 11-27

ARTIGO 2- Análise da formação do movimento espírita na cidade de Pedralva

– MG............................................................................................................ 28-37

ARTIGO 3- Análise da percepção sobre a mediunidade no movimento

espírita......................................................................................................... 38-46

ARTIGO 4- Análise do ambiente de atuação do 19º CRE – Santa Luzia,

MG............................................................................................................... 47-58

ARTIGO 5- Análise sobre a realização do evangelho no lar no movimento

espírita......................................................................................................... 59-67

ARTIGO 6- As primeiras “salas” de reuniões mediúnicas........................... 68-70

ARTIGO 7- Educação inclusiva, neuropsicologia e reencarnação uma ponte

para a evolução da humanidade................................................................. 71-76

ARTIGO 8- Evidências científicas da reencarnação................................... 77-87

ARTIGO 9- Glândula pineal - implicações físicas e espirituais................... 88-93

ARTIGO 10- O fim do sermão profético a vida eterna e o castigo

eterno......................................................................................................... 94-101

ARTIGO 11- Pesquisa sobre inclusão e acessibilidade nos centros espíritas de

Juiz de Fora............................................................................................. 102-105

ARTIGO 12- Psicologia espírita a realização do si-mesmo pelo evangelho de

Jesus....................................................................................................... 106-113

ARTIGO 13- Saúde mental, suicídio e espiritismo.................................. 114-119


ARTIGOS COMPLETOS
11

ANALISE DA ESTRUTURA DOS GRUPO DE MOCIDADE EM UMA CASA ESPÍRITA

Autora – Lilian Oliveira Urbanavicius


Instituição – Lar Espírita Mãos de Amor - LEMA

RESUMO

Um dos maiores desafios dos Centros Espíritas da atualidade se refere a estruturação


e continuidade das Mocidades Espíritas. As novas demandas tecnológicas aliadas a
novos modelos culturais, representam um desafio na condução de um processo
pedagógico atrativo para a juventude. O objetivo geral deste trabalho consiste em
analisar a estrutura dos grupos de mocidade em um Centro Espírita. Esta pesquisa foi
realizada em no período dos dias 13/07/2021 à 20/07/2021, consistindo em uma survey
interseccional, uma vez que foi aplicada em um único período de tempo. Os resultados
apontaram para uma série de dificuldades no processo de criação e estruturação das
mocidades espíritas, Dentre elas a ausência de trabalhadores e a falta de apoio ou o
direcionamento errado dos dirigentes espíritas no que se relaciona a mocidade espírita.
Conclui-se com o artigo, que mais de 85% dos respondentes são de Centros Espíritas
que já possuem ou que em algum momento possuíram mocidade, e dentre esses 53%
estão funcionando de forma online no momento, tendo mais da metade dos grupos
(54%) entre 6 a 10 jovens.

Palavras-chave: Jovens Espíritas. Mocidade Espírita. Centro Espírita

1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios dos Centros Espíritas da atualidade se refere a


estruturação e continuidade das Mocidades Espíritas. As novas demandas tecnológicas
aliadas a novos modelos culturais, representam um desafio na condução de um
processo pedagógico atrativo para a juventude.
A importância da estruturação das Mocidades Espíritas ainda é desconhecida da
maioria dos dirigentes espíritas, o que pode trazer grandes dificuldades para o futuro do
Movimento Espírita, pela ausência de mecanismos para inserção dos jovens em
atividades espíritas relevantes.
Neste contexto, este trabalho tem por objetivo geral analisar a estrutura dos
grupos de mocidade em um Centro Espírita. Como objetivos específicos o trabalho
apresenta os seguintes direcionamentos:

 Verificar como as Mocidades estão estruturadas;


 Identificar as dificuldades na estruturação das mocidades;
 Identificar ações práticas positivas desenvolvidas nas mocidades.
O trabalho foi dividido em cinco seções, sendo elas: a primeira, que é a
apresentada neste contexto introdutório. A segunda seção que se refere a metodologia
adotada na pesquisa. A terceira que se refere ao embasamento teórico sobre a
estruturação de uma mocidade espírita. A quarta seção que se refere aos resultados do
trabalho e a quinta que apresenta as principais conclusões sobre o tema abordado.

2 METODOLOGIA

O método de pesquisa adotado neste trabalho é a Survey. Para Fink (1995a;


1995c) apud Freitas et al. (2000) o método survey deve ser utilizado em contextos de
pesquisa no qual se pretende descrever elementos quantitativos de uma determinada
população.
12

A pesquisa foi realizada em no período dos dias 13/07/2021 à 20/07/2021,


consistindo em uma survey interseccional, uma vez que foi aplicada em um único
período de tempo.
Trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que busca identificar na amostra
a percepção e a opinião dos respondentes sobre as características pertinentes a
estruturação de uma mocidade espírita.
A amostra da pesquisa tem como critério de elegibilidade do respondente pelo
menos um dos seguintes requisitos: ser evangelizador espírita e/ou coordenadores de
mocidade espírita.
A amostra é não probabilística, uma vez que não foi possível elencar todos os
pertencentes a população. Portanto, os resultados não são generalizáveis. Consiste em
uma amostra por conveniência, uma vez que os respondentes são aqueles que estão
disponíveis ou apresentam disponibilidade para as respostas. O acesso a amostra se
deu por meios de grupos de WhatsApp de Evangelização Infantil e de Mocidade Espírita.
O acesso a amostra se deu na forma snowball ou bola de neve, no qual por
meios de grupos de WhatsApp um respondente indica ou compartilha o formulário para
outros respondentes (COOPER; SHINDLER, 2011).
O instrumento de coleta de dados consiste em um questionário com 07 questões
objetivas e 05 questões abertas, aplicado por meio do Google Forms via link. A figura 1
apresenta as cidades de origem dos respondentes da pesquisa.

Figura 1: Cidades de Origem da Amostra.

Rio Grande do Sul 2%

Paraná 2%

Goiás 3%

São Paulo 22%

Minas Gerais 71%

Cidades (23o CRE) 25%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Fonte: Dados da pesquisa.

No total foram obtidas 41 respostas de 5 estados diferentes. Do total dos


respondentes, 2% são originários do Rio Grande do Sul, 2% do Paraná, 3% de Goiás,
22% de São Paulo e 71% de Minas Gerais. Do total de respondentes, 25% são oriundos
de cidades do 23º Conselho Regional Espírita. A figura 2 detalha a região de Minas
Gerais dos respondentes da pesquisa.
13

Figura 2: Respondentes de Minas Gerais.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Conforme mostra a figura 2, dos respondentes de Minas Gerais, 33%


correspondem da região do 23º Conselho Regional Espírita e 67% das outras cidades
de Minas Gerais.

3 MOCIDADE ESPÍRITA: EMBASAMENTO DOUTRINÁRIO PARA SUA


CONSTITUIÇÃO

Com diretrizes voltadas para a consolação, esclarecimento e apoio a juventude,


a Evangelização Espírita de Jovens se constitui em um processo sistematizado e
fraterno de aprendizado em torno da Doutrina Espírita (EVANGELIZAÇÃO DA
JUVENTUDE, 2015).
“Em boa parte dos Centros Espíritas as reuniões da Mocidade são planejadas e
dirigidas pelos próprios jovens. Se necessitarem, os jovens buscam auxílio de pessoas
mais experientes, pedindo-lhes orientação ou esclarecimentos específicos” (MATERIAL
DE APOIO ÀS MOCIDADES DA USE, 2015, p. 16). Segundo Material de Apoio às
Mocidades da USE (2015, p. 13):

A Mocidade Espírita é um grupo de jovens que se reúne com o objetivo


de estudar a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec e temas
atuais à luz do Espiritismo, contribuindo, assim, para sua informação e
formação moral. Esse Grupo denominado Mocidade, é um
departamento do Centro Espírita, no qual realiza suas reuniões de
estudo e desenvolve tarefas. Buscando praticar os preceitos de Jesus,
a Mocidade interage no meio-social e desenvolve atividades que
atendam aos interesses e necessidades do jovem que dela participa.
No do Movimento de Unificação busca seu constante aperfeiçoamento.

“Os “grupos de jovens”, “turmas de juventude” ou “mocidades espíritas” são


denominações comuns para a organização básica dos jovens em uma Evangelização
Espírita. Neste livro, vamos usá-las alternativamente, sem maiores distinções”
(EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE, 2015).
Uma Mocidade, vai muito além da turma de estudos para jovens, responsável
pela “qualificação” dos mesmos no entendimento aprofundado da Doutrina Espírita.
Joanna de Ângelis, através de Divaldo Franco, nos mostra através da triologia:
Espiritizar, Qualificar e Humanizar a magnifica orientação para as Mocidades na
14

construção da harmonia do grupo. Cabe a Coordenação da Juventude estimular à


espiritização e a humanização do jovem (EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE, 2015).
Segundo o Projeto Espiritizar (S/D) a espiritização possui três dimensões de
trabalho, conforme é apresentado a seguir:

 Qualificar – concretizar ações ativas, nos campos administrativo e doutrinário,


buscando a eficiência e a eficácia, com a finalidade de se obter a maior qualidade
possível, de modo a se conseguir o objetivo principal da Doutrina Espírita.
 Humanizar – Possamos trazer para nossa vida a vivência do evangelho
de Jesus, possibilitando ações que nos traga conhecimento, reflexões e
sentimento de amor.
 Espiritizar – concretizar ações para se aprofundar nas bases
kardequianas da Doutrina Espírita, buscando aproximação de forma a se
criar consciência espírita e restaurar o Cristianismo primitivo para
vivenciarmos de modo pleno o sentido do Espiritismo em nossas vidas,
tendo Jesus como Modelo e Guia e Kardec como o norteador para nos
direcionar até o Cristo.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

A figura 3 mostra se a casa espírita possui ou não mocidade.

Figura 3: Existência de Mocidade no Centro Espírita

O Centro Espírita Possui Mocidade?

Sim, está
Sim, está
funcionando de Sim, está
funcionando Já possuiu mas
forma híbrida Nunca possuiu funcionando
presencialment está desativada
(presencial e online
e
online)
Série1 0,00% 4,88% 14,63% 26,83% 53,66%

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se na figura 3 que 53,66% das mocidades espíritas estão funcionando


no formato online e nenhuma no formato híbrido. A figura 4 mostra o tempo de existência
da mocidade na Casa Espírita.
15

Figura 4: Tempo de existência da Mocidade.

Você saberia dizer há quanto tempo existe a tarefa


da mocidade de sua casa espírita?

1 a 2 anos 3 a 7 anos 8 a 12 anos 13 a 20 20 a 30 mais que 30


Série1 11,76% 14,71% 14,71% 20,59% 11,76% 26,47%

Fonte: Dados da pesquisa.

Verifica-se na figura 4 que 73,53% das mocidades possuem mais de 8 anos de


funcionamento, o que mostra que ainda que exista dificuldades, os trabalhos têm se
mantido durante uma quantidade de tempo razoável. A figura 5 Mostra a quantidade de
Jovens na Mocidade espírita.

Figura 5: Quantidade de Jovens na Mocidade.

Quantos jovens, em média, frequentam ou


frequentavam a mocidade da sua casa?

2a5 6 a 10 11 a 20 20 a 30 mais que 30


Série1 25,71% 54,29% 8,57% 5,71% 5,71%

Fonte: Dados da pesquisa.


16

Chama a atenção na figura 5 que 80% das mocidades espíritas possuem entre
2 a 10 frequentadores. A figura 6 identifica a participação do respondente na mocidade
espírita.

Figura 6: Participação do respondente na mocidade.

Você participa ou participava da mocidade?


Se sim, em qual papel?

Sim, como Sim, como


Sim, como
Não evangelizador coordenador da outro
evangelizando
da mocidade mocidade
Série1 11,90% 9,52% 33,33% 33,33% 11,90%

Fonte: Dados da pesquisa.

A figura 6 mostra que 66,66 % dos respondentes exerciam a função ou de


evangelizador ou de coordenador de mocidade. A figura 7 verifica a opinião dos
respondentes sobre a mocidade espírita online.

Figura 7: Opinião sobre Mocidade Online.

Qual sua opinião sobre mocidade online?

Não tenho opinião


Acho que não é
Acho viável formada sobre o Outro
viável
assunto
Série1 68,29% 4,88% 7,32% 19,51%

Fonte: Dados da pesquisa.


17

A figura 7 mostra que a maioria dos respondentes (68,29%) consideram viável


o modelo de mocidade online. A figura 8 mostra a opinião dos respondentes sobre a
mocidade espírita de forma híbrida.

Figura 8: Opinião sobre Mocidade de forma híbrida.

Qual a sua opinião sobre o funcionamento da mocidade de forma


híbrida (presencial e online)?

Não tenho opinião


Acho que não seria
Acho que seria viável formada sobre o Outro
viável
assunto
Série1 73,17% 12,20% 9,76% 4,88%

Fonte: Dados da pesquisa.

A figura 8 deixa claro que a maioria dos respondentes (73,17%) consideram


viável a mocidade no modelo híbrido. A figura 9 identifica a possiblidade da casa
espírita adotar o formato híbrido na mocidade espírita.

Figura 9: Possibilidade de Adotar formato híbrido na casa.

Na sua casa espírita há possibilidade de adotar formato híbrido


para a mocidade?

talvez não sim


Série1 34,15% 24,39% 41,46%

Fonte: Dados da pesquisa.

A figura 9 mostra que apenas 41% das casas espíritas possuem condições
para adotar o modelo híbrido. A figura 10 identifica as dificuldades para iniciar ou
manter uma mocidade espírita.
18

Figura 10: Dificuldades para iniciar ou manter mocidade.

Dentre as alternativas abaixo selecione aquelas que você


entende que poderiam impedir o seu centro espírita de iniciar
ou manter a mocidade espírita. Você pode escolher mais de
uma:

Falta de
conheci
Falta de
Falta de mento Falta de Falta de
conheci Falta de
estrutur Falta de Falta de sobre apoio apoio
mento interesse
a da casa material outros apoio da funciona dos pais dos
das dos
(espaço didático Diretoria mento dos Trabalha
obras Jovens
físico) de uma jovens dores
básicas
mocidad
e
Série1 4,27% 5,98% 5,98% 6,84% 10,26% 11,97% 14,53% 17,09% 23,08%

Fonte: Dados da pesquisa.

A figura 10 deixa claro que os principais fatores relativos as dificuldades de iniciar


ou manter uma mocidade espírita refere-se a falta de interesse dos jovens, falta de apoio
dos trabalhadores e falta de apoio dos pais. O quadro 1 identifica como as mocidades
espíritas foram criadas.

Quadro 1: Como a Mocidade Espírita foi Criada

PRINCIPAIS RELATOS SOBRE COMO A MOCIDADE ESPÍRITA FOI CRIADA

o Foi criada por causa dos filhos dos trabalhadores e assistidos;


o Os pais iam no para o estudo da Doutrina, e levavam seus filhos;
o Necessidade do centro espírita;
o A partir da necessidade de acolher os pais (público) durante o evangelho e/ou
atendimento fraterno, criou-se salas de evangelização que, automaticamente, com o
passar dos anos foi subdividindo-se e acolhendo mais crianças e jovens dentro da
faixa etária;
o Havia um grupo de jovens que queriam participar mais efetivamente e uma
colaboradora decidiu ajudá-los;
o Foi criada depois de minha saída da Casa Espirita, onde os jovens evadiram e
pediram para que eu não parasse de dar estudos. Hoje estamos a um ano juntos
com adesão de 100% e sem faltas;
o Continuidade da Evangelização Infantil;
o Foi um grupo de trabalhadores, que sentindo a necessidade de dar continuidade ao
trabalho com jovens que já não tinham idade para frequentar a evangelização
infantil, resolveu iniciar o trabalho com a mocidade;
o A Mocidade Espirita foi criada na década de 80. Pelos jovens da cidade que
buscavam uma união de jovens espíritas. Na época era a única mocidade da cidade
19

que atendia aos jovens das casas espíritas da localidade. Mais tarde cada casa foi
implantando a sua própria mocidade;
o Iniciou com os filhos dos frequentadores da casa e aberta aos que queriam
participar;
o Foi criada juntamente com Evangelização Infantil, a mais ou menos, vinte a trinta
anos atrás;
o Havia o desejo de jovens adultos frequentadores do centro de iniciarem esse
projeto. Assim, após autorização da diretoria foi iniciada a atividade;
o Em setembro de 2016, a diretoria da casa me convidou para implantar o trabalho de
mocidade. Não havia esse trabalho lá. Foi então que a mocidade nasceu;
o Surgiu através da necessidade de atender os nossos alunos Evangelização infantil;
o Para entreter e atender algumas crianças das proximidades da Casa;
o Foi criada por meio de amigos que frequentavam a casa e perceberam que a
Mocidade 1 não atendia mais a demanda da casa;
o Solicitamos à diretoria da casa que nos permitissem criar uma mocidade, já que a
casa não tinha evangelização infantil e mocidade. Além disso, o bairro apresentava
uma grande quantidade de jovens que se reuniam para andar de skate na praça
principal;
o A casa ficou sem mocidade durante 10 anos, depois que o último coordenador se
mudou da cidade, então eu e uma companheira frequentadora da casa também nos
juntamos e tentamos voltar com as reuniões, e conseguimos;
o Pelos jovens que vieram das outras casas quando fundaram o centro;
o A mocidade deu início com as crianças crescendo...e a necessidade. De continuar
os estudos;
o Funcionou de 2018 até o início da pandemia. Era reuniões mensais de uma hora.
Primeiramente era no sábado à tarde, depois as reuniões eram na terça-feira à
tardinha;
o Foi criada como um grupo de estudos para atender os jovens frequentadores da
casa;
o Eu não sei, pois comecei a auxiliar há pouco tempo. Já estava online.
Fonte: Dados da pesquisa.

O quadro 2 identifica as práticas positivas na Mocidade Espírita.

Quadro 2: Práticas Positivas na Mocidade Espírita.

RELATO DE AÇÕES PRÁTICAS QUE TROUXERAM RESULTADOS POSITIVOS NA


MOCIDADE ESPÍRITA

o Trabalhávamos em feira do Livro. Encontro de Jovens Espiritas;


o Aula de violão e visita ao asilo;
o Convidar as pessoas diretamente pelo WhatsApp costuma a dar certo. Mesclar
estudos com música, as vezes dinâmicas e filmes;
o O relacionamento afetivo foi essencial na criação de laços bem como na não evasão
dos jovens. Os estudos eram montados por eles, bem como os estudos por filmes.
Assuntos menos expositivos e mais associados a vivencia do jovem;
20

o Relacionamento interpessoal, tendo empatia pelo cenário jovem e trabalhando sob


suas dificuldades e dúvidas. Montando estudo menos expositivos e mais dinâmicos,
levando temas com leveza e muita roda de conversa;
o Os alunos apresentam uma certa resistência em participar das atividades da casa.
Contudo, relatam o que vivenciam em suas vidas e fazem melhores escolhas;
o Ter momentos de interação com os jovens nos encontros anuais de Mocidade;
o Manter os vínculos entre mocidades de outros centros;
o Utilizar dos próprios jovens para realizar os estudos;
o Gincana, jogo com perguntas sobre os temas que eram abordados nas aulas;..
o Dar responsabilidades dentro da casa espírita para os jovens desenvolverem, tais
como, ajudar na biblioteca, na recepção, na própria evangelização com as crianças
menores, nas festas realizadas pela casa, nos bazares etc.;
o Participação dos jovens nos encontros realizados pela Casa;
o Musica teatro...vendas de pães para arrecadação de verbas...;
o Agora online, eles gostam da conversa informal (eles se sentem à vontade), sobre
assuntos a serem passados para eles da doutrina, sobre problemas que eles
vivenciam no dia-a-dia deles referente ao assunto doutrinário da noite;
o Participação periódica em palestras; palestra específicas sobre assuntos que eles
escolhem;
o O envolvimento com a arte: música, artesanato, teatro;
o Encontro entre os jovens. Visitas fraternas aos asilos, piqueniques, campanha do
quilo, participar das demais atividades do centro;
o Aulas dinâmicas, vínculo e união do grupo;
o Ter empatia com eles, na maioria das vezes nós esquecemos de como éramos
quando jovens e os tratamos como pessoas que não são capazes de aprender e de
escolher, na maioria das vezes quando lhes damos ferramentas e apoio eles
deslancham, foi o que fizemos aqui!
o Produção de cartazes, maquetes;
o Interação com outras mocidades da cidade e de outras;
o Campanha para o asilo, Gincana para a evangelização, Encontro de mocidades,
Leitura de uma obra espírita com posterior comentários;
o Eu comecei há pouco tempo, mas percebia que faltava ações práticas para vivenciar
o conteúdo dos ensinamentos de Jesus;
o Nós já fizemos doações de brinquedo para as crianças no Natal e já fizemos doação
de comida e fraudas para asilos;
o Sala de Vídeos Instrutivos, porém divertidos;
o Momentos recreativos, como Quiz, com assuntos sobre Espiritismo e Jesus. Papo
livre sobre "o que te aconteceu essa semana";
o Entrega de alimento e agasalhos a noite aos moradores de rua;
o Eu não participei, mas sei que os jovens adoram atividades que envolvam arte no
geral;
o Dramatização, campanha de arrecadação de alimentos e visitas ao asilo;
o A Feira do Livro Espírita foi criada por jovens de Mocidades, alguns destes de nossa
Mocidade;
o Campanhas espíritas também trouxe resultados muito positivos;
21

o Campanha do Quilo/ visitas a instituição de idosos, promovendo café com música;


o Utilização de dinâmicas em todos os estudos. Estudos mais dinâmicos, fazendo
uma espécie de gincanas, desafios, com o tema a ser abordado;
o Passamos a nos reunirmos para celebrar os aniversários dos jovens, cada vez na
casa de um, depois da mocidade. Essa ação propiciou uma maior aproximação
entre os jovens por poderem compartilhar de outros assuntos, não só o que
refletíamos nos estudos, fazer brincadeiras e vivenciar experiências diferentes, e
também permitiu que os familiares conhecessem mais aos jovens.
o Em uma época em que muitos jovens estavam mais dispostos e buscando formas
de começar a aplicar os conhecimentos que vinham aprendendo, conversamos com
diferentes departamentos da casa para que eles pudessem atuar como
trabalhadores e estabelecemos essas conexões. Os jovens gostaram muito da ideia
e ficaram empolgados, porém os departamentos não conseguiram abraçá-los de
forma efetiva na época e os jovens foram desanimando depois de um tempo, devido
a não terem muitas tarefas confiadas a eles.
Fonte: Dados da pesquisa.

O quadro 3 mostra a possibilidade de adoção do formato híbrido pelas


mocidades espíritas, segundo visão dos respondentes.

Quadro 3: Possibilidade de Adotar Formato Híbrido.


RELATO SOBRE A POSSIBILIDADE DE ADOTAR O FORMATO HÍBRIDO NA MOCIDADE
ESPÍRITA

o Sim terá. A Casa disponibiliza condições para acontecer;


o Acho que ainda não há possibilidade;
o Teria que conversar com a casa e os participantes. Há chances!
o Por decisão da Diretoria a Mocidade foi suspensa apesar do bom retorno online.
Não saberia responder pela Casa hoje.
o Hoje o Conectado com Jesus não tem uma casa espirita. Será remanejada assim
que as casas espiritas voltarem a abrir (foi o termo de minha adesão a ideia deles
após minha saída);
o Na Casa não, pois não possui internet, mas os dirigentes e possíveis monitores
possuem;
o Sim os adolescentes já estão dispostos a retornar ao centro espírita;
o Não temos jovens frequentadores para formação de uma mocidade espírita;
o Não, a casa não tem estrutura para isso;
o Sim, provavelmente o faremos. Com um notebook e acesso à internet, quem está
online pode participar também;
o Somente no caso de extrema necessidade. Não vejo o porquê ser dessa forma;
o Haveria necessidade de adequação da infraestrutura, como internet do centro e
equipamento com câmera. Ainda não foi cogitada essa possibilidade. A intenção é
fazer online até liberação completa das atividades;
o Não pensamos ainda;
22

o Em nossas reuniões foi decidido que seria melhor online, no momento. Vamos
acompanhando como ficam os decretos da cidade, em relação a isso. Mas
acreditamos que com a vacinação tudo isso será viável;
o Por enquanto ainda não. Talvez para o ano que vem, toda Evangelização volta.
Deus quer!
o Precisamos avaliar a questão de logística de trabalhadores e a opinião dos
evangelizandos;
o Sim, já temos esta modalidade para palestras e úteis estudos;
o Sim, já estamos nos preparando, pois temos jovens de outras Cidades, no formato
online e não podemos perder o vínculo;
o Tenho pensado bastante nisso e vejo possibilidades interessantes, mas ainda
precisamos amadurecer a ideia, talvez até o retorno já saiba o que fazer!
o Não. Os jovens da nossa casa espírita não se adequaram a esta modalidade;
o Não, pois não temos trabalhadores para isso;
o Seria possível, desde que as famílias concordassem;
o No momento não, pois não houve vacinação de todos;
o Estamos nos organizando para isso ... ainda não temos internet na casa espírita;
o Eles são resistentes a ideias novas. É preciso conversar com diretoria;
o Tem como nos estruturar para tal sim;
o Sim, já foi iniciado de forma on-line. Porém, atualmente está suspensa com planos
de retornar presencial;
o Não;
o Sim. No retorno, tivemos algumas experiências deste tipo, até que voltamos para a
presencial no Centro, por escolha através de votação;
o Ainda não adquirimos os equipamentos para a realização, os evangelizadores
fazem o estudo de sua própria casa por enquanto. A aquisição já está sendo
realizada pela diretoria da casa, para se adequar ao possível retorno presencial
neste semestre;
o Acredito que existe sim essa possibilidade, desde que seja bem estruturado. Pode
inclusive ser muito oportuno para atender tanto aos jovens que por algum motivo
tenham dificuldade de estarem presentes no formato online (falta de dispositivos,
problemas de conexão, etc.), quanto aos jovens que não poderiam frequentar
presencialmente (pessoas internadas, em viagens, morando em outras regiões do
país ou fora dele, etc.);
o Ainda não há estrutura para isso.
Fonte: Dados da pesquisa.

O quadro 4 mostra as dificuldades em iniciar uma mocidade espírita, segundo


verificação dos respondentes.

Quadro 4: Dificuldades em Iniciar uma Mocidade Espírita.


RELATOS SOBRE A DIFICULTADE EM INICAR UMA MOCIDADE ESPÍRITA

o Número de jovens frequentadores muito baixo;


o Os jovens se disponibilizarem a frequentar em dia e horário a ser definido;
o Trabalhadores afins de executar as tarefas;
23

o Criar o hábito nas pessoas, encontrar o grupo de jovens que se afinizam e formar um
grupo estável;
o Reação de jovens junto aos mais antigos que os tratam como crianças o que causa
afastamento da casa e absorção de novas tarefas;
o Trata-los como pessoas que pensam por si. Deixar de trata-los como infância e
desmitificar o preconceito junto as atividades jovens junto a Direção;
o Falta de interessados em participar, por isso estamos tentando organizar um grupo
via AME, envolvendo as 3 Casas, mas ainda estamos num estágio muito inicial;
o Falta incentivo dos pais, temas de interesse dos alunos que estejam atrelados aos
ensinamentos da doutrina. Além da falta de material humano e didático;
o Conseguir reunir os jovens;
o Em geral, vejo o receio do despreparo dos trabalhadores para criar um ambiente
adequado e que atenda ao interesse dos jovens;
o O planejamento dos estudos. Na época não conhecia o movimento espírita e
pesquisava no Google ideias vindas de outras mocidades em que tinham páginas na
Web e as informações disponibilizadas pela própria FEB. Não menos importante, era
o envolvimento da casa para garantir que no horário combinado para a reunião da
mocidade, não houvesse atividades paralelas no local. No caso do Centro Espírita,
como a casa é muito pequena - conta com um salão, uma biblioteca bem pequena e
outra sala também bem pequena - apenas o salão principal estava disponível para
todas as reuniões da casa. Porém, frequentemente, no horário definido para a
mocidade, havia trabalhadores conversando no local. Na grande maioria das vezes,
nada relacionado à doutrina. Apenas hábito de estar na casa naquele horário;
o Para iniciar não vejo dificuldades, acho difícil manter pois a oscilação do número de
jovens na Mocidade e o desafio de trazer algo que interesse a eles, pode assustar
aqueles que se dispõe a coordenar;
o Os jovens não se interessam muito;
o Eu diria que, em primeiro lugar, seria a falta de trabalhadores interessados nessa
área dentro da casa espírita e em segundo lugar a falta de motivação dos jovens;
o Várias. Talvez a maior para iniciar seja o interesse dos jovens quando ainda
desconhecem o funcionamento de uma mocidade;
o Muito amor...e estudo;
o Hoje percebemos que os jovens estão desmotivados, estão sobrecarregados com os
estudos escolares online, e isso repercute também nas aulas da doutrina;
o Público;
o Como despertar o interesse sobre o estudo da doutrina e envolver os jove ns na casa
de forma prazerosa;
o Ter jovens;
o Jovens que queiram participar assiduamente;
o Preparar o evangelizador para atender os jovens;
o São várias, trabalhadores, a falta de experiência com os jovens... Quando iniciamos
não havia material, eu pedia ajuda para as pessoas, perguntava como é o que fazer,
foi um início bem no improviso, graças a Deus deu certo, mas poderia não ter
dado...e aí???
o Permanência do jovem na mocidade;
24

o Ter trabalhadores treinados;


o Formas de despertar o interesse do jovem, instigar a vontade de querer estar
participando;
o Nossos jovens participantes eram os filhos de trabalhadores da casa;
o Voluntários;
o Isso depende muito da Casa Espírita da sua realidade ... existem diretores que ficam
com medo do trabalho do jovem, é preciso uma união ... precisamos de dirigentes
ativos para convidarem os jovens e que possam entender o jovem ... lembrando que
o trabalho com o jovem requer um dinamismo e uma criatividade para termos os
jovens conosco além de um envolvimento de atenção e carinho para com eles;
o Eu acho que é trazer o jovem para o Centro Espírita;
o Saber lidar com jovens dessa época, compreendendo e instruindo;
o Os pais deveriam incentivar os filhos;
o "Ter" os jovens. Seria necessário ter atividades chamativas.
o Frequência dos evangelizandos;
o Falta orientação dos pais e dos trabalhadores do Centro;
o Participação efetiva das diretorias e pais;
o Falta de interesse dos jovens! Houve experimento, propostas de dias e horários
diversos, conforme consulta feita pela instituição. Sempre há uma inconstância dos
jovens!
o Achar trabalhadores com perfil para evangelizar os jovens. Outro ponto também é a
participação dos jovens que oscila bastante;
o Conseguir entender e atingir as necessidades específicas do grupo de jovens em
questão e proporcionar atividades e momentos que sejam significativos para a
criação de laços entre esses jovens e entre eles e a casa espírita;
o Disponibilidade de dirigentes de grupo que contem ao mesmo tempo com
conhecimento espírita e aptidão para trabalhar com jovens;
o Iniciativa.
Fonte: Dados da pesquisa.

O quadro 5 apresenta comentários e sugestões segundo visão dos


respondentes.

Quadro 5: Comentários e Sugestões.

PRINCIPAIS COMENTÁRIOS E SUGESTÕES OBTIDOS NA PESQUISA

o Uma dificuldade foi em ter violeiros para que pudessem tocar na


mocidade. Ao longo do tempo percebi isso, e aprendi a tocar violão e a
tocar as músicas espíritas;
o Muito bom realizar pesquisas como esta;
o Enquanto evangelizador ou trabalhador espirita entender que o
trabalho e do Cristo e somos apenas ajudadores;
o Pretendemos retomar com a mudança do dia e horário que acontecia
anteriormente, com projetos de artes, dança, música e o que for
possível implantar;
25

o Tudo que fazemos em nossa casa, fazemos reunião antes e depois


passamos para a diretoria. Graças a Deus, somos unidos, sempre
pensamos no melhor para nossas crianças e nossos adolescentes.
Sempre fazemos com muito amor e dedicação;
o Precisamos nos dedicar muito com nossos evangelizandos, pois eles
serão o futuro da Casa Espírita;
o Gostaria de saber como atrair o jovem para cada Espírita;
o Quando queremos realmente conseguimos por maiores que sejam as
dificuldades;
o Gostei muito da pesquisa. Gostaria de receber o resultado;
o A diretoria tem que apoiar e chamar os trabalhadores a se preparar.
Muito importante conseguir a atenção dos pais a essa necessidade da
estruturação da Mocidade Espírita, para que com o decorrer dos
trabalhos, os jovens sintam realmente vontade de participar e
continuar;
o Tenho dúvidas sobre duas coisas: a idade mínima tanto para a
mocidade como para estudo, pelo menos básico da mediunidade. Os
jovens estão amadurecendo mais cedo e se sentem desmotivados com
a evangelização. E há jovens que trazem algumas situações de
mediunidade aflorando;
o As casas espiritas deveriam fazer uma pesquisa com jovens sobre o
que poderia despertar motivação na juventude de hoje;
o Adorei o questionário, muito interessante. Espero que possam sair
bons recursos de apoio para tratarmos das dificuldades que as
mocidades enfrentam atualmente.
Fonte: Dados da pesquisa.

4.1 COMO INICIOU A ESTRUTURAÇÃO DAS MOCIDADES ESPÍRITAS

Através dos relatos obtidos pela pesquisa é possível notar alguns pontos em
comum, destacando-se:

 Crianças da evangelização que cresceram;


o Pelo menos 6 respostas citavam que a mocidade passou a ser formada
uma vez que as crianças que frequentavam a evangelização haviam
crescido;
 Filhos dos trabalhadores e frequentadores do Centro Espírita;
o Pelo menos 5 respostas mencionavam que a mocidade foi iniciada para
atender a demanda de jovens que eram filhos dos trabalhadores ou
frequentadores da casa;
 Pelos próprios jovens;
o Pelo menos 5 respostas relatavam que os próprios jovens iniciaram a
mocidade, seja os jovens da própria casa, ou mesmo se unindo a jovens
de outros centros.

4.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ESTRUTURAÇÃO DAS MOCIDADES


ESPÍRITAS
26

De uma forma geral é possível observar através da pesquisa, tanto na questão de


alternativa da figura 10 quanto na questão aberta do Quadro 4, que segundo os
respondentes a dificuldade maior relatada é o baixo número de jovens, de interesse por
parte dos jovens, do jovem disponibilizar seu horário para estar junto do grupo da
mocidade, e paralelamente temos também em destaque questões como falta de
trabalhadores ou falta de preparo dos trabalhadores, e ainda dificuldade em desenvolver
conteúdo de interesse dos jovens, conforme descrito abaixo:

 Baixo número de Jovens;


o Falta de frequência dos jovens, de interesse em participar da mocidade,
esta dificuldade foi citada pelo menos 16 vezes nas questões abertas.
 Desenvolver conteúdo de interesse dos jovens;
o Dificuldade em desenvolver um conteúdo que mantenha os jovens
interessados foi relatado 7 vezes pelos respondentes;
 Falta de Trabalhadores;
o Falta de trabalhadores para participar, seja como evangelizador, seja
como coordenador, foi citado 7 vezes;
 Falta de preparo dos trabalhadores;
o Relacionado as 2 dificuldades citadas acima foi citada também a falta de
preparo dos trabalhadores, seja por não ter conhecimento suficiente da
doutrina, seja por não saber lidar com jovens, esta dificuldade foi citada
pelo menos 6 vezes.

4.3 AÇÕES PRÁTICAS POSITIVAS DESENVOLVIDAS NAS MOCIDADES ESPÍRTAS

Dentre diversas ações práticas citadas na pesquisa foi possível observar algumas
tendências, listadas abaixo:

 Participação dos jovens em campanhas promovidas pelo Centro Espírita;


o Campanhas de doação e de divulgação da doutrina como feira do livro
foram citadas pelo menos 9 vezes;
 Estudos dinâmicos;
o Estudos com atividades mais dinâmicas, como por exemplo gincana,
quiz, desafios, foram citados pelo menos 8 vezes;
 Encontros de Jovens;
o Encontros entre jovens de diferentes casas foram citados pelo menos 6
vezes;
 Arte no Geral;
o Teatro e música foram citados pelo menos 6 vezes;
 Conversas mais informais;
o A inserção de conversas mais informais, retratando o dia a dia do jovem
por exemplo foram citados pelo menos 6 vezes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com o artigo, que mais de 85% dos respondentes são de Centros
Espíritas que já possuem ou que em algum momento possuíram mocidade, e dentre
esses 53% estão funcionando de forma online no momento, tendo mais da metade dos
grupos (54%) entre 6 a 10 jovens.
Sobre os formatos virtuais atuais, 68% responderam que acha viável online, e
73% responderam que acham viável o estudo de forma híbrida, porém apenas 41% das
casas dos respondentes estariam aptas para adotar o formato híbrido neste momento.
27

Relativo a forma como as Mocidades se iniciaram e foram estruturadas observa-


se que o mais comum é que a mocidade se inicie a partir das crianças da evangelização
infantil, que conforme avançam na idade passam a fazer parte da mocidade, mostrando
a necessidade de se manter constantemente a evangelização infantil ativa, criando
público para os grupos de mocidade. E também foi possível observar que algumas foram
formadas pelos filhos dos trabalhadores e frequentadores mostrando a importância dos
pais nesse papel, em levar o filho a casa para que conheça e participe. Houveram ainda
as que se iniciaram a partir da ação dos próprios jovens, mostrando que pode haver
interesse por parte dos próprios jovens, sendo importante apoiá-los e incentivá-los a
essas ações.
Sobre as dificuldades encontradas na estruturação da mocidade espírita, fica
evidente por parte dos respondentes uma percepção de que os jovens não têm
interesse, sendo esse o maior obstáculo relatado. Mas nota-se também uma
preocupação quanto a dificuldade em desenvolver conteúdo que desperte interesse
nestes jovens, aliando-se isso a falta de trabalhadores e falta de preparo dos
trabalhadores que também foi evidenciada podemos concluir que há a necessidade
evidente de desenvolver trabalhadores e material para capacitar esses trabalhadores,
de forma que consigam interagir de forma mais assertiva com os jovens para despertar
o interesses dos mesmos para que participem dos encontros de mocidade. O que talvez
pudesse ocorrer com uma maior participação no próprio jovem no preparo e condução
dos encontros da mocidade.
E sobre as ações práticas podemos concluir que a participação dos jovens em
campanhas realizadas pelo centro espírita traz um grande engajamento por parte dos
jovens, e que estes tem preferência por encontros mais dinâmicos, com atividades
práticas, com inserção de arte como teatro ou música, e com conversas mais informais
que possam inserir o conteúdo doutrinário em suas experiências do dia a dia. E ainda
foi possível concluir pela pesquisa que os encontros entre mocidades também
despertam interesse nos jovens, sendo necessários incentivar e promover esses
encontros.

REFERÊNCIAS

EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE, 2015 Conselho Espírita do Estado do Rio de


Janeiro. Disponível em:
https://www.ceerj.org.br/portal/downloads/diretrizes/diretriz_evangelizacao_juventude.p
df. Acesso em: 16 de julho de 2021

COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em administração.


10. Ed. Porto Alegre, Bookman, 2011.

FREITAS, H.; OLIVERIA, M.; SACCOL, A. Z.; MOSCAROLA, J. O método de pesquisa


survey. São Paulo, Revista de Administração da USP, RAUSP, v. 35, n. 3, p. 105-112,
2000.

MATERIAL DE APOIO ÀS MOCIDADES DA USE, 2015. Disponível em:


https://usesp.org.br/wp-content/uploads/2020/02/lugar_ser_jovem.pdf. Acesso em> 15
de julho de 2021.

PROJETO ESPIRITIZAR. Disponível em: https://espiritizar.feemt.org.br/projeto-


espiritizar/. Acesso em: 10 de julho de 2021.
28

Análise da Formação do Movimento Espírita na Cidade de Pedralva – MG.

Fernando Carvalho Rosa


(Núcleo Espírita Humberto de Campos)

RESUMO
Nesta pesquisa, o objetivo foi contextualizar a ascensão do movimento espírita na
cidade de Pedralva – MG e/ou o Núcleo Espírita Humberto de Campos, dando ênfase
na característica histórica do espiritismo brasileiro, bem como as características que
conferem o bom funcionamento de um núcleo espírita. O estudo foi conduzido por meio
de revisão bibliográfica e entrevistas com pessoas de papel relevante na formação do
núcleo espírita em questão, o qual se fez correspondente com a formação do espiritismo
no Brasil, bem como suas premissas e condutas como rege todo um início e
funcionamento. O Núcleo Espírita Humberto de Campos embora tenha tido problemas
de assiduidade no seu início, hoje conta com um grupo mais coeso, embora ainda
diminuto. O núcleo expandiu suas atividades, podendo atender melhor a comunidade,
podendo assegurar inclusive o respeito diante da mesma e o estabelecimento dos seus
freqüentadores.

Palavras-chave: Espiritismo, História, Formação

1 INTRODUÇÃO

Os Centros Espíritas são núcleos de estudos ou escolas de formação espiritual,


que trabalham à luz da Doutrina Espírita dando ênfase no atendimento fraternal a todos
que buscam orientação, esclarecimento, ajuda ou consolação (FEB, 2006). O
espiritismo é uma síntese doutrinária de tríplice aspecto: religioso, filosófico e científico
(FERNANDES, 2008), conforme a proposta doutrinária de Kardec nas obras “O Livro
dos Espíritos” e “Livro dos Médiuns”.
Temos no Brasil, o maior, mais ativo e produtivo movimento espírita do planeta
(PIRES, 1980), assumindo uma posição no contexto internacional como pólo de
irradiação da doutrina (STOLL, 2004).
Para Fernandes (2008), a tradição brasileira no trato com a religião favoreceu o
entendimento da doutrina quando aqui chegou, acabou por atingir todos os grupos da
sociedade brasileira: ricos, pobres, brancos, negros e índios. Vale lembrar também que,
segundo Stoll (2004), o espiritismo no Brasil vem alargando sua inserção social devido
ao seu investimento no campo literário atraindo segmentos especialmente entre os da
classe média. Além disso, ao adotar a caridade como princípio adequado à tradição
cristã, o espiritismo se aproxima das demais religiões devido as suas ações
humanitárias – dedicação ao próximo e trabalho voluntário (CARISIO, 2008; TERRA,
2011).
Embora a sociedade brasileira seja formada tradicionalmente por católicos,
Negrão (2005), afirma que a maioria desses são formais, despossuída de habitus
religioso, pendendo até para outros grupos religiosos, crenças e práticas não católicas.
A modernização provocou uma crescente crise nas instituições religiosas mais
tradicionais, as pessoas se sentem livres para buscar os rituais e crenças que atendam
melhor às suas necessidades (TERRA, 2011).
Muitos centros espíritas surgiram no desenvolvimento de grupos familiares,
estes mostram-se mais coesos e mais abertos, conservando a seiva da fraternidade de
sua origem, imprescindíveis para os ensinamentos doutrinários (PIRES,1980).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar uma análise da formação do
movimento espírita no município de Pedralva, mais especificamente o Núcleo Espírita
Humberto de Campos, por meio de revisão bibliográfica abordando o movimento
29

histórico do espiritismo no Brasil, entrevistas e pesquisa em arquivos documentais do


núcleo como atas e fotos que retratem esta evolução.
Para tal análise se fez necessária a comparação dos dados obtidos nas
entrevistas e pesquisas fornecidas pela revisão bibliográfica.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Centro Espírita é um hospital que recebe todos os irmãos. Necessitados ou


não, oferece-lhes a oportunidade de refazimento físico, moral e espiritual (UEM, 2013).
Segundo Pires (1980), o Centro Espírita é um centro de serviços ao próximo, no plano
propriamente humano e no plano espiritual, com a premissa de ensinamento evangélico
puro. Entre preces e passes, o autor justifica que o trabalho de doutrinação representa
um esforço permanente de esclarecimento e orientação de espíritos sofredores de suas
vítimas humanas, pois geralmente são comparsas necessitados da mesma assistência.
Para a UEM (2013), a entidade garante que o intercâmbio espiritual confere ao
encarnado:

 Informações sobre a vida espiritual;


 Fortalecimento da fé;
 Esclarecimento sobre encarnados e desencarnados;
 Recebimento de amparo dos benfeitores espirituais;
 Consolidação de amizades entre encarnados e desencarnados através da
cooperação mútua;
 Cooperação no preparo para a reencarnação e a desencarnação obtendo
ensinamentos que auxiliam a renovação das criaturas.

Kardec ressalta ainda a importância das reuniões no Centro Espírita:

As reuniões espíritas oferecem grandíssimas vantagens, por


permitirem que os que nelas tomam parte se esclareçam, mediante a
permuta das idéias, pelas questões e observações que se façam, das
quais todos aproveitam. Mas, para que produzam todos os frutos
desejáveis, requerem condições especiais, porquanto erraria quem as
comparasse às reuniões ordinárias” (KARDEC, 2003, p. 253)

A introdução do espiritismo kardecista no Brasil se deu em meados do século


XIX a partir de uma elite na época predisposta a aceitar as tendências e a racionalidade
Européia (CARÍSIO, 2008). Segundo o autor a doutrina conseguiu na época superar
dificuldades externas, principalmente a resistência da Igreja Católica, que para Oro
(2006), a instalação da república brasileira e a medida do Governo Provisório (1889-
1891) de separar o Estado da Igreja Católica acabaram com o monopólio exercido.
Segundo Mariano (2006), já no século XX, com o fortalecimento institucional o clero já
não monopolizava como outrora, devido também ao pluralismo religioso e ao crescente
interesse dos pentecostais.

A negligência da Igreja Católica durante a evangelização do Brasil


contribuiu para o surgimento de características comuns à religiosidade
brasileira, como a dupla pertença, a ideia de que todas as religiões são
boas, a visão cristã de Deus como divindade sempre num segundo
plano, substituída pelos santos, orixás, guias ou Jesus Cristo, a crença
nos espíritos e na possibilidade de comunicação com eles e, ainda, o
caráter protetor das religiões contra todos os males do mundo”
(NEGRÃO, 1997 apud TERRA, 2011, p. 21).
30

Segundo Fernandes (2008), a população possuía um trato tradicional de


religiosidade e uma naturalidade em relação ao sobrenatural, o que facilitou um não
estranhamento da doutrina. Que para Pires (1980), a sociedade simbolizava uma
domesticação católica e protestante.
Machado (1997) apud Spinola (1997, p. 26), afirma que o espíritas brasileiros
foram adquirindo características próprias conforme o sincretismo afro-espírita-católico:

Ao lado do kardecismo, desenvolveu-se um vigoroso Espiritismo


popular. Em alguns momentos a vitalidade deste chegou a parecer
uma ameaça à sobrevivência da doutrina de KARDEC em sua pureza.
A ameaça, porém, era apenas aparente. O caminho dos vários
Espiritismos, apesar dos atalhos de ligação e das influências
recíprocas, sempre foram distintos.

É bem verdade, Stoll (2004) explica que as características e os costumes do


catolicismo definiram o perfil religioso do kardecismo no Brasil em oposição ao modelo
originalmente científico de Allan Kardec. Segundo a autora a consolidação do
movimento teria ocorrido simultaneamente à projeção do médium Chico Xavier,
transformado num verdadeiro fenômeno de popularidade a partir dos anos de 1940 e
1950.
O espiritismo no Brasil segue em expansão e em ritmo acelerado (PIRES, 1980).
O autor destaca os espaços mais simples e modestos (numa sala cedida ou alugada,
numa garagem vazia ou mesmo numa dependência de casa familiar), pois estes atraem
as pessoas que realmente se interessam pelo conhecimento doutrinário, ocorrendo
assim o desaparecimento das discriminações sociais e culturais.

Organizado o Centro, com uma denominação simples e afetiva, com o


nome de um Espírito amigo ou de uma figura espírita abnegada, de
pessoa já desencarnada, preparados, aprovados em assembléia geral
e registrados os parados, aprovados em assembléia geral e registrados
os estatutos, sua função e significação estão definidas como estudo e
prática da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço
assistencial aos espíritos sofredores e às pessoas perturbadas,
sempre segundo a Codificação de Allan Kardec (PIRES, 1980, p. 13).

Spinola (1997), retrata que Kardec (2003), defendia que os núcleos deveriam ser
pequenos, com poucas pessoas, para que houvesse uniformidade de sentimentos,
maior eficácia dos elementos constituintes, menor divergência de idéias e menor
facilidade de espíritos perturbadores semearem a discórdia.

3 METODOLOGIA

Pedralva é um município localizado no sul do Estado de Minas Gerais, com uma


população de 11.623 habitantes conforme o último senso estimado em 2015. Cortada
pela MG-347, Pedralva está bem localizada geograficamente entre os principais
corredores viários do país - Rodovias Fernão Dias, 52 Km e Presidente Dutra 105 Km.
(IBGE, 2015).
O Núcleo Espírita Humberto de Campos, foi fundado em 1989, atualmente
localizado na Rua Coronel Machado, no centro da cidade. O Núcleo utiliza as
dependências de um pequeno apartamento e uma garagem que funciona como salão
de reuniões (Figuras 1a e 1b).
Para o presente estudo e objetivo proposto, a pesquisa foi conduzida por meio
de revisão bibliográfica especializada, na qual realizou-se consultas a livros, revistas,
dissertações disponíveis na web - entre artigos científicos e obras literárias.
31

Os critérios a serem utilizados para as informações encontradas foram as abordagens


históricas relatando a ascendência do espiritismo no Brasil, comparando-se com a
formação do movimento espírita em Pedralva – MG, especialmente o Núcleo Espírita
Humberto de Campos.
Neste último, se fez necessária a coleta de dados nas atas de presença e
entrevistas individuais com 3 (três) entrevistados, pessoas fundamentais na fundação
do Núcleo Espírita, caracterizadas no quadro 1 abaixo.
Considerou-se, prioritariamente, os seus pontos de vista, conforme o modelo proposto
por Flausino et al. (2014).

Quadro 1: Relação dos entrevistados.

Entrevistado (a) Tempo de


Idade Sexo Profissão
Nº /nome Doutrina
1- GILSON ALVES DE LIMA 80 Masculino Pedagogo 59 anos
2- ANTÔNIO FORTES 82 Masculino Produtor 26 anos
BUSTAMANTE rural
3- CRISTIANA MARIA 46 Feminino Produtora 25 a 26 anos
CARNEIRO BUSTAMANTE rural
FIGUEIRA
Fonte: FLAUSINO et al. (2014).

Para avaliação da evolução de frequentadores da casa utilizou-se as atas de


presença para análise das médias anuais de participantes expostas em um gráfico
produzido pelo aplicativo Microsoft Office Excel 2007.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

Os resultados mostraram-se de maneira satisfatória, correspondendo com a


formação doutrinária espírita no Brasil. De acordo com as entrevistas o Núcleo Espírita
Humberto de Campos foi se adequando com o tempo, muito bem relatado pelo
ENTREVISTADO 3:

Foi sempre empréstimo, nós começamos a casa num sítio, depois ficou
difícil das pessoas irem lá. Depois fomos para uma sala de uma prima,
ela era dentista e fazíamos reuniões por lá. Depois a gente abriu uma
porta de um cômodo e em seguida passamos a fazer as reuniões na
casa do Sr. Antônio Fortes (ENTREVISTADO 2). O Núcleo ficou alguns
anos inativo retornando no endereço atual. No momento ainda estamos
com uma sede emprestada, mas já tentando arrecadar fundos para
uma sede própria, pois já ganhamos um terreno.

Segundo o ENTREVISTADO 1, o Núcleo Espírita Humberto de Campos formou-


se a partir do auxílio de outro núcleo espírita:

Nós fomos procurados pelo Sr. Antônio no CEAK (Núcleo Espírita Allan
Kardec) de Itajubá - MG. A intenção era tomar contato com os
princípios da Doutrina Espírita. A princípio era somente eu quem dava
as orientações. Depois formamos um Grupo do CEAK, fizemos uma
escala e semanalmente passamos a fazer reuniões que obedeciam a
uma programação. A casa espírita que deu esse apoio foi o CEAK. Eu
era o Presidente, inclusive o Nome da Instituição foi uma sugestão
nossa. Desenvolviam-se os princípios básicos da Doutrina Espírita.
32

Para o ENTREVISTADO 3, além da ajuda do CEAK, que foi fundamental na


fundação, o núcleo ainda contou com a ajuda do Núcleo Espírita Amor e Caridade
Santarritense (CEAKS), de Santa Rita do Sapucaí – MG e logo depois o Lar Espírita
Mãos de Amor (LEMA), também de Santa Rita do Sapucaí.

Figura 1a: Antigo cômodo do Núcleo Espírita Humberto de Campos.


A

B
Figura 1b: Antigo cômodo do Núcleo Espírita Humberto de Campos.

Segundo Schubert (2012), a doutrina não presa somente de uma construção


física adequada às necessidades, mas, sobretudo, de uma edificação espiritual que
conferem legítimas realizações para o engrandecimento moral das criaturas humanas.
PiresB(1980), Moraes e Júnior (2015), também destacam a importância da simplicidade
de um núcleo espírita bem como a coerência de núcleos formados a partir de grupos
familiares e amigos. Primeiramente, as casas espíritas devem aplicar em suas
construções o básico para o estudo, pois nada adianta de tecnologia de ponta e objetos
de arte para a ostentação se não houver compromisso com aquele quem ocupara o
título de carpinteiro (CRISTIANO & NORA, 2002).
33

O ENTREVISTADO 2 faz o seguinte relato do início do núcleo espírita em


Pedralva: “Foi desenvolvendo de forma familiar, pequeno e crescendo continuamente
com o tempo”. Para Moraes e Júnior (2015), o amadurecimento do grupo traz consigo
a necessidade de se criar algum trabalho voltado para assistência à comunidade.
Conforme relatado pelos ENTREVISTADOS 3 e 2: “As primeiras atividades do Núcleo
com a comunidade resumiam-se em visitas esporádicas ao asilo, ganhando hoje visitas
quinzenais”.
Moraes e Júnior (2015) afirmam que à medida em que o trabalho vai se
ampliando surge a necessidade de se transferir para um espaço maior e mais adequado,
surgindo a necessidade de fundação de uma entidade jurídica legalmente constituída,
como regra geral de um “Centro Espírita”. Nesse contexto, o ENTREVISTADO 2 foi curto
e enfático, concordando com o autor: “Com o tempo, conseguimos adaptar a nossas
reuniões na nossa garagem (Figuras 2 e 3) e formar uma diretoria, a qual deu um bom
alento e respaldo jurídico aos trabalhos”.
A garagem referida é de um imóvel de propriedade do ENTREVISTADO 2 o qual
o ENTREVISTADO 1 refere-se de maneira carinhosa: “Era um imóvel de propriedade
do Sr. Antônio que o cedia gentilmente”.

Figura 2: Garagem onde se localiza atualmente o Núcleo Espírita Humberto de


Campos.

Figura 3: Reuniões e palestras promovidas no núcleo atual.


34

Para o ENTREVISTADO 1, “a casa naturalmente evoluiu desde sua fundação


até os dias atuais. Promove alguns eventos e é uma instituição sempre presente”. Tal
evolução se faz presente nas palavras do ENTREVISTADO 3:

Houve uma evolução muito grande. Começamos com reuniões de


estudo uma vez por semana. Isso se deu por muito tempo. Depois o
Núcleo paralisou seus trabalhos por alguns anos, por falta de
participantes. Retornando, os estudos foram se ampliando e
começamos a evangelização infantil. Depois de algum tempo
começamos com as oficinas de pintura, artesanato e costura para a
população. Em 2013, através do EMEI (Encontro de Mocidades
Espíritas de Itajubá) estreitamos laços com os integrantes do NEFA
(Núcleo Espírita Fraternidade e Amor) de Itajubá - MG, o que nos
ajudou a instaurarmos a Mocidade Espírita em Pedralva, começarmos
a participar dos encontros de Mocidades Itinerantes (integrando
mocidades da região a cada 2 meses) e tivemos acesso a vários
cursos. Hoje temos as seguintes atividades: Estudo do ESDE (Estudo
Sistematizado da Doutrina Espírita), Estudo do Livro dos Espíritos
intercalado com a Reforma Intima, Estudo do Evangelho Segundo o
Espiritismo e Passe, Reunião de vibração, Evangelização Infantil,
Oficinas de pintura e costura (mantidas com o Bazar da Renovação) e
visitas quinzenais ao asilo. Temos também o programa de rádio
Momento Espírita, que vai ao ar todos os dias e a retransmissão
semanal do programa da AME (Aliança Municipal Espírita) de Itajubá -
A Terceira Revelação”.

Quanto à aceitação do novo movimento cristão na cidade, havia uma certa


desconfiança por parte mínima da população pedralvense, no entanto, as principais
dificuldades se dariam por meio dos próprios frequentadores conforme relatado pelos
entrevistados, os quais são concordantes:

As dificuldades ainda hoje em todas as casas espíritas são as mesmas.


Falta de continuidade, assiduidade, pontualidade e dedicação com
responsabilidade. Os participantes no início eram inconstantes e
flutuantes. Vinham algumas vezes pela curiosidade mas pouco se
interessavam em se envolver com as atividades promovidas pelo
núcleo”.

Tal afirmação corresponde ao gráfico apresentado abaixo (Figura 4) indicando


as oscilações de frequentadores do núcleo nos dias atuais. Vale lembrar que o Núcleo
Espírita Humberto de Campos ficou inativo durante 9 (nove) anos, justamente pela falta
de continuidade e assiduidade dos participantes. Os anos de 2000 e 2009 marcam a
inatividade e o reinício das atividades respectivamente.
Optou-se para o gráfico a apresentação de dados contínuos e/ou regulares,
correspondente aos anos de 2010 a 2015. Embora a figura demonstre uma oscilação,
há uma pequena ascendência da curva de 2014 a 2015, muito em função das atividades
ultimamente promovidas pelo Núcleo conforme já explicitado pelo ENTREVISTADO 3.
35

1300

1250

1200

1150

1100

1050

1000

950

900

850

800
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Figura 4: Curva de ascendência dos frequentadores do Núcleo Espírita Humberto de
Campos: eixo (x): Anos; eixo (y): Frequência.

Para Pires (1989), as pessoas que temem o espiritismo não conhecem a


doutrina, o horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo.
O desconhecimento do Espiritismo por parte de seus adversários tem sido um problema,
desde os tempos de Kardec (SPINOLA, 1997).
Segundo o ENTREVISTADO 3 não aconteceram manifestações contra a
doutrina, alguns “olhavam torto,” outros tinham “um pé atrás,” entretanto a relação
tornou-se respeitosa por haver o reconhecimento das pessoas quanto à boa conduta
dos participantes e da proposta de caridade da doutrina de acordo com o
ENTREVISTADO 2: “Os participantes do Núcleo espírita Humberto de Campos são
vistos com bons olhos devido às ações sociais promovidas”.
Para os entrevistados não houve reações abertas da Igreja Católica contra o
Núcleo Espírita, confirmando as atitudes comportamentais históricas da população
brasileira relatadas nas obras de Machado (1997), Spinola 1997), Stoll (2004) e
Fernandes (2008). Mesmo com uma sociedade tradicionalmente católica, segundo o
ENTREVISTADO 1, “alguns, às vezes, compareciam às reuniões por curiosidade”
enquanto outros, “por medo do desconhecido ou preconceito atravessavam a rua para
não passarem em frente à entrada do Núcleo”, conforme as palavras do
ENTREVISTADO 3.
Em pesquisas proferidas por Moraes e Júnior (2015), há pouca percepção das
pessoas em relação à casa espírita, bem como seu papel social nas cidades brasileiras.
O mesmo autor cita um trecho de resposta a uma questão formulada em debate
realizado com Divaldo Pereira Franco em 20/04/1980. Indagado a respeito da atuação
transformadora da Casa Espírita sobre o ambiente social ao seu redor Divaldo
respondeu: “Se tivermos a presunção de mudar o meio social de imediato, nós
falharemos nas nossas metas, porque o nosso objetivo é criar as bases de um mundo
feliz, partindo da transformação moral do homem, conforme propôs o codificador”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Núcleo Espírita Humberto de Campos vem consolidando o seu papel


fundamental na caridade o qual tem evoluído no sentido de promover as suas atividades
às pessoas necessitadas. Tal fato vem aos poucos fomentando o movimento espírita na
36

cidade, embora ainda haja oscilações e pouca assiduidade entre os frequentadores. A


casa atualmente se dá ao luxo de resistir a essas intempéries presenciais passadas,
pois há um pequeno grupo fiel, participativo em reuniões e qualificado para prestarem
os serviços necessários ao que presa para os trabalhos em prol da comunidade. Além
disso, o núcleo hoje conta com parcerias das casas espirituais da região, organizadas
em seus conselhos, participando ativamente de cursos, eventos e palestras.
Embora a tradição religiosa pedralvense seja católica, Pedralva caracteriza-se
por uma sociedade cristã diversa, destacando-se, inclusive, a ascensão protestante nos
últimos anos, confirmando a livre iniciativa de expressão religiosa brasileira, ou o
laicismo, que repudia qualquer interferência de qualquer religião ou crença e o respeito
imprescindível a liberdade do próximo.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARISIO, C. M. Chico Xavier, caridade e o mundo de César: um olhar sobre o modo de


gestão da assistência social espírita da cidade de Uberaba - MG. 2008. 155 f.
Dissertação (Mestrado em Administração). Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia. Disponível em: http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/2908. Acesso
em: 14 jan. 2014.

CRISTIANO, E.; NORA. Aconteceu na casa espírita. Campinas: Centro Espírita Allan
Kardec, departamento editorial. 2002. 192 p.

FEB 2006 (Federação Espírita Brasileira). Orientação ao Centro Espírita. Disponível em:
<http://www.febnet.org.br/ba/file/Downlivros/orienta.pdf>. Acessado em: 26 jul. 2016.

FERNANDES, P. C. C. As Origens do Espiritismo no Brasil: Razão, Cultura e


Resistência no Início de uma Experiência (1850-1914). 2008. 139 f. Dissertação
apresentada ao Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília/UnB como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre – Universidade de Brasília,
Brasília. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/6322/1/2008_PauloCesarCFernandes.pdf.
Acesso em: 15 jul. 2016.

FLAUSINO, V.; MEDEIROS, O. R. C.; JUNIOR, V. M. V. “Na casa de meu Pai, há muitas
moradas”: a doutrina espírita no modo de pensar dos gestores de Uberaba/MG. In: VIII
Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD, 2014, Gramado/RS. p. 1-15.

IBGE 2015 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Disponível em:


http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=314910&search=
minas-gerais|pedralva|infograficos:-historico. Acessado em: 26 jul. 2016.

KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. Rio de Janeiro: Federação Espírita do Brasil. 2003.
578 p.

MACHADO, U. Os intelectuais e o Espiritismo: de Castro Alves a Machado de Assis.


Rio de Janeiro: Antares. 1997. 269 p.

MORAES, E. I.; JUNIOR, F. B. M. Gestão da Casa Espírita – trabalho de equipe.


Goiânia: Edição dos autores. 2015. 144 p.

MARIANO, R. Secularização na Argentina, no Brasil e no Uruguai: Suas lutas no


passado e no presente. In: ORO, Ari Pedro. Religião e política no cone sul – Argentina,
Brasil e Uruguai. São Paulo: Attar, CNPq/Pronex, 2006. p. 223-252.
37

NEGRÃO, L. N. Refazendo antigas e urdindo novas tramas: trajetórias do sagrado.


Religião e Sociedade, v. 18, n. 2, p. 63-74, 1997.

ORO, A. P. Religião e política no Brasil. Religião e política no cone sul – Argentina,


Brasil e Uruguai. São Paulo: Attar, CNPq/Pronex, 2006. p. 75-156.

PIRES, J. H. O Centro Espírita. São Paulo: Editora Paidéia LTDA. 1980. 129 p.

PIRES, J. H. O Homem Novo. São Bernardo do Campo: Editora Espírita Correio


Fraterno do ABC. 1989. 58 p.

SCHUBERT, S. C. Dimensões Espirituais do Centro Espírita. Brasília: FEB (Federação


Espírita Brasileira. 2012. 320 p.

SPINOLA, M. M. Centro Espírita: uma revisão estrutural. Santos: CPDOc – Centro de


Pesquisas e Documentação Espírita. 1997. 104 p.

STOLL, S. J. Narrativas biográficas: a construção da identidade espírita no Brasil e sua


fragmentação. Estudos Avançados, v. 18, n. 52, p. 181-199, 2004.

TERRA. R. Fluxos do Espiritismo Kardecista no Brasil: dentro e fora do continuum


mediúnico. 2011. 192 f. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em
Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual
Paulista – UNESP – Campus de Marília, para obtenção do título de Mestre em Ciências
Sociais, Marília. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-
Graduacao/CienciasSociais/Dissertacoes/terra_r_me_mar.pdf. Acesso em: 15 jul. 2016.

UEM (União Espírita Mineira). O Dirigente de Reuniões Mediúnicas. Belo Horizonte:


União Espírita Mineira. 2013. 30 p.
38

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO SOBRE A MEDIUNIDADE NO MOVIMENTO ESPÍRITA

Autor – BERTOZZI, Carlos Alberto Milani


Instituição – Casa Espírita Cairbar Schutel de Ouro Fino

Autor – ARAÚJO, Ricardo Paduan Pereira de


Instituição – Lar Espírita Mãos de Amor – LEMA de Santa Rita do Sapucaí

RESUMO

A mediunidade no Movimento Espírita apresenta diversos desafios, tanto para o médium


de forma individual, como para as instituições envolvidas. Esta pesquisa tem por objetivo
analisar a percepção dos espíritas sobre a mediunidade no Movimento Espírita dentro
da área de atuação do 23º CRE, sediado em Santa Rita do Sapucaí e envolvendo 53
municípios do Sul de Minas Gerais. A metodologia desta pesquisa consiste em um
estudo de caso. Os resultados mostram que na maior parte dos Centros cujos
respondentes preencheram o questionário há reuniões mediúnicas privativas. Entre os
tipos de mediunidade, nota-se que a maior parte dos respondentes não possuem
mediunidade ostensiva e, dos médiuns com mediunidade ostensiva, a maioria foi de
médiuns com 2 ou mais tipos de mediunidade. O uso das Obras Básicas do Espiritismo
Cristão mostrou-se elevado nos Estudos Mediúnicos, que são conduzidos por quase a
totalidade dos Centros Espíritas mencionados nesta pesquisa, e a maioria dos
respondentes participa desses estudos assiduamente. Quanto às dificuldades
apontadas, uma diversidade delas foi citada, com destaque para a falta de vontade de
estudar dos médiuns e de preparo, neste caso de médiuns e dialogadores. Conclui-se
com esta pesquisa que a atividade mediúnica, apesar de ter ficado suspensa durante
um bom período na maior parte dos Centros (algo que não foi objeto desta pesquisa) é
uma atividade importante e que volta a ter suas Reuniões nos Centros que já voltaram
com atividades presenciais. Conclui-se também que a AOM – Área de Orientação
Mediúnica do 23º CRE poderá, a partir desta pesquisa, mapear áreas que necessitam
ser desenvolvidas, bem como caberá a ela buscar soluções junto ao CRE e à UEM, se
necessário, para mitigar as dificuldades levantadas por essa pesquisa.

Palavras-chave: Médium. Mediunidade. Movimento espírita.

1 INTRODUÇÃO

A mediunidade no Movimento Espírita apresenta diversos desafios, tanto para o


médium de forma individual, como para o Centro Espírita de forma geral e para as AMEs
(Alianças Municipais Espíritas), os CREs (Conselhos Regionais Espíritas), a UEM
(União Espírita Mineira) e a FEB (Federação Espírita Brasileira) de forma mais ampla.
Esta pesquisa, feita via Internet em grupos selecionados de trabalhadores e dirigentes
espíritas tem por objetivo analisar a percepção dos espíritas sobre a mediunidade no
Movimento Espírita dentro da área de atuação do 23º CRE, sediado em Santa Rita do
Sapucaí e envolvendo 53 municípios do Sul de Minas Gerais.
A metodologia desta pesquisa consiste em um estudo de caso. Busca-se
conhecer a realização (ou não) das Reuniões Mediúnicas nos Centros Espíritas e se
elas são privativas ou públicas nos Centros onde ocorrem, bem como se os
respondentes participam ou não dessas Reuniões. Procura-se conhecer os tipos de
mediunidade dos respondentes, basicamente se possuem ou não mediunidade
ostensiva, e entre médiuns com mediunidade ostensiva, qual(is) o(s) tipo(s) de
mediunidade ostensiva que possuem. O uso de livros e apostilas (da UEM ou da FEB)
também é alvo desta pesquisa, bem como a condução ou não de Estudos Mediúnicos
39

pelos Centros Espíritas, além da presença ou não dos respondentes desta pesquisa
nesses estudos.
Quanto às dificuldades em relação à Área Mediúnica, busca-se entender quais
são as que mais se destacam e, a partir desta pesquisa, a AOM (Área de Orientação
Mediúnica) do 23º CRE mapeará áreas de maior interesse/necessidade sobre o tema
Mediunidade e proporá planos de ação que visem ajudar às AMEs e Centros Espíritas.

2 MEDIUNIDADE: ASPECTOS CONCEITUAIS

Conceituam-se abaixo os termos mediunidade, médium e faz-se breve


explanação sobre a variedade dos médiuns (ou tipo de mediunidade, como usa-se
atualmente), tomando por base os ensinamentos do Livro dos Médiuns e outras fontes
que fazem alusão a ele e a outras obras relevantes para o Espiritismo Cristão. “A
mediunidade é assunto amplamente conhecido em todos os tempos e em todos os
lugares da Terra. Não foi o Espiritismo que inventou a mediunidade” (Mediunidade-
Aspectos Gerais-UEM).
Essa importante mensagem da UEM (União Espírita Mineira) elucida a questão
da invenção ou criação da mediunidade, esclarecendo que o fenômeno existe e é
conhecido em todos os tempos e lugares, ficando implícito que é uma criação Divina, e
que não foi criada ou inventada pelo Espiritismo. “E, muito antes, a História já nos
oferecia um sem número de relatos acerca dos “oráculos”, “pitonisas” e afins, para
comprovar a existência do mundo espiritual e das entidades que o habitam”
(Mediunidade-Aspectos Gerais-UEM).
Eis acima exemplos de atividade da mediunidade que remontam a séculos atrás,
muito antes da vinda do Mestre Jesus Cristo para a Terra. “De acordo com Allan Kardec,
mediunidade, (...), é a “faculdade dos médiuns”; e, por médium, Kardec define: “pessoa
que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens” (Mediunidade-
Aspectos Gerais-UEM).
Essas definições simples e específicas de Allan Kardec tanto sobre a
Mediunidade como sobre o Médium, deixam clara a atividade e quem a executa.

O Espiritismo, realmente, criou essa terminologia; no entanto, não foi a


Doutrina Espírita que criou o que ela representa. Em verdade, a
comunicação com os Espíritos era fato corriqueiro nos primeiros
tempos do Cristianismo. Aliás, o próprio Cristo mantinha constante
comunhão com o plano invisível. Esse aspecto pode ser observado
quando, no Tabor, os discípulos presenciam a conversa de Jesus com
Elias e Moisés, já desencarnados” (Mediunidade-Aspectos Gerais-
UEM).

Um esclarecimento bastante válido, pois apesar de não criar ou inventar a


Mediunidade, o Espiritismo inovou ao usar essa terminologia. A comunicação com os
espíritos sempre existiu, mas o termo Mediunidade surgiu com o Espiritismo.

André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, ainda oferece nova


definição para o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, ao
dizer que “a mediunidade é faculdade inerente à própria vida, (...) qual
o dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por
tantas glórias e infortúnios na Terra” (Espírito André Luiz in Xavier,
Francisco Cândido, Evolução em Dois Mundos apud Mediunidade-
Aspectos Gerais-UEM).

Este termo é bastante usado correntemente, ou seja, a Mediunidade é uma


faculdade do indivíduo, tão corriqueira como é a visão comum, e não se trata de um
40

dom ou qualidade especial atribuída a um espírito. Quanto à variedade dos médiuns (ou
tipos de mediunidade) que foi usada no questionário, o Livro dos Médiuns nos ensina:

“160. Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a


produzir fenômenos materiais, como os movimentos dos corpos
inertes, ruídos etc.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis
164. Chamam-se assim às pessoas suscetíveis de sentir a presença
dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve
roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem
explicar.
Médiuns audientes (ou auditivos*)
165. Estes ouvem a voz dos Espíritos.
Médiuns falantes (ou psicofônicos*)
166. Estes (...), as mais das vezes, nada ouvem. Neles, o Espírito atua
sobre os órgãos da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns
escreventes.
Médiuns videntes
167. Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os
Espíritos.
Médiuns curadores (ou de cura*)
175. (...) Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste,
principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo
simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de
qualquer medicação.
Médiuns Escreventes ou Psicógrafos (de Psicografia*)
178. De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais
simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo” (Kardec, Allan, O
Livro dos Médiuns, ou Guia dos médiuns e dos evocadores: Espiritismo
experimental).

3 MÉTODOS DA PESQUISA

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica


em torno do Livro dos Médiuns e outros livros relevantes sobre mediunidade. A
metodologia desta pesquisa consiste em um estudo de caso e foi feita através da
utilização dos seguintes instrumentos: entrevista com algumas pessoas sobre a
mediunidade e aplicação de questionário fechado, através do envio de link para grupos
de WhatsApp selecionados, obedecendo o seguinte fluxo:

Figura 1 – Fluxo de procedimento metodológico.

Entrevista com
pessoas dotadas
Elaboração de de mediunidade Análise das
Pesquisa um e aplicação do informações
bibliográfica questionário questionário junto coletadas
sobre o tema estruturado ao movimento
espírita

Fonte: Elaborado pelos autores

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

O questionário ficou disponível entre os dias 30 de junho e 9 de julho de 2021 e


81 respostas foram computadas, sendo que uma pessoa respondeu 2 vezes.
41

Com relação às cidades dos respondentes, a maioria se compôs de cidades do


23º CRE, mas alguns respondentes moram em cidades fora do escopo deste CRE,
sendo que entre eles há os que frequentam Centros Espíritas do 23º CRE e outros que
frequentam Centros em suas cidades de moradia.
Do total, 86,5% dos respondentes pertencem a cidades do 23º CRE. Abaixo
pode-se ver quantos respondentes participaram, por cidade. As primeiras cidades estão
na área de atuação do 23º CRE e as cidades em vermelho são de outros CREs ou até
de outro estado (São Paulo). A participação de cada um foi fundamental para a
realização deste artigo e o 23º CRE agradece imensamente a cada participante, que
investiu seu tempo para responder ao questionário.

Respondentes por Cidade


30
26
25

20
16
15
9
10
4 4 4 5
5 3 2 1 1 1 1 1 1 1 1
0

Fonte: Elaborado pelos autores.

Nota-se acima que, dentre as cidades do 23º CRE Itajubá, Santa Rita do Sapucaí
e Pouso Alegre foram as cidades com maior número de respondentes, seguidas por
Pedralva, Monte Sião, Bueno Brandão e depois por Ouro Fino, Extrema, Piranguinho e
Brasópolis. São Paulo-SP, Guarulhos-SP, Itanhadú-MG, Jundiaí-SP, Mongaguá-SP,
Santo André-SP e São Lourenço-MG foram as cidades que não estão na área de
atuação do 23º CRE e que também tiveram respondentes.
Quanto aos Centros Espíritas que responderam, houve um total de 31, sendo
59% deles pertencentes ao 23º CRE. Abaixo a lista de Centros, em ordem alfabética.
Os Centros em vermelho não pertencem à área de atuação do 23º CRE.

Auxiliadores Espirituais - São Lourenço-MG


C. E. Nova Era - São Paulo - SP
Casa da Marcela - Jacarei - SP
Casa Espírita Cairbar Schutel - Ouro Fino - MG
Casa Espírita de Caridade Irmã Esmeralda - SP - SP
Casa Espírita Paulo e Estevão - Monte Sião-MG
CEAC Centro Espírita Amor e Caridade Santaritense - SR Sapucaí - MG
Ceak (Centro Espírita Allan Kardec) - Itajubá - MG
CEEL - Brasópolis - MG
CEFEC Centro Espírita Fé, Esperança e Caridade - Itajubá - MG
CEI - Casa Caminho da Luz - Itajubá - MG
Centro Espírita Alicerce da Fé - Itanhandu - MG
42

Centro Espírita Amor a Verdade Mãe Maria - SR Sapucaí - MG


Centro Espírita Antônio de Pádua - Ouro Fino - MG
Centro Espírita de Caridade Irmã Esmeralda - São Paulo - SP
Centro Espírita Fé, Amor e Caridade - Extrema - MG
Centro Espírita Irmão Alexandre - Pouso Alegre - MG
Centro Espírita Luz e Caridade - Mongaguá - SP
Centro Espírita Perseverança - São Paulo - SP
CEVS - Centro Espírita Vinhas do Senhor - Pouso Alegre - MG
CIE Sociedade Espírita Irmã Esmeralda - Guarulhos - SP
Lar Espírita Amor e Luz - Extrema – MG
Lar Espírita Mãos de Amor - LEMA - SR Sapucaí - MG
LEAL - Lar Espírita Amor e Luz - São Paulo - SP
Lema/Ceac - SR Sapucaí
NEFA (Núcleo Espírita Fraternidade e Amor) - Itajubá - MG
Nenhuma
Núcleo Espírita Humberto de Campos - Pedralva - MG
Núcleo Espírita Nosso Lar - SR Sapucaí - MG
Rancho da Luz Francisco de Assis - Casinha do Pão-Bueno Brandão - MG
SEEPE Sociedade de Estudos Espiritas Paulo Estevão - Monte Sião - MG

Quanto à pergunta sobre a realização de reunião espírita nos Centros Espíritas,


bem como a participação do respondente à mesma, 15 respondentes (19% do total de
respondentes) afirmaram não haver reuniões mediúnicas em seus Centros Espíritas, 58
(72%) disseram haver reunião mediúnica, sendo a mesma privativa (ou seja, somente
os componentes do grupo mediúnico podem participar) e 8 (10%) informaram que há
reuniões e são públicas (abertas ao público). Sabe-se que muitos Centros, talvez a
maioria deles, ainda não retomou as atividades presenciais e, desta forma, muitas
reuniões mediúnicas devem estar com atividades suspensas neste momento, mas
entende-se que a resposta diz respeito às atividades que vinham sendo conduzidas
(mesmo que suspensa momentaneamente) ou que já foram retomadas (alguns Centros
já retomaram, com todos os cuidados sanitários e seguindo as determinações e
protocolos de cada município). Em relação aos Centros Espíritas, a divisão se apresenta
abaixo, com percentuais um pouco distintos dos acima (depende do número de
respondentes por Centro). Nota-se que na maioria dos Centros há reunião mediúnica e
é privativa.

Realização de Reunião Mediúnica

20% 20%

60%

Não há Reunião Mediúnica


Sim, e é privativa (somente participam os componentes do grupo)
Sim, e é Pública (Aberta ao público)

Fonte: Elaborado pelos autores.


43

Quanto à participação dos respondentes em Reuniões Mediúnicas, obteve-se


que 13 deles (16%) não participam de reuniões mediúnicas e igualmente outros 13
(16%) não participam, mas estão aguardando o momento propício para participar de
uma reunião mediúnica (seja estudando ou aguardando a formação de novo grupo
mediúnico), 17 (21%) deles já participaram de reunião mediúnica, mas não participam
mais e finalmente o maior grupo, composto por 38 respondentes (47%) que participam
de reuniões mediúnicas assiduamente.
Em relação às necessidades prévias do pretendente a participar de reunião
espírita, tivemos respostas variadas, mas a mais frequente foi que para participar de
uma reunião mediúnica, passa-se por uma entrevista, participa-se de Estudo sobre
Mediunidade e depois disso pode-se fazer parte de um grupo Mediúnico, com 50
respondentes (62%). Oito respondentes (10%) não souberam informar o que é preciso,
7 (9%) disseram não ser necessário estudo prévio. As demais respostas foram diversas,
mas 11 respostas (14%) apontam para a necessidade de estudo prévio, em alguns
casos com duração de até 2 anos. Desta forma, calcula-se que na maioria dos casos
(76%, ou 61 respostas) é necessário estudo prévio e continuado, bem como há um
processo para que se possa iniciar os trabalhos junto às Reuniões Mediúnicas, com
entrevista ou conversa com um ou mais membros já participantes do Grupo
Mediúnico/dirigentes dos trabalhos.
Em relação aos tipos de mediunidade, 40 respondentes (49%) apontaram que
não possuem mediunidade ostensiva. Quanto à mediunidade ostensiva, percebe-se que
a maioria dos médiuns afirma possuir mais de um tipo de mediunidade. Os que afirmam
possuir apenas um tipo de mediunidade se apresentam da seguinte forma:

Fonte: Elaborado pelos autores.

Desta forma, analisando as respostas dos que Médiuns afirmam ter apenas um
tipo de mediunidade temos que 12% dos respondentes (10, no total) se dizem Médiuns
Psicofônicos ou Falantes, 5% Médiuns Sensitivos ou Impressionáveis (4), 2% Médiuns
de Psicografia (2) e 1% Médiuns Videntes (1). As explanações sobre cada tipo de
Mediunidade encontram-se descritas anteriormente neste artigo, no tópico 2,
Mediunidade: Aspectos Conceituais. Assim, obteve-se nesta pesquisa 49% de médiuns
não-ostensivos, 20% de médiuns com um único tipo de mediunidade e os restantes 31%
dos médiuns possuem 2 ou mais tipos diferentes de mediunidade.
Na pergunta sobre a existência de Estudos Mediúnicos, obteve-se o seguinte
resultado:
44

Estudos Mediúnicos e Participação


60 53
50
40
30
20 15
10
10 3 Total
0
Não há Estudo Sim, e participo Sim, e participo Sim, mas não
sobre assiduamente eventualmente participo de Grupo
Mediunidade na de Estudo sobre
Casa Espírita que Mediunidade
participo

Fonte: Elaborado pelos autores.

Percebe-se que 4% dos respondentes (3) responderam que não há estudo sobre
Mediunidade em seu Centro Espírita, 12% deles (10) responderam que há Estudos
Mediúnicos e eles participam eventualmente, 19% (15) ainda responderam que há
Estudos Mediúnicos, mas eles não participam dos grupos de Estudo. A grande maioria,
portanto, ou seja, 65% dos respondentes (53) responderam que há estudos e eles
participam assiduamente. Calcula-se em 25 (31%) o total de médiuns que ou não
participa ou participa eventualmente, duas situações que se encontram descritas nas
dificuldades em relação ao trabalho mediúnico, abordado abaixo.
Novamente alerta-se para a situação da pandemia e, apesar de não ser foco
desta pesquisa, sabe-se que vários Centros mantiveram estudos e vibrações (sem
atividade mediúnica de comunicação) de forma online durante este período e alguns
Centros já retomaram os Estudos de forma presencial, igualmente às Reuniões
Mediúnicas, com todos os cuidados sanitários e seguindo as recomendações e
protocolos de cada município.
Em relação aos livros e apostilas usados, tanto pelos Centros Espíritas, como
pelos respondentes (eventualmente até mesmo de forma individual), seja em estudos
presenciais ou online (essa informação não foi alvo desta pesquisa), apenas 1
respondente disse ter usado um único material, a Apostila da FEB (Federação Espírita
Brasileira). Todos os demais fizeram uso de 2 ou mais materiais para estudar e se
preparar para o trabalho mediúnico. Em resumo, o uso dos livros e apostilas mostra-se
da seguinte forma:

Uso de Livros e Apostilas - número de citações por obra

Apostila sobre Mediunidade da FEB 36


Apostila sobre Mediunidade da UEM 40
Outros Livros/materiais sobre Mediunidade 58
O Livro dos Médiuns 71
O Evangelho segundo o Espiritismo 75
O Livro dos Espíritos 78
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Fonte: Elaborado pelos autores.


45

Percebe-se que o uso das obras básicas de Allan Kardec é bastante difundido e
78 respondentes (22%) mencionaram o uso de O Livro dos Espíritos, 75 respondentes
(21%) de O Evangelho Segundo o Espiritismo e 71 disseram que usam O Livro dos
Médiuns (20%). Essas obras foram usadas de forma combinada em diversas situações,
seja entre si ou junto com outros livros e materiais sobre Mediunidade (não foram
solicitados seus nomes, foram apenas marcados como Outros), conforme 58
respondentes (16%), ou com Apostilas sobre Mediunidade da UEM (União Espírita
Mineira) segundo 40 respondentes (11%), ou ainda com Apostilas sobre Mediunidade
da FEB (Federação Espírita Brasileira0 conforme 36 respondentes (10%). Havia uma
curiosidade e uma expectativa quanto ao uso de O Livro dos Médiuns, a expectativa de
confirmou, com o uso mais intensivo de outras Obras Básicas - O Livro dos Espíritos e
O Evangelho segundo o Espiritismo como principais obras em uso, mas, uma agradável
surpresa ao notar um percentual elevado (20%) de uso de O Livro dos Médiuns.
Quanto às dificuldades encontradas, as principais foram elencadas no gráfico
abaixo, sendo que a falta de estudo ou o desinteresse pelo estudo pelos médiuns,
juntamente e como consequência disso a falta de preparo dos médiuns (neste caso,
também falta de preparo dos dialogadores) bem como a falta de responsabilidade, de
comprometimento ou de disciplina dos integrantes do grupo mediúnico. De certa forma,
um fator carreia o próximo, pois sem estudo não há compreensão ampla do que se faz
nem do porquê se faz e isso afeta o preparo dos médiuns e dos dialogadores na
execução do seu trabalho e, também por não ter compreensão ampla, o
comprometimento com o trabalho, a responsabilidade e a disciplina (vigiar e orar,
durante todas as horas de todos os dias) também são afetadas.
Abaixo estão listadas todas as situações que obtiveram 3 ou mais citações (ou
se enquadraram numa das citações, por serem parecidas e/ou terem significado similar).

21%
19%

9%
8%
7%
6% 6%
5% 5%
3% 3%

Fonte: Elaborado pelos autores.


46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A metodologia desta pesquisa consiste em um estudo de caso e seus resultados


mostram que na maior parte dos Centros cujos respondentes preencheram o
questionário há reuniões mediúnicas privativas (60%), sendo públicas em 20% e outros
20% não realização reuniões mediúnicas.
Entre os tipos de mediunidade, nota-se que 49% dos respondentes não possuem
mediunidade ostensiva, e dos médiuns com mediunidade ostensiva, a maioria foi de
médiuns com 2 ou mais tipos de mediunidade (31%) e os 20% restantes têm um tipo de
mediunidade, assim distribuídos: 12% dos respondentes se dizem Médiuns
Psicofônicos ou Falantes, 5% Médiuns Sensitivos ou Impressionáveis, 2% Médiuns de
Psicografia e 1% Médiuns Videntes.
O uso de livros considerados Obras Básicas do Espiritismo mostrou-se elevado
nos Estudos Mediúnicos, que são conduzidos por quase a totalidade dos Centros
Espíritas mencionados nesta pesquisa (96%), e a maioria dos respondentes participa
desses estudos assiduamente (65%). Os livros foram usados de forma conjunta (nem
sempre todos juntos, mas sempre 2 ou 3, ou até todos), e junto a Apostilas da FEB ou
UEM. 22% dos respondentes mencionaram o uso de O Livro dos Espíritos, 21% O
Evangelho Segundo o Espiritismo e 20% O Livro dos Médiuns.
Quanto às dificuldades apontadas, uma diversidade delas foi citada, com
destaque para a falta de vontade de ou (desinteresse em) estudar (21%), a falta de
preparo tanto de médiuns como de dialogadores (19%), falta de comprometimento,
disciplina e responsabilidade (9%) e o desinteresse em participar em outras atividades
do Centro Espírita (8%). Se em outro momento esta pesquisa se repetir, poder-se-á
analisar comparativamente e perceber se como os percentuais aumentam ou diminuem.
Conclui-se com esta pesquisa que a atividade mediúnica, apesar de ter ficado
suspensa durante um bom período na maior parte dos Centros (algo que não foi objeto
desta pesquisa), é uma atividade importante e que volta a ter suas Reuniões nos
Centros que já voltaram com atividades presenciais. Conclui-se também que a AOM –
Área de Orientação Mediúnica do 23º CRE poderá, a partir desta pesquisa, mapear
áreas que necessitam ser desenvolvidas, bem como caberá a ela buscar soluções junto
ao CRE e à UEM, se necessário, para mitigar as dificuldades levantadas por essa
pesquisa.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA. N. T. 22. ed. Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira, 1986.

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, ou Guia dos médiuns e dos evocadores:
Espiritismo experimental. Trad. de Guillon Ribeiro. 71. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003.

_____________ Evangelho segundo o Espiritismo: com explicações das máximas


morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas
circunstâncias da vida. Trad. de Guillon Ribeiro, 97. ed. Rio de Janeiro: FEB,1987.

UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA. Apostila Mediunidade – Aspectos Gerais. Belo Horizonte,


2013

XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 5.
ed. Rio de Janeiro. FEB, 1979.
47

ANÁLISE DO AMBIENTE DE ATUAÇÃO DO 19º CRE – SANTA LUZIA, MG

Autores – BITENCOURT, Ayla Patricia; GOMES, Carlos; URBANAVICIUS JÚNIOR,


Vladas

Instituição – 19º Conselho Regional Espírita de Santa Luzia/ Núcleo Espírita


Fraternidade e Amor – NEFA / Lar Espírita Mãos de Amor – LEMA

A estruturação do Movimento Espírita exige um conjunto de técnicas e modelos


administrativos, tendo sempre como base as diretrizes do evangelho. Desta forma, os
Coordenadores de Conselhos Regionais precisam conhecer profundamente as
características demográficas da sua região de atuação, assim como, os corações que
dela fazem parte. Este trabalho tem por objetivo geral analisar o ambiente de atuação
do 19º Conselho Regional Espírita de Santa Luzia, Minas Gerais. De forma mais
específica, o trabalho realiza o mapeamento das cidades pertencentes à sua jurisdição
e realiza o agrupamento em áreas de atuação para cada AME. O método de pesquisa
adotado é o estudo de caso e os dados foram obtidos por meio de entrevistas, coleta de
dados secundários e observação participante. Os resultados apontam para a
necessidade de organização e planejamento das ações do 19º CRE de forma alinhada
e direcionada a micro regiões. Conclui-se com o trabalho que cada vez mais torna-se
mais relevante a união e colaboratividade no movimento espírita, de forma que o mesmo
cresça de forma conjunta e dentro dos princípios éticos e morais do evangelho cristão.

Palavras-chave: Movimento Espírita. Movimento Federativo. Conselho Regional


Espírita.

1 INTRODUÇÃO

A estruturação do Movimento Espírita exige um conjunto de técnicas e modelos


administrativos, tendo sempre como base as diretrizes do evangelho. Desta forma, os
Coordenadores de Conselhos Regionais precisam conhecer profundamente as
características demográficas da sua região de atuação, assim como, os corações que
dela fazem parte.
Historicamente surgiram entidades federativas, nacionais e estaduais no sentido
de tentar-se unificar o pensamento Espírita no país. Esse processo, ainda inacabado,
tem permitido um certo alinhamento, embora apresentando certa dificuldade por falta de
informação, de interesse, dentre outros motivos.
Este trabalho foi desenvolvido a partir da adaptação ao trabalho desenvolvido
por Urbanavicius Júnior e Gomes (2020). Deste modo, o artigo utiliza-se do modelo de
análise desenvolvido pelos referidos autores para entender a região do 19º Conselho
Regional Espírita de Santa Luzia.
Propõe-se, também com esse trabalho analisar o ambiente de atuação do 19º
Conselho Regional Espírita de Minas Gerais, mapear as cidades pertencentes à sua
jurisdição e agrupá-las em áreas de atuação para cada AME; realizar uma rápida
identificação do número de espíritas per capta de cada cidade e de cada microrregião
de atuação das AME’s; discorrer sobre as principais ações de unificação desenvolvidas
na região e apresentar a importância de se federalizar os Centros Espíritas.

2 METODOLOGIA ADOTADA

Para a execução dessa pesquisa foi escolhido, primeiramente, o método da


revisão bibliográfica. Procurou-se, a partir da leitura de livros a respeito do tema
embasar a fundamentação teórica, bem como a realização da escrita.
48

O método de pesquisa adotado é o estudo de caso e os dados foram obtidos por


meio de dados secundários disponíveis em plataformas oficiais do governo e da análise
do ambiente de atuação do objeto de estudo.
Para verificação dos dados, foram realizadas análises numéricas e os resultados
foram obtidos pela comparação dos dados obtidos.
A análise qualitativa foi obtida por meio da observação participante dos autores
no ambiente de atuação do 19º Conselho Regional Espírita – Santa Luzia, MG. A figura
1 apresentada a seguir mostra os procedimentos metodológicos da pesquisa.

Figura 1: Procedimentos metodológicos da pesquisa.

Fonte: Dados da pesquisa.

3 MOVIMENTO ESPÍRITA FEDERATIVO NACIONAL

3.1 BREVE HISTÓRICO

Allan Kardec fundou o primeiro Centro Espírita chamado Sociedade Parisiense


de Estudos Espíritas em 12 de abril de 1858. Dois anos depois, em sua primeira viagem
a Lyon a convite do Sr. Guillaume, com o objetivo de divulgar a novel Doutrina dos
Espíritos, pisa, pela primeira vez um Centro Espírita fora de Paris e encontra a
recepcioná-lo o Sr. Dijou, operário , chefe de oficinas, e sua esposa.
Qual não fora sua emoção ao encontrar ali, em sua terra natal a concretização
dessa Doutrina que acabara de anunciar ao mundo: um Centro Espírita. Esse centro por
muito tempo fora lembrado como “o local da pira, onde se acende o fogo sagrado que
empunharão, através dos séculos, todos aqueles que se compromissarem, mesmo ao
preço de injúrias, suor e lágrimas a divulgar as glórias do Espiritismo pela bênção da
palavra” (KARDEC, 2000, p. 17)
No ano seguinte ao voltar a esse centro um operário o emociona profundamente
com o seu discurso de boas-vindas: “Viemos de longe e subimos as alturas de Saint-
Juste com um calor extenuante. Trouxemos conosco as nossas ferramentas de trabalho
juntamente com o pão e o queijo. Queríamos partilhá-lo convosco, um verdadeiro ágape
oferecido com a simplicidade antiga e o coração sincero” (IBID, p.20).
Continuando essas viagens, ao final do ano de 1862 Kardec assim se expressa
na Revista Espírita (1862):

Durante uma viagem de mais de seis semanas e um percurso de 193


léguas, estivemos em vinte cidades e assistimos a mais de cinquenta
reuniões. O resultado nos deu uma grande satisfação moral, sob o
duplo aspecto das observações colhidas e da constatação dos imensos
progressos do Espiritismo (KARDEC, 2000 p.22).
49

Kardec tinha como objetivo nessas viagens, além de abraçar os confrades,


observar a situação em que se encontrava a Doutrina Espírita e levar orientações aos
organizadores dos diferentes Centros Espíritas por onde passou.
“Desejávamos ver as coisas com nossos próprios olhos, para julgar do estado
real da doutrina e da maneira pela qual ela é compreendida...” (KARDEC, 2000, p. 40).
Em várias localidades por onde Kardec passou foi solicitado a ele orientação
para a formação de um grupo Espírita, dizia ele:
“constituir um núcleo de pessoas sérias, por mais restrito que seja o seu número (...)
Em seguida devem os seus membros fundadores estabelecer um regulamento
que se tornará em lei para os novos aderentes”. (KARDEC, 2000, p. 106).
Allan Kardec como o primeiro Espírita do mundo tem revelado através de seu
exemplo, como seguir o espiritismo e as atribuições de um Espírita verdadeiro.
Sendo assim, esse exemplo de suas viagens, o objetivo delas e sua
determinação em realizá-las serve de incentivo até hoje para os que desejam continuar
seu trabalho, congregando outros irmãos e irmãs a fazer o mesmo. Parte daí também a
motivação de se pesquisar a respeito do que se tem feito desde então no Movimento
Espírita mormente nesse país.

3.1.1 Advento do Espiritismo no Brasil

O primeiro centro Espírita no Brasil surgiu em 17 de setembro de 1865, em


Salvador, Bahia. Recebeu o nome de Grupo Familiar de Espiritismo, fundado pelo
jornalista Luís Olímpio Teles de Menezes (1828-1893).
A partir de então surgem em diferentes partes do país, como Rio de Janeiro, São
Paulo e Santa Catarina, outros grupos espíritas.
Segundo Damazio (1994) apud Camurça (2017) o início do Espiritismo no Brasil
se deu em meio a divergências, cisões e conflitos, desde o início, por questões internas
que separavam os adeptos do cientificismo espírita daqueles chamados místicos, por
se identificarem com o lado religioso da Doutrina.
A Federação Espírita Brasileira (FEB) fundada em 1884 procurou reunir todos os
grupos e estabelecer um programa passível de ser aceito por todas as “correntes”, mas
que acabou, com o tempo sendo testemunhas de várias dissidências e novas
fragmentações.
Machado (1983) apud Camurça (2017) afirma que, à época, diversas práticas
que não tinham origem em Kardec, mas que, de alguma forma, tratavam de assuntos
sobrenaturais ou espirituais, ficaram também conhecidas como “espiritismo”.
Segundo Perri de Carvalho (2017), durante a primeira metade do século XX a
FEB foi aos poucos desempenhando o seu papel, no sentido de harmonizar, do ponto
de vista institucional, as atividades espíritas no Brasil. Sob a liderança do presidente da
época Leopoldo Cirne (1870-1941), foi elaborado um documento denominado Bases de
Organização Espírita, aprovado durante o I Congresso Espírita, de outubro de 1904 -
criando normas para que os centros espíritas, pudessem aderir à FEB. Tal “organização
espírita” só seria consolidada, do ponto de vista formal, num acordo de união firmado
em 05 de outubro de 1949, denominado “Pacto Áureo”.
Nesse documento constam os princípios norteadores do acordo, objetivos,
direitos e deveres dos pactuantes.
Com o “Pacto Áureo”, continua Perri de Carvalho, foi criado o Conselho
Federativo Nacional (CFN) da FEB, composto por representantes de entidades
federativas dos Estados. A partir daí os centros espíritas não mais adeririam diretamente
à FEB, antes, passariam a aderir às entidades federativas de seus Estados e estas os
representariam no CFN da FEB.
Segundo esse autor, desde a sua criação o CFN - Conselho Federativo Nacional
da FEB tem se dedicado à definição de documentos de orientações e recomendações
50

aos centros espíritas do país. Esses documentos têm por objetivo estimular o estudo, a
prática e a difusão do espiritismo, fundamentados nos livros de Allan Kardec.
O autor alerta também que há um considerável número de centros espíritas no
Brasil que não estão unidos às respectivas entidades federativas espíritas estaduais e,
consequentemente, ao CFN da FEB.
Perri de Carvalho apresenta uma questão bastante grave ao dizer que, em suas
viagens pelo país, foi possível perceber a existência de um grande abismo entre aquilo
que aparece formalmente escrito nos documentos do CFN da FEB e as realidades dos
centros espíritas brasileiros e de seus frequentadores.

4 MOVIMENTO ESPÍRITA FEDERATIVO MINEIRO

A UEM - União Espírita Mineira é uma das federativas do país, representando o


estado de Minas Gerais. A data oficial de sua fundação é 24 de junho de 1908.
Alguns Congressos Espíritas foram realizados no estado de Minas Gerais, de 1944 a
2008, sendo que o de 1958 aprovou o esquema unificacionista para Minas Gerais,
segundo os moldes do Pacto Áureo Nacional de 1949.
Em 1964 é instalado o COFEMG - Conselho Federativo de Minas Gerais, órgão
unificador da UEM. Esse Conselho reúne-se anualmente na capital do estado para tratar
de assuntos pertinentes ao Movimento Espírita Mineiro.
O COFEMG é formado pelos 28 Conselhos Regionais Espíritas (CRE) divididos
em regiões no estado, a saber: Zona da Mata; Região Leste; Centro Norte; Triângulo e
Região Sul.
Para auxiliar, instruir e orientar o Movimento Espírita quanto à execução das
atividades pertinentes à Doutrina, a União Espírita Mineira e o COFEMG criaram áreas
de trabalho nas diversas frentes que constituem a lide na seara do Evangelho. A figura
apresentada a seguir mostra a divisão do estado de Minas Gerais por Conselhos
Regionais Espíritas.

Figura 2: Divisão do Estado de Minas Gerais por Conselhos Regionais Espíritas.

Fonte: União Espírita Mineira (2021).


51

5 MOVIMENTO FEDERATIVO DO 19º CONSELHO REGIONAL ESPÍRITA – SANTA


LUZIA, MG

Em Reunião do COFEMG - Conselho Federativo Espírita de Minas Gerais,


realizada no dia 18 de outubro de 1997, na sede da União Espírita Mineira, em Belo
Horizonte, foi aprovada por unanimidade a criação do Conselho Regional Espírita da
Bacia do Alto Rio das Velhas - CRE, 19ª Região. O novo CRE passou a abranger
inicialmente uma área envolvendo 25 cidades da Bacia do Alto Rio das velhas,
discriminadas no mapa abaixo, das quais sete destas cidades, possuíam AME's em
funcionamento (Caeté, Itabira, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Sabará, Santa Luzia e
Vespasiano); outras sete possuem Movimento Espírita e são adesas geograficamente
a AME mais próxima, citada anteriormente (Jaboticatubas, Lagoa Santa, Matozinhos,
Raposos, Rio Acima, São José da Lapa e Conceição da Mato Dentro); as demais
cidades de acordo com os nossos registros não possuem Centros Espíritas. O mapa
apresentado a seguir mostra as cidades pertencentes ao 19º CRE.

Figura 3: Região do 19º CRE.

Fonte: Dados da pesquisa.


52

O 19o CRE - Conselho Regional Espírita compõe junto aos demais CREs o
Conselho Federativo de Minas Gerais (COFEMG). Sediado na cidade Santa Luzia, na
região Centro Norte, encontra-se com uma equipe de gestores composta de presidente,
vice-presidente, secretária, tesoureiro e coordenadores de área de trabalho.
O quadro apresentado a seguir apresenta as cidades que possuem Aliança
Municipal Espírita e os Centros Espíritas Adesos.

Quadro 1: Instituições Espíritas Adesas


Cidade Instituições Adesas
Aliança Municipal Espírita; C. Esp. Vicente de Paulo;
Caeté Frat. Esp. Jardim da Esperança; Soc. Esp. Paulo de
Tarso; G.E. Casa do Caminho.
Conceição do Mato Dentro G. Esp. Casa do Caminho.
Aliança Municipal Espírita; C. Esp Bezerra de Menezes;
Itabira Grupo de Fraternidade Esp Maria da Graça C. Esp
Irmão Elias; G. Frat. Esp. Jésus Gonçalves; G. Frat.
Esp. Manoel Soares; Núcleo Assist. Joana de Angelis.
Jaboticatubas Casa Esp. Grupo de Fraternidade Esp Maria da Graça
Esp. Fé, Amor e Caridade.
Aliança Municipal Espírita; C. Esp. Bezerra de Menezes;
Nova Lima Frat. Esp. Irmão Horta; Assoc. Esp. André Luiz; Assoc.
Esp. Meimei; C. Esp. Paulo de Tarso; Ass. Esp. Maria
de Nazaré.
Raposos G. Esp. da Prece.
Rio Acima C. Esp. Miguel Arcanjo.
Aliança Municipal Espírita; G. Esp. Clayton L.
Sabará Magalhães; G. Esp. Lares Unidos; G. Esp. Casa do
Caminho; G. Esp. Frat. Eduardo Gomes; N. Assist.
Veleiro da Esperança; G. Esp. Obreiros do Senhor.
Santana do Riacho Centro Espírita Casa do Pai
Aliança Municipal Espírita; Casa de Caridade Esp.;
Nosso Lar; G. Frat. Esp. Irmã Fabíola; C. Esp. Bezerra
de Menezes; G. Esp. Amálai Domingos Soler; G. Esp.
Santa Luzia (19º Conselho Padre Germano; G. Esp. Eurípedes Barsanulfo; G. Esp.
Regional Espírita) Arthur Bernardes; Comunidade Cristã Irmão Cirineu
Prog.; Assis. Solar da Esperança; G. Frat. Esp. Irmã
Maria da Glória; G. Esp. Esperança; G. Esp. Luz e
Caridade; G. Esp. Anália Franco; G. Esp. Casa da Luz.
Fonte: Dados da Pesquisa.

6 RESULTADOS DA PESQUISA

6.1 MAPEAMENTO DA REGIÃO DE ATUAÇÃO DO 19º CONSELHO REGIONAL


ESPÍRITA – SANTA LUZIA

O quadro 2 apresenta uma visão geral da área de atuação do 19º CRE, indicando
as cidades, número de espíritas, população, número de espíritas por pessoas.

Quadro 2: Quadro Geral do 19º Conselho Regional Espírita (CRE).

CIDADES POPULAÇÃO PIB Per Capta NÚMERO DE ESPÍRITA PER


(2020) ESPÍRITAS CAPTA
1. Bom Jesus do 6.133 12.581,33 23,00 266,65
Amparo
53

2. Caeté 45.047 13.021,84 349 129


3. Conceição do Mato 17.503 44.742,28 78 224
Dentro
4. Congonhas do 7.589,04 0 0
Norte 5.046
5. Itabira 120.904 43.763,91 1.020 119
6. Itambé do Mato 2 1.028
Dentro 2.056 11.674,44
7. Jabuticatubas 20.418 131 155
10.503,70
8. Morro do Pilar 3.153 9.755,78 2 1.577
9. Nova Lima 98.855,84 1.938 49
96.157
10. Nova União 4 1.433
5.732 14.155,82
11. Passabém 0 0
1.633 11.386,19
12. Raposos 16.429 18.181,13 48 342
13. Rio Acima 10.420 13.003,57 161 64
14. Sabará 18.562,94 2.705 50
137.125
15. Santa Luzia 220.444 17.291,87 2.948 74
16. Santa Maria de 10.857 7 1.551
Itabira 15.028,24
17. Santana do Riacho 4.315 14.240,90 9 479
18. Santo Antônio do 1.760 12.245,62 0 0
Rio Abaixo
19. São Sebastião do 1.492 11.863,16 2 746
Rio Preto
20. Taquaraçu de 4.099 11.591,17 32 128
Minas
TOTAL 435.707 - 9.459,00 46
Fonte: Dados da pesquisa.

O último censo do IBGE foi realizado no ano de 2010. Ao observarmos os dados


do quadro 1, verifica-se um número total da população projetada pelo IBGE para a
Região do 19º CRE no ano de 2020 de 435.707 pessoas.
Ao observarmos o número de espíritas na região do 19º CRE no ano de 2010
encontramos um número total de 9459 pessoas. Verifica-se ainda que a região do 19º
CRE possui uma elevada proporção de espíritas per capta, sendo um espírita para cada
46 habitantes.
Estes números, ainda que estejam desatualizados, uma vez que possivelmente
o número de espíritas atual deve ser muito maior, mas constituiu-se em uma importante
base de dados para se tomar decisões e estipular políticas e diretrizes de atuação.

6.2 AS DEZ CIDADES COM MAIOR NÚMERO DE ESPÍRITAS NA REGIÃO DE


ATUAÇÃO DO 19º CONSELHO REGIONAL ESPÍRITA

A figura 4 apresenta as cidades com o maior número de espíritas na região de


atuação do 19º CRE.
54

Figura 4: Cidades com maior número de Espíritas na região.

CIDADES NÚMERO DE ESPÍRITAS


Santa Luzia 2.948
Sabará 2.705
Nova Lima 1.938 SUGESTÕES DE AÇÕES PARA A REGIÃO:
Fomentar a criação de AME com ação
Itabira 1.020 regional;
Caeté 349 Ofertar cursos de formação de trabalhadores;
Integrar as ações regionais;
Rio Acima 161
Promover eventos com pertencimento
Jabuticatubas 131 regional;
Criar ações de valorização e estreitamento
Conceição do Mato 78 das relações dos dirigentes das Casas
Dentro Espíritas.
Raposos 48
Taquaraçu de Minas 32

Fonte: Dados da pesquisa (IBGE, 2010).

Observa-se na figura 4, que Santa Luzia, Sabará e Nova Lima são as cidades
com maior número de espíritas declarados no Censo do IBGE 2010. A figura 3 ainda
apresenta sugestões de ações que seriam importantes no sentido de consolidar o
movimento espírita da região.

6.3 AS DEZ CIDADES COM MENOR NÚMERO DE ESPÍRITAS NA REGIÃO DE


ATUAÇÃO DO 19º CONSELHO REGIONAL ESPÍRITA

A figura 5 apresenta as cidades com o menor número de espíritas na região de


atuação do 19º CRE.

Figura 5: Cidades com menor número de Espíritas na região.

CIDADES NÚMERO DE ESPÍRITAS


Congonhas do Norte 0
Passabém 0
SUGESTÕES DE AÇÕES PARA A REGIÃO:
Santo Antônio do Rio Abaixo 0
 Realização de bibliotecas e livrarias
Itambé do Mato Dentro 2 itinerantes;
 Realizar o Facebook patrocinado com
Morro do Pilar 2 divulgação de eventos e estudos on line;
 Identificar espíritas na região e integra-los
São Sebastião do Rio Preto 2 nos estudos on line das cidades
próximas;
 Fomentar a criação de grupos de estudos
Nova União 4 espíritas presenciais ou virtuais com
vistas a criar uma Casa Espírita no futuro.
Santa Maria de Itabira 7

Santana do Riacho 9

Bom Jesus do Amparo 23

Fonte: Dados da pesquisa (IBGE, 2010).


55

Observa-se na figura 5, que as cidades: Congonhas do Norte, Passabém e Santo


Antônio do Rio Baixo as cidades que possuem menor número de espíritas declarado no
Censo do IBGE 2010. A figura 4 ainda apresenta sugestões de ações que seriam
importantes no sentido de iniciar e fomentar o movimento espírita da região.

6.4 AS DEZ CIDADES COM MAIOR/MENOR NÚMERO DE ESPÍRITAS PER CAPTA


NA REGIÃO DE ATUAÇÃO DO 19º CONSELHO REGIONAL ESPÍRITA

Para o calcular o número de espírita Per capta, primeiro obteve-se os dados do


IBGE relativos a projeção da população de cada município para o ano de 2020 e em
seguida o número de espíritas por habitante identificados no IBGE para o ano de 2010.
Na sequência, dividiu-se o primeiro pelo segundo.
O objetivo deste índice é verificar a densidade de espíritas em cada cidade e a
partir dos índices, buscar definir políticas de atuação em cada cidade ou região. Ainda
que os dados do IBGE, particularmente relativos ao número de espíritas, estejam
desatualizados, os mesmos mostram uma tendência para cada localidade, tendo a
relevância de se basear nos dados oficiais. Lembramos que quanto maior o índice,
menor a concentração de espíritas na cidade.
O quadro 3 apresenta as dez cidades com o menor número de espíritas Per
capta na região de atuação do 19º CRE.

Quadro 3: Quadro Geral do 19º Conselho Regional Espírita (CRE).

CIDADES ESPÍRITA PER CAPTA


Congonhas do Norte 0
Passabém 0
Santo Antônio do Rio Abaixo 0
Morro do Pilar 1577
Santa Maria de Itabira 1551
Nova União 1433
Itambé do Mato Dentro 1028
São Sebastião do Rio Preto 746
Santana do Riacho 479
Raposos 342
Fonte: Dados da pesquisa.

Das cidades identificadas no quadro 3, chama a atenção as cidades Congonhas


do Norte, Passabém e Santo Antônio do Rio Baixo. As três cidades possuem o menor
índice de número de espírita por habitante. O quadro 4 apresenta as dez cidades com
o maior número de espíritas Per capta na região de atuação do 19º CRE.

Quadro 4: Quadro Geral do 25º Conselho Regional Espírita (CRE).


CIDADES ESPÍRITA PER CAPTA
Nova Lima 49
Sabará 50
Rio Acima 64
Santa Luzia 74
56

Itabira 119
Taquaraçu de Minas 128
Caeté 129
Jabuticatubas 155
Conceição do Mato 224
Dentro
Bom Jesus do Amparo 266
Fonte: Dados da pesquisa.

O quadro 4 Chama a atenção as cidades de Nova Lima, Sabará e Rio Acima,


uma vez que possuem os melhores índices Per capta em termos de número de espírita
por habitante.

6.5 DIVISÃO DA REGIÃO DO 19º CRE POR ÁREA DE ATUAÇÃO

O quadro 5 mostra as AMEs da região de atuação do 19º CRE – Conselho


Regional Espírita.

Quando 5: Divisão de Áreas do 19º CRE.

DIVISÃO DE ÁREAS DO 25º CRE TIPO DE COORDENAÇÃO


AREA 1 – Santa Luzia AME
ÁREA 2 – Nova Lima AME sendo reativada
ÁREA 3 – Itabira AME sendo reativada
ÁREA 4 – Sabará AME
ÁREA 5 – Caeté AME sendo reativada
ÁREA 6 – Serra do Cipó PROJETO AME
Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se no quadro 5 que o 19º CRE possui 4 AMEs estruturadas, sendo elas:
Santa Luzia, Nova Lima, Itabira e Sabará. Observa-se ainda que a região possui 1
cidade com projeto de AME, sendo ela a: Caeté.

6.6 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO 19º CRE

O quadro 6 mostra as principais atividades desenvolvidas pelo 19º CRE na sua


região de atuação

Quando 6: Atividades desenvolvidas pelo 19º CRE.

ATIVIDADES DO 19º CRE DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

Atividades Descrição
Projeto Porque Estudar Todas as áreas doutrinarias do CRE se intercalam para
divulgar mensalmente dentro da proposta do Projeto um
vídeo de 10 minutos, deixando claro o porque estudar os
assuntos basilares da Doutrina Espírita em determinada
área de atuação. A base de pesquisa será Kardec ou o
Evangelho de Jesus
57

Campanha Fortalecimento do Vídeos de até 10 minutos onde os responsáveis pelas 43


Movimento Federativo nas 6 Casas Espíritas do CRE contarão suas histórias que
regionais – PROJETO deram início a construção das casas espíritas e demais
NOSSAS CASAS, NOSSA relatos pertinentes a esta época.
HISTÓRIA
Projeto de Fortalecimento do Divulgação de todos os assuntos tratados na Cartilha do
Movimento Federativo – Movimento Federativo em pequenos trechos
PROJETO CARTILHA selecionados em apenas uma imagem... Fazendo chegar
PONTO A PONTO a todas as 43 Casas que compõe nosso CRE de atuação
Projeto Às Margens do Vídeos de até 10 minutos relativos aos ensinos de Jesus
Tiberíades relatados por seus evangelistas e comentados por
palestrantes escolhidos e atuantes dentro das 6
regionais.
Projeto de Aproximação e Constante interação entre o CRE e as AMES ou Projetos
reintegração das regionais de AME, onde o CRE coloca à disposição das Casas
onde o trabalho federativo Espíritas todos os recursos recebidos dos Órgãos
necessita de fortalecimento Federativos. Recursos Didáticos, Capacitações,
Apresentação de Ideias e Soluções, Atualização da
Legislação para desenvolvimento dos Trabalhos
Administrativos e de Comunicação, dentre outros.
Recursos presenciais, reuniões virtuais e telefone.
Projeto CREação Encontro anual do CRE, diretoria e áreas doutrinárias
com as Casas Espíritas em suas áreas Doutrinárias,
através do contato local da AME ou Projeto AME. Este
projeto visa criar intimidade entre o Movimento
Federativo por área, facilitando o transito dos recursos e
das demandas locais e regionais.
Fonte: Dados da pesquisa.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as leituras realizadas e diante do resultado da pesquisa proposta conclui-se


que é de extrema importância a federalização dos Centros Espíritas participando da
integração das Casas através da formação de Alianças (AME) em seu município ou
integrando os da circunvizinhanças, assim como cooperar com o trabalho do CRE,
Conselho Regional Espírita, principal órgão representante da federativa estadual na
região, não no sentido fiscalizador ou hierárquico, mas tão somente como parceiro com
o fim de contribuir para que o Movimento Espírita cresça, não apenas em quantidade
como, principalmente, em qualidade. Para isso tanto a federativa nacional (FEB), quanto
a estadual (UEM) tem produzido material gratuitamente para todas as áreas de atuação
em um Centro Espírita, bem como ministrado cursos de atualização que visem, cada
vez mais a capacitar trabalhadores plenos de sua responsabilidade na condição de
Espírita, a serviço do Mestre Jesus em serviço de divulgação dessa Doutrina bendita
em todos os lugares, das mais variadas formas e o tempo todo.
Ao analisar a atuação do 19º Conselho Regional Espírita, verifica-se que a
abrangência territorial desta regional é muito ampla, tornando-se difícil a atuação se não
houver um processo de estruturação e organização no sentido de criar mecanismos de
comunicação e proximidade entre as lideranças espíritas regionais.
Desta forma, o desenvolvimento das análises deste trabalho, permite um avanço
no sentido de mapeamento e entendimento das características da área de atuação e
também no sentido de propor ações específicas para cada cidade. A proposta do artigo
em dividir o 19º CRE em áreas de atuação e o planejamento de um conjunto de ações
direcionadas para o Movimento Federativo, possibilitará um olhar mais pormenorizado
em torno das peculiaridades de cada microrregião e, portanto, a adoção de ações com
maior grau de efetividade.
58

REFERÊNCIAS

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 7. ed. São Paulo: Cortez,


2005.

KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862. 4ª Edição, Matão/SP. Editora Clarim, 2012.

CAMURÇA, Marcelo A. et all. O “Espiritismo Racional e Científico Cristão” de Luiz


Mattos dos anos 1910-1920 no Brasil: uma facção “científica” belicosa obscurecida pela
hegemonia “religiosa” da Federação Espírita Mineira In: SOUZA, André R. et all (org.)
Espiritualidade e espiritismo: reflexões para além da religiosidade. São Paulo: Porto de
Ideias, 2017.

PERRI DE CARVALHO, A. Cesar; CARVALHO, F. R. Espiritismo como religião:


algumas considerações sobre seu caráter religioso e seu desenvolvimento no Brasil In:
SOUZA, André R. et all (org.) Espiritualidade e espiritismo: reflexões para além da
religiosidade. São Paulo: Porto de Ideias, 2017.
59

ANÁLISE SOBRE A REALIZAÇÃO DO EVANGELHO NO LAR NO MOVIMENTO


ESPÍRITA

Autor – RODRIGUES, Jeane


Instituição – Núcleo Espírita Fraternidade e Amor

RESUMO

Segundo Emmanuel, o culto do Evangelho no Lar é uma necessidade em toda parte


onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação. A partir dessa
informação pensou-se em realizar uma análise sobre a realização do evangelho no lar
no Movimento Espírita. Com algumas perguntas enviadas nos grupos espíritas de
whatsapp, e respondidas pelo link do google forms, utilizou-se o método survey para a
análise dos resultados, obtendo-se um resultado satisfatório quanto à atividade
realizada e a quantificação dos benefícios em realizá-la.

Palavras-chave: evangelho no lar; movimento espírita.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo geral analisar a realização do evangelho no lar
no Movimento Espírita.
Como objetivos específicos o trabalho busca verificar: os participantes do
evangelho no lar; o formato de realização das reuniões; o horário e dia em que são
realizadas as reuniões; os livros adotados na realização e os principais benefícios
obtidos com as reuniões de Evangelho no Lar.
O trabalho foi dividido em cinco seções, sendo elas: a primeira, que é a
apresentada neste contexto introdutório. A segunda seção que trata da fundamentação
teórica do trabalho. A terceira seção que se refere a metodologia de pesquisa adotada
na pesquisa. A quarta seção que expõe os resultados do trabalho e a quinta que
apresenta as principais conclusões sobre o tema abordado.

2 EVANGELHO NO LAR

O Evangelho no Lar é o estudo da doutrina do Cristo, em dia e horário


determinados para leitura, conhecimento e reflexão dos ensinamentos de Jesus.
Segundo o Espírito Neio Lúcio (Xavier, 2010) a reunião cristã em família foi incentivada
pelo próprio Cristo, na casa de Simão Pedro em Cafarnaum, quando tomavam dos
Escritos Sagrados dando novo rumo à conversação.
O Documento de Orientação da Federação Espírita Brasileira (FEB, 2019)
esclarece sobre a importância do culto do Evangelho no Lar para a compreensão dos
ensinamentos do Mestre Jesus, visando ao aprimoramento moral, bem como criar o
hábito de se reunir a família, estimulando o sentimento de fraternidade.
Os ensinamentos de Jesus vibrando entre as quatro paredes de uma casa
proporcionam momentos de paz, promovendo uma vivência tranquila e equilibrada.
Com isso, pode-se higienizar o lar com pensamentos e sentimentos elevados, abrindo
campo para que os benfeitores espirituais atuem. A personagem Alcíone do livro
Renúncia (XAVIER, 2017) já alertava: “O Evangelho, em sua expressão total, é um vasto
caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem
conhecimento e aplicação de todos os detalhes. A mensagem do Cristo precisa ser
conhecida, meditada, sentida e vivida”.
Emmanuel (XAVIER, 2016) adverte que a prática do Evangelho no Lar é fonte
de paz e de proteção espiritual não só para a família que o realiza, mas para toda a
vizinhança e para aqueles para os quais rogamos proteção espiritual. "O culto do
60

Evangelho no Lar não é uma inovação, é uma necessidade em toda parte onde o
Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação" (ibid).
Ainda reforça Emmanuel (XAVIER, 1994) que o Evangelho é roteiro
imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a obediência. O
Cristo espera que o convertamos em companheiro da prece, em livro escolar no
aprendizado de cada dia, em fonte inspiradora das mais humildes ações no trabalho
comum e em código de boas maneiras no intercâmbio fraternal.
Bezerra de Menezes (XAVIER, 1978) enfatiza que, ao se levar as claridades da
Boa-Nova a um templo familiar, aprimoram-se todos os valores que a experiência
terrestre possa oferecer. Sendo assim, é preciso trabalhar pela implantação desse
trabalho, sempre que possível.
Orienta-nos o Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, 2016): “dedica uma das
sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar
em tua casa. Jesus no Lar é vida para o Lar”.
Schubert (2018) reforça que a reflexão da família em torno dos ensinos do
Mestre, as ponderações e comentários, sob o ponto de vista de cada um, são elementos
altamente terapêuticos favorecendo a psicosfera do lar. Ainda segundo a autora, “a
oração em conjunto amplia os horizontes mentais e eleva as almas na direção do Bem”:

Nestes instantes de serena beleza, em que o círculo doméstico se volta


para Jesus, os Mensageiros do Bem se acercam do Lar e os familiares
já desencarnados, e que se preocupam em velar pelos que ficaram na
crosta terrestre, se aproximam e esparzem sobre todos os eflúvios de
paz, de harmonia, e as energias que fluem do Mais Alto retemperam
as forças dando o bom ânimo imprescindível ao prosseguimento das
lutas cotidianas.” (SCHUBERT, 2018, p. 168).

Diante do exposto é possível perceber a importância dessa prática, mormente


para o Espírita que possui essas informações, daí o objetivo desse trabalho em
investigar o quanto essa orientação tem sido realmente uma prática dentro do
Movimento Espírita. Roteiro básico para a implantação do Culto do Evangelho no Lar:

Prece simples e espontânea;


Leitura de O Evangelho Segundo Espiritismo (em sequência desde o prefácio);
Comentários sobre o item lido;
Vibrações (pela fraternidade, paz e equilíbrio na humanidade... etc.);
Pedidos pelos parentes, amigos...;
Prece de encerramento, agradecendo a Deus, a Jesus e aos bons espíritos.
Observações:
Crianças também podem fazer parte da reunião;
Pode ser realizado por uma só pessoa;
Colocar água para ser magnetizada pelos Benfeitores Espirituais;
Abster-se de comunicações mediúnicas;
Manter conversação edificante antes, durante e depois da reunião.

3 MÉTODOS DA PESQUISA

O método de pesquisa adotado neste trabalho é a Survey, que segundo Fink


(1995a; 1995c) apud Freitas et al. (2000) o método Survey deve ser utilizado em
contextos de pesquisa no qual se pretende descrever elementos quantitativos de uma
determinada população.
A pesquisa foi realizada em no período dos dias 20/06/2021 à 23/07/2021,
consistindo em uma survey interseccional, uma vez que foi aplicada em um único
período de tempo.
61

Trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que busca identificar na amostra
a percepção e a opinião dos respondentes sobre as características pertinentes a
realização do Evangelho no Lar no movimento espírita.
A amostra da pesquisa tem como critério de elegibilidade do respondente ser
espírita. Sendo que a pesquisa foi direcionada para espíritas participantes de
atividades/grupos de WhatsApp de espiritismo
A amostra é não probabilística, uma vez que não foi possível elencar todos os
pertencentes a população. Portanto, os resultados não são generalizáveis. Consiste em
uma amostra por conveniência, uma vez que os respondentes são aqueles que estão
disponíveis ou apresentam disponibilidade para as respostas.
O instrumento de coleta de dados consiste em um questionário com dez
questões objetivas relacionadas com a temática da pesquisa e 3 questões de
identificação da amostra. O questionário foi aplicado por meio do google forms via link
em grupos de WhatsApp.
No total foram obtidos 267 respostas, sendo 97% do Estado de Minas Gerais e
3% oriundas de outros estados. No total de respostas, 41% são oriundas de cidades
que pertencem ao 23º Conselho Regional Espírita de Santa Rita do Sapucaí, MG.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

Após a aplicação dos questionários, foi possível obter os dados para a análise
da pesquisa. Os resultados apresentados a seguir mostram a percepção dos
respondentes no que tange a realização do evangelho no lar no movimento espírita.
A figura 1 identifica se os respondentes realizam evangelho no lar em suas
residências.

Figura 1: Realização do Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 1, verifica-se que 86,5% dos respondentes realizam


evangelho no lar em suas residências. No total de 12,4% dos respondentes realizam o
evangelho no lar eventualmente. Apenas 1% dos respondentes não realizam evangelho
no lar. A figura 2 identifica como os respondentes realizam o Evangelho no Lar.
62

Figura 2: Como o Evangelho no Lar é Realizado.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 2, verifica-se que 8,2% dos respondentes realizam


evangelho no lar de forma virtual. No total de 87,3% dos respondentes realizam o
evangelho no lar presencialmente. Apenas 6,4% dos respondentes realizam o
Evangelho no Lar no formato híbrido, com participantes no formato presencial e virtual
de forma síncrona. A figura 3 identifica os participantes do Evangelho no Lar.

Figura 3: Participantes do Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Ao observar a figura 3, verifica-se que a maioria dos participantes do Evangelho


no Lar são: Mãe (44,2%), Filhos (41,9%) e Pai (32%). Representativo também o número
de pessoas que fazem o Evangelho no Lar de forma individual (35,2%). De forma menos
representativa, vamos encontrar os Parentes (14,6%) e outras pessoas (11,2%). No total
dos respondentes apenas 1,5% não realiza Evangelho no Lar e nenhum respondente
63

realiza Evangelho no Lar com os vizinhos. A figura 4 identifica em qual dia da semana
é realizado o Evangelho no Lar.

Figura 4: Dia da Semana em que é realizado o Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 4, verifica-se que a maioria das reuniões de Evangelho no


Lar são realizadas nos dias de domingo (43,4%) e segunda feira (25,1%). Seguidos dos
dias de quinta feira (16,9%), terça feira (15,4%) e quarta feira (13,5%). Os dias em que
as reuniões de Evangelho no Lar são menos realizados são Sábado (10,1%) e sexta
feira (10,1%). A figura 5 identifica em qual período é realizado o Evangelho no Lar.

Figura 5: Período em que o Evangelho no Lar é realizado.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 5, verifica-se que a maioria das reuniões de Evangelho no


Lar são realizadas no período da noite (84,3%), seguido da parte da manhã (13,5%) e
da parte da tarde (4,1%). A figura 6 identifica se é realizado prece inicial e prece final no
Evangelho no Lar.
64

Figura 6: Realização de prece inicial e final no Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao obervar a figura 6 verifica-se que a grande maioria das reuniões de Evangelho


no Lar realizam prece inicial e final, totalizando 97,4% dos respondentes. De forma
menos expressiva vamos encontrar 1,1% realizando prece de forma eventual, 1,1%
realizando somente prece inicial, 0,4% não realizam prece. Nenhum respondente
indicou que realizava somente prece final. A figura 7 identifica se é realizado a leitura
de uma mensagem de um livro no Evangelho no Lar.

Figura 7: Realização da leitura de mensagem de um livro no Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 7, verifica-se que 91% das reuniões de Evangelho no Lar


realizam a leitura de mensagem de um livro no Evangelho no Lar. 5,2% não realizam
leitura de mensagens durante a reunião. 3,4% realizam a leitura de uma mensagem
eventualmente. 0,4% é realiza a leitura de uma mensagem de um livro não espírita. A
figura 7 identifica se é realizado a leitura de uma mensagem de um livro no Evangelho
65

no Lar. A figura 8 identifica se é realizado a vibração para os necessitados durante a


realização do Evangelho no Lar.

Figura 8: Realização de vibração para os necessitados durante o Evangelho no Lar.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 8, verifica-se que 77,9% dos respondentes realizam


vibração para os necessitados durante a realização do Evangelho no Lar. O total de
16,5% dos respondentes realiza vibração eventualmente. Apenas 5,6% não realizam
vibração para os necessitados durante o Evangelho no Lar. A figura 9 identifica qual
livro é adotado na realização do Evangelho no Lar.

Figura 9: Livro adotado na realização do Evangelho no Lar.

4; 1%
69; 26%
96; 36%

98; 37%

Adotam somente o ESE Adotam o ESE conjugado com outros livros


Adotam outros livros Espíritas Não adotam livros

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao observar a figura 9, verifica-se que 37% das reuniões de Evangelho no Lar


adotam somente o Livro Evangelho Segundo o Espiritismo e 36% adotam o livro
66

Evangelho Segundo o Espiritismo conjugado com outro livro espírita, totalizando 73%
das reuniões adotam este livro. No total de 26% dos respondentes adotam outros livros
espíritas na em suas reuniões de Evangelho no Lar. Apenas 1% dos respondentes não
adotam livros. O quadro 1 apresenta os principais benefícios obtidos na realização do
Evangelho no Lar.

Quadro 1: Principais Benefícios na realização do Evangelho no Lar.


PRINCIPAIS BENEFÍCIOS NA RELIZAÇÃO DO EVANGELHO NO LAR
Proteção para os desencarnados e para mim.
Harmonia, Paz, União, Otimismo, Proteções Espirituais.
Paz e proteção, muitas vibrações positivas.
O benefício de estar sempre aprendendo, iluminando meu lar e me fortalecendo
para poder auxiliar os nossos irmãos menos esclarecidos.
Sensação de bem estar e prazer em servir ao próximo através da oração.
Melhor harmonia na casa e com os familiares
Harmonia familiar - Amparo e proteção da Espiritualidade - Amparo aos vizinhos,
aos desencarnados que nos acompanham, auxílio aos parentes, melhora na
vibração da casa
Aprendizado e vivência dos ensinamentos de Cristo. Paz e união na família.
Minha esposa era católica quando casamos, mas por não frequentar passei a
insistir que ela fizesse pelo menos o evangelho no lar comigo, em alguns anos ela
se tornou espírita e hoje faz parte da diretoria da casa.
Presença efetiva de Deus e Jesus no Lar.
Equilíbrio emocional / espiritual / maior diálogo em família.
Para mim é o que sustenta minha vida, além disso minha comunidade recebe
também vários benefícios de acordo com suas necessidades.
Bem estar físico e mental.
Uma visão mais amorosa do outro.
Maior harmonização do lar e maior tranquilidade das pessoas pós-Evangelho.
Meu lar está mais harmonizado, estamos mais conectados, sentimos sempre o
amparo do alto. Graças a Deus, quanto mais o tempo passa, mais nos conectamos
e fortalecemos no amor do Cristo.
As Pessoas da Casa estão mais calmas. A vibração do meu Lar melhorou muito.
Muita paz, acalmando para o início da semana de trabalho. Conhecimento da
doutrina e reflexões sobre situações do dia a dia, levando a mudanças de
comportamento.
Melhora o humor, fluidez para a realização de tarefas rotineiras.
Os problemas que aparecem são resolvidos mais facilmente, consigo introduzir a
doutrina espírita no lar de uma forma suave e Jesus passou a ter outro sentido para
meus filhos, o de mestre e não de sofredor.
Fonte: Dados da pesquisa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Espírito Joanna de Ângelis orienta que devemos dedicar uma das sete
noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar
em nossa casa, porque Jesus traz vida para o Lar.
Após a análise dos dados da pesquisa verificou-se que essa orientação
de Joanna de Ângelis tem sido cumprida em um número significativo de espíritas.
Das 267 respostas obtidas 86,5% responderam que realizam essa prática.
Constatou-se também que o horário preferencial é o noturno (84,3%), aos
domingos (43,4%) e em família.
67

Quanto aos benefícios da prática a palavra que mais apareceu nas


respostas foi harmonia, paz, união, proteção, equilíbrio. Essas respostas vão ao
encontro do que esclarece o Documento da FEB (2019): “Os ensinamentos de
Jesus vibrando entre as quatro paredes de uma casa proporcionam momentos
de paz, promovendo uma vivência tranquila e equilibrada”.
Trabalhos de pesquisa como esse devem ser sempre realizados em
relação a diferentes práticas espíritas para se obter informações fidedignas de
como caminha o movimento espírita na região e em todo o país. Fica a sugestão
e modelo.

REFERÊNCIA

Federação Espírita Brasileira. Conselho Federativo Nacional. Orientação para o


Atendimento Espiritual no Centro Espírita. Brasília: FEB, 2019.

FRANCO, D. P. Messe de Amor (Joanna de Ângelis). Salvador: LEAL, 2016.

SCHUBERT, S. C. Obsessão/desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas


3.ed. Brasília: FEB, 2018.

XAVIER, Francisco C. Temas da vida. (Espíritos diversos). São Paulo: CEU, 1978.

__________________ Caminho, Verdade e Vida (Emmanuel) 15.ed. Brasília, 1994.

__________________ Jesus no lar (Espírito Neio Lúcio). Brasília: FEB, 2010.

__________________ Luz no lar (Espíritos diversos) 12.ed. Brasília: FEB, 2016.

___________________ Renúncia (Emmanuel) 36.ed. Brasília: FEB, 2017.


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AS PRIMEIRAS “SALAS” DE REUNIÕES MEDIÚNICAS?

Autor - CALDEIRA, Wesley


Instituição – Aliança Municipal Espírita de Montes Claros (MG)

RESUMO

Há 60 mil anos teve início uma grande transformação na maneira de ser humano:foi o
advento da explosão cultural do Paleolítico Superior. A criatividade elevou-se a novo
patamar. O feito mais extraordinário das novas habilidades humanas foi a invenção
das imagens, notadamente a pintura rupestre. Especialistas, na atualidade, sustentam
a tese de que certo tipo de pintura na rocha, praticado na Pré-História, é o registro de
visões obtidas em estados alterados de consciência, ou seja, em transe – a base
fenomênica para as experiências mediúnicas.

PALAVRAS-CHAVE: Criatividade humana; Pré-História; arte rupestre; fenômenos


mediúnicos.

A arte é o espelho de uma época, ou a narrativa visual de um tempo, e sua


finalidade – segundo bem intuiu o escritor Oscar Wilde – é criar um estudo da alma. O
homem pré-histórico era fascinado com a pintura na rocha. Entre 60 mil e 30 mil anos
atrás ocorreu a primeira grande transformação no comportamento humano, chamada
explosão cultural, ou explosão criativa do Paleolítico Superior. Subitamente – após 2,5
milhões de anos desde o aparecimento da linhagem Homo, e passados quase 100 mil
anos desde a chegada do último membro dessalinhagem, o Homo sapiens sapiens –
surgem os primeiros objetos de tecnologia complexa e as primeiras manifestações
artísticas e ideias religiosas.
Durante o século XX, os estudiosos polemizaram explicações para a arte
na rocha. Essas pinturas, de modo geral, retratavam a vida do caçador. Um grupo
delas, porém, foi produzido sem qualquer intenção decorativa ou ocupacional,
apresentando características enigmáticas que desautorizam a hipótese geral, pois:

1) Esse grupo especial de pinturas foi gravado não em locais em que pudesse ser
admirado, mas em paredes altas de cavernas completamente escuras, profundas,
inóspitas, algumas quase inacessíveis; e

2) Tais pinturas não se referem somente à fauna, mas também a temas abstratos,
figuras que não se relacionam com o mundo material, compostas de pontos, linhas,
formas geométricas, as vezes associadas à fauna. Outras vezes são detalhes de
animais enxertados no corpo humano e vice-versa, formando novas e estranhas
criaturas.

Nos anos de 1980, o arqueólogo David Lewis-Williams 1 , apoiado em


experimentos neurológicos e estudos sobre as tradições xamânicas e artísticas dos
bosquímanos de seu país, a África do Sul, propôs que essas pinturas são registros de
visões obtidas em estados alterados de consciência, isto é, em transe — a base
fenomênica para as experiências mediúnicas. Elas não são pinturas da natureza, mas
pinturas de imagens percebidas pela mente em estados de consciência incomuns. Seu
livro The mind in the cave – consciousness and the origins of art (A mente na caverna
– consciência e as origens da arte), sobre a importância dos estados alterados de
consciência para a evolução humana e a arte rupestre, concluiu: “[...] o limiar crucial

1O professor David Lewis-Williams é renomada autoridade sobre a antiga arte na rocha e leciona
na Witwatersrand, a mais afamada universidade da África do Sul.
69

na evolução humana foi entre duas espécies de consciência, e não simplesmente entre
uma inteligência moderada e uma inteligência avançada”[1]. (traduzimos). A conclusão
de Lewis-Williams é revolucionária: o marco mais importante da evolução da espécie
humana foi o início da relação/influência entre a consciência comum e os estados
alterados de consciência.
Hoje, uma geração de especialistas também acredita que algumas dessas
gravuras eram similares às imagens formadas na mente do homem primitivo nos
estágios de aprofundamento do transe. O inglês Julian Bell2, em seu magnífico Uma
Nova História da Arte, também se perguntou por que aquelas pessoas “se recolhiam
da luz do sol em passagens frias, escuras e perigosas” para praticar a pintura nas
cavernas. Sua tese é:

A arte antiga gira em torno de forças e princípios invisíveis que


fazem o mundo ser tal como é, mas que são ao mesmo tempo
pessoas. Em outras palavras, gira em torno do que chamaríamos
de ‘deuses’. Mais que isso, ela se dirige a essas pessoas: procura,
por meio da criação de imagens, conferir-lhes uma localização e uma
forma corpórea (amiúde um animal)[2] (grifamos).

As cavernas eram o espaço físico do lar do homem pré-histórico, mas algumas


eram templos, lugares dos espíritos, dos “deuses”. Representavam uma passagem
entreo mundo físico e o mundo invisível; um local sagrado e secreto que permitia, por
meio de técnicas arcaicas de transe, romper o véu que separava o mundo do homem
primitivo e o mundo espiritual. Com a arte na pedra, “o invisível saltou para a
visibilidade” — asseverou Julian Bell[2]. Foram as primeiras imagens que deram ao
homem pré-histórico algum sentido para o mundo.
As gravuras encontradas em cavernas europeias, como as de Lascaux, na
França,e as de Altamira, na Espanha – considerada a Capela Sistina da Pré-História,
são famosas pela incomparável riqueza técnica e estética. Quando se descobriu a
primeira galeria dessas pinturas, em Altamira, 1879, os estudiosos se recusaram a
aceitar que elasdatassem da Pré-História, influenciados pela proposta evolucionista,
nos moldes sugeridos por Darwin. Os artistas pré-históricos pintavam com uma
confiança e habilidade próprias do mundo moderno. De fato, a perícia e a beleza de
suas imagens causam assombro. Picasso, ao visitá-las, disse ‘nós não aprendemos
nada’.
No Brasil, entre os principais conjuntos pictóricos estão, sem dúvida, os do
Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu, norte de Minas Gerais. Os sedimentos
encontrados nas suas camadas arqueológicas mais antigas datam de 11 mil anos. A
Lapados Desenhos impressiona. Alguns painéis de gravuras chegam a dez metros de
altura. Múltiplos temas estão pintados na rocha, trabalhados em variedade de cores,
traços e detalhes. Ora são representações humanas, ora figuras de animais, formas
geométricas e símbolos misteriosos.
Joaquim Perfeito da Silva[3], professor-pesquisador PhD da Universidade
Estadualdo Sudoeste da Bahia, defende a existência de uma conexão entre as práticas
xamânicas e as pinturas do Peruaçu.
Os antropólogos denominam xamãs os indivíduos de sociedades primitivas
capazes de terem contato com seres da dimensão espiritual. Ao atingirem o transe,
seus corpos caem imóveis, suas almas se emancipam, desprendem-se, e são
guiadas por Espíritos aliados, em excursões pelo plano espiritual – o típico transe
xamânico: ‘o voo da alma’.

2O professor Julian Bell ensina teoria e história da arte na tradicional City & Guilds of London Art
School, fundada em 1879. Seus quadros são expostos em vários países e ele escreve resenhas
sobre arte e livros para importantes jornais do mundo.
70

Para chegar ao estado mediúnico, os xamãs utilizam as técnicas arcaicas de


êxtase: a música de ritmo repetitivo, o jejum, a privação sensorial, obtida com o
isolamento na escuridão (daí, na Pré-História, o tipo especial de cavernas que
escolhiam), o consumo de plantas e fungos psicoativos, com o objetivo de reduzir a
atividade do córtex cerebral e abrir o mundo neurológico para outras formas de
percepção da mente.
Nesse estado, os xamãs pré-históricos recebiam orientações do mundo dos
Espíritos sobre a cura de doenças, as rotas de sobrevivência, ou seja, as melhores
condições de clima, caça, pesca, frutos. Quando regressavam do transe, algumas
vezes transferiam para as paredes das grutas as lembranças dos fenômenos psíquicos
e mediúnicos experimentados, matizadas de simbolismo mágico, na forma de códigos
visuais. Os animais reproduzidos estavam associados a um potencial mágico, de
acordo com o poder pelo qual eram admirados na natureza.
Os fenômenos mediúnicos, portanto, apareceram já na Pré-História. E algumas
grutas foram, de certo modo, as primeiras ‘salas mediúnicas’.
O Espírito André Luiz, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier,
esclareceu que o homem do período paleolítico – por ele chamado de infraprimitivo –
ainda não dispunha de recursos em si para enfrentar o desconhecido na dimensão
espiritual[4]. Liberto do corpo físico pela morte, sentia-se como um menino
amedrontado. Na rudeza da caverna em que se escondia, era surpreendido pela morte
como a criança “deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem
de leve, pode aindacompreender”[4]. Por isso, buscava segurança no magnetismo do
clã e se confinava na ideia depressiva de voltar à vida material, que lhe surgia “à
imaginação como sendo a única abordável à própria mente”[4].
A visita dos Espíritos, mesmo os benevolentes e sábios, estarrecia-o, levando-
o acrer-se “à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza ele próprio se incumbe de
fantasiar, na exiguidade das próprias concepções”[4].
Os xamãs – assim acreditamos – foram iniciadores do homem pré-histórico
quanto à vida no mundo espiritual, preparando-o para outra condição individual, de
consciência mais lúcida. Com os séculos, e na medida em que foi introduzido em novos
campos de indagação, entendimento e trabalho, o homem passou a despertar, após a
morte, mais familiarizado com a realidade espiritual e melhor capacitado para refletir
sobre as relações entre os dois planos da vida, no capítulo moral da causa e efeito.
A mediunidade é uma aptidão natural. O homem caminha pelas eras
desenvolvendo sua capacidade de interação com os Espíritos. O termo ‘mediunismo’,
todavia, nomeia com mais propriedade o período primitivo desse desenvolvimento.
Apenas quando a mediunidade passa a ser vivida de maneira racional e comprometida
com valores éticos é que melhor se lhe conforma essa designação.
Com o Espiritismo, codificado por Allan Kardec a partir de 1857, o exercício
mediúnico alcançou outro nível teórico, ético e prático, favorecendo que a mediunidade
se eleve da categoria de fenômeno psíquico para a de verdadeira faculdade do ser.

Bibliografia:
[1]
LEWIS-WILIAMS, David. The mind in the cave – consciousness and the origins of
art. Londres: Editora Thames & Hudson, 2002 (1ª publicação no Reino Unido).
[2]
BELL, Julian. Uma nova história da arte. Tradução Roger Maioli. São Paulo: Editora
Martins Fontes, 2008.
[3]
MNEME - Revista de Humanidades - dossiê arqueologias brasileiras, vol. 6, n. 13,
dezembro/2004-janeiro/2005. Artigo ‘Uma interpretação levistraussiana das
representações rupestres da Gruta do Índio, Vale do Peruaçu, MG’.
[4]
XAVIER, Francisco Cândido; VIERA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo
Espírito André Luiz. 27.ed. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2014.
71

EDUCAÇÃO INCLUSIVA, NEUROPSICOLOGIA E REENCARNAÇÃO: UMA PONTE


PARA A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE

Autor – LIMA, Flávio L.


Instituição – Sociedade de Estudos Espíritas Paulo e Estevão - SEEPE

RESUMO

Inspira-se nas palavras de nosso Francisco Cândido Xavier sob a elucidação de


Emmanuel : “Todos os casos de crianças excepcionais são de alguma forma criaturas
que suicidaram-se em encarnações passadas, lesionando o períspirito”. Partindo deste
pressuposto, relaciona-se a reencarnação com estudos de neuropsicologia e educação
especial. Entender que os distúrbios de aprendizagem seriam uma forma dos
endividados espiritualmente recompor seu períspirito a fim de que no próximo reencarne
não venha com as chagas da expiação. Auxiliando assim a humanidade a evoluir-se
,visto que precisamos acolher essas criaturas e dar-lhes condições de sociabilização e
inclusão na sociedade.

Palavras-chave: Inclusão, Reencarnação, Evolução.

1 INTRODUÇÃO

A Neuropsicologia/Neurociência denominadas como as novas Ciências do


século XX, estudam sobre a modificação comportamental de alguns indivíduos
originada por lesões cerebrais de origem congênita (presumindo-se expiatória) ou pós-
parto (crea-se que possa a ser uma compulsoriedade vibracional sem relação expiatória
direta de atos de outras existências).
Desde os estudos de BROCA.P.P (1824-1880) onde descobriu-se que lesões no
hemisfério esquerdo comprometem o centro da fala, à proporção que o enaltecimento
da teoria de CANNON-BARD de que certos comportamentos seriam originários das
manifestações do Tálamo (descartada por muitos peritos) ou com arguição à PAPEZ J.
onde aponta que seriam eclosões do Límbico a causa de certos comportamentos
distintos, e da percepção de ADLER.A ao criticar as teorias freudianas, originando o
advento das “(...) práticas de psicopedagogia , onde a interferência entre os
relacionamentos e a aprendizagem que concomitantemente moldam o EGO. Ainda
faltam aos pesquisadores do psique um elo de ligação de ‘o por quê’ destes casos
ocorrerem com mais frequência atualmente.
Falta ao homem moderno uma explicação que a nós espíritas já se aclara há
quase dois séculos. O da causa que se apresenta geneticamente, acontece senão pelo
processo expiatório que nada mais é do que a Providência Divina agindo com leis
imutáveis de recomposição.
A Neurociência divide-se segundo RELVAS M.P em abordagens distintas
sendo: Molecular que analisa a química e a física envolvida na função neural, celular
que considera as distinções entre os tipos de células no sistema nervoso como funciona
cada um respectivamente , a de Sistemas qual tem a finalidade de investigar grupos de
neurônios que executam uma função comum, por meio de circuitos conexões, a
Comportamental que estuda a interação entre os sistemas que influenciam o
comportamento ,o controle postural, a influência relativa de sensações visuais,
vestibulares e proprioceptivas no equilíbrio em diferentes condições e a cognitiva qual
atua nos estudos do pensamento, da aprendizagem, da memória, do planejamento, do
uso da linguagem e das diferenças entre memória para eventos específicos e para a
execução de habilidades motoras.
Analisa-se também a funcionalidades do lobo frontal responsável pelos
comportamentos e impulsos humanos, recebendo transmissões do parietal e temporal,
72

a disfunção desta área cerebral ocasiona falta de concentração, diminuição de


habilidades intelectuais e déficit de memória e julgamento. Lobo Temporal responsável
pela decodificação de estímulos auditivos- visuais e de comportamentos instintivos.
Lobo Parietal que faz a integração visual e a somatossentivação primária e preserva o
conhecimento geral. Lobo Occipital integra a visualização à decodificação de
informações externas para serem apreciadas em áreas secundárias.
Cabe-se verificar que as Dificuldades de Aprendizagem podem se dar, segundo
OLIVIER. L., A) Causas psicológicas ocasionadas por traumas e problemas
psicológicos/comportamentais; B) Causas orgânicas como verifica-se em episódios de
desnutrição e anemias e C) por causas do sistema e inadequação de métodos. Aclara-
se que não há relação com o presente objeto de estudo que são distúrbios e transtornos,
salvo, em alguns casos, onde ocorram de maneira secundária para outros quadros
avaliados, tais como: alterações das funções sensoriais, doenças crônicas, transtornos
psiquiátricos, doenças mentais e neurológicas.
Verifica-se já nos transtornos de aprendizagens oriundos da inabilidade com
origem anatomopatológica de leitura caracterizada pela falta de compreensão, de
expressão com dificuldade composicional textual ou de matemática (discalculia), em
indivíduos que apresentam resultados relativamente abaixo do esperado para seu nível
de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual (CID-10 e DSM-IV).

2 Educação Inclusiva – Elo para a Evolução da Humanidade

2.1 Neurociência/Neuropsicologia e a inclusão

A rejeição de crianças especiais é um estigma que a humanidade e a família


precisam superar. Por amor, acolher a situação, não a denominando como problema,
mas sim de oportunidade onde se gera a Luz da Misericórdia Divina.
De alguma forma, como avaliamos a chegada de um ser especial, reagimos de
acordo com nossa condição na evolução, resignando-se e seguindo como Planejamento
Reencarnatório segundo André Luiz (Espírito) ou nos entregamos em chamas ardentes
do materialismo que nos consumirá ao dermos conta de uma existência perdida por
nossos próprios caprichos como elucida Santo Agostinho em O Livro dos Espíritos. O
inconformismo do ‘por que eu?’ que somente a Doutrina Espírita poderá responder com
clareza.
Cabe a família ser a primeira a acolher o que cientificamente chamamos de
diferença da ESPÉCIE HUMANA, banindo do orbe terrestre o orgulho. “Antes de chamar
seu filho de burro, consulte a psicopedagogia; antes de desistir de seu paciente, tente a
arteterapia” (De Olivier).

2.2 Crianças excepcionais

Concepção: Acredita-se que, como se foi mencionado anteriormente, toda


criança excepcional, foi de alguma forma autora de uma lesão perispiritual, mas em
algumas oportunidades reencarnatórias seja expiação familiar sem comprometimento
com suicídio em vidas pretéritas.

2.2.1 Autismo: Lesão encefálica de origem genética, afetando a comunicação externa,


caracterizando a pessoa com espectro autista são comuns: o impedimento de
sociointeração (alienação), dificuldades na comunicação, na interação social e na
imaginação, não demonstra sentimento, inflexibilidade, a anoxia perinatal ocasionando
fibroplasia retrolental seja biologicamente o que ocasiona o distúrbio – tratamento
musicoterapia (Tratar-se-á em subcapítulo adequado).
73

2.2.2 Epilepsia: Trata-se do distúrbio com ocorrências de estigmatização, preconceito


e não aceitação dos mais antigos da humanidade. Chega-se a criar em determinadas
culturas uma verdadeira mitologia supersticiosa sobre este mal. Visto a origem grega da
palavra que significa ‘tomar-se de surpresa’ pode se dividir em leve ou intensa (onde
encontra-se o que é denominado por ‘áuria’).

2.2.3 Paralisia Cerebral (PC): Denominado àqueles que apresentam em determinados


grupos heterogêneos de condições clínicas, caracterizados por distúrbios motores e
alterações posturais permanentes, de etiologia não progressiva, que ocorre no cérebro
imaturo, podendo ou não estar associado às alterações cognitivas. Em certas
civilizações primitivas os portadores desta encefalopatia eram denominados como sub
humanos, devido ao grau de adiantamento moral atravessado na história de nosso
planeta.

2.2.4 Esquizofrenia Infantil: O contato com a realidade está perturbado, conhecida


como ‘mente dividida’, por muitos acometidos migrarem do estado de consciência dito
normal para o anormal. Os sintomas podem ser separados em positivos: refletem a
presença de pensamentos e comportamentos anormais, como delírios, alucinações,
discurso desorganizado, comportamento grosseiro, já os sintomas negativos: refletem
a ausência de respostas que geralmente estão presentes como a redução da expressão
de emoção, discurso pobre e dificuldade em iniciar um comportamento dirigido. Pode
apresentar delírios desorganizados Esquizofrenia Paranóide ou apresentar distúrbios
dos movimentos com repetição de frases ou palavras sem sentido Esquizofrenia
Catatônica.

3 Da reencarnação

“Todo plano traçado na Esfera Superior tem por objetivos fundamentais o bem e
a ascensão e toda alma que reencarna no círculo da Crosta, ainda aquela que se
encontre em condições aparentemente desesperadora, tem recursos para melhorar
sempre” (André Luiz - Missionários da luz).
É na sobrevivência da individualidade da alma que se baseia o conceito mais
forte na Doutrina Espírita. Somos seres espirituais ligados aos seres corporais,
experimentando sensações, experiências e muitas vezes fracassos.

3.1 Trato do fenômeno reencarnacionista

É pela Misericórdia Divina que os serviços intercessórios do plano espiritual se


concretizam na oportunidade da existência em nossa Crosta. A ligação dar-se-á com as
condições similares vibratórias entre casal que recebe a missão da concepção e o
espírito reencarnante. O plano mental de cada envolvido resulta na comunhão de
associados a mesma taça de dores e alegrias terrestres, respeita se assim os Desígnios
Divinos que nada mais são a colheita de comportamentos desviados ou não de cada
criatura.
Reconciliação de padrão vibracional que através do amor é influenciada pela
integração gloriosa entre a Humanidade e a Divindade - criatura e criador. Influenciada
pela ânsia de evolucionar, o Plano reencarnatório regerá o gráfico referente ao
organismo biológico o qual Espíritos Construtores farão uso da união entre
homem/espírito em seu mundo mental influenciado pela infinita possibilidades de
pensamentos. Sendo pelo equilíbrio vibracional de pensamentos e o amor das duas
esferas submetem o ato de ligação inicial como crucial para o desenvolvimento biológico
do reencarnante perante a Lei de Deus. Inicia-se assim tendo como direito universal o
início da jornada terrestre onde a colheita do produto (o período reencarnatório)
submete-se à harmonia das Leis Supremas.
74

Pela lei de afinidade magneticamente determina o fluído planetário submetendo


dois tipos de fecundação: a física a qual proporcionará experiências terrestres
necessárias ao nosso acolhimento temporário e a fecundação psíquica na qual se terá
a marca do amor do recebimento ao seio familiar, podendo ou não originar traumas,
devido os débitos expiatórios dos envolvidos, como também o fortalecimento da troca
de valores divinos da alma de acordo com a evolução espiritual da qual todos carregam
no histórico de existências.

3.1.2 Intervenção reencarnatória

A partir da consciência reencarnatória e a necessidade da alma a ligação com


os pais se dará com a ajuda de Espíritos Superiores, Construtores e muitas vezes de
familiares monitorando desde o momento da preparação perispiritual ao
desenvolvimento biológico fetal. Primariamente a perda de lucidez dos vínculos e
lembranças da erraticidade, devido a plasticidade do corpo espiritual - perispírito-
plasma a identidade essencial.

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

CASO 1 C.S 10 anos

Minha primeira experiência como Professor/espírita, caso grave de microcefalia,


hemisfério esquerdo totalmente comprometido, (cerca de três centímetros de massa).
Aluna se encontrava em processo de alfabetização aos 10 anos de idade. Silábica com
valor, comunicava-se precariamente, repetia palavras, concordava com tudo, não
apresentava razão em comunicação. O processo foi de tentativa e erro, com ênfase em
transcrições, contudo com pouco sucesso.
Aparentemente, somente se deu resultado quando passa-se a ser a genitora o
alvo da intervenção. Conscientizar-se da situação em que a filha seria uma “jóia rara”,
presente de Deus para sua existência. A falta de religiosidade era muito aparente,
mesmo com a tendência ao catolicismo, a evangelização iniciou-se com vibrações à
distância e orações na Casa Espírita. A harmonização familiar foi se germinando no seio
familiar. A família constituída de Mãe e duas filhas foi se fortalecendo.
Após um “sonho com Santa Rita de Cássia”, C.S no dia seguinte, começou a
escrever e lembrar-se de todo conteúdo gramatical, literário e relatava que “foi a Santa
que anunciava seu sucesso na escola”.
Hoje, C.A trabalha junto à mãe na secretaria escolar, expressa-se com
dificuldade característica da anatomia que lhe é peculiar, contudo com eficiência em
rotinas administrativas

CASO 2 C.A. 11 anos

Microcefalia severa, quando designa-se a sala em 2019, não escrevia, não se


comunicava, apenas ficava no canto da sala, dividido pelo muro da exclusão escolar,
contudo era “protegido pela turma”.
Inicia-se a interpretação por figuras sem proposições verbais, somente visuais,
outros processos pedagógicos foram tomados após iniciar professor tutor, os quais não
são objetos de estudo deste artigo.
Como a interação com a família era de maneira muito difícil, pois trata-se de
Zona Rural, o sucesso se deu com a harmonização e espiritualização dos colegas de
sala. Leituras de análise semântica com mensagens de Emmanuel foram diariamente
estudadas. Exercícios de concentração e respiração foram no início conturbados,
contudo todos ‘acreditaram’ na proposta. Vibrações à distância foram emanadas da
Casa Espírita.
75

O dia de ‘Respeite minha religião’ foi especial, exposição de trechos do


evangelho, explanações de variadas teologias de maneira simples pelo entendimento
da faixa etária teve muito êxito. No entanto, o que mais deu resultado foi o projeto
‘Escreva que eu respondo’, cartas eram enviadas a pessoas anônimas que respondiam
aos escritores anônimos a fim de preservar a individualidade. Envolveram-se discentes
e docentes. Palavras de consolo e respeito foram a essência do projeto. De futuros
cidadãos frustrados, passaram a ser pessoas com identidade com respeito a si e aos
outros, de uma maneira quase total aos envolvidos.
Finaliza-se o relato com a experiência da ‘Caixa de Emoções’, onde de maneira
anônima pedia-se um conselho. Consolida-se a humanização da sala, todos repartiram
experiências, escutaram e foram ouvidos. Foi um trabalho dignificante como cristão em
semear o amor e o respeito. Hoje C.A lê com dificuldade, contudo comunica-se por meio
de bilhetes escritos e sua fala melhorou consideravelmente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O quantitativo de reencarnantes com necessidades especiais cresce à medida


que a ciência humana se desenvolve. A difusão de novas técnicas médicas, psicológicas
e pedagógicas em inserir esses indivíduos na sociedade leva-se a crer que a ciência
está à disposição para acolher esses espíritos.
Em Jo 3,3 precisamos entender que Jesus fala da reencarnação e em uma nova
chance de se redimir com os débitos pretéritos, como Emmanuel nos orienta de que
toda religião é importante dependendo de sua religiosidade, a existência dessas
criaturas nos faz sentir e refletir o quanto somos cristãos e o quanto amamos uns aos
outros. Desvenda-se assim o “nascer de novo”. Deve-se assim a humanidade como um
todo, de acordo com seus fundamentos teológicos acolher e amar a todos. Que resulta
dos esforços tanto morais quanto espirituais aos quais todos ligados à Crosta Terrestre
estejam predestinados que é um mundo Regenerador.
A neuroplasticidade comprova de maneira científica que o amor pode reverter
situações onde o perispírito atua no biológico, sobejando fluidos benéficos em áreas
não comprometidas, suprindo as necessidades psicobiológicas necessárias para que
cognitivamente, o indivíduo tenha uma reencarnação com oportunidades não só de se
ajudar como ajudar aos semelhantes. Esta atuação resulta na ampliação da inteligência
do espírito que expõem as vivências de outras corporeidades, com o véu do
esquecimento reencarnatório, esquece-se das atividades comprometedoras, mas sua
inteligência focada no bem e na moralidade, demonstra a todos que a misericórdia divina
atua a todos simultaneamente, a mesma oportunidade é dada a todos.
Cabe à humanidade saber acolher, respeitar e aproveitar os ensinamentos
dados por nossos irmãos de jornada evolutiva. Visto que todas as entidades,
encarnadas ou não, evoluídas ou não, sejam alicerce uma das outras. Em referência à
parábola do bom samaritano, não somente cuidar de forma física ou mental, mas sim o
comprometimento que cada um tem com o próximo, comprometimento mútuo.

REFERÊNCIAS

CAPOVILLA, Fernando C. Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: MENNON, 2011.

OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. Rio de Janeiro:


WAK, 2011.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem. Rio de Janeiro:


WAK, 2011.
76

XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz – Espírito). Evolução em Dois Mundos. 19 ed.
Rio de Janeiro: FEB.

XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz – Espírito). Missionários da Luz. 31 ed. Rio de
Janeiro: FEB.

XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz – Espírito). No Mundo Maior. 20 ed. Rio de
Janeiro: FEB.

XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz – Espírito). Nos Domínios da Mediunidade. 19


ed. Rio de Janeiro: FEB.
77

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DA REENCARNAÇÃO

Luiz Lenarth Gabriel Vermaas


Núcleo Espírita Fraternidade e Amor - NEFA

RESUMO

Reencarnação é o processo pelo qual o espírito retorna à vida física em um novo corpo.
A crença na reencarnação é antiga e comum em várias culturas e religiões muito antes
de Cristo. Para a Doutrina Espírita esta crença está fundamentada na revelação dos
espíritos à Allan Kardec e na justiça de Deus, sendo considerada uma lei natural para a
evolução do Espírito. Mais recentemente, este tema tem despertado o interesse de
pesquisadores que investigam diversos casos sugestivos de reencarnação. Os casos
pesquisados cientificamente incluem recordações espontâneas de vidas passadas,
relatadas principalmente por crianças. Este artigo apresenta o resultado de uma
pesquisa bibliográfica sobre evidências de reencarnação, relacionando a publicação de
alguns pesquisadores na área, apresentando os tipos de evidências científicas
pesquisadas e padrões universais nos casos investigados. Com o objetivo de ilustrar as
evidências investigadas, são relatados três casos sugestivos de reencarnação entre
milhares disponíveis na literatura.

Palavras-chave: Reencarnação. Evidências. Ciência. Lembranças. Vidas Passadas.

1 INTRODUÇÃO

A crença na reencarnação, também chamada


de renascimento ou transmigração da alma, é antiga e era sustentada por conhecidos
filósofos gregos, como Pitágoras, Sócrates e Platão. No entanto, essa crença na
antiguidade, e ainda hoje em algumas religiões, não se restringia à reencarnação
humana, mas abrangia a possibilidade da alma humana encarnar em animais ou
vegetais, também chamada de metempsicose. Era uma crença amplamente difundida
entre os egípcios, gregos, romanos, chineses e indianos. A reencarnação é um
princípio central das religiões, tais como o Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo.
De várias formas, aparece como uma crença esotérica em muitas correntes
do judaísmo em diferentes aspectos e em algumas crenças dos povos indígenas das
Américas.
A reencarnação é um dos princípios básicos da Doutrina Espírita, considerada
uma lei natural para a evolução do espírito. Encarnar refere-se ao primeiro nascimento
do Espírito em um corpo físico, enquanto que reencarnar, diz respeito aos
renascimentos sucessivos do Espírito, em um novo corpo físico humano. A crença na
reencarnação se funda na justiça de Deus e na revelação dos Espíritos a Allan Kardec
(KARDEC, 2001).
O objetivo deste trabalho é apresentar o resultado de algumas pesquisas
científicas relacionadas a reencarnação. A seção 2, intitulada Pesquisadores e
Publicações sobre Reencarnação, relaciona alguns dos principais pesquisadores nesta
área, assim como suas principais publicações. Os tipos de evidências científicas
consideradas nas pesquisas são apresentados na seção 3 deste artigo. A seção 4 ilustra
três casos reais sugestivos de reencarnação que foram escolhidos dentre os diversos
descritos na literatura científica. Uma discussão sobre os padrões relacionado ao estudo
de casos de reencarnação é apresentada na seção 5. A seção 6 apresenta a
metodologia utilizada nesta pesquisa e a conclusão é apresentada na seção 7.

2 PESQUISADORES E PUBLICAÇÕES SOBRE REENCARNAÇÃO


78

Nesta seção serão apresentados alguns dos principais estudiosos e


pesquisadores sobre o tema reencarnação e algumas de suas principais publicações
científicas.

2.1 Ian Stevenson

Ian Pretyman Stevenson (1918-2007), foi cientista e professor de psiquiatria da


Universidade da Virgínia nos EUA e até hoje é considerado o maior pesquisador da
reencarnação pelo viés científico. A sua pesquisa incluía principalmente o tema
da reencarnação, o relacionamento entre mente e cérebro e a continuidade da
personalidade após a morte.
Stevenson publicou apenas para as comunidades científica e acadêmica, e seus
mais de 200 artigos e vários livros trazem ricos detalhes de pesquisa e argumentos
acadêmicos. Sua pesquisa, com mais de 3.000 estudos de casos, fornece evidências
discutidas por Stevenson, apoiando a possibilidade de reencarnação, apesar de ele
mesmo ter sido sempre muito cauteloso ao se referir a elas como ‘casos sugestivos de
reencarnação’ ou ‘casos do tipo de reencarnações’. Algumas de suas principais
publicações na área incluem os seguintes livros:

 Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. (1966). (Second revised and


enlarged edition 1974), University of Virginia Press, ISBN 0813908728
 Cases of the Reincarnation Type Vol. I: Ten Cases in India, (1975). University
of Virginia Press.
 Cases of the Reincarnation Type Vol. II: Ten Cases in Sri Lanka. (1978).
University of Virginia Press.
 Cases of the Reincarnation Type Vol. III: Twelve Cases in Lebanon and
Turkey. (1980). University of Virginia Press.
 Cases of the Reincarnation Type Vol. IV: Twelve Cases in Thailand and
Burma. (1983). University of Virginia Press.
 Unlearned Language: New Studies in Xenoglossy. (1984). University of
Virginia Press, ISBN 0813909945
 Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and
Birth Defects Volume 1: Birthmarks and Reincarnation and Biology: A
Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects Volume 2: Birth
Defects and Other Anomalies. (1997). (2 volumes), Praeger Publishers, ISBN 0-
275-95282-7
 Where Reincarnation and Biology Intersect. (1997). Praeger Publishers, ISBN
0-275-95282-7 . (A short and non-technical version of the scientific two-volumes
work, for the general reader)
 Children Who Remember Previous Lives: A Quest of Reincarnation. (2001).
McFarland & Company, ISBN 0-7864-0913-4 , (A general non-technical
introduction into reincarnation-research)
 European Cases of the Reincarnation Type. (2003). McFarland &
Company, ISBN 0786414588.

A rigorosa metodologia criada pelo pesquisador para investigar a reencarnação é,


por enquanto, a melhor maneira de abordar esse assunto sob um prisma científico. Os
detalhes dos casos apresentados em seus livros sempre impressionam as mentes mais
arejadas.

2.2 Hemendra Nath Banerjee

O Prof. Hemendra Nath Banerjee nasceu na Índia em 1929 e faleceu em 1985.


Foi um dos mais destacados pesquisadores sobre reencarnação. Desenvolveu a
79

maioria de seus trabalhos enquanto era Diretor do Departamento de Parapsicologia da


Universidade de Rajasthan, Índia. Em 1979, publicou o livro Vida Pretérita e Futura, um
relato de 25 anos de pesquisas na área da reencarnação. Neste livro, descreve seus
achados em mais de 1.100 casos estudados não apenas na Índia, mas em diversos
países, inclusive nos Estados Unidos, onde há bastante aversão ao tema,
principalmente por parte do meio científico. A partir de seu trabalho, o assunto começou
a despertar o interesse de alguns estudiosos, dentre os quais o Prof. Ian Stevenson.
Relata o prof. Banerjee, em seu livro, que desde o início de suas pesquisas havia
decidido formar um centro de estudos internacional sobre a reencarnação. Seu objetivo
era estudar cientificamente casos de vidas anteriores em todo o mundo e coligir dados
relativos aos mesmos.
As pesquisas de Banerjee levaram-no a concluir que “a reencarnação é
fenômeno baseado em fatos e não o resultado da imaginação humana ou de influência
de outras culturas”.

2.3 Jim Tucker

Jim Tucker é diretor médico da Clínica de Psiquiatria Infantil e Familiar, e


Professor Associado de Psiquiatria e Ciências Neurocomportamentales
da Universidade de Virginia. Seu principal interesse como pesquisador são as crianças
que parecem recordar vidas anteriores, e as lembranças pré-natais e do nascimento. É
autor de Life Before Life: A Scientific Investigation of Children’s Memories of Previous
Lives (que foi traduzido ao português como Vida Antes da Vida), que apresenta uma
visão de mais de 40 anos de investigação sobre a reencarnação no Setor de Estudos
da Percepção da Universidade de Virgínia. Dentre suas principais publicações
científicas sobre reencarnação, estão:

 Keil HHJ, Tucker JB. "An unusual birthmark case thought to bê linked to a person
who had previously died." Psychological Reports 87:1067-1074, 2000.
 Tucker JB. "Reincarnation." In Macmillan Encyclopedia of Death and Dying,
Kastenbaum R (ed.). New York: Macmillan Reference USA, 705-710, 2003.
 Keil HHJ & Tucker JB. "Children who claim to remember previous lives: Cases
with written records made before the previous personality was identified." Journal of
Scientific Exploration, 19(1):91-101, 2005.
 Sharma P & Tucker JB. "Cases of the reincarnation type with memories from the
intermission between lives." Journal of Near-Death Studies, 23(2):101-118, 2005.
 Tucker JB. Life Before Life: A Scientic Investigation of Children's Memories of
Previous Lives, New York: St. Martin's Press, 2005, 256 págs. ISBN 0-312-32137-
6.
 Pasricha SK, Keil J, Tucker JB, Stevenson I. "Some bodily malformations
attributed to previous lives." Journal of Scientific Exploration, 19(3):359-383, 2005.
 Tucker, J.B. "Children's reports of past-life memories: A review." EXPLORE: The
Journal of Science and Healing, 4(4):244-248, 2008.
 Tucker JB & Keil HHJ. "Experimental birthmarks: New cases of an Asian
practice. International Journal of Parapsychology, em processo de publicação.

2.4 Brian Weiss

Brian Leslie Weiss, nascido em Nova Iorque em 06/11/44 é


um psiquiatra e escritor norte-americano. Suas publicações tratam de temas
como reencarnação, terapia de vidas passadas, regressão a vidas passadas e vida
após a morte. Weiss graduou-se na Universidade de Medicina de Yale em 1970,
estagiou no campo de medicina interna, na New York University Medical Center,
retornando posteriormente à Yale para dois anos de especialização
80

em Psiquiatria. Após algumas décadas de carreira, Weiss conduziu seus estudos à


problemática de existência do ser após a morte, permanecendo atuante na vertente
reencarnacionista até os dias atuais. Algumas de suas publicações na área:

 Many Lives, Many Masters. 1988. (Muitas Vidas, Muitos Mestres, no Brasil e
em Portugal) ISBN 978-85-7542-450-6.
 Through Time Into Healing. 1996.(A Cura Através da Terapia de Vidas
Passadas, no Brasil; O Passado Cura, em Portugal) ISBN 978-85-7542-266-3.
 Mirrors of Time. 2000. (Os Espelhos do Tempo, no Brasil e em Portugal) ISBN
978-85-7542-270-0.
 Messages From the Masters. 2001. (Mensagens dos Mestres, no Brasil) ISBN
978-85-7542-002-7.
 Healing the Mind and Spirit Cards. 2002. Ainda sem tradução para a Língua
Portuguesa, ISBN 978-15-6170-948-9.
 Same Soul, Many Bodies. 2004. (Muitas Vidas, Uma Só Alma, no Brasil;
Muitos Corpos, Uma Só Alma, em Portugal) ISBN 978-97-2711-960-8.

2.5 Carol Bowman

A americana Carol Bowman, nascida em 14/10/50, é autora, conferencista,


conselheira e terapeuta, conhecida por seu trabalho no estudo de supostos casos de
reencarnação, especialmente aqueles envolvendo crianças pequenas. Seus primeiros
dois livros, Children's Past Lives (Bantam, 1997) e Return from Heaven (HarperCollins,
2001), sobre reencarnação, foram publicados em mais de 23 idiomas. Bowman também
é terapeuta praticante de regressão a vidas passadas para adultos há mais de vinte e
cinco anos e conduz cursos de treinamento para ensinar aos terapeutas praticantes seu
método de terapia de regressão a vidas passadas.

2.6 James G. Matlock

Nascido em 1954 nos EUA, é antropologista pela University of Southern Illinois


em Carbondale. Trabalhou na American Society for Psychical Research na cidade de
Nova York e no Rhine Research Center em Durham, Carolina do Norte. Atualmente é
pesquisador da Parapsychology Foundation. Seus principais interesses de pesquisa são
a história da parapsicologia, antropologia da religião e reencarnação. É professor em
um seminário online de 15 semanas sobre pesquisa e teoria da reencarnação.
A pesquisa sobre reencarnação se tornou seu interesse central e o assunto de
seus livros e principais contribuições acadêmicas. Seu livro ‘Sinais de Reencarnação’
fornece o primeiro olhar abrangente sobre a crença na reencarnação e as evidências de
vidas passadas de registros históricos, estudos antropológicos e pesquisas
contemporâneas. Neste livro, Matlock discute as várias maneiras pelas quais as
evidências podem ser interpretadas e mostra que, embora a reencarnação implique uma
rejeição da noção materialista de que a consciência é gerada pelo cérebro, ela não
requer a aceitação de quaisquer conceitos radicalmente novos ou o abandono de
descobertas bem estabelecidas na corrente principal da psicologia ou biologia. Entre
suas principais publicações, estão:

 I Saw a Light and Came Here: Children’s Experiences of Reincarnation, co-


authored with Erlendur Haraldsson, 2017.
 Historical Tlingit near-death and reincarnation-intermission experiences: Case
studies and theoretical reflections. Journal of Near-Death Studies, 36, 215-242.
 2015. Past-life readings. In M. G. Cardin (Ed), Ghosts, Spirits, and Psychics: The
Paranormal from Alchemy to Zombies (pp. 217-219). Santa Barbara, CA: ABC-
CLIO.
81

 2015. Past-life regression. In M. G. Cardin (Ed), Ghosts, Spirits, and Psychics:


The Paranormal from Alchemy to Zombies (pp. 219-221). Santa Barbara, CA:
ABC-CLIO.
 2011. Ian Stevenson’s Twenty cases suggestive of reincarnation: An historical
review and assessment. Journal of Scientific Exploration, 25, 789–820.
 1996. Reincarnation. In D. Levinson & M. Ember (Eds.), Encyclopedia of Cultural
Anthropology (Vol. 3, pp. 1086-1088). New York: Henry Holt.
 1994 (with Antonia Mills). A trait index to North American Indian and Inuit
reincarnation. In A. Mills & R. Slobodin (Eds.), Amerindian Rebirth: Reincarnation
Belief among North American Indians and Inuit (pp. 299-356). Toronto: University
of Toronto Press.
 1994. Alternate generation equivalence and the recycling of souls: Amerindian
rebirth in global perspective. In A. Mills & R. Slobodin (Eds.), Amerindian Rebirth:
Reincarnation Belief among North American Indians and Inuit (pp. 263-283).
Toronto: University of Toronto Press.
 1991. Children’s memories of previous lives. In A. A. Drewes & S. A. Drucker
(Eds.), Parapsychological Research with Children: An Annotated
Bibliography (pp. 30-37). Metuchen, NJ: Scarecrow.
 1990. Past life memory case studies. In S. Krippner (Ed.), Advances in
Parapsychological Research 6 (pp. 184-267). Jefferson, NC: McFarland.
 2020, August. American Children Who Recall Previous Lives. In R. McLuhan
(Ed.), Psi Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2020, August. European Children Who Recall Previous Lives. In R. McLuhan
(Ed.), Psi Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2020, August. Native North American Children Who Recall Previous Lives. In R.
McLuhan (Ed.), Psi Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2020, August. Suicide and Reincarnation. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2018, June. Physical signs in reincarnation cases. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2017, October. Behavioural memories in reincarnation cases. In R. McLuhan
(Ed.), Psi Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2017, October. Buried treasure in reincarnation cases. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2017, August. Xenoglossy in reincarnation cases. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2017, March. Replacement reincarnation. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.
 2017, February. Patterns in reincarnation cases. In R. McLuhan (Ed.), Psi
Encyclopedia. London: Society for Psychical Research.

2.7 Hernani Guimarães Andrade

Nascido em Araguari – MG em 31/05/1913 e faleceu em 25/04/03. Foi


engenheiro, psicobiofísico e o maior pesquisador científico brasileiro sobre o espiritismo.
Foi pioneiro na pesquisa do efeito Kirlian e da transcomunicação instrumental em nosso
país, tendo sido também o introdutor da metodologia de Ian Stevenson para o estudo
de casos sugestivos de reencarnação no Brasil. Os dois, aliás, se conheciam
pessoalmente – o pesquisador canadense veio a São Paulo em 1972, e seus arquivos
abrigam casos brasileiros estudados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas
Psicobiofísicas (IBPP), presidido por Andrade. Os estudos do IBPP feitos segundo o
modelo elaborado por Stevenson renderam os livros Reencarnação no Brasil – Oito
82

Casos que Sugerem Renascimento (Ed. O Clarim, 1988) e Renasceu por Amor – Um
Caso que Sugere Reencarnação: Kilden & Jonathan (Ed. Folha Espírita, 1995).

2.8 Alexander Moreira de Almeida

Nascido em Três Rios – RJ em 28/03/74 é professor Associado de Psiquiatria da


Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora-UFJF, fundador e
diretor do NUPES (Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF).
Coordenador das seções em espiritualidade e psiquiatria da Associação Mundial de
Psiquiatria e da Associação Brasileira de Psiquiatria. Coordenador de Pesquisa do
Programa de Pós-graduação em Saúde da UFJF. Conhecido por suas publicações
sobre fenômenos paranormais, saúde, transtornos mentais, problema mente-
corpo, religião e espiritualidade. Dentre os temas de interesse nas pesquisas científicas
do Dr. Alexander Moreira estão as Experiências de Quase Morte – EQMs e a
reencarnação.
O NUPES, sob sua direção, em parceria com a Universidade da Virgínia (EUA)
e, sob financiamento da Fundação Bial, de Portugal, está desenvolvendo a pesquisa
intitulada ‘Levantamento Nacional de Casos Sugestivos de Reencarnação na
População Brasileira’. O objetivo principal desta pesquisa é conhecer o perfil de
brasileiros que acreditam possuir memórias de supostas vidas passadas e as
características de tais memórias. A pesquisa busca conhecer, também, seus níveis de
religiosidade/espiritualidade, felicidade e saúde. Na segunda fase do estudo, alguns
participantes poderão ser contatados para serem entrevistados pessoalmente, a fim de
se investigar melhor os dados relatados nas memórias.

3 TIPOS DE EVIDÊNCIAS PESQUISADAS

As pesquisas envolvendo o tema analisam evidências que podem ser


classificadas em três tipos diferentes. O primeiro deles se refere a episódios nos quais
as pessoas falam espontaneamente sobre fatos e lembranças do que teria sido uma
vida anterior. O segundo, deriva da regressão hipnótica, e o terceiro está relacionado a
mensagens mediúnicas, conforme descrito a seguir (ANDRADE, 1988).

3.1 Memórias espontâneas

Esse grupo inclui ocorrências de sonhos, déjà vu, lembranças pós-traumáticas e


experiências espontâneas (em geral apresentadas por crianças) de lembranças de
vidas passadas. Nesta última subdivisão se encontram os casos mais sólidos, na
opinião de Stevenson e de outros pesquisadores.
Segundo Stevenson, as crianças são o objeto preferido de estudos
reencarnatórios porque a possibilidade de que elas tenham absorvido informações por
meio de mídias diversas é bem reduzida. Em geral, elas começam a falar sobre essas
“memórias” antes de ser alfabetizadas e as descrevem de forma bem simples, como se
não se preocupassem com o fato de alguém acreditar ou não nelas. Como a pessoa
morta teria falecido pouco antes do nascimento da criança na qual ela reencarnaria, fica
mais fácil também reunir testemunhos de indivíduos que possam confirmar ou não
dados dessa vida passada.
Além das recordações de vidas passadas, as marcas de nascença estão entre
as evidências da reencarnação. Elas podem indicar a causa de morte em uma vida
regressa. Quando a pessoa nasce com marcas de nascença similares a lesões que a
pessoa teve numa suposta vida passada, a reencarnação seria a melhor explicação
para esse fenômeno. Habilidades não compatíveis com a vivência atual da pessoa
também podem ser indícios.
83

3.2 REGRESSÃO HIPNÓTICA

Esse grupo, que abrange recordações extraídas sob hipnose ou terapia de vidas
passadas (TVP), foi o responsável por reintroduzir o tema reencarnação em grande
escala no Ocidente. Esse marco ocorreu em 1954, quando o hipnólogo amador Morey
Bernstein causou um grande impacto nos Estados Unidos ao divulgar em jornais a
história de Ruth Simmons, uma jovem dona de casa paciente sua que, sob hipnose,
declarou se chamar Bridey Murphy e ter vivido na Irlanda no início do século 19.
Embora a moça fornecesse diversas informações verificáveis sobre Bridey e a
vida cotidiana irlandesa daquela época, o caso posteriormente perdeu força porque
muitos estudiosos disseram que a moça poderia simplesmente ter descrito dados lidos,
vistos ou ouvidos quando ela era criança. Muitos profissionais que trabalham com a
TVP, aliás, dizem que os conteúdos revelados por seus pacientes não representam
necessariamente vidas passadas.

3.3 MEDIUNIDADE

Nesse grupo, detalhes sobre vidas passadas seriam transmitidos por médiuns –
por exemplo, os relatos de reencarnações feitos pelo médium americano Edgar Cayce.
Segundo os pesquisadores, esses são os casos mais vulneráveis a fraudes, e mesmo
os dados mais críveis colhidos dessa forma podem ter sido obtidos consciente ou
inconscientemente pelo médium em outras fontes de informação.

4 ALGUNS CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO

Para ilustrar algumas evidências pesquisadas sobre recordações espontâneas


de vidas passadas, foram selecionados e serão descritos a seguir 3 casos reais
constantes na literatura.

4.1 Caso Purnima Ekanayake

Jinadasa Perera, fabricante e vendedor de incensos no Sri Lanka, foi


atropelado por um ônibus enquanto andava de bicicleta. As rodas do ônibus
atropelaram o lado esquerdo de seu peito, esmagando várias costelas e causando
ferimentos internos massivos que o mataram instantaneamente. Purnima
Ekanayake nasceu dois anos depois em uma parte diferente da ilha. Ela tinha uma
grande marca de nascença subindo obliquamente no lado esquerdo do peito, que
ela disse ser o resultado de ter morrido em um acidente de trânsito com um
"veículo grande". Ela disse à família que fora um homem que fazia paus de
incenso, deu nome às marcas e descreveu o processo de fabricação. Ela disse
que foi casada com a irmã do marido de sua irmã, cujo nome ela deu. Ela também
se lembrou do nome de sua mãe e acrescentou que tinha dois irmãos. Purnima
disse que depois de sua morte ela flutuou na semi-escuridão por alguns dias. Ela
viu pessoas lamentando por ela e testemunhou seu funeral, então viu alguma luz,
foi em direção a ela e encontrou-se em sua vida presente.
Quando ela tinha quatro anos, Purnima visitou um templo budista, que ela
reconheceu. Ela disse que viveu do outro lado do rio do templo, mas nada foi feito
para verificar suas memórias na época. Dois anos se passaram antes que um dos
colegas de seu pai fizesse perguntas e localizasse uma família de fabricantes de
incenso que se encaixava na descrição de Purnima. Quando ela conheceu a irmã
e o cunhado de Jinadasa, Purnima reconheceu as pessoas e fez perguntas
pertinentes sobre o negócio, que o cunhado estava continuando.

4.2 Caso Marta Lorenz


84

Maria Januária de Oliveiro, conhecida familiarmente como Sinhá, era filha


de um próspero fazendeiro do sul do Brasil. Seu pai a proibiu duas vezes de se
casar com homens de quem ela havia se comprometido. O segundo desses
pretendentes se matou em resposta. Pouco antes de morrer de tuberculose, aos
28 anos, ela disse à sua boa amiga Ida Lorenz que renasceria como sua filha. Ela
prometeu a Ida que se identificaria contando muitas coisas sobre Sinhá.
Dez meses depois, Ida Lorenz deu à luz uma filha a quem chamou Marta.
Ainda criança, Marta pareceu reconhecer o pai de Sinhá quando ele visitou a casa
dos Lorenz e, quando ela tinha dois anos e meio, começou a falar sobre Sinhá.
Nos anos seguintes, ela fez mais de 120 declarações sobre ela. Ela também
compartilhou muitos traços de personalidade com Sinhá. Como Sinhá, Marta
gostava de dançar, tinha medo de chuva e gostava de gatos. Ela se parecia
fisicamente com Sinhá e sofria de infecções respiratórias crônicas.

4.3 Caso Ismail Altinklish

Dentre os muitos casos de reencarnação estudados, merece ser mencionado o


de um menino turco, de quatro anos de idade, Ismail Altinklish, que, de repente,
começou a falar sobre sua vida anterior e descreveu-a com impressionantes detalhes.
Foi levado ao local onde dizia ter sido seu nascimento anterior, para que fosse posto à
prova se seria capaz de reconhecer. Não apenas localizou a casa em que morara, a
pessoa com quem ele se associava, como reconheceu os parentes e amigos
daquela pessoa.
Costumava dizer na sua atual encarnação: - "Estou cansado de morar aqui.
Quero voltar para minha casa e meus filhos." Ismail nasceu em 1956.
Seu pai trabalhava como comerciante de secos e molhados na cidade de Adana,
Turquia. Já na idade de um ano e oito meses, ele balbuciava a respeito de sua vida
anterior. Ismail afirmava que, numa outra vida, ele tinha sido Abeit Suzulmus, e que fora
assassinado. O menino tinha uma cicatriz de nascimento na cabeça, a qual, segundo
afirmação da mãe, persistiu até 1962. Abeit Suzulmus havia sido morto por uma
pancada na cabeça.

5 PADRÕES RELACIONADOS AO ESTUDO DE CASOS

Um dos padrões universais mais fortes é a tenra idade em que as crianças


falam sobre vidas anteriores. A maioria das crianças em todas as culturas começa
entre as idades de dois e cinco anos, embora a primeira referência à vida anterior
possa ser feita por volta dos dezoito meses. Quanto mais jovem a criança, ao falar
pela primeira vez da vida anterior, mais forte serão as memórias e é menos
provável que sejam induzidas por algo visto ou ouvido (MATLOCK, 2019).
A maioria das crianças para de falar sobre suas memórias depois de alguns anos
e as memórias parecem ter desaparecido de sua consciência. O esmaecimento
das memórias, que geralmente ocorre entre as idades de cinco e oito anos, já foi
considerado uma característica quase universal dos casos. O desvanecimento das
memórias de vidas passadas na meia-infância é comum, mas não é tão universal
quanto se pensava. Marta Lorenz é um exemplo de alguém que guardou memórias
até a idade adulta (MATLOCK, 2019).
Além de relatar memórias episódicas de vidas anteriores, algumas crianças
falam sobre eventos que dizem ter ocorrido entre suas mortes e nascimentos,
como fez Purnima Ekanayake. As memórias de intervalo, como são chamadas, às
vezes incluem percepções do mundo material que podem ser verificadas. As
crianças também se comportam de maneira semelhante às pessoas de cujas vidas
se lembram. Esses comportamentos podem ser habilidades altamente
85

desenvolvidas, incluindo habilidades de linguagem. As crianças também podem


ter marcas de nascença, defeitos de nascença e outras anormalidades físicas
relacionadas às pessoas anteriores, ou podem ser semelhantes às pessoas
anteriores em estatura, estrutura facial e assim por diante. Marcas de nascença e
defeitos congênitos geralmente estão relacionados à maneira como uma pessoa
morreu (MATLOCK, 2019).
A maioria das crianças se lembra de ter morrido perto de onde nasceram.
Casos de longa distância (com distâncias maiores que cinquenta quilômetros do
local de morte) ocorrem em países maiores, como Índia e Estados Unidos, mas os
casos que cruzam as fronteiras internacionais são incomuns e os casos
internacionais resolvidos são raros.
A maioria das crianças que se lembram de vidas anteriores o faz no estado
de vigília, sem alteração aparente de consciência. Às vezes, as memórias vêm em
sonhos ou pesadelos, mas geralmente também há memórias de vigília.
Um dos fatores universais mais importantes do lado da pessoa anterior é a
maneira como essa pessoa morreu. Mortes violentas - por acidente, assassinato
ou suicídio, durante a guerra, por exemplo - figuraram em 51% dos casos
resolvidos e foram declarados em 61% dos casos não resolvidos em 1983. Esses
números são muito mais altos do que a incidência de morte violenta nas
populações em geral durante os mesmos períodos em qualquer um dos países ou
sociedades tribais em que os casos foram estudados. As mortes violentas estão
associadas a intervalos significativamente mais curtos entre as vidas, e as
crianças que se lembram de ter morrido violentamente começam a falar sobre a
vida anterior em uma idade significativamente mais jovem do que quando as
mortes são naturais, por doença ou na velhice.
Stevenson descobriu que a duração média do intervalo (morte ao
nascimento) em 616 casos resolvidos era de quinze meses, com base nos
números de 1986. Havia uma grande variação cultural, no entanto. O intervalo
médio foi de quatro meses entre os haidas e oito meses entre os drusos, mas mais
de nove meses na maioria dos outros lugares. Foram 12 meses na Índia, 16 meses
no Sri Lanka, 21 meses na Birmânia e 34 meses entre os Igbo. Em casos
americanos não tribais, foi de quase doze anos.

6 MÉTODOS DA PESQUISA

A metodologia aplicada no desenvolvimento deste trabalho, baseou-se em


pesquisa exploratória, visando identificar publicações acadêmicas e pesquisadores em
evidências científicas de reencarnação. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em
livros e artigos científicos utilizando-se como palavras chave: REENCARNAÇÃO,
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA e PESQUISA, compilando informações de diversos autores
sobre o tema. Pesquisou-se na literatura diversos casos sugestivos de reencarnação,
tendo sido escolhidos três para descrever neste artigo a título de exemplificação. A
técnica utilizada para a coleta de dados foi a documental e bibliográfica.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os pesquisadores que se dedicam às investigações científicas de


evidências da reencarnação, o indiano Hemendra Nath Banerjee foi um dos pioneiros e
seu trabalho influenciou as pesquisas de Ian Pretyman Stevenson, psiquiatra americano
e professor na Universidade da Virgínia, considerado o maior pesquisador nesta área,
tendo estudado mais de 3.000 casos sugestivos de reencarnação. No Brasil, o
engenheiro Hernani Guimarães Andrade foi pioneiro nas pesquisas científicas de
reencarnação utilizando o método do Dr. Ian Stevenson. Atualmente, o psiquiatra,
pesquisador e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, coordena uma
86

pesquisa no Brasil visando identificar casos sugestivos de reencarnação. É interessante


notar que os pesquisadores utilizam o termo ‘sugestivo’, que caracteriza a prudência
que o cientista deve ter em suas investigações.
O tipo de evidência mais investigado diz respeito a memórias de vidas
anteriores relatadas espontaneamente pelos indivíduos pesquisados. Alguns
padrões universais são comumente observados nos casos estudos por
pesquisadores diversos em grupos de culturas e países distintos. Um dos padrões
universais mais fortes é a tenra idade em que as crianças falam sobre vidas
anteriores. A maioria das crianças em todas as culturas começa entre as idades
de dois e cinco anos, embora a primeira referência à vida anterior possa ser feita
por volta dos dezoito meses. Quanto mais jovem a criança, ao falar pela primeira
vez da vida anterior, mais forte serão as memórias e é menos provável que sejam
induzidas por algo visto ou ouvido. As crianças também podem ter marcas de
nascença, defeitos de nascença e outras anormalidades físicas relacionadas às
pessoas anteriores, ou podem ser semelhantes às pessoas anteriores em
estatura, estrutura facial e assim por diante. Marcas de nascença e defeitos
congênitos geralmente estão relacionados à maneira como uma pessoa morreu.
Apesar de existirem pesquisadores em vários países dedicando-se a investigação
de casos sugestivos de reencarnação, com muitos casos resolvidos, não há ainda
um consenso da ciência humana sobre a comprovação da reencarnação.

8 AGRADECIMENTOS

Agradeço aos organizadores do Congresso de Iniciação Científica Espírita –


CONICE pela iniciativa deste evento de estudo, pesquisa e divulgação da Doutrina
Espírita. Agradeço, aos amigos do Núcleo Espírita Fraternidade e Amor pelos estudos
doutrinários realizados nesta instituição.

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, H.G. Reencarnação no Brasil – Oito Casos que Sugerem Renascimento.


Ed. O Clarim, 1988.

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Disponível em: https://www.revistaquestaodeciencia.com.br/questionador-questionado/
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STEVENSON, I. Twenty Cases Suggestive of Reincarnation. University of Virginia Press


ISBN 0813908728, 1974.

STEVENSON, I. Children Who Remember Previous Lives: A Quest of Reincarnation.


McFarland & Company, ISBN 0-7864-0913-4, 2001.
88

GLÂNDULA PINEAL - IMPLICAÇÕES FÍSICAS E ESPIRITUAIS

Autor: GOMES, Carlos


Instituição: Núcleo Espírita Fraternidade e Amor – Itajubá - MG

Resumo

A partir das informações trazidas pelas obras psicografadas por Francisco Cândido
Xavier, ditadas pelo Espírito André Luiz sobre a glândula pineal e os fenômenos
mediúnicos, pensou-se em pesquisar na literatura científica o que existe sobre a referida
glândula e sua função no organismo humano. Utilizando-se da revisão bibliográfica
como metodologia buscou-se em artigos científicos o que se tem descoberto sobre a
pineal. Interessante perceber que as obras mediúnicas citaram as funções dessa
glândula 13 anos antes dos cientistas se interessarem pelo assunto. Assim, tem-se um
grande número de pesquisas atuais, apontando muitas funções vitais para a epífise por
meio de seu produto principal, o hormônio Melatonina.

Palavras-chave: pineal, epífise, mediunidade.

1 INTRODUÇÃO

A glândula pineal é bastante citada na literatura espírita, mormente nas obras


psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, ditadas pelo Espírito
cognominado André Luiz. Porém, independentemente da questão espírita, essa
glândula também tem sido objeto de pesquisa das ciências médicas, em especial nos
últimos 60 anos.
Há muito que a pineal tem sido objeto de especulação entre os estudiosos e
pesquisadores do corpo humano, chegando a chamar a atenção de Galeno, médico do
imperador Marco Aurélio, no século II d. C.
No entanto, somente em 1958 ela veio a ser estudada pela ciência moderna,
lembrando que, muitos anos antes disso, a epífise, como era chamada, já tinha sido
referenciada, como já dito, nas obras psicografadas pelo médium Francisco Cândido
Xavier na década de 1940.
Por tratar-se de uma glândula de interesse tanto material, pela ciência moderna,
quanto espiritual, pelo estudo espírita, pensou-se em realizar uma revisão bibliográfica
sobre o assunto.
Nesse sentido, esse trabalho tem por objetivo apresentar alguns resultados de
artigos científicos sobre a referida glândula, complementando com alguns relatos
trazidos pela psicografia de Chico Xavier.
A Metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica em artigos, livros e demais
informes a respeito do assunto.

o Como questões norteadoras desse estudo elegeram-se as seguintes:


o Qual a importância da Glândula Pineal para o organismo físico?
o Qual a sua função na mediunidade?
o Por que a espiritualidade deu ênfase nessa glândula, em especial nas suas
comunicações mediúnicas?

Segundo o psiquiatra espírita Jorge Andrea (1990) a glândula pineal ou epífise


já era conhecida pelos antigos. De acordo com esse autor a Escola de Alexandria
estudava a pineal (Herophilus de Alexandria, 330 a. C) relacionando-a com questões
religiosas. Os gregos, por sua vez, a conheciam como conárium (termo cunhado por
Galeno) e os latinos, por pinealis (termo que significa cone de pinha). Ambos
acreditavam ser a pineal, o centro da vida.
89

Corroborando as informações de Andrea (1990) Lucchetti et al (2010) também


afirmam em seu artigo que as primeiras descrições detalhadas da pineal foram
encontradas nos trabalhos de Galeno (131-200 d.C.). À época achava-se que essa
glândula distribuía o chamado “spiritus animalis” pelo corpo, por isso o modelo de
Galeno recebeu o nome de “modelo pneumático ventricular” por considerar ser
hidráulico a sua natureza (López-Muñoz et al. 2010c apud Lucchetti et al, 2010).
A partir dessa publicação de Galeno, o filósofo e matemático René Descartes
(1596-1650) anunciou que a pineal era “o principal assento da alma”. “De acordo com
Descartes, o “spiritus animalis” eram fluidos sutis, como partículas minúsculas e rápidas
que circulavam através dos ventrículos cerebrais e nervos” (LUCCHETTI et al, 2010).
No século XVIII essa proposta perde força quando Claude-Nicolas Le Cat anuncia que
era o córtex cerebral, e não a pineal, a sede da alma (López-Muñoz et al 2010 apud
LUCCETTI et al, 2010).
No Brasil o pioneiro na investigação da glândula pineal foi o Dr. Ângelo Machado
(1934-2020) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) seguido pelo Dr. José
Cipolla Neto da USP (Universidade de São Paulo), pesquisador da fisiologia da glândula
e, na área estrutural, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, também da USP.

2 DESCOBERTAS DA CIÊNCIA

Por muito tempo, até a metade do século XIX a glândula pineal foi considerada
apenas como um órgão evolutivo vestigial, sem função definida. Somente no século XX
é que sua natureza neuroendocrinológica foi finalmente confirmada. López-Muñoz et al
(2010) afirmam em sua pesquisa que no início do século XX surgiram publicações sobre
o funcionamento da pineal, tendo sido confirmado apenas em 1958, quando isolou-se o
hormônio melatonina, graças ao trabalho de Aaron B. Lerner e equipe da Universidade
de Yale (EUA). As pesquisas de Aaron Lerner, segundo López-Muñoz et. al (2010)
revelaram que a pineal funciona como um “transdutor neuroendócrino”, transformando
a informação captada pela retina, através da luz, em resposta hormonal, ou endócrina,
sintetizando a melatonina. Esse hormônio, por sua vez, funciona como um “relógio
biológico” do organismo.
Cipolla-Neto e Amaral (2018) elucidam em seu artigo que em 1958 a equipe de
Aaron Lerner isolou o fator ativo da pineal, responsável em agregar grânulos de
melanina dentro dos melanócitos, nomeando esse fator de melatonina. A partir de então
inúmeras pesquisas foram realizadas e hoje é possível encontrar cerca de mais de 28
mil publicações a respeito da melatonina e suas diferentes funções, o que distingue a
glândula pineal como de grande importância no organismo humano.

3 FUNÇÕES DA MELATONINA

É importante estudar sobre a melatonina, pois foi a partir desse hormônio que se
descobriu a pineal, sua fonte de produção. Dentre as suas inúmeras funções destaca-
se a principal, que é regular o ritmo de vários processos fisiológicos, participando do
controle do relógio biológico humano.
Segundo Maganhin et al (2008) a melatonina participa também do sistema
genital feminino, influenciando a função ovariana e a fertilidade, devido à sua interação
com os esteroides sexuais, como o estrogênio.
Langer et al (1997) apud Maganhin et al (2008) afirmam que a melatonina é a
molécula chave que controla o ciclo circadiano dos animais e humanos, sendo que na
espécie humana, a maior concentração de melatonina ocorre durante a infância, caindo
rapidamente antes do início da puberdade e sofrendo nova queda acentuada durante a
senectude. Dessa forma, postula-se ainda que a melatonina teria papel importante
durante o ciclo da vida, ou seja, no crescimento, no desenvolvimento e amadurecimento,
bem como no processo de envelhecimento.
90

Essa molécula é derivada da serotonina, tendo como precursor o aminoácido


triptofano. Maganhin et al (2008) em seu artigo comentam sobre a pesquisa do Dr.
Reiter, realizada no Texas (EUA), na década de 1990, que apresentou evidências de
que a melatonina também poderia atuar como antioxidante, combatendo radicais livres
e protegendo o organismo.
Embora o conhecimento da ação da melatonina estivesse, por muito tempo
restrito ao sistema nervoso central, Maganhin et al (2008) citam a pesquisa de
Luboshitzky et al a qual apresenta evidências de que alterações nos níveis séricos de
melatonina estejam relacionados com distúrbios da ovulação em mulheres. Eles
acreditam, baseados nessa pesquisa de Luboshitzky et. al, que os níveis de melatonina
possam influenciar os processos fisiológicos e neoplásicos do sistema reprodutor,
apresentando a hipótese de que haja uma associação entre o crescimento neoplásico
e a quantidade de melatonina. Os autores concluem ainda que há evidências de que a
melatonina atue como modulador das respostas inflamatórias e imunológicas.
As evidências encontradas sobre a ação da melatonina como antioxidante
levaram Wu e Swaab (2004) a pesquisarem sobre a sua importância no processo de
envelhecimento e na doença de Alzheimer.
Outros trabalhos de pesquisa apresentados no artigo de Luccheti et al propõem
outras funções para a melatonina como: adjuvante na terapia antidepressiva,
propriedades anticonvulsivantes, sedativas, ansiolíticas e protetiva contra a
osteoporose. Aparece também a relação entre distúrbios de alimentação (bulimia e
anorexia) com a quantidade de melatonina, síndrome do pânico, transtorno obsessivo
compulsivo (TOC), dentre outras.
Outros trabalhos citados por Lucchetti et. al relacionam a função da melatonina
com a glândula paratireoide, influenciando no metabolismo ósseo. Os autores chamam
a atenção para o fato de essa glândula estar relacionada com a vida mental dos
indivíduos, embora não haja um trabalho concludente a respeito.
Cipolla Neto e Amaral (2018) afirmam que a melatonina é uma substância
miríade em consequência de suas múltiplas funções. A pineal não é armazenada. Ao
ser produzida é liberada para a corrente sanguínea (onde está ligada à albumina) e para
o fluido cefalorraquidiano, atingindo várias áreas do sistema nervoso central (SNC) e
todos os órgãos periféricos, onde desencadeará diferentes efeitos por vários
mecanismos de ação.
Embora muitos estudos ainda estejam sendo realizados não há dúvida de que a
glândula pineal é de vital importância para o organismo humano, pois atua regulando
fenômenos básicos de biologia celular em quase todos os tipos de células.

4 GLÂNDULA PINEAL EM RELAÇÃO À ESPIRITUALIDADE

Semm et al (1980) sugerem em seu trabalho que a pineal seria a estrutura ideal
para detectar os campos magnéticos que influenciam os sistemas biológicos, tanto do
homem, quanto de outros vertebrados. Essa função seria possível devido ao fato de ser
ela um órgão de cronometragem sensível à luz.
O Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, pesquisador da estrutura da glândula pineal,
apresenta em seu artigo a hipótese de que essa glândula poderia agir como um
transdutor psiconeuroendócrino, captando energias sutis que, além de trabalhar com a
captação de campos magnéticos, se ligaria à função tempo dentro de seus mecanismos
cronobiológicos.
Para Oliveira (2000) a pineal funcionaria como um sensor capaz de perceber o
mundo espiritual e de coligá-lo com a estrutura biológica, chegando a afirmar que: “O
estudo dos mecanismos físicos envolvidos no funcionamento dessa glândula são
excelentes modelos experimentais para o estudo da relação do mundo espiritual com o
mundo material.” (OLIVEIRA, 2000).
91

Francisco Cândido Xavier, notório médium psicógrafo, brasileiro, sob a influência


do Espírito André Luiz, trouxe a lume uma coleção de livros narrando a vida na
espiritualidade.
Em uma dessas obras o Espírito André Luiz, orientado pelo instrutor espiritual
Alexandre, observa uma reunião mediúnica, quando um grupo de médiuns (pessoas
sensíveis encarnadas) se prepara para dar passividade aos Espíritos (desencarnados),
traduzindo suas comunicações.
André Luiz, que quando encarnado exercera a profissão de médico, observou
atentamente as modificações no cérebro do médium e admirou-se com a luz crescente
que percebia em sua epífise. “A glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante
e, em derredor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes.” (XAVIER, 2015, p.
19). Surpreso frente ao fenômeno observado recebeu instruções do mentor Alexandre,
que o acompanhava.
O mentor espiritual lhe informa que essa glândula não é um órgão morto,
conforme alguns pesquisadores da Terra chegaram a supor, ao contrário, trata-se da
glândula da vida mental, acordando no homem, no período da puberdade, as forças
criadoras e funcionando como um laboratório de elementos psíquicos.
Xavier (2015) traz em sua psicografia, a informação de que a pineal, aos 14 anos
recomeça a funcionar como fonte criadora e válvula de escapamento:

A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus


mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera
emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade,
examina o inventário de suas paixões vividas em outra época, que
reaparecem sob fortes impulsos. (XAVIER, 2015, p. 21)

A espiritualidade revela assim que o papel dessa glândula tanto está ligado aos
fenômenos da emotividade, quanto ao papel de desatar os laços divinos da Natureza,
que ligam uma existência à outra. A partir dela são produzidas unidades de força
responsáveis em atuar nas energias geradoras das glândulas reprodutoras.
Segundo a instrução do Espírito Alexandre a André Luiz, a pineal tem
ascendência sobre todo o sistema endócrino. Liga-se à mente por princípios
eletromagnéticos do campo vital, comandando as forças subconscientes, submetendo-
se à ação da vontade. Manancial criador dos mais importantes, suas atribuições são
extensas e fundamentais.
Em relação à questão espiritual essa glândula é fundamental no crescimento
mental do homem e no enriquecimento dos valores da alma. Como uma unidade de
força deve ser aproveitada e controlada no serviço de iluminação, refinamento e
benefício da personalidade do ser humano.
Em outra obra dos mesmos autores, “Nos Domínios da Mediunidade”, o Espírito
André Luiz é apresentado à irmã Celina durante uma reunião mediúnica prática. O
Espírito Áulus informa a André que Celina acrisolara as faculdades medianímicas,
aperfeiçoando-as nas chamas do sofrimento moral.
Ao observar o cérebro de irmã Celina, utilizando-se de aparelho da
espiritualidade, o Espirito André Luiz visualizou células especializadas, com funções
diversificadas, funcionando como detectores e estimulantes, transformadores e
amplificadores da sensação e da ideia, semelhante a raios luminosos. Chamou-lhe a
atenção o fato de a pineal estar brilhando como um pequenino sol azul.
Em outro livro, “Evolução em Dois Mundos”, o Espírito André Luiz apresenta a
glândula pineal como um fulcro de energia de sensações sutis. Ela traduz e seleciona
os estados mentais diversos, prenunciando as operações da mediunidade, de forma
consciente ou inconsciente, nas quais os Espíritos encarnados e desencarnados se
consorciam uns com os outros na mesma faixa vibratória.
92

“É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande
maioria deles, a potência divina dorme embrionária.” (XAVIER, 2015).
Lembrando sempre, de acordo com o Espírito Alexandre, que “...tudo é espírito,
manifestação divina e energia eterna (...) todas as manifestações psicofísicas se
derivam da influência espiritual.” (ibid)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Respondendo às questões norteadoras do presente artigo, pode-se perceber pela


quantidade de pesquisas que têm sido realizadas sobre a melatonina e a glândula
pineal, que há um grande interesse, atualmente, em se compreender melhor a função e
a importância de ambas para o organismo, o que já é possível demonstrar em alguns
relatos de maneira satisfatória.
Mesmo assim, após as leituras realizadas dos artigos científicos e dos livros
espíritas, conclui-se o quanto ainda falta pesquisar sobre essa glândula secretora da
vida mental, ou, como se referiu Alexandre (Espírito), um laboratório de elementos
psíquicos.
Cada dia mais e mais funções da melatonina, hormônio principal da pineal, são
apresentadas ao mundo, através de pesquisas, sugerindo ser essa glândula,
juntamente com o cérebro, o órgão mais importante do organismo humano.
O Dr. Sergio Felipe, como pesquisador da pineal sugere que mais pesquisas sejam
feitas para se comprovar a relação do mundo espiritual com o mundo físico.
A descoberta da importância dessa glândula pela ciência material, 13 anos depois
de ser publicada em uma série de livros psicografados, confirma a cientificidade do
Espiritismo e sua proposta de mudança de paradigma frente à vida, que não cessa com
a morte do corpo físico.
A espiritualidade, por sua vez, utilizando-se das mãos abençoadas de Chico Xavier
levantou o véu, permitindo-se ver uma parte do iceberg que, metaforicamente, pode-se
chamar de pineal devido à sua importância no organismo físico e espiritual.
Sugere-se que mais pesquisas e revisões sejam realizadas em relação a esse
assunto de maneira que um dia seja possível responder à questão: por que essa
glândula foi citada pelos Espíritos como a glândula da vida mental? Seria o pensamento
uma “secreção magnética”, cuja fonte é a pineal? Que venham mais e mais pesquisas
nessa área.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, S. Felipe de. Cristais da Glândula Pineal: Semicondutores cerebrais? In:


Saúde e Espiritismo, 2.ed. São Paulo: Associação Médico-Espírita do Brasil, 2000.

SANTOS, Jorge Andréa dos. Palingênese, A Grande Lei. 4.ed. Petrópolis, RJ:
Sociedade Editora Espiritualista F. V. Lorenz, 1990.

XAVIER, Francisco C. (André Luiz, Espírito) Missionários da Luz. 45.ed. Brasília,


DF: FEB, 2015.
_____________________________________ Nos Domínios da Mediunidade.
36.ed. Brasília, DF: FEB, 2017.

XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, W. (André Luiz, Espírito). Evolução em Dois


Mundos. 27.ed. Brasília, DF: FEB, 2017a.

Artigos:
93

Cipolla-Neto, J.; Amaral, Fernanda G. Melatonina como hormônio: novos insights


fisiológicos e clínicos. Avaliações Endócrinas, v. 39, n. 6, Dezembro 2018.
Disponível em: <https://academic.oup.com/edrv/article/39/6/990/5094958> Acesso
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LÓPEZ-MUÑOZ, F.; MARÍN, F.; ALAMO, C. O fundo histórico da glândula pineal: I.


De uma válvula espiritual para o assento da alma. Revista Neurologia, jan 1, 2010.
Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.gov/20073024 Acesso em 12/05/2021.

LUCCHETTI, G.; DAHER JR, J. C.; IANDOLI JR, D.; GONÇALVES, Juliane P. B.;
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comparação entre teorias fornecidas pelo Espiritismo na década de 1940 e a
evidência científica atual. Neuroendrocrinology Letters, 2013. Disponível em:
<https://www.febnet.org.br>. Acesso em:18/06/2021.

MAGANHIN, Carla C.; CARNONEL, Adriana A. F.; HATTY, Juliana H.; FUCHS, Luiz
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em <https://www.scielo.br/j/ramb/a/wwrCwdBKsqPqZQHV3gBRMjs/?lang=pt>
Acesso em: 19/06/2021.

SEMM, P.; SCHNEIDER, T.; VOLLRATH, L. Efeitos de um campo magnético de


força terrestre na atividade elétrica das células pineais. Revista Nature, 1980.
Disponível em <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/7442806/> Acesso em:
02/07/2021.

Wu, Ying-Hui; Swaab, Dick F. A glândula pineal humana e a melatonina no


envelhecimento e na doença de Alzheimer. 2004. Wiley Online Library. Disponível
em <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10,1111/j.1600-079X.2004.00196 > Acesso
em: 15/05/2021.
94

O FIM DO SERMÃO PROFÉTICO: A VIDA ETERNA E O CASTIGO ETERNO


MT. 25: 31 A 33

Autora – ABREU, Magda Luzimar de


Instituição – Grupo Espírita Emmanuel

RESUMO

O sermão profético, dito por Jesus há mais de 2000 mil anos, é um texto atual. Tomado
como orientações para cada indivíduo e para a humanidade ele nos alerta com relação
a nos posicionarmos como espíritos desejosos de construir um mundo regenerado,
regenerando a nós mesmos. Apresentamos neste trabalho a análise dos versículos 31
a 33 do capítulo 25 do evangelista Mateus. Utilizamos para a análise o EMEJ - Estudo
Minucioso do Evangelho de Jesus.

Palavras-chave: Sermão profético. Reforma íntima. EMEJ.

1 INTRODUÇÃO

O sermão profético é um conjunto de textos com orientações de Jesus acerca


dos desdobramentos que ocorreriam após o retorno do Mestre ao Mundo Espiritual.
Embora à época ele se dirigisse a seus discípulos, como a mensagem do Cristo é
atemporal ele também se destina a toda a humanidade.
Aqui não podemos apresentá-lo todo pois o texto é bastante extenso.
Trabalharemos com os primeiros três versículos da parte final do sermão intitulado: O
fim do sermão profético: a vida eterna e o castigo eterno.
O objetivo deste artigo é apresentar a análise dos versículos 31 a 33 do capítulo
25 do Evangelho de Mateus destacando a necessidade de nossa reforma íntima na
vivência deste momento atual da humanidade.

2 O SERMÃO PROFÉTICO

Inicialmente contextualizamos o texto a ser analisado, dentro do conteúdo


evangélico. Após a entrada de Jesus em Jerusalém na semana que precede sua
crucificação (Mt. 21: 1 a 11) vamos observar alguns fatos que antecedem o discurso do
sermão. Jesus condena as autoridades judaicas por causa da comercialização no
Templo de Jerusalém (Mt. 21: 12 a 17 – A purificação do templo). Após este episódio
várias orientações são dadas, incluindo parábolas. Novas repreensões com relação aos
escribas e fariseus ocorrem e quando Jesus ia saindo do templo os apóstolos se referem
a ele como sendo uma construção inabalável. É quando Jesus, iniciando o sermão,
afirma que não sobrará nada do templo no futuro: “Jesus, porém, lhes disse: Não vedes
tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derribada” (Mt. 24: 4).
Coloquemos o trecho a ser analisado, Mt. 25: 31 a 33, dentro da contextualização
do texto completo do sermão profético, que estruturamos em três partes:

1. Mt. 24: 1 a 28 - Diante da fala de Jesus sobre o templo os apóstolos solicitam


informações de quando ocorreria a destruição do templo. Jesus então inicia o discurso
orientando a todos para estarem vigilantes quando falsos profetas surgissem e quando
os rumores de guerras e pestes ocorressem. Nesta época os discípulos seriam
escandalizados e traídos em seu nome. Mas todos que perseverassem seriam salvos e
o Evangelho seria pregado em todo o mundo: “Mas aquele que perseverar até ao fim
será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho
a todas as gentes, e então virá o fim” (Mt. 24: 13 e 14).
95

O sermão continua com Jesus alertando para alguns sinais: abominação no lugar
santo; fugir da Judeia e ir para os montes; permanecer no telhado, se lá estiver; as
grávidas sofreriam; não fugir nem no inverno, nem no sábado. Porém apesar do grande
sofrimento, a misericórdia divina é grande e poupa os que se esforçam no bem:

Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o


princípio do mundo até agora, nem tão pouco há de haver. E, se
aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas,
por causa dos escolhidos, serão abreviados aqueles dias (Mt. 24: 21 e
22).

2. Mt. 24: 29 a 51 e Mt. 25: 1 a 31 – Nesta parte do sermão Jesus indica alguns
elementos que poderão ocorrer anunciando o final das tribulações: estrelas cairão do
céu, anjos do Senhor trocarão trombetas. Porém ele alerta para o fato de que nem todos
conseguiriam superá-las. Os que não se ajustarem à vontade divina não desfrutarão da
companhia do Filho do Homem, cuja vinda significa uma nova etapa de paz para a
humanidade. Então ele apresenta a ideia de que apesar de todo conhecimento que ele
tem e de sua afinidade com as leis divinas, só Deus sabe exatamente quando ocorrerá
este momento de separação entre os que se rendem à vontade do Pai e os que se
rebelam contra ela: “Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus,
nem o Filho, mas unicamente meu Pai” (Mt. 24: 36).
Jesus então convida todos à vigilância para que não percamos este momento. É
quando ele exemplifica esta questão através de três parábolas: a dos dois servos, a das
dez virgens e a dos dez talentos.

3. Mt. 25: 31 a 46 – Dentro deste texto se encontra nosso objeto de estudo, os


versículos 31 a 33 do fim do sermão profético. É quando Jesus fala do final das
tribulações e da vinda do Filho do Homem. Dois eventos marcam este momento. As
nações inicialmente apartadas pela discórdia se unirão sob o comando de um único
pastor. As ovelhas e os bodes serão identificados e separados. As ovelhas
permanecerão no Reino de Deus, usufruindo de uma vida eterna de felicidade, e os
bodes serão conduzidos ao fogo eterno dos sofrimentos.
A estrutura do sermão profético reproduz a nossa própria caminhada evolutiva,
e consequentemente a da própria humanidade. Conhecemos Jesus e o recebemos no
templo da nossa intimidade. Mas as nossas tendências inferiores estão tão presentes
em nossas personalidades, a exemplo dos fariseus no nosso íntimo, que lutamos contra
a mensagem do Cristo.
Como o mundo precisa progredir precisamos nos posicionar como ovelhas ou
bodes e escolher se queremos fazer parte do novo mundo regenerado. Neste processo
que dura séculos nos quais temos reencarnado muitas vezes, nos encontramos
novamente no mundo físico que atravessa profunda transição de enormes desafios.
Conseguiremos, agora com a Doutrina Espírita, nos posicionarmos como as ovelhas de
Jesus?

3 MÉTODOS DA PESQUISA

3.1 A análise quantitativa dos versículos que citam a expressão “Filho do


Homem” contabilizou quantas vezes a expressão aparece, excluindo-se as repetições
na íntegra, ou parcial, em versículos aqui denominados sinóticos. Trata-se de versículos
que ocorrem em mais de um dos evangelistas sinóticos, a saber: Mateus, Marcos e
Lucas.
3.2 A interpretação dos versículos foi feita utilizando o Estudo Minucioso do
Evangelho de Jesus – EMEJ (UEM, 2021; Abreu, 1997).
Este método propõe 6 etapas de desenvolvimento:
96

3.2.1. Escolher o versículo ou passagem do Evangelho a ser estudado, já


apresentado no título deste trabalho.
3.2.2. Contextualizar o conteúdo evangélico escolhido dentro do aspecto literal
do texto bíblico (já feito na Introdução) e/ou dos contextos geográficos e históricos da
época de Jesus, quando necessário. Para tal utiliza-se a Bíblia, dicionários da língua
portuguesa, dicionários bíblicos e textos históricos.
3.2.3. Selecionar expressões e palavras para melhor detalhar o estudo.
Estudaremos aqui algumas expressões e palavras.
3.2.4. Trabalhar conteúdos doutrinários que permitam entender a mensagem de
Jesus à luz da Doutrina Espírita.
3.2.5. Situar-se dentro do texto, identificando o que a mensagem fala para o ser,
espírito em evolução. Desta forma compreende-se a mensagem de Jesus como
atemporal e que ela deve ser entendida como destinado ao espírito na sua
reencarnação atual ou nos planos espirituais.
3.2.6. Interiorizar a mensagem, buscando entendê-la como uma proposta de
reforma das tendências íntimas do ser, na presente existência.
O método busca materializar a orientação do espírito Alcíone retratada na obra
do espírito Emmanuel, psicografada por Francisco Cândido Xavier: “A mensagem do
Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida” (Alcíone - Xavier, 1992, p. 333).

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos


anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as
nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o
pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita,
mas os bodes à esquerda (Mt. 25: 31 a 33).

4.1. Mt. 25: 31 - “E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os
santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória”.
Filho do Homem: Esta expressão é muito utilizada por Jesus, tendo sido
registradas 55 citações nos quatro evangelistas. Em várias vezes Ele se identifica como
Filho do Homem. Destacamos o texto de Mateus referido como A última páscoa, a santa
ceia:

E ele, respondendo, disse: O que mete comigo a mão no prato, esse


me há de trair. Em verdade o Filho do Homem vai, como acerca dele
está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é
traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido. E,
respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura, sou eu, Rabi? Ele
disse: Tu o disseste” (Mt. 26: 23 a 25).

Destacamos também um texto de Jesus quando ele fala de si mesmo: “Disse-


lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, conhecereis quem eu
sou e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João 8: 28).

Vemos nos textos que Jesus claramente assume para si a denominação de Filho
do Homem. Como Jesus é um espírito puro, vemos que Ele se coloca como referência
para a humanidade. Tal referência está registrada em O Livro do Espíritos: “625. Qual
o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Jesus” (Kardec, 1991, p. 308).
Como Filho do Homem Jesus assume, com humildade, a condição de ser um
filho de Deus, como nós mesmos e, portanto, irmão de todos nós. Entendemos também
o filho como expressão da gestação de um novo ser na nossa intimidade, originando
97

um homem melhor, que se move dentro dos princípios do Amor e da Caridade para com
todos.
Vier em sua glória: a glória de Jesus é a dos espíritos puros. Segundo Kardec
(1991) os espíritos puros realizam a vontade de Deus e têm como característica: “112.
Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação
aos Espíritos das outras ordens” (Kardec, 1991, p. 94).
Portanto, quando Jesus retornar à Terra o fará com todas as suas virtudes de
espírito puro. Mas aqui precisamos entender também que este retorno não deve ser
esperado como uma nova encarnação do Cristo, mas sim como sua presença no
planeta regenerado quando os espíritos que aqui permanecerem vivenciarem a
mensagem de Jesus em suas ações.
Se assentará no trono da sua glória: Entendendo a vinda do Cristo na nossa
intimidade vemos que o assentar propõe a acomodação da mensagem do Evangelho
em nossa mente e no nosso coração. Desta forma estaremos vivendo em plena sintonia
com as atitudes características da grandeza de Jesus. Não temos aqui expectativa de
que os espíritos regenerados já terão alcançado a qualidade de espíritos puros, mas
estarão no esforço contínuo de praticar o bem, como nos esclarece Kardec, na lição de
Santo Agostinho:

Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de


expiação e os mundos felizes.
....
Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade
preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam
caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.
...
Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a
aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito
às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente
desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as
pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos
são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los,
pois que eles representam a calma após a tempestade, a
convalescença após a moléstia cruel (Kardec, 1991, p. 84).

Precisamos refletir, trazendo a mensagem para a nossa intimidade. Como


participar de um mundo regenerado se não nos regeneramos? Como usufruir da
companhia do trono de Jesus se não implantamos sua glória em nós mesmos e nas
nossas atitudes. Não conseguiremos permanecer em um ambiente regenerado sem
perdoarmos os que nos ofendem. Portanto a regeneração tem que começar em nós.
Sob este aspecto se seguirmos as lições de Jesus integralmente, poderemos
experimentar o sopro reconfortante do bem em nós, mesmo convivendo em um mundo
coletivamente de provas e expiações.

4.2 Mt. 25: 32 – “E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns
dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas”.
E todas as nações serão reunidas diante dele: No início do Sermão Jesus diz:
“Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e
pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das
dores” (Mt. 24: 7 e 8).

Se olharmos o mundo externo veremos que as palavras do Mestre refletem as


situações que vivemos a séculos. Porém no que se refere à disputa entre as nações
elas se originam das disputas entre as criaturas. Podemos assim transpor estes
embates para as nações de interesse que existem na nossa intimidade. Disputas na
98

sociedade, no lar, no trabalho em torno de interesses pessoais que representam o nosso


descontrole no campo da vaidade, do orgulho, da cobiça.
Quando o Filho do Homem se estabelece em nós, estes sentimentos se
transformam em virtude e nossas angústias e inseguranças são apaziguadas diante da
grandeza da mensagem do Senhor. As nações são reunidas sob o comando de um só
pastor.
E apartará uns dos outros: situação natural quando pensamos nas leis de
Livre-arbítrio e Causa e efeito. Temos o direito de escolher qual posição queremos tomar
diante dos desafios e aprendizados da vida. Porém somos responsáveis pelas
consequências de nossas escolhas. Desta forma se não nos prepararmos para um
mundo melhor e para sermos melhores, seremos naturalmente separados daqueles que
assim se posicionam. Isto acontece quando desencarnamos.
André Luiz, espírito, psicografado por Xavier (1993) nos mostra situações desta
natureza em várias de suas obras. Na obra Ação e Reação ele relata a condição de
dificuldade de Antônio Olímpio que permanece nas regiões umbralinas depois de várias
décadas do seu desencarne em razão do homicídio contra dois irmãos. Por outro lado,
sua esposa, Alzira, é apresentada como um espírito que superou dificuldades e se
encontra em zonas espirituais de equilíbrio e se dispõe a auxiliar o ex-esposo na
recomposição de sua dívida para com os irmãos. Ela não se apresenta como espírito
livre de erros, mas como alguém disposta a auxiliar em nome do Amor sincero.
Portanto a seleção é algo natural na condição de espíritos inferiores, em
processo de modificação íntima para o bem, como nós mesmos.
No campo coletivo encontramos situação semelhante visto que o coletivo é
composto pelas individualidades em transição. Para adentrar o mundo de regeneração
será necessário nos posicionarmos no bem.
Como o pastor aparta dos bodes as ovelhas: O pastor é Jesus, representante
das leis divinas, com autoridade para orientar a separação, como mencionado na
questão 625, acima.
A expressão apartar bodes e ovelhas não era desconhecida das autoridades
religiosas da época de Jesus. O profeta Ezequiel fala da advertência divina quanto à má
condução das ovelhas de Israel pelos pastores por elas responsáveis. Estes pastores
simbolizam os religiosos que conduziam o povo de Israel, à época de Jesus
representados pelos fariseus, sacerdotes e príncipes, e escribas. Segundo Ezequiel o
Filho do Homem deveria reconduzir as ovelhas a Deus, que faria a separação entre as
ovelhas e os bodes. Diz Ezequiel: “E, quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o
Senhor Jeová: Eis que eu julgarei entre gado pequeno e gado pequeno, entre carneiros
e bodes” (Ezequiel 34:17).
Com a Doutrina Espírita entendemos que bodes e ovelhas representam
aspectos da nossa personalidade e do nosso piso evolutivo.
No contexto bíblico observamos que os bodes, embora criados pelo mesmo
pastor das ovelhas em pastagens diferentes, eram utilizados para os sacrifícios
necessários para curar as impurezas. Ambos ovelhas e bodes eram sacrificados, mas
a leitura de textos em Levítico e em Números nos permitem concluir que as ovelhas,
carneiros e cordeiros eram utilizados para sacrifícios oferecidos em louvor a Deus. Por
outro lado, os bodes eram utilizados para sacrifícios de expiação, ou seja, naqueles nos
quais se pretendia compensar junto ao Senhor, os erros cometidos pelas pessoas e
coletivamente pelos povos de Israel. Como exemplo do papel do bode podemos citar:
“E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará
todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus
pecados...” (Levítico 16:21).
Neste contexto também podemos observar a diferenciação de funções entre
bodes e ovelhas, narrada em Números, como por exemplo: “Um novilho, um carneiro,
um cordeiro de um ano, para holocausto; um bode, para expiação do pecado” (Números
99

7:15 e 16). Vale destacar que versículos semelhantes a estes são registrados 12 vezes,
além da mencionada acima, só no capítulo 7 do livro de Números.
Segundo Abreu (2007) o bode, macho, representa nossa afinidade com as
questões meramente pessoais, racionais. A docilidade da ovelha lembra a criatura
exercitando o sentimento, em sintonia com o pastor, Jesus. Entendemos assim que
bodes e ovelhas representam nossos posicionamentos. O bode no erro, que lembra
nossa preferência pela rebeldia perante as leis do Criador. As ovelhas, simbolizando no
Evangelho a mansidão, exemplificada pelo próprio Cristo, nos remete à escolha dos que
preferem a obediência a Deus. Paulo na sua epístola a Hebreus nos fala que não
precisamos mais de bodes para expiar nossos erros. A mensagem de Jesus vivenciada
por nós é o que nos coloca à direita do Senhor:

Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire


pecados.
...
Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim),
para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício, e oferta,
e holocaustos, e oblações pelo pecado não quiseste, nem te
agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então, disse: Eis aqui
venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para
estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela
oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo
sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os
mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; Mas este,
havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado
para sempre à destra de Deus (Hebreus 10: 4, 7 a 12).

Falando de razão e sentimento lembramos o espírito Emmanuel psicografado


por Xavier (1975) que nos fala que duas asas nos conduzem à Deus, Amor, relacionado
à bondade e Sabedoria, relacionada à inteligência. Sabendo que um pássaro para voar
precisa das duas asas, entendemos que Amor e Sabedoria precisam estar em
harmonia. De fato, Emmanuel nos fala sobre elas:

Através do amor valorizamo-nos para a vida.


Através da sabedoria somos pela vida valorizados.
Daí o imperativo de marcharem juntas a inteligência e a bondade.
Bondade que ignora é assim como o poço amigo em plena sombra, a
dessedentar o viajor sem ensinar-lhe o caminho.
Inteligência que não ama pode ser comparada a valioso poste de aviso,
que traça ao peregrino informes de rumo certo, deixando-o sucumbir
ao tormento da sede (Xavier, 1975, p. 24).

4.3 Mt. 25: 33 – “E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda”. E
porá as ovelhas à sua direita:
Direita: No livro de Salmos, cap. 110, versículo 1, Davi esclarece que o Senhor
põe à direita os que a ele obedecem. Portanto a expressão colocar à direita também
não é nova para os que ouviam Jesus: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à
minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés” (Salmos
110: 1).
Pedro em seu discurso aos judeus, narrado em Atos dos Apóstolos, fala sobre
esta questão três vezes, referindo-se à posição hierárquica, espiritual, de Jesus:

Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.


De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e
ouvis (Atos 2: 32 e 35).
100

Trazendo o ensinamento para a nossa intimidade lembramos de Emmanuel que,


comentando o versículo 6, capítulo 21, do evangelista João (“E ele lhes disse: Lançai a
rede para a banda direita do barco e achareis”), nos fala sobre a posição direita do
barco:

... Estaremos lançando a nossa “rede” para a “banda direita”? Fundam-


se nossos pensamentos e atos sobre a verdadeira justiça?
Convém consultar a vida interior, em esforço diário, porque o Cristo,
nesse ensinamento, recomendava, de modo geral, aos seus
discípulos: “Dedicai vossa atenção aos caminhos retos e achareis o
necessário” (Xavier, 2002, p. 58).

Emmanuel compara a banda direita com “verdadeira justiça” e “caminhos retos”.


Jesus, portanto, quando se refere a colocar as ovelhas à sua direita, indica que, quando
nos posicionamos como filhos de Deus, obedientes às suas leis, ficamos no lado que
representa os valores verdadeiros e retos. Trata-se de uma questão de sintonia e
afinidade com a proposta que Jesus representa (Abreu, 1997). Se queremos estar à
direita do Cristo é preciso retificarmos nossa conduta moral. Mas os bodes à esquerda:
Esquerda: A esquerda nos remete a refletir sobre a posição de rebeldia às leis
do Criador, contrária ao posicionamento, à direita. Também esta informação era
conhecida dos religiosos à época de Jesus. Segundo Eclesiastes: “O coração do sábio
está à sua mão direita, mas o coração do tolo está à sua esquerda” (Eclesiastes 10: 2).
Portanto, se os bodes representam nossa postura de rebeldia relativa às leis e
vontade do Criador, é natural que tal posicionamento seja apartado à esquerda. Mas é
interessante notar que, embora simbolizando atitudes de rebeldia, os bodes, os que
assim escolhermos ser, não foram expulsos da presença do Senhor, mas mantidos no
seu lado esquerdo. Vemos aqui a misericórdia divina atuando em favor do ofensor.
No plano coletivo Kardec nos ensina no livro A Gênese:

Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é sejam dela excluídos


os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe
perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de
que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em
que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem
de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como
morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado
os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí
receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora
para a Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos
melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha
figurada por estas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão à
minha direita e os maus à minha esquerda” (Kardec, 1990, p. 397-398).

Quando pensamos na regeneração que se aproxima e na expectativa do novo


degredo para os que não se regenerarem, precisamos entender que a saída da terra
para um novo mundo de provas e expiações não é um castigo. Castigos não existem
nas leis divinas. Existe a lei de Causa e efeito. Enquanto plantarmos o mal sofreremos
as consequências do mal que fizemos, mas por misericórdia teremos novas
oportunidades de aprendizado. É como o aluno, que não tendo passado de ano, não é
excluído do processo de ensino, mas recebe nova oportunidade repetindo o ano que
desprezou.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
101

Destacamos que o Sermão Profético, proferido por Jesus, Filho do Homem,


apresenta uma atualidade inegável para todos nós. Vivenciamos na intimidade e no
coletivo as advertências de Jesus.
A Doutrina nos ensina que estamos em um mundo de transição, de provas e
expiações. Caminhamos coletivamente para um mundo de regeneração. Mas para que
cada um de nós conquiste o direito de permanecermos nesta nova fase do planeta que
se avizinha, é preciso que mudemos da posição de bodes, espíritos de atitudes
inferiores, para a de ovelhas, espíritos bons, operando em sintonia com as leis divinas.
Temos hoje a oportunidade de operar esta mudança se vivenciarmos a
mensagem de Jesus, como nos conclama Alcíone. Trabalhemos nesta direção,
entendendo que nossa existência atual, vivida em meio aos grandes desafios individuais
e coletivos atuais, é a expressão da misericórdia divina nos dando a oportunidade de
fazer, através do livre-arbítrio, escolhas mais felizes.

REFERÊNCIAS

ABREU, H. O. Luz Imperecível. 1ª ed. Belo Horizonte: UEM, 1997.

BÍBLIA SAGRADA, CONCORDÂNCIA E DICIONÁRIO, Imprensa Bíblica Brasileira,


1996.

ESTUDO MINUCIOSO DO EVANGELHO DE JESUS - Unidade I. Disponível em:


https://www.uemmg.org.br/download/emej-estudo-minucioso-do-evangelho-de-jesus-i.
Acesso em 26 de março de 2021.

ESTUDO MINUCIOSO DO EVANGELHO DE JESUS - Unidade II. Disponível em:


https://www.uemmg.org.br/download/emej-estudo-minucioso-do-evangelho-de-jesus-ii.
Acesso em 26 de março de 2021.

ESTUDO MINUCIOSO DO EVANGELHO DE JESUS - Unidade III. Disponível em:


https://www.uemmg.org.br/download/emej-estudo-minucioso-do-evangelho-de-jesus-iii.
Acesso em 26 de março de 2021.

KARDEC, A. A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 33.ed. Brasília: FEB, 1990.

__________. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 71.ed. Brasília: FEB,
1991.

__________. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 104.ed.


Brasília: FEB, 1991.

SÉRIE EVANGELHO E ESPIRITISMO - 5: O EVANGELHO - COMO, PORQUE E PARA


QUE ESTUDÁ-LO À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA. Disponível em:
https://www.uemmg.org.br/download/aeej-serie-evangelho-e-espiritismo-5. Acesso em
26 de março de 2021.

Xavier, F. C. Pelo espírito Emmanuel, Renúncia. 20.ed. Brasília: FEB, 1992.

__________. Pelo espírito Emmanuel, Caminho, verdade e vida. 22.ed. Brasília: FEB,
2002.

__________. Pelo espírito Emmanuel, Pensamento e vida. 4.ed. Brasília: FEB, 2002.

__________. Pelo espírito André Luiz, Ação e reação. 15.ed. Brasília: FEB, 2002.
102

PESQUISA SOBRE INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE NOS CENTROS ESPÍRITAS


DE JUIZ DE FORA

Daniel Salomão Silva


Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora, MG

RESUMO

Ao postular a imortalidade da alma e suas diversas experiências no plano físico, o


Espiritismo nos apresenta uma visão peculiar sobre o sofrimento humano, suas origens
e formas de se lidar adequadamente com ele. Sem qualquer julgamento dos motivos
que levam o indivíduo a vivenciar determinada situação, devemos nos colocar como
instrumentos de possível alívio e auxílio àquele que sofre, ajudando-o com conselhos,
consolo ou mesmo meios materiais que suavizem ou mesmo eliminem sua dor. Nesse
sentido, iniciativas de inclusão e acessibilidade são fundamentais para o acolhimento
de pessoas com deficiência em nossos centros espíritas. Para isso, é importante avaliar
que iniciativas já estão presentes em nossas instituições, através de pesquisas e
consultas, como a apresentada nesse texto.

Palavras-chave: inclusão, acessibilidade, pesquisa.

1 INTRODUÇÃO

Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para


suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas
consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos
poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e
resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios
de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também
como prova, como expiação talvez, deter o mal e substitui-lo pela paz.
Bernardino, Espírito protetor (Bordéus, 1863) (KARDEC, 2010a, p.
142).

A Doutrina Espírita, ao postular a imortalidade da alma e suas diversas


passagens pelo plano físico, apresenta-nos uma visão peculiar sobre o sofrimento
humano, suas origens e formas de se lidar adequadamente com ele.
No que se refere às deficiências físicas ou intelectuais, alguns textos traduzem
muito bem a posição espírita. Em O Livro dos Espíritos, a partir da questão 371, fica
claro o caráter expiatório ou provacional, logo, pedagógico, de experiências
reencarnatórias em corpos que não permitam a manifestação plena do Espírito
(KARDEC, 2010b, p. 276). Também em O Evangelho segundo o Espiritismo, condições
físicas que limitam o ser reencarnante em alguns aspectos são apresentadas como
oportunidades de crescimento, enquanto convites à ressignificação da própria
existência física, quando enxergada do ponto de vista do espírito imortal (KARDEC,
2010a, p. 188).
Entretanto, nessa mesma obra, somos informados de que essa consciência do
sentido e da importância de certas experiências difíceis pelas quais passam os
indivíduos não pode ser justificativa para que não os auxiliemos. Ao contrário, como
apontado na epígrafe acima, sem qualquer julgamento dos motivos que levam o
indivíduo a vivenciar determinada situação de sofrimento, devemos nos colocar como
instrumentos de possível alívio e auxílio àquele que sofre, ajudando-o com conselhos,
consolo ou mesmo meios materiais que suavizem ou mesmo eliminem sua dor.
Nesse sentido, fundamental se torna a preocupação dos espíritas em
proporcionar melhor acessibilidade, inclusão e acolhimento daquele que, nesta
103

encarnação, esteja com alguma deficiência física ou intelectual, síndrome, transtorno ou


qualquer outra particularidade que dificulte sua interação com o ambiente que o cerca.

2 PESQUISA

Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as
contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? (Lc 14:28).

Para se iniciar um projeto ou um conjunto de iniciativas que promovam a inclusão


e a acessibilidade, o primeiro passo é observar as formas como o Movimento Espírita já
lida com o tema. Para isso, consultas aos centros espíritas são fundamentais. Além
disso, a própria reflexão que o preenchimento de avaliações ou pesquisas sobre o tema
proporciona já justifica suas aplicações aos espíritas.
Em março de 2021, foi realizada uma pesquisa sobre as iniciativas de inclusão
e acessibilidade já presentes nos centros espíritas de nossa região (SILVA, 2021). O
estudo foi feito com os conselheiros do Conselho Espírita Municipal (CEM) de Juiz de
Fora, órgão que reúne representantes das instituições espíritas da cidade e da região,
e avaliou o nível de interesse e conhecimento sobre o tema nessas instituições. Esse
tipo de pesquisa é importante para o direcionamento das ações da Aliança Municipal
Espírita de Juiz de Fora (AME/JF), bem como do Movimento Espírita como um todo, no
sentido de orientar, auxiliar e apoiar as instituições constituintes. Algumas dessas ações
serão apresentadas no texto.
Algo bem interessante foi o preenchimento quase imediato da pesquisa.
Diferente de outras avaliações já realizadas sobre temas diversos, rapidamente quase
todos os representantes dos centros espíritas acessaram o formulário on-line e
responderam às questões. No total, 48 centros espíritas participaram. Esse dado, ainda
que não pareça tão relevante, já indica certa sensibilização diante do assunto, ainda
que não necessariamente transformada em ação.
Inicialmente, foi perguntado se o conselheiro sabia se havia algum frequentador
com alguma deficiência (física ou mental), transtorno mental ou síndrome em seu centro
espírita. Como indicado no gráfico 1, a quase totalidade relatou ter conhecimento pleno
ou parcial, o que é o primeiro passo para uma ação inclusiva.

Gráfico 1 – Conhecimento de pessoas com deficiência no centro espírita.

A segunda questão, todavia, teve uma resposta surpreendente. Quase 70% dos
48 centros participantes declararam atender e acolher a pessoa com deficiência de
forma efetiva, como mostra o gráfico 2 abaixo. Contudo, as respostas seguintes
contradisseram essa conclusão, como será apresentado à frente. Talvez os
conselheiros tenham relatado, na verdade, o carinho ou a boa vontade em acolher quem
chega ao centro, do que não se pode duvidar. Porém, é importante destacar que certas
adaptações ou práticas são indispensáveis a esse bom atendimento, ainda que os
trabalhadores espíritas tenham boa intenção.
104

Gráfico 2 – Acolhimento de pessoas com deficiência no centro espírita.

Na contramão desse resultado, por exemplo, apenas 50% declararam tratar do


assunto com frequência em suas reuniões, enquanto 12,5% informaram nunca tratar,
como mostra o gráfico 3. Como já dito, além da sensibilização perante a condição da
pessoa com deficiência, é fundamental pensar de forma prática, afinal, quem realmente
se sensibiliza perante a necessidade de inclusão, busca tratar do assunto.

Gráfico 3 – Presença do tema inclusão em reuniões de diretoria do centro espírita.

Além disso, o que não deixa de ser positivo, mais de 80% dos centros declararam
ter percebido a necessidade de realizar adaptações, mas menos da metade declarou
tê-las executado.

Gráfico 4 – Adaptações do centro espírita às pessoas com deficiência.

Entre as instalações mais presentes estão os banheiros adaptados (31%), portas


com largura adequada para passagem de cadeirantes (56,3%), rampas (50%) e
corrimãos em rampas e escadas (54,2%). Entretanto, outras adaptações ainda são
necessárias. Buscando auxiliar os centros espíritas da nossa região, já estamos
elaborando um Manual de instruções técnicas de acessibilidade, baseado em normas
105

técnicas já estabelecidas, com previsão de distribuição no segundo semestre deste ano.


Importante é salientar que essas adaptações são também importantes para a
acessibilidade de idosos ou pessoas com dificuldades motoras temporárias. Além disso,
mesmo que ainda não estejamos com alguma deficiência ou particularidade similar,
enquanto encarnados, estamos suscetíveis a tê-las, portanto, essa preocupação é
também conosco.
Com relação à inclusão dos surdos, apenas duas instituições declararam ter
intérpretes em LIBRAS, mas 70% acha importante tê-los entre seus trabalhadores.
Naturalmente, intérpretes são ainda raros em todos os tipos instituições, logo, promover
o aprendizado dessa linguagem é fundamental. Para isso, ainda esse ano, a AME/JF
pretende realizar um segundo curso de LIBRAS espírita. Além disso, a colocação de
placas com sinalização em LIBRAS em portas – junto também a placas táteis em Braille,
para cegos –, realizada pela AME/JF em suas instalações, já é uma primeira iniciativa
de inclusão. Outros eventos também já estão em planejamento para sensibilizar os
trabalhadores espíritas, orientá-los e promover a inclusão em nossas instituições.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, é claro que as condições financeiras de cada centro espírita são
determinantes para decisões desse teor. Adaptações arquitetônicas, como elevadores,
e tecnológicas, como instalação de telão/datashow, audiodescrição, etc., demandam
investimentos consideráveis. Logo, é importante certo planejamento financeiro para
ações futuras. Entretanto, iniciativas de baixo custo podem e devem ser implementadas.
Por exemplo, em divulgações nas redes sociais, a inserção de legendas em
vídeos e de descrição em imagens já é possível gratuitamente. Além disso, o argumento
de que não há pessoas com deficiência em seu centro espírita não é suficiente para que
sejam negligenciadas ações inclusivas. Muitas vezes, essas pessoas deixam de
frequentar nossas instituições justamente por não terem o acolhimento adequado. Logo,
fazendo referência à epígrafe evangélica que encima o tópico anterior, é necessário
inserir, nas bases da torre que queremos construir, a preocupação com a inclusão. Para
isso, são fundamentais planejamento e compromisso.
Em caso de dúvidas ou para sugestões, entre em contato conosco pelo e-mail
amejf@amejf.com.br. Acesse também nosso site, em seu link específico sobre inclusão
(amejf.org.br/inclusao/), para conhecer melhor as iniciativas da AME/JF nesse sentido.

REFERÊNCIAS

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2010a.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2010b.

SILVA, Daniel Salomão. Pesquisa sobre inclusão e acessibilidade nos centros espíritas
de Juiz de Fora. Disponível em http://omedium.amejf.org.br/2021/05/
10/pesquisa-sobre-inclusao-e-acessibilidade-nos-centros-espiritas-de-juiz-de-fora/.
Acesso em 23 de junho de 2021.
106

PSICOLOGIA ESPÍRITA: A REALIZAÇÃO DO SI-MESMO PELO EVANGELHO DE


JESUS

Autor – PALHARES, Leandro Ribeiro


Instituições – Psique: Grupo de Estudos em Ciência Espírita (UFVJM) e Centro
Espírita Casa do Caminho (Diamantina/MG)

RESUMO

O Espiritismo sempre esteve em estreita relação com o psiquismo e, nesse sentido,


esse artigo objetiva enfatizar a psique, inicialmente, por meio da distinção entre
Psicologia, Psicoterapia e Psiquiatria e, na sequência, para compreender as múltiplas
relações entre as searas psicológicas e o Evangelho de Jesus à luz do Espiritismo. O
método de pesquisa desse trabalho consiste de revisão bibliográfica e a análise
qualitativa das informações. A partir da compreensão da Psicologia, pelas vertentes
Analítica, de Carl Jung, e Espírita, por Joanna de Ângelis, e por suas relações com o
Espiritismo, codificado por Allan Kardec, podemos encontrar uma ‘bússola’ evangélica
que nos guia ao autoencontro, a uma melhor aceitação do nosso próximo e, assim, ao
inevitável alcance da individuação. E tudo isso pelo método inefável do Amor crístico.

Palavras-chave: Espiritismo. Psicologia. Ciência.

1 INTRODUÇÃO

Por ocasião deste que é o oitavo Congresso de Iniciação à Ciência Espírita, me


permiti refletir sobre esta relação, sempre tão dialógica, não linear e complexa (MORIN,
2011), entre Ciência e Espiritismo. Kardec (1997, introdução – tópico VII) deixara
registrado que “[...] o Espiritismo não é da alçada da Ciência”, no sentido que a
revisitação dos ensinamentos do Cristo de Nazaré, adequados aos novos tempos, não
se relacionaria a uma ciência conhecida; pelo contrário, pois um fato novo requereria
uma ciência original e compatível. O próprio Allan Kardec em sua primeira obra – O
Livro dos Espíritos – se referia à constituição de uma Ciência Espírita, fato que retomou
outras tantas vezes como, por exemplo:

Talvez nos contestem a qualificação de ciência que damos ao


Espiritismo. Certamente não teria ele, em nenhum caso, as
características de uma ciência exata [...] já é bastante que seja uma
ciência filosófica. Toda ciência deve basear-se em fatos, mas os fatos,
por si sós, não constituem a ciência; ela nasce da coordenação e da
dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou
o Espiritismo ao estado de ciência? [...] as observações já são hoje
bastante numerosas para nos permitirem deduzir, pelo menos, os
princípios gerais, onde começa a ciência (KARDEC, 2014, p. 23).

Desde os primórdios da codificação da Doutrina Espírita, Allan Kardec nos


asseverou as bases psíquicas daquilo que nos fora legado pela espiritualidade superior,
haja vista, o subtítulo da Revista Espírita, “[...] por que acrescentamos, ao nosso título
principal, o de ‘Jornal de estudos psicológicos’, a fim de fazer compreender toda a sua
importância” (KARDEC, 2014, p. 27).
O Espiritismo sempre esteve em estreita relação com o psiquismo e, nesse
sentido, este trabalho objetiva enfatizar a psique, inicialmente, recorrendo a distinção
entre Psicologia, Psicoterapia e Psiquiatria e, na sequência, para compreender as
múltiplas relações entre as searas psicológicas e o Evangelho de Jesus à luz do
Espiritismo.
107

2 METODOGRAFIA DA PESQUISA

Para o desenvolvimento desse trabalho realizei uma revisão bibliográfica em


torno do tema escolhido (Psicologia e Espiritismo – uma das áreas temáticas do
presente Congresso), buscando algumas obras das literaturas espírita, psicológica e
acadêmica – todas científicas, partindo da premissa da produção sistematizada do
conhecimento. Me vali do método qualitativo de análise das informações, com a
finalidade de estabelecer conexões entre os diferentes campos do saber na busca do
objetivo acima apresentado.

3 PSICOLOGIA, PSICOTERAPIA E PSIQUIATRIA

O prefixo ‘psique’ tem sua origem grega em psukhe.ês, significando “sopro, vida.
A alma, o princípio espiritual do homem que se opõe ao corpo. O espírito, a parte
imaterial, incorpórea e inteligente do homem”3. Resposta similar obteve Allan Kardec
quando questionou a espiritualidade superior, no item 23 de O Livro dos Espíritos (“Que
é o Espírito?”), e obteve como resposta: “o princípio inteligente do Universo” (KARDEC,
1997, p. 59).
O sufixo ‘logia’, também de origem grega – lógos, significa estudo detalhado;
“tratado, estudo, teoria”4. Já o sufixo ‘Terapia’, tem sua origem do latim therapia, advindo
ainda do grego therapeia.as, significando “tratamento que busca amenizar ou acabar
com os efeitos de uma doença (física, psíquica, motora etc); terapêutica” 5. Por fim, o
sufixo ‘Iatria’, do grego iatreía, constitui uma variação do termo ‘iátrica’, do grego iatriké,
que significa “arte de curar; medicina”6 (medicina – “arte e ciência de diagnosticar as
doenças, preveni-las e trata-las”7).
Destarte, ao unir o prefixo aludido com os sufixos destacados, temos: (i) a
Psicologia – estudo do espírito; estudo detalhado do princípio espiritual do ser humano.
(ii) a Psicoterapia – terapêutica do princípio espiritual do ser humano; tratamento que
busca amenizar ou acabar com os efeitos de uma doença (física, psíquica, motora,
dentre outras) do espírito. (iii) a Psiquiatria – arte de curar o espírito; medicina do
espírito; arte e ciência de diagnosticar, prevenir e tratar as doenças do princípio
espiritual do ser humano.
Tais definições são passíveis de mais de uma interpretação, sem que, com isso,
alguém incorra em equívoco. Apresento, neste trabalho, a minha interpretação, que não
tem maior valor que uma opinião. A Psiquiatria remete-se à reabilitação, ou seja, de
competência a curar as doenças do espírito. A Psicoterapia se refere também ao
tratamento, mas, especialmente, à prevenção, quer dizer, compete a evitar/prevenir
problemas com o espírito (uma espécie de manutenção preventiva). E a Psicologia nos
oportuniza uma compreensão, ampla e profunda, sobre o espírito. Para Carl Gustav
Jung, eminente psicólogo suíço (JUNG,2013a),

A psiquiatria é uma enteada da medicina. [...] Já sabemos, há muito


tempo, que ela trata de um órgão determinado, do cérebro. Mas é
somente para além do cérebro, para além da base anatômica que
aparece o que nos importa, isto é, a psique, cuja essência indefinível
foge sempre às explicações mais engenhosas (p. 178). [...] Deste
modo, o caminho de uma psiquiatria futura que pretenda atingir o
âmago da questão já se encontra delineado: apenas pode ser o da
psicologia (p. 182).

3 Dicio – Dicionário Online de Português: dicio.com.br/psique.


4 Dicio – Dicionário Online de Português: dicio.com.br/logia.
5 Dicio – Dicionário Online de Português: dicio.com.br/terapia.
6 Dicio – Dicionário Online de Português: dicio.com.br/iatria.
7 Dicio – Dicionário Online de Português: dicio.com.br/medicina-2.
108

Por um raciocínio dedutivo, antes de prevenir e/ou remediar algum problema


espiritual devemos conhecer e compreender o espírito acometido por tal ou qual
desordem. Segundo relata Cardoso (2013, p. 3), “não há doenças, há doentes”. Tal
afirmação, apesar de muito antiga, ainda nos dias de hoje nos suscita reflexões pelos
mais diversos vieses. O Evangelho de Jesus (a mais de dois mil anos) e o Pentateuco
Kardequiano (a mais de 150 anos) nos ensinam que as doenças (orgânicas) são um
efeito, por conseguinte, resultam de uma causa: geralmente as doenças (morais) do
Espírito.
Logo, vislumbro a necessidade de buscarmos as relações entre Psicologia e o
Espiritismo. E quem vem desempenhando essa tarefa de relevância para a humanidade
é o Espírito Joanna de Ângelis, em toda sua Série Psicológica – dezesseis livros
psicografados por Divaldo Pereira Franco – que apresenta a interação entre o
Espiritismo e a Psicologia Analítica ou Profunda, de Carl Gustav Jung.

4 PSICOLOGIA ANALÍTICA, DE CARL GUSTAV JUNG

Os primeiros estudos acadêmicos em Psicologia se deram a termo da


consciência, em fins do Século XIX. E foi com Sigmund Freud, em princípios do Século
XX, que se iniciaram os estudos da inconsciência. Um dos principais discípulos de Freud
foi, à época, um jovem suíço chamado Carl Gustav Jung – considerado o ‘pai’ da
Psicologia Analítica.
Para estabelecer uma primeira conexão entre a Psicologia e as ideias
espiritistas, cabe destacar que, diferente de Freud, Jung não negava a religião, pois a
entendia como componente da conexão humana. E isso para além das paredes das
instituições religiosas, ao estabelecer conexões com um Deus interior, que também nos
constitui enquanto humanos, logo, espírito. Dessa forma, o espírito, enquanto um fator
psíquico, seria um elemento constitutivo da interioridade humana; quer dizer, o espírito
é, essencialmente, um conteúdo/aspecto do inconsciente:

A psicologia não pode prescindir da contribuição das ciências do


espírito, sobretudo da história do espírito humano. É sobretudo a
história que hoje nos permite coordenar a imensa quantidade de
material empírico e reconhecer a importância funcional dos conteúdos
coletivos do inconsciente. A psique não é uma coisa dada, imutável,
mas um produto de sua história em marcha. Assim, não só secreções
glandulares alteradas ou relações pessoais difíceis são as causas de
conflitos neuróticos; entram em jogo também, em igual proporção,
tendências e conteúdos decorrentes da história do espírito (JUNG,
2013b, p. 17 - prefácio à terceira edição).

O principal contributo da Psicologia Analítica está na constituição de conceitos,


métodos e reflexões para se compreender, cada vez mais, o inconsciente e suas
relações com a consciência. De modo generalista e sintético tem-se a analogia com o
iceberg: a menor parte do gelo que se nos apresenta à superfície seria nossa
consciência; e a maior parte, submersa e oculta, se nos apresenta como a
inconsciência. Segundo a Psicologia Junguiana, a psique seria a personalidade, como
um todo. Originalmente significava alma ou espírito e, posteriormente, passou a
significar mente:

No decorrer de minhas investigações sobre a estrutura do inconsciente


fui obrigado a fazer uma distinção conceitual entre alma e psique. Por
psique entendo a totalidade dos processos psíquicos, tanto
conscientes quanto inconscientes. Por alma, porém, entendo um
109

complexo determinado e limitado de funções que poderíamos


caracterizar melhor como “personalidade” (JUNG, 2013c, p. 424).

Para além dos conceitos de consciência e inconsciência, o legado da Psicologia


Analítica encontra-se nas relações complexas entre outros conceitos fundamentais para
a compreensão da psique humana, tais como: Ego e Self; Inconsciente, pessoal e
coletivo; Complexos; Arquétipos (a destacar, Anima e Animus); Sombra e Persona;
Individuação. Segue uma explicação sucinta e superficial da Psicologia Junguiana: o
Espírito, sob a forma do Self, precisa do Ego, no campo da consciência, para coordenar
todos os esforços adaptativos – na tentativa de integrar à nossa consciência conteúdos
até então inconscientes, como nossos complexos (correlacionados, no inconsciente
coletivo, aos arquétipos), sombra e persona (ínsitas em nosso inconsciente pessoal) –
para o desenvolvimento da personalidade, almejando, sempre, o sentido da
individuação.
Cabe aqui destacar dois conceitos junguianos que, de modo mais direto, se
correlacionam ao Espiritismo: Self e individuação. Jung nos deixou a seguinte analogia:
imaginemos uma rolha boiando no oceano tendo fixa a ela um alfinete. Pois bem, o
alfinete seria o Ego; a rolha o consciente e o oceano o inconsciente. O Self, em vista
disso, pode ser compreendido como o núcleo da inconsciência; em verdade, ele é o
centro da psique integral (consciência mais inconsciência) – habita o inconsciente e
constela na consciência. Dito de outro modo, o indivíduo, em si, é o Self (Espírito,
imortal), que se encontra no inconsciente, abafado, por assim dizer, pela Sombra, pelos
Complexos e travestido, na consciência, de Ego, Persona.
Já individuação é um processo que visa “[...] estabelecer um relacionamento
entre o eu e o inconsciente” (JUNG, 2013b, p. 359).

A individuação, em geral, é o processo de formação e particularização


do ser individual e, em especial, é o desenvolvimento do indivíduo
psicológico como ser distinto do conjunto, da psicologia coletiva. É,
portanto, um processo de diferenciação que objetiva o
desenvolvimento da personalidade individual. É uma necessidade
natural [...] (JUNG, 2013c, p. 467).

Desta forma, o processo de individuação é base para o autodescobrimento,


mediante “[...] “tornar-se si-mesmo” [...] ou “o realizar-se do si-mesmo” [...]” (JUNG,
2015, p. 63), recorrendo a melhoria moral – princípios do Espiritismo, do Evangelho de
Jesus e da Psicologia Espírita, proposta por Joanna de Ângelis.
Para finalizar essa breve e limitada visita à Psicologia Analítica e, mais uma vez,
estabelecendo relações com a espiritualidade, segue outra passagem deixada por Jung:

Sem dúvidas temos aqui um problema sério para aqueles que querem
libertar o relacionamento entre o homem e Deus da psicologia. Para o
psicólogo a situação é menos complexa. [...] Ele [o amor – grifo meu]
é uma das mais possantes forças motrizes das coisas humanas. É
considerado “divino”, e esta designação lhe cabe com justa razão, pois
tudo o que há de mais poderoso na psique sempre foi chamado de
“deus”. [...] Sempre e em toda parte o psiquicamente poderoso se
chama algo como “Deus”. No entanto, “Deus” sempre é confrontado
com o homem e dele expressamente diferenciado. O amor, contudo, é
comum a ambos (JUNG, 2013b, p. 87).

5 PSICOLOGIA ESPÍRITA, DE JOANNA DE ÂNGELIS

A obra de Joanna de Ângelis, em relação à série psicológica, constitui-se,


essencialmente, no estudo da alma – portanto, Psicologia –, na prática cotidiana de
viver. Quer dizer, o entendimento, no sentido de tomada de consciência
110

(autoconscientização) do complexo alma–ser humano que somos enquanto espíritos


imortais e fadados à plenitude. A Psicologia Espírita, dessarte, tem por missão,

[...] tornar-se ponte entre os notáveis contributos dos estudos


ancestrais dos eminentes psicólogos, oferecendo-lhes uma ponte com
o Pensamento espiritista, que ilumina os desvãos e os abismos do
inconsciente individual e coletivo, os arquétipos, os impulsos e
tendências, os conflitos e tormentos, as aspirações de beleza, do ideal,
da busca da plenitude, como decorrência dos logros íntimos de cada
ser, na sua larga escalada reencarnacionista (ÂNGELIS, 2018, p. 13).

Para a constituição dessa nova vertente científica vinculada à Psicologia, a nobre


benfeitora espiritual embasou-se em outras concepções psicológicas, como Carl Jung,
com a ideia de individuação (ação de se individuar, de tornar-se autoconsciente de si);
Viktor Frankl, com a concepção da busca por sentido (Logoterapia); Roberto Assagioli,
com o reconhecimento dos valores éticos, estéticos e religiosos no desenvolvimento do
humano – o significado que cada um promove à sua própria vida (Psicossíntese); Carl
Rogers e Abraham Maslow, com o foco na autorrealização – a busca de paradigmas
para uma psicologia pautada na saúde e não na doença (Psicologia Humanista);
Stanislav Grof, com o estudo dos níveis de consciência – do sono à consciência cósmica
(Psicologia Transpessoal – a chamada ‘quarta força’ em Psicologia). Para Joanna de
Ângelis, “foi necessário que surgissem a Psicologia Transpessoal e outras áreas
doutrinárias com paradigmas bem-definidos a respeito do ser humano integral, para que
se pudesse propor à vida melhores momentos e mais amplas perspectivas de felicidade”
(ÂNGELIS, 2019a, p. 9).
Por meio desse caminhar, pelos meandros da Psicologia, que foi possível à
Joanna de Ângelis aglutinar conhecimentos diversos nos saberes da Psicologia Espírita,
como ela mesma nos relatou, por ocasião da celebração dos 25 anos da Série
Psicológica:

Em reflexões demoradas e estudos contínuos através dos tempos,


resolvemos, há um quarto de século (1989), iniciar o que ora é
chamada a Série Psicológica, de nossa autoria, mas em parceria
mediúnica, a fim de proporcionarmos algumas diretrizes e harmonia
entre algumas escolas, especialmente a Junguiana e o Espiritismo,
numa ponte de afinidades de conteúdos, procurando auxiliar os
lutadores que buscam a individuação, que anelam pelo Reino dos
Céus, embora caminhando na Terra.

A Psicologia Espírita tem por bases teóricas e conceituais as relações do


Evangelho de Jesus, atravessado pela sistematização da Ciência Espírita, e a
Psicologia Junguiana. A seguir, revisitarei alguns conceitos junguianos, anteriormente
apresentados, desta feita, por uma perspectiva espírita.
Quanto ao inconsciente coletivo, Joana de Ângelis reforça a concepção que se
refere a possuirmos a história da humanidade em nós, pois, enquanto espíritos, vivemos
em outras eras da humanidade, ao longo das encarnações (ÂNGELIS, 2018).
Para Joanna de Ângelis, em relação ao Arquétipo:

O processo da reencarnação explica a presença dos arquétipos no ser


humano, porque ele é herdeiro das suas próprias realizações através
dos tempos, adquirindo, em cada etapa, valores e conhecimentos que
permanecem armazenados nos refolhos do ser eterno que é
(ÂNGELIS, 2020c, p. 106).

Sombra refere-se a tudo o que nos é desconhecido pela consciência. Quando


não reconhecemos nossas sombras, normalmente as projetamos nos outros (ÂNGELIS,
111

2020d). Jesus já dizia a mais de dois mil anos: ‘porque vedes o cisco nos olhos do teu
irmão e não vedes a trave no vosso?’. Este é o problema em não conseguirmos lidar
com nossas sombras, com nosso inconsciente.
De acordo com Ângelis (2019b, p. 91), “o Self, na condição de um arquétipo
primordial, preside ao processo de desenvolvimento que lhe é imperioso alcançar,
mediante as experiências que fazem parte dos estatutos da Vida”.
Já a individuação,

É o momento da conquista da consciência, do discernimento claro, da


conscientização do Si mesmo. Esse processo pode dar-se
naturalmente ou através de cuidadosa psicoterapia. Graças a essa
conquista é possível separar a personalidade individual do coletivo, ao
tempo em que se adquire consciência de responsabilidade social e
humana pelo coletivo (ÂNGELIS, 2019b, p. 174).

Por meio da Série Psicológica, a Mentora Joanna de Ângelis nos apresenta uma
bússola, um verdadeiro roteiro para nosso autoconhecimento e autorrealização,
baseado na busca pela progressão moral e tendo no Amor um método e terapêutica
inefáveis – bem como sempre foi o Evangelho de Jesus. O Cristo de Nazaré nos disse
‘amar ao próximo como a ti mesmo’. Não podemos amar àquele que não conhecemos.
À vista disso, temos de aprender a nos conhecer (autodescobrimento) permitindo
compreendermos o outro (nos colocando em seu lugar). E somente desta maneira a
humanidade vai parar de se destruir, fisicamente e moralmente, extirpando o orgulho e
a vaidade de sua conduta.
O autodescobrimento é o maior desafio da vida. Descobrir-se é retirar alguns
véus que nos encobrem, desnudando (psiquicamente) a nós mesmos ante um espelho
sem sentir vergonha, medo e/ou raiva do que se vê. Este processo, longo e muitas vezes
penoso, e que exige disciplina, determinação e vontade, conforme Joanna de Ângelis,
é “[...] o grande desafio contemporâneo para o homem [...]”, pois não se trata apenas da
“[...] identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade
emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das ocorrências do
cotidiano” (ÂNGELIS, 2020a, p. 20).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Encerro este artigo retomando, e reiterando, a necessidade cada vez mais


premente de se estreitarem os vínculos entre Ciência e Espiritismo. Conforme nos
asseverou Allan Kardec:

Assim como a Ciência propriamente dita tem por objetivo o estudo das
leis do princípio material, o objetivo especial do Espiritismo é o
conhecimento das leis do princípio espiritual. Ora, como este último
princípio é uma das forças da natureza, que reage incessantemente
sobre o princípio material e vice-versa, daí resulta que o conhecimento
de um não pode ser completo sem o conhecimento do outro; que o
Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; que a Ciência,
sem o Espiritismo, acha-se impossibilitada de explicar certos
fenômenos somente pelas leis da matéria, e que é por haver ignorado
o princípio espiritual que ela se deteve no meio de tão numerosos
impasses; que sem a Ciência, faltaria apoio e comprovação ao
Espiritismo e ele poderia iludir-se. Se o Espiritismo tivesse vindo antes
das descobertas científicas, teria sido uma obra abortada, como tudo o
que surge antes do seu tempo (KARDEC, 2007, p. 36 e 37).

Partindo dessa premissa, tem-se que o estudo da alma, enquanto ser humano
integral – a Psicologia –, deve ser completo, de modo a abranger os vieses materialista
112

e espiritualista; ou seja, o dar-se as mãos entre a Psicologia e o Espiritismo. E foi o que


a Benfeitora Joanna de Ângelis realizou a cerca de 32 anos atrás quando sistematizou
e organizou os fundamentos e os métodos da Psicologia Espírita, com a missão de
estabelecer “[...] uma ponte entre as admiráveis páginas de O Livro dos Espíritos, de
Allan Kardec, e o Evangelho de Jesus, portadores de grande atualidade em todas as
suas expressões com a Psicologia Profunda [...]” (ÂNGELIS, 2019c, p. 11).
Finalizo este trabalho com três citações que sintetizam a temática aludida nesse
presente artigo, cada uma à luz, respectivamente, da Psicologia Analítica, do Espiritismo
e da Psicologia Espírita:

“O objetivo da vida humana é servir a Deus através do desenvolvimento da


consciência” (Carl Gustav Jung, *1875 - †1961).

“Onde está escrita a lei de Deus? Na consciência” (KARDEC, 1997, p. 307 – item
621).

O desabrochar da consciência é um trabalho lento e contínuo, que


constitui o desafio do processo da evolução. Inscrevendo no seu
âmago a Lei de Deus, desenvolve-se de dentro para fora a esforço da
vontade concentrada, como meta essencial da vida (ÂNGELIS, 2020b,
p. 49).

REFERÊNCIAS

ÂNGELIS, Joanna de. O Despertar do Espírito. Psicografado por Divaldo Pereira


Franco. 11ª edição. Série Psicológica, volume 10. Salvador: LEAL, 2018.

ÂNGELIS, Joanna de. O Ser Consciente. Psicografado por Divaldo Pereira Franco. 18ª
edição. Série Psicológica, volume 5. Salvador: LEAL, 2019a.

ÂNGELIS, Joanna de. Triunfo Pessoal. Psicografado por Divaldo Pereira Franco. 9ª
edição. Série Psicológica, volume 12. Salvador: LEAL, 2019b.

ÂNGELIS, Joanna de. Encontro com a Paz e a Saúde. Psicografado por Divaldo Pereira
Franco. 5ª edição. Série Psicológica, volume 14. Salvador: LEAL, 2019c.

ÂNGELIS, Joanna de. O Homem Integral. Psicografado por Divaldo Pereira Franco. 23ª
edição. Série Psicológica, volume 2. Salvador: LEAL, 2020a.

ÂNGELIS, Joanna de. Autodescobrimento: uma busca interior. Psicografado por Divaldo
Pereira Franco. 19ª edição. Série Psicológica, volume 6. Salvador: LEAL, 2020b.

ÂNGELIS, Joanna de. Vida: desafios e soluções. Psicografado por Divaldo Pereira
Franco. 14ª edição. Série Psicológica, volume 8. Salvador: LEAL, 2020c.

ÂNGELIS, Joanna de. Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda. Psicografado


por Divaldo Pereira Franco. 6ª edição. Série Psicológica, volume 11. Salvador: LEAL,
2020d.

CARDOSO, Gilberto Perez. Editorial – Medicina Personalizada (ou “Não há Doenças e


Sim, Doentes”). Conduta Médica, v. 15, n. 58, p. 2-3, 2013.

DICIO – Dicionário Online de Português. Disponível em: http://www.dicio.com.br.


Acesso em 13 de julho de 2021.
113

JUNG, Carl Gustav. Psicogênese das Doenças Mentais. Do original em alemão


Psychogenese der Geisteskrankheiten, 1986. Tradução de Márcia Sá Cavalcante. 6ª
edição. Obras Completas, volume 3. Petrópolis: Vozes, 2013a.

JUNG, Carl Gustav. Símbolos da Transformação: análise dos prelúdios de uma


esquizofrenia. Do original em alemão Symbole der Wandlung: Analyse des Vorspiels zu
einer Schizophrenie, 1973. Tradução de Eva Stern. 9ª Edição. Obras Completas, volume
5. Petrópolis: Vozes, 2013b.

JUNG, Carl Gustav. Tipos Psicológicos. Do original em alemão Pychologische Typen,


1971. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. 7ª edição. Obras Completas, volume 6.
Petrópolis: Vozes, 2013c.

JUNG, Carl Gustav. O Eu e o Inconsciente. Do original em alemão Zwei Schriften über


Analytische Pychologie, 1971. Tradução de Dora Ferreira da Silva. 27ª Edição. Obras
Completas, volume 7/2. Petrópolis: Vozes, 2015.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Do original francês Le Livre des Esprits, de 1857.
Tradução de Guillon Ribeiro. 77ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1997.

KARDEC, Allan. A Gênese. Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Do


original francês La Genèse. Les Miracles et Les Prédictions Selon le Spiritisme, de 1868.
Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 1ª edição. Rio de Janeiro: CELD, 2007.

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos – Ano I - 1858. Do


original francês Revue Spirite: Journal D’Études Psychologiques, de 1858. Tradução de
Evandro Noleto Bezerra. 5ª edição. Brasília: FEB, 2014.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.


114

SAÚDE MENTAL, SUICÍDIO E ESPIRITISMO

REGES, Elisabete Barboza de Araújo1


Associação Assistencial Mensageiros da Paz – AAMP

RESUMO

A questão do suicídio no Brasil e no mundo vem ganhando ênfase devido à sua


magnitude nos últimos anos. Tornou-se um problema de saúde pública mundial e com
isso tem suscitado pesquisas nas áreas da Psiquiatria, da Psicologia e, por conseguinte,
despertado o interesse de estudos na Doutrina Espírita acerca do tema. O presente
artigo visa a levantar dados que demonstrem o vínculo entre saúde mental e suicídio e
abordar a visão do Espiritismo sobre a questão. A metodologia lançada mão foi a
pesquisa bibliográfica e o levantamento de dados em sites oficiais de instituições
nacionais e internacionais. Verificar-se-á, ainda, como mitos e preconceitos permeiam
a questão e dificultam tanto o tratamento da saúde física e mental quanto o
entendimento espiritual prejudicando o auxílio que pode advir de ambos os planos de
nossa existência.

Palavras-chave: Transtornos mentais; Suicídio; Doutrina Espírita

1 - INTRODUÇÃO

As pesquisas afirmam que a cada 40 segundos um suicídio ocorre no Planeta2.


Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) detecte uma diminuição da taxa global
entre os anos de 2000 e 2019, ressalta que nas Américas as taxas aumentaram em
17% no mesmo período3.
Dados apontam que em mais de 90% dos casos de suicídio encontramos a
presença de transtornos mentais. Isso nos acende um alerta sobre como nós, sociedade
e Estado, estamos lidando com o assunto. É dispensável mencionar como pessoas com
transtornos psiquiátricos são estigmatizadas e como é precário o atendimento na saúde
pública para esses casos.
Falar sobre suicídio é um tabu que acarreta ignorância e mitos sobre o assunto
dificultando o enfrentamento da questão e reduzindo acentuadamente a possibilidade
de tratamento adequado àqueles que pensam sobre ou intentam tal ato. O Centro de
Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, que realiza apoio
emocional e prevenção ao suicídio, elenca os principais mitos: (i) a pessoa que tem a
intenção de tirar a própria vida não avisa; (ii) o suicídio não pode ser prevenido; (iii)
pessoas que falam sobre suicídio só querem chamar a atenção; (iv) a pessoa que
supera uma crise de suicídio ou sobrevive a uma tentativa está fora de perigo; (v) falar
sobre suicídio pode estimular sua realização; e (vi) o suicídio é hereditário4. Uma vez
cercado de tanto silêncio, e em alguns casos, de omissão, são ainda muito tímidas as
iniciativas para o diálogo diante da gravidade da causa.
Nas diversas esferas pouco espaço é encontrado para um debate aberto,
inclusive nas universidades. Arantes (2016) chama a atenção que as faculdades
ensinam a focar mais na doença do que no paciente em si e que o médico deveria de
fato é buscar o conhecimento sobre o ‘cuidar’.
No que concerne às formas de prevenção, temos a religião como um forte aliado
dentre os fatores protetivos frente à ideação suicida. Contudo, deve-se atentar que “…
muitas crenças e comportamentos influenciados pela religião e pela cultura aumentam
o estigma em relação ao suicídio e podem desencorajar a procura por assistência
médica” (BOTEGA, 2015).
A Doutrina Espírita oferece subsídios consistentes para lidar com esta
problemática através da literatura básica kardequiana, dos livros espíritas
115

complementares, dos espaços de atendimento a pessoas que batem à sua porta e dos
mecanismos disponíveis nas casas espíritas. O que precisa se verificar é o que tem sido
realizado na prática pelos centros espíritas a fim de atuar como um locus de acolhimento
e esclarecimento para quem está no limite de por fim a sua existência física provocado
pela angústia e pelo sofrimento psíquico.

2 - REVISÃO DE LITERATURA
A forma de lidar com o suicídio oscilou nas diversas culturas em diferentes
épocas. Há dados históricos que denotam que já foi tido como honra e altruísmo. De
acordo com Botega (2015, p. 16), na antiguidade clássica, “… para ser legitimado, o
suicídio precisava ser consentido previamente pelas autoridades” (apud DURKHEIM,
1996). Na Idade Média, a conceituação recaia sobre modalidades distintas de acordo
com a categoria social a que o suicida pertencia. Artesãos e camponeses ao cometerem
o ato para fugir da miséria e do sofrimento recaíam sob a classificação de suicídio direto
e egoísta ao passo que o cavaleiro e o clérigo para escapar da humilhação e evitar que
o infiel triunfasse, era denominado suicídio indireto e altruísta (MINOIS, 2018).
Caminhamos da indiferença, perseguição, martírio a cadáveres, julgamento,
condenação até atingirmos a consciência do acolhimento como lenitivo necessário na
contemporaneidade. Podemos, atualmente, constatar, através de dados quantitativos,
a proporção que a questão do suicídio tomou nas últimas décadas tornando-se uma
questão de saúde pública mundial. Ressalte-se, ainda, que há subnotificação dos casos
devido à vergonha e ao estigma que acompanham a problemática.
Nesse enquadramento, ao abordarmos os dados qualitativos, emergem relações
de afinidade entre suicídio e transtornos psiquiátricos. Os dados estatísticos
demonstram o vínculo entre suicídio e saúde mental.

Do ponto de vista científico, mais especificamente da suicidologia, já


se sabe que, na maioria absoluta dos casos (aproximadamente 90%),
o autoextermínio está associado a patologias de ordem mental
diagnosticáveis e tratáveis, razão pela qual não é mais possível dizer
que alguém com o ímpeto suicida esteja irremediavelmente condenado
a cometê-lo. (TRIGUEIRO, 2015, p.12).

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) enumera a doença mental como


um dos dois fatores preditivos mais importantes. Em sua cartilha sobre prevenção do
suicídio alerta que “… quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes
não diagnosticada, frequentemente não tratada ou não tratada de forma adequada”
(BRASIL, 2014, p. 16). Em seu informativo sobre prevenção, a ABP elenca os
transtornos psiquiátricos mais comuns: depressão, transtorno bipolar, alcoolismo,
abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
(Ibidem, p. 17).
No âmbito da Doutrina Espírita, “…os transtornos psiquiátricos, psicológicos e
obsessivos, na visão espírita, têm bastante coisa em comum” (SCHUBERT, 2001, p.
16). Os sentimentos que nos florescem, quando os nutrimos e os deixamos sem rédeas
qual cavalo selvagem, nos arrebatam para seara do ódio, da vingança que não cessam
com o desencarne, conforme aponta Joanna de Ângelis:

Quando não pode descarregar as energias em descontrole contra o


opositor, volta-se contra si mesmo, articulando mecanismos de
autodestruição, graças aos quais se vinga da sociedade que nele
vige. (FRANCO, 2020, p. 44). Grifos nosso.

Apesar de em grande parte o transtorno mental denotar comprometimento do


Espírito “… que reencarnou trazendo as sequelas de desvios graves do passado e que
ressumam, no atual corpo físico, com limitações e perturbações de vária ordem”
116

(SCHUBERT, 2001, p. 112), a autora nos chama a atenção da possibilidade de distonias


mentais sem que haja interferência de Espíritos provocando ou agravando-as a fim de
que não nos deixemos ser conduzidos à ignorância ou ao fanatismo, ou seja, nem tudo
é obsessão.
Como exemplo de nossas atitudes equivocadas, Schubert analisa a depressão
e esclarece que “… nas patologias depressivas, há muito o fenômeno de ódio embutido
no enfermo sem que ele se dê conta” (Ibidem, p. 45).
Frente a essa estreita ligação entre suicídio e diversos transtornos mentais, as
pessoas que se encontram nesses dois campos estão submetidas às diversas formas
de preconceito levando em seus ombros os estigmas que a sociedade lhes impõe.
O Espiritismo evidencia a caridade como uma das maiores virtudes que podemos
alcançar, esteja o ser encarnado ou na erraticidade. A questão 893 do Livro dos
Espíritos disserta sobre o fazer o bem ao próximo, sem pensamento oculto. A
benevolência para com todos e a indulgência para as imperfeições dos outros (Ibidem,
questão 886) não são aplicadas quando rotulamos as pessoas devido a sua situação de
saúde mental.
Estamos encarnados no Planeta Terra, mundo de expiações e provas de acordo
com o que os Espíritos nos informaram (KARDEC, 1997) e isso nos possibilita, diante
do livre arbítrio, oportunidades divinas para reparar nossos desvios amando e servindo.
Jesus nos advertiu que o mandamento primeiro absorve todos os outros colocando-o
num patamar sublime: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti
mesmo”.

3 – METODOLOGIA

O presente artigo foi baseado na literatura básica e complementar espírita, em


livros de História e de Psiquiatria que versassem sobre o tema suicídio. No que tange a
dados oficiais foram feitas buscas nos sites da OMS, do Ministério da Saúde no Brasil,
da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), da Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP) e do CVV. Embora tenha realizado buscas de artigos que
relacionassem o suicídio e o Espiritismo, somente um foi encontrado, o que dificultou
bastante a pesquisa. O site da Federação Espírita Brasileira também foi visitado. Nesse,
há um livreto contendo 57 páginas que traz recortes de obras espíritas acerca do tema.

4 – RESULTADOS

Diante do exposto, verifica-se o nexo relacional, mas não determinante, entre


suicídio e transtorno mental. Devido à etiologia multifatorial do suicídio, esse requer a
atenção de equipes multidisciplinares com atendimento emergencial devido à iminência
de se romper o fio da existência corpórea material.
Sendo assim, é imprescindível que nos debrucemos sobre os cuidados dos
transtornos mentais que são tratáveis, controláveis e, mesmo, em alguns casos, até
curáveis. Trigueiro ratifica essa posição:

Essa importante descoberta [que tais transtornos são diagnosticáveis


e tratáveis] instiga uma revisão urgente dos protocolos de atendimento,
tratamento e acompanhamento de pessoas em situação de risco, bem
como de suas famílias e amigos. Se de cada dez casos de suicídio
nove são preveníveis, há muito que fazer para que essas pessoas não
desistam da vida e prossigam suas existências com saúde e equilíbrio
(1996, p. 12).

A psiquiatria e a psicologia são pontos de apoio fundamentais para o tratamento


desses distúrbios, mas são formas de atendimento de custo elevado e inacessíveis à
maioria da população, razão pela qual a rede pública de saúde deve estar apta para
117

recebimento e acolhimento dos pacientes que baterem a sua porta. Em 2019, foi
aprovada a Lei nº 13.189 que estabeleceu a Política Nacional de Prevenção da
Automutilação e do Suicídio que deve ser implementada pela União, Estados,
Municípios e o Distrito Federal fornecendo diretrizes em âmbito de saúde pública dos
cuidados com a saúde mental para o público em geral.
Outro suporte advém de práticas religiosas que vêm sendo tidas como um fator
protetivo de suma importância. No que tange à Doutrina Espírita, essa pode trazer
contribuições importantes tanto na prevenção, nos cuidados imprescindíveis com
aqueles que já tentaram o ato quanto no suporte à família nos casos anteriormente
mencionados e no lidar com a experiência do ato consumado.
Tais auxílios podem ser pautados no acolhimento fraterno, nos passes, na água
fluidificada, na propagação do ensinamento do Evangelho no lar, no equilíbrio da
mediunidade, entre outros. Uma análise aprofundada das cinco obras da Doutrina
Espírita abre a visão de nossa dupla existência nos revelando a transitoriedade material
terrena e a permanência espiritual, verdadeiro estado de nosso ser.
A auto-execução tem repercussão em nosso corpo espiritual (perispírito), pois
ainda se encontra animalizado e repleto de forças vitais quando no momento do
desencarne. Em nosso projeto reencarnatório, trazemos conosco essas forças vitais
para período completo de nossa encarnação que vão se exaurindo com nosso tempo
de existência terrestre. Logo, a imposição violenta do desligamento do corpo físico
permite “… a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo,
por estar quase sempre esse laço na plenitude de sua força no momento em que é
partido”, conforme Pereira (2019) aduz em Memória de um suicida.
Com essa amplitude de conhecimento, embora o suicida não tivesse a intenção
de sair da vida e sim da dor, mas somente se apercebeu da porta larga dessa saída, a
pessoa adquirirá noção do pós túmulo. “O que há é o choro convulso e inconsolável dos
condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger de dentes” da
advertência prudente do sábio Mestre de Nazaré!” (PEREIRA, 2019, p. 19). Ledo
engano, pois o desencarnante se defrontará com agravamento potencialmente maior do
que aquele em que se encontrava.
No que diz respeito aos pensamentos distorcidos que impossibilitam o amparo
ao pretenso suicida temos os mitos espraiados anteriormente elencados. Precisamos
tecer redes de desmistificação nos mais diversos setores. É importantíssimo saber que
os suicidas em geral dão sinal de suas intenções para reconhecermos os indicativos de
alerta e oferecer apoio. Sua expressão não deve ser tida como simples ameaça ou
chantagem emocional e sim como um pedido de socorro.
Acrescente-se que se deve conversar abertamente sobre os pensamentos de
suicídio que a pessoa vivencia. Perguntar sobre a intenção de tirar a própria vida não
aumenta o desejo de executar o ato. É mito! Pelo contrário, é momento da pessoa
expressar sua dor que está contida em si, ser ouvida sem julgamento, aliviar sua tensão.
Por último, nem todo suicídio está associado a outro suicídio na família 5. A
ausência de informação, além de prejudicial à elucidação dessas falsas premissas,
corrobora para uma carga estigmatizante sobre indivíduos que têm se envolvido em
episódios de tentativas bem como para seus familiares. Esse rótulo também recai sobre
as pessoas que apresentam transtorno mental. São seres com dores psíquicas agudas
agravadas pela incompreensão daqueles que estão em sua volta.
Ao examinarmos o cotidiano, a mídia, órgãos governamentais e não
governamentais, ficamos com a sensação de que campanhas esclarecedoras ocorrem
abundantemente no mês de setembro, mas que ficam esvaziadas durante os outros
meses, ou mesmo, não estão atingindo a comunidade em geral.
Em tempos de pandemia, abordou-se um pouco mais as questões de saúde
mental e assim resvalou no tema suicídio6, mas aparentemente as produções acabam
por ficarem circunscritas ao meio acadêmico.
118

5 – DISCUSSÃO

O suicídio é um ato de desespero por pensar não haver saída para seu
sofrimento e encontrando neste caminho uma porta ilusória de término dessa situação
angustiante para ele. Em realidade, o que de fato se busca não é morrer, e, sim, se livrar
da dor que o atormenta. Portanto, socorrendo esse ser em sua angústia e dor, previne-
se a consumação do agir dirigido ao arrebate da vida corpórea. Os fatores de risco não
são uma condenação nem tampouco um fatalismo.
Mister se faz a compreensão de que somos mais que famílias biológicas distintas
num plano material. Somos uma família única, universal em um plano espiritual. À vista
disso, a dor do outro não é somente dele, é minha dor também.
A pretensão da maior parte das religiões é nos (re)conectar com algo divino,
transcendente, sagrado. Aquelas que acreditam em Deus, monoteístas, cristãs
orientam-se pela confiança (não crença!) de que esse ser supremo, criador de tudo e
de todos é fonte de amor inesgotável e que sua sabedoria é suprema. Entre essas,
encontra-se o Espiritismo que através do Consolador prometido nos eleva a um grau de
percepção da vida além túmulo como nenhuma outra.
As casas espíritas precisam estar aptas a receber essas pessoas que estão em
desequilíbrio buscando entender a dor delas e como pode ajudá-las. Elas não são
fracas, elas estão doentes do corpo e da alma em proximidade de cometer um ato de
desespero seja por pensamentos e comportamentos recorrentes, na visão espírita, de
certos vícios, ou mesmo por processos obsessivos.
Hodiernamente, a própria ciência ratifica o acolhimento como forma terapêutica
de ajuda às pessoas com ideação suicida. Lembremo-nos de que foi a maior receita que
Jesus Cristo nos deixou: a busca pela cura através do amor, entendendo cura como um
processo que transpassa em muito um corpo físico saudável.

6 - NOTAS

1 Cientista social, bacharel em Direito, graduanda em psicologia pela UFPB. Palestrante espírita.

2 http://www.conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/809-um-suicidio-ocorre-a-cada-40-
segundos-no-mundo-diz-organizacao-mundial-da-saude. Acessado em 29/05/2021.

3 https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2021-uma-em-cada-100-mortes-ocorre-por-suicidio-
revelam-estatisticas-da-oms. Acessado em 13/07/2021.

4 https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf. Acessado em
13/07/2021.

5 https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-popula-o.pdf. Acessado em
14/07/2021.

6 https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2020/05/cartilha_prevencaosuicidio.pdf. Acessado em 14/07/2021.

7 - REFERÊNCIAS

ARANTES, Ana Claudia Quintana. A morte é um dia que vale a pena viver. Rio de
Janeiro: Sextante, 2016.

BOTEGA, Neury José. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Suicídio. Saber, agir e prevenir.


119

BRASIL. Associação Brasileira de Psiquiatria. Suicídio: informando para prevenir.


Brasília: CFM, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Suicídio na pandemia covid-19. Fiocruz, 2020.

FRANCO, Divaldo Pereira. O homem integral. Pelo espírito Joanna de Ângelis. 23.ed.
Salvador: LEAL, 2020.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 88.ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006.

__________ O céu e o inferno. Trad. Salvador Gentile. 8.ed. Catanduva/SP: Boa Nova
Editora, 2018.

__________ O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução da 3.ed (de 1866). 3.ed.


São Paulo: PETIT Editora, 1997.

MINOIS, Georges. História do suicídio: a sociedade ocidental diante da morte voluntária.


São Paulo: UNESP, 2018.

PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida. Pelo espírito Camilo Cândido Botelho.


27.ed. Brasília: FEB, 2019.

SCHUBERT, Sueli Caldas. Transtornos Mentais: uma leitura espírita. Araguari/MG:


Minas Editora, 2001.

TRIGUEIRO, André. Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no


mundo. 2.ed. São Bernardo do Campo/SP: Correio Fraterno, 2015.
120

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