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271-50
GABI
QUEM É
CAMELLO
O CORPO É MAIS UMA PARTE DE MIM
AUTOESTIMA
AGRADECIMENTOS
encontrar aqui
E você, quem é? Não tenha medo do Por onde começar? O perigo de ter
seu processo baixa autoestima
Como não se culpar Rede de apoio A estética realmente Por que não se
por suas marcas é uma escolha? esconder por meio
das roupas
Como se amar na
prática e criar novos
hábitos
MARCAS
Minhas marcas são as tatuagens que a
vida fez em mim. Quero sentir a
liberdade que eu mesma me tirei por
vergonha de um padrão que disseram que
era bonito. Onde eu puder melhorar,
darei meu máximo, mas tudo em troca de
um bem maior: eu mesma. Porque bonito
mesmo é o caminho que nosso corpo
percorreu.
Eu tenho listras de uma tigresa que
enfrentou o mundo pra cuidar dela
mesma. Eu passei por muita coisa em
relação ao meu corpo, ainda passo e
sempre irei passar. Autocuidado, auto
amor, aceitação tudo isso é lindo de se
falar, mas na prática, aprender isso é
bem desesperador.
O meu desejo aqui é contar um
pouquinho de todo meu processo de
aceitação, que inclusive ainda tô
passando. Mas o que eu mais quero é
que você aprenda a amar suas feridas,
suas cicatrizes e suas formas como elas
são hoje mesmo que você ainda não
saiba como isso é possível. A gente não
foi ensinada a isso.
Te digo que vale muito a pena. Porque o
meu próprio amor me curou e me cura
todo santo dia. Meu corpo é meu melhor
amigo. Todo corpo deve ter pessoas
felizes DENTRO dele, para que ele possa
ser o que ele é de verdade: a expressão
física da nossa essência.
Gabriella Camello
CORPO
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
Oi, gata garota, tudo bem? Eu estou aqui todos os dias no seu
celular para te falar o quanto você é linda. Não é linda só de aparência,
não. Você é linda de alma. Só que, assim como eu quatro anos atrás,
você também não percebe isso. Além de não se dar conta, você se
cobra demais. Você quer atingir a sua perfeição. Calma. Não se culpe
mais uma vez, eu também queria. Na verdade, o fantasma da perfeição
vem me tirar do foco às vezes e, por isso, é preciso, sim, ser
eternamente vigilante. É preciso, sim, saber quem você é. Saber os seus
valores e seus objetivos.
E VOCÊ, QUEM É?
Acredito que podemos ser a nossa melhor versão. Mas o que é essa
tal "melhor versão" que tanto pregam por aí? Podemos começar por
aquilo que não é. Não envolve emagrecimento, não envolve estética,
não envolve emprego melhor ou vir de uma família melhor. Agora, sim, o
que é a tal melhor versão: força para mudar o que pode ser mudado,
resiliência para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para
discernir uma coisa da outra (São Francisco de Assis).
O que você lê, o que você come e o que você consome hoje vai te
definir daqui há 10 anos e é por isso que eu busco diariamente me
abastecer de comida boa, pessoas boas, momentos agradáveis e
exercícios. E isso não exclui o fato de às vezes querer comer uma batata
frita, doces, bebidas, etc. Acredito que a restrição, não só de comida,
gera a compulsão. Se você se abstém de algo de que você gosta, isso
vira um martírio e, vamos falar sério? Por que a vida tem que ser assim?
Esperar sempre por sua melhor versão é viver no futuro e deixar o
presente escapar. Isso gera cada vez mais ansiedade. Quem vive no
futuro não vive..
Uma das perguntas que eu mais recebo é “Gabi, eu não me aceito.
Não aceito minha aparência. Eu tenho que me amar mesmo eu não
gostando de mim? Quer dizer que eu tenho que me aceitar assim? Mas,
se tiver algo que eu queira mudar em mim, eu não posso porque eu
tenho que me aceitar desse jeito?" Antes de tudo: calma, gata garota! Eu
sei que são muitos conceitos, muitas palavras que estão na moda e que
você está perdida com tudo isso e, mais uma vez, não sabe por onde
começar.
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
Mas o que mexer em mim por dentro tem a ver com aceitar meu
corpo? Eu te digo: não há outro caminho. Uma vez que você se aproprie
de quem você é, não terá mais vergonha de se
mostrar como é. É preciso que você entenda sua história,
seus momentos, seus traumas. É preciso entender o quanto as
pessoas influenciam na sua vida (as de hoje e as que não
ACEITAÇÃO
fazem mais parte dela também). Nascemos como uma
folha em branco, e todas as pessoas que passam por ela podem
deixar suas marcas através de um lindo desenho ou um
rabisco confuso. Mas até nos questionarmos quem realmente
somos não tocamos nessa folha e, de uma hora para
outra, nos deparamos com essa folha toda confusa: um
emaranhado de sentimentos.
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
E VOCÊ, QUEM É?
Era como se elas não se vissem, por mais que se olhassem e que
todos dissessem que estavam maravilhosas. Aquilo me deixava
angustiada e sempre terminava o dia exausta e pensativa. Me aposentei
da minha longa carreira de um ano como maquiadora.
E agora? Vou trabalhar com o que eu realmente amo: comércio,
venda, planejamento, dia a dia, desafios… Isso, sim, me motiva! E
motivou. Trabalhei no comércio da minha família durante 4 anos. Mas
sempre fiquei com um mosquitinho na minha cabeça me dizendo “Gabi,
você é mais… Você pode contribuir mais…” até que no início de 2020
comecei a compartilhar no Instagram o meu processo. Não só de
emagrecimento, mas de mudança de perspectiva. Em fevereiro do
mesmo ano, uma amiga me convenceu a fazer tudo isso de forma
profissional. Ela me fez enxergar que a minha estima era contagiante. O
meu amor-próprio transbordava para as outras pessoas. Minha paixão
por viver tinha que ser compartilhada com aquelas que, assim como eu,
tinham se perdido no meio do caminho. E aqui me encontro, escrevendo
esse livro, extraindo de mim o que eu posso contribuir para esse mundo
ficar um pouquinho melhor. Esse é o meu desejo.
O filme Soul, da Disney é encantador! Ele fala sobre propósito.
Passamos a vida em busca de um e, quando alcançamos, é possível que
a vista não parece ser tão bonita assim de lá. Estar diariamente no
instagram conversando com mulheres faz o meu agora valer a pena. Me
sinto dentro de mim ao ajudar uma mulher a se reconhecer enquanto
potência feminina pela primeira vez depois de tantos traumas. Este é o
meu propósito de cada dia: ajudar mulheres a se amarem.
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
E VOCÊ, QUEM É?
Este foi um direct que recebi de uma amiga seguidora, logo quando
comecei a compartilhar minhas vulnerabilidades no Instagram:
E VOCÊ, QUEM É?
Um dos grandes mitos que eu tinha é que eu só iria ser feliz quando
emagrecesse. Você tem o seu mito ou, como chamam por aí, sua
“crença limitante”. Achava que só iria, de fato, começar a minha vida,
quando coubesse novamente nas minhas roupas. Quando recuperasse
meu corpo antigo.
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
Essa era minha ideia de felicidade. Então quer dizer que eu não era
ninguém enquanto não atingisse isso? Sim. Era assim que eu me tratava.
Percebe o quanto eu não era gentil comigo? Esta é a primeira peça
fundamental para aceitar seu processo: ser gentil com você mesma.
Quando você entende que precisa passar por um processo, é preciso se
aceitar como um presente: “eu estou me dando a mim mesma como
presente. Tenho que cuidar e me permitir viver esse processo”. Achamos
que a felicidade só vem depois da viagem planejada, do emprego dos
sonhos, do boy príncipe encantado, do salário desejado, seja lá qual for
o seu desejo, não espere sua realização para viver! Você pode ser feliz,
querendo mudar ou não.
Um dos grandes mitos que eu tinha é que eu só iria ser feliz quando
emagrecesse. Você tem o seu mito ou, como chamam por aí, sua
“crença limitante”. Achava que só iria, de fato, começar a minha vida,
quando coubesse novamente nas minhas roupas. Quando recuperasse
meu corpo antigo.
BEM ME QUERO
E VOCÊ, QUEM É?
Gabriella Camello
CORAGEM
BEM ME QUERO
Hoje, sim, eu posso dizer: estou nua pra mim. Estou vulnerável pra
mim e pra você. Quero evoluir cada vez mais para contribuir para o
mundo que está tão perdido de si. Quero mostrar o quanto é bom ser
DE SI e PARA SI. Sem falsos moralismos e fingimento para se enquadrar.
Um quadrado é limitante demais para qualquer ser em expansão. Quero
ser infinito!
Uma vez escutei o Pe. Fábio de Melo contando sobre uma amiga que
dizia ser muito intensa. Ela não aguentava mais sentir e o quanto aquilo
a angustiava. Ele logo insistiu dizendo que em um mundo onde as
pessoas não sentem, sentir demais é uma dádiva de Deus. Desde então,
acolho minha intensidade. Aprendo com ela e me doo para um mundo
tão carente de sentimentos.
Aprendi a ser vulnerável com a rainha Brené Brown. A primeira vez
que tive contato com a palavra vulnerabilidade foi através de uma
palestra dela no TED. Ali Brené me revirou inteira, me fez ver o quanto
é bom ser real e ser real significa estar aberta para novas experiências e,
consequentemente, erros e aprendizados. Aconselho você a assistir a
esse TED antes de continuar a ler esse livro. Pesquise no Youtube
"Brené Brown –O poder da vulnerabilidade TED"
BEM ME QUERO
Assim que comecei a ler o livro da Brené fiquei logo impactada com
o discurso do ex-presidente norte americano Theodore Roosevelt:
O livro todo da Brené é uma porta para você assumir de fato a sua
vida e, sem dúvidas, ela foi a grande motivadora para começar a
compartilhar minhas vulnerabilidades pelo Instagram. A certeza da
exposição me incomodava. O medo do julgamento, nem se fala… Afinal,
eram muitos riscos. "Como assim você vai falar sobre compulsão
alimentar, ansiedade. Você vai mesmo mostrar suas cicatrizes?", "Como
você vai expor suas feridas sentimentais, os pensamentos que só você
mesma conhece, Gabi? Que loucura!”
Eu achava que meu salto de paraquedas tinha sido a coisa mais
corajosa que eu tinha feito, mas mal sabia que me expor por completo
seria algo libertador e assumir esse risco me trouxe aqui, me trouxe a
oportunidade de ser relevante, de ajudar, de motivar e, quem sabe, de
curar outras feridas?
Seja em qual número você estiver agora do termômetro do amor-
próprio, seja qual for a etapa ou profundidade do nível de
autoconhecimento, o seu processo é somente seu. Não queira ir pelo
caminho do outro ou mesmo copiar a "fórmula mágica" que te vendem
por aí. O seu processo é somente seu. Se permita aos pouquinhos
tropeçar, sentir medo, sentir-se potente, sentir-se insegura, capaz e
incapaz. O amor-próprio é uma montanha russa e você vai querer
sempre mais e mais.
BEM ME QUERO
AUTOESTIMA
Autoestima é estimar-se. É o valor que você dá para si. É a
interpretação que você tem de você mesma. Uma pessoa que tem uma
boa autoestima tem uma boa relação com a percepção de si mesma. Em
sua maioria, são pessoas mais confiantes, mas isso não significa que não
são vulneráveis. Apesar de também serem críticos consigo, conseguem
se perceber humanos e suscetíveis a erros. Essa é a grande beleza da
autoestima: se perceber falho, errante, mas mesmo assim ter
autocompaixão (outra palavra importantíssima). Sentirão medo,
frustração, tristeza, desânimo, porém terão uma postura respeitosa
diante desses sentimentos e procurarão resolvê-los com uma postura
ativa e positiva.
Nossa autoestima é construída desde que nascemos, com as
referências que fomos adquirindo durante a vida. Nossos pais são os
primeiros influenciadores e grandes responsáveis por criar experiências
boas ou ruins para a percepção de nós mesmos. Por exemplo, se
nossos pais não só nos incentivam a correr atrás dos nossos sonhos,
mas também correm atrás dos seus, eles acabam se tornando um
espelho, uma referência para que possamos potencializar nossos dons,
talentos, personalidade, etc.
BEM ME QUERO
AUTOIMAGEM
é a forma como eu me vejo, não apenas fisicamente, mas
emocionalmente também. De acordo com Nathaniel Branden,
estudioso da autoestima, autoimagem "é quem ou o que nós
pensamos ser. Nossos traços físicos e psicológicos, nossas
qualidades e imperfeições, nossas possibilidades e limitações,
nossas forças e fraquezas" Uma pessoa que se considera
disciplinada, por exemplo, pode deixar de ser da noite para o dia
com uma mudança de emprego, por exemplo.
BEM ME QUERO
Para exagerar, imagina ainda que seja para outro país. Uma
variável que mude na rotina pode derrubar tudo, não conseguir
mais fazer exercícios, se alimentar direito... é um estado, você está
disciplinado numa circunstância, mas aquilo não é intrínseco seu. O
mesmo valeria para indisciplina que venha por uma mudança, é
transitório: ao invés de surtar, recomeça e reconquista.
AUTOCONHECIMENTO
Autoconhecimento (ai, como eu amo essa palavra) é um
processo. Sem definições dos livros e de grandes autores, se
conhecer é difícil. É muito característico, quando encontramos uma
pessoa que, do nada, mudou de emprego ou terminou um
relacionamento, e elas responderem "precisava me conhecer
melhor". Por que, de uma hora para outra, temos esse click se até
então tava tudo bem? O meu processo de autoconhecimento foi
doloroso. Hoje posso dizer que estou lidando melhor com ele. E
engana-se quem pensa que ele tem um fim. Vamos nos reconhecer
e reconhecer para o resto da vida.
Por que eu digo que o processo de autoconhecimento é
doloroso? Porque é preciso se revirar inteira, curar feridas e se
questionar. É muito difícil tocar em um trauma de infância, mas
mexer nisso vai te livrar de muitas questões que acontecem no
agora. Comportamentos ou travas que você tem hoje podem ter
vindo de um lugar que não foi mexido ou que você nem lembra.
Se autoconhecer é como uma terapia. Engana-se quem pensa que
terapia é só para quem está sofrendo de algum distúrbio
psicológico.
BEM ME QUERO
& AUTOCUIDADO
AUTOCOMPAIXÃO
Agora vamos falar das duas últimas palavrinhas que eu amo:
autocompaixão e autocuidado. Elas são meu xodó. Sem elas, eu não
passaria por todo esse processo. Com elas, conquistar meu amor-
próprio foi mais cuidadoso, menos feroz, menos penoso. De acordo
com a minha segunda autora favorita, Kristin Neff,
BEM ME QUERO
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
Durante dois longos anos da minha vida eu vivi uma falsa sensação
de felicidade. Achava que eu já tinha tudo que eu queria para a minha
vida: formada, um bom emprego, bom salário, viajava, estava em um
relacionamento com o homem dos meus sonhos na época. Quem sou
eu para ficar triste com isso? Eu tenho tudo aquilo que as pessoas
lutam a vida toda para ter. Quem sou eu para me sentir triste com
isso? Mas eu não estava somente triste, eu não percebia isso. Não
percebia que tinha parado de sonhar, de fazer planos, de ser muitas
pessoas dentro de uma mesma. Sabe aquela sensação de que, quanto
mais aprendemos, mais nos sentimos burras? Eu não tinha! Minha vida
aos 23 anos já estava feita! Coi-ta-da! Mal sabia que os próximos anos
iam sacudir minha vida, remexer e tirar tudo do lugar.
20- Não fazem planos ou não sonham coisas para si, mas sempre para
os outros
21- Acha egoísmo se colocar em primeiro lugar
22- Não sentem prazer nenhum em cuidar da sua aparência ou da sua
saúde ou se fazem passam horas e nunca estão satisfeitas
23- Inventam desculpas para si e para os outros para não sair
24- Acreditam nas desculpas inventadas
25- Se contenta com um vida morna quando poderia ter uma vida na
qual é a protagonista
26- Dificuldade de conhecer pessoas interessantes por achar que elas
são "muita areia pro seu caminhãozinho"
Gabriella
DESESPERO
Como me dói não amar meu corpo.
Dizem por aí que as pessoas TÊM
QUE se amar. Eu mal me olho no
espelho. É um desespero olhar para
minha barriga! A minha barriga é um
desespero!!! Me pergunto como pude
chegar até aqui. Eu detesto essas
marcas, tenho vontade de arrancar
minhas estrias, me arrancar de mim
mesma. Quero me cobrir inteira e ao
mesmo tempo me separar de mim.
Parar de sentir esse desconforto.
Sinto que nada me cabe, nada fica
bem em mim. É um inferno! Tapa
meus braços, me tapa inteira! Nada
cabe, nada serve. Por que eu nasci
assim, meu Deus? Eu me sinto tão
mal por ver tanta mulher linda nas
fotos. Preciso mudar isso... Eu tenho
que mudar isso! Acho que vou
investir nessa dieta. Conheço quem
fez e funciona. Só água, só água.
Acho que vou desmaiar! Come um
queijo. Não me sinto capaz de ser
olhada por ninguém. Tenho
vergonha do tamanho do meu peito,
da minha bunda, da minha barriga.
Tenho vergonha de mim. De ser
quem eu sou.
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
Tenho pernas e quadris largos (panturrilha então nem se fala) que, por
mais que eu não estimule meus músculos dessa região, eles nunca
ficarão "finos". Logo após as estrias da panturrilha, foi a vez das
estrias da lateral da barriga. Acho que, nesse local, 90% das mulheres
possuem marcas. Meus 15 anos chegaram, e sou surpreendida por
uma cirurgia de apendicite. Minha primeira cicatriz. Me lembro que
fazia de tudo para esconder. Até maquiagem passava para disfarçar.
Aos 19 anos fui engordando a cada ano que passava. Não teve um
acontecimento que desencadeou esse processo, foi aos pouquinhos,
faculdade, trabalho, rotina, dia a dia, acomodação, falta de percepção
corporal, cobrança dos outros e autocobrança. Estava apenas no
modo automático, e esse é o jeito mais perigoso de se ferir – em
todos os sentidos. Quando resolvi não trabalhar como publicitária e
decidi assumir o negócio da família, aí sim, o negócio ficou brabo! Era
tanta pressão que eu me colocava! Passava sábados e domingos nas
lojas, com tarefas desde pegar caixas pesadas até atender clientes. E
eu amava! Meu físico ficava muito cansado, e, por mais que eu
soubesse da importância de me exercitar, eu já não tinha mais
energia.
Sexta, sábado e domingo o pós-trabalho era no meu restaurante
favorito, Outback. Meus amigos sabiam onde me encontrar. Conhecia
cada pessoa que trabalhava no restaurante. Me auto intitulei rainha do
Outback. Eu choro de rir contando as histórias que passei naquele
lugar. Eu conto isso porque quem vive no modo automático sempre
tem uma válvula de escape,
BEM ME QUERO
Minha barriga era rodeada por elas, minha virilha, a parte superior
da minha coxa, meus braços, minha bunda, enfim, por todos os lados
lá estavam. Elas de fato já nem me incomodavam mais porque eu
mesma já era um incômodo enorme pra mim. Era horrível olhar para o
meu corpo. Me encarar todos os dias no espelho. "Como eu me deixei
chegar a esse ponto?" era sempre meu questionamento. Meu corpo e
minha essência já estavam misturados. Não sabia como dissociar um
do outro. Era ódio demais em mim. Não tem como não chorar ao me
lembrar o quanto eu me detestava, o quanto eu me via como uma
aberração. Eu choro por pena de mim. Eu jamais me trataria
novamente como eu me tratei.
BEM ME QUERO
Era uma briga tão, mas tão desleal! Já me culpei demais, hoje eu só
queria me reencontrar e me abraçar, dizer o quanto eu era especial e
essencial nesse mundo e para jamais associar meu valor à minha
forma física. Sendo gorda ou magra, a forma física não dirá nunca
quem você é.
Eu tive coragem de optar por mim e por ter feito essa escolha, hoje
eu opto por mim todos os dias e tento levantar nem que seja uma
mulher por dia. Eu optei pela vida, por minha saúde, por querer ficar
velhinha dançando, por me abaixar e não sentir dores na coluna e por
poder sentir o vento no meu rosto ao correr.
BEM ME QUERO
Optei por ver meus futuros filhos sorrindo pra mãe deles ao ver o
quanto ela é louca ao completar uma maratona aos 70 anos. Optei por
dar a chance de me reconectar ao meu próprio corpo. Optei por
aprender a diferenciar o que é fome e o que é desejo. Optei por voltar
a me comunicar, escutar e sentir cada sinal que meu corpo me
oferece. Mas, no portugues claro, quero ver quem é "frágil" ao ficar
duas semanas tomando líquido num copinho de café, de meia em
meia hora, mais uma semana com papinha de bebê, mais não sei
quantas semanas até seu organismo se acostumar com seu novo estilo
de vida. Às minhas amigas de bariátrica: nós somos fodas!
Após o emagrecimento que durou em torno de um ano, ficaram
excessos de pele na barriga, no meu peito, no braço, no interior da
coxa e onde mais você pensar. Fiz mastopexia, que é o procedimento
de retirada de excesso de pele dos seios com colocação de prótese
de silicone, e na mesma cirurgia fiz mais outros 2 procedimentos:
abdominoplastia, que é a retirada do excesso de pele da barriga e
amarração dos músculos abdominais, que se afastaram durante a
obesidade.
Minha cicatriz da barriga vai de uma ponta à outra em toda parte
da frente. Se chama Abdominoplastia em 180 graus. O excesso de
pele me impedia de ter uma boa qualidade de vida. Recebo
diariamente mensagens falando "como você prega aceitação se você
passou por um monte de cirurgia estética?" O tamanho dos meus
seios passou de 50 para 40 então a pele batia um pouco acima do
umbigo. Doía quando eu corria. O excesso de pele da minha barriga
me impedia de ter uma boa higienização por mais que eu fosse
extremamente cuidadosa com isso.
BEM ME QUERO
Mas como começou todo esse processo? Eu digo que a cura foi de
dentro para fora. Se eu já achava que me conhecia, eu precisava me
conhecer mais. Precisava me afundar, me desbravar, me entender,
reconhecer a raíz da minha fraqueza, o porquê de ter tanta vergonha
daquelas marcas que contavam a minha história.
BEM ME QUERO
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
REDE DE APOIO
Uma das formas de não cair na rotina, cultivar a sua motivação, ter
novos objetivos, ter amparo e ter um pontapé na retomada da sua
autoestima é criar a sua rede de apoio. O que é isso? Pense em uma
rede de deitar e que ela é formada por várias linhas que unem a um
elo. Quanto mais linhas esse elo tiver, mais forte será essa rede. Essas
linhas podem vir de terapeuta, nutricionista, médicos de todas as
áreas, amigos confiáveis, pessoas queridas, do seu relacionamento
amoroso, etc. Além de se distanciar de tudo aquilo que te faz mal:
pessoas tóxicas, perfis que não te fazem bem. Uma das coisas que
nos atrapalham muito no processo de aceitação ou de transformação
é achar que aquela pessoa que não tem absolutamente nada a ver
com seu biotipo vai te incentivar a buscar algo a mais. Passar a seguir
mulheres que tinham ou tem algo parecido comigo me trouxe uma
paz enorme. E mesmo assim não é suficiente. A gente tem que separar
as coisas. Por mais óbvio que pareça, você é uma pessoa com as suas
características e a outra é totalmente diferente. Seu tempo não é
igual, suas tarefas não são iguais, sua rotina não é igual e,
principalmente: você não é patrocinada ou tem o mesmo dinheiro.
Mas não podemos nos tornar reféns. Não podemos nos tornar
escravas de uma indústria que não só lucra com a baixa autoestima
das mulheres, mas a incentiva. Como assim incentiva?
Como publicitária, eu vi de perto como é feita a criação de
desejos. A indústria não somente cria algo para satisfazer uma
necessidade, mas ela cria a própria necessidade de algo. Ela suscita
em você o desejo por algo de que você não está precisando. Entre
tantos termos teóricos, eu fico aqui com o que está acontecendo na
prática: as lipo LADs, preenchimento labial e a queridinha
harmonização facial.
Eu, Gabriella, tenho a estrutura larga, nunca serei estreita por mais
fome que eu passe. Então, minha tendência é ter corpo avantajado,
para engordar é um pulo. Isso já foi questão de briga no espelho. Mas
aceitei e tento usar isso a meu favor, tenho tendência a ganhar massa
muscular mais rápido. Tenho nariz grande e já cogitei fazer cirurgia,
mas quer saber? Acho lindas as mulheres árabes com nariz maior.
Inshallah. Testa então, nem se fala. Mas com essa daí ainda estou em
um arranca rabo… vamos fazer as pazes logo, logo. Estou dando um
tempo.
Isso tudo para te perguntar: por que investimos tanto em estética e
não em autoconhecimento? Com o autoconhecimento, me vasculhei
inteira, descobri meus gostos, o que eu realmente acho bonito em
mim e não o que me impõem. Acho lindo ser diferente. Não sou uma
boneca para ser fabricada em série, igual a muitas outras. Você sabe
o que realmente é bonito pra você? O que é belo pra você, gata
garota? Retire seu filtro do Instagram e se pergunte: Quais são meus
traços mais bonitos? O que eu gosto no meu corpo?
Neste momento, não se atente ao que você não gosta. Pare um
pouco. Se analisa como uma mãe analisaria sua filha. Livre de
preconceitos e capas que a sociedade te impôs como bonito.
Você é livre, eu sou livre e todas as mulheres são livres para fazer
quantos procedimentos estéticos quisermos, mas será que essa
decisão vem realmente da liberdade? Ou será que vem da pressão
social por um padrão de absoluta perfeição estética que nunca existiu
e nunca vai existir.
BEM ME QUERO
“Tiro daqui, coloco aqui, subo isso, elimino aquilo...” Como num
passe de mágica, você sai da cirurgia com a sua vida resolvida. Ou
não. Ou NÃO! Mesmo que você saia viva e feliz, você entende que
pode nunca estar satisfeita? Porque logo, logo vão inventar outra e
outra e outra e mais uma fórmula para te convencer que você não
está feliz com o seu corpo.
A estética não é nossa inimiga, mas, como tudo, tem um lado bom
e um lado ruim. Só que o ruim era pouco falado. Guardado a sete
chaves. Afinal, é muito lucro não é mesmo?
EIS A
QUESTÃO
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
Hoje é claro pra mim que, sim, eu deveria usar o que eu quisesse, que
eu não deveria me esconder, que eu não deveria passar calor ao
querer esconder meu braço, que eu não deveria usar so preto numa
tentativa de parecer mais magra. Como eu me aprisionava! Mas se eu
tivesse a oportunidade de encontrar com a Gabi do passado e
explicar pra ela que não se escondesse por meio das roupas? Como
eu faria e o que eu falaria? Eu não posso deslegitimar todo o
sentimento de frustração que ela carregava. Hoje eu não tenho a
oportunidade de voltar no tempo, mas tenho de falar com você que
se priva, que se sente mal e insuficiente por não usar o que você quer
ou mesmo se sente feia por usar uma roupa que dizem que não foi
feita pra você.
E cada corpo tem a sua medida. Isso é tão rico, tão bonito!
Hoje, vendo o movimento de aceitação dos corpos, pessoas
felizes dentro dos seus corpos fora do padrão vestindo o que
elas bem entendem, eu fico só te imaginando usando aquela
saia com aquela blusa que não cobre seus braços. Seus braços
finalmente podem ser livres para levantar e abraçar. Sua barriga
não iria precisar de cinta para afinar a sua cintura, pois você iria
finalmente poder sentar e respirar livre. Essas pessoas
entenderam que se aceitar não precisa modificar o seu corpo.
Se aceitar como se é hoje é respeitar sua vida hoje, por mais
imperfeita você ache que ela seja. Aceitar que você é livre para
ser feliz. Entender que não é você fora do padrão. O padrão
apenas não existe. Ele foi inventado para lucrar em cima das
suas dores. Lucrar em cima da sua saúde por meio de cintas
modeladoras e chás emagrecedores. Sua mente foi corrompida.
Não se culpe. Essas pessoas que aceitam seus corpos
entenderam isso e, finalmente, saíram do armário. Um guarda
roupas é pequeno demais para tanta possibilidade de ser!
Tantos estilos, jeitos, personalidades, vontades e, acredite,
CORES! Viver é colorido! Se vestir é colorido. Então use seu
short aparecendo suas celulites, doe sua calça que você insiste
que vai entrar um dia. Ela pode servir em outra pessoa. Compre
novas roupas que sirvam em você hoje. Se você quer mudar ou
não é você quem vai decidir DEPOIS. Mas e hoje? Você não se
arruma pra você mesma? E hoje você vai ficar mais um dia sem
admirar no espelho a mulher linda que você já é?
BEM ME QUERO
Assim, quando você for, pode ficar de blusa com a parte inferior ou
de shorts com a parte superior do biquíni. Comprar uma peça nova e
do seu tamanho vai te deixar com aquela sensação de roupinha nova,
sabe? Por enquanto, deixe os antigos de lado.
Talvez você ainda não acredite (por mais que eu te diga que você
é, sim, isso tudo),
BEM ME QUERO
mas utilizar essas frases como um mantra vai treinar o seu cérebro a
não se sabotar e a não ter pensamentos negativos.
Não se intimide. Você está fazendo algo por você e não por elas. No
capítulo "Como lidar com a opinião alheia" eu falo mais sobre como
realmente deixar de lado esses olhares ou comentários. Acredite: você
provavelmente estará sendo admirada por outras mulheres que
sentem a mesma insegurança que você. Por que não começar a
despertar leoas por aí também?
8- Quanto mais você usar, menos vai se importar. Realmente, quem
inventou que existe um corpo de praia não deveria nem chegar perto
da areia. Seu corpo é livre para ser como ele quiser e estar onde ele
bem entender. Não se prive. Pense somente o quanto você vai se
divertir, pegar aquela vitamina D, de que seu corpo tanto precisa,
ficar com aquela marquinha de garota de 15 anos que não tem boletos
para pagar, e o melhor de tudo, presentear seu corpo com um
mergulho no mar. Afinal, que sereia é essa que vive fora da água?
BEM ME QUERO
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR
Mais uma vez, é triste dizer que os desconhecidos na rua são mais
receptivos e cordiais. A única coisa que você quer fazer quando não
se gosta é passar despercebida, mas quanto mais você tenta, mais
você é notada e julgada com olhares cruéis.
BEM ME QUERO
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR
Como disse a vocês, por longos anos tive uma pessoa muito
companheira ao meu lado e que permaneceu comigo magra ou gorda
porque ele gostava de quem a Gabriella era. A Gabi por fora era
apenas mais uma face, mas que não definia quem eu era. Mas mesmo
eu tendo um relacionamento sério, eu sentia falta de ser olhada,
enquanto as minhas amigas eram, ao estarem ao meu lado.
BEM ME QUERO
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR
Sentia falta de ser elogiada não só por homens, mas também por
mulheres. Hoje eu fico observando nosso comportamento enquanto
"elogiadores da aparência alheia" e te digo: somos péssimas nisso e
quando o fazemos, elogiamos pessoas que estão no padrão.
Primeiramente, não fomos ensinadas a admirar umas às outras.
Fomos ensinadas a competir. Até pouco tempo atrás, achavam ainda
que nos arrumávamos umas para as outras. Eu espero sinceramente
que as próximas gerações venham muito mais evoluídas nesse quesito
(deposito muita esperança nelas). Eu sou a prova viva de que um
elogio sincero muda o dia de uma pessoa. Quando elogiam então um
traço não-físico meu eu, fico pulando de alegria. Como meu dia
mudava quando era elogiada! A minha autoestima era baixa, eu me
esforçava para me adequar, por mais que nunca conseguisse, então,
ser ao menos reconhecida com um "nossa, eu amei a sua maquiagem"
já elevava minha autoestima imediatamente.
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
NÃO SE DIMINUA PRA CABER
Solitude
Me ouvir na aglomeração dos meus pensamentos
Escutar aquela voz que insisto em reprimir e que
depois vem arrastada de “eu te avisei”
Aprender a lidar com as minhas emoções quando
menos quero lidar
Quando estou rodeada mas ninguém preenche
Saber afastar
Silenciar para enfim respirar
Ir pelo caminho mais incerto, mas caminhar de mãos
dadas com o instinto
Ser sua melhor companhia sem abrir mão de
companhias
Sentir o corpo balançar. Rir sozinha
Sentir a dor que você jura que pode pegar
“Vai ficar tudo bem“
E enfim encontrar a calmaria em tanta euforia
Gabriella Camello
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SEXO E A VERGONHA DO MEU CORPO
Não minta para a tia Gabi aqui, não, porque eu sei que você posta
foto, gata garota, para impressionar os boys. E está tudo bem com
isso. Arrasa no lance! Mas... uma das milhares de coisas em que eu
me tornei livre foi ser quem eu quiser ser, inclusive pelo Instagram.
Quando eu comecei a postar por lá é ÓBVIO que bateu um medo,
uma insegurança de “caraca, nenhum homem vai me querer, vivemos
num mundo em que a primeira impressão é a que conta”. Insegurança
essa, passada por longos anos, através de “encolhe essa barriga,
senão nenhum homem vai te querer”, “fecha essa perna, mulher não
anda assim" e trocentas outras frases arcaicas e machistas.
Mas, vamos lá: eu sou muito mais que o meu corpo. Sou muito
mais que meus defeitos. Eu sou muito, dentro de uma Gabi só. E eu
não quero me relacionar com pessoas rasas. Por que eu iria querer um
homem que não gosta das minhas meninas (minhas estrias)? Quero
me relacionar com pessoas complexas, que estejam em processo ou
que já passaram pelo autoconhecimento, que estejam se livrando de
seus preconceitos e que estejam sempre em evolução. Será que eu
realmente estou escolhendo bem a pessoa com quem eu me
relaciono? Então a partir do momento em que eu tomo consciência de
quem EU SOU, isso automaticamente se desconstrói.
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SEXO E A VERGONHA DO MEU CORPO
É realmente muito difícil se destravar e se soltar com outra pessoa,
se, nem com você mesma, você se sente à vontade. Mas algumas
dicas podem fazer a diferença para você se soltar mais e não ficar tão
apreensiva com seu corpo:
1- Esteja minimamente segura, o máximo possível, com a pessoa que
você vai se relacionar. Aqui não digo que é preciso namorar, digo que
você tem que ter uma troca saudável antes de qualquer coisa. Uma
conversa legal, uma troca interessante. Saber, ao menos, se essa
pessoa é merecedora do mulherão que você é. Sua intuição sabe.
Perceba os sinais
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SERÁ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ TENDO UM RELACIONAMENTO TÓXICO
COM VOCÊ MESMA?
RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SERÁ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ TENDO UM RELACIONAMENTO TÓXICO
COM VOCÊ MESMA?
Não podemos entrar numa de “não vou ouvir críticas". para evoluir
precisamos, sim ouvir, prestar atenção e saber acolher o que o outro
tem a nos dizer, por mais difícil que seja, se aquilo ficou martelando na
sua cabeça por dois dias, cinco dias, duas semanas há algo que te
intrigou e só vai ser importante pra você aquilo que o seu coração te
confirmar e você vai saber a hora, por mais que a nossa primeira
postura seja de nos defender da crítica. Lembra que a gente gosta de
se afastar dos sentimentos incômodos?
Mas e quando a gente já sabe que precisa mudar, que precisa, por
exemplo, emagrecer por saúde e, ainda assim, tais comentários ferem
como uma flecha? As pessoas que mais convivem com você e que te
conhecem há muito tempo – na maioria dos casos a própria família –
se sentem no direito de falar com você de qualquer forma. A rotina
proporciona isso. Por isso precisamos ser cuidadosos. É preciso dizer
BEM ME QUERO
Você está prestes a entrar num campo onde a própria pessoa não se
sente bem. Ela quer fazer de tudo para se esquivar daquele assunto.
Então, o que fazer? É preciso se questionar:
BEM ME QUERO
Citando mais uma vez a musa da minha vida, a Rainha Brené Brown
diz que só aceita e leva em consideração comentários de pessoas que
também estejam na arena, ou seja, se a pessoa não explora o
autoconhecimento, se não se permite ser vulnerável e não está lutando
para ser uma pessoa melhor, eu não devo acolher ou levar em
consideração o que o outro diz sobre mim.
Um outro modo de saber se é válida a opinião é o que Brene
Brown chama de Amigo-Estria: “carrego uma pequena folha de papel
em minha carteira com os nomes das pessoas cujas opiniões sobre
mim importam. Para estar nessa lista é preciso que você me ame por
minhas forças e minhas dificuldades, e seja o que eu chamo de
“amigo-estria”: uma relação que foi expandida e estendida de tal forma
que se tornou parte de quem nós somos, como uma segunda
BEM ME QUERO
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
Não é à toa que uma das perguntas que eu mais recebo é “Gabi,
você tem filho?” As estrias são uma marca registrada da maioria das
mães. Minhas marcas não vieram de um amor nascido de mim, veio de
um período em que eu não tinha amor pelo meu corpo, mas o mais
incrível é que essas estrias viraram amor.
Separo um capítulo especial para as mães porque eu vejo o quanto
ressignificar as marcas e voltar a amar seu corpo se torna ambíguo:
amo amar o meu filho, mas não gosto da mulher que estou agora. É o
maior amor da minha vida, mas detesto o meu corpo. Essas questões
influenciam a sua feminilidade, principalmente no pós-parto, quando
toda a sua atenção se direciona ao seu filho e as mães acabam, muitas
vezes, se colocando em segundo, terceiro ou nenhum plano, seja no
âmbito pessoal, seja em seus relacionamentos com seus parceiros ou
mesmo solteiras, seja na retomada da sua vida social.
BEM ME QUERO
Perguntas:
- Sua gravidez foi desejada?
- Qual foi o momento mais difícil durante a gravidez?
- Qual foi o momento mais feliz durante a gravidez?
- Como foi seu parto?
- Durante toda a gravidez e pós-parto também, você se sentiu “menos
feminina?”
- Como foi lidar com seu corpo pós-parto?
- Hoje, como você lida com as marcas físicas que ficaram?
- Me conta o que mais te transformou como mãe?
- Você fez algum procedimento estético?
- Qual conselho você daria para as mulheres que não gostam do seu
corpo ou das suas marcas pós-gravidez?
- Você está feliz com a sua aparência?
- Como está a sua autoestima?
- Mudaria algo no seu corpo?
Me chamo Adriana.
Meus filhos têm 9 e 7 anos. A primeira não foi planejada, já a
segunda sim, pois queria fazer laqueadura.O momento mais difícil foi
na primeira gestação. Do 7° para o 8° mês eu literalmente dormi e
acordei com estrias, muitas, na barriga toda praticamente, foi
BEM ME QUERO
____
Me chamo Daniela, fui mãe aos 28 anos. Meu filho tem 2 anos.
Minha gravidez não foi planejada, mas desejamos muito quando
descobrimos. A gravidez toda foi muito difícil, pois sofri assédio moral
pesado no trabalho e isso me fez quase perder meu filho. O dia mais
feliz foi no dia que terminei de montar e decorar o cantinho do meu
filho. Foi a primeira vez que me senti emocionada, a ficha de que ele
estava chegando começou a cair naquele momento. Fiquei 16h em
trabalho de parto, meu marido estava ao meu lado o momento todo,
mas não tivemos suporte médico durante todas essas horas. Eu
desmaiava no meio de uma contração, já não tinha mais forças. E
nós não tínhamos respostas dos médicos, após dois plantões
seguidos, quando a médica da noite chegou, foi quem me
tranquilizou e meu filho nasceu após 01h. De parto normal, porém
muito difícil. Durante toda a gravidez e pós também. Durante a
gravidez consegui continuar me arrumando, mesmo com 17kg acima
do peso. As pessoas te mimam muito durante a gestação, geralmente
nos sentimos especiais. Já quando o filho nasce, a única pessoa do
mundo que te olha com carinho, é você mesma. (E olhe lá). Mas não
é fácil olhar pra nova mulher que você virou. Na verdade, na maior
parte do tempo, a gente esquece de ser mulher, somos somente mãe
e isso dói. O puerpério é o momento mais difícil
BEM ME QUERO
Gabriella Camello
BEM ME QUERO
Imagina você crescer ouvindo que sua orelha era de albano ou que
seu peito é muito pequeno ou que estrias são horríveis. Isso passou a
ser um fato pra você, mesmo sendo mentira porque uma mentira
contada várias vezes passa a ser percebida como uma verdade.
BEM ME QUERO
Gabriella Camello
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você achou desse livro?