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Monica Magathites Cavalcante WGC cdl a cm tt {Orgs.) TEXTO, DISCURSO E ARGUMENTACAO TRADUGOES yo DA ORGANIZAGAO DISCURSIVA F 1y ~ INTE sTITL rut! o part CF ER CIENTIFICO. cAo DO SAB AC Na cons nn CON, ews Ne Paiva Brito “Ms ria de Ma? Angi InTERAGAO SOCIAL self Lorenza Mondada ie Monica ‘avalcante, Mayara Arruda Martins ¢ 4 S © Helio Leon Tradugio 4 Magalhies Ci Barroso Silva A PROBLEMATICA DA ENUNCIAGAO Catherine Kerbrat-Oreechioni ‘Tradusgo de Isabel Muniz Lima OTURBILHAO DO INTERDISCURSO Patrick Charaudeau Tradugdo de Alena Ciulla EMOGOES E LINGUAGEM EMOCI T E i a IONAL NAS NOTICIAS EM INGLES Friedrich Ungerer Tradugac in lugdo de Rafael Lima de Oliveira ¢ Heloisa Beatriz B sonatto ASEMANTICA Al RGU cannes IMENTATIVA PODE FILIAR-SE A SAUSSURE?, Tradugdo de La 1uro Gomes ¢ Al lessandra da Silvei ira Bez O TURBILHAO DO INTERDISCURSO Patrick Charaudeau Tradugiio de Alena Ciulla Em primeiro lugar, quero agradecer aos que se dispuseram, de boa yontade, a intercambiar pontos de vista, nesta ocasidio de homen , em que nao se sabe nunca se devemos lamentar (uma perda irreparavel) ouencher-se de alegria (por novos amanhis). Agradego a esses colegas, que se tornaram amigos, marcando assim 0 espirito de uma geracdo (de alguns anos proximos) e de conexdes que sio feitas de pensamentos co- muns e diferentes, e de uma cumplicidade construida no curso do tempo passado e.., do que vira. B verdade—e aqui admito minha fraqueza—que so consigo trabalhar de maneira eficaz com pessoas cujas qualidades humanas aprecio. Mas vamos ao nosso assunto, no caso, uma reagio a ue foram sustentadas nesta oportunidade. Nao se trata evidentemente io i i ‘ vreu nao seria capaz. disso — nem de uma discussio de> intese — ~ fari de uma sintes a das comunicagbes: por que apes eu 0 fri sem cada ; 9 ‘i talhada de Sr de intragio com met interlocutor’? Ademais, eu nio po- ny avibie le. zB possibilidade ¢° Fue foi dito. Trarei aqui somente algumas refley A ar tu ae - deria retomar Or 5es de ume de outro, «que me inspiraram e que vo me inter sobre as inte! 249 A ANALISE -URSO ENTRE ALISE DO pIsc URSO ENTI LISE TEXTUAL to primeiramente uma preocupagao comum, da qual com ni Salle consideragao a ling Pattilh Imente: a necessidade de levar em consideraga gua para Proceder. totalmente: a . . a 7 anilises de textos, de conversagdes ou de qualquer outro corpus: “q material, zagiio observaivel” de que fala Jean-Michel Adam, 2 “eonkesimenio dalingygr de que fala Catherine Kerbrat. De fato, & preciso afirmar em alto e bom fon que nao ha anilise de texto nem analise de SiSutSS Possivels, SC NAO se tem um conhecimento profundo dos sistemas (fonético, morfoldgico, Sintaticg ¢ semantico) da lingua. No fundo, estamos bastante de acordo em considerar que toda Producig linguageira se realiza em uma configura¢ao textual portadora de discurso ¢ isso, com 0 auxilio da lingua. O-ato de linguagem € 0 resultado de uma telacio triddica entre lingua, texto e discurso: a lingua como material ordenado de signos, a servigo do funcionamento de uma configuragiio textual sob a qual corre 0 discurso como sistema de significincia. Desse ponto de vista, Jean- Michel Adam tem razio em defender a existéncia de uma anilise textual que repousa sobre o materialmente observavel, ja que 0 texto se fabrica com as regras que Ihe so préprias, que é preciso atualizar, e que testemunham tanto as restrigdes quanto as estratégias do sujeito falante, todas as coisas que constroem a “materialidade textual”, como lembra Catherine Kerbrat. Mas, ao mesmo tempo, ha o discurso, ou ainda, os discursos que circulam Sob os textos (quer sejam orais ou escritos) e que é preciso detectar através dos jogos de intertextualidade e de interdiscursividade que os constituen- Evidentemente, vimos isso bem com Dominique Maingueneau, quando claboragio do Diciondrio de andlise do discurso, a ambiguidade da nog de discurso, que remete tant dos textos (0 que justifi mo € de crescimento. Para mim, o discurso ¢ u™ a que corre sob a configuragao textual, “difratando arthes, e que testemunha tanto ideias (os imagine Nos linguageiros (a enunciagao); pois, com? .“Sithificas a nt ¢ SiBnificar alguma coisa”, ¢ é também, 2° me *-" (BARTHES, 1975). Tudo isso somente € P° tema de significancia Sob as formas, diria Bi auanto comportamen| ainda Barthes, signifi tempo, TEXTO, DISCURSO £ TRADUGE jsténcia das palavras da lingua pela ox! gua e das suas possibili ss denagao morfoldgica, sintatica e semantic: possibilidades de orde! Um outro momento importante foi o didlo; Dominique Maingueneau sobre a questio de p isin para a primeira, pelos seus “ “objetos’ suas “perspectivas de andlise”. Pode-se sempre pode se definir alternativamente pelas duas abo farer aqui uma observagao, a partir da reflexiio de Maingueneau sobre 0 fato de que, ao ler alguns trabalhos, é dificil dizer a qual corrente disci- plinar os, filiar. E que, a0 que me parece, é preciso considerar que certos “estudos tém por fi finalidade verificar a validade do modelo, do ferramental J 7 das hipdteses de partida. Lembro-1 ‘Me, a propésito, de “ter feito parte de uma banca de tese de uma doutoranda que se propés a utilizar a gorizagao dos atos de fala, para analisar um corpus de imteragdes vi 'g0 entre Catherine Kerbrat saber como se define uma + para o segundo, pelas dizer que, de fato, ela rdagens. Eu gostaria de ais. Ela mostrou ali os limites, o que era uma maneira idade desse i trumento de anili ¢. Outros estudos tém dar conta, através de certos procedimentos de anilise e roe sso de interpretagiio, do fenémeno que construimos le estudo. Quando 0 estudo é voltado para a verificagio do mode, p 10s perceber o pertencimento disciplinar; quando ¢ voltado par taco, fica dificil decidir sobre o pertencimento, porque toda-interpretagio vem do estabelecimento de relagdes entre diversos . hotizontes disciplinares. E verdade que, no que me diz respeito, sou mais particularmente __ Voltado para a interpretagdo, sem, no entanto, negar, uma vez. mais, ma reflexdo sobre a validade dos instrumentos. Além disso, uma das _ Alividades das ciéncias humanas e sociais consiste em criar eategorias Para dar conta dos fenémenos sociais. Mas quando analisamos um ob- J8t0, no podemos jamais utilizar a totalidade de uma instrumentagio Metodolégica, Tal instrumentagao se elabora a partir da observacio de uma multiplicidade de situagdes linguageiras ¢ de casos de realizagio. For exemplo, para definir diferentes tipos de intervengdes dials : Preciso se munir de um vasto corpus de interagdes verbais. Mas fora : £Peracionalidade de uma anilise, é preciso adaptar essa instrumentaga 251 ont omename para os objetives que determinamos, para ai hipoteves que formulae, © pana a espeeifividade do corpus. Ligar hipdtese, objetivo, corpus e ing tramentagio obriga a oper uma selegio, 64 é mesmo uma rede finighe de ferramentas de anilise, o que tem por efeito neutralizar uma parte da totalidade metodoldy No dimbito do CAD (Centro de Anilise do Discurso, Paris 13), come duvimos um estudo sobre 0 programa televisive Apostrophes, em que ji. Langamos milo, entio, ¢ analisamos ox tummos de fi rabalhos que categorizavam os turnos de fala ¢ 0s modos de intervengéo, mas rae ‘0 adapti-los d especificidade do pidamente percebemos que era pr nosso corpus, ds vezes até mesmo redefini-los, em fungiio da andlise de: se género particular, que era o debate cultural televisivo. Um outro exemplo mais recente é 0 trabalho sobre as controvérsias sociais, con- duzido atualmente no Laboratério de Comunicagao ¢ Politica do C 5 em que trabalho (CHARAUDEAU, 2015). O objetivo do nosso grupo € descrever a mancira pela qual as midias (imprens tratam a questao da “laicidade”. Certamente ha aspectos da ence: midiatica sobre r descritos. Mas, na medida em que nds nos fixamos como objetivo procurar os “tipos de argumento” que so intercambiados entre os diferentes participantes implicados nessa controvérsia, recorremos, entre outras, a uma anilise das estratégias de per o'. Mas niio é toda a aparclhagem da ret6rica argumentativa que ¢ utilizada, pois, de um lado, toda essa aparelhagem nao é explorivel ao mesmo tempo ¢, de outro, ha outros procedimentos de persuasio, além dos considerados pela retorica argumentativa, De fato, todo estudo se caracteriza pelo estabelecimento de um protocolo deanalise que, com recurso iss categorias que propdem as dive dologias, integra e pode até mesmo redefinir uma parte dk na medida do necessirio, em fungaio das hipdteses Assim, veremos, is vezes, imporem , radio ¢ televiséio) ago ¢ tema que podem s ‘sas Melo- sas Categorias, objetivos de anilise. se técnicas de andlise pertencentes a0 que Jean-Michel Adam denomina andlise textual dos discursos; &™ outros momentos, cro métodos de anilise de interagdes verbais, aos Ver La tuicité dans arene mé InwLe bord de Meau, 2014, 7 ‘dlatlqie, Cartographic d'une controverse sociale. Pan oom ename TEXTO, DISCURSO E ARct WUMENTAGAO, TRADUGORS, lerine Kerbrat; ¢ ainda utross © : : rficie textual. Compartilho aqui o ponto de vista d nam es ista de De a super que defende a ideia de que “ 1 : Jominique wire objeto de saber, se tiver °. mere a oe | jinas 40 discurso’, que tém cada uma um interes Be ey sath ess questo da definigéo de uma disciplina e da inex a qe permite ver os pontos comuns ¢ as diferengas de a pocoes, Fe acordo com as disciplinas (CHARAUDEAU, 2010). i yoltarei a isso, mas, no fundo, penso que somos todos conscientes ne lade de abordagens, € a questio é dizer como justifcamos rmultiplicid: nossas escolhas. PAPEL DA ANALISE DO DISCURSO PARA 0 ESTUDO DOS FENOMENOS DE PERSUASAO E DE INFLUENCIA SOCIAL Claude Chabrol tem raziio em distinguir persuasao ¢ influéncia, specificar que a persuasio se faz emrelagdes linguageiras mais ou menos diretas, enquanto que a influén- ciapassa por procedimentos diversos ¢ variados, indiretos e nem sempre _ previsiveis ou detectaveis. ‘Além disso, Ruth Amossy se encarrega, ela propria, de definir a influéncia, distinguindo atos de persuasio. Estamos, - entfio, de acordo, os trés, sobre 0 seguinte ponto: a influéncia ¢ 0 processo geral de tentativa de modificagao ensamento de um ou persuadir e intenciio de persuadir. Edee da ago ou do p mais destinatrios, passando por procedimentos diversos, todos os quais nio sfio nem perfeitamente conscientes nem previsiveis, nem totalmen- te dominaveis; 0 ato de persuas «0 linguageiro no sentido __‘amplo, ou seja, semiodiscursivo, P' rar diversos modos de gestuais, mimicos, iconicos, ete.» colocado em agaio Ror um sujeito responsdvel por seu 2!0 de comunicagio, desencadeando ¢stratégias discursivas (mesmo due ele nao tenha plena conseiéncia) P aleangar os seus propésitos. Partindo, entio, da constatago de as mene no se opdem, mas se completam, 2 quest90 i saber como se Pode ee @articulagao © ‘omo afirma Ruth Amos fio se trata lagdo entre as duas. C a sonjeame Somente de ver como se exerce uma influéncia suscetivel Jo & 0 process ois pode integt 253 ISCURSN xTO, DE " 1 apucors bal que pretende perstadir examina pale Renuadi examina’ lade diversas e crn quadros institucionais ‘as modalicades agdes inter bj jude Chabrol, este convoca a uma “psico-sociossemidtico”, reomo a {roca Ver auditério, mas de jr eC sordo com podle, d tivas, ao mesmo tempo diferente: gestio de rel: 0” Quanto a Cle em um quadro ssegura em que opera a perstias abordagem “pluridiseiplinar athe todos os desenvo! , de acordo, na base, eu Ivimentos desses dois Sem poder diseutir em det estou, alid posicionamentos, com OS quais cu 2 jonamento sobre a questo, gostaria de retomar 0 meu proprio Por curso é uma a medida em rig relembrar que a andlise do di sciplina de corpus ¢ que, se se interessa pelo receptor, : gos dele nas trocas linguageiras. Os métodos de De inicio, é neces di gue sio encontrados tra lor nao sio os mesmos, COMO OS que S40 usados na abordagem do recept metodologia sociolégica de campo, nem na psicossociologica de expe- rimentagiio e nem na semiodiscursiva de corpus. A seguir, proponho que, de um ponto de vista sociodiscursivo, todo ato de linguagem depende de certos parametros: —o primeiro (mas nao é uma ordem hierarquica) estabelece que € 0 sujeito que esta no coragio de todos os processos de persuastio. E verdade que € uma das minhas obsessées a minha militancia pelo retorno do sujeito no campo da anilise do discurso, sujeito ha muito tempo evacuado nos modelos estruturalistas e socioideolégicos do discurso. Em se tratando da persuasio, parto de um postulado de que as relagGes sociais sio feitas de relagées de forga, do fato da diferenga entre Eu e Tu: a percepgio pelo Eu de um Tu diferente Ihe coloca 0 problema de como fazer este Tu entrar no seu universo de discurso, ou, dito de outra maneira, como se ee puro, pe des ‘aca bem Ruth Amossy. Mas & areciad entender aa reneoetae, ae somgnte uma relagio de dominagiio. Em schist a relar B . a somgare: imposigao brutal. Ha também a mim €: como 0 sujeito feted Pe yaa a da alteridade, fundadora de todo ato fis lica Sosa ee Pensa que 0 outro deve se fazer 4 i s linguagem. Mas como podemos sma pergunta, é preciso completar 254 TENTO, DISCURSO 1 ap ARGUME TRADUCONS NENTAGAO eiro principio por um principio de % oP me outro : seep our 6 = eslagiio yentre wu Sempre 0 jogo entre egg Jemonstragbes de forga estrapiens hn alégica como & perida a lois prineipios que impor As dos dois parcei impor ao Outro, © a Construgio do eff 08 dois parceiros, um 08, ue o outro se identifique consigo, P ! se jentando se em que er com n que um procura faz orque ca efvito sobre Fe cada um te retorno, um efeito sobre 0 outro, que impde uma negociacao li tem, em 50 ten panini : iagao linguagei ge tomarmos 0 terme negociacdo em um sentido amplo, ou et lageira, ° ‘ la uj jogar c a , OU Seja: aqui ye obriga cada sujcito a jogar com estratégia diante do out “ja: aquilo 3 ro, para nao perder tudo e ganhar alguma coisa, cedendo em outra coisa; _o segundo pardmetro propde distinguir efeito visado ¢ efeito produzido, rea qual eu insisti frequentemente. De fato, nao se pode veka dade psicossocial atribuida por seu estatuto de sujeito da, definindo-o como 0 que chamei de “sujeito social locutor propriamente dito)’; uma identidade discursiva nciador”, construida pelo sujeito comunicante. Da-se 0 ge ao participante, que, como receptor, interpreta com sicossocial, mas, ao mesmo tempo, é construido discur- stinatario propriamente dito) pelo sujeito comunicante’. s visados pertencem ao sujeito comunicante viriam de sua intencionalidade, ¢ os efeitos produzidos 0 sujeito receptor, que se envolve em interpretagdes em fungao aS COISAS tre os dois, se podemos Jo naquilo que foi ou locutor, le psicossocial. E en ontram-se os efeitos possiveis, Que esti diferentes parceitos de uma troca resultado das coconst arceiros di que circula entre os plos sentidos, 1 ”") que produzem os Jesses sentidos poss" e diz respeito a identidade rugdes (0 ja troca. O veis, de e com as hipdteses que ele pode fazer no aN" — parceiros. 3 pavvald Duero pan 2005, praasestas suje” eutor de O iquele que toma a pal mnnaire d'Analyse du Discows. bd. du Seu 255 pao cnne TeXTO, DISCURSO 1, ARGUMENTAGAO HEADLCO! entio, como saber o que so 0s 108 produzidos? ff gj as, Uma, a da andlise do discurso, pela Mm, Mas, que se confrontam duas respost qual se diz que nao se pode estabelecer os efeitos produzidos, a nio ser pelos retomos discursivos ¢ pelos discursos de interpretagio, ou si aquele que recolheria os discursos, testemu. através de um outro corpus, nhos das sujeito(s) receptor(es). A outta consiste em 1 por entrevistas aprofundadas,seja gdes do(s) interpret investigar junto aos receptor que intervém o que chamamos brol tem raziio, do meu ponto de por procedimentos experimentai “laude Cl idade de integrar a recepgio na aniilise percursos ¢ dominios bem diferentes de estudos de recep: vist em insistir sobre a ne do discurso “para articular os quanto ao principio de pertinéncia original, como na sociolinguistica ou na psicolinguistica”. Mas cada disciplina deve guardar seu ponto de ancoragem metodologica ¢ tentar fazé-los complementares. f3 0 que chamei de “interdisciplinaridade focalizada” (CHARAUDEAU, 2010). — 0 terceiro pardmetro estabelece que nao ha interagdes linguageiras que no sejam normatizadas pelas restrigdes de uma situagio de troca, 0 que chamo de “contrato de comunicagao”. Esse contrato, que atribui as identidades sociais aos locutores, fornece-Ihes ao mesmo tempo “ins- trugdes discursivas” que os obrigam: eles devem levar em conta essas restrig6es e instrugdes se eles quiserem intercambiar, ser legitimados e compreendidos. O contrato constitui 0 quadro de experiéncia interacional (para falar como Goffman), no qual a fala é colocada em cena, ¢ é nesse quadro que podem ser operadas as estratégias, das quais dependem as possibilidades de persuasao. [3 isso que faz. com que um mesmo enunciado seja diversamente interpretado, de acordo com o tipo de contrato no qual € enunciado, ¢ é 0 que faz com que seu efcito argumentativo dependa nao somente das estratégias, mas também do contrato. E a consideragio desses diferentes parimetros que me conduzem a colocar em causa a nogio de faldcias (ou paralogismo)', postulada pelos defensores da retérica argumentativa. Se forem julgadas em re- 4 Vero Dictionnaire d Analyse du Discours (2008), Re iors 2004, ‘a entrada « Paralogismo », ¢ Van Bemere! 256 fuNTO, DISCURSO F ARGU TRADUCOES no re a condi de nich dita natural ou linguistica, que no se pode ae os “ ica Formal Mas, se consideramos os atos de lingua son Ina ode comunicagao e seu quadro contratual, entio own m0 5 nie C pertinente. Nao que nao se possa mostrar ou non don a 5 NO raciocinio, sobretudo em situagdes, cujas ae a nguagem muito codifieads, como a Tinguagem juriica ‘oq: mas na medida em que nos interessamos pelos efeitos tivos sobre a opiniao do outro, em uma dada eh 0ssi aoe no 60 rigor do raciocinio que prevalece: apesar das contradigdes no «ig, o efeito de pers 960, E)l6gico”, ouvimos dizer. Seria um paralogismo? O xemplo da nao pertinéncia dessa nogio que, longe rigor do raciocinio, procura produzir efeitos de por todos os meios. Por exemplo, os argumentos im ow ad populum poderiam parecer falaciosos; pacto. iealizagio légica, nio ha nada a objetar, co om . m O. Ducrot ¢ J.-B. Grize, joa um rats como most rec tradigoe asio pode ser constatado, “Ele me agride [persona m os que sio suscetiveis de ter mais im e sejan ina argumentativa nio se bloqueia jamais; discurso, a maq discussao entre 0 individual € soal (que ela seja monologal )) € a troca produzida em pa ja seja imediata ou adiada, € a troca de argumentos que (em compreensio ou de opinides individuais. No otiva a tomada da palavra 10 se OpOr sem que de uma 0 acrescentar uma tre a troca interpes: ois ou mais (conversagao so, a interagao, quer el ( simétrica) e permite um: éstio constantemente 4 prova da réplica do outro emcontra-arg mento): trata-se de uma troca Sseundo caso, atrocaé tridica, pois 0 aue ae & que um outro falow ou vai falar ¢ a¥° ¢ precis a padi 6 difusa, e a palavra circula nesse ia cieulagdo d conta verdadeiramente da dimensao: trata-se 24) le opinides coletivas. AG ee 257 oom nme TENT, PISCURSO P ARGUMENTAGAQ TRADLIGOES: metros me conduza dizer que a argumen. A consideragiio desses pa nto retorico, constitul um dos meios de honrar o tagdo, como procedime! : i integro a andlise argumentativa principio da influeneia, ¢ & na anilise do discurso, dem {nisso me sinto proximo de Ruth Amossy); ¢ do discurso. or isso que odo constitutive ¢ nao apenas secundario umbém por isso que integro aanilise interacional na andlist SOBRE A QUES TAO DA AS DIFERENTES ABORDAG IDENTIDADE DO SUJEITO stamos de volta & questio do sujeito. Christian Lagarde, como sociolinguista da relagiio entre as linguas, apontou justamente as ideias que cu também defendo: a identidade nao é a unica tarefa do Eu, mas primeiramente da relagio Eu-Tu (ainda o principio da alteridade), ede um Eu-Tu que tanto se encontra em uma relagdo triangular com um Ele quanto se funde em um Nos. E através desse Nos que se colocam todas as questdes de identidade coletiva em relagdo com a lingua: o Nés nacional, com seus derivados nacionalistas; 0 Nos tendendo a se essen- cializar, mas se recompondo em permanéncia; 0 Nos que se fragmenta em posigdes de dominancia ou de minoria dominada, reivindicando sua legitimidade. E ainda através desse Nos que se colocam os problemas de integragdo e de assimilagao, em relagio com o fato de que esse Nos quer se tornar visivel em um duplo movimento de aceitagaio do outro em si (as imigragées) ou da morte do outro em si (os genocidios). Com apoio na nogio de ipseidade, que propde Ricoeur, e que eu mesmo utilizo, pode- se ver bem 0 paradoxo no qual se debate a identidade coletiva: busca de sua singularidade pelo direito a diferenga diante do outro e, no entanto, reconhecer-se a si mesmo como outroA tudo isso ra ee 0a uma lingua (identidade lin- Buistica), ela se dé igualmente no uso que se faz da li decent clos bites Linglatgia do'siupo ateualinnne eee nee distingao permite tratar a questi dos eno. fos : s linguisticos que, tendo @ Eis que es que adoto plenamente 258 TEXTO, DISCURS OE AR AmCitinay TACA TRADUC 0 ot lingua, a manejam discursivamente de maneira di aneira diferent e. Desse nae ne pretexto de que hii o uso da mesma ing Boone ed secu portuguesa & brasileira, espanhola ¢ as Uos dversom pat gs srica hispanofonica. E 0 discurso que testemunha as aoe a rais. Nao sao tanto as palavras em sua morfologia nem * reas sintaxe qUe sio portadoras do cultural, mas as maneiras de = - nidade, oS modos de empregar as palavras, os modos de ee contar, de argumentar, de gracejar que o so. Uma forma de es construida discursivamente em sua lingua de origem pode ser expressa através de outra lingua, deixando entender esse discurso de origem. Uma rnesma lingua pode veicular formas discursivas diferentes. Os escrtores queseexpressam diretamente em uma lingua que nao a sua lingua materna conhecem 0 problema de saber a qual forma discursiva corresponde a sua maneira de escrever. Anne-Marie Floudebine aborda a queso do sueito de manele dife- rente, Como linguista saussuriana e psicanalista, ela trabalha essa questo em duas diregSes: a do pertencimento a um imagindrio instituinte, que é mareado pelo uso que se faz. da lingua e que constr} um imaginario lingufstico e, na mesma ocasido, um imagindrio sexuado; € a da subje- tvaglo da identidade que leva a considerar que s6 haverd idioletos, a saber que todo sujet possu um sistema linguistico especificante. Duas noes em tomno das quais gravitam seus trabalhos. Aq <* colocam, meres uma que diz. respeito aos imaginarios OE sma ssociar discurso ¢ cultura, Se ing me’ é pre Jista, & preciso asso A scul u Si ua (1 fa (no 5 semas da lingua) ¢ cultura coincidissem, as cul nel ineidissem, as cultura belga, suig¢a ¢ mesmo africana e . ponte Para mim, duas qu a0s limites da subjetivagao. Para’oique, diz. respeito ao imaginario, desenvolvi meu pom é Vista, por ocasiao de um coldquio em Montpellier, organizado Pes a RAT is sentido dessa Boyer (CHARAUDEAU, 2007), passando em entid Togdo em ant i jologia, psicandlli a itropologia, sociologia, ps! ed eee propor a — a definigdo de imagindrio soc E 0¢a0 . . m ir #20 de imaginério sociodiscursivo. N40 vou re eas qui, mas insistirei novamente sobre © 44° acabei de 259 or omename INTAG AS sexo, piscunso ARGUME NTAG HADUCO! per, ques S& podemos falar de um pine o legitima muito bem upondo 0 discurso, a8 ¢ Anne arie t Joudel evo ao da mest ovens PFESE velo, © imageindrio Hingwistico definido guas, sobre cultura e 0 imaginirio linguistico nario sociodisew édam <0 im istico ao qual ele esti altel ; atitude metalinguisti vz disso: “relagiio do gujeito com ante/sujeito social, ou 1 do sujcito diante da a lingua, a sua ling por Houdebine vem de uma lingua ¢ do uso que ele 6 integra como sujeito fal a qual cle dese} 10). Nisso, cla desloca 0 jana, dando-lhe uma pers- ursivo do qual falo nao ea da comunidade que na qual cle deseja estar integrado, pel (HOUDEBINE, 2002, p- .o da sociolinguistica labov' 0 imagindrio sociodise diz respeito a uma atitude meta. Trata-se do que compor' de dizer dos individuos — quer eles tenham consciéncia ou nao — ¢ que testemunham suas visdes de mundo, dos seres, da vida social, dos modos de se comportar nas diversas interagdes entre OS individuos que vivem em grupo. Se o imaginario linguistico testemunha © modo pelo qual os sujeitos julgam o que é o “falar bem” ou o “falar bonito”, o “falar fami- liar”, o falar “correto/incorreto”, de acordo com as normas objetivas ou subjetivas (HOUDEBINE, 2002, p. 4), oimaginario social “resulta de um processo de simbolizagao do mundo de ordem afetivo-racional, através da intersubjetividade das relagdes humanas, € se deposita na meméria cole- tiva” (CHARAUDEAU, 2007). Ele constréi, de uma s6 vez, uma visio da vida social e julga-a implicitamente, criando um sistema de valores, ‘o que Ihe permite também justificar ou criticar a ago humana. E como esse processo de simbolizagiio ¢ expresso pelo auxilio de uma linguagem (no somente a lingua, mas 0 uso de um sistema semiolégico), ele pode a ser identificado por e em sua fa projetor na diregai pectiva mais reflexiva, tam as maneiras ser chamado “imaginirio sociodiscursivo”, Assim, pode-se perecber, por exemplo, como a publicidade é portadora de um certo imaginario do lugar da mulher na sociedade, imagindrio que muda Storm: o tipo de produto que é enaltecido e de acordo com a época (SOULAG 1S, 2004, 2007, 2013, 2014). Mas ha ui A somos on hae comum entre nos: a referéncia A Castoriadi in meets ae nie diferentes, cada uma com sua coeréncli. uma sai a discussio que frequentemente temos sobre * que 260 pao cnne TEXTO, DISCURSO [ ARGUMENTAGA PRADUCOES, " ediscurso, Anne-Marie Houdebine emp ret pire Hinge? om tudo, o de lingua. Talvez, p ‘alvez, pel J POU influéncia da aoe noi? nurs. & dist! re? iscurso & No que me concer me, mantenh 10 essa distinga ingio, a = facanian’. istemas fonoldgicos, ‘0, morfold ir LicOS, sintati - sintiticos co go dominion ds ia cos que’ instituem, o discurso sendo 0 dominio da di 1a medida do necessirio, em fungzio das ah ae ecomunicagiio. E é Li que reencontramos.a a a da qual fala Anne-Marie Houdebine. Parco - to, que a andlise do discurso, em seu taba ttl oS sistemas! giuagao 4 pjetivacao, plver esse pon pode iraté ‘nao consciente, mas nao ao inconsciente, 7 medida em™ que sentido que oe ee tiltimo somente & percepti- . atividade, isto ¢, na emergéncia de algo sobre o que o sujeito sciéncia (“Eu estou la onde no estou”), ¢ que s6 sul site sem deen e jaterpretagaes yel na nes nfo tem nel endo o Outro. Como em Benveniste, 0 outro é pri- que vem ao mundo, im outro-Tu; im Tu ele que a crianga descobre desde no mesmo plano em relagdo com uI que ha sempre um. outro, onipresente que ‘estd em posi¢io RAUDEAU, MONTES, 2004). Nao é necessariamente de Outro da psicandlise, mas um sujeito, presente-ausente, ele or de discurso (a doxa) e em relagéio ao qual todo sujeito encenagiio ditos, como tituinte o falante ¢ 0 gestor da dor de discursos, imento, 0 consl rg de seu alo de dizer que todo sujeit ido, ao mesmo tempo, porta’ voisa/isso), que revela um pertencl dividualizar atrav' e procurando se in © constitui em Eu. nto de confor ‘ le esta preso numa tensiio entre um movimento er Made dos imaginiios doxicos, para existir de rmaneira coletivas © 261 pao cnne ae rextn, PISCURSO Al HRADHICO! «i (ao menos ter a iTusio pretender a essencia movimentos 1 existir ems ode ges dO} nyularizagiio pan le do sujeito nao P a} remetem & poisclivado evor'« y que se pode ter do movimento de si ), Nisso, a identidad 20 de egpelho ao qn ado” de existir lizagdio, Bum jog Portanto, no é um sujeito “eliv nares, o que niio me parece COESPS como sugere Anne vamadas lami- snder a ima -Marie In patigao consciente/incons jente squplo” de individuag Houdebine — 0 que, sujeito —, nem “dividido” a, sob o olhar ¢ | mas um sujeito ao mesmo tempo. fe subdeterminagio social © 1s pertencimentos. porque preso entre dois fio singular ~¢ no entanto, se justifies movimentos di miltiplo, pela pluralidade de s rUDO DAS MIDIAS COMO pIsCURSO VERBAL F VISUAL. us objetos obriga a combinar ‘Abordar a anilise do discurso por s° siva, andilise semio- lise persual queiramos ou nio, quer 0 6, por necessi- andlise textual, andlise interacional, andl ‘comunicativa ¢ andlise de recepeaio. Quer nos reivindiquemos ou nfo, aatividade de andlise, neste 259) dade, interdisciplinar. E é aqui que se coloca em permanéncia a questio jevantada por Catherine Kerbrat sobre a relagao entre 0 endégeno € 0 cexdgeno do texto, da qual depende a interpretagao: “E permitido ¢ dese- javel fazer apelo descrigio das informagdes externas, ou é preciso tentar deter-se no texto em si mesmo?”. E 0 velho debate entre os partidarios deuma abordagem imanentista e os que denuneiam a “ilusio endégena”, que conhece hoje o reacender do campo da anilise das interagoes. Retomando globalmente certos pontos tratados pelos diferentes estudos, pode-se dizer que: tentar dar conta do 9s estudos sobre as midias mostram que é precis -— thee, discurso ¢ comunicagiio (Sophie Moirand). Evidente- eo , es » nee Fe sentido que se dé a essas nogdes, mas digamos que se trata das trés dimensdes constituti i ses istitulivas dos atos da c ici ee atos da comunica 262 ont omenme | ae ig visual ¢ fe produtora de signos, bn sfath 8, que, no linguistico, deve ser tratada de : la de maneira cabamos de evocar (GUY LOCHA m ter 4 dupla jodosi similar nessa RD, JEAN qn ean mals especificamente de midias de informagi gcupam Ul glo, estas save 0 Tuga de pes I60 (SOPHIE MOIRAND), reivindicando ao mesino te sacra fede dar conta do real (HENRI BOYER), Isso 0s ee nesm0 nivel de um jogo social de verossimilhanga: no trabalho de fazer niversos de discurso diferentes ¢ no trabalho de construgio indo ficcdo e factualidade. va hugar particular no espago piblico, na medida em par ais la em que cons- encontro de discursos que raramente coexist lem a nao qui nos questionar se as ciéncias da informagao ¢ da ma disciplina ou ndo, questo que ¢ também colocads ncias da educagio. Pessoalmente, penso que hi campos sfo lugares-encruzilhadas de certas disciplinase que isso justificd-los, na medida em que esse lugar-encruzilhada ompletar ¢ se interrogar sobre essas diferentes discipli- ie guiou OS trabalhos do Centre d’Analyse du Discours rersidade Paris 8: questionar 0 objeto midia em suas tres nguistica, discursiva & comunicativa) € Sua plurissemiot- a chama Guy Lochard. fato de que se fez alus sar alguns ponte jalizarmnos: aria de aproveitar 0 rato de comunicagao, para p' ‘Nogao pode ser, reconhego, una nogio-armadilhi > que eu chi pois essa 1, sea mei no meu 0 dig muilas 0 de contrato de comunica ino liyro (CHARAUDEAU, 1983) de contrato de Fala gar un alo) qualquer alisar ou intel rel nalisar ¢ xp! eros Pode fazer economia para i la a4 cl i yom, & em, para se interrogar sobre quem 1 263 pao cnne TENTO, DISCURSO HE ARGUMENTAGAO TRADUGOES ologicos, Antes que um sujcito abra a boca, antes que outro © interprete, mas desde o instante em ques es siio determinados, em parte, pelas fio é, entio, a de saber quais sociologicos e psi staura uma relagio comunicativa entre dois seres, est ode troca, A quest n ser levadas em conta; cireunstincia: situagio deven elementos pertinentes di —um ato de troca linguageira toma seu sentido em uma dupla aposta da instincia de produgio ¢ a aposta da instancia «1 no plano discursivo, se no se comunicativa: a apo troc sentidos possiveis sendo 0 resultado sujeitos interpretantes; sarc de recepgio, e & vio anal tem em conta essa dupla aposta, 05 das coconstrugdes operadas por divers —em consequéneia, somos conduzidos a distinguira situagao de comunicagao da situagdo de enunciago. A primeira é o lugar onde se instaura a sobrede- terminagio sociolgica e psicolégica dos sujeitos (identidades c estatutos dos participantes na troca, aposta da troca em termos, de visada, possibilidades de intervengdes dadas pelo dispositive da situagiio); ¢ ela, como ja disse antes, que, em fungao de seus dados, da instrugdes discursivas de producao e inter- pretagiio aos parceiros da troca. A segunda é o lugar da encenagao discursiva ordenada pelo sujeito falante, na qual sfo construidos os sujeitos enunciador e destinatario (de alguma maneira, € 0 lugar do contrato de fala). E essa distingdo que justifica a existéncia dos quatro sujeitos do ato de linguagem: sujeito comunicante e sujeito interpretante: da situagao de comunicagao; sujeito emunciador e sujeito destinatério da situagao de enunciago, que descrevi em varios de meus artigos e no Diciondrio de Andlise do Discurso. As caracte- risticas da situagdo determinam um certo contrato de comunicagdio que, pelo viés das instrugdes discursivas, se transforma em contrato de fala, colocado em ado em uma certa situagao enunciativa; — enfim, para poder falar de estratégias discursivas, ¢ preciso que estas sejam definidas com relagiio a um lugar de restrigdes, seniio nao poderi- amos perceber 0 que sao as restrigdes da situagio de comunicagao, que sobredeterminam 0 sujeito, ¢ o que tem origem no jogo de enunciagio, que o faz existir como Eu, 264 pao cnne FENTO, DISCLIRSO F ARGt ay TRATIUC EP . agio constante entre situagiio de t COMUNICACHO © gig C40 © situ inter pins, que que impede de singe, _ restrigdes © estra haver uma po BAL ANGO PROVISORIO prot agreaito ter modestamente trazido para a anise dod anilise do diseurso ses TES dio, 0 material semiolégico tratado de maneir a € maneira oque ectos: SCUTSO Ci “ologi r spectos: 0 discur: no ideolo di 0 disem entre & cone tO d antics o tod e inaginati0. ata ie com 1 ordenado em torno das nogdes de contrato, est . estratégia Mas cu gostaria de especificar que meus trabalhos nao configuram Como alguns 0 chamaram. Isso poderia ser lisonjeio, mas onde ao meu estado de espirito na pesquisa, que navega en- jo de categorias operadoras ¢ uma reflexdo teorizante. Um stra coisa. Trata-se de um conjunto de conceitos ordenado junto de regras, cuja aplicagao permite verificar a validade tos. Ha algo de circular no modelo: um conjunto de regras procedimento de aplicagdes de regras que, por sua ver essas regras. Desse ponto de vista, a gramatica gerative de cionou (ou pretendia funcionar) como um modelo. Mas de fala da pragmatica, nem as ferramentas de de rigdo da ersacional sio modelos. Em contrapartida, cles formecem reflexdio, conceitos operatdrios & ferramentas de anilise convém nao confundir modelos & paradigmas, terme ques fos da sociedade, Os paradigmas acordo com certos ‘o caso do ms E agora, cm qual sico entre os criticos dos fat as dreas de pensamento, de essam diversas disciplinas: jo construtivistne: pressupestos arxismo, do atray 10, do freud-lacanismo, 4 estamos? Eu nao saberia responder. 4 | 1 ete oateporias Operalo- me diz respeito, sempre procurei defini jegorials OS = corpus lemente a partir das ja existentess Pa & rover um de ve achette, 1992) e ser de minha Grammaire lt sens ot de expression. | a 205 pao cnne FHXTO, DISCURSO 1 ARGUMENTAGAG TRABUCO! iro, rab » consiste em da dar conta de um fendmeno linguagelo, Trabalho que con em dar correntes de indlise, para adapld-las a conta do que propdem diversas tiva, Mas ao mesmo: tempo ex, sador) de fornecer um perimentamos uma certa finalidade expli¢ ¢ abém o papel do pesquis : tas, de Ihes fornecer uma razio de ir além (0 que sempre me foi a necessidade (e ai esta fundamento a essas ferrament de sua eficacia empirica, Dai o esforgo de teori7 ressas ferramentas a hipot rem como fendmeno social, para lhes i eges ou postulada consistente em correlaciona [c8€8 OU Po os sobre o funcionamento da lingua dar um quadro de coeréneia. sobre sua dis um ponto de vista 1 que ela ocupa no vasto campo tinuarci a defender, ¢ quais o distinguir uma lin- ica E como um pesquisador deve ter plina, o modo pelo qual ele evolui ¢ o luga cientifico, vou terminar aqui dizendo 0 que con! (o minhas inquietagdes. Defendo a ideia de que é pre guisticada lingua, como anilise dos sistemas das linguas, e uma lingui se dos usos da lingua ¢ suas diversas. configuragdes Defendo também a ideia de que anilise do discurso, semidtica, pragmati- ca, sociolinguistica, etnografia da comunicagio, etnometodologia, andlise da conyersagiio, uma parte das ciéncias da informagao ¢ da comunicagio ¢ ise, metodologias que tém em comum um mesmo objeto: o discurso como fendmeno de comunicagao humana correntes em € social. Sou a favor, portanto, da federagdio dessas diversas uma vasta area disciplinar da ciéncia das linguagens, dos d comunicagio humana, S dessas correntes quer existir como disciplina e defender moldes do que aconte ‘a.compdem; mas isso n‘io impede de sonhar, Eu defendo a ideia, para alm dessa utdpica federagio, de uma interdisciplinaridade focada no ambito das ciéncias humanas ¢ sociais. f! talvez.a posigfio de um linguista que, sem espirito hegemdnico, vé que a linguagem esta por tudo, Mas como se pode: analis sar OF ndmenos linguageiros sem, de vez. em quando, ver © que dizem as diversas diseiplinas, que sio a historia, a filosofia, a sociologia, a antropologia, a psicologia? cursos ¢ da ci que isso nao vai ser feito nunca, pois cada uma seu territorio, nos iio Europeia, entre os diferent s paises que 266 FHXTO, DISCURSO 1 ARGUMENT TRADUGOT aed mas inquiclagoes. Inquictagao a propdsito dat da transmigea ansmissio algu! io de um saber pas: oD rl, ca nao transmis am poe ao se recomer’ nunca do zero. Nio nos cont ee at psa, SOs SEMPTE OS herdeiros de ein ee " dos 00 PSS que foram pore: PALO sim nio est mort, Saussure nao esti morto, Barthes nao est morto ¢ tantos outros que marcaram o paaannin nao esto mortos. A inquietagio vem toe jal no alguns, algumas parecem estar refazendo 0 0. fi ens: Jo. No dominio do pensamento e do saber, ni aber, ninguém nio esta morto, Aristdteles na , Aristételes nao esté mo ‘sta morto, Durk- do ocidental” em que sua heranga. Sera que ela estaria ausente do ensino gomon artigos, Jo, ignorando teses, mundi ge oferecemos* Inguie a ioem razio da ‘maneira como é concebida em nossas so- ciedades modemnas @ cientificidade, sob a propulsao de uma tecnologia quedel que o nico critério de cientificidade reside na chnlagem, sa quantidade, na estatistica, nos grandes nimeros. Alastra-se a ideia que estd al © nhor da eficdcia cientifica. Nao se trata, evidentemente, denegarautilidade de tais métodos de andlise, mas é preciso consideri- los como instrumentos a servigo de uma atividade de pesquisa que. em mbinar analise quantitativa © anas e sociais, deve saber Col tiva. O prejuizo causado por esse estado de espirito atinge andlise a as cor d i a a fi munidades de pesquisadores, ques para fazer prova da cientificid: fe riv j ati nos programas informatizados de anilise (mais uma vez, bilidade jamos chamar de sens necessérios) i em detrimento do que poderi 10 de procedimen- 0 de elaboragi ler de influ yeito ao fraco pod no uu poder critico ( Jo pelo diseurs® Como ue diz resp} fato de que se ocultad sobre 0 mundo. incia ies, enfim, no 4} “entidod ee humanas, pelo f tod icigspotie, ie fendmenos nio visiveis) © To ), que toma o lugar da explicagio sttieg, Fee para a celebragiio de grandes figuras dopensamen’? £0 (nfo sabemos se devemos comemorur ou Jamentar pelt atividade jo nano gue te mento nente me sitio a Por ostracisn stracismo que ilo de mundo ucidenal. Sime 267 ont omename TENTO, DISCURSO 1 ARGUMENTAGAO TRADUGOES, tende a passar por cientific: ¢ nos impedir de fases de per continuar nosso tra nem instituigao que gostaria de orientar ¢ control , evidentemente, nao devs io nem a demanda midiatica , cer~ sem concess jar a pesquisa. tamente, a luta continua! REFERENCIAS BARTHES, R. Roland Barthes par Rolan Barthes. Paris: id. du Seuil, 1975. CHARAUDEAU, P. Langage et discours, Eléments de sémiolinguistique. Paris: Hachette, 1983. CHARAUDEAU, P.; MONTES, R. (dir.) La Voix cachée du tiers. Des non-dits du discours. Paris: L'Harmattan, 2004. CHARAUDEAU, P. Les stéréotypes c’est bien, les imaginaires, c'est mieux. In: BOYER, H. (dir.) Stéréotypage, stéréotypes: fonctionnements ordinaires et mises cn scéne, Paris: L’Harmattan, 2007. CHARAUDEAU, P. Pour une interdisciplinarité focalisée. Réponses aux réactions. Questions de communication, n. 17, Presses Universitaires de Nancy, 2010, p. 195-222, CHARAUDEAU, P. (dir.) 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