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Licensed to Sthefany da Silva Rodrigues de Oliveira Santos - atelietetyfestas@gmail.com - 036.414.

271-50
GABI
QUEM É

CAMELLO
O CORPO É MAIS UMA PARTE DE MIM

Gabriella Camello é carioca, Foi dos 125kg aos 65kg, mas


tem 27 anos e é publicitária de descobriu que o peso na balança
formação, mas empreendedora de importa,mas não tanto assim.
berço. Viu, durante a quarentena, Importa o que você deixa de
a possibilidade de fazer o que fazer em função dele. Gabi
sempre fez: levantar a autoestima mostra todos os dias em seu
das mulheres, mas por um outro Instagram que o processo de
ângulo. Ao mostrar suas recuperação da autoestima
cicatrizes, estrias e marcas de seu acontece de dentro pra fora e
emagrecimento, consegue ser não ao contrário; e que seu
uma amiga que escuta sem corpo é apenas mais uma parte
julgamento. de você.

AUTOESTIMA
AGRADECIMENTOS

ANTES DE TUDO, FAZENDO CONTATO COM A


MINHA MAIS EXTREMA VULNERABILIDADE,
GOSTARIA DE AGRADECER A ALGUMAS PESSOAS:

A Deus. Ele me amou primeiro, primeiro Ele me amou. Carrego no


meu ombro minha primeira tatuagem em forma de cruz. Cheia de
significado e gratidão. Há mais de 2000 anos, coisa básica, Ele numa
cruz morreu para me mostrar que eu sou livre e que me ama
profundamente. Se o maior amor do mundo me ama, quem sou eu para
não me amar? Se hoje eu tenho uma estima incalculável por mim, é
porque Ele é o Amor no meu amor.
A São Miguel Arcanjo (são mig pros mais íntimos). Lutar pelo amor
próprio é sim uma batalha. Você pode chamar de energia, karmas, o que
for, mas se amar em um mundo onde a comparação, a inveja, a crítica e
o julgamento são válvulas de escape das próprias frustrações é sim uma
guerra. São Mig está sempre intercedendo por mim. Meu anjo da guarda
também. Vocês são sinistros!
AGRADECIMENTOS
Mary Vania, vulgo minha mãe. Aqui já chorei, né? Não sei colocar
em palavras ou descrever o sentimento quando minha mãe todos os dias
vira pra mim e fala que a autoestima dela é outra depois que passou a
“me acompanhar” Eu aprendi a não depender da validação dos outros
pra aflorar minha missão, mas ouvir isso da pessoa mais importante da
minha vida é tão motivador que não cabe em mim. Mãe, devo minhas
flores às nossas raízes.

Ao Rodrigo, meu companheiro durante 12 anos. Ele viveu comigo


meus piores dias de desamor. Permaneceu quando me senti a mulher
mais feia do mundo. E todos os dias me mostrava que eu sempre fui
mais que um corpo. Por isso, não se diminua pra caber em nada e
ninguém. Esteja ao lado de quem realmente valoriza a mulher que você
é. Rodrigo, demos muito certo! Obrigada.

A todas as mulheres que me ajudaram nesse processo: minha avó


Iraci, Luiza Martins, Isabel Vieira, Marina Fracassi, Thaiana Smilgevicius,
Brené Brown, Sarah Landry, Santa Teresa D`Ávila e Beyoncé me atrevo a
mencionar algumas das muitas incríveis que, sabendo ou não, me
impulsionaram. Mulheres quando se unem são potência máxima!
O QUE VOCÊ VAI

encontrar aqui

E você, quem é? Não tenha medo do Por onde começar? O perigo de ter
seu processo baixa autoestima

Como não se culpar Rede de apoio A estética realmente Por que não se
por suas marcas é uma escolha? esconder por meio
das roupas

Relaciomamentos e Como não ligar para Propagandas A luz que vem de


o corpo opinião alheia enganosas e o dentro - para mães
"padrão Instagram"

Como se amar na
prática e criar novos
hábitos
MARCAS
Minhas marcas são as tatuagens que a
vida fez em mim. Quero sentir a
liberdade que eu mesma me tirei por
vergonha de um padrão que disseram que
era bonito. Onde eu puder melhorar,
darei meu máximo, mas tudo em troca de
um bem maior: eu mesma. Porque bonito
mesmo é o caminho que nosso corpo
percorreu.
Eu tenho listras de uma tigresa que
enfrentou o mundo pra cuidar dela
mesma. Eu passei por muita coisa em
relação ao meu corpo, ainda passo e
sempre irei passar. Autocuidado, auto
amor, aceitação tudo isso é lindo de se
falar, mas na prática, aprender isso é
bem desesperador.
O meu desejo aqui é contar um
pouquinho de todo meu processo de
aceitação, que inclusive ainda tô
passando. Mas o que eu mais quero é
que você aprenda a amar suas feridas,
suas cicatrizes e suas formas como elas
são hoje mesmo que você ainda não
saiba como isso é possível. A gente não
foi ensinada a isso.
Te digo que vale muito a pena. Porque o
meu próprio amor me curou e me cura
todo santo dia. Meu corpo é meu melhor
amigo. Todo corpo deve ter pessoas
felizes DENTRO dele, para que ele possa
ser o que ele é de verdade: a expressão
física da nossa essência.
Gabriella Camello

CORPO
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Oi, gata garota, tudo bem? Eu estou aqui todos os dias no seu
celular para te falar o quanto você é linda. Não é linda só de aparência,
não. Você é linda de alma. Só que, assim como eu quatro anos atrás,
você também não percebe isso. Além de não se dar conta, você se
cobra demais. Você quer atingir a sua perfeição. Calma. Não se culpe
mais uma vez, eu também queria. Na verdade, o fantasma da perfeição
vem me tirar do foco às vezes e, por isso, é preciso, sim, ser
eternamente vigilante. É preciso, sim, saber quem você é. Saber os seus
valores e seus objetivos.

VOCÊ SABE ENUMERAR PARA MIM PELO MENOS DEZ QUALIDADES


SUAS? TALVEZ LISTAR SEUS DEFEITOS SEJA MAIS FÁCIL PRA
VOCÊ, AFINAL VOCÊ SE ENCARA TODOS OS DIAS E SE TORNA A
SUA PIOR INIMIGA.
CALMA

Costumo falar que nem precisamos de opiniões


alheias sobre o nosso corpo, sobre quem nós somos.
Nós fazemos esse trabalho muito bem ao nos
martirizarmos no espelho. São verdades difíceis de
ler. Mas quantas vezes você não quis se arrancar de
si mesma? Quantas vezes você disse: “por isso que
você não arruma ninguém!”; "Você é horrível”;
"Queria ser mais magra”; “mais peito, menos
barriga, mais bunda"... E, assim, nos distanciamos do
que realmente nós somos.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Acredito que podemos ser a nossa melhor versão. Mas o que é essa
tal "melhor versão" que tanto pregam por aí? Podemos começar por
aquilo que não é. Não envolve emagrecimento, não envolve estética,
não envolve emprego melhor ou vir de uma família melhor. Agora, sim, o
que é a tal melhor versão: força para mudar o que pode ser mudado,
resiliência para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para
discernir uma coisa da outra (São Francisco de Assis).
O que você lê, o que você come e o que você consome hoje vai te
definir daqui há 10 anos e é por isso que eu busco diariamente me
abastecer de comida boa, pessoas boas, momentos agradáveis e
exercícios. E isso não exclui o fato de às vezes querer comer uma batata
frita, doces, bebidas, etc. Acredito que a restrição, não só de comida,
gera a compulsão. Se você se abstém de algo de que você gosta, isso
vira um martírio e, vamos falar sério? Por que a vida tem que ser assim?
Esperar sempre por sua melhor versão é viver no futuro e deixar o
presente escapar. Isso gera cada vez mais ansiedade. Quem vive no
futuro não vive..
Uma das perguntas que eu mais recebo é “Gabi, eu não me aceito.
Não aceito minha aparência. Eu tenho que me amar mesmo eu não
gostando de mim? Quer dizer que eu tenho que me aceitar assim? Mas,
se tiver algo que eu queira mudar em mim, eu não posso porque eu
tenho que me aceitar desse jeito?" Antes de tudo: calma, gata garota! Eu
sei que são muitos conceitos, muitas palavras que estão na moda e que
você está perdida com tudo isso e, mais uma vez, não sabe por onde
começar.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Em 2020 a palavra “aceitação” entrou na moda e de uma hora para


outra todo mundo achou que deveria se aceitar e ponto, mesmo não se
gostando. E aí entramos numa contradição: “tá, eu tenho que me
aceitar, mas eu não gosto de mim” e agora, José? O mundo está se
aceitando menos eu! Antes de mais nada, se aceitar não significa não
mudar. Se aceitar é ressignificar.

Aceitação é uma desconstrução de tudo que você escutou que lhe


foi apresentado como o correto. Esquece o corpo, esquece seu físico.
Quem é você como pessoa? O processo terapêutico que eu fiz para me
redescobrir a mim mesma foi longo, foi preciso pensar em muita coisa,
revisitar muita ferida aberta, sentimentos ruins. Foi preciso transformar o
que eu sabia e pensava sobre a Gabi do passado.

Mas o que mexer em mim por dentro tem a ver com aceitar meu
corpo? Eu te digo: não há outro caminho. Uma vez que você se aproprie
de quem você é, não terá mais vergonha de se
mostrar como é. É preciso que você entenda sua história,
seus momentos, seus traumas. É preciso entender o quanto as
pessoas influenciam na sua vida (as de hoje e as que não
ACEITAÇÃO
fazem mais parte dela também). Nascemos como uma
folha em branco, e todas as pessoas que passam por ela podem
deixar suas marcas através de um lindo desenho ou um
rabisco confuso. Mas até nos questionarmos quem realmente
somos não tocamos nessa folha e, de uma hora para
outra, nos deparamos com essa folha toda confusa: um
emaranhado de sentimentos.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Crescemos escutando que você precisa cursar uma faculdade para


ser bem sucedida. Ter profissões convencionais como médica,
engenheira e advogada. Somos pressionadas a deixar todo nosso talento
de lado na época do vestibular; afinal, ter seu nome no banner do
colégio importa mais do que tudo (para o colégio). E aos poucos vamos
deixando de lado nossas aptidões, nossos desejos, nossos dons. Não
estou dizendo que não nascemos para exercer profissões convencionais,
mas há tanto que podemos contribuir.
Eu fui descobrindo assim, aos poucos. Sempre tive uma veia
empreendedora, cresci vendo meus pais no comércio. Sempre amei
bijuteria e comecei a fazer para vender no colégio. Comprei meu
primeiro celular aos dez anos em 12 parcelas de R$28,00 – isso é
histórico pra mim. Entrei para o ensino médio e a matéria que sempre fui
péssima era matemática. Não queria nenhuma carreira que tivesse um
pingo de raiz quadrada para resolver. Administração seria o que teria
mais a ver comigo, mas tinha a bendita matemática, eliminei logo.
Chegou a vez do teste vocacional. Me disseram que eu era
comunicativa logo, Comunicação Social. Me formei pela PUC-Rio, em
Publicidade e propaganda. Trabalhei em jornalismo e em algumas
agências de publicidade. Se, por um lado, eu amava ser criativa, por
outro, eu odiava o mundo corporativo. Pronto, não durei dois anos no
mercado.
Após isso, trabalhei como maquiadora, habilidade que desenvolvi
apenas assistindo tutoriais no YouTube. Durou um ano. Não aguentei a
pressão de tantas mulheres que, apesar de lindas, me diziam que não
estavam se sentindo assim.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Era como se elas não se vissem, por mais que se olhassem e que
todos dissessem que estavam maravilhosas. Aquilo me deixava
angustiada e sempre terminava o dia exausta e pensativa. Me aposentei
da minha longa carreira de um ano como maquiadora.
E agora? Vou trabalhar com o que eu realmente amo: comércio,
venda, planejamento, dia a dia, desafios… Isso, sim, me motiva! E
motivou. Trabalhei no comércio da minha família durante 4 anos. Mas
sempre fiquei com um mosquitinho na minha cabeça me dizendo “Gabi,
você é mais… Você pode contribuir mais…” até que no início de 2020
comecei a compartilhar no Instagram o meu processo. Não só de
emagrecimento, mas de mudança de perspectiva. Em fevereiro do
mesmo ano, uma amiga me convenceu a fazer tudo isso de forma
profissional. Ela me fez enxergar que a minha estima era contagiante. O
meu amor-próprio transbordava para as outras pessoas. Minha paixão
por viver tinha que ser compartilhada com aquelas que, assim como eu,
tinham se perdido no meio do caminho. E aqui me encontro, escrevendo
esse livro, extraindo de mim o que eu posso contribuir para esse mundo
ficar um pouquinho melhor. Esse é o meu desejo.
O filme Soul, da Disney é encantador! Ele fala sobre propósito.
Passamos a vida em busca de um e, quando alcançamos, é possível que
a vista não parece ser tão bonita assim de lá. Estar diariamente no
instagram conversando com mulheres faz o meu agora valer a pena. Me
sinto dentro de mim ao ajudar uma mulher a se reconhecer enquanto
potência feminina pela primeira vez depois de tantos traumas. Este é o
meu propósito de cada dia: ajudar mulheres a se amarem.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Nessa fase de pular de emprego em emprego como tentativa de


viver no automático, eu me esqueci de quem eu sou e me abandonei.
Me desconectei do meu corpo e deixei as emoções tomarem conta de
mim. Mas não me culpo, era muito para aguentar. Problemas familiares,
autocobrança, pressão externa, tudo isso foi contribuindo para que eu
descontasse todo meu descontentamento no meu corpo. Meu alívio era
a comida. Não tinha um só dia em que eu não procurasse extravasar em
fast-food, snacks e por aí vai. É difícil fazer contato com a Gabi que
viveu esses anos. Ela não gostava de se questionar, de entender o que
se passava com ela, o porquê de descontar em comidas. No fundo ela
sabia que era uma válvula de escape, mas era melhor não tocar nesse
assunto “depois a gente fala disso”. Causava dor, desconforto, sabia que
não estava fazendo bem. . Quando ouvia alguém falar sobre
emagrecimento eu logo mudava de assunto. Uma pessoa que está obesa
sabe de tudo que se passa. Sabe dos riscos, mais do que saber, ela
sente.

Se você é uma pessoa que está passando por esse sentimento, eu


pediria somente que você se abraçasse e que buscasse ajuda
profissional. Não conseguimos resolver sozinhas. Está além do nosso
entendimento. Nossas emoções nos impedem de tomar medidas
racionais nesse momento. Faça isso como uma medida de amor-próprio.
Você pode não ter nenhum agora, mas esse é o início. É o caminho mais
seguro para você se reconquistar e você mesma se mostrar que vale
muito a pena encontrar sua melhor versão. E já adianto: a melhor versão
é se amar.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

São muitas perguntas que despertam nosso desejo de nos conhecer,


de nos amar e evoluir e tudo pode ser uma porta para finalmente você
ter uma boa relação com sua autoestima. Não tem caminho certo ou
errado. Há apenas o seu caminho, a sua jornada e os seus próprios
questionamentos. Não se assuste se você se deparar com muitos
questionamentos. O processo é assim mesmo. É um sinal de que você
está desconstruindo algo que te empurraram a vida toda como o que é
o certo e o bonito.
Gosto muito de escrever sobre autoconhecimento. Aqui está a
chave da sua autoestima, mas nesse e-book me propus a falar mais a
fundo sobre a nossa imagem, nossa autopercepção, todos os dilemas
que envolvem essa imagem distorcida que temos de nós mesmas. Por
que cada uma de nós é a primeira a falar mal de si mesma? A primeira a
não se cuidar, a se comparar, a se colocar em situações que não
merece.

Este foi um direct que recebi de uma amiga seguidora, logo quando
comecei a compartilhar minhas vulnerabilidades no Instagram:

Me sinto assim todos os dias. Tem dias que a angústia é menor, e


consigo ainda disfarçar num sorriso, fingir que eu estou feliz. Mas, de
verdade, detesto quem eu sou. Triste demais isso, né? Mas é a
verdade. A sensação é de que o meu corpo é maior que minha
essência, maior que o meu coração. Só o meu corpo importa.”
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Ele me chamou atenção porque nunca alguém descreveu tão bem a


sensação que eu tive durante longos anos. A sensação de que o corpo
me domina e me impede de fazer tudo. A única certeza é a de que você
quer se amar, se aceitar, curtir seu corpo, mas e aí? Como fazer?
Você é uma pessoa composta por TANTO. Eu amo essa palavra
porque “tanto” é expansivo e infinito. Você tem sua alma, qualidades,
imperfeições, espiritualidade, habilidades, personalidade, traços,
histórias, experiências e, sim, seu corpo físico. Separar isso de uma hora
para outra é bastante complicado, mas é um processo (outra palavra
que eu amo). E como em qualquer processo, não adianta a gente querer
pular etapas. Como por exemplo o processo de tornar-se uma juíza.
Vestibular, cursinho, faculdade, notas ruins e notas boas, formatura,
mais cursos, negar convite de sair com os amigos, dias que rendem
estudando, dias que não, choros, frustrações, provas e mais provas.
Ansiedade, insuficiência, motivação e por aí vai até passar. E você
passa! Grande conquista, mas somente você sabe do percurso, por mais
que você tente explicar com detalhes, só você sabe “das dores e
delícias de ser o que é”(Caetano Veloso). E o mesmo acontece com o
amor-próprio. Se amar se conquista com prática. Vamos juntas percorrer
esse caminho? Eu seguro sua mão. Sozinha é menos difícil, menos
angustiante, é dolorido, mas eu aposto que ao longo dessa jornada –que
nunca termina –você vai respirar fundo e dizer “faria tudo de novo!”

Um dos grandes mitos que eu tinha é que eu só iria ser feliz quando
emagrecesse. Você tem o seu mito ou, como chamam por aí, sua
“crença limitante”. Achava que só iria, de fato, começar a minha vida,
quando coubesse novamente nas minhas roupas. Quando recuperasse
meu corpo antigo.
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Essa era minha ideia de felicidade. Então quer dizer que eu não era
ninguém enquanto não atingisse isso? Sim. Era assim que eu me tratava.
Percebe o quanto eu não era gentil comigo? Esta é a primeira peça
fundamental para aceitar seu processo: ser gentil com você mesma.
Quando você entende que precisa passar por um processo, é preciso se
aceitar como um presente: “eu estou me dando a mim mesma como
presente. Tenho que cuidar e me permitir viver esse processo”. Achamos
que a felicidade só vem depois da viagem planejada, do emprego dos
sonhos, do boy príncipe encantado, do salário desejado, seja lá qual for
o seu desejo, não espere sua realização para viver! Você pode ser feliz,
querendo mudar ou não.

Esse livro todo é um processo. E processos podem acontecer de trás


para frente, de frente para trás, do avesso, todo misturado. Esse
processo é seu. Se permita vivê-lo.

Um dos grandes mitos que eu tinha é que eu só iria ser feliz quando
emagrecesse. Você tem o seu mito ou, como chamam por aí, sua
“crença limitante”. Achava que só iria, de fato, começar a minha vida,
quando coubesse novamente nas minhas roupas. Quando recuperasse
meu corpo antigo.
BEM ME QUERO

Essa aqui é uma carta de pedidos de desculpas pra você,


corpo. Primeiro me desculpa por não ter percebido o quanto
você precisava de atenção. Quando os números da balança
subiam eu só te detestava cada vez mais.Como você está
carregando isso tudo? Eu prefiro nem subir mais aquiFingir que
isso não existe e tapa seus ouvidos para os comentáriosSe tapa
inteira é melhor me perdoa por todas as vezes tentando te
tapar inteira mesmo com o calor lá fora de quarenta graus você
transpirando e ouvindo dos outros “tira esse casaco” você
suava e mesmo assim eu te escondia por não gostar desse
braço, dessa barriga. Me perdoa, corpo, por ter te feito
rachaduras. De tanto você aguentar minhas emoções reprimidas
você se rompeu e rompeu em vários pedaços.Me perdoa por
ter te escondido do encontro de outros corpos de pessoas
amigas E por ter te comparado com tantos outrosPor ter te
privado de um passeio da cachoeira porque pensei que iam rir
de você. Me desculpa por ter te negado o contato com a areia
e impedido o contato do vento com a sua pele. Hoje eu
entendo, corpo. Que você se deixou crescer para que eu
finalmente pudesse perceber que eu moro dentro de vocêQue
eu e você somos um sóEu cuido de você e você cuida de
mimHoje eu entendo que você só queria ser livreSem donaSem
que eu mandasse “você nunca mais vai comer isso” ou te
forçasse a fazer exercício até chorar e se machucarHoje eu
entendo que não era necessário nada disso para que você
finalmente pudesse falar “Oi, eu estou aqui para te lembrar de
que você mora aqui dentro”
BEM ME QUERO

E VOCÊ, QUEM É?

Já percebeu que sempre que a gente pensa em se amar vem logo o


seu corpo na cabeça? Se amar vai muito além do seu corpo físico. Aliás,
você é muito mais que ele. Você não está se gostando fisicamente
agora? Calma, está tudo bem. Não carregue mais uma culpa com você.
Agora é a hora de se acolher. Essa é uma das formas mais lindas de se
amar.
MEDO
No começo dói muito
Parece que você não vai
aguentar
Tudo é motivo para desistir
Recair na própria emoção é
rotina
Coração aperta ao ponto de
jurar que não vai conseguir
Tempo passa e aos pouquinhos
com muitos “inhos” você vai
percebendo que Você dá
conta
Você é suficiente
Você e o medo
O medo e a coragem
E, do nada, já não era tão
grande assim
No fim, respira aliviada, sim

Gabriella Camello

CORAGEM
BEM ME QUERO

NÃO TENHA MEDO DO SEU PROCESSO

Eu relutei muito em assumir meu verdadeiro eu. “A gabi é doida, né?”


Mas eu nunca gostei tanto de ser doida! Ser em um mundo superficial é
elogio. Nunca gostei tanto de deixar vir toda a minha essência. Toda
minha explosão e calmaria. Eu sou potência e sentimento. Me julgam
por sentir demais. Mas eu já senti de menos e não gostei. Eu quero ser
eu, na minha maior loucura de ser. Eu me podei, me cortei. Me impedi
de viver a minha própria vida. Você entende isso?

Hoje, sim, eu posso dizer: estou nua pra mim. Estou vulnerável pra
mim e pra você. Quero evoluir cada vez mais para contribuir para o
mundo que está tão perdido de si. Quero mostrar o quanto é bom ser
DE SI e PARA SI. Sem falsos moralismos e fingimento para se enquadrar.
Um quadrado é limitante demais para qualquer ser em expansão. Quero
ser infinito!

Uma vez escutei o Pe. Fábio de Melo contando sobre uma amiga que
dizia ser muito intensa. Ela não aguentava mais sentir e o quanto aquilo
a angustiava. Ele logo insistiu dizendo que em um mundo onde as
pessoas não sentem, sentir demais é uma dádiva de Deus. Desde então,
acolho minha intensidade. Aprendo com ela e me doo para um mundo
tão carente de sentimentos.
Aprendi a ser vulnerável com a rainha Brené Brown. A primeira vez
que tive contato com a palavra vulnerabilidade foi através de uma
palestra dela no TED. Ali Brené me revirou inteira, me fez ver o quanto
é bom ser real e ser real significa estar aberta para novas experiências e,
consequentemente, erros e aprendizados. Aconselho você a assistir a
esse TED antes de continuar a ler esse livro. Pesquise no Youtube
"Brené Brown –O poder da vulnerabilidade TED"
BEM ME QUERO

NÃO TENHA MEDO DO SEU PROCESSO

Passamos a vida toda nos podando, tentando errar o mínimo possível


e nessa tentativa de viver pisando em ovos deixamos de assumir quem
realmente somos. Nos preocupando sempre com o que o outro pensa a
nosso respeito, não ousamos. E viver com ousadia é maravilhoso! Não
digo fazer loucura (ou até sim), mas ousar significa ser quem você é na
sua essência e para isso acontecer, você tem que testar. E testar
significa viver.

Assim que comecei a ler o livro da Brené fiquei logo impactada com
o discurso do ex-presidente norte americano Theodore Roosevelt:

Não é o crítico que importa, nem aquele que mostra


como o homem forte tropeça, ou onde o realizador das
proezas poderia ter feito melhor. Todo o crédito pertence ao
homem que está de fato na arena; cuja face está arruinada
pela poeira e pelo suor e pelo sangue; aquele que luta com
valentia; aquele que erra e tenta de novo e de novo; aquele
que conhece o grande entusiasmo, a grande devoção e se
consome em uma causa justa; aquele que ao menos conhece,
ao fim, o triunfo de sua realização, e aquele que na pior das
hipóteses, se falhar, ao menos falhará agindo
excepcionalmente, de modo que seu lugar não seja nunca
junto àquelas almas frias e tímidas que não conhecem nem
vitória nem derrota.”

Trecho do discurso "Cidadania em uma República" (ou "O


homem na Arena"), proferido na Sorbonne por Theodore
Roosevelt, em 23 de abril de 1910
BEM ME QUERO

NÃO TENHA MEDO DO SEU PROCESSO

O livro todo da Brené é uma porta para você assumir de fato a sua
vida e, sem dúvidas, ela foi a grande motivadora para começar a
compartilhar minhas vulnerabilidades pelo Instagram. A certeza da
exposição me incomodava. O medo do julgamento, nem se fala… Afinal,
eram muitos riscos. "Como assim você vai falar sobre compulsão
alimentar, ansiedade. Você vai mesmo mostrar suas cicatrizes?", "Como
você vai expor suas feridas sentimentais, os pensamentos que só você
mesma conhece, Gabi? Que loucura!”
Eu achava que meu salto de paraquedas tinha sido a coisa mais
corajosa que eu tinha feito, mas mal sabia que me expor por completo
seria algo libertador e assumir esse risco me trouxe aqui, me trouxe a
oportunidade de ser relevante, de ajudar, de motivar e, quem sabe, de
curar outras feridas?
Seja em qual número você estiver agora do termômetro do amor-
próprio, seja qual for a etapa ou profundidade do nível de
autoconhecimento, o seu processo é somente seu. Não queira ir pelo
caminho do outro ou mesmo copiar a "fórmula mágica" que te vendem
por aí. O seu processo é somente seu. Se permita aos pouquinhos
tropeçar, sentir medo, sentir-se potente, sentir-se insegura, capaz e
incapaz. O amor-próprio é uma montanha russa e você vai querer
sempre mais e mais.
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

São tantos termos utilizados quando falamos em amor-próprio que


eu mesma fiquei perdida quando resolvi mergulhar em mim. Antes de
você prosseguir nessa jornada, é importante você entender alguns
conceitos básicos e que estejam bem fixados para você não confundir.

AUTOESTIMA
Autoestima é estimar-se. É o valor que você dá para si. É a
interpretação que você tem de você mesma. Uma pessoa que tem uma
boa autoestima tem uma boa relação com a percepção de si mesma. Em
sua maioria, são pessoas mais confiantes, mas isso não significa que não
são vulneráveis. Apesar de também serem críticos consigo, conseguem
se perceber humanos e suscetíveis a erros. Essa é a grande beleza da
autoestima: se perceber falho, errante, mas mesmo assim ter
autocompaixão (outra palavra importantíssima). Sentirão medo,
frustração, tristeza, desânimo, porém terão uma postura respeitosa
diante desses sentimentos e procurarão resolvê-los com uma postura
ativa e positiva.
Nossa autoestima é construída desde que nascemos, com as
referências que fomos adquirindo durante a vida. Nossos pais são os
primeiros influenciadores e grandes responsáveis por criar experiências
boas ou ruins para a percepção de nós mesmos. Por exemplo, se
nossos pais não só nos incentivam a correr atrás dos nossos sonhos,
mas também correm atrás dos seus, eles acabam se tornando um
espelho, uma referência para que possamos potencializar nossos dons,
talentos, personalidade, etc.
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

O mesmo acontece com uma pessoa com baixa autoestima. Em


algum momento da sua vida, da sua infância ou adolescência,
passou por experiências, processos ou situações traumáticas em
que ela teve uma percepção distorcida de si, tendo que se proteger
de alguma forma, e isso contribuiu para duvidar de si mesma.
Como, por exemplo, um abandono, uma traição ou rejeição. Se
essas situações não forem bem trabalhadas, elas podem contribuir
para que a pessoa projete-se para os outros se culpando ou se
preocupando com o que os demais vão achar dela. Geralmente, são
pessoas pessimistas, julgadoras e insatisfeitas.

Anotação para você nunca esquecer: autoestima é o quanto


você se dá valor, o quanto você se estima. Não é só sobre o corpo.
Todos têm algo em si que pode ser estimado. A autoestima pode
ser só uma mudança de foco, ao colocar a atenção no que é
estimável ao invés de perder tempo só olhando para o defeito.

AUTOIMAGEM
é a forma como eu me vejo, não apenas fisicamente, mas
emocionalmente também. De acordo com Nathaniel Branden,
estudioso da autoestima, autoimagem "é quem ou o que nós
pensamos ser. Nossos traços físicos e psicológicos, nossas
qualidades e imperfeições, nossas possibilidades e limitações,
nossas forças e fraquezas" Uma pessoa que se considera
disciplinada, por exemplo, pode deixar de ser da noite para o dia
com uma mudança de emprego, por exemplo.
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

Para exagerar, imagina ainda que seja para outro país. Uma
variável que mude na rotina pode derrubar tudo, não conseguir
mais fazer exercícios, se alimentar direito... é um estado, você está
disciplinado numa circunstância, mas aquilo não é intrínseco seu. O
mesmo valeria para indisciplina que venha por uma mudança, é
transitório: ao invés de surtar, recomeça e reconquista.

AUTOCONHECIMENTO
Autoconhecimento (ai, como eu amo essa palavra) é um
processo. Sem definições dos livros e de grandes autores, se
conhecer é difícil. É muito característico, quando encontramos uma
pessoa que, do nada, mudou de emprego ou terminou um
relacionamento, e elas responderem "precisava me conhecer
melhor". Por que, de uma hora para outra, temos esse click se até
então tava tudo bem? O meu processo de autoconhecimento foi
doloroso. Hoje posso dizer que estou lidando melhor com ele. E
engana-se quem pensa que ele tem um fim. Vamos nos reconhecer
e reconhecer para o resto da vida.
Por que eu digo que o processo de autoconhecimento é
doloroso? Porque é preciso se revirar inteira, curar feridas e se
questionar. É muito difícil tocar em um trauma de infância, mas
mexer nisso vai te livrar de muitas questões que acontecem no
agora. Comportamentos ou travas que você tem hoje podem ter
vindo de um lugar que não foi mexido ou que você nem lembra.
Se autoconhecer é como uma terapia. Engana-se quem pensa que
terapia é só para quem está sofrendo de algum distúrbio
psicológico.
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

Terapia é uma oportunidade incalculável de viver a sua vida.


Além disso, é capaz até de evitar que através de suas ações você
cause interferências negativas na vida de outros. Você se torna uma
pessoa mais responsável por seus atos e não culpabiliza os outros
numa medida de autoproteção. Quantas vezes não nos sentimos
frustradas com nós mesmas e, sem mesmo perceber, depositamos
no outro a culpa?
Tenho um ótimo exemplo para contar. Eu já fui uma pessoa muito
julgadora. Julgava pela aparência mesmo. Lembro uma vez que fui
ao teatro com meu namorado. Estava no auge da minha obesidade,
sem gostar nem um pingo de mim e vivia toda coberta de roupas.
Cheguei com ele e logo reparei em uma mulher (que na época era
dançarina do Faustão), linda dos pés a cabeça. Vestido justo
modelando todo o corpo. Na hora em que a vi, me veio uma
enorme insegurança. Comecei a ficar irritada com meu namorado.
Pedia para ele não olhar na direção da musa do tchan. Conversando
com ele comecei a questionar a necessidade de ela ir vestida
"daquele jeito" para um teatro. Num bom carioquês,
"exxxxxculachei" a mulher, nenhum xingamento seria suficiente para
descontar toda minha insatisfação naquele momento.

Anos depois, no auge da minha redescoberta, no auge da


ebulição do amor-próprio, estava com o mesmo namorado dentro
do carro com sinal fechado em meio ao Carnaval, passaram duas
mulheres fantasiadas de salva-vidas. Maiô vermelho colado ao
corpo, loiras, boné vermelho e na hora me veio a tentativa de julgá-
las. Comecei com a frase em voz alta e desesperada "Qual é a
necessidade disso?"
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

Nem esperei meu namorado responder e já logo intervim me


indagando "Qual é a necessidade de quê, Gabriella? Elas estão
lindas, felizes, com uma roupa linda!" Agora perceba como o
autoamor é libertador: perguntei para o meu namorado "Elas são
lindas, não são?" Com um tremendo medo de responder, fez que
sim com a cabeça. Eu ainda perplexa com o meu comportamento
continuei "Elas estão lindas sim. Pode elogiar pra mim! Eu estou
aqui depositando o meu descontentamento em não curtir o carnaval
e não estar vestida tão linda assim." Rimos.

Essas duas situações definem, pra mim, o que é ter autoestima e


autoconhecimento. Na primeira situação eu estava com a autoestima
abaladíssima. Nem me refiro a estar gorda ou magra, me refiro
mesmo a não gostar de mim. Eu tinha o desejo de ser aquela mulher
no teatro. Perceba que eu poderia ainda assim não gostar da minha
aparência, e ainda assim elogiar a outra mulher. Ter
autoconhecimento é se questionar em situações corriqueiras, e que
nem percebemos na hora. Eu estava infeliz comigo mesma. Estava
jogando toda a minha frustração em pessoas que não tinham nada a
ver com isso. Imagine que a mulher bem vestida do teatro poderia
ser uma prima, por exemplo, Muitas vezes essas pessoas são as que
nós mais amamos.

Lembro ainda um episódio recente, em que eu fui a vítima da


frustração alheia. Tinha postado uma foto na qual eu estava tapando
apenas os meus seios com a mão. Todo o meu texto era sobre
liberdade de ser.
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

Uma pessoa bem próxima a mim me perguntou de forma


grosseira a necessidade de postar tal foto. Se fosse a Gabi sem
conhecer seus valores, sua ética, ou seja, sem um pingo de
autoconhecimento, se sentiria muito ofendida e internalizaria aquela
situação e se questionaria completamente. Me culparia e com
certeza daria razão para a pessoa. Mas ouvi sem dizer nada e
respondi um inaudível "tá". Aquela situação não saiu da minha
cabeça por alguns dias. Até que comecei a observar a história da
pessoa. Era uma pessoa que se privava de viver livre. Fazia tudo
escondido, com medo do julgamento dos outros. Ai a chavinha
virou na minha cabeça. Pronto! Ela queria ser livre como eu.

Meu autoconhecimento me salvou de uma má interpretação dos


fatos, da frustração alheia e ajudou a valorizar ainda mais a minha
autoestima. Eu posso sim postar como eu bem entender. Eu sou,
sim, livre dos meus preconceitos.

& AUTOCUIDADO
AUTOCOMPAIXÃO
Agora vamos falar das duas últimas palavrinhas que eu amo:
autocompaixão e autocuidado. Elas são meu xodó. Sem elas, eu não
passaria por todo esse processo. Com elas, conquistar meu amor-
próprio foi mais cuidadoso, menos feroz, menos penoso. De acordo
com a minha segunda autora favorita, Kristin Neff,
BEM ME QUERO

POR ONDE COMEÇAR?

professora de psicologia e pesquisadora do assunto,


“autocompaixão significa tratar a si mesmo com a mesma gentileza e
cuidado com que você trataria um amigo”. Em muitos momentos nos
tratamos com tanta raiva que parecemos nossa pior inimiga.
Me lembro das torturas psicológicas que eu fazia comigo em
frente ao espelho. Mais uma vez, é difícil acessar essas memórias
porque eu jamais posso pensar em fazer isso comigo novamente.
Quando não gostava do meu corpo, minha barriga era alvo de muita
crítica minha. Sempre em frente ao espelho espalmava minha mão
apertando minha barriga e desejando nunca mais ter aquilo. Me
questionava como foi possível eu chegar naquele ponto. Eram
palavras de ódio despejadas sem nenhum filtro, sem nenhuma
compaixão. Nunca eu falaria assim com uma amiga minha. Eu era a
minha pior inimiga e nem sabia.

Agora vamos fazer um breve exercício. Antes de continuarmos,


preciso que escreva 3 frases que você já disse a si mesma, em
momentos em que você menos se gostava. Se esse momento for
agora, tente escrever mesmo assim.
Leia a frase. Em voz alta de preferência. É preciso que você
visualize e escute o quanto essas palavras são cruéis. Você agiria
assim com uma pessoa que estivesse precisando de ajuda? Você é a
pessoa que precisa de ajuda. Então te peço que nunca mais use
essas palavras contra você novamente.
ESCONDERIJO
Tento passar despercebida
Não chamar atenção, cabeça baixa.
Não me sinto digna de ser olhada e de
olhar
Me escondo sem mesmo perceber
Meu quarto: meu esconderijo mais
seguro
Abrigo
Me sinto envolvida
Contra tudo e contra todos
Palavras cruéis e olhares tortos não
são capazes de me atingir
Aqui não - sou invencível
Como diria Luís de Camões, “É ferida
que dói e nem se sente”
“Vá sair, ver a rua e as pessoas”
Já basta me ver!
Me relacionar comigo mesma tem sido
difícil
Mas chega! Não quero tocar no
assunto “eu”
Me entorpeço com minhas mastigadas
Que nem percebo o que é
Lapso de alegria
Ufa! Próximo…
Próximo filme, próximo dia, próximo
ano..
Próxima vida talvez
Não é minha culpa
Só não sei por onde começar
A me amar

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

Durante dois longos anos da minha vida eu vivi uma falsa sensação
de felicidade. Achava que eu já tinha tudo que eu queria para a minha
vida: formada, um bom emprego, bom salário, viajava, estava em um
relacionamento com o homem dos meus sonhos na época. Quem sou
eu para ficar triste com isso? Eu tenho tudo aquilo que as pessoas
lutam a vida toda para ter. Quem sou eu para me sentir triste com
isso? Mas eu não estava somente triste, eu não percebia isso. Não
percebia que tinha parado de sonhar, de fazer planos, de ser muitas
pessoas dentro de uma mesma. Sabe aquela sensação de que, quanto
mais aprendemos, mais nos sentimos burras? Eu não tinha! Minha vida
aos 23 anos já estava feita! Coi-ta-da! Mal sabia que os próximos anos
iam sacudir minha vida, remexer e tirar tudo do lugar.

Quero te falar da sensação de estar em estado vegetativo. A


pessoa está viva, mas parece incapaz de reagir a estímulos externos
ou ainda aos seus próprios estímulos. Essa é uma palavra muito forte,
eu sei, mas sim, essa é a sensação de não se amar, de não ter
autoconhecimento. Você se abandona à sua própria vida. Você já não
sente mais vontade de sonhar e nem se estimula a isso.
Quero deixar claro que esses sinais podem ser depressão e para
diagnosticar isso você precisa de um psicólogo. Mas não ter autoamor
é tão perigoso a ponto de ser confundido com uma doença. É tão
incapacitante quanto.
De acordo com a SBP (Sociedade Brasileira de Psiquiatria), a
depressão é uma doença da mente e do corpo que se caracteriza por
afetar o estado de humor da pessoa,
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA


deixando-a com um predomínio anormal de tristeza e diminuição de
sua energia. Sabe-se que grandes traumas ou perdas podem aumentar
a chance de uma pessoa ficar depressiva. Dificuldade de lidar com
estresse, baixa autoestima ou pessimismo extremo podem ser fatores
contributivos. Álcool e drogas também ajudam no desenvolvimento da
doença.
Segundo a SBP a baixa autoestima pode ser um dos fatores para o
surgimento da doença. Mas sem termos tão técnicos, você não ter
autoestima interfere em todos os setores da sua vida e, sim, pode te
levar à morte. É preciso falar disso abertamente. Eu preciso te alertar
que você não se amar é tão perigoso quanto não ter um emprego,
quanto você não cuidar da sua saúde, quanto você cuidar somente
das outras pessoas e não cuidar de si. Não ter amor-próprio te torna
incapacitada para agir em você mesma.
E por que isso é tão negligenciado e deixado de lado? Por que
investir em autoconhecimento não é uma coisa que a gente aprende
desde criança ou não se ensina por aí?

“MAS, GABI, POR ONDE EU COMEÇO A ME CONHECER?”

Eu comecei pela terapia. Que jornada louca e maravilhosa


mergulhar em mim! Ao me lembrar de como foi a minha trajetória com
a Luiza Martins, minha psicóloga, eu me emociono. Ela vai falar que
essa é uma jornada minha e que eu tive a coragem de percorrer, mas
eu vou dizer logo em seguida: precisamos mais que nunca de uma
pessoa que nos facilite, que nos mostre o caminho ou que diga pelo
menos que há um caminho. Estamos perdidas! Esse caminho é
doloroso, quis desistir diversas vezes – na verdade desisti durante um
mês –, mas até desistir foi enriquecedor para me conhecer.
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

A própria palavra “Amor-próprio” é carregada de fru-fru. “Que coisa


linda é se amar” dizem por aí. Garota, se amar dói. Me amar é a
liberdade mais dolorida que eu já experimentei. Mas sabe quando
você sai da montanha russa e quer ir de novo? É isso. Que delícia é
viver na nossa própria montanha russa. O carrinho somos nós mesmas,
só que esse carrinho pode estar todo destruído ou remendado. Hoje
eu sou um carrinho remendado que de tanto bater teve que fazer seus
consertos. Esses remendos, são nossas vivências, são impossíveis de
apagá-las. Quem nunca quis nascer de novo? Mas querer nascer de
novo é viver no “Mundo Encantado” da negação. Não dá. Não somos
mais criancinhas birrentas.
Para se amar você tem que se conhecer, isso é óbvio, mas, para se
conhecer, é necessário tocar nas feridas. Não são cicatrizes físicas,
são emocionais. São nossos traumas causados por nós mesmas ou
pelos outros. Imagina você ter que mexer nessa confusão toda? Te
falei no começo desse capítulo que eu vivia no “Mundo Encantado de
Gabriella”, mas é claro que vivia! Eu não queria mexer nos meus
problemas, nos traumas, nas feridas… Via um problema passar por mim
e nem ligava. Pior que isso, eu guardava o problema na gaveta das
minhas emoções. Só que essa gaveta uma hora não ia mais suportar
guardar tanta roupa que não usava. E ela começa a transbordar.
Transborda na forma de raiva, negação, inveja, ciúmes, julgamentos e
por aí vai uma lista enorme que traduz fielmente uma pessoa infeliz.
Ouso dizer que uma pessoa se torna ranzinza quando ela não se
conhece. Ao se conhecer, ela vai saber ser uma presença boa para si
mesma e, consequentemente, para os outros. Quantas assim a gente
não conhece por aí?
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

Você acredita que eu já fui considerada uma pessoa ranzinza?


Recebo muitas mensagens de garotas me dizendo que eu tenho um
astral muito bom. Sempre que recebo, eu dou uma risada. Garota, eu
era insuportável! E é bom ver o quanto eu evoluí ao me conhecer.
Não que hoje eu não tenha meus dias tristes e mal-humorados –pare
de me romantizar hein, garota? –, mas hoje eu entendo que estou em
um dia atípico e o que eu faço? Me acolho. Penso: “Tá tudo bem em
não estar feliz hoje, Gabi. Chora um pouquinho, vai te fazer bem”.

É por isso que é tão perigoso não se conhecer. Mexer nessa


confusão toda te faz perceber muitos comportamentos que você tem
hoje, mas sequer percebe. Vasculhar sua história é desatar nós feitos
por terceiros ou por você mesma.

Outro perigo de ter a autoestima baixa é se contentar com pouco.


Não é não ser grata pelas coisas e pessoas que você já tem, mas
simplesmente aceitar pouco nos relacionamentos, nas amizades, no
seu trabalho. Escutar muita coisa calada, engolir sapo e todas essas
expressões que remetem a atitudes que nos abalam e fazem a gente
se questionar como pessoa.
Aqui vou listar uma série de situações ou emoções que observei em
mim e por meio das mensagens que recebo das minhas seguidoras e
gostaria que você pensasse em cada uma e marcasse aquelas com as
quais você se identifica.. Quero deixar claro que se sentir assim às
vezes é comum, porque somos cíclicas, somos regidas pelo nosso
ciclo menstrual, mas se sentir assim todos os dias do mês não.
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

1- Não se acha boa o suficiente


2- Sente-se incapaz de ficar sozinha em determinados ambientes
3- Não veste roupas que acha bonita
4- Tem vergonha de expor seu corpo ou partes dele
5- Se está em algum relacionamento, sente-se insegura, com ciúmes e
sente que deve dar e ter explicações o tempo inteiro
6- Guarda a informação para si mesma com medo de falar
7- Escuta em silêncio mesmo que o outro esteja errado
8- Se sente inferior em relação a aparência, sucesso, inteligência ou
qualquer outra característica
9- Se não está em um relacionamento, acha que vai ficar sozinha para
sempre
10- Não consegue aproveitar sua própria companhia
11- Tem mania de perseguição, acham que todos estão falando ou
olhando dela.
12- Quer sempre agradar a todos, mesmo que custe seu próprio
interesse
13- Baixa produtividade no trabalho ou em seus objetivos pessoais
como rápida desistência de exercícios físicos, dieta etc
14- Dificuldade de ressaltar suas qualidades
15- Optam por qualquer amizade ou qualquer relacionamento com
medo da solidão
16- Tem dificuldade de olhar nos olhos e anda de cabeça baixa
17- Não se sente digna de ser amada ou observada
18- Não se sente digna de amar ou observar
19- Choram escondido com bastante frequência e tem dificuldade de
expor seus sentimentos para outras pessoas
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

20- Não fazem planos ou não sonham coisas para si, mas sempre para
os outros
21- Acha egoísmo se colocar em primeiro lugar
22- Não sentem prazer nenhum em cuidar da sua aparência ou da sua
saúde ou se fazem passam horas e nunca estão satisfeitas
23- Inventam desculpas para si e para os outros para não sair
24- Acreditam nas desculpas inventadas
25- Se contenta com um vida morna quando poderia ter uma vida na
qual é a protagonista
26- Dificuldade de conhecer pessoas interessantes por achar que elas
são "muita areia pro seu caminhãozinho"

Aqui gostaria que você mencionasse quais as áreas da sua vida


em que você identifica estar com baixa autoestima.
Ex1: Perco oportunidades no meu trabalho com medo de me
expressar.
Ex 2: não gosto da minha barriga

E o que pode fazer para melhorar aos poucos.


Ex1: conversar mais com meus colegas de trabalho.
Ex2: o que a sua barriga faz por você? Abriga seus órgãos mais
importantes. Ao olhar assim parece ser bobo, mas se não fomos com
passos de bebê, não atingiremos o nosso objetivo.
BEM ME QUERO

O PERIGO DE TER BAIXA AUTOESTIMA

A solidão da mulher que não se gosta

Tentei criar meu próprio mundo. Disse até que


estava tudo bem. É seguro esse lugar. Seguro, já
que não preciso inventar desculpas para não ir a
qualquer outro lugar. É muito exposto, né? Não
gosto mesmo disso. Uma mentira contada várias
vezes se torna verdade. Vão até me questionar
lá... Terei que tocar mais uma vez. “Para de
bobeira” vão achar. “Vão achar” pra muitos, pra
mim vergonha. Tá bom aqui. Eu estou segura, não
estou? Já basta eu mesma não me olhar.
Angústia. Reprimo. Minha série? To viciada. Hum
que comidinha aconchegante. Como cenas de
série, minha vida vai passando sem que eu
perceba. Mas perceber o quê, mesmo? Não me
encaro. Não compartilho. Todo mundo já tem
problemas demais mesmo. Felicidade demais.
Julgo as felicidades. Parem de sorrir assim.
Exibida... Me excluo. Me excluí porque não
percebi. O que é viver? Ninguém me ensinou na
faculdade. Ninguém me diz o que eu sinto. Será
que eu sinto? Mas sentir é ruim, né? Tento. Agora
vai. Vai nada, é mais confortável aqui até ouvir “a
vida começa onde a zona de conforto termina”. E
a vida dói, mas precisa doer para fazer sentido.
Mas olha... até que não é boa mesmo?

Gabriella
DESESPERO
Como me dói não amar meu corpo.
Dizem por aí que as pessoas TÊM
QUE se amar. Eu mal me olho no
espelho. É um desespero olhar para
minha barriga! A minha barriga é um
desespero!!! Me pergunto como pude
chegar até aqui. Eu detesto essas
marcas, tenho vontade de arrancar
minhas estrias, me arrancar de mim
mesma. Quero me cobrir inteira e ao
mesmo tempo me separar de mim.
Parar de sentir esse desconforto.
Sinto que nada me cabe, nada fica
bem em mim. É um inferno! Tapa
meus braços, me tapa inteira! Nada
cabe, nada serve. Por que eu nasci
assim, meu Deus? Eu me sinto tão
mal por ver tanta mulher linda nas
fotos. Preciso mudar isso... Eu tenho
que mudar isso! Acho que vou
investir nessa dieta. Conheço quem
fez e funciona. Só água, só água.
Acho que vou desmaiar! Come um
queijo. Não me sinto capaz de ser
olhada por ninguém. Tenho
vergonha do tamanho do meu peito,
da minha bunda, da minha barriga.
Tenho vergonha de mim. De ser
quem eu sou.

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Eu já me martirizei muito por não aceitar as minhas marcas. Eu


ficava me perguntando o tempo inteiro como eu fui deixar isso
acontecer comigo. Frases como “se eu…”, “e se eu não tivesse…” “e se
eu… qualquer coisa”. Como nosso “e se” nos paralisa e nos impede de
viver o momento! E SE a gente utilizasse "e se eu enxergasse de uma
forma diferente?”, “e se de agora em diante”... Sabe aquele papo de
que nosso cérebro acredita quando uma coisa é contada cem vezes?

Toda vez que eu começo a me sentir insegura com o meu corpo,


eu tento me lembrar do quanto ele é bom comigo. Ele corre, treina,
anda, me faz sentir arrepios, me traz sensações novas a cada tentativa
de enfrentar o medo. Me protege contra doenças. Me faz ter febre
como medida de proteção (isso é muito louco de pensar não é
mesmo?) "Mas isso é o óbvio, Gabi" e é desse óbvio que nos
esquecemos durante muito tempo. Nós não só nos esquecemos do
quanto ele é poderoso, mas também simplesmente achamos que ele é
uma máquina. Não queremos ter sentimentos desconfortáveis como a
tristeza e a raiva, e queremos emagrecer em uma semana, punindo-o
de todas as formas, passando horas na academia e até mesmo
procurando formas milagrosas. O quanto somos injustas com a nossa
própria casa, morada da nossa alma e nossa fortaleza durante toda a
vida! Nós somos o relacionamento mais longo da nossa vida, então
por que travar uma batalha eterna?
Eu criei algumas formas de lidar com as minhas marcas, com a
oscilação da balança e até as minhas alterações de humor. Isso tudo
fui aprendendo através da minha rede de apoio, através de erros e de
tanto me castigar.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Descobri um caminho que sei que pode te ajudar também. Como


sempre deixo bem claro: não há fórmula mágica! É preciso você se
permitir errar, falhar, mas nunca desistir de viver a sua própria vida.

Minhas primeiras estrias apareceram por volta dos meus 14 anos.


Meu corpo se desenvolveu cedo, quando eu tinha mais ou menos 11
anos, já tinha "corpo de mulher", como diziam. É triste lembrar porque
eu ainda amava brincar de Barbie, mas os olhares de homens na rua já
me deixavam desconfortável. Como nós mulheres somos erotizadas
desde cedo… É desleal! Mas isso é papo para uma outra conversa.
Voltando às estrias, elas apareceram vermelhas na minha panturrilha.
Detestava olhar para elas e, consequentemente, não gostava de usar
saia ou shorts. Uma vez no curso de inglês, uma mulher por volta de
uns 40 anos me perguntou o que estava acontecendo na minha perna
com um olhar de desdém. Hoje, lembrando do físico dela e das coisas
que ela falava, concluo que ela era a típica mulher que não queria
envelhecer. Fazia todos os procedimentos do mundo. A pergunta dela
me deixou muito infeliz comigo mesma, como se meu corpo estivesse
tendo reações que não eram permitidas e eu teria que dar meu jeito
para solucionar aquilo. Hoje responderia logo "ah, vai me dizer que
você não sabe o que está acontecendo com a minha perna!?" O que
me irrita é as pessoas se fazerem de sonsas. Em vez de atacá-la,
prefiro pensar que ela é mais uma atingida pela cultura de "mulheres
bonecas".
Nessa idade, não sabia o que estava acontecendo com o meu
corpo, achava que era porque eu estava engordando, mas não era.
Era simplesmente meu corpo se adequando ao biotipo dele.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Tenho pernas e quadris largos (panturrilha então nem se fala) que, por
mais que eu não estimule meus músculos dessa região, eles nunca
ficarão "finos". Logo após as estrias da panturrilha, foi a vez das
estrias da lateral da barriga. Acho que, nesse local, 90% das mulheres
possuem marcas. Meus 15 anos chegaram, e sou surpreendida por
uma cirurgia de apendicite. Minha primeira cicatriz. Me lembro que
fazia de tudo para esconder. Até maquiagem passava para disfarçar.

Aos 19 anos fui engordando a cada ano que passava. Não teve um
acontecimento que desencadeou esse processo, foi aos pouquinhos,
faculdade, trabalho, rotina, dia a dia, acomodação, falta de percepção
corporal, cobrança dos outros e autocobrança. Estava apenas no
modo automático, e esse é o jeito mais perigoso de se ferir – em
todos os sentidos. Quando resolvi não trabalhar como publicitária e
decidi assumir o negócio da família, aí sim, o negócio ficou brabo! Era
tanta pressão que eu me colocava! Passava sábados e domingos nas
lojas, com tarefas desde pegar caixas pesadas até atender clientes. E
eu amava! Meu físico ficava muito cansado, e, por mais que eu
soubesse da importância de me exercitar, eu já não tinha mais
energia.
Sexta, sábado e domingo o pós-trabalho era no meu restaurante
favorito, Outback. Meus amigos sabiam onde me encontrar. Conhecia
cada pessoa que trabalhava no restaurante. Me auto intitulei rainha do
Outback. Eu choro de rir contando as histórias que passei naquele
lugar. Eu conto isso porque quem vive no modo automático sempre
tem uma válvula de escape,
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

talvez uma compulsão. É difícil para qualquer ser humano viver


somente em função de algo. É muito pesado. Não quero que aqui
você confunda com alcançar objetivos e abdicar de certas coisas. Vai
além disso. É ao contrário de ter objetivos. É justamente não tê-los e
se deixar levar pelas circunstâncias da vida. Deixar a vida te levar
custa caro e os danos só aparecem lá na frente.

A cada ano que passava apareciam mais estrias, mais marcas, as


vermelhas viravam brancas e outras vermelhas surgiam. As vermelhas
são estrias recentes, elas ocorrem devido a quebra e alteração das
fibras elásticas e de colágeno e vão ficando brancas conforme o
tempo. A cada nova estrias eu pensava "beleza mais uma", "nunca vou
mostrar a barriga mesmo", "nem me importo mais" e de uma hora para
outra me vejo com 125kg. (quero que você me perdoe porque eu sou
muito ruim de datas, só sei o ano que eu nasci e olhe lá). Aos 19 anos
fui engordando a cada ano que passava. Não teve um acontecimento
que desencadeou esse processo, foi aos pouquinhos, faculdade,
trabalho, rotina, dia a dia, acomodação, falta de percepção corporal,
cobrança dos outros e autocobrança. Estava apenas no modo
automático, e esse é o jeito mais perigoso de se ferir – em todos os
sentidos. Quando resolvi não trabalhar como publicitária e decidi
assumir o negócio da família, aí sim, o negócio ficou brabo! Era tanta
pressão que eu me colocava! Passava sábados e domingos nas lojas,
com tarefas desde pegar caixas pesadas até atender clientes. E eu
amava! Meu físico ficava muito cansado, e, por mais que eu soubesse
da importância de me exercitar, eu já não tinha mais energia.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

talvez uma compulsão. É difícil para qualquer ser humano viver


somente em função de algo. É muito pesado. Não quero que aqui
você confunda com alcançar objetivos e abdicar de certas coisas. Vai
além disso. É ao contrário de ter objetivos. É justamente não tê-los e
se deixar levar pelas circunstâncias da vida. Deixar a vida te levar
custa caro e os danos só aparecem lá na frente.

A cada ano que passava apareciam mais estrias, mais marcas, as


vermelhas viravam brancas e outras vermelhas surgiam. As vermelhas
são estrias recentes, elas ocorrem devido a quebra e alteração das
fibras elásticas e de colágeno e vão ficando brancas conforme o
tempo. A cada nova estrias eu pensava "beleza mais uma", "nunca vou
mostrar a barriga mesmo", "nem me importo mais" e de uma hora para
outra me vejo com 125kg. (quero que você me perdoe porque eu sou
muito ruim de datas, só sei o ano que eu nasci e olhe lá).

Minha barriga era rodeada por elas, minha virilha, a parte superior
da minha coxa, meus braços, minha bunda, enfim, por todos os lados
lá estavam. Elas de fato já nem me incomodavam mais porque eu
mesma já era um incômodo enorme pra mim. Era horrível olhar para o
meu corpo. Me encarar todos os dias no espelho. "Como eu me deixei
chegar a esse ponto?" era sempre meu questionamento. Meu corpo e
minha essência já estavam misturados. Não sabia como dissociar um
do outro. Era ódio demais em mim. Não tem como não chorar ao me
lembrar o quanto eu me detestava, o quanto eu me via como uma
aberração. Eu choro por pena de mim. Eu jamais me trataria
novamente como eu me tratei.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Era uma briga tão, mas tão desleal! Já me culpei demais, hoje eu só
queria me reencontrar e me abraçar, dizer o quanto eu era especial e
essencial nesse mundo e para jamais associar meu valor à minha
forma física. Sendo gorda ou magra, a forma física não dirá nunca
quem você é.

Como eu não consigo voltar no tempo e já me perdoei por ter sido


tão injusta comigo, escrever para você é um abraço em mim e em
você. Todo meu trabalho no Instagram é um pedido de desculpas pra
mim e uma tentativa de que você não seja cruel com você mesma. É
uma tentativa de te libertar de tanta pressão estética e que você
finalmente possa sair do modo automático e reassumir o controle da
sua vida, curtindo seu corpo agora, do jeitinho que ele é. Não importa
se você quer engordar ou emagrecer. Se você quer apagar suas
marcas ou conviver com elas. A aceitação é um passo para viver
melhor com você mesma. Não lá na frente, mas agora.

No dia 5 de março de 2018 (só lembrei a data porque olhei em uma


postagem hahaha), eu realizei a bariátrica, a operação de redução de
estômago. São tantos pensamentos que me vêm ao falar dessa
cirurgia, que fica até difícil alinhar. Inicialmente, nesse livro, só queria
tratar das marcas que ficaram no meu corpo e não atrelar a nenhum
tipo de emagrecimento ou incentivar ninguém a fazer qualquer
cirurgia. Essa é uma escolha muito pessoal, e só opta por ela quem
realmente não tem mais nenhuma perspectiva de vida. Assim eu
encarava essa cirurgia: um pontapé para a retomada da minha saúde.
Eu não me reconhecia mais e eu precisava fazer algo por mim.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Foram anos tomando remédios para emagrecer, lesões no joelho


após exercícios mal executados, dietas e shakes “milagrosos”. Eu
tentei de tudo. Mas sempre há uma pessoa que fala "mas só consegue
quem não desiste." Essas pessoas nos põem em uma situação de
perdedoras, frágeis e insuficientes, como se a gente não tivesse
coragem suficiente para encarar o "processo natural". Mas eu te falo
de todo o meu coracão, ninguém que não tenha passado por isso vai
entender os sentimentos derivados da obesidade mórbida, como
vontade de suicídio por conta do corpo, depressão, distorcão da
própria imagem e de todas as doencas impulsionadas pelas baixa
autoestima.

Como eu não consigo voltar no tempo e já me perdoei por ter sido


tão injusta comigo, escrever para você é um abraço em mim e em
você. Todo meu trabalho no Instagram é um pedido de desculpas pra
mim e uma tentativa de que você não seja cruel com você mesma. É
uma tentativa de te libertar de tanta pressão estética e que você
finalmente possa sair do modo automático e reassumir o controle da
sua vida, curtindo seu corpo agora, do jeitinho que ele é. Não importa
se você quer engordar ou emagrecer. Se você quer apagar suas
marcas ou conviver com elas. A aceitação é um passo para viver
melhor com você mesma. Não lá na frente, mas agora.

Eu tive coragem de optar por mim e por ter feito essa escolha, hoje
eu opto por mim todos os dias e tento levantar nem que seja uma
mulher por dia. Eu optei pela vida, por minha saúde, por querer ficar
velhinha dançando, por me abaixar e não sentir dores na coluna e por
poder sentir o vento no meu rosto ao correr.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Optei por ver meus futuros filhos sorrindo pra mãe deles ao ver o
quanto ela é louca ao completar uma maratona aos 70 anos. Optei por
dar a chance de me reconectar ao meu próprio corpo. Optei por
aprender a diferenciar o que é fome e o que é desejo. Optei por voltar
a me comunicar, escutar e sentir cada sinal que meu corpo me
oferece. Mas, no portugues claro, quero ver quem é "frágil" ao ficar
duas semanas tomando líquido num copinho de café, de meia em
meia hora, mais uma semana com papinha de bebê, mais não sei
quantas semanas até seu organismo se acostumar com seu novo estilo
de vida. Às minhas amigas de bariátrica: nós somos fodas!
Após o emagrecimento que durou em torno de um ano, ficaram
excessos de pele na barriga, no meu peito, no braço, no interior da
coxa e onde mais você pensar. Fiz mastopexia, que é o procedimento
de retirada de excesso de pele dos seios com colocação de prótese
de silicone, e na mesma cirurgia fiz mais outros 2 procedimentos:
abdominoplastia, que é a retirada do excesso de pele da barriga e
amarração dos músculos abdominais, que se afastaram durante a
obesidade.
Minha cicatriz da barriga vai de uma ponta à outra em toda parte
da frente. Se chama Abdominoplastia em 180 graus. O excesso de
pele me impedia de ter uma boa qualidade de vida. Recebo
diariamente mensagens falando "como você prega aceitação se você
passou por um monte de cirurgia estética?" O tamanho dos meus
seios passou de 50 para 40 então a pele batia um pouco acima do
umbigo. Doía quando eu corria. O excesso de pele da minha barriga
me impedia de ter uma boa higienização por mais que eu fosse
extremamente cuidadosa com isso.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

As cirurgias reparadoras não são consideradas estéticas e, por


isso, os planos de saúde são obrigados a ressarcir. Mas vamos supor
que essas cirurgias fossem consideradas estéticas, após toda a minha
história e tudo que eu vivi, o quanto eu investi em autoconhecimento,
você realmente acha que eu sou inimiga da cirurgia plástica? Ela é
uma aliada na retomada da qualidade de vida e ponto. Excessos e a
falta de autoestima prejudicam essa relação.

Fiz todos os procedimentos juntos e a recuperação foi horrível.


Estava no auge da minha ansiedade, tive crises e mais crises, porque
eu era totalmente dependente do meu namorado ou da minha mãe.
Não conseguia mexer meu braço, por conta dos seios e nem meu
tronco, por conta da barriga. Me lembro do segundo dia de
recuperação, quando, sentada no sofá, fui tentar me ajeitar, caí para o
lado e não conseguia mais me levantar. Não tinha ninguém em casa,
comecei a ter crise de ansiedade e chorei durante uma hora mais ou
menos. Isso nenhuma blogueira que faz cirurgia plástica menciona. O
discurso é sempre disfarçado de "há males que vem para o bem" ou
"mulher aguenta tudo". Por isso faço questão de deixar bem claro
aqui: ganhei qualidade de vida, mas o preço que eu paguei no
processo foi caro demais, mesmo estando ciente e me conhecendo o
suficiente para bancar essa decisão.

A recuperação em si levou cerca de um mês e aí, sim, foi a vez de


lidar com o que "restou" do meu corpo. É aqui que, de fato, entra a
aceitação com minhas marcas. Apesar de ter tirado boa parte das
estrias da barriga, ficaram muitas e, como brinde, uma enorme cicatriz
que seria escondida pela calcinha (risos eternos).
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

As marcas do meu peito eu já não ligaria, pois não apareceria, mas


a minha grande questão era a minha barriga. O próximo passo era
recorrer aos cremes que apareciam pra mim a cada pesquisa no
google. Minhas pesquisas se resumiam a "qual é o melhor creme para
sumir com estrias" e fui comprando um atrás do outro. São cremes
caros, e a maioria te convence a fazer um "tratamento" de no mínimo
3 meses. Lá se foram muitos meses e muito dinheiro.

Cansada fui fazer tratamentos em clínicas de estética. Ácidos,


lasers, como ardiam! Mas eu pensava "é para o meu próprio bem. Vai
valer a pena!". Mais dinheiro investido, e mais frustração vinha.
Resolvo procurar o melhor dermatologista da região que me
prometeu, após 3 sessões no valor de mil e pouco cada uma, disfarçá-
las. Ok, já não tenho mais para onde correr mesmo, investi. Na
primeira sessão de Laser CO2, eu não podia tocar na minha barriga,
que ardia. Tive que passar o dia inteiro com compressa de gelo,
toalha molhada ou em frente ao ar condicionado, sem contar as
dezenas de cremes caros que tive que comprar para passar após o
procedimento. Entre choros e muito arrependimento eu falei: eu
quero me curar de mim. Dei um basta. Eu ia encontrar algum modo de
conviver com elas, nem que fosse cobrindo. Eu não ia mais me
submeter ou me enganar.

Mas como começou todo esse processo? Eu digo que a cura foi de
dentro para fora. Se eu já achava que me conhecia, eu precisava me
conhecer mais. Precisava me afundar, me desbravar, me entender,
reconhecer a raíz da minha fraqueza, o porquê de ter tanta vergonha
daquelas marcas que contavam a minha história.
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

Essas estrias são as minhas raízes. Elas nascem literalmente perto


do meu ventre e me abraçam me protegendo de mim mesma.
Envolvem meu corpo sem pedir licença. E eu tive ainda mais coragem
para encarar aquilo que eu chamava de defeitos.
Pe. Fábio de Melo tem uma reflexão linda sobre a culpa. Ele diz
que a culpa é totalmente diferente do arrependimento. A culpa nos
martiriza e nos paralisa. É como se você não assumisse o controle da
sua vida. Como se vivêssemos num estado de "eu nasci assim, eu vou
morrer assim". Já o arrependimento, não, ele te faz entrar numa
postura de autoacolhimento "ok, eu errei, me maltratei, fiz o que não
deveria, mas o que eu posso aprender com isso?" O arrependimento
te faz avançar, te faz buscar algo, aprender com o erro e não se
colocar em uma posição passiva diante da vida.

Quando nossa autoestima está baixa, sempre que nos deparamos


com a nossa imagem no espelho, nosso olhar vai automaticamente
para aquilo que não gostamos. Não tem jeito, o olhar já está treinado.
Você adestrou ele assim. Então o primeiro passo para você aprender a
ter uma boa relação com suas marcas (repare que aqui eu nem
menciono amar suas marcas), para você aprender a conviver com elas
é “readestrar” o seu olhar. Isso vem com a prática de olhar primeiro
para o que você mais ama em você.

Façamos o seguinte exercício. Escreva três traços físicos seus


que você aprecia. Em seguida, pense em três traços da sua
personalidade
BEM ME QUERO

COMO NÃO SE CULPAR POR SUAS MARCAS

A partir de hoje, quando você se olhar no espelho você vai fazer


de tudo para se elogiar baseando-se nessas 6 qualidades que você
mesma escreveu. Exemplo: "eu sou muito trabalhadora e tenho uma
orelha linda!" ou "Sou carinhosa e minha unha é maravilhosa!" Para
poder conquistar seu amor de volta você precisa de passos de bebê.
Vai soar falso pra você olhar para o que você ainda não gosta e
elogiar, não é mesmo? Seja verdadeira. Você merece! "Ah, Gabi, eu
não acho nada bonito em mim, ainda não consigo identificar nada!"
Então, quais são as três pessoas que você mais ama no mundo? As
pessoas com quem realmente você pode contar? Pergunte esses 6
traços para cada uma delas e se agarre a isso por hora, combinado?
Combinado!
Durante todo esse capítulo eu percorri a história do meu corpo.
Hoje entendo o porquê de não me culpar por minhas marcas. Há
muita história atrelada a ele. Vivemos muito juntos. Você já percorreu
o livro do seu corpo? Já percorreu cada fase sua, desde criança até
hoje? O quanto vocês já choraram, lutaram, sorriram, pularam,
cantaram e todos os verbos juntos? Você e ele. Como não se
apaixonar? Como não se encantar por cada traço dessa resiliência?
Ele te segurou mesmo quando você menos gostava dele, ele
permanecia ali, firme, tendo que engolir tudo calado. Te dava sinais,
mas você de forma alguma iria escutá-lo, estava preocupada demais,
se comparando com os outros corpos.

Aqui quero que você mencione momentos ou etapas em que você


identifica que seu corpo foi seu melhor amigo. Situações que vocês
enfrentaram juntos. Momentos bons ou ruins.
BEM ME QUERO

Por que você se culpa?


Frio na barriga,
Coração palpitando e mãos suando .
Uns viciam, outros simplesmente paralisam.
Mas será que você paralisou a sua própria
vida?
Assistindo ela passar
Sem sentir nada disso.
E o medo de não sentir nada, você tem?
Medo de ser espectadora da sua própria vida.
Medo de não ser quem você quer ser.
Medo de sonhar.
Ou sonhar te amedronta?
Se atira com medo mesmo.
Viver livre dá medo!

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

EU DESISTO MUITO FÁCIL

"Eu desisto muito fácil" ou "como eu faço para não desistir de


mim?" são comentários que estão sempre na minha caixinha do
instagram. Um dos livros que despertaram em mim essa vontade de
lutar por mim foi Mulheres que Correm com os Lobos da escritora
Clarissa Pinkola Estés. Acredito que o processo de autoconhecimento
ocorre por etapas, e somente você vai entendê-las. Ninguém pode
ditar. Algumas mulheres que estão iniciando o processo de leitura do
livro sentem dificuldade e desistem. Mas, certa vez, ouvi que esse é
um livro para ser lido todos os anos ou de períodos em períodos, pois
sempre teremos uma outra percepção. Mas não desista dele. Se não
for seu momento, aguarde e confie no chamado da sua intuição.

"A mulher selvagem carrega consigo os


elementos para a cura; traz tudo o que a
mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do
remédio para todos os males. Ela carrega
histórias e sonhos, palavras e canções,
signos e símbolos. Ela é tanto veículo
quanto o destino. As portas para o mundo
da (...) Mulheres Selvagens são poucas,
porém valiosas. Se você tem uma cicatriz
profunda, ela é uma porta; se você tem uma
história muito antiga, ela é uma porta. Se
você gosta do céu e da água tanto, que mal
consegue aguentar, isso é uma porta. Se
você anseia por uma vida mais profunda,
mais plena, por uma vida sã, isso é uma
porta."
(Pinkola Estés, Clarissa. Mulheres que
correm com os lobos)
BEM ME QUERO

EU DESISTO MUITO FÁCIL

A resposta cada uma encontra dentro de si mesma. É você em seu


porquê mais profundo que vai dar voz a essa mulher selvagem.
Quando a autora utiliza a palavra "selvagem" é para reconectar com
seu eu esquecido ou adormecido. Ou talvez a sua criança que tinha
tantos sonhos e tantas vontades. Para reatar esse laço que pode ter
sido negligenciado, ou como a autora mesmo menciona "soterrado
pelo excesso de domesticação, proscrito pela cultura que nos cerca"
(p. 19) é preciso fazer contato com todos os seus lados.
Quando começamos a fazer contato com essa mulher que estava
escondida em nós mesmas, começamos a nos despir de preconceitos.
Posso te dar o meu exemplo: após todo meu processo de
reconhecimento da mulher que eu sou e da que eu posso ser, eu
ainda assim era cheia de preconceito. Ainda julgava muito a escolha
das outras mulheres e, olhava com certo ar de superioridade. Mas
quanto mais eu fazia contato com aquilo que, digamos, era "proibido
pra mim até pensar", mais eu me distanciava do pré julgamento. Por
que eu não poderia nem pensar em alguns tabus?

"E quando farejamos seu rastro, é natural


que corramos muito para alcancá-la, que nos
livremos da mesa de trabalho, dos
relacionamentos, que esvaziemos nossa
mente, viremos uma nova página, insistamos
numa ruptura, desobedecemos as regras,
paremos o mundo porque não vamos mais
prosseguir sem ela."

(Pinkola Estés, Clarissa. Mulheres que


correm com os lobos)
BEM ME QUERO

EU DESISTO MUITO FÁCIL

Depois de todo meu processo, escutei muito de pessoas


próximas, amigos e familiares "pronto, a Gabi endoidou!" ou "agora a
Gabi está vivendo a vida loucamente" sempre ouvi com o maior
respeito do mundo, porque, sim, como é bom viver finalmente todos
os meus lados, despida de todo preconceito! Eu realmente saí do
armário para assumir a minha vida. Quando a autora de Mulheres que
Correm com os Lobos menciona a palavra "selvagem" ela quer dizer,
entre outras milhares de interpretações, fazer contato com seu eu
mais primitivo sem ter vergonha de ser o que é. É simplesmente ser.

A partir do momento que você reconhece o seu ser, desistir já não


é algo que você vai engolir tão facilmente. Óbvio que, às vezes,
podemos desistir de algo ou alguém em prol do nosso autocuidado ou
nossa saúde mental, mas é quase impossível desistir de correr atrás
do que sua loba anseia.
Mas calma, se você não está AINDA com todo esse despertar
vamos começar aos poucos:

Gabi, como não desistir de ir à academia? Qual é a sua verdadeira


motivação? Emagrecer? Ganhar massa muscular? Saúde? As respostas
podem ser muitas. Mas vamos a um exemplo: emagrecer. Ainda
insisto: qual é a sua verdadeira motivação? Vocês podem pensar
“Como assim, Gabi, eu já disse” mas “emagrecer” não é uma resposta
completa. Emagrecer é o seu objetivo, sim, mas o que motiva você a
alcançá-lo? Por que você quer emagrecer?
para caber nas roupas.
Por que você quer caber nas roupas?
BEM ME QUERO

EU DESISTO MUITO FÁCIL

para poder me sentir bonita


Mas para que você quer se sentir bonita?
para me amar, para ser amada, para ser aceita.
Mas por quê?

Esse exercício necessita de investigação honesta, sem se enganar


para aliviar. Somente sabendo de fato a causa do seu desejo de
emagrecer você terá força para mudar ou paz para conviver.

A princípio, se questionar é chato e repetitivo, mas essa é a chave.


A sua motivação está aí: “me amar, ser amada”. Este é um processo
muito comum na terapia, chegar à raíz da questão. Muitas vezes a
motivação fica superficial na sua cabeça, mas ela vem disfarçada de
vários conceitos que você criou ou criaram para você, como, por
exemplo: você quer ficar magra para caber nas roupas.
É legítimo querer emagrecer para caber nas roupas. Não há
problema nenhum nisso. Mas eu te digo, por experiência própria, que
isso não basta. Isso não é duradouro e se torna cada vez mais
frustrante.

Por quê, Gabi?


1- Você não precisa emagrecer para caber nas roupas.
2- Quando emagrecer para caber nas roupas, você vai parar de fazer
exercício?
BEM ME QUERO

REDE DE APOIO

Uma das formas de não cair na rotina, cultivar a sua motivação, ter
novos objetivos, ter amparo e ter um pontapé na retomada da sua
autoestima é criar a sua rede de apoio. O que é isso? Pense em uma
rede de deitar e que ela é formada por várias linhas que unem a um
elo. Quanto mais linhas esse elo tiver, mais forte será essa rede. Essas
linhas podem vir de terapeuta, nutricionista, médicos de todas as
áreas, amigos confiáveis, pessoas queridas, do seu relacionamento
amoroso, etc. Além de se distanciar de tudo aquilo que te faz mal:
pessoas tóxicas, perfis que não te fazem bem. Uma das coisas que
nos atrapalham muito no processo de aceitação ou de transformação
é achar que aquela pessoa que não tem absolutamente nada a ver
com seu biotipo vai te incentivar a buscar algo a mais. Passar a seguir
mulheres que tinham ou tem algo parecido comigo me trouxe uma
paz enorme. E mesmo assim não é suficiente. A gente tem que separar
as coisas. Por mais óbvio que pareça, você é uma pessoa com as suas
características e a outra é totalmente diferente. Seu tempo não é
igual, suas tarefas não são iguais, sua rotina não é igual e,
principalmente: você não é patrocinada ou tem o mesmo dinheiro.

É muito comum a gente confundir a rede de apoio com ajuda.


Rede de apoio é o que vai ficar com você durante o processo que
estiver passando. Ajuda é algo momentâneo que você também pode
pedir para essas pessoas, porém é algo pontual, um conselho, um
desabafo, etc.

Comece listando 3 pessoas com quem você pode contar em


momentos de ajuda:
BEM ME QUERO

A ESTÉTICA REALMENTE É UMA ESCOLHA?

De uma hora para outra parece que quem fala da aceitação


corporal virou inimiga da estética, não é mesmo? A maioria das
mulheres que fala sobre esse assunto na internet são atacadas. Mas
não é disso que se trata. Pregamos a aceitação corporal, mas não
somos inimigas da estética. Nós apenas não somos mais reféns dela.
O perigo está em ser refém. Vou te contar uma história:
Eu digo que sou uma drag queen mulher. Desde criança eu amo
pintar meu cabelo, amo fazer as minhas unhas e quando eu detestava
meu corpo, quando não conseguia me olhar no espelho, a única parte
que eu conseguia acessar era o meu rosto. Passei noites aprendendo
tudo que sei sobre maquiagem. Comecei a me maquiar cada vez
melhor e durante um ano trabalhei como maquiadora profissional.
Consegui enaltecer a beleza de muitas mulheres. Mas sabe por que eu
parei? Elas nunca estavam satisfeitas. E isso realmente foi me
cansando. Por mais que ela estivesse linda, sempre via algum defeito.
Mas hoje entendo por que foi preciso eu parar de trabalhar com isso.
Precisava ir mais a fundo na questão.

Minha mãe me conta que quando eu era pequena eu amava ver as


outras mulheres bem. Quando minha avó ou minha mãe estavam para
baixo, na mesma hora, eu pedia para elas pentearem o cabelo e
colocarem uma maquiagem. Eu sempre acreditei na estética como
uma ferramenta positiva, capaz de nos colocar para cima. Considero,
sim, uma arte. A moda, a maquiagem, a coloração de cabelos são
artifícios para nos deixar melhor com a nossa imagem.
BEM ME QUERO

A ESTÉTICA REALMENTE É UMA ESCOLHA?

Mas não podemos nos tornar reféns. Não podemos nos tornar
escravas de uma indústria que não só lucra com a baixa autoestima
das mulheres, mas a incentiva. Como assim incentiva?
Como publicitária, eu vi de perto como é feita a criação de
desejos. A indústria não somente cria algo para satisfazer uma
necessidade, mas ela cria a própria necessidade de algo. Ela suscita
em você o desejo por algo de que você não está precisando. Entre
tantos termos teóricos, eu fico aqui com o que está acontecendo na
prática: as lipo LADs, preenchimento labial e a queridinha
harmonização facial.

Lipo LAD é o que mais me causa angústia.


De acordo com Simone Viotto, sócia de uma das maiores clínicas de
estética do Brasil, a JK Estética Avançada:

"Lipoaspiração'' é o procedimento cirúrgico no qual a


gordura é retirada através de uma cânula acoplada a um
dispositivo a vácuo. Ideal para gordura localizada. A
gordura pode ser enxertada em outro local que queira
valorizar o contorno corporal, sendo o abdômen e
bumbum o mais frequente, mas pode ser enxertado na
mama, face e etc. Já a Lipoaspiração de Alta Definição,
abreviada como LAD, é tudo isso, mas com o
refinamento de retirar a gordura entre os músculos
superficiais, principalmente do abdome, dando maior
“definição” dos mesmos, tendo como efeito estético
daquele abdome malhado, podendo ter até os
gominhos, a depender do IMC (índice de massa
corpórea) de cada paciente. O efeito final é um
contorno corporal com mais definição, que a
lipoaspiração convencional não oferece.”
BEM ME QUERO

A ESTÉTICA REALMENTE É UMA ESCOLHA?

Por que ela é tão perigosa? Além de ser um procedimento


cirúrgico, que por si só já é perigoso (apesar de nenhuma blogueira
falar disso), ela foi criada para ter a tão sonhada barriga malhada,
chapada, tanquinho. Mas o que é ter o abdômen trincado? Eu acredito
que o CORE, a região onde fica nossa barriga/ventre é de onde
realmente vem a força feminina. Isso é um conceito ligado mais a
yoga. Essa prática respeita cada ciclo de corpo feminino. Acredito
que somos regidas por ele. Com um CORE fortalecido podemos
proteger nossos órgãos, manter postura, proteger a coluna, prevenir
doenças e, consequentemente, ficamos mais ágeis, mais dispostas e
isso acaba interferindo em todos os setores da nossa vida.

Agora você pega um procedimento que retira gordura de alguns


lugares e injeta novamente no seu abdômen a fim de formar
gominhos. Você não só traz a artificialidade, quais são os efeitos disso
a longo prazo? Não sabemos disso ainda. Quando a prática da
bichectomia (que consiste em tirar a gordura da bochecha para dar a
impressão de magreza ao rosto) veio à tona, não sabiam seus efeitos a
longo prazo. Pouco depois se descobriu que, conforme o
envelhecimento (vale reforçar que é natural), a pele vai caindo e que,
na verdade, a gordura serve como sustentação. Mas não tem
problema, a indústria oferece logo depois ácido hialurônico para
preencher o que foi retirado com a gordura. Está entendendo que é
um ciclo sem fim? Eles suscitam, somos despertadas, gastamos, e
depois gostamos de novo. E o verdadeiro vazio nunca é preenchido.
O vazio de nunca se encaixar, nunca se parecer com a blogueira tal,
nunca olhar para o espelho com a sensação de “estou em paz com o
meu corpo”.
BEM ME QUERO

A ESTÉTICA REALMENTE É UMA ESCOLHA?

Eu, Gabriella, tenho a estrutura larga, nunca serei estreita por mais
fome que eu passe. Então, minha tendência é ter corpo avantajado,
para engordar é um pulo. Isso já foi questão de briga no espelho. Mas
aceitei e tento usar isso a meu favor, tenho tendência a ganhar massa
muscular mais rápido. Tenho nariz grande e já cogitei fazer cirurgia,
mas quer saber? Acho lindas as mulheres árabes com nariz maior.
Inshallah. Testa então, nem se fala. Mas com essa daí ainda estou em
um arranca rabo… vamos fazer as pazes logo, logo. Estou dando um
tempo.
Isso tudo para te perguntar: por que investimos tanto em estética e
não em autoconhecimento? Com o autoconhecimento, me vasculhei
inteira, descobri meus gostos, o que eu realmente acho bonito em
mim e não o que me impõem. Acho lindo ser diferente. Não sou uma
boneca para ser fabricada em série, igual a muitas outras. Você sabe
o que realmente é bonito pra você? O que é belo pra você, gata
garota? Retire seu filtro do Instagram e se pergunte: Quais são meus
traços mais bonitos? O que eu gosto no meu corpo?
Neste momento, não se atente ao que você não gosta. Pare um
pouco. Se analisa como uma mãe analisaria sua filha. Livre de
preconceitos e capas que a sociedade te impôs como bonito.

Liste três traços dos quais você mais gosta.

Você é livre, eu sou livre e todas as mulheres são livres para fazer
quantos procedimentos estéticos quisermos, mas será que essa
decisão vem realmente da liberdade? Ou será que vem da pressão
social por um padrão de absoluta perfeição estética que nunca existiu
e nunca vai existir.
BEM ME QUERO

A ESTÉTICA REALMENTE É UMA ESCOLHA?

“Tiro daqui, coloco aqui, subo isso, elimino aquilo...” Como num
passe de mágica, você sai da cirurgia com a sua vida resolvida. Ou
não. Ou NÃO! Mesmo que você saia viva e feliz, você entende que
pode nunca estar satisfeita? Porque logo, logo vão inventar outra e
outra e outra e mais uma fórmula para te convencer que você não
está feliz com o seu corpo.

Uma sensação de empoderamento te faz acreditar que você é


dona de si e livre para fazer o que quiser com o seu corpo. Mas você
realmente é livre? Livre a ponto de se enfrentar? “Por que eu quero
fazer isso?” Livre a ponto de aceitar suas marcas?

Meu corpo carrega minha história, minhas feridas, meus


aprendizados, quem eu SOU hoje. Você pode, sim, fazer quantas
cirurgias quiser, mas se pergunte o tempo todo se você está
realmente no comando da sua vida. É você que está em primeiro lugar
ou uma projeção? Espere. Se indague. É fácil cair no conto da fada
madrinha que te promete felicidade ao acordar da mesa de cirurgia. A
gente cresceu ouvindo casos de sucesso o tempo inteiro.

A estética não é nossa inimiga, mas, como tudo, tem um lado bom
e um lado ruim. Só que o ruim era pouco falado. Guardado a sete
chaves. Afinal, é muito lucro não é mesmo?
EIS A
QUESTÃO

Marca a minha gordurinha


Marca a sobra de pele
Preciso esconder isso
Tem que ser maior
Tem que ser menor
Tá marcando a calcinha
Ajusta
Troca
DESISTO. NÃO VOU.

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

Quantas vezes você, mesmo arrumada, toda vestida, maquiagem


feita, programa marcado, desistiu de sair, porque a sua autoestima
abaixou? Você se olhou no espelho e colocou um monte de defeitos,
muitas imagens passaram na sua cabeça. Imaginou que talvez
ninguém iria te querer ou mesmo as mulheres iriam te julgar dos pés à
cabeça? Ou mesmo na festa da família, aquele tio ou tia chata que
insistiam em fazer comentários nada bem-vindos. Você queria evitar
tudo isso. Você queria evitar passar por essa experiência de novo.
Mal sabiam eles que você lutou tanto procurando uma roupa, que
lutou contra seu próprio instinto de proteção ao insistir em entrar
naquela loja que você sabia que não ia encontrar nada. Quanto
martírio é entrar de loja em loja, ser olhada porque a vendedora já
sabia que não tinha seu tamanho. Ou mesmo para aquelas que
procuram roupas na sessão infantil. Entrar no provador é lidar com a
frustração duas vezes. A primeira ao saber que não era a roupa que
você realmente gostaria de estar vestindo e a segunda por não caber.

Um sentimento que você não sabe explicar ecoa no seu coração


"vai com o que tem" e de uma hora para outra sua roupa de ir a um
casamento se torna a roupa de ir a esquina porque você se sente
protegida nela. É menos dolorido desse modo. Anos sem pisar em
uma loja você se vira com o que tem. Alarga, rasga, remenda, tira o
forro e reinventa uma moda. Você faz a sua moda. Não é a que você
gostaria, mas é a que tem.
Tudo que eu descrevi acima foram situações e sentimentos que eu
passei. Como já te disse, culpei muito a Gabi por se submeter a tais
momentos.
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

Hoje é claro pra mim que, sim, eu deveria usar o que eu quisesse, que
eu não deveria me esconder, que eu não deveria passar calor ao
querer esconder meu braço, que eu não deveria usar so preto numa
tentativa de parecer mais magra. Como eu me aprisionava! Mas se eu
tivesse a oportunidade de encontrar com a Gabi do passado e
explicar pra ela que não se escondesse por meio das roupas? Como
eu faria e o que eu falaria? Eu não posso deslegitimar todo o
sentimento de frustração que ela carregava. Hoje eu não tenho a
oportunidade de voltar no tempo, mas tenho de falar com você que
se priva, que se sente mal e insuficiente por não usar o que você quer
ou mesmo se sente feia por usar uma roupa que dizem que não foi
feita pra você.

Esta aqui é mais uma carta pra você, minha Gabi.


BEM ME QUERO

Por quanto tempo você se aprisionou em casacos com o


objetivo de parecer menor ou mesmo desaparecer. Quantos
convites você negou aos seus amigos para não ir àquele
aniversário ou àquele casamento lindo na praia de Búzios? Você
detestava calor, sol, praia ou qualquer coisa relacionada a
expor o seu corpo. Veja bem, eu sei que você não queria se
distanciar dos seus amigos, mas como medida protetiva você
teve que ir inventando desculpas para eles. Só que você mesma
acreditou nelas. Uma mentira contada várias vezes se torna uma
verdade. E você concordou com ela. Assinou embaixo. Você
começou a depositar defeitos nas pessoas e nas situações.
Tudo era motivo de reclamação. Se tornou uma pessoa fechada
e se distanciou de todos. O outro é que é chato, fulana que é
muito exibida e todos à sua volta tinham defeitos e o que se faz
com pessoas cheia de defeitos? Se distancia, obviamente. Mas
calma, mais uma vez não se culpe, você não sabe de nada
disso. Você quer apenas se proteger. Quer apenas se sentir
segura nesse mundo que não foi feito para caber em você. E é
verdade! A indústria da moda não é suficiente para incluir essa
pessoa tão especial que você é. A indústria diz que não vende
outros tamanhos porque não há procura. Mas como terá
procura se há anos ditam o que é belo, se há anos usam
mulheres irreais em suas propagandas? Você não só merece
usar o cropped com o corpo que você tem, como você merece
um cropped feito somente para você. Sabe por quê? Porque
você é única! Cada pessoa é única. Não existem tamanhos
fixos. Não existe P, M ou G. EXISTEM CORPOS!
BEM ME QUERO

E cada corpo tem a sua medida. Isso é tão rico, tão bonito!
Hoje, vendo o movimento de aceitação dos corpos, pessoas
felizes dentro dos seus corpos fora do padrão vestindo o que
elas bem entendem, eu fico só te imaginando usando aquela
saia com aquela blusa que não cobre seus braços. Seus braços
finalmente podem ser livres para levantar e abraçar. Sua barriga
não iria precisar de cinta para afinar a sua cintura, pois você iria
finalmente poder sentar e respirar livre. Essas pessoas
entenderam que se aceitar não precisa modificar o seu corpo.
Se aceitar como se é hoje é respeitar sua vida hoje, por mais
imperfeita você ache que ela seja. Aceitar que você é livre para
ser feliz. Entender que não é você fora do padrão. O padrão
apenas não existe. Ele foi inventado para lucrar em cima das
suas dores. Lucrar em cima da sua saúde por meio de cintas
modeladoras e chás emagrecedores. Sua mente foi corrompida.
Não se culpe. Essas pessoas que aceitam seus corpos
entenderam isso e, finalmente, saíram do armário. Um guarda
roupas é pequeno demais para tanta possibilidade de ser!
Tantos estilos, jeitos, personalidades, vontades e, acredite,
CORES! Viver é colorido! Se vestir é colorido. Então use seu
short aparecendo suas celulites, doe sua calça que você insiste
que vai entrar um dia. Ela pode servir em outra pessoa. Compre
novas roupas que sirvam em você hoje. Se você quer mudar ou
não é você quem vai decidir DEPOIS. Mas e hoje? Você não se
arruma pra você mesma? E hoje você vai ficar mais um dia sem
admirar no espelho a mulher linda que você já é?
BEM ME QUERO

E hoje você não vive? Não queira viver somente depois de


entrar numa roupa tamanho tal. Queira entrar na sua própria
vida, viver suas experiências, sentir você. Você é muito para
tentar se adequar. Quanta vida lá fora esperando ser vivida...
fora do armário.
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

Mas e na prática, Gabi? Como funciona esse negócio? Pode onde


eu começo a usar um biquíni, se eu tenho vergonha do meu corpo.
Não quero ir à praia ou à piscina e, quando vou, me sinto
desconfortável e até me escondo. Poderia até cavar um buraco na
areia. Mas quero começar a usar. Ainda não me sinto pronta, mas
quero! Sinto vontade de ir à praia e não mais inventar desculpas pra
mim nem para os outros. Me ajuda?"
Quem dera se todas tivessem o poder de usar um biquíni sem
medo e sem vergonha. Mas para mim não foi assim e creio que para
muitas de nós também não. Então separei algumas dicas que
funcionaram pra mim e espero que funcionem para você também:

1- Não vá com sede ao pote. Imagina você chegando na praia tirando


sua roupa toda de uma vez e se expondo? Garota, tenho certeza que
será uma experiência péssima para você, sabe por quê? Porque você
não está acostumada com o seu corpo e isso pode até te causar um
trauma.

2- Uma das minhas frases preferidas da minha nutri linda, Isabel


Vieira, é que “mudança é processo e não evento”. Quando a gente
quer mudar e fazer as coisas acontecerem, queremos para ontem e
não criamos um hábito. Esse hábito se conquista aos pouquinhos de
passo em passo.

3- Que tal comprar um biquini novo? Eu sei que a experiência de


compra é algo muito dolorido para você, mas por que não comprar
pelo menos uma parte de cima ou a de baixo?
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

Assim, quando você for, pode ficar de blusa com a parte inferior ou
de shorts com a parte superior do biquíni. Comprar uma peça nova e
do seu tamanho vai te deixar com aquela sensação de roupinha nova,
sabe? Por enquanto, deixe os antigos de lado.

4- Como falei acima comece pelo simples. Um passo de cada vez.


Que tal antes de ir à praia começar usando o biquíni em casa?
Colocando uma música bem alto astral (preparei uma playlist para
despertar a leoa que existe dentro dessa gata garota. Você pode
procurar no Spotify por Gabriella Camello – Desperte a leoa). Dance
com o seu corpo, se abrace, se sinta. E, por mim, se olhe no espelho
com calma, sem preconceitos, olhando como uma mãe olharia para
sua propria filha: acolhendo, abraçando, sem julgar aqui, ok? Apenas
se permita ser olhada por você mesma e veja as partes que você mais
gosta.

5- Quando se olhar no espelho ou experimentar ir a um lugar público


utilize frases encorajadoras como:
– Eu sou linda do jeito que eu sou.
– Meu corpo não me define.
– Eu sou mais que meu corpo.
– Minha história é linda.
– Minhas marcas contam a minha história.
– Eu sou uma mulher única.
– Posso ser quem eu quiser.

Talvez você ainda não acredite (por mais que eu te diga que você
é, sim, isso tudo),
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

mas utilizar essas frases como um mantra vai treinar o seu cérebro a
não se sabotar e a não ter pensamentos negativos.

6- Tudo são fases no seu processo de autoconhecimento e, acredite,


até mesmo o tamanho do seu biquíni vai ser influenciado por ele.
Assim que comecei a me conhecer e me livrar das minhas amarras, eu
ia à praia de maiô e shorts. Ficava lá na minha, tranquilona. Lendo um
livro ou escutando minhas músicas empoderadas. Eu tinha que me
fortalecer. Quanto mais eu me conhecia, menor ficava o tamanho do
meu biquíni. Comecei a apostar nas hotpants (aquele biquíni que é na
cintura, sabe?). Em seguida, eu apostei nas partes de baixo que
cobriam a minha cicatriz da abdominoplastia. Já estava começando a
lidar melhor com as minhas estrias. Após 3 anos imergida em mim eu
finalmente comecei a usar biquínis de amarrar. Uma tira fininha já nem
esconde mais minha cicatriz, minhas celulites e as estrias finalmente
estão livres para pegar sol. Elas merecem, passaram por muito!

Até que recentemente vivi uma das experiências mais lindas da


minha vida (já estou chorando aqui, só para constar): fui a uma praia
de nudismo. Antes de tudo quero que você retire toda parte sexual
com que estigmatizam essa prática. Eu mesma achava que era coisa
de quem queria apenas ver corpos nús e nada além de satisfazer seu
erotismo.

De acordo com o doutor google, "Uma praia de nudismo é uma


praia onde se pratica o nudismo, frequentemente por adeptos do
naturismo.
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

É um local onde os seus praticantes não usam roupas. Muitas vezes o


uso ou não uso de roupas é uma questão de opção pessoal, mas, em
tese, é obrigatória a nudez nas dependências do local" (Wikipedia).

Mas o que, de fato, é a praia naturista que popularmente é


conhecida como praia de nudismo? É um espaço para você se
reconectar com a sua liberdade e um espaço para as pessoas
buscarem harmonia com sua própria natureza.
Fui à praia de Tambaba, em João Pessoa, na Paraíba. Estava com
um grupo de amigos e lembro que um ficou hesitando em ir. Nós o
encorajamos e fomos. A praia de Tambaba é dividida em duas: a área
comum, digamos assim, e a parte naturalista. A parte comum estava
lotada, era uma das praias mais lindas que eu já vi. Assim que
atravessamos a escada para chegar à outra parte, um silêncio me
invadiu. A areia estava limpíssima, o mar sem ninguém. Apenas
algumas pessoas caminhando e explorando a praia.
O que me chamou atenção foi que os frequentadores não olham,
não se importam e nem se incomodam com a sua presença. Eles estão
imersos neles mesmos, apenas curtindo um dia de sol. Éramos um
grupo que não sabia lidar com essas questões tão novas e tão
naturais. Rimos da vergonha uns dos outros enquanto aos poucos
fomos nos soltando e nos acostumando com nossos próprios corpos.
As regras são rígidas e são punidos com a expulsão aqueles que
cometem faltas graves, como por exemplo, ter um comportamento
sexualmente ostensivo, fotografar, gravar, filmar outros naturistas sem
permissão, causar constrangimentos ao se exceder na ingestão
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

de bebidas alcoólicas, e até mesmo deixar lixo em locais impróprios


ou provocar danos à fauna e à flora.
Ficar nua na frente do espelho já foi uma evolução enorme pra
mim, logo eu, que sequer conseguia olhar pra minha barriga tomando
banho. Agora, ficar nua em um local que tanto me conectou comigo
mesma, a praia, foi uma das experiências mais lindas da minha vida!
Foi como se eu voltasse a ser criança, sem nenhum trauma do meu
corpo. Foi como quando eu caí andando de bicicleta pela primeira
vez. Fiquei com uma cicatriz enorme no meu joelho, mas eu nem
ligava, queria apenas brincar e cair quantas vezes fossem necessárias
apenas para me divertir. Me senti despida de todo o preconceito que
me impuseram, do que um dia me falaram que era o corpo ideal, do
corpo de praia. O meu corpo precisava e merecia passar por essa
experiência.

Olhava para o meu corpo e me lembrava de todo processo que


passei junto a ele. Todas as tentativas e punições para tentar
emagrecer e caber na sociedade. Olhava para o meu corpo e vi que
ele carregava tantas marcas quanto as ondas do mar. Descobri ali que
eu era um oceano sem nenhuma fronteira me impedindo e me
podando. Me senti a própria Moana, do filme da Disney, quando
descobre que pode sair da sua pequena ilha e desbravar o oceano:

Aqui sempre, sempre à beira da água


Desde quando eu me lembro
Não consigo explicar
BEM ME QUERO

Tento não causar nenhuma mágoa


Mas sempre volto pra água
Mas não posso evitar
Tento obedecer, não olhar pra trás
Sigo meu dever, não questiono mais
Mas pra onde vou
Quando vejo estou onde eu sempre quis
O horizonte me pede pra ir tão longe
Será que eu vou? ninguém tentou
Se as ondas se abrirem pra mim de verdade
Com o vento eu vou
Se eu for não sei ao certo quão longe eu vou
Essa luz que do mar bate em mim me invade
Será que eu vou? ninguém tentou
E parece que a luz chama por mim e já sabe
Que um dia eu vou
Vou atravessar para além do mar
O horizonte me pede pra ir tão longe
Será que eu vou? ninguém tentou
Se as ondas abrirem pra mim de verdade
Um dia eu vou saber quem sou
Compositor: Lin-Manuel Miranda

O momento que eu vou lembrar quando for velhinha foi quando


todo mundo junto correu para o mar. E ali ficamos livres como os
peixes.
7- Seria mentira falar pra você que ninguém vai reparar. Vão reparar
sim, porém haverá dois tipos de pessoas: as que vão te julgar e as que
vão te admirar. Esses tipos sempre vão existir em qualquer lugar
BEM ME QUERO

POR QUE NÃO SE ESCONDER POR MEIO DAS ROUPAS

Não se intimide. Você está fazendo algo por você e não por elas. No
capítulo "Como lidar com a opinião alheia" eu falo mais sobre como
realmente deixar de lado esses olhares ou comentários. Acredite: você
provavelmente estará sendo admirada por outras mulheres que
sentem a mesma insegurança que você. Por que não começar a
despertar leoas por aí também?
8- Quanto mais você usar, menos vai se importar. Realmente, quem
inventou que existe um corpo de praia não deveria nem chegar perto
da areia. Seu corpo é livre para ser como ele quiser e estar onde ele
bem entender. Não se prive. Pense somente o quanto você vai se
divertir, pegar aquela vitamina D, de que seu corpo tanto precisa,
ficar com aquela marquinha de garota de 15 anos que não tem boletos
para pagar, e o melhor de tudo, presentear seu corpo com um
mergulho no mar. Afinal, que sereia é essa que vive fora da água?
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR

Um dos grandes desafios para quem tem a autoestima baixa é o


medo de se relacionar. Eu me refiro aqui a todas as formas de
relacionamento. Quem não conhece aquela pessoa gordinha que é
engraçada ou que é super comunicativa? Queria muito não escrever
esse estereótipo aqui. Confesso que a cada linha que escrevo eu fico
triste de viver em uma sociedade assim. Quantas vezes eu tive que me
sobressair de outra forma de uma situação porque a pessoa mais
bonita era a detentora da fala? Queria escrever aqui que é coisa da
sua cabeça, que é você que tem que mudar a chave no seu
pensamento e não ligar para essas situações. Mas eu estaria sendo
idealista demais.
Observei uma enorme diferença no tratamento de muitas pessoas
comigo quando eu emagreci, mesmo as que eu já conhecia antes. De
uma hora para outra pessoas que não falavam comigo começaram a
se aproximar. Já chegaram a me dizer que não foram as pessoas que
mudaram comigo, fui eu que me tornei uma pessoa mais positiva e
menos frustrada. Mas se eu reduzir a situação a isso, eu estaria sendo
injusta comigo mesma. Há, sim, uma grande contribuição do meu
novo modo de enxergar a vida, mas a gente sente no coração quando
o tratamento é outro pelo fato de você "finalmente" ter se encaixado
em algum padrão. Como se AGORA, SIM, eu pertencesse a um grupo.
Como se eu ganhasse a minha vida social de volta.

Mais uma vez, é triste dizer que os desconhecidos na rua são mais
receptivos e cordiais. A única coisa que você quer fazer quando não
se gosta é passar despercebida, mas quanto mais você tenta, mais
você é notada e julgada com olhares cruéis.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR

Hoje eu finalmente me sinto despercebida, mas tudo isso porque eu


estou encaixada em um padrão. Me sinto livre ao colocar qualquer
roupa e sair na rua. Não usar nenhum artifício para tentar me adequar
é o mais livre que eu já me senti da própria adequação. É uma
dicotomia com que é difícil lidar e ainda mais difícil explicar. Acho
que só quem sente isso ou já passou por isso pode entender.

Ao se tratar de relacionamentos amorosos então... Nossa! Esse


está sendo um capítulo muito difícil de se escrever, porque já foi uma
ferida muito grande em mim. É ainda mais difícil receber diariamente
mensagens de mulheres dizendo o quanto não conseguem ter um
relacionamento devido ao corpo, ou que já foram rejeitadas e
humilhadas por homens. O depoimento que mais me machucou foi o
de uma esposa que era rotineiramente criticada por seu marido
porque seus peitos eram "murchos" e horríveis devido à sua gestação.
Eu fico incrédula! Até onde vai a capacidade do ser humano de ser
cruel? Ele insistia diariamente pra sua esposa colocar silicone, porque
era horrível olhar pra eles. A minha resposta não foi longa, apenas
quis muito abraçá-la e acolhê-la. Obviamente, eu a alertei para a
violência psicológica que estava sofrendo e que apenas ela tinha que
amar ou até odiar seu corpo, mas isso só cabia a ela.

Como disse a vocês, por longos anos tive uma pessoa muito
companheira ao meu lado e que permaneceu comigo magra ou gorda
porque ele gostava de quem a Gabriella era. A Gabi por fora era
apenas mais uma face, mas que não definia quem eu era. Mas mesmo
eu tendo um relacionamento sério, eu sentia falta de ser olhada,
enquanto as minhas amigas eram, ao estarem ao meu lado.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
DIFICULDADE DE ME RELACIONAR

Sentia falta de ser elogiada não só por homens, mas também por
mulheres. Hoje eu fico observando nosso comportamento enquanto
"elogiadores da aparência alheia" e te digo: somos péssimas nisso e
quando o fazemos, elogiamos pessoas que estão no padrão.
Primeiramente, não fomos ensinadas a admirar umas às outras.
Fomos ensinadas a competir. Até pouco tempo atrás, achavam ainda
que nos arrumávamos umas para as outras. Eu espero sinceramente
que as próximas gerações venham muito mais evoluídas nesse quesito
(deposito muita esperança nelas). Eu sou a prova viva de que um
elogio sincero muda o dia de uma pessoa. Quando elogiam então um
traço não-físico meu eu, fico pulando de alegria. Como meu dia
mudava quando era elogiada! A minha autoestima era baixa, eu me
esforçava para me adequar, por mais que nunca conseguisse, então,
ser ao menos reconhecida com um "nossa, eu amei a sua maquiagem"
já elevava minha autoestima imediatamente.

Hoje eu amo elogiar outras mulheres. Amo parar no meio da rua e


falar "nossa eu amei sua blusa, de onde é?" ou "você tem olhos lindo",
por mais bobo ou simples que pareça, um elogio verdadeiro é um
impulsionador para a busca da autoestima da outra. Muitas mulheres
ficam sem graça ou até assustadas, porque isso não é culturalmente
incentivado.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
NÃO SE DIMINUA PRA CABER

Com a dificuldade de se relacionar, caímos em uma nova


armadilha, a de se diminuir para ao menos receber um pouquinho de
amor, atenção, um pouquinho reconhecimento. Que perigo é ter
autoestima baixa! Em quantas situações podemos nos colocar a partir
disso. Mas já te adianto: nunca se diminua para caber. Ao menor sinal
de desinteresse, se retire. Você merece muito, porque você é muito!

Quando você se diminui para caber em alguma situação ou “em


alguém” é devido a uma falta que não é preenchida por você mesma.
A carência está ligada a construção do seu eu: o quanto você mesma
duvida da sua capacidade, o quanto você precisa da validação dos
outros para seguir seus projetos ou até mesmo se você se sente
confortável em ficar sozinha em casa durante um final de semana,
enquanto você olha no Instagram namoros supostamente perfeitos e
vida social badalada. É normal se sentir carente às vezes, mas não a
ponto de fazer de tudo para caber.
Aqui é muito importante que você saiba o conceito de solitude,
que nada tem a ver com solidão.
BEM ME QUERO

Solitude
Me ouvir na aglomeração dos meus pensamentos
Escutar aquela voz que insisto em reprimir e que
depois vem arrastada de “eu te avisei”
Aprender a lidar com as minhas emoções quando
menos quero lidar
Quando estou rodeada mas ninguém preenche
Saber afastar
Silenciar para enfim respirar
Ir pelo caminho mais incerto, mas caminhar de mãos
dadas com o instinto
Ser sua melhor companhia sem abrir mão de
companhias
Sentir o corpo balançar. Rir sozinha
Sentir a dor que você jura que pode pegar
“Vai ficar tudo bem“
E enfim encontrar a calmaria em tanta euforia

Gabriella Camello

Escute seu instinto e apenas se relacione quando haja


reciprocidade. É preciso que tudo fique claro para você, se você está
sendo tão valorizada quanto valoriza a outra pessoa. O
relacionamento é troca e doação de ambas as partes. Somente se
aproxime das pessoas que te aceitam como você é, com a sua
história, não minta ou omita suas partes, assim aos pouquinhos você
vai se distanciando de você mesma e se aproximando do outro.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SEXO E A VERGONHA DO MEU CORPO

Não minta para a tia Gabi aqui, não, porque eu sei que você posta
foto, gata garota, para impressionar os boys. E está tudo bem com
isso. Arrasa no lance! Mas... uma das milhares de coisas em que eu
me tornei livre foi ser quem eu quiser ser, inclusive pelo Instagram.
Quando eu comecei a postar por lá é ÓBVIO que bateu um medo,
uma insegurança de “caraca, nenhum homem vai me querer, vivemos
num mundo em que a primeira impressão é a que conta”. Insegurança
essa, passada por longos anos, através de “encolhe essa barriga,
senão nenhum homem vai te querer”, “fecha essa perna, mulher não
anda assim" e trocentas outras frases arcaicas e machistas.

Mas, vamos lá: eu sou muito mais que o meu corpo. Sou muito
mais que meus defeitos. Eu sou muito, dentro de uma Gabi só. E eu
não quero me relacionar com pessoas rasas. Por que eu iria querer um
homem que não gosta das minhas meninas (minhas estrias)? Quero
me relacionar com pessoas complexas, que estejam em processo ou
que já passaram pelo autoconhecimento, que estejam se livrando de
seus preconceitos e que estejam sempre em evolução. Será que eu
realmente estou escolhendo bem a pessoa com quem eu me
relaciono? Então a partir do momento em que eu tomo consciência de
quem EU SOU, isso automaticamente se desconstrói.

Quando eu abro a caixinha de perguntas no Instagram e coloco a


palavra "relacionamento", é sempre uma chuva de "Gabi, nao consigo
me relacionar de luz acesa", "Tenho vergonha do meu corpo na hora
do sexo", "Não sinto prazer com o meu próprio corpo, só de me olhar
já perco o tesão"... E é disso para pior.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SEXO E A VERGONHA DO MEU CORPO
É realmente muito difícil se destravar e se soltar com outra pessoa,
se, nem com você mesma, você se sente à vontade. Mas algumas
dicas podem fazer a diferença para você se soltar mais e não ficar tão
apreensiva com seu corpo:
1- Esteja minimamente segura, o máximo possível, com a pessoa que
você vai se relacionar. Aqui não digo que é preciso namorar, digo que
você tem que ter uma troca saudável antes de qualquer coisa. Uma
conversa legal, uma troca interessante. Saber, ao menos, se essa
pessoa é merecedora do mulherão que você é. Sua intuição sabe.
Perceba os sinais

2- Se você tem alguma insegurança com o seu corpo, eu sou do time


que acha que você pode, sim, ser vulnerável o suficiente para falar
"olha eu tenho vergonha da minha barriga". Ser sincera, logo de cara,
parece ser meio invasivo com você mesma, mas é muito melhor do
que na hora da relação você ficar toda incomodada e não aproveitar o
que deve ser realmente aproveitado. Se a pessoa for realmente legal,
vai te falar "tudo bem eu não ligo" ou pode ainda te surpreender ao
falar que sua barriga é linda. Acreditem, há sim pessoas maravilhosas
nesse mundo por mais que o comportamento machista nos diga o
tempo todo o contrário.

3- O que é considerado um defeito por você, pode passar


despercebido pelo outro. Garota, sabe quando a sua amiga chega pra
você e fala "essa espinha ta enorme na minha testa, parece uma
montanha" e você nem tinha percebido ATÉ ENTÃO? Pois é acontece
isso com você também. Você coloca tamanha pressão naquilo que
considera defeito, que o outro, que nem tinha percebido, passa a
reparar.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SERÁ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ TENDO UM RELACIONAMENTO TÓXICO
COM VOCÊ MESMA?

Tá na moda a gente dizer “relacionamento tóxico” quando se


direciona ao comportamento de outras pessoas. Mas será que você
não se trata assim? Como você pode identificar esses sinais?

1- Você vive se comparando a outras pessoas e fica sentindo que não


é bonita o suficiente, interessante o bastante, inteligente o suficiente,
criativa, poderosa, produtiva, etc

2- Se cobra perfeição em tudo que faz. Você não se permite aprender


coisas novas, se não pode dar o seu máximo. Ao errar, você fica
incrédula e se martiriza, não pratica autocompaixão e não se acolhe.
Perdoar a si mesma seus erros do passado é algo que não entra no seu
vocabulário.

3- Não consegue enxergar suas qualidades e não sabe lidar com


elogios. Se coloca para baixo o tempo todo. Não consegue enxergar
uma luz, por mais no final do túnel que esteja. Quando te elogiam, logo
tenta justificar ou sair daquela conversa.

4- Adora ser o centro das atenções de maneira prejudicial a você


mesma. Talvez você conheça aquela pessoa que gosta de contar
tragédia o tempo inteiro ou que adora uma doença. Essas pessoas têm
uma necessidade de atenção que elas mesmas não conseguem se dar,
Não conseguem preencher seu vazio de um outro jeito. Acabam se
tornando tóxicas para si mesmas e para os outros ao seu redor.
BEM ME QUERO

RELACIOMAMENTOS E O CORPO
SERÁ QUE VOCÊ NÃO ESTÁ TENDO UM RELACIONAMENTO TÓXICO
COM VOCÊ MESMA?

5- Está sempre se cobrando ou se exigindo de alguma maneira, como


por exemplo: aos 30 anos, estar em um bom cargo no trabalho. Ou se
pressiona a casar com qualquer pessoa porque “a idade está
chegando”! Ou supostamente deveria estar mais magra – e se já estiver
magra, acha que deveria estar fazendo mais exercícios, apesar de já se
matar na academia. Ou então, pensa que deveria comer menos e uma
série de outras exigências... Com isso você acaba adoecendo mental e
fisicamente. Está sempre cansada ou exausta. Começa a ter sinais de
ansiedade ou mesmo depressão.

6- Está sempre extrapolando os seus limites. Não sabe descansar seu


físico e seu emocional. Não sabe dizer “não”, com medo do que o
outro vai pensar ou com medo de magoar alguém. Não sabe respeitar
suas vontades, seus desejos e suas necessidades mais básicas. É capaz
de desenvolver ansiedade por querer tudo tão depressa e ainda fica
frustrada, porque procrastina. Um mix de sensações.

Esses comportamentos são tão perigosos porque, quando nos


colocamos nessa posição, ficamos extremamente frágeis e esgotadas,
podendo adoecer e atrair pessoas que não nos valorizam. Mas como
encontrar alguém que te valorize, se você mesma não se valoriza e não
mantém uma relação saudável com você?

Você é o relacionamento mais duradouro da sua vida. Então por que


não investir em amor-próprio?
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

Quantas vezes você já ouviu algo negativo sobre sua aparência e


aquilo te machucou a ponto de você se martirizar? Quantas vezes você
não tentou iniciar uma nova dieta e fizeram de tudo para te tirar do
foco? No almoço em família, então? Você estava prestes a pegar de
novo aquele pudim e te interromperam com um sonoro “eitaaaa, de
novo?” te deixando completamente constrangida. Ou mesmo um “seu
rosto é tão lindo!” esquecendo que você é um conjunto. Escutamos
“olha sua saúde, hein, menina! Faz uma dieta que você vai ficar linda!”
e por aí vai…
Eu perdi as contas do quanto essas frases já me machucaram e
despertaram gatilho para compulsão alimentar. Comentários
disfarçados de “eu quero te ajudar dando pitaco na sua vida”. Se
realmente essas pessoas soubessem o impacto que causam no nosso
emocional, pensariam dez vezes antes de falar.
Eu aprendi chorando, ficando revoltada, rebatendo críticas, ficando
calada, engolindo o choro, sendo agressiva, ficando sem reação, ou
seja, eu aprendi de todas as formas. E quero te mostrar como lidar
melhor ao escutar esse tipo de comentários.

Como já disse aqui, o processo terapêutico é maravilhoso, e se


conhecer é libertador, inclusive para você não ligar TANTO ASSIM para
certos tipos de comentários. Esquece isto de “falem bem ou falem mal,
mas falem de mim”. Isso é a maior mentira de todas! Nenhum ser
humano realmente gosta que outros falem mal, por mais que isso possa
trazer algum tipo de ibope. Ficamos, sim, incomodados e queremos
fazer de tudo para provar para o outro que ele não tem razão.
Gostamos por natureza de nos sentir pessoas
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

queridas e agradáveis, mas não conseguimos e nem vamos conseguir


agradar a todos e isso também é natural.
1- o que o outro diz sobre mim diz mais a respeito dele do que
sobre mim;

O processo de ressignificar suas marcas corporais tem o mesmo


caminho de entender essa frase acima. Quando eu entendo a origem e
a trajetória do meu corpo, eu consigo entender o porquê de cada linha
marcada nele. Quando eu entendo que o outro também carrega
mágoas, histórias não exploradas e feridas não cicatrizadas, eu me
compadeço e não trago pra mim. Como assim, Gabi? Por exemplo, uma
mulher que critica muito o corpo de outras mulheres, que critica
roupas, critica seu modo de se comportar, provavelmente, em algum
momento da sua vida, ela se privou da liberdade de ser, de usar tais
roupas, talvez foi tolhida por alguém, foi impedida ou reprimida. Isso
se tornou uma ferida, uma mágoa, então é mais cômodo, para ela, não
explorar tal sentimento e querer se aliviar despejando nas outras
pessoas.

Quando eu entendo que todo ser humano tem a liberdade de ser


quem quiser ser, desde que não intervenha no livre arbítrio do outro,
eu não julgo mais, não falo mal, não critico e não o reprimo. Quem sou
eu para fazer isso? “Ah mas é só um conselho…” A pessoa pediu o
conselho? Não? Então eu não tenho o direito. Quando percebo que
estou servindo de despejo de tais descontentamentos que nada tem a
ver comigo, eu me compadeço. Gostaria muito que essa pessoa fosse
tão livre quanto eu.
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

As pessoas estão muito infelizes com elas mesmas e doidas para


encontrar alguém para criticar ou apenas despejar o que elas não
conseguem suportar sozinhas. Quando escutar algo negativo, apenas
sorria. Você vai ver a diferença que faz.
"As escolhas que fazemos provocam uma
seleção natural das pessoas que nos
acompanham. Não se aflija. Muitas nos
deixarão, pois não se identificarão com o ser
que nos tornaremos. Mas outras chegarão."
Pe Fábio de Melo.
2- como lidar com comentários de pessoas que conhecem você?

Não podemos entrar numa de “não vou ouvir críticas". para evoluir
precisamos, sim ouvir, prestar atenção e saber acolher o que o outro
tem a nos dizer, por mais difícil que seja, se aquilo ficou martelando na
sua cabeça por dois dias, cinco dias, duas semanas há algo que te
intrigou e só vai ser importante pra você aquilo que o seu coração te
confirmar e você vai saber a hora, por mais que a nossa primeira
postura seja de nos defender da crítica. Lembra que a gente gosta de
se afastar dos sentimentos incômodos?

Mas e quando a gente já sabe que precisa mudar, que precisa, por
exemplo, emagrecer por saúde e, ainda assim, tais comentários ferem
como uma flecha? As pessoas que mais convivem com você e que te
conhecem há muito tempo – na maioria dos casos a própria família –
se sentem no direito de falar com você de qualquer forma. A rotina
proporciona isso. Por isso precisamos ser cuidadosos. É preciso dizer
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

com amor, com cuidado, com o verdadeiro propósito de ajudar e não


somente de apontar. O filtro da nossa história, ou seja, as minhas
feridas, as minhas inseguranças, me impedem de escutar o que eu
devo, não porque eu não quero, mas porque eu não estou pronta para
escutar aquilo ainda. O “combate por combate” não leva ninguém a
lugar nenhum. É preciso mais do que nunca praticar a caridade.

No meu processo de emagrecimento, por exemplo, eu não queria


tocar em assuntos que remetiam a saúde. Eu comia muito para
esconder as minhas emoções. Eu não queria sentir, não queria tocar
em um assunto para o qual eu não estava pronta ainda. Meu irmão é
profissional de educação física e também teve um grande
emagrecimento quando era adolescente. Ele era meu maior
“apontador”. Apontava, enumerando, tudo que eu fazia que ele achava
errado e que precisaria mudar. Falava que eu só comia porcarias e
todas aquelas frases que você já bem conhece. Aquilo não me fazia
comer melhor. Não fazia eu me interessar por ser uma pessoa mais
saudável e com saúde, ao contrário disso, me irritava, e eu comia mais.
Foi só quando ele parou de falar e começou a me mostrar com
exemplos que eu pude pensar em adotar hábitos mais saudáveis. Hoje
ele é um grande exemplo pra mim. Exemplo arrasta multidões!

3- Como ajudar uma pessoa que não quer ouvir?

Você está prestes a entrar num campo onde a própria pessoa não se
sente bem. Ela quer fazer de tudo para se esquivar daquele assunto.
Então, o que fazer? É preciso se questionar:
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

Eu estou levando realmente um apontamento de uma forma saudável?


Eu vou ferir a pessoa com o modo como eu estou dizendo? Quais os
caminhos que eu posso usar para dizer e mostrar isso a ela? A quem eu
posso pedir ajuda para conseguir fazer com que ela desperte? Será
que ela realmente quer ajuda? Que tal perguntar antes de apontar? Eu
consigo falar sem ser de forma superior, detentora do assunto, mas sim
de igual para igual? “Observe a diferença entre “Eu sei tudo sobre
alimentação, eu me alimento bem, estou exalando saúde” e “entendo o
que você está passando. Você quer ajuda para se alimentar melhor?
Quer que eu te ensine aos pouquinhos? Vi uma receita saudável muito
gostosa! Quer experimentar?”

4- Como saber filtrar quem eu devo ouvir ou não?

Citando mais uma vez a musa da minha vida, a Rainha Brené Brown
diz que só aceita e leva em consideração comentários de pessoas que
também estejam na arena, ou seja, se a pessoa não explora o
autoconhecimento, se não se permite ser vulnerável e não está lutando
para ser uma pessoa melhor, eu não devo acolher ou levar em
consideração o que o outro diz sobre mim.
Um outro modo de saber se é válida a opinião é o que Brene
Brown chama de Amigo-Estria: “carrego uma pequena folha de papel
em minha carteira com os nomes das pessoas cujas opiniões sobre
mim importam. Para estar nessa lista é preciso que você me ame por
minhas forças e minhas dificuldades, e seja o que eu chamo de
“amigo-estria”: uma relação que foi expandida e estendida de tal forma
que se tornou parte de quem nós somos, como uma segunda
BEM ME QUERO

COMO NÃO LIGAR PARA OPINIÃO ALHEIA

pele, e com cicatrizes para comprovar isso”. É para venerar ou não


uma mulher dessas!?
E pra você, quem são seus “amigo-estrias?” Com quantas pessoas
você realmente pode contar? Com quantas pessoas você já teve a
relação marcada na pele? Que te aplaudem no seu sucesso sem inveja
e te acolhem e motivam nos seus fracassos?
Escreva em um pequeno papel esses nomes e toda vez que você se
sentir insegura quando falam algo sobre você, abra-o e se questione:
devo levar em consideração a opinião dessa pessoa? Ela realmente se
importa comigo? Ela poderia falar comigo de outra forma ou tudo bem
falar desse modo? Eu deveria conversar abertamente com ela e falar
que acolho o que ela disse, mas que o modo como ela falou me
machucou? Ou tudo bem se essa pessoa foi mais dura?
BEM ME QUERO

Dentro do meu corpo


LIVRE
Hoje eu sou livre
Se por aí enxergam imperfeições
Eu chamo de liberdade
Sair do armário do meu corpo
Pra vida
Pra amar
Me curtir
Me orgulhar do que eu sou
Do que eu construí
E do que ainda posso fazer por mim
Me honrar

Da minha vida eu sou protagonista


Me escalei como coadjuvante
Medo. Opiniões. Alheias
Eu estava alheia a mim
Me deixei
Pra nunca mais
Como uma criança perdida me peguei pela mão

O medo e o erro passaram a ser meus aliados


Não são mais vilões
Discutimos nossa relação
Virei minha melhor professora
Quando erro?
Vamos de novo
E de novo e de novo
Até ser livre de novo
E de novo

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

PROPAGANDAS ENGANOSAS E O "PADRÃO


INSTAGRAM"
Como publicitária senti na pele a influência das propagandas na
minha vida. Na época em que eu trabalhava na área, eu não sentia o
quão mal eu estava fazendo, não só às outras mulheres, mas a mim
mesma. Eram revistas ensinando como a mulher deveria ou não se
portar no primeiro encontro; o que deveria comer para emagrecer em
15 dias e sempre o mesmo estereótipo de corpo: o magro.
Depois de todo o processo de aceitação do meu corpo, mesmo
fazendo cirurgias plásticas eu entendi que a imposição do corpo
padrão sempre vai existir. Lutar contra isso não é apenas nadar contra
a maré, é paralisar a sua vida. Propagandas enganosas sempre vão
existir, seja qual mídia estiver na moda. As revistas influenciaram a
minha adolescência, hoje é o Instagram e daqui a poucos anos virão
novos veículos e mídias que carregam as formas de imposição do que
é esteticamente aceitável pela maioria.
A única forma de viver livre dessa imposição é se conhecendo, se
amando e sabendo da importância que você tem. Em O Mito da
Beleza, a escritora Naomi Wolf, conhecida por trabalhos sobre
feminismo e democracia, diz que "uma consequência do amor-próprio
feminino é que as mulheres crescem convencidas de seu valor social",
ou seja, com amor-próprio não nos condicionamos àquilo que a
sociedade espera de nós, mas sim o que realmente queremos.

Crescemos vendo filmes da Disney em que as princesas são sempre


protegidas por outros e não por elas mesmas, que elas acordam se
achando lindas e nunca passam por uma TPM ou crise de ansiedade.
As heroínas sempre foram apresentadas como mulheres
BEM ME QUERO

PROPAGANDAS ENGANOSAS E O "PADRÃO


INSTAGRAM"
perfeitas, corpos esculturais e sempre dispostas a dominar o mundo.
Nunca ficaram sobrecarregadas por ter que conciliar tantas tarefas
sociais.
Até que veio a Fiona, do filme Shrek, um dos primeiros a falar sobre
aceitação corporal e liberdade de ser quem se é. O filme ainda assim
não é perfeito, ele contrapõe dois estereótipos a bela x a feia, mas já
foi uma grande evolução Fiona se libertar da torre sozinha e aceitar
viver uma vida feliz com seu corpo livre. A partir de então os filmes
foram evoluindo até chegar em Valente e Moana: livres, independentes
e que, finalmente, suas aparências não são as questões principais do
filme.

Não queira ser "Padrão Instagram"

Gel emagrecedor, cinta modeladora, creme redutor de celulites,


batom que inibe a vontade de comer, bases que somem com as rugas,
cremes para ficar com pele de bebe, shakes nutritivos e
emagrecedores.. São apenas alguns produtos de tantos outros que nos
cercam todos os dias. Só mudaram a forma de propagação: o veículo
de comunicação e a estratégia de venda, mas as vítimas continuam
sendo as mesmas.
Quando eu estava no meu processo de tentar emagrecer através de
todas as dietas existentes, as pessoas que eu mais seguia eram as
musas fitness. Tinha elas como inspiração física e meta de saúde. Mal
sabia eu que o buraco era mais embaixo. Ainda não estava na moda
perfis que falassem de corpos livres e saudáveis, de exercícios que
BEM ME QUERO

PROPAGANDAS ENGANOSAS E O "PADRÃO


INSTAGRAM"
que têm como foco principal a liberação de endorfina e manutenção
da saúde do corpo. Eu achava que sinônimo de saúde era isso: perfis
que focavam apenas na silhueta padrão.

Meus questionamentos giravam sempre em torno de "eu faço


exercícios todos os dias", "fico sem comer por horas", "faço tudo o que
ela faz", "o que tem de errado comigo?", "como não consigo atingir
esse corpo?" Frustração, sensação de impotência e a autoestima
baixava mais uma vez. Desistia de mim e descontava toda a minha
frustração na comida. "Nunca, Gabi! Você nunca vai conseguir ter o
corpo igual ao dela" e parava por aí. Hoje eu respondo mais a fundo:
Nunca, Gabi! Você nunca terá o corpo igual ao dela porque você não é
ela; não tem o biotipo dela; não tem a vida e a rotina dela; não é
patrocinada por marcas de comida ou professores de academia e mais
outras milhões de vantagens. Sem contar que fotos são alteradas no
Photoshop e em novos apps que surgem cada vez mais potentes para
disfarçar qualquer "imperfeição" que te incomode.

Por muito tempo eu já me editei nesses aplicativos. Em quantas


fotos minhas eu já afinei minha cintura, aumentei o meu quadril e meus
peitos, diminuí meu nariz e minha testa, aumentei minha boca! Fazia
uma cirurgia virtual em mim. O sentimento que eu tinha era de que a
outra pessoa me acharia mais bonita ou até mesmo eu ficaria mais
contente. Por que eu tinha esse desejo de aparentar ser quem eu não
sou? Realmente prefiro enganar a mim e ao outro? De onde vieram
essas imposições que eu tinha na minha cabeça? Por que eu precisava
parecer quem eu não era? Que cintura é essa impossível de
BEM ME QUERO

PROPAGANDAS ENGANOSAS E O "PADRÃO


INSTAGRAM"
conseguir? Afinal, quem criou essa cintura? Era assim que eu me
questionava até eu de fato parar, me impedir, me frear de tentar
parecer outra pessoa. Eu queria ser a Gabriella.
É normal que a gente se culpe e até deseje ter nascido homem,
afinal, "mulher sofre para ficar bonita e gasta muito dinheiro". Mas
temos que, mais uma vez, parar de pegar a culpa pra gente e até
mesmo parar de culpar umas às outras e, de uma vez por todas,
ressignificar essa prisão em que todas nós estamos inseridas, na qual
as mulheres mais velhas temem as jovens, as jovens temem envelhecer,
enquanto o mito da beleza inatingível impede o curso natural da vida.
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

"Bem maior, sem comparação, é a nossa


insensatez desconhecendo nosso valor e
concentrando toda atenção no corpo.
Sabemos muito por alto que nossa alma
existe, porque assim ouvimos dizer e a fé nos
ensina. Mas as riquezas que há nesta alma,
seu grande valor, quem nela habita – eis o
que raras vezes consideramos"
Santa Teresa D'À, Castelo Interior ou Moradas.

Não é à toa que uma das perguntas que eu mais recebo é “Gabi,
você tem filho?” As estrias são uma marca registrada da maioria das
mães. Minhas marcas não vieram de um amor nascido de mim, veio de
um período em que eu não tinha amor pelo meu corpo, mas o mais
incrível é que essas estrias viraram amor.
Separo um capítulo especial para as mães porque eu vejo o quanto
ressignificar as marcas e voltar a amar seu corpo se torna ambíguo:
amo amar o meu filho, mas não gosto da mulher que estou agora. É o
maior amor da minha vida, mas detesto o meu corpo. Essas questões
influenciam a sua feminilidade, principalmente no pós-parto, quando
toda a sua atenção se direciona ao seu filho e as mães acabam, muitas
vezes, se colocando em segundo, terceiro ou nenhum plano, seja no
âmbito pessoal, seja em seus relacionamentos com seus parceiros ou
mesmo solteiras, seja na retomada da sua vida social.
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

Apesar do processo de aceitação corporal delas ser bastante


parecido com o meu, precisei entender um pouco mais e fiz uma breve
pesquisa com mães que me acompanham. Abaixo as perguntas que fiz.
As respostas delas compartilho em seguida.

Perguntas:
- Sua gravidez foi desejada?
- Qual foi o momento mais difícil durante a gravidez?
- Qual foi o momento mais feliz durante a gravidez?
- Como foi seu parto?
- Durante toda a gravidez e pós-parto também, você se sentiu “menos
feminina?”
- Como foi lidar com seu corpo pós-parto?
- Hoje, como você lida com as marcas físicas que ficaram?
- Me conta o que mais te transformou como mãe?
- Você fez algum procedimento estético?
- Qual conselho você daria para as mulheres que não gostam do seu
corpo ou das suas marcas pós-gravidez?
- Você está feliz com a sua aparência?
- Como está a sua autoestima?
- Mudaria algo no seu corpo?

Me chamo Adriana.
Meus filhos têm 9 e 7 anos. A primeira não foi planejada, já a
segunda sim, pois queria fazer laqueadura.O momento mais difícil foi
na primeira gestação. Do 7° para o 8° mês eu literalmente dormi e
acordei com estrias, muitas, na barriga toda praticamente, foi
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

desesperador. Levei alguns dias para aceitar, tentei óleos para


amenizar mas não obtive sucesso. Mas a cada dia que passava a
ansiedade de ver o rostinho do meu bebê fazia com que eu
esquecesse e superasse esse ocorrido. Os dois partos foram cesárea,
por opção, na primeira eu engordei 26kg e na segunda 13kg, mas
nunca deixei de me achar feminina. Pelo contrário, sempre amei meu
momento gestante. O pós-parto, logo na primeira, foi um pouco
complicado. O pai dos meus filhos não me aceitava muito, chegou a
comentar com o pai dele que já não sentia mais atração por mim
(fiquei sabendo só depois que me separei). Após a separação tive
receio de não conseguir mais me relacionar (o que me levou a ficar
quase 5 anos solteira). Eu tirava força da vida saudável que meus
filhos tinham, do sorriso deles e de cada momento que era novidade
e aprendizado. Eu aprendi que um corpo bonito, sem marcas, não me
fazia mais ou menos mulher. Eu aprendi que as minhas marcas são,
na verdade, parte da minha história, elas contam a parte da minha
vida em que eu passei pelo bem mais precioso de uma mulher: gerar
uma vida. Eu nunca fiz nenhum procedimento estético, minhas
marcas me acompanham até hoje. Graças a Deus, eu encontrei uma
pessoa que me ama e me aceita do jeitinho que eu sou, que me
elogia e exalta tudo o que um dia foi motivo para outra pessoa me
deixar. Eu sou completamente feliz como estou, às vezes tenho
vontade de realizar uma mastopexia apenas por estética mesmo. Mas
não é uma coisa que me sinta mal. Eu diria a outras mulheres
mamães que se amem, se aceitem, aceitem as marcas de amor e de
vida de vocês, se fortaleça no sorriso dos filhos de vocês, na vida e
na saúde deles.
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

Lembrem o quão fortes são e especiais exatamente do jeito que são.


Marcas no corpo não definem caráter e com certeza somos mais do
que umas "ondinhas tatuadas em nosso corpo".

____

Me chamo Daniela, fui mãe aos 28 anos. Meu filho tem 2 anos.
Minha gravidez não foi planejada, mas desejamos muito quando
descobrimos. A gravidez toda foi muito difícil, pois sofri assédio moral
pesado no trabalho e isso me fez quase perder meu filho. O dia mais
feliz foi no dia que terminei de montar e decorar o cantinho do meu
filho. Foi a primeira vez que me senti emocionada, a ficha de que ele
estava chegando começou a cair naquele momento. Fiquei 16h em
trabalho de parto, meu marido estava ao meu lado o momento todo,
mas não tivemos suporte médico durante todas essas horas. Eu
desmaiava no meio de uma contração, já não tinha mais forças. E
nós não tínhamos respostas dos médicos, após dois plantões
seguidos, quando a médica da noite chegou, foi quem me
tranquilizou e meu filho nasceu após 01h. De parto normal, porém
muito difícil. Durante toda a gravidez e pós também. Durante a
gravidez consegui continuar me arrumando, mesmo com 17kg acima
do peso. As pessoas te mimam muito durante a gestação, geralmente
nos sentimos especiais. Já quando o filho nasce, a única pessoa do
mundo que te olha com carinho, é você mesma. (E olhe lá). Mas não
é fácil olhar pra nova mulher que você virou. Na verdade, na maior
parte do tempo, a gente esquece de ser mulher, somos somente mãe
e isso dói. O puerpério é o momento mais difícil
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

do mundo. Se olhar no espelho e não se reconhecer é assustador.


Acho que nunca vou esquecer, como foi me ver nua, dias depois que
meu filho nasceu. Eu chorava muito, dizia pro meu marido que queria
meu corpo de volta. Meu filho nasceu, quase no mesmo período que
a filha da Sabrina Sato, e eu ficava acompanhando ela linda no
instagram e eu nem conseguia ir ao banheiro direito. A comparação
novamente trazendo dor! Eu levei cerca de 6 meses para conseguir
vestir um jeans, e me cobrava absurdamente. Tentava treinar, mas
precisava parar com os seios cheios de leite. Eu fiquei com uma
flacidez bem grande na barriga. Quando eu engravidei, estava
pesando 49kg, tinha uma luta marcada, era atleta de kickboxing.
Estava abaixo do meu peso "normal", e isso teve um impacto muito
grande no meu corpo. Me causando uma diástase abdominal gigante
após o parto. Tive que primeiro recuperar a saúde do meu abdômen,
para depois voltar a treinar. Se tornar mãe muda a vida de qualquer
mulher. Cada mãe é única, não existe mãe melhor que a outra,
existem mulheres que maternam de maneiras diferentes. E sem dúvida
nenhuma a minha maternidade me fez alguém muito mais
compreensiva e mais acolhedora. Dá vontade de transformar o
mundo, só pra deixar um lugar melhor pro filho. Fiz muitas sessões de
carboxiterapia para amenizar a flacidez na barriga. Até ajudou um
pouco (bem pouco), mas foi mais prazeroso voltar a cuidar de mim,
de me olhar como mulher, do que o procedimento em si. Um conselho
que eu daria para as mulheres que não gostam do seu corpo ou das
suas marcas pós gravidez seria: se você não está feliz, tente
melhorar. Mas faça tudo por você, por saúde, afinal, para cuidar de
alguém, é
BEM ME QUERO

A LUZ QUE VEM DE DENTRO - PARA MÃES

necessário estar bem consigo mesma. Treine por você, coma


saudável por você, mas seja feliz no processo. Você não precisa
amar cada detalhe do seu corpo, mas você precisa agradecer por ele
ser tão forte ao ponto de gerar uma vida ou várias vidas.

Recebi dezenas de relatos e me emocionei com cada história e cada


sentimento. Mulheres são realmente extraordinárias! É impossível não
se empoderar com tamanha resiliência. Ouso dizer para as que não se
aceitam ou que estão com baixa autoestima: se coloquem, sim, em
primeiro lugar, mesmo você não sabendo como é possível. Ao se amar
profundamente estará pronta para oferecer o melhor de você e seu
filho(a) sentirá e receberá isso. "Uma mãe que irradia amor-próprio e
autoaceitação, na verdade, vacina sua filha contra baixa autoestima",
segundo Naomi Wolf.
Queria te falar hoje o quanto é bom se
preencher sozinha. Não é aquela coisa de “eu
sou autossuficiente e ninguém me completa”.
NÃO É SOBRE ISSO.

É sobre você ser sua melhor companhia e dar


risada dos seus pensamentos estranhos.

É quando todo mundo parece não te entender e


você compreender que precisa se acolher.

É sobre chorar quando aquela dor vier e


entender que a tristeza também faz parte de
você.

É quando sua mente está tão lotada de


pensamentos, que a melhor escolha é se
convidar pra tomar um café ou simplesmente
assistir Friends.

É se permitir ser você por mais estranha e


esquisita que pareça. Já tem gente normal
demais por aí.

É dançar quando tem vontade, e se amar na sua


intensidade.

É sobre não se culpar pelo que já aconteceu. Já


aconteceu. Já aconteceu. Já aconteceu. E
repetir até você se perdoar e seguir em frente.

É entender que nem tudo depende de você, mas


você pode fazer diferente POR você.

Não é sobre nascer de novo por mais que a


gente queira, mas sobre se dar uma nova
chance a cada dia.

Gabriella Camello
BEM ME QUERO

COMO SE AMAR NA PRÁTICA E CRIAR NOVOS


HÁBITOS"
Um dos grandes erros que cometemos quando queremos mudar o
estilo de vida, começar uma alimentação mais saudável, voltar a fazer
exercícios e até mesmo começar a se amar é ser radical. Cortamos
todos os alimentos que gostamos, passamos horas na academia,
recorremos e investimos em tratamentos estéticos que prometem a
felicidade. Nos punimos e dia após dia esquecemos de realmente
escutar o que nosso corpo e nossas emoções necessitam.
Queremos o resultado pra ontem, mas como vimos no decorrer do
livro esse processo é longo, contínuo e não será fácil. Uma das frases
que minha nutricionista, Isabel Vieira, fala é que "mudança é processo
e não evento". Novos hábitos demoram a ser adquiridos. Eu sei que
você quer uma mudança rápida em você. Eu também era assim… Mas
só ficava mais frustrada comigo mesma quando eu não respeitava esse
processo ou pior, caía em armadilhas que o mercado me oferecia e
acreditava em tudo, afinal meu desespero era grande.

Imagina você querer parar de beber refrigerante sendo que você


cresceu com uma Coca-Cola ao lado de todo bolo de aniversário, ao
lado de cada almoço de domingo. Esse hábito foi sendo construído ao
longo da sua vida, e, para seu cérebro entender que não beber
refrigerante é um novo hábito, necessitará de investimento de energia
e de tempo.

Imagina você crescer ouvindo que sua orelha era de albano ou que
seu peito é muito pequeno ou que estrias são horríveis. Isso passou a
ser um fato pra você, mesmo sendo mentira porque uma mentira
contada várias vezes passa a ser percebida como uma verdade.
BEM ME QUERO

COMO SE AMAR NA PRÁTICA E CRIAR NOVOS


HÁBITOS"
A todo momento você faz escolhas. A rotina faz com que a gente
utilize essas escolhas e atitudes mesmo que não tenhamos consciência
disso. Um dos livros que me ajudaram a perceber meus hábitos foi O
Poder do Hábito, de Charles Duhhig. "Os hábitos nunca desaparecem
de fato. [...] O problema é que nosso cérebro não sabe a diferença
entre os hábitos ruins e bons, e por isso, se você tem um hábito ruim,
ele está sempre ali à espreita, esperando as deixas e recompensas
certas."

E, como todo processo, ele deve acontecer aos poucos, treinando e


fortalecendo suas decisões por meio de atitudes, porém utilizando
sempre a autocompaixão. "Força de vontade não é só uma habilidade.
É um músculo, como os músculos dos seus braços ou pernas, e ela fica
cansada quando faz mais esforço, por isso sobra menos força para
outras coisas." Assim que optamos por amar nosso corpo, nosso
cérebro vai fazer de tudo para mirar no que não gostamos, nosso olhar
vai ser direcionado para aquela parte que insistimos em não gostar,
mas ao se tratar com paciência e ao utilizar a autocompaixão, esse
processo se torna menos sofrido.

Exemplo: Minha auto cobrança é tamanha, a ponto de me paralisar, e


fico o dia todo procrastinando. Meu cérebro já acredita que eu me
cobro demais, então isso é uma verdade. Ao invés de me martirizar por
procrastinar, vou tomar decisões concretas e não-radicais. Vou
comprar um planner, porém não vou colocar 30 tarefas para realizar no
dia, colocarei 5, no outro dia coloco 6, até atingir um número de
tarefas que eu considere confortável e que eu não paralise por me
cobrar demais. Entendendo que eu preciso descansar, fazer tarefas e
me superar.
BEM ME QUERO

COMO SE AMAR NA PRÁTICA E CRIAR NOVOS


HÁBITOS"

Me tratar com autocompaixão e ter uma comunicação não violenta


comigo mesma me faz ter respeito por toda minha jornada até aqui,
além de preparar o caminho para a futura eu. A comunicação não
violenta parte da ressignificação da forma que eu penso e das palavras
que eu escolho usar antes de tomar uma decisão. Para esse tema,
indico a leitura do livro Comunicação Não Violenta, de Marshall B.
Rosenberg.

O processo de retomada do amor-próprio é lento e, gata garota, você


é uma mulher e tanto para ser conquistada de forma simples! Tenha
calma, por mais que você esteja louca para se amar. Seja sua melhor
amiga durante esse processo e, mais que tudo, esteja presente nele.
Não queira viver somente no futuro, além de te trazer ansiedade, faz
com que você ache que você não importa HOJE. O hoje importa, sim,
e muito! Mesmo que ninguém te diga o quanto você é querida, mesmo
que ninguém te lembre todos os dias o quanto você é única e especial,
há uma pessoa dentro de você que te quer bem. Algumas chamam de
Deus, outras de Buda, Allah ou energia. Outras não acreditam em
nenhum desses e está tudo bem. Há algo dentro de você que quer
viver. E você deve honrar cada dia desse presente que você ganhou: a
sua vida. Use-a da melhor forma! Não deixe você mesma esperando!

Com todo amor, carinho e respeito do mundo,

Gabriella Camello
compartilha comigo o que
você achou desse livro?

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