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Synergismus scyentifica UTFPR, Pato Branco, 01 (1,2,3,4) : 1-778.

2006 110

VIABILIDADE DA AMOSTRAGEM PRESENÇA-


AUSÊNCIA PARA O ÁCARO-DO-
BRONZEAMENTO NA CULTURA DA ERVA-MATE
Alfredo de Gouvea(1); Guilherme Bertoldo(2); Carla
Felicita Zanella(3); Sergio Miguel Mazaro(4); Luis
Francisco Angeli Alves(5)
(1) Lic. Ciências Agrícolas, Doutorando em Agronomia, UTFPR-Campus Dois
Vizinhos. (2) Acadêmico do curso de Física, Universidade Federal do Paraná. (3)
Lic. Ciências Biológicas. (4) Eng. Agrônomo, Doutorando em Agronomia, UTFPR-
Campus Dois Vizinhos. (5) Biólogo, Dr. em Entomologia, UNIOESTE -Campus
Cascavel.

gouvea@pb.cefetpr.br; gb03@fisica.ufpr.br; carla.zanella@hotmail.com;


sergiomazaro@pb.cefetpr.br; lfaalves@unioeste.br;

Resumo - O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade


da amostragem presença-ausência para Dichopelmus notus
(Acari: Eriophyidae) na cultura da erva-mate, comparando-o
com sistema de amostragem por meio de contagem, no
estudo da dinâmica populacional. O trabalho foi realizado
em plantação comercial em Dois Vizinhos, PR entre agosto
de 2001 e julho de 2002, com coletas mensais de folhas de
diferentes partes da planta. A contagem dos ácaros nas
folhas foi realizada em laboratório com auxílio de
microscópio estereoscópico. Verificou-se a viabilidade do
uso do método de amostragem presença-ausência
desenvolvido na estimativa da densidade populacional de D.
notus em erva-mate, sendo que os resultados obtidos no
estudo da dinâmica populacional do ácaro por este método
são similares aos obtidos pelo método da contagem.
Palavras-Chave - amostragem binomial, Dichopelmus
notus, Eriophyidae.

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VIABILIDADE DA AMOSTRAGEM PRESENÇA-


AUSÊNCIA PARA O ÁCARO-DO-
BRONZEAMENTO NA CULTURA DA ERVA-MATE

1. INTRODUÇÃO
O ácaro-do-brozeamento da erva-mate Dichopelmus
notus Keifer (Acari: Eriophyidae) vem despertando interesse de
pesquisadores pela capacidade de rápido e intenso crescimento
populacional e pelos consideráveis danos ocasionados à cultura
(COLL & CÁCERES, 1995; GOUVEA et al., 2006).
Estudos sobre a bioecologia deste ácaro foram realizados
por vários pesquisadores utilizando diferentes metodologias. COLL
& CACERES (1995), estudaram a flutuação populacional deste
eriofiídeo em ervais na província de Missiones, na Argentina,
através da contagem do número de ácaros em uma área de 1 cm2
por folha, utilizando-se de cinco folhas maduras e duas folhas
jovens de 40 a 60 plantas.
Com objetivo de avaliar a localização de D. notus na
planta de erva-mate Chiaradia & Milanez (1998), realizaram em
Chapecó, SC, um trabalho utilizado a contagem do número de
ácaros em 12 folhas coletadas quinzenalmente, observando-se
uma área de 1 cm2 em cada folha.
Posteriormente Vieira Neto & Chiaradia (1999), realizaram
um estudo da distribuição de D. notus, também em Chapecó, SC,
efetuando a contagem do número de ácaros em uma área de 1
cm2 em cada folha, avaliando-se quinzenalmente 180 folhas
coletadas em 10 plantas por data de amostragem. A partir destes
dados os autores propuseram um plano de amostragem para D.
notus no qual remendaram a contagem do número de ácaros em
330 folhas coletadas em 110 plantas.
Por outro lado, Meneguzzi et al. (2002), desenvolveram
um trabalho também em um erval situado de Chapecó, SC,
através de leituras realizadas diretamente no erval, por meio do
método de varredura, utilizando lentes de bolso com aumento de
dez vezes, avaliado-se o número de espécimes em 1 cm2 em 5
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folhas em 54 plantas. Os autores constataram a necessidade de


realizar amostragens em talhões com área de aproximadamente
4.000 m2 para estimar a população de D. notus.
Mais recentemente Gouvea et al. (2006), avaliaram a
flutuação populacional e a distribuição espacial de D. notus, em
Dois Vizinhos, PR, avaliando-se 24 folhas em 15 plantas
mensalmente, através da contagem do número do ácaro por folha.
As dificuldades encontradas na avaliação populacional
deste eriofiídeo com a utilização do monitoramento baseado na
contagem de indivíduos são várias, e decorrem do reduzido porte
e pela ocorrência de picos populacionais em densidades altas,
tendo sido encontrados 2800 ácaros/folha (GOUVEA et al., 2006).
Isto demanda um gasto elevado de tempo, podendo resultar numa
estimativa imprecisa da população e sendo de difícil aplicação
prática (RIBEIRO et al., 1990; PERRUSO & CASSINO, 1997).
Como forma de minimizar a problemática foi realizado um trabalho
com dados coletados em um erval localizado em Cascavel no
Oeste do Paraná, propondo utilização metodologia presença-
ausência (binomial) onde se considera o número de amostras com
a presença ou não do ácaro e não o número de indivíduos por
amostra para avaliação populacional de D. notus (Gouvea, dados
não publicados).
Uma vez definido um plano de amostragem é necessário
repeti-lo em outras regiões com diferentes condições e validá-lo
(ZALOM et al., 1985; RIBEIRO et al., 1990), assim o presente
trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade do método de
amostragem presença-ausência para D. notus, comparando-o com
sistema de amostragem por meio de contagem no estudo da
dinâmica populacional, visando à obtenção de uma metodologia de
fácil aplicação contribuindo assim para o estabelecimento do
Manejo Integrado de Pragas na cultura de erva-mate.

2. MATERIAL E MÉTODOS
Os dados foram coletados em área comercial de erva-
mate, não tratada com produtos fitossanitários, com sistema de
cultivo a pleno sol, formadas por plantas de aproximadamente 11
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anos de idade cultivadas no espaçamento 3 Χ 3 m, implantada no


município de Dois Vizinhos, na região Sudoeste do Estado do
Paraná. A posição do erval foi tomada a partir da planta localizada
no extremo noroeste da área experimental, que se situa a 25º, 42’,
52’’ de latitude S e longitude de 53º, 03’, 94” W-GR e a 519 m
acima do nível do mar. O solo local é o tipo latossolo vermelho
distroférrico típico e o terreno apresenta em torno de 10% de
declividade média.
O trabalho foi desenvolvido durante o período entre
agosto de 2001 e julho de 2002 e foram avaliadas mensalmente 15
plantas escolhidas aleatoriamente. As amostragens foram feitas
retirando-se 24 folhas de cada planta em diferentes pontos, sendo
as plantas amostradas divididas verticalmente em três estratos
(inferior, médio e superior) e cada estrato, ou terço da planta, foi
dividido em quatro partes, coincidindo com quadrantes com
sentido norte, sul, leste e oeste. Além disso, em sete plantas as
coletas das folhas foram realizadas na região interna da copa das
plantas e as demais amostradas na região periférica. De cada
ponto foram coletadas duas folhas, uma jovem outra madura, que
foram avaliadas em suas faces superior e inferior. As folhas foram
etiquetadas, acondicionadas em sacos plásticos, levadas ao
laboratório e observadas sob microscópio estereoscópico.
A avaliação da disposição de D. notus na planta foi
realizada comparando a percentagem média mensal de folhas
infestadas de cada ponto de amostragem, e flutuação populacional
expressa em percentagem mensal de folhas infestadas com pelo
menos um ácaro foi comparada com fatores bióticos e abióticos
através de correlação linear. Os fatores bióticos correlacionados
foram as percentagens médias mensais de folhas com ocorrência
dos predadores Euseius concordis (Chant) e Iphiseiodes zuluagai
Denmark & Muma (Acari: Phytoseiidae) e Agistemus sp. (Acari:
Stigmaeidae) e os fatores abióticos foram temperatura,
precipitação pluviométrica, umidade relativa do ar e velocidade do
vento. Os dados meteorológicos utilizados na análise da flutuação
populacional foram coletados na estação meteorológica da Usina
Hidroelétrica de Salto Ozório, em Quedas do Iguaçu, PR.

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Para análise, os dados originais foram transformados em


arcsen(x/100)^1/2 e submetidos à análise de variância (teste F) e
as médias comparadas pelo teste de Duncan (P ≤ 0,05), utilizando-
se o programa estatístico SASM.
Para avaliar a distribuição espacial do ácaro no erval,
visando-se a amostragem binomial (presença-ausência),
determinou-se a variância e a média em cada data de
amostragem. Com base nestes dados utilizou-se a lei da potência
de Taylor (TAYLOR, 1961; WILSON et al., 1983; RIBEIRO et al.,
1990; PERRUSO & CASSINO, 1997), que descreve a relação
entre a variância e a média das densidades populacionais obtidas.
Os coeficientes a (fator de amostragem) e b (índice de agregação
da espécie) da lei da potência (S2 = a*X^b), foram estimados pela
análise da regressão dos dados da média (X) e variância (S2).
Para tal, a lei de potência foi lineariazada como: ln(S2) = ln(a) +
b*ln(X). Em seguida foi avaliada a relação entre a proporção de
folhas infestadas com pelo menos um ácaro, e o número médio de
ácaro por folha utilizando o modelo matemático proposto por
Wilson & Room (1983), representado pela equação: P(I)=1-
exp{X/[a*X^(b-1)]*ln[a*X^(b-1)]}; onde P(I) é a proporção de folhas
infestadas com o ácaro, X é o número médio de ácaro por folha, e
a e b são os coeficientes de Taylor. A curva prevista pelo modelo
matemático foi avaliada através da análise da regressão entre a
proporção de folhas infestadas estimada e a proporção de folhas
infestadas observadas no campo.
O número de amostras requeridas n foi determinado em
função da densidade média a partir da equação:
n=(β/D)^2*P(O)/P(I) (WILSON et al., 1983).
Onde D corresponde à precisão admitida, neste trabalho
foram escolhidos D = 0,1 e D = 0,2, P(O) é a probabilidade de não
encontrar ácaros nas folhas, relacionada a P(I), por P(O) = 1 - P(I),
e β é o valor da variável z para o qual Z(z) = 2β, sendo Z(z) a parte
superior da distribuição normal padrão: Z(z)=1/2*{1-erf[z/(2^(1/2))]},
que foi escrita em termos da função Erro:
erf(z)=2/[π^(1/2)]*int(exp(-t^2),t=0..z), neste trabalho foi escolhido β
= 0,05, o que implica em β ≈1,28155156.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A distribuição espacial de D. notus foi agregada, tendo-se
como base o valor de b = 1,744 (Fig. 1) significativamente maior
que 1 pelo teste t e o valor de a = 28,19 considerado elevado,
ambos coeficientes obtido através da relação entre a variância e a
média (WILSON & ROOM, 1983; WILSON, 1985).
Os valores dos pontos P(I) da curva, estimados pelo
modelo proposto por Wilson & Room (1983), com base no número
médio de ácaro por folha e a relação variância/média, aumentou
com o aumento da densidade média de ácaro por folha (Fig. 2),
confirmando o comportamento agregado de D. notus (WILSON,
1985). O ajuste do modelo utilizado avaliado pela análise da
regressão entre a proporção de folhas infestadas estimadas e
observadas (Fig. 3), explica em 74% a variação do modelo,
indicando que a proporção de folhas infestadas estimadas pode
ser usada como indicador do número médio de ácaros por folha.
Os resultado obtidos estão de acordo com os obtidos por Alves
(informação verbal), corroborando sua proposta de amostragem de
D. notus pelo método presença–ausência.
O número de amostras requeridas em função da
densidade média com um nível de precisão de 10% (D = 0,1) foi
muito elevado em baixas densidades (Fig. 4). No entanto,
adotando-se D = 0,2, ocorre uma redução considerável no número
de amostras requeridas, viabilizando sua aplicação prática. Assim,
a partir de dois ácaros por folhas é necessário que sejam
amostradas 226 folhas, um número pequeno, considerando a
necessidade de avaliar apenas a presença ou não do ácaro. Os
números de amostras requeridas obtidos estão próximos aos
obtidos por Gouvea (dados não publicados), que para uma média
de dois ácaros por folha constatou a necessidade de amostrar 216
folhas.
Comparando-se de ocorrência de D. notus em diferentes
partes das plantas, contatou-se que a percentagem de face inferior
de folhas infestadas com D. notus foi maior de que face superior.
Também pode ser contatado que a percentagem de folhas
infestadas coletadas nos estratos inferior e médio da planta foi
maior que a do estrato superior. Não foi observada diferença nas
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percentagens de folhas infestadas, o que indicaria preferência do


ácaro por orientação de quadrante ou profundidade na copa. Estes
resultados permitem tirar as mesmas conclusões obtidas através
da análise por meio do número médio de ácaro por folha
(GOUVEA et al., 2006).

14

12 ln var. = 1,744 ln méd. + 3,339


2
10 R = 0.9757
a = 28,191
8 b = 1,744
n = 29
ln Variância

6 F = 61.799**
4

2
0

-2

-4

-6
-6 -4 -2 0 2 4 6
ln média

FIGURA 1- Relação entre o logaritmo neperiano da variância e o da densidade média (nº de


ácaros/folha) de Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae) em folha de
erva-mate Ilex paraguariensis St, Hil, (Aquifoliaceae), de agosto de 2001 a
julho de 2002, Dois Vizinhos, PR.

Com relação à preferência por folhas de diferentes idades


contudo, os resultados não estão de acordo (Tabelas 1 e 2), não
sendo possível diferenciar estatisticamente a percentagem de
folhas jovens e maduras infestadas com D. notus, sendo que na
avaliação feita considerando o número médio de ácaros por folha
(GOUVEA et al., 2006) contatou-se a preferência do ácaro por
folhas maduras. Isto pode se dever ao fato de que as folhas novas
de Ilex apresentam alto teor de saponinas (POTTER &
KIMMERER, 1989) que não impede a sua colonização, mas
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interfere no desenvolvimento do ácaro e por conseqüência sua


densidade. Além disto, do total do número de ácaros 96,3%
ocorreram por ocasião da emissão de folhas novas, que iam sendo
colonizadas à medida que brotavam, contudo os ácaros presentes
nesta folhas ainda se encontravam em baixa densidade.

0,7
Proporção de folhas infestadas

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 50 100 150 200
Nº médio de ácaro por folha

FIGURA 2- Relação entre a proporção de folhas infestadas P(I) e o número médio de


Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae) em folha de erva-mate Ilex
paraguariensis St, Hil, (Aquifoliaceae), de agosto de 2001 a julho de 2002,
Dois Vizinhos, PR.

Na análise da flutuação D. notus em relação aos fatores


bióticos e abióticos, obteve-se coeficientes de correlação
significativos entre a percentagem de folhas com D. notus e a
percentagem de folhas com os predadores fitoseídeos, indicando
interações entre eles (Tabela 3) e também quando comparados
com os fatores climáticos: umidade mínima e máxima do ar e
velocidade média do vento, indicando a influência destes fatores
sobre o desenvolvimento do ácaro. Resultados semelhantes foram
obtidos por meio da análise do número médio de ácaro/folha
(GOUVEA et al., 2006).

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0,7
P(I) calc. = 0.9013 P(I)obs. + 0.0367
2
0,6 R = 0.7392
n = 29
0,5 F = 3.022
P(I) Calculado

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
P(I) Observado

FIGURA 3- Relação entre as proporções de folhas infestadas calculadas pelo modelo


matemático e as proporções de folhas infestadas observadas de Dichopelmus
notus Keifer (Acari: Eriophyidae) em folha de erva-mate Ilex paraguariensis
St, Hil, (Aquifoliaceae), de agosto de 2001 a julho de 2002, Dois Vizinhos, PR.

TABELA 1: Percentagem de ocorrência de Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae)


em folhas de diferentes maturidade e face de folhas de erva-mate Ilex
paraguariensis ST. Hil. (Aquifoliacea), de agosto de 2001 a julho de 2002, em
Dois Vizinhos, PR.

LOCAL DE COLETA NA PLANTA


Maturidade % Face %
Jovem 12,5 Inferior 9,2a
Madura 14,4 Superior 4,7b
20,5 43,2
Médias seguidas de letras distintas na colunas diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan (P ≤ 0,05)

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1400
Nº de unidades amostrais (folhas)

1200

1000
D = 0,1
800 D = 0,2

600

400

200

0
0 50 100 150 200
Densidade média (ácaro/folha)

FIGURA 1- Número de amostras requeridas em função da densidade média e padrão de


agregação com nível de precisão D = 0,1 e 0,2 e α = 0,2 (tα/2 = 1,28155156) (d)
de Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae) em folha de erva-mate Ilex
paraguariensis St, Hil, (Aquifoliaceae), de agosto de 2001 a julho de 2002,
Dois Vizinhos, PR.

TABELA 2: Percentagem de ocorrência de Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae)


em folhas de diferentes quadrantes, estratos e profundidades na copa de
plantas de erva-mate Ilex paraguariensis ST. Hil. (Aquifoliacea), de agosto de
2001 a julho de 2002, em Dois Vizinhos, PR.

LOCAL DE COLETA NA PLANTA


Quadrante % Estrato % Profundidade %
Leste 13,0 Superior 09,7b Interna 11,2
Oeste 14,5 Médio 15,1a Externa 12,9
Norte 13,2 Inferior 16,7a
Sul 14,6
C.V. 19,3 29,3 36,9
Médias seguidas de letras distintas na colunas diferem significativamente entre si pelo teste de Duncan (P ≤ 0,05)

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TABELA 3: Correlações lineares simples entre percentagem de folhas com ocorrência de


Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae) e fatores bióticos e abióticos na
cultura de erva-mate, Ilex paraguariensis ST. hil. (Aquifoliacea), de agosto de
2001 a julho de 2002, em Dois Vizinhos, PR.

Fator biótico e abiótico Coef. de Coef. de Teste “t” para


2
correlação (r) determin. (r ) (r)
Folhas com fitoseídeos (%) 0,941** 0,886 8,806
Folhas com Agistemus sp. (%) 0,537 ns 0,289 2,014
ns
Precipitação pluviométrica (mm) -0,091 0,008 -0,288
Temperatura média (ºC) -0,282 ns 0,079 -0,928
ns
Umidade média (%) -0,538 0,290 -2,019
Umidade mínima (%) -0,638* 0,407 -2,618
Umidade máxima (%) -0,563* 0,317 -2,155
Velocidade média vento (m.s-1) 0,762** 0,581 3,722
ns
Temperatura mínima média (ºC) -0,466 0,217 -1,665
Temperatura máxima média (ºC) -0,263 ns 0,0692 -0,8621
** = significativo a 1% de significância pelo teste “t” de Student; * = significativo a 5% de significância; ns = não significativo

O monitoramento populacional do ácaro através da


simples observação se a folhas estão infestadas ou não, apresenta
um grande potencial de aplicação prática por apresentar as
vantagens de ser simples, fácil, rápido e conseqüentemente mais
barato.

4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos confirmam a viabilidade do uso do
método de amostragem presença-ausência desenvolvido para
estimar a densidade populacional de D. notus em erva-mate,
sendo que os resultados obtidos no estudo da dinâmica
populacional do ácaro por este método são similares aos obtidos
pelo método da contagem.

5. REFERÊNCIAS
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Dichopelmus notus Keifer (Acari: Eriophyidae) e causas do dano na planta de
erva-mate. In CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 16, 1998, Rio de
Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: SEB, 1998. p.1037.

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