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ISSN 2448-1734

HUMANIDADES SERTANEJAS
Revista do Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Etnociência. UESB-
CNPq

Volume 4 - Número 2- 2019


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ISSN 2448-1734

HUMANIDADES SERTANEJAS
Revista do Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Etnociência. UESB-CNPq
Volume 1 - Número 4 - 2019
4

GRUPO DE PESQUISA HISTÓRIA, SOCIEDADE E ETNOCIÊNCIA-CNPQ.


UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA.
NUCLEAS/UERJ – Núcleo de Estudo das Américas.
Revista Humanidades Sertanejas.

V. 1, N 4, Dez 2019
https://diadorim.ibict/handle/1/2256

Centro de Documentação e Informação do Campus de Jequié

Maria Luzia Braga Landim

Coordenadores Revista

Maria Luzia Braga Landim


Claudio Lúcio Fernandes Amaral
Tiago Landim d´Avila
5

EXPEDIENTE

Editor responsável

Maria Luzia Braga Landim

Conselho editorial

Alexis T. Dantas – UERJ/BR

Claudio Lucio Fernandes Amaral UESB/BR

Dejan Mihailovic – TEC/MONTERREY/MX

Edna Maria dos Santos-UERJ/IFCH

Johannes Maerk-UNIVERSIDADE VIENA / IDEAZ

Maria Luzia Braga Landim - UESB/BR

Tiago Landim d´Avila UFBA/FIOCRUZ

Revisão
A revisão e a opinião emitida nos textos são de responsabilidade dos autores.
Nenhuma responsabilidade pode ser atribuída por quaisquer ações e/ou efeitos que resultam da utilização do material, embora
tenham sido envidados esforços para fornecer informações que sejam pesquisadas, o conselho editorial não assume quaisquer
responsabilidades pela precisão, uso / abuso das informações dos autores, e/ou de suas interpretações.
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CATALOGAÇÃO NA FONTE

UESB/PERGAMUM

H918 Humanidades Sertanejas – Junho - 2018. Jequié – Bahia: UESB.


DCHL. CEDOIN. dez-2019.
V.1, N.3
79 p.

Anual.
Inclui bibliografia.
ISSN 2448-1734
https://diadorim.ibict/handle/1/2256

1. América Latina- Periódicos. 2. Ciências Sociais – Periódicos.


3. Etnociência - Periódicos I. Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia. II. Centro de Documentação e Informação de Campus
de Jequié.
CDD 980

Endereço eletrônico: mlblandim@msn.br


https://diadorim.ibict/handle/1/2256
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SUMÁRIO

Apresentação 8

ESTUDO DA MOBILIDADE ESPACIAL DE IMIGRANTES ITALIANOS NO


SERTÃO DA BAHIA: PERSPECTIVA DESAFIADORA DO MÉTODO
ETNOGRÁFICO. Profa. Dra. Maria Luzia Braga Landim UESB 10

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DO HPV: UMA REVISÃO


SOBRE FORMAS E FATOS Acadêmicas Ailana Santiago; Cinara Cruz; Prof. Dr.Tiago
Landim D’Avila UFBA 27

ESPAÇO PÚBLICO POSSUÍDO. Prof. Robério Chaves Pinheiro UESB.40

MENTOR: FIGURA INTRIGANTE NA ARTE REAL - OFICIAL FACULTATIVO NA


MAÇONARIA, MAS ESSENCIAL PARA O MAÇOM Cláudio Lúcio Fernandes Amaral
UESB, Mirela Santos de Oliveira C&E.55

A FISIOTERAPIA PREVENTIVA: LESÕES OSTEOMUSCULARES EM


CABELEIREIROS ESCOVISTAS. Fredson Almeida de Oliveira. 67

ORGANIZAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES: VOLTADAS PARA


O MUNDO DA BIBLIOTECONOMIA E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO. Edleide
Santos Assis, Eridiana Souza, Lexsandra Rodrigues, Deborah dos Santos Gomes Silva. 80

CAUSAS E CONSEQUENCIAS DE DISTÚRBIOS BIOPSICOSOCIAIS EM JOVENS


UNIVERSITÁRIOS: SOLUCÕES POSSÍVEIS PARA O ENFRENTAMENTO DO
PROBLEMA. Caroline Santos Adimarães, Isa Nascimento Sanches, Lelícia Kelly da Silva
Souza, Marta Luiza Sampaio Meira, Ysnaia Neves Miranda.93

AS CIÊNCIAS CENTRADAS NO CUIDADO HUMANO: A FISIOTERAPIA


TRANSCULTURAL. Ana Karolline Souza Vasconcelos; Caroline Santos Adimarães; Isa
Nascimento Sanches; Jarlan Santana de Souza; Maria Luzia Braga Landim UESB. 93

SAÚDE HUMANIZADA NO SUS: UMA VISÃO DO PACIENTE Angeli Souza de


Jesus, Maíra Santana Santos, Mariana Alves dos Santos. 102
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Apresentação

A Revista Humanidades Sertanejas, lançada em abril de 2014, pelo Grupo de Pesquisa


História, Sociedade e Etnociência, grupo certificado pela Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia, reúne estudos demarcados pelas linhas de pesquisa, e, tem como objetivo divulgar
os resultados obtidos pelos pesquisadores e acadêmicos de diversos cursos da Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia entre outras instituições que colaboram.

Relacionadas às linhas de pesquisa, 1.Política e Cultura, 2.Educação Sociedade e


Linguagem, e 3.Etnociência, neste segundo número, os estudos elaborados pelo Grupo visam
a conhecer contextos históricos e sociais de lugares recônditos da Região Sudoeste da Bahia,
aprofundar o conhecimento sobre as relações do homem, suas diversidades geográficas,
climáticas e culturais, imprimindo uma análise qualitativa da História e da Sociedade.

O Grupo de Pesquisa História, Sociedade Etnociência trata de questões vinculadas aos


povos, sociedades e culturas na América Latina, especialmente no Nordeste brasileiro, e têm
aproximado diversos profissionais e acadêmicos das ciências humanísticas e
interdisciplinares.

Debate as relações intrínsecas entre o global, regional e local, as estruturas culturais e


socioeconômicas considerando o impacto das novas mídias e tecnologias de produção,
distribuição, e consumo de produtos e serviços como fundamentais para o desenvolvimento
do sertão da Bahia.

Dessa forma, o Grupo tem realizado encontros regulares que culminam com o estudo
de temas transversais valorizando os princípios básicos da construção do conhecimento nas
populações humanas, seus ambientes, necessidades e possibilidades que resultam em
correlações entre a diversidade biológica e cultural.

As pesquisas publicadas no primeiro número da Revista Humanidades Sertanejas


evidenciam a necessidade de aprofundamento nos temas transversais que dizem respeito à
cultura, saúde e educação, e fatores que de certo modo podem impedir o desenvolvimento de
novas práticas políticas, econômicas e sociais.
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Para tanto, apresentamos à comunidade, a segunda amostra pública do Grupo de


Pesquisa realizada no I semestre de 2018, no Campus de Jequié, evidenciou a realidade local,
e os dados coletados preliminarmente serviram de embasamento para a construção de quadros
diagnósticos atualizados.

Propor metas e ações que disseminem informações e interaja com a sociedade por
meio de palestras, seminários, e amostras, por certo, desenvolverá o sentimento coletivo e o
espírito de cooperação nos indivíduos associados, e estenderá vantagens particulares à
sociedade, pelo ensino, pesquisa e extensão.

Os textos apresentados pelos participantes do Grupo de Pesquisa CNPq, História,


Sociedade e Etnociência, possuem opiniões e referências de responsabilidade de seus autores.

Os coordenadores.
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ESTUDO DA MOBILIDADE ESPACIAL DE IMIGRANTES ITALIANOS NO


SERTÃO DA BAHIA: PERSPECTIVA DESAFIADORA DO MÉTODO
ETNOGRÁFICO.

Profa. Dra. Maria Luzia Braga Landim- UESB mlblandim@msn.com

As investigações sobre os fenômenos imigratórios têm utilizado a etnografia para registrar e


compreender a mobilidade espacial, entre outras particularidades de indivíduos e grupos que
provocaram transformações, sociais, políticas e culturais. A Região Nordeste surge como
contingência histórica manifestada sucintamente pela literatura e não aprofunda aspectos
cruciais e termos conceituais nos modos de conceber e perceber os direitos humanos
fundamentais. O fluxo imigratório analisado sob o ponto de vista da conjuntura política dos
países envolvidos é distinto, pois alguns Estados brasileiros pretendiam suprir a mão de obra
escrava libertada. Nesse sentido, as estatísticas revelam como marco inicial a distribuição
espacial da população estrangeira por unidades da Federação e os primeiros dados censitários
nacionais, em 1872. Contudo, nos primórdios do Século XIX, a Província da Bahia já
elaborava projetos de colonização e imigração visando à ocupação de vastas regiões
interioranas, incultas e inabitadas. Mas, no ano de 1823 episódios alheios àquele projeto
constituem capítulos inusitados de peninsulares no país, e referem-se ao exílio de degredados
do cárcere de Civitá Castellano como resultado de acordos entre o Brasil e a Itália para a
imigração de colonos. A legação imperial em Roma e a Sociedade de proteção aos emigrados
da Bahia foram obrigadas pelo governo pontifício a receber criminosos, assassinos apenados
perpetuamente, e presos políticos indultados. Entretanto, a imigração da segunda metade do
século XIX se refere ao êxodo de colonos durante as crises econômico-financeiras decorrentes
das guerras pela unificação do Estado italiano. Além da contribuição desse contingente
imigratório para o crescimento da população brasileira, em especial, no interior da Bahia, as
inovações tecnológicas agrícolas e as atividades comerciais emergiram e se tornaram vitais
para a consagração econômica da Província da Bahia, como a segunda maior exportadora de
cacau depois da Costa do Ouro (Gana, África Ocidental), em 1920. Entre mudanças
significativas, a criação de instituições são motes desenvolvidos pelas contribuições teórico-
metodológicas das ciências humanas e sociais e assumem metodologias qualitativas. Dessa
forma, interessa desvelar as articulações e mudanças experimentadas pelos cenários
transversais contemporâneos e instituir na prática a analogia entre a subjetividade e o
conhecimento teoricamente sistematizado.

Palavras chave: Imigração italiana, Método etnográfico, Jequié-Bahia.


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INTRODUÇÃO

A análise de políticas culturais inseridas pelos povos estrangeiros revela uma


contribuição formal ao saber científico em torno dos processos de construção de novas
identidades e troca de saberes, globais e locais. Vinculadas às hierarquizações sociais e
relações de poder que norteiam o hibridismo na América Latina, o objetivo deste trabalho é
introduzir aos estudos de aproximações étnicas no Nordeste brasileiro, novos paradigmas que
utilizam o método etnográfico, e fortaleçam os vínculos de pertencimento e memória coletiva
desta “América Mestiça”.
Não obstante, discutir as peculiaridades sociais e econômicas de uma região da Bahia,
outrora influenciada pelas imigrações, desencadeou o desenvolvimento econômico do Estado,
depois da chegada de europeus no século XIX. Aqueles estrangeiros implantaram o comércio,
impulsionaram as exportações mantiveram por período considerável o primeiro lugar no
fornecimento de produtos alimentícios, escoados pelas docas de Salvador para a Europa.
Naquele período, a cidade foi arrebatada pela força de trabalho do italiano pela
mobilidade de ideias, normas e valores cujo legado parece não ter sido repassado para outras
gerações que atualmente não cultivam hábitos, costumes e tipos de trabalho dos antepassados.
Dessa forma, investigar por meio da pesquisa etnográfica a tessitura contemporânea, um
aspecto evidencia a existência de um mercado de bens e serviços simbólicos, alimentado por
articulações ancoradas numa fértil experiência convertida por analogia aos descendentes.
Portanto, diante de tantos elementos e fatores que influenciaram as relações em
determinadas circunstâncias, consideradas como ponto de partida para a evolução, em Jequié,
cidade recôndita da Bahia, situada na região Sudoeste, faixa do Polígono das Secas, e
entroncamento com cidades circunvizinhas, chegaram os imigrantes italianos. Provenientes de
Trecchina, cidade italiana de origem datada do século V, com suas primeiras casas
construídas junto às ruínas de uma antiga colônia grega, na Basilicata, e durante séculos foi
cenário de memoráveis lutas que se estenderam até a unificação definitiva da Itália, vieram os
italianos para o sertão em busca de refúgio e acolhimento.
Nesse contexto, trata da construção de novas identidades, cuja análise comparativa
entre diferenças socioeconômicas e as modalidades culturais de imigrantes e habitantes
originários do lugar, ocasionou impasse entre a tradição e modernidade mesclando por
décadas, o patrimônio imaterial.
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Para entender de modernidade, é preciso analisar a estrutura


sociocultural das contradições. Contudo nos estudos e debates sobre a
modernidade latino-americana, a questão dos usos sociais do
patrimônio continua ausente. É como se o patrimônio histórico fosse
competência exclusiva de restauradores, arqueólogos e museólogos:
os especialistas do passado. CANCLINI (2000, p. 159).

As diferenças socioeconômicas alteraram a pirâmide social do mercado de trabalho


ocupado em boa parte por imigrantes que chegaram depois da ampliação das firmas italianas
em Jequié acompanhada de resistência dos sertanejos que revidavam com ofensas, e
enfrentamentos étnicos e culturais. A designação de “carcamanos” demonstrava a falta de
credibilidade atribuída aos italianos, sugerida pelo fato de que no ano de 1823 diante do
projeto de colonização amplamente divulgado pela Província da Bahia na Europa, as
primeiras propostas de imigração tinham como finalidade impulsionar o crescimento da
economia baiana e obter meios de fixar os imigrantes no local. Contudo, capítulos inusitados
da chegada de peninsulares à Província, apontadas pelas primeiras súmulas do projeto,
previam o cumprimento de cláusulas que tratavam da recepção, acomodação residencial e
posicionamento dos imigrantes nas frentes de trabalho.
Em 1836, a Sociedade de Proteção aos Emigrados, criada com a finalidade de
impulsionar a imigração, passou a ser dirigida por Vincenzo Savi de Spoleto com o apoio da
Legação Imperial Brasileira em Roma e sua congênere no Rio de Janeiro. Assim, firmaram o
primeiro acordo em 04 de novembro de 1836 para a vinda de imigrantes italianos
subvencionados pelo governo brasileiro. Contudo, episódios alheios e resultados
diferenciados para a imigração de peninsulares como colonos infringiam àquele projeto entre
o Brasil e a Itália.
A legação imperial em Roma e a Sociedade de proteção aos emigrados da Bahia foram
obrigadas pelo governo pontifício a receber criminosos, assassinos, criminosos apenados
perpetuamente, e presos políticos indultados ao exílio na Bahia de degredados do cárcere de
Civitá Castellano, e pejorativamente considerados desonestos pelos nativos que resistiam às
demonstrações de superioridade e herança trazida pelos chegantes a Salvador.
Entretanto, a imigração da segunda metade do século XIX se refere ao êxodo de
colonos durante as crises econômico-financeiras decorrentes das guerras pela unificação do
Estado italiano. Além da contribuição desse contingente imigratório para o crescimento da
população brasileira, em especial, no interior da Bahia, as inovações tecnológicas agrícolas e
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as atividades comerciais emergiram e se tornaram vitais para a consagração econômica da


Província da Bahia, como a segunda maior exportadora de cacau depois da Costa do Ouro
(Gana, África Ocidental), em 1920.
Discutir a influência das imigrações, peculiaridades culturais, sociais e econômicas de
no sertão da Bahia, tem como finalidade fazer um paralelo entre a construção de identidades
marcadas pela presença europeia que imigrou para a Bahia e as heranças deixadas na
integração com o povo nordestino, especialmente a força e qualificação no trabalho.
Entretanto, nesse momento, os sertanejos já eram incluídos no mercado de trabalho,
embora, em funções inferiores pela falta de experiência qualificada e escolaridade, e de forma
diferenciada como eram tratados os patrícios que vinham de Trecchina a convite dos
administradores do conglomerado italiano. Eram acolhidos em casa própria construída por
Vicente Grillo, visionário e baluarte das mudanças que recebia com moradia e recepção para
amplitude dos negócios com a chegada de amigos imigrantes.
As pesquisas demonstram que havia entre os imigrantes que rumaram para a Bahia um
projeto comum, lutar pela sobrevivência e pela preservação cultural de uma pequena e
dispersa comunidade. No período da cultura imigrantista se espalhava por todo o mundo. Os
integrantes tentava insuflar o espírito de defesa e identidade coletiva que trazia no seu bojo,
aliada à constante jovialidade e o insuperável otimismo. A bagagem, cheia de memórias
reforçada pela esperança de uma vida melhor acalentava um futuro de preservação às suas
origens.
Os resultados concretos podiam não ser imediatos porque foram planeados com o
coração mais do que com a razão. A pretensão não se limitava apenas a criar um espaço de
integração, mas, atar laços de fraternidade com os brasileiros e lançar pontes de ligação entre
os países. Os brasileiros entre confrontos e conflitos não desapontaram. Solidários e
interessados nas trocas de conhecimento usufruíram de ensinamentos técnicos e, se limitavam
a ajudar os italianos sempre abarcando a possibilidade apoiar e integrar novos espaços.
[...] as pessoas que estão juntas pertencem a culturas divergentes e a
características raciais muito diferentes, assimilação e amalgamento
não ocorrem tão rapidamente quanto em outros casos, o principal
obstáculo à assimilação cultural não são os traços mentais diferentes,
mas, sobretudo seus traços físicos diferentes. [...] (PARK, 1967, p.79)
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A manutenção da língua e das tradições eram questões menos pertinazes, já que se


tratava de países europeus onde se falava um idioma que começava a ser entendido com a
convivência. Quem imigrava para o Brasil trazia na bagagem, tradições mescladas de outras
paragens onde já havia passado.
Ao chegarem no Brasil os estrangeiros se empenharam por renovar tradições que
refrescavam suas memórias e recriavam hábitos cotidianos como forma de manter a
identidade cultural. A contribuição dessas práticas valia para a formação de um novo
elemento pessoal, e entrelaçava o espírito de solidariedade e conveniência social.
No dia a dia, a energia positiva, o humor, o gosto pelos costumes tradicionais e os
hábitos cotidianos, possibilitavam os mesmos traços de ambiência do país de origem. O
imigrante chegou à Bahia marcado pela tradição de trabalho e objetivos bem traçados de
qualidade de vida.
No interior, os imigrantes marcharam para o povoamento concedido pelo governo,
uma vez que as regiões incultas no interior da Bahia tinham grandes extensões de terra a
serem habitadas. A natureza hostil, a terra menos fértil por causa das intermitentes secas que
assolavam o sertão, e as adversidades culturais e sociais, não desanimaram os europeus.
Assim, em condições adversas, ocuparam terras áridas e secas transformando aquele lugar
inóspito, numa terra próspera, marcada pelas tradições culturais europeias, inclusive na
paisagem arquitetônica.
O espaço que antes era da natureza foi conquistado pelo imigrante, que passou a
cuidar dele como forma de manter viva a esperança deixada no país, uma vez que precisavam
alcançar os anseios de sobrevivência, independência e liberdade. A importação de materiais
diversos deu impulso à modernização nos trabalhos comerciais e domésticos. Os
equipamentos e produtos agrícolas foram sendo experimentados e adaptados à realidade local.
Os equipamentos e materiais eram consignados aos agricultores que repassavam suas
produções ao conglomerado que controlava os negócios regionais.
A rede criada nos processos de constituição de identidades e nacionalidades deu
origem a um conservadorismo decorrente da compreensão, das práticas e representações dos
agentes sociais, dos fatores que respondem às mudanças globais e aos papéis diversificados de
modernidade e modernização.
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Segundo CANCLINI (2000), a modernidade sugere uma etapa de desenvolvimento,


que apesar de histórica permanece na sociedade, embora a modernização cujos processos
sociais, econômicos, e politico-culturais constroem a modernidade, os programas de
renovação, experimentação e crítica de práticas simbólicas continuam disponíveis nas
sociedades.
[...] considera definidores da modernidade: emancipação, renovação,
democratização e expansão. Articulados de maneira irregular
representam uma modernidade insatisfatória, causadora de conflitos
na interação com as tradições vigentes. O hibridismo resultante
pontifica o dilema de entrar ou sair de uma modernidade repleta de
incertezas, cujo desafio debe concebirse ahora como la capacidad de
interactuar con las múltiples ofertas simbólicas internacionales desde
posiciones propias. [...] (CANCLINI, 2000, p.332).

A verificação da pertinência temporal no processo de ocupação do espaço, e da


identificação do tipo e formação, os níveis de integração econômica e política, as estratégias
de luta que contrastam se complementam, revelam fronteiras étnicas culturais demarcadas
pela experiência de complementaridades. Na reconstrução da nossa própria sociedade,
servimo-nos dos grupos sociais, com a intenção de compreender qual o processo que desvela
o alcance das lutas travadas que determinam a identidade cultural de um grupo.
Na época em que desembarcaram no Sul do Brasil, os imigrantes conheciam apenas o
que era oferecido pelo país acolhedor sem que tivessem conhecimento das condições de
trabalho a que se submeteriam nas fazendas de café, nas pequenas propriedades, como parece
se consagrar no período da grande imigração. Embora o Nordeste não tivesse exercido atração
sobre os colonos que vieram ocupar áreas predeterminadas, a não ser como exceção, caso
verificado em outra cidade da região sertaneja, os imigrantes vieram trabalhar em fazendas
definidas, mas em Jequié, os imigrantes vieram sozinhos, sem família e somente depois da
terceira geração se agregaram aos brasileiros pelo casamento.
O desafio era ascender na nova rede, dar prosseguimento aos projetos antes
elaborados, e requeriam uma organização formal e coletiva para gerar novas formas de
inclusão. Para tanto, realizar uma etnografia comparada se fez necessária, visto que de um
mesmo ramo de atividades em dois universos distintos, o brasileiro e o europeu, inseriram em
contextos histórico-culturais distintos, e responderam de formas diversas a modelos sociais
que pretendiam homogeneizar atitudes e procedimentos nas atividades comunitárias.
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A formação de novas classes sociais contribuiu para acentuar as distinções entre as


práticas comerciais, industriais, lideranças sociais e políticas, que decantavam um extrato que
prenunciava novas estratificações. Essa imbricação implicou muitas vezes em conflitos visto
que os grupos resistiam às mudanças, e de certa maneira interferiam na identidade construída
pelos antepassados.
No processo de adaptação o imigrante era visto com restrições, ao que se acrescem as
diferenças do novo ambiente, e dificuldades que foram dissipadas no decorrer da integração.
Embora existisse um resquício de diferença, o trabalho era o mote e tomava todo o tempo.
Não se tinha tempo para pensar na vida. Os imigrantes, decididos a extrair todas as
possibilidades que a terra pudesse oferecer, trabalhavam de sol a sol, sem dias livres ou
espaços para o lazer.
Os bens culturais integrados à vida cotidiana bem como a carga de valores históricos,
artísticos e sociais, permearam a construção de um futuro promissor e consolidava a formação
do conjunto de bens culturais pelo qual seria estabelecida a concepção solidária e a
cooperação recíproca. Diversificada, mas, com objetivos em comum, as comunidades
passaram a cultivar o sentimento de autoestima e exercício da cidadania com modos
autênticos e peculiares de expressões coletivas.
Os traços culturais, em qualquer época, se observados a partir do padrão cultural
instituído por uma sociedade se diferenciam dos padrões originais aculturados. Os resultantes
da aculturação revelados pelas novas normas e comportamentos sociais reproduzem nos
novos costumes, valores e significados concernentes ao desenvolvimento.
Mas, medir o alcance dos processos de aculturação e analisar suas variáveis é sempre
difícil. Sem comprometer os traços característicos essenciais do povo ou mesmo do seu
espírito de coesão nacional, a aculturação processar-se-ia sem desordem. Indícios podem ser
traduzidos como reveladores de dificuldades na assimilação, considerando-se que nos
resultados dos processos de aculturação “natural”, nenhum perigo correria o espírito e a
unidade nacionais.
[...] Aculturação e assimilação não são fases de um mesmo processo,
mas constituem aspectos correlatos e simultâneos, iniciando-se um e
outro desde que se estabeleçam os contatos entre os grupos.
Assimilação é referente ao indivíduo que passa a integrar um meio
cultural diferente; aculturação diz respeito às mudanças nas
configurações culturais. Assim, podemos definir aculturação como
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fusão de duas ou mais culturas diversas, dando origem a uma nova


cultura. [...] (DELLA TORRE, 1989, p.95)

Sob esse ponto de vista, podemos citar como exemplo a obra de Renato Ortiz
“Mundialização da Cultura”, quando é possível se conformar com uma cultura popular
internacional, a ocidentalização do mundo, a globalização do planeta.
Na interseção entre a vida pública e privada, no resgate do cotidiano e na celebração
de eventos, no trato com a vida e com a morte, sem despojar-se de suas raízes dispersas, os
imigrantes se integraram aos novos ambientes, às novas situações e comportamentos, criando
o próprio universo de inserção na sociedade local. Mantiveram-se fiéis ao país de origem,
pelo uso da língua, pelas tradições e lutavam para preservar a identidade cultural.
A construção de um espaço arquitetônico e social, a implantação de instituições
religiosas e sociais foi intermediadora nas situações de conflitos, no banditismo e processos
políticos. Mas, a criação de mecanismos diversos incluindo a mão-de-obra local contribuiu
para a integração ao contexto da sociedade. Os hábitos e costumes regionais mesclados com
os europeus como, casamento, alimentação, língua, jogos, festas, religião, danças, são
fenômenos que naturalmente se intercalaram.
Canclini (2000), ao longo dos sete capítulos da obra Culturas Híbridas recobre um
universo cultural abrangente, e orienta suas proposições para as infindáveis relações
produzidas e impulsionadas pelas culturas híbridas. Vistas sob o ângulo que conjuga a
sociologia, antropologia, história da arte e comunicação, as questões como a cultura erudita, a
popular e de massa; políticas culturais e mercado; estado e poder; modernismo sem
modernização; desafios da educação; processos simbólicos e bens artísticos permitem ao autor
a inserção no debate sobre o que se deve fazer para entrar e sair de uma condição de
modernidade geram crises e impõem radicalizações.
Responder aos ditames e interpretações sobre a assimilação e aculturação usando as
referências sociais, a análise ganha importância fundamental quando comparadas a espaços
específicos. Se considerarmos os dados demográficos, políticos, econômicos e etnográficos
que abordam diferentes temas como, identidade, cidadania, etnicidade, e fronteiras, os
conceitos revelam contingentes crescentes de vieses quantitativos e qualitativos na
experiência imigratória.
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Como base para refletir sobre os conceitos tradição e modernidade geralmente


apresentados como antagônicos, a nova versão de complementariedade é apontada como
proposição. Os acervos documentais, os patrimônios materiais e imateriais, as histórias orais
recheadas de características etnográficas registram costumes e hábitos de povos distintos,
mesclam culturas e constroem novas identidades.
O assunto em questão surge como contingência histórica pouco conhecida, em
decorrência da falta de métodos apropriados que analisem as singularidades culturais, os
novos valores e comportamentos depois das imigrações europeias ocorridas na região e
repercutem progressivamente no imaginário popular.
As desigualdades sociais têm promovido debates importantes sobre as categorias
marginalizadas no Brasil, embora, ainda insuficientes quando se tratam de inserção de jovens
em idade ativa para o trabalho. A situação vinculada a análise de experiências sociais
vivenciadas no Nordeste brasileiro, em especial no sertão da Bahia, reproduzem
manifestações que podem ser analisadas sob a perspectiva de criar novos meios de acesso que
minimizem esses problemas.
A preocupação com as mudanças que marcam uma sociedade numa determinada
trajetória e a importância dessas alterações com relação à sociedade devem estar baseados nos
propósitos reais e representacionais do campo discursivo dos interlocutores dos movimentos.
Diante das transformações sociais ocorridas em circunstâncias temporais remotas, o
desenvolvimento comercial estabeleceu confiabilidade regional, e a implantação de
instituições educacionais, sociais e políticas, em contraste, às configurações do momento,
estavam aquém de atingir as necessidades básicas de atenção à educação, saúde e trabalho. A
estrutura pela qual os sistemas simbólicos utilizavam os instrumentos de conhecimento e
comunicação para propiciar os avanços prescindiu a prática do poder estruturante por não
estar estruturado.
[...] A história de vida das sociedades europeias está relacionada com
a história das transformações e da função do sistema de produção de
bens simbólicos e da própria estrutura desses bens. Ao longo das
mudanças, formou-se um campo social, intelectual, cultural e
financeiro, que almejava a autonomia progressiva do sistema de
relações de produção, circulação e consumo do mercado de bens
simbólicos que ampliavam os sistemas de poder [...]. BOURDIEU
(1989, p.99)
19

As reflexões de BOURDIEU (1989), sobre a constituição dos campos de saber e poder


podem ser entendidas como representações sociais e não se abstém da neutralidade e da
relação com a experiência vivida. “A sociedade moderna busca o objetivismo funcional, para
analisar cada sujeito com sua função e dom”.
As representações e as formas específicas de expressão dos imigrantes caracterizam o
início da imigração, marcada pela formação de uma coletividade que usou o saber-poder
como estratégia de preservação da identidade. Logo após, através da inclusão de novos
valores na sociedade passaram a manter o controle regional, e estão massificados até hoje no
imaginário popular.
A população local passou a conviver com o “outro”- o outsider – reforçando laços
culturais e o sentimento de pertencimento. A integração entre imigrantes e habitantes locais
fortaleceu laços identitários sertanejos e promoveu a demarcação dos limites de poder.
Os sistemas simbólicos cumprem a sua função política de instrumentos de imposição
ou de legitimação da dominação, e contribuem para assegurar a dominação de uma classe
sobre outra (violência simbólica), dando o reforço da sua própria força às relações de força
que as fundamentam.
Novos paradigmas podem ser introduzidos às políticas de inserção ao mercado de
trabalho se forem analisados a partir de levantamentos e diagnósticos locais que indicam as
camadas e estruturas sociais, em mobilidade constante. Aspectos culturais e fatores de
distinção entre as imigrações em outras regiões brasileiras demostram que a população local,
de Jequié, a partir de 1878, passou a conviver com o “outro”- o outsider – e reforçou a mescla
de laços culturais, o sentimento de pertencimento e inclusão.
A integração entre imigrantes e habitantes locais fortaleceu laços identitários, que são
apontados pelo imaginário coletivo e pelas documentações que demonstram a resiliência dos
sertanejos como necessidade à inclusão laboral, e, os italianos desbravadores, baluartes do
desenvolvimento que deixaram um legado de prosperidade e evolução, a despeito da
demarcação dos limites de poder exercido sobre a população do interior baiano, os sertanejos.
A PESQUISA ETNOGRAFICA COMO MÉTODO E INSTRUMENTO DE
DISSEMINAÇÁO DA INFORMAÇÃO.
Segundo WILLEMS (1981), estudioso da imigração, “No imigrante, as combinações
de atitudes e valores que o prendem emocionalmente à sua cultura originária, só aos poucos
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podem ser substituídas por combinações novas, resultantes da aquisição de elementos


culturais estranhos. O ritmo da substituição varia em função da intensidade e frequência dos
contatos estabelecidos com a sociedade nativa. Em caso algum a perda da cultura originária
pode ser total e simultânea nas diversas esferas, do contrário a personalidade do imigrante
desintegrar-se-ia por completo”.
Partindo desse preceito, as controvérsias socioculturais que envolvem diferenças
étnicas, religiosas e outras, exigem a aplicação de metodologias inovadoras que gerem
transversalidade de temas e possam ser instituídas na prática educativa como analogia entre
aprender o conhecimento teoricamente sistematizado, e problematizar as questões da vida
real.
Da imbricação transversal que permite a troca de conhecimento entre povos distintos e
vem sendo tratada como extensão entre a assunção da diferença, a capacidade de união e
superação ante o inesperado e o desconhecido, optamos por ampliar o raio de conhecimento
acerca da imigração, e passamos a utilizar a pesquisa etnográfica para desvendarmos os
mistérios e informações invisíveis sobre a imigração nesse lugar recôndito que é o sertão de
Jequié.
A pesquisa etnográfica como método e instrumento de aprofundamento e
disseminação da informação tem por finalidade desenvolver pesquisas e ações de extensão no
âmbito da identidade e cultura, aprofundar o conhecimento por priorizar as sociedades
multiculturais caracterizadas pela complexidade de estrutura, organização e funcionamento,
cujos fenômenos experimentam variações, de tempo e espaço.
O tema motiva pesquisadores a se apropriar dos recursos metodológicos da pesquisa
etnográfica e das teorias antropológicas e penetrar nas vivências, experiências e significados
atribuídos às diversidades sociais e culturais da miscigenação no Brasil.
O espaço metodológico etnográfico, criativo pelos estudos, discussões e debates,
concentra-se nas descrições científicas de grupos culturais, e refere-se à análise de sociedades
humanas, sejam elas tradicionais ou modernas. Mapeia espaços físicos e sociais, observa
variações linguísticas, e peculiaridades de grupos em contextos sociais complexos analisando
comportamentos, normas, valores e crenças. Trata-se de metodologia qualitativa que teve sua
origem na antropologia cultural e atua principalmente com levantamentos que podem
distinguir as características dos grupos e em especial de suas individualidades.
21

A Pesquisa Etnográfica como campo de conhecimento e delineamento metodológico,


é reconhecida com um método na antropologia social e cultural que focalizam elementos
discursivos da narração, descrição, interpretação e compreensão, aplicados a análise de um
objeto de estudo, a fim de identificar abordagens que caracterizam contextos específicos.
A importância dos estudos etnográficos, a descrição do comportamento do indivíduo
no contexto social, cultural, no processo educativo e na interação social busca estabelecer o
espaço metodológico criativo, para discussões e debates. Como função básica observar as
características socioculturais do ser humano, refletir sobre elas, e como se organizam na
sociedade.
Para GEERTZ (1989, p. 20), praticar etnografia é como tentar ler um manuscrito
estranho, desbotado, cheio de elipses, incoerências, emendas suspeitas e comentários
tendenciosos, escritos não como os sinais convencionais do som, mas como exemplos
transitórios de comportamento modelado. A pesquisa social foge ao rigor matemático, ao
propor o estudo de fenômenos notadamente particulares no que diz respeito à experiência,
percepção e representação do sujeito social ou grupo que o vivencia.
A convergência das concepções de cultura e a ideia que norteia parte dos estudos sobre
a cultura considera que a partir de processos comunicativos e representativos em múltiplos
sistemas simbólicos, normas, valores, as visões e versões, estão em constante movimento. As
pesquisas sobre cultura demarcam a tendência de saber coletivo produzido por processos
cognitivos e comunicativos diferenciados, e, em função dos quais os indivíduos definem as
esferas que são denominadas de realidade.
A cultura é a própria identidade nascida na história, que ao mesmo
tempo nos singulariza e nos torna eternos. São índice e
reconhecimento da diversidade. É o terreno privilegiado da criação, da
transgressão, do diálogo, da crítica, do conflito, da diferença e do
entendimento. (CAMPOMORI, 2008, p. 78-79).
O método etnográfico de pesquisa conduz o espaço e tempo ao contexto do grupo
onde se desenvolvem os acontecimentos sociais e culturais que determinam a cultura. A
cultura indica padrão de símbolos, signos e representações tradicionalmente incorporados aos
hábitos e costumes cotidianos.
Os símbolos formam o sistema de concepções herdadas expressas em formas
simbólicas pelos quais os homens se comunicam, preservam e desenvolvem o conhecimento
que determina atividades a serem desenvolvidas na vida em comum. Os estudos
22

antropológicos interpretativos buscam explorar esses significados utilizando para isso o


método etnográfico, e como apontado por GEERTZ (1989), “As descrições culturais não
podem repousar na rigidez com que elas se mantêm ou na segurança com que são
argumentadas”.
Para sua efetivação, os diagnósticos regionais têm importância fundamental e podem
ser elaborados de acordo com procedimentos das pesquisas qualitativas, que visam discutir os
antecedentes históricos condicionantes e valores que tratam do homem e da compreensão de
suas diversidades culturais e sociais.
Conjuntos de rasgos distintivos materiais e espirituais, intelectuais e
afetivos que caracterizam uma sociedade ou grupo social. Ela engloba
artes e letras, modos de vida, direitos fundamentais ao ser humano,
sistemas de valores, tradições e crenças. (MONDIACULT; MÉXICO,
1982).

Na perspectiva da antropologia, diz GEERTZ (1989), no livro A interpretação das


culturas, o papel do pesquisador é descrever o discurso social, anotando-o, transformando um
acontecimento passado num relato para que seja consultado quando for necessário. O trabalho
etnográfico não implica, simplesmente, estabelecer relações, selecionar informantes,
transcrever textos, levantar genealogias, mapear campos, manter um diário. Essa posição
demonstra que as técnicas e os processos determinados não definem o empreendimento
etnográfico, mas o tipo de esforço intelectual que ele representa: um risco elaborado para uma
descrição densa.
“Um diário etnográfico, levado a cabo sistematicamente ao longo do
tempo de trabalho numa região, seria o instrumento ideal para este
tipo de estudo. E se, a par daquilo que é o normal e típico, o Etnógrafo
anotar cuidadosamente os pequenos e grandes desvios à norma, ele
estará a balizar os dois extremos entre os quais se movimenta a
normalidade”. (MALINOWSKI, 1981).

A Coleta de dados na pesquisa etnográfica precisa buscar a reconstrução das ações e


interações das pessoas envolvidas segundo seus pontos de vista, suas categorias de
pensamento, sua lógica. A busca de significações sobre o outro, os caminhos da pesquisa
devem ter seus próprios métodos e valores, admitindo outras maneiras de entender, conceber e
recriar o mundo.
Em suas reflexões metodológicas, ANDRÉ (1986) alerta para o cuidado do
pesquisador na utilização do termo etnografia, pois, esta envolve uma infinidade de outras
23

técnicas (anotações de campo, gravações de áudio e vídeo, questionários, entrevistas, diários


de campo, diários de alunos, estudo de documentos, documentos, e referências bibliográficas
etc.).
CONCLUSÃO
Parafraseando ANDRÉ, (1995, P.45), A pesquisa etnográfica caracteriza-se por um
contato direto do pesquisador com a situação investigada, na qual processos e relações
cotidianas são reconstruídos a partir da descoberta de novos fenômenos e eventos, e esta
modalidade de pesquisa, não pode limitar-se à descrição de situações, ambientes, pessoas, ou
à reprodução de falas ou depoimentos de colaboradores. Os pesquisadores buscam por meio
do perfil do sujeito social investigado, um estudo recente que busca a reconstrução de ações e
interações, ressignificações sobre pontos de vista de categorias de pensamento e lógicas.
Procura conhecer a base cultural da relação com o ambiente, à cultura de referência de
determinados contextos locais, a ancestralidade e a hibridação causada por grupos,
comunidades, tradições e costumes, que se mobilizaram no sentido de atravessar o Atlântico,
no caso dos imigrantes italianos, para ocupar o espaço físico sertanejo, de espaços incultos e
influenciar mudanças com significativas transformações progressistas.
As transformações sociais, econômicas, religiosas, culturais entre outras tem motivado
as ciências humanas e sociais a assumirem metodologias qualitativas, e interpretativas
indicadas pela quantidade de fontes e produtos informacionais advindo das tecnologias. A
cada década a capacidade de adentrarmos o espaço remoto da tradição introduz perspectivas
de assimilarmos as representações sociais, símbolos, signos e formas de poder, como forma
de desvelar o homem.
Portanto, identificar como o indivíduo/grupos/sociedades, percebe a realidade, e
reconstroem identidades em condições adversas, ao pesquisador permite estabelecer
estratégias de análise na superação dos entraves, das diferenças étnicas, e delimitar os
processos de aculturação ou assimilação. É de suma importância para a compreensão, a
manifestação dos indivíduos quanto à concepção de “cultura”.
Às percepções, perspectivas e significados que os indivíduos estabelecem em relação
aos acontecimentos cotidianos, podem mudar a ordem social e superar adversidades com luta
inserindo indivíduos aos grupos e sociedades as representações que contribuem na definição
24

de projetos, cujas perspectivas adentram o passado visando desvelar as formas estabelecidas


no presente.
Consolidando a cultura como centro de debates contemporâneos sobre identidade,
coesão social e desenvolvimento, nesse espaço de saberes, essa comunicação dialoga com os
aspectos que dizem respeito às representações sociais, culturas tradicionais e culturas híbridas.
Dessa forma, conhecer os meandros, as articulações e mudanças experimentadas pelos
cenários transversais e instituir na prática a analogia entre a subjetividade e o conhecimento
teoricamente sistematizado, os modos de vida, de agir, de sentimentos, sem mudar as
características oriundas de cada povo, a pesquisa etnográfica pode ser o elo de união entre a
tradição e a modernidade.

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27

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DO HPV: UMA REVISÃO


SOBRE FORMAS E FATOS

Ailana Santiago1; Cinara Cruz1; Tiago Landim D’Avila 2

Resumo

Introdução: O Papiloma Vírus Humano (HPV) é uma DST de destaque no mundo por
causarem a maioria dos casos de câncer de colo do útero. Metodologia: Uma revisão
qualitativa de literatura foi elaborada a partir de artigos, livros e manuais públicos. Os textos
foram selecionados através das palavras-chaves “enfermagem”, “HPV” e “prevenção” e
tinham que ter sido escritos entre os anos de 2008 e 2014. Referencial teórico: As formas de
prevenção e as ações governamentais constituem atividades imprescindíveis com o objetivo
de educar e proteger homens e mulheres do HPV. Assim, é de extrema importância a
conscientização da população na redução da transmissão do HPV e possíveis enfermidades
associadas ao vírus. Conclusão: A atuação do enfermeiro é importante na redução dos índices
do HPV e no acompanhamento dos pacientes infectados. Além disso, é necessária a formação
de uma equipe multidisciplinar para realizar ações diretas e indiretas para a prevenção do
HPV.

Palavras-chaves: Enfermagem; HPV; Prevenção; Saúde pública.

Abstract

Introduction: The Human Papilloma Virus (HPV) is a prominent STD in world that causes
most cases of cervical cancer. Methods: Articles, books and public manuals conducted a
qualitative literature review. To the texts selection, had been used the keywords “nursing”,
“HPV” and “prevention” and it must had been written between 2008 and 2014. Theoretical
framework: Prevention and government actions are essential to educate and protect men and
women from HPV. Thus, it is extremely important public awareness in HPV transmission
reduction rates and other possible diseases associated with the virus. Conclusion: Nursing
actions are important to reduce HPV-related rates and with infected patients monitoring. In
addition, a multidisciplinary team is required to perform direct and indirect prevention actions
for HPV.

Keywords: Nursing; HPV; Prevention; Public health.

1Discente do curso de enfermagem da Centro Universitário Jorge Amado em Salvador, Bahia, Brasil.
2Doutor pela Faculdade de Medicina da Bahia Universidade Federal da Bahia e Professor Adjunto.
28

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde mais de 1 milhão de pessoas adquirem


algum tipo de DST em todo mundo e a maior parte dessas doenças não apresentam sintomas1.
Dentre as DST mais prevalentes estão o Papiloma Vírus Humano (HPV) com mais de 290
milhões de mulheres portadoras, se tornando assim uma DST de destaque no cenário
mundial.2

Existem mais de 150 tipos subtipos de HPV reconhecidos e, destes, entre 30 a 40


causar alterações celulares ou teciduais em ambos os sexos. As principais regiões corpóreas
afetadas são os órgãos sexuais por possuírem abundancia em áreas de tecido mucoso e
epitelial, e, dentre as alterações estão à formação de condilomas, inflamações, neoplasias e
carcinomas. Os subtipos 16 e 18 são os mais representativos, pois causam a grande maioria
dos casos de câncer de colo do útero e peniano no mundo, com cerca de 70% das incidências3.

O maior risco para o portador do HPV são as coinfecções com outras enfermidades,
dentre elas os vírus da imunodeficiência humana (HIV), das hepatites (HAV, HBV e HCV) e
demais DST como, por exemplo, sífilis, tricomoníase, gonorreia e clamídia. Nestes casos, a
coinfecção entre HPV e outra doença enfermidade pode alterar o sistema imunológico de
forma que o organismo não seja capaz de controlar os estímulos, resultando num pior
prognostico do paciente ou no desenvolvimento de outros sinais clínicos e síndromes3.

Para o portador do sexo masculino, por seu sistema reprodutor ser externo, a
apresentação da atividade viral se resume, na grande maioria, na formação de condilomas
queratinizados, mais popularmente conhecidos como “verrugas”. O tratamento destes
condilomas é simplesmente baseado na sua remoção cirúrgica nas regiões afetadas, prática de
extrema importância pois é nesse local onde estão grande parte das partículas virais e
responsável pela transmissibilidade desta DST. Já as mulheres, devido a maior dificuldade de
visualização e o tropismo do vírus por células de mucosas, são mais propícias a evoluírem
silenciosamente para canceres de colo uterino, um dos mais significantes arrebatadores nos
índices de morbimortalidade causados por infecções virais3.

Apesar da infecção por HPV poder ser estabilizada e tratada, o vírus ou suas partículas
virais não são completamente extintos do organismo, permanecendo no sistema do indivíduo
para o resto de sua vida. Por estes motivos portadores do HPV necessitam estar em
29

acompanhamento por uma equipe composta por médicos e enfermeiros que melhore a
qualidade de vida do paciente e conscientize o portador da alta transmissibilidade e
periculosidade do vírus diante da população. Assim, neste trabalho avaliamos, de acordo com
a literatura, as medidas de prevenção mais utilizadas e eficazes contra o HPV e a importância
do enfermeiro na redução da transmissibilidade do vírus.

METODOLOGIA

MÉTODOS DE BUSCA

Para realização da revisão bibliográfica foi utilizado o método integrativo. A busca foi
realizada em banco de dados de acesso livre que possuíam trabalhos científicos e artigos
publicados em português nas bases de dados do DeCS, MeSH, MEDLINE/PubMed, SciELO
e LILACS.

Foram utilizados como critério de inclusão os trabalhos publicados em revistas


indexadas ou livros, que estavam disponibilizados em sua versão integral, artigos
experimentais realizados com humanos, do tipo ensaio clínico e/ou intervenção. Foram
utilizados descritores em português como “HPV”, “Papiloma Vírus Humano”, “prevenção”,
“atuação do enfermeiro” e “saúde pública”, em associação ou não. Após a identificação dos
artigos pelas palavras-chave foi realizada triagem através do título/resumos e foram excluídos
artigos publicados a mais de dez anos e que envolviam, em sua essência, experimentação
animal.

Por fim, como ponto de corte relacionado a avaliação da qualidade metodológica dos
textos, foram selecionados como adequados os estudos que apresentassem grupo de controle e
de discussão sobre o tema em estudo, e que demonstrassem resultados sobre a prevenção do
HPV.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Este trabalho também está de acordo com a Resolução nº 466/12 do Conselho


Nacional de Saúde, pois não envolve diretamente pesquisa com seres vivos. Além disso, está
de acordo com os aspectos do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem contidos na
30

Resolução do COFEN nº 311/2007, Capítulo III, que dispõe sobre o ensino, pesquisa e
produção técnico-científica.

REFERENCIAL TEÓRICO

O HPV

O HPV é um vírus que se infecta a pele ou mucosas, podendo afetar tanto homens e
mulheres e, dentre as regiões afetadas, estão células do epitélio basal da pele, dos tecidos ou
órgãos. Alguns dos subtipos virais epidermotrópicos podem ser localizados nas regiões das
mãos e dos pés se manifestando como, popularmente chamadas, “verrugas”. Os subtipos que
infectam mucosas por sua vez, afetam revestimentos da boca, garganta, trato respiratório ou
epitélio ano-genital, formando condilomas planos e/ou acuminados. A maior parte das
infecções por HPV são benignas e elas desaparecem espontaneamente entre 1 e 5 anos4.

EPIDEMIOLOGIA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2012) estima-se que o número de mulheres


portadoras do DNA do vírus HPV em todo o mundo chega a 291 milhões, e cerca de 105
milhões de mulheres no mundo inteiro terá infecção pelo HPV 16 ou 18 pelo menos uma vez
na vida. A infecção aparece principalmente em homens e mulheres sexualmente ativos, mais
preocupante no sexo feminino por poder causar canceres cervicais.

O câncer de colo do útero é uma doença grave, é caracterizado pelo crescimento


anormal de células do colo do útero, que é a parte inferior do útero que fica em contato com a
vagina. Quando ocorre o contagio com certos tipos de HPV, a mulher pode desenvolver
células anormais no revestimento do colo do útero5. Além disso, o câncer de colo do útero já
se encontra em terceiro lugar em número de óbitos no Brasil, perdendo apenas do câncer
mama e de pele. Este fato demonstra a importância da prevenção e do diagnóstico precoce
dessa doença, visando reduzir a ocorrência de novos casos de transmissão do vírus6.

Segundo pesquisas estima-se que, cerca de quinhentas mil a um milhão de pessoas


estão infectadas pelo HPV no mundo. No Brasil, existem de três a seis milhões de pessoas
infectados por este vírus e estimam-se 20 mil casos novos de câncer de colo de útero todos os
31

anos. Uma realidade que deve ser combatida com vistas a reduzir a incidência de mulheres
com câncer uterino7.

No Brasil, segundo a literatura, registra-se uma incidência de 14.3% por ano de


pessoas que desenvolvem infecção genital por HPV de alto risco, sendo que, desta taxa,
77,8% eram lesões escamosas de alto grau e 100% dos casos evoluíam para carcinoma4.
Quando é falado sobre a prevalência, os índices, no país, podem ser mais alarmantes quando
comparados as taxas mundiais (Tabela 1). Assim, a partir da classificação epidemiológica do
HPV é possível identificar a sua associação com o desenvolvimento do câncer do colo do
útero, tendo em vista, a importância do seu estudo com a forma de prevenção dessa patologia.

Tabela 1: Prevalência da infecção HPV em mulheres com citologia normal8.


Prevalên 95%
Local N
cia IC
Brasil 5.582 14,1% 13,2-
15,1
América do 17.500 13,2% 12,7-
Sul 13,7
Mundo 436.43 11,4% 11,3-
0 11,5

HPV Information Centre. Human Papillomavirus and Related Cancers – Brazil, Summary
Report 200910. IC: intervalo de confiança

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

A maioria das infecções por HPV é assintomática e auto resolutiva, ou seja, pelo
menos 80% delas regridem espontaneamente, sem evoluir para infecção persistente, com
potencial para evoluir para o câncer5. Caso não ocorra regressão em fases posteriores,
observa-se, em mulheres, a evolução para câncer de colo uterino dentre um intervalo de
tempo de 10 anos ou mais. O diagnóstico clínico da infecção, por sua vez, é difícil, pois a
maioria das mulheres infectadas manifestam a infecção de forma latente ou subclínica, não
havendo tratamento e favorecendo a livre transmissão do vírus9.

Vários estudos têm identificado os fatores de risco para a infecção HPV, que incluem
a quantidade de parceiros sexuais, início da atividade sexual, tabagismo, anticoncepcional
oral, outras DST como a Chlamydia e Herpes genital, inflamação crônica, imunossupressão e
32

paridade10. Outro fator determinante da infecção é a idade, havendo alta prevalência da


infecção quando o início da atividade sexual ocorre na adolescência. Entretanto, observa-se
uma resposta melhor quanto à imunidade após os 30 anos, independente do comportamento
sexual11.

PREVENÇÃO

Uma das estratégias utilizadas no Brasil será vacinar as meninas entre os 8 e os 14


anos de idade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a vacinação de
mulheres entre os 10 e os 25 anos de idade. Todavia, a vacina quadrivalente foi eficaz em
mulheres entre os 24 e os 45 anos que ainda não estavam infectadas pelos vírus pelos quais
foram imunizadas12.

O ponto de partida para a prevenção do HPV consiste na inibição ao contágio do vírus


pela administração de vacinas, uso de barreiras físicas nas relações sexuais e da remoção de
eventuais verrugas pela cauterização13. A prevenção do HPV se desenvolve em quatro fases, a
prevenção primária, prevenção secundária, prevenção terciária e a prevenção quaternária com
o objetivo de reduzir o contágio da doença e minimizar os danos à saúde decorrentes do HPV.

A prevenção primária tem como foco evitar o contágio da doença, ou seja, visam à
diminuição da incidência da doença com a finalidade de promover a saúde e a proteção do
HPV. através de programas apropriados para incentivar comportamentos saudáveis, como o
uso de preservativos e também o uso de estratégias de vacinação14.

A prevenção secundária consiste em um diagnóstico precoce e o tratamento imediato.


Refere-se ao conjunto de ações que visam identificar de forma precoce uma possível
anormalidade, além de tratar o problema no estágio inicial, ou seja, têm como objetivo reduzir
a prevalência da doença, por meio de um diagnóstico precoce e adequado tratamento visando
à limitação do dano15. Esse tipo de tratamento visa detectar precocemente lesões pré-malignas
por meio de programas de rastreio organizados na tentativa de identificar outras mulheres com
o vírus de forma precoce, evitando assim, o desenvolvimento de outras patologias
principalmente o câncer do colo do útero.

A prevenção terciária refere-se à reabilitação do indivíduo, ou seja, a realização de


ações que visam reduzir a incapacidade de forma a permitir uma rápida e melhor reintegração
do indivíduo após seu tratamento14.
33

Já a prevenção quaternária tem como objetivo evitar o sobre diagnóstico e o sobre


tratamento dos pacientes, de forma a diminuir a incidência da iatrogenia. Essa forma de
prevenção visa reduzir o desenvolvimento de outras patologias causadas pelo tratamento
inadequado ou uso de medicamentos desnecessários para o tratamento do HPV14.

A prevenção é a forma mais eficaz de combate as diversas doenças. Portanto, é


necessário conscientizar as mulheres da importância de um diagnóstico precoce com vistas a
evitar futuras complicações decorrentes do HPV, pois quando há o diagnóstico precoce mais
eficaz será o tratamento16. A importância do diagnóstico precoce é essencial para redução da
persistência e do progresso da infecção, ao lado da possibilidade de evitar a reincidência da
doença.

HPV E SUA VACINAÇÃO

As vacinas contra HPV são preparadas a partir de partículas virais semelhantes ao


vírus ou VLP (do inglês viral-like particle), utilizando-se da tecnologia recombinante,
oriundas da proteína L1 do capsídeo viral dos subtipos de HPV, altamente purificadas sendo
capaz de gerar resposta imunológica. Como as VLP não contêm DNA (ácido
desoxirribonucléico) viral, não estará apto de infectar outras células, para se reproduzirem ou
causarem doenças17.

O esquema básico de vacinação de ambas as vacinas consiste em três doses. Cada dose
contém 0,5mL e é administrada pela via intramuscular. A segunda dose deve ser administrada
1-2 meses após a primeira, e a terceira dose, 6 meses após a primeira15.

A vacina conhecida como quadrivalente previne contra quatro tipos de HPV: os tipos
16 e 18, que estão presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero, e os tipos 6 e 11,
que se encontram em 90% dos casos de verrugas genitais. O outro tipo de vacina é a
bivalente, específica para os subtipos de HPV 16 e 1815.

A tabela 2 apresenta os dois tipos de vacinas no Brasil, a vacina bivalente a vacina


quadrivalente e a descrição de sua indicação conforme aprovação da Anvisa e do Ministério
da Saúde.
34

Tabela 2: Tipos de vacinas de prevenção ao HPV15.


BIVALEN QUADRIVALE
TE NTE
Contra
HPV 16 e
18: Para Contra HPV 6,
mulheres 11, 16 e 18: Para
acima de 9 mulheres e
Indicação
anos 3 homens 3 doses
doses (hoje, 2 meses e
(hoje, 1 6 meses)
mês e 6
meses)
Colo do útero:
previne até 70%
dos casos.
Colo do
Canceres Vulva: previne
útero:
e até 50% dos
previne até
lesões pré- casos. Vagina:
70% dos
cancerosas previne até 60%
casos
dos casos. Ânus:
previne até 90%
dos casos
Verrugas Previne até 90%
genitais dos casos

As vacinas de prevenção ao HPV, a vacina bivalente e a vacina quadrivalente possuem


diferentes indicações e devem ser ministradas conforme orientação médica aprovada pelo
Ministério da Saúde. As principais diferenças encontram-se no tipo de vírus a ser combatido,
enquanto a bivalente combate o vírus tipo 16 e 18, a quadrivalente protege dos tipos 6, 11, 16
e 18.

Outra diferença refere-se ao local da lesão, a bivalente previne até 70% dos casos de
lesões no colo do útero, já a vacina quadrivalente protege lesões no colo do útero, vulva,
vagina e ânus e verrugas genitais além de poder ser aplicada também em homens. A tabela 2
apresenta a cobertura da vacina contra o vírus HPV no Brasil.
35

Tabela 3: Cobertura da vacina contra o


vírus HPV no Brasil de acordo com
idade e a dose18.
REGIÃO 2014
Norte 76,99%
Nordeste 85,96%
Sudeste 84,95%
Sul 85,16%
Centro Oeste 91,93%

De acordo com a tabela as adolescentes com idade de 13 anos são as que apresentam
menor adesão a vacina nas três doses.

A vacinação é defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal


forma de prevenção contra o HPV, já que o uso do preservativo previne, mas não garante
proteção total8.

O GOVERNO E O HPV

Disponível no Sistema Único de Saúde, a vacina, estimula a produção de anticorpos


específicos para cada tipo de HPV. O combate a infecção dependerá da quantidade de
anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da
infecção bem como a persistência do vírus durante um longo período de tempo. Entretanto, a
adoção da vacina não substituirá a realização regular do exame de citologia, Papanicolaou
preventivo). Esta é mais uma estratégia do governo para enfrentar o problema17.

A partir de 2014, o Ministério da Saúde lança a vacinação contra o HPV no Sistema


Único de Saúde (SUS). A vacina adotada é a quadrivalente, que confere proteção contra os
tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. O esquema de vacinação será o estendido, ou seja, 1º dose a
partir de março de 2014, 2º dose seis meses depois, e 3º dose cinco anos após a 1º dose. A
vacina será gratuitamente oferecida para adolescentes de 9 a 13 anos, nas unidades básicas de
saúde e em escolas públicas e privadas de forma gradativa. A partir de 2016, serão vacinadas
meninas de 9 anos de idade15.
36

A vacina atuará como um meio de prevenção ao câncer de colo de útero somente para
os indivíduos que previamente tiverem acesso a ela antes do início da vida sexual. Fora deste
contexto, o combate ao câncer cervical deve ser feito, ainda, por meio de detecção de lesões
precursoras e seu devido tratamento e seguimento clínico19.

O reconhecimento da importância do HPV e dos agravos associados emerge como um


novo desafio no âmbito da saúde pública, levando em conta as especificidades das formas de
transmissão e de manifestação ao longo da vida. Cabe salientar que o preservativo não elimina
totalmente o risco de contrair o vírus, e a recusa ao seu uso constitui sério entrave para os
programas de prevenção. Reforçando as tradicionais hierarquias de gênero, esta disposição de
recusa compromete a corresponsabilidade necessária entre parceiros, quando se trata da
prevenção do HPV20.

É importante ressaltar que a vacinação não substitui a realização do rastreamento


dentro dos prazos preconizados. Ao contrário, mesmo em países que já incorporaram a vacina
contra HPV, a recomendação é que todas as mulheres vacinadas devem continuar realizando o
rastreamento de Papanicolaou, com a mesma periodicidade e faixa etária preconizada
anteriormente nos protocolos de rastreamento desses países. 9

O ENFERMEIRO E O HPV

A importância em diagnosticar o HPV e tratar os pacientes antes que o vírus possa se


desenvolver e levar a um câncer do colo do útero é o novo desafio no âmbito da saúde pública
tendo em vista suas formas específicas de transmissão. Quando se trata de prevenção, o uso
do preservativo é uma das formas essenciais para evitar o risco de contrair o vírus. É nesse
momento que o profissional de enfermagem deve atuar junto aos programas de prevenção do
HPV, por meio de orientações a mulher e a família sobre as formas de prevenção ou de
tratamento. O acompanhamento do profissional de saúde é imprescindível no que diz respeito
à efetivação das ações governamentais voltadas ao levantamento das informações e atuação
direta na prevenção e diagnóstico do HPV21.

A importância dos enfermeiros que atuam nas ações de promoção da saúde e


prevenção deve considerar que suas ações fazem parte de um contexto e o agir desse
profissional no cenário da atenção primária à saúde no contexto das estratégias preventivas
37

tem fundamental importância no cotidiano assistencial da enfermeira que atua nas equipes de
saúde, a partir de suas atribuições, propostas pelo Ministério da Saúde21.

O enfermeiro que integra a equipe multidisciplinar na saúde pública, principalmente


no que concerne a patologia decorrente de vírus, requer maior atenção por parte dos
profissionais, pois tem importante papel de educação e promoção da saúde preventiva para a
população.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância em pesquisar o referido tema refere-se ao aumento significativo de


pessoas infectadas pelo HPV e que podem desenvolver câncer do colo do útero, tornando-se
imprescindível tomar medidas de prevenção contra o HPV a partir da adolescência.

As formas de prevenção e as ações governamentais constituem atividades


imprescindíveis com o objetivo de orientar e prevenir homens e mulheres sobre o HPV.

A importância do profissional de enfermagem quanto a prevenção do HPV refere-se às


atividades que auxiliem na redução da transmissibilidade do vírus. Por isso, é necessária a
formação de uma equipe multidisciplinar para realizar ações voltadas para a prevenção do
HPV, além de uma capacitação específica de forma a orientar a comunidade quanto às formas
de prevenção e tratamento do vírus.

REFERÊNCIAS

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infections. Geneva: World Health Organization, 2008. 28
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DA ROS, C. T.; SCHMITT CDA, S. Global epidemiology of sexually transmitted diseases.
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3
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NAKAGAWA, J. T. T.; SCHIRMER, J.; BARBIERI, M. Vírus HPV e câncer de colo de
útero. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, p. 307-311, 2010. ISSN 0034-
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38

5
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Nery, v. 14, p. 126-134, 2010. ISSN 1414-8145.
6
SOARES, M. B. O.; SILVA, S. R. D. Análise de um programa municipal de prevenção do
câncer cérvico-uterino. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, p. 177-182, 2010.
ISSN 0034-7167.
7
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Brasil: revisão sistemática. Revista de Saúde Pública, v. 44, p. 963-974, 2010. ISSN
0034-8910.
8
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internal/de5fs23hu73ds/progress?id=zUm2wowoOU >. Acesso em: 02 de abril.
9
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melhoria da qualidade do rastreamento no Brasil. Boletim Brasileiro de Avaliação
de Tecnologias em Saúde: 2011. 17 Acesso em: 15/01/2015.
10
FEDRIZZI, E. N. Epidemiologia da infecção genital pelo HPV. Revista Brasileira De
Patologia Do Trato Genital Inferior, v. 1, n. 1, p. 3-8, 2011. ISSN 2237-4574.
11
ROTELI-MARTINS, C. M. et al. Associação entre idade ao início da atividade sexual e
subseqüente infecção por papilomavírus humano: resultados de um programa de
rastreamento brasileiro. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 29, p.
580-587, 2007. ISSN 0100-7203.
12
COSTA, L. A.; GOLDENBERG, P. Papilomavírus humano (HPV) entre jovens: um sinal
de alerta. Saúde e Sociedade, v. 22, p. 249-261, 2013. ISSN 0104-1290.
13
NADAL, S. R.; MANZIONE, C. R. Vacina contra o papilomavirus humano. O que é
preciso saber? Revista Brasileira de Coloproctologia, v. 30, p. 237-240, 2010. ISSN
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14
INCA. Prevenção do HPV. 2015. Disponível em: <
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/progr
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15
BRASIL, M. S. Programa de Prevenção e orientação HPV. 2014. Disponível em: <
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/orientacao-e-prevencao >. Acesso
em: 02 de abril.
16
CORRÊA, D. A. D.; VILLELA, W. V. O controle do câncer do colo do útero: desafios para
implementação de ações programáticas no Amazonas, Brasil. Revista Brasileira de
Saúde Materno Infantil, v. 8, p. 491-497, 2008. ISSN 1519-3829.
17
ANDRADE, C. J. C. D. Avaliações econômicas do uso da vacina contra o Papilomavírus
Humano (HPV) em meninas adolescentes: uma revisão sistemática. 2010.
39

(Dissertação de Mestrado). Instituto de Medicina Social, Universidade Estadual do


Rio de Janeiro - UERJ, Rio de Janeiro.
18
DATASUS. Base de dados do DATASUS. Ministério da Saúde. Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde: Ministério da Saúde do Brasil 2015.
19
INCTHPV. Guia do HPV: Entenda de vez os papilomavírus humanos, as doenças que
causam e o que já é possível fazer para evitá-los. São Paulo: INCTHPV, 2013. 42
20
PAIVA, L. M. et al. Investigating precursor lesions of cancer of the uterine cervix in a town
in Rio Grande do Norte. 2013, v. 5, n. 5, p. 11, 2013-11-06 2013. ISSN 2175-5361.
21
MELO, M. C. S. C. D. et al. O enfermeiro na prevenção do câncer do colo do útero: O
cotidiano da atenção primária. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 58, p. 389-398,
2012. ISSN 2176-9745.
40

ESPAÇO PÚBLICO POSSUÍDO.


Prof. Robério Chaves Pinheiro
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Departamento de Saúde I / Campus de Jequié

RESUMO
As graves crises sociais desse mundo moderno apontam questões onde o homem e a natureza
confrontam-se através das suas relações com o meio em que vivem. A construção da
identidade de uma comunidade é influenciada pelo usufruto dos espaços públicos de uma
cidade enquanto elementos de relações culturais. O estudo discute os aspectos funcionais
desses locais públicos e as ações das instituições políticas nas construções de praças que
influencie na formação da identidade de um povo. As narrativas dos entrevistados e a análise
dos locais existentes indicam existir fragmentações do espaço que provocam a desordem
social, o esfacelamento e a sua apropriação através da violência e corrupção.

Palavras Chave: Espaços Públicos; Praças; Cidades; Cultura; Identidade.

INTRODUÇÃO

O homem enquanto ser humanista, e os espaços públicos humanizados, apontam a


necessidade de discutir as intermediações entre a natureza e o homem, suas relações com o
meio em que vive como pontos emergentes que possam indicar saídas para as graves crises
sociais desse mundo moderno. O contraponto dessas atividades às questões sociais, passa por
uma visão mais tradicional, quando o homem é considerado em toda sua essência. O contexto
de seu surgimento é marcado por uma sociedade capitalista, onde esse mesmo ser, é explorado
nas suas condições físicas e psíquicas em busca de produções sempre crescentes ao capital,
esquecendo que esse acúmulo de tarefas passa pelo bem estar daqueles que estão produzindo.
A identificação dos movimentos, fluxos e as diferentes formas de apropriação que as pessoas
passam a ter com o espaço que usa, é um passo para identificar essa relação. São espaços de
múltiplos usos, espaços contraditórios considerando o homem como ser individual e único nas
suas maneiras de pensar, sentir e viver o mundo que habita. Santos (1997) quando indica o
espaço total, fala de uma multiplicidade de influências superpostas, onde diz que “[...] o
41

espaço é maciço, contínuo, indivisível. Tão indivisível quanto a sociedade total, de que ele é o
território e com a qual sua relação é igualmente indivisível”. (p. 17 e 18).
As pessoas que passam e as que permanecem em tempos variados nos espaços públicos,
nesses espaços construídos, tornam-se sujeitos à discussão, quando consideradas a estética e a
funcionalidade desses locais. A humanização da cidade de uma forma geral, para essas
pessoas contraditórias, provoca a necessidade de soluções rápidas e em curto prazo para as
práticas sociais que dão significados e ressignificam esses espaços.
Como questão principal, apontamos a necessidade de discutir as questões políticas e da
violência que permeiam nas definições dos espaços públicos de uma cidade. A análise dos
espaços que mostram suas estruturas estéticas e localização espacial supõe existir um
distanciamento desses locais com as pessoas que transitam ou permanecem nesses espaços.
Essa descaracterização do espaço indica mudanças nos referenciais e comportamento de toda
uma comunidade, provocando o esfacelamento e a fragmentação do indivíduo.
O entendimento de que os espaços públicos de uma cidade sejam identificados enquanto
ponto de referência para os indivíduos, mostra que o usufruir desses locais como um simples
ato de consumo, o ir ou vir, o passar ou ficar, precisa ser equacionado. A construção de uma
identidade concreta a partir do lugar que possa representar uma referência na vida de cada
uma passa pela necessidade de redimensionamento e conteúdos definidos para as estruturas
modernas.
As cidades constituem vários tempos e interpretações, prometem e promovem
ambientes e experiências diversificadas. Cruzam diversidades, paradoxos, ambigüidades,
condições, virtualidades, variedades de vidas, de sonhos, de interpretações e fronteiras,
formando um universo que permite uma variedade imensa de recortes para análise. Seus
aglomerados urbanos, suas ruas, bairros, avenidas, praças, etc., criam condições de formas de
viver para todos que ali tem seus momentos. Os espaços são organizados com funções e
modelos diferenciados, subtendendo que a sua utilização possa vir a atender e contemplar os
tempos de vida de cada pessoa. É a história de cada um se processando nesse conjunto
indissociável e dinâmico de coisas e ações, onde tudo se transforma de forma condicionada.
Ianni (1997) nos mostra que na cidade, as pessoas, a coletividade de uma forma geral,
lhe conferem as suas formas e movimento, tensão e vibração, faz o seu colorido e produz o
som. Considera uma “[...] fábrica de preconceitos”, quando identifica formas de intolerância,
discriminação, racismo, opressão ou tirania, ou seja: quando na mesma escala em que se
desenvolve a diversidade e a liberdade pode desenvolver-se a desigualdade e a intolerância.
42

Nesse espaço de convívio e de relações múltiplas e diferenciadas, existe um


intercâmbio de relações sociais, culturais, econômicas e políticas que produzem práticas de
criação e recriação da diversidade e desigualdade. Nesse sentido, o autor define a cidade
como um “[...] lugar de democracia e tirania, da racionalização e alienação, da cidadania e
anomia. Um laboratório complexo, vivo e tenso, no qual tudo se experimenta, tudo é
possível” (p. 78). Quando afirma que a cidade neste mundo globalizado é uma criação da
comunidade, plural, calidoscópia, Ianni considera que essas práticas nessas formas de relações
surgem a partir das diferenças existentes nos diversos grupos da comunidade. São as raças e
etnias, classes e categorias, fisionomias distintas que criam a forma de viver na cidade
globalizada.
Santos (1999) fala da cidade enquanto um espaço solidário e contraditório não
considerado isoladamente, mas como o quadro único no qual tudo acontece. São as pessoas
que dão vida e dão significados a esses conjuntos. Pelo fato do homem nos dias de hoje estar
ocupando espaços que ele mesmo modifica, diferente do passado quando ele se instalava em
lugares naturais, existe uma alteração do valor e da significação dos acontecimentos.
Na paisagem urbana das grandes cidades, é visto cenários irreversíveis, marcados
pelas multidões em movimentos pelas suas áreas que são alvo de intensas intervenções
visando priorizar o fluxo, desconsiderando o momento de vivência de cada um nas suas
estruturas. Na maioria das vezes são marcadas pela monumentalidade arquitetônica
objetivando ressaltar o poder corporativo das instituições, por grandes espaços abertos ou
jardins, mostrando-se desigual no seu tempo de acesso e circulação, negando estrategicamente
seu papel como local de uso múltiplo e popular. É nessa paisagem que se constitui vários
tempos e interpretações, promete e promove ambientes e experiências diversificadas. O uso
do tempo e do espaço, as feições das ações e as formas da materialidade, indicadas por Santos
(1999), concretizará as realizações e acontecimentos possíveis e previstos nas cidades.
Em sua obra, considerando as cidades como sendo “[...] imensas máquinas -
megamáquinas.......produtoras de subjetividade individual e coletiva”, Guattari (1992) mostra
a falta de infra-estrutura, de comunicação e de serviços tão desequilibrados nas grandes
cidades, onde é preciso que haja uma junção de decisões de trabalhos para que se possa
resolver o tempo de permanência de cada cidadão nesses espaços. O autor indica uma
urgência para essa nova organização que depende da vontade política, de um trabalho
coletivo, para assumir essas transformações. Indica que esse trabalho não deva estar atrelado
às leis e circulares dos poderes públicos, onde considera que o clima de liberdade deva ser
43

experimentado a partir das considerações e opiniões das pessoas na tentativa de se estabelecer


uma nova forma de viver nos seu habitat.
Entendendo que o “[...] ser humano contemporâneo é fundamentalmente
desterritorializado” (p. 169), o autor mostra a condição de vida que as pessoas hoje passam,
fugindo por completo das suas raízes, tendo um prejuízo com a sua família, grupos sociais e
comunidade, onde, os traços de sua cultura são esquecidos a cada momento. É visto aqui, uma
tendência para reduzir toda existência do sujeito, e seus julgamentos estéticos vão se reduzir
apenas aos gostos individuais, não importando a posição de explorado a todo o momento,
pelas instâncias constituídas para a decisão da forma de vida de cada cidadão.
Por estar em posição individual, pessoal e particular, e pertencer unicamente ao seu
pensamento em oposição ao mundo físico que vive, sendo subjetivo, sem a preocupação de
“recompor” em sua singularidade, o homem torna-se nômade, ameaçado de parar no tempo e
no espaço, comprometendo a sua vida por completo.
Em relação ao objeto urbano, Guattari (1992) fala da complexidade para a
experimentação de uma ordem social objetiva, onde esse caos vivido nas cidades possa vir a
ser uma nova forma de vida, “[...] uma nova poesia, uma nova arte de viver” (p. 175). Aqui é
apontada a necessidade de modificar a programação dos espaços construídos, em vista do
futuro que é reservado pela razão das transformações institucionais e funcionais.
A Constituição da República Federativa do Brasil no ano de 1988, no capítulo
referente à Política Urbana, em seu Art. 182, já indicara dez anos antes, o caminho a ser
seguido pelas municipalidades, na medida em que determina que: “A política de
desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais
fixadas em Lei, têm como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”. No seu Parágrafo Segundo, edita normas
onde diz que: “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor”. Tal prerrogativa expressa
na Lei Magna garante (ou deveriam garantir) a forma de viver de toda comunidade, daí
acreditar-se-á na necessidade de uma união conjunta de todos os seus membros para o
planejamento do que aspiram construir.
Com relação ao Poder Público Municipal, convém identificar a necessidade de sua
participação nessa união conjunta com a aplicação da Lei Orgânica do Município, Plano
Diretor Urbano e leis complementares (Código Municipal do Meio Ambiente, Lei Municipal
de Parcelamento e Uso do Solo Urbano, Plano Viário, Lei do Mobiliário Urbano e Lei
Municipal de Saneamento), em observância a Lei Federal 7.803/89, alterando a Lei 4.771/65
44

que estabelece o Código Florestal Brasileiro e a Lei Federal 6.766/79 que dispõe sobre
parcelamento do Solo Urbano.
O Código de Áreas Verdes e Arborização Urbana de uma cidade é o instrumento legal
e de gerenciamento mais importante que pode existir para assegurar a existência de espaços
que desempenhem funções de melhorias do ambiente urbano e da qualidade de vida dos seus
habitantes. São essas leis e códigos que vão direcionar a elaboração dos projetos para a
construção de tudo aquilo que é público.

1 - ESPAÇO PÚBLICO POSSUÍDO

A cidade é construída por homens que não se esgotam numa dimensão biológica e ou
funcional, mas compõem, através de sua existência em sociedade, o processo de construção
social da realidade. Apresenta-se com uma sobreposição, articulação, justaposição de
territórios. A identificação dos movimentos, fluxos e as diferentes formas de apropriação que
as pessoas passam a ter com o espaço que usa, é um passo para identificar essa relação. São
espaços de múltiplos usos, espaços contraditórios considerando o homem como ser individual
e único nas suas maneiras de pensar, sentir e viver o mundo que habita. Santos (1997) quando
indica o espaço total, fala de uma multiplicidade de influências superpostas, onde diz que
“[...] o espaço é maciço, contínuo, indivisível. Tão indivisível quanto a sociedade total, de que
ele é o território e com a qual sua relação é igualmente indivisível”. (p. 17 e 18). Os grupos
que fazem parte de uma territorialidade resistem, estabelecem pactos e influenciam a
formação de outros territórios. A estrutura que eles revelam, as relações que se estabelecem
entre eles são dinâmicas numa sociedade complexa. As questões políticas influenciam na
formação desses grupos a partir do que é estabelecido, diminuindo ou ampliando a violência
entre eles.
A vida em sociedade é resultado de um processo cultural que se concretiza pelas
relações sociais que instituem símbolos que expressam uma determinada visão de mundo
comum, manifestando-se em várias formas de comunicação como a linguagem,
comportamentos, artefatos materiais, etc. Os símbolos instituídos terão capacidade de
influenciar e controlar o comportamento humano, dependendo da sua capacidade de transmitir
e reforçar um sistema ideológico já dado. A sociedade então pode ser considerada um
agregado de relações sociais, e a cultura é seu conteúdo, enfatizando os recursos acumulados
que as pessoas adquirem como herança, na medida em que os utilizam, transformam,
acrescentam e transmitem.
45

Construir uma relação ainda é restrito e experimental para abordar com maior precisão
seus problemas, pela falta de um arsenal metodológico estudado. A tradição de descrição e de
objetividade dificulta lidar com a relatividade das questões que se colocam quando se defronta
com a diversidade cultural. O conhecimento de uma cultura exige que haja um envolvimento
nos códigos que determinam as relações culturais, sendo necessário aceitar a experiência de
vida expressa no discurso dos indivíduos evitando enquadrá-la a partir da realidade objetiva
do pesquisador, o qual deve admitir as diferentes realidades que correspondem a diferentes
apreensões individuais ou grupais de seu mundo.
As relações sociais que são produzidas na cidade resultam em formas materiais e
funcionais que sustentam o processo de produção do capital, marcadas pelos códigos e
símbolos que se constroem na vida cotidiana e que estabelecem um sentido particular. Uma
análise sobre o seu espaço deve contemplar o acionamento destes códigos, associados os
contextos e domínios específicos, a universos simbólicos distintos, nos quais os indivíduos
estão sendo permanentemente reconstruídos a partir das relações que mantêm.
A vida cotidiana é estruturada espacial e temporalmente de modo diferente em cada
sociedade. O tempo da vida cotidiana nas pequenas cidades é marcado pela regularidade dos
fatos (períodos de colheitas, festas religiosas, datas comemorativas, dentre outras), que é
regida pela natureza e pelas tradições, com pouca interferência externa, dando uma impressão
de estagnação. No nosso trabalho de campo verificamos que os fatos acontecem para fazer
prevalecer o interesse da comunidade, ou seja: em fazer acontecer o que é de melhor para a
satisfação da grande maioria. Um exemplo marcante foi a disputa entre o que é considerado
“sagrado” e o “profano”, quando o primeiro jogo do Brasil na Copa de Mundo coincidiu com
o horário da procissão do padroeiro da cidade. Prevaleceu o bom senso: a igreja optou em
mudar o horário da procissão, considerando que a paixão nacional teria a prioridade no
momento.
É comum a expressão "a cidade não cresce", para definir o caráter cíclico dos
acontecimentos. Ao contrário, nas grandes cidades, tudo parece se modificar com maior
rapidez, levando a impressão de progresso, dada a articulação que mantêm com outros
espaços e a grande ordem de interferência de fatores externos por que seus habitantes são
sempre surpreendidos e têm que promover novas adaptações.
O movimento total do espaço se dará quando as suas categorias tenham a sua
utilização combinada. Santos (1997) diz que “[...] o espaço social, como toda realidade social,
é definido metodologicamente e teoricamente por três conceitos gerais: a forma, a estrutura e
a função” (p. 38). Esses conceitos teorizam a necessidade de reconstrução do espaço para que
46

não seja o veículo das desigualdades sociais. O autor nos mostra que devemos nos preparar de
forma que a construção desses espaços seja verdadeiramente humana, que possa unir os
homens e não os dividir em classes de exploradores e explorados.
O espaço público se traduz em um espaço semiótico, marcado pelo domínio do
simbólico sobre o funcional. Seus equipamentos devem significar, devem traduzir um
universo real ou imaginário que será a fonte do prazer ou do trabalho, abrindo possibilidades
de ações coerentes com a representação.
As pequenas cidades são esquecidas como integrantes da totalidade da sociedade
moderna, sempre vistas em oposição às grandes cidades, ou como uma repetição atrasada
destas. A disputa maior fica por conta da capital do estado em detrimento com as cidades do
interior. Da mesma forma as maiores cidades do interior se sobrepõe sobre as cidades de
menor porte. Se as grandes cidades mostram-se complexas, símbolo de modernidade,
atraentes e representavam o futuro, as pequenas cidades são simples, símbolo do atraso,
abandonadas e fadadas a ficarem no passado; entretanto, mesmo assim, estas apresentam
relações sociais a partir de códigos particulares e constituem territórios específicos, cuja
lógica só pode ser entendida no desenrolar de sua vida cotidiana, mergulhando-se no universo
cultural que lhes dá sentido. O convívio na cidade pequena é marcado pelas relações sociais
que geralmente exerce um controle muito eficaz sobre os membros de sua coletividade.
Além do ambiente da casa que tem como referência a família, o ambiente fora de casa
é altamente controlado, em primeiro lugar pela "vizinhança", e só então o espaço fora da
vizinhança ganha importância. O espaço limite dos "vizinhos" serve de encontros e lazer,
como as praças, bares, lanchonetes, clubes sociais, igrejas, ou campos de futebol de várzea. A
forma de comportamento das pessoas está sujeita a uma determinada forma de controle,
porque nas pequenas cidades "todo mundo conhece todo mundo e se mete na vida de todo
mundo". Os espaços demarcados desta maneira são utilizados como referência para distinguir
seus usuários como pertencentes a uma rede de relações e, para pertencer a esta rede, é
preciso que se cumpram determinadas regras de convivência.
A vivência nesta coletividade, buscando o reconhecimento social, significa, portanto,
aderir ao seu sistema de valores e desempenhar comportamentos para cumprir o papel social
que foi designado pelo grupo. A conveniência é, assim, "um gerenciamento simbólico da face
pública de cada um de nós desde que nos achamos na rua". Ela engendra de forma simultânea
a maneira com que se é percebida pelos outros e um meio de se obrigar à submissão pela
regulação interna que se desenvolve no sujeito, ditando comportamentos adquiridos por
herança, seja afetiva, política ou econômica. Os usuários obedecem às regras sem
47

necessariamente dar-se conta disso, pois o padrão está internalizado e, para obter o
reconhecimento da coletividade e aproveitar-se das relações sociais profundamente marcadas
pela pessoalidade, não se devem transgredir as regras culturais, "não se pode causar falatório
na cidade", assim, cai no ditado: se fizer algo errado cai na boca do povo.
Certeau (1994) destaca a riqueza dos relatos das experiências dos sujeitos em relação
ao espaço. Este autor considera que, no momento em que uma pessoa transforma sua
experiência em relato, já está filtrando e estabelecendo ligações com o universo cultural que
lhe está internalizado. Relata que "esses comportamentos de relato, oferecem, portanto um
campo muito rico à análise da espacialidade. [...] O relato tem papel decisivo. Sem dúvida
'descreve'. Mas 'toda descrição é mais que uma fixação', é 'um ato culturalmente criador'".
Neste sentido, observa-se que mesmo nas pequenas cidades, com uma estrutura material
simples, seus habitantes percebem sua diferenciação interna, mantêm diferentes
comportamentos e relações dependendo do lugar onde estejam.
É comum os habitantes dos bairros utilizarem-se de expressões como "vou subir para a
cidade", quando vão se deslocar de seu espaço de vizinhança em direção à área central ou
quando usam a expressão “vou para a capital”, quando vão viajar para a capital de algum
estado. Estas expressões não estão associadas a uma diferenciação topográfica e tampouco se
encontram fora do perímetro considerado urbano. O fato de "subir" ou “ir para a capital”
denota o reconhecimento de uma hierarquia social, e a "cidade" está relacionada com a
percepção de que, no espaço principal, desenrolam-se relações diferenciadas daquelas
desenvolvidas na vizinhança do bairro ou nas cidades do interior, muitas vezes compostas por
uma população com forte tradição cultural.
Nas pequenas cidades, em qualquer lugar do comércio ou instituição pública em que
se esteja, "se sabe com quem está falando". As práticas que se desenrolam são entre pessoas, e
não entre indivíduos, que são sempre identificadas com particularidades, reconhecidas e
localizadas social e espacialmente. Nas cidades do interior algo marca cada indivíduo: Dona
Maria de João do Bar ou Zezinho que é filho de Bento Souza. Se "todo mundo se conhece" e
tal reconhecimento torna o controle social mais rígido, reconhecem-se também as diferenças
internas de cada grupo social e o lugar de cada um na estrutura social e espacial da cidade.
A pequena cidade também abriga grupos heterogêneos do ponto de vista de sua origem
étnica, sexo, idade, procedência, linhagens, crenças e ofícios. Os vários grupos que compõem
a sociedade entram em conflito, fazem alianças, nas quais reconhecem de alguma forma,
interesses e valores diferentes através de suas experiências. São exemplos os camelôs, os
48

motoristas de mototáxi, os taxistas e os donos de carros particulares. Desse modo, estão


constantemente negociando em sua realidade social, sua rede de significados.
Magnani (2000) utiliza-se do termo "pedaço" para verificar o estabelecimento e
reforço de laços de sociabilidade, diferenciando os "que fazem parte do pedaço" e os
indivíduos que não participam da mesma rede de socialização, "os que estão fora do pedaço",
e considera que o estabelecimento dos "pedaços" é uma forma de sociabilidade e de
apropriação do espaço.
Damatta (1997) em seu livro que estuda nossa vida em sociedade reafirma sua
preocupação de entender a sociedade brasileira a partir das oposições para se chegar à sua
complexidade e profundidade, afirma que “[...] para o brasileiro, “casa” e “rua” não designam
simplesmente espaços geográficos, mas são acima de tudo entidades morais, esferas de ação
social, e constituem uma oposição básica” ( p. 15). Mostra que “[...] o espaço definido pela
casa pode aumentar ou diminuir, de acordo com a unidade que surge como foco de oposição
ou de contraste” (p. 16). A casa pode ser definida pelo espaço íntimo e privativo de uma
pessoa. Quanto a um espaço máximo e absolutamente público ocorre quando nos referimos a
nossa cidade como lugar de morada. Assim, quando a casa é englobada pela rua, exige-se a
instauração de novos hábitos sociais pelas situações críticas e em geral autoritárias que
freqüentemente vivemos. As casas, passeios, ruas e os espaços públicos tornam-se um único
espaço de morada.
Quando Brougère (1997) define “[...] a cultura como um conjunto de significações
produzidas pelo homem”, compreendemos os espaços públicos de uma cidade como locais
que produzem formas de viver. Os significados dados as atitudes e costumes de uma
sociedade definem os traços culturais experimentados e arraigados em todos que usufruem
desses locais, despertando imagens que permitirão dar sentido a essas ações, reproduzindo
uma realidade. A essas produções nos remete, entre outras coisas, a manipulação de
significações culturais originadas de um determinado grupo social.
Importa saber como se dá a apropriação desses lugares. A criança, o jovem e o adulto,
que brincam, trabalham ou passam o tempo a partir de suas necessidades específicas, vivem e
convivem momentos do seu dia a dia, nos espaços públicos disponíveis. Submetem-se às suas
determinações e admite deixar-se modelar por elas. É nessa espécie de espaço simbólico que a
vida de cada um, com seus projetos e sonhos se desenvolvem. São os lugares da memória do
tempo vivido pelo lazer, trabalho ou alguma atividade que seja determinada por cada pessoa.
Essa aparente diversidade de motivações para o tempo de estar nesses pontos da
cidade vem a partir do que possa ser funcional no espaço de uso. Suas formas estabelecidas,
49

suas aparências e os modos de como a estética dos pontos foi projetada, podem produzir
hábitos e costumes no cotidiano de cada comunidade. Os espaços são restritos e apresentam
fatores que comprometem esses momentos de vivências. Na maioria das praças e espaços
públicos das cidades tem dois tipos de público de permanência nesses locais: o primeiro que
pode ser considerado como grupo do dia, são os vendedores de acarajé, vendedores
ambulantes (pipoca, quebra-queixo, picolé, etc) engraxates, fotógrafos, jornaleiros, bilheteiros
de loterias, artesãos, camelôs, chaveiros, lavadores e guardadores de carros que usam seus
momentos para comercializarem produtos em busca de seus sustentos, como também, pessoas
de diversas faixas etárias (crianças, mães e babás, idosos, dentre outros); no segundo grupo,
os da noite, são as prostitutas e travestis, mendigos, desempregados, trombadinhas, gangs
juvenis, traficantes e menores de rua que permanecem por tempos variados ou transitam
nesses locais. As cidades tendem a aglomerar pobreza, dor, sofrimento e abandono.
Na praça central de uma pequena cidade "onde tudo acontece" (conforme é visto pelos
seus habitantes), estão localizadas as residências da elite local, onde formam "redes de
prestígio" com integrantes de um determinado estrato social que não necessariamente
possuem poder econômico, mas concentram as famílias tradicionais. Esse mesmo local pode
servir de espaços de socialização de jovens no domingo à noite, ou ainda a realização das
festas religiosas congregando várias classes de renda, unidas pela crença religiosa. Assim, a
apropriação do espaço é determinada pelas relações que se estabelecem entre seus membros,
pelo manejo de símbolos e códigos comuns.
Numa pequena cidade, de qualquer ponto mais alto, a vista alcança seus limites.
Mesmo assim, a diversidade está presente. Os bairros apresentam um caráter comum que
estabelece uma identificação aos habitantes da cidade. Esta identificação não é, muitas vezes,
perceptível aos olhos de um visitante, mas é reconhecida mentalmente pelas pessoas que
habitam na mesma cidade. A identificação dos bairros depende não apenas dos indivíduos (de
dentro), mas também de como o restante da cidade os vêem. É comum a identificação de
bairros pelos códigos de valores que possuem, por exemplo, áreas com fortes tradições rurais
são denominadas como o bairro do "povo da roça", sendo consideradas mais "caipiras" que as
outras, ou então de "gente de briga", pelos incidentes e contravenções presentes no local, ou
as de "gente rica", como áreas habitadas por grupos de melhores condições financeiras, ou
ainda de "gente pão-dura".
Apesar da predominância da pessoalidade nas relações sociais na pequena cidade,
trata-se também de uma sociedade complexa, dividida em classes e que comporta inúmeros
universos alternativos, como por exemplo, diferentes religiões, grupos políticos ou tradições
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étnicas que, ao se apropriarem do espaço, podem constituir, portanto, territórios próprios. Tal
sociedade não é fechada e, com a crescente ampliação dos sistemas de comunicação e a
interação com outros espaços, há a consequente modificação de seus padrões sociais. As
territorialidades instituídas por determinados códigos culturais podem ser substituídas por
outras, originadas por lógicas distintas e por um novo universo cultural.
Assim como a cultura é constantemente reconstruída a partir das diferentes
experiências dos sujeitos ou grupos, as territorialidades instituídas a partir dos espaços vividos
estão permanentemente se modificando, dependendo da perspectiva e do acionamento dos
códigos simbólicos que as caracterizam.
São esses espaços que passam a se transformar em um local próprio para o trabalho
informal e de moradia. Formam-se redes de organizações com regras próprias, demarcando os
pontos de trabalho e atividades, tendo lideranças hiearquizadas. O acordo local privilegia o
grupo mais forte, que faz da praça um espaço básico de trabalho, transgressão, convivência e
sobrevivência, onde a sua utilização cotidiana traça o destino do local público.
A cultura pública instituída com seus atos e manifestações, gerados principalmente nos
espaços públicos mudam a forma de viver de toda uma comunidade. A valorização e/ou
desvalorização do imóvel próximo a esses locais são imunes a essas apropriações de uso, onde
é apontado a necessidade de sucessivos processos de intervenções que possa planejar as
funções do panorama urbano.
A “contaminação do espaço” é sempre atribuída aos mais pobres. Os conflitos entre as
classes sociais geram a articulação de soluções privatizantes, visando banir ou anular a
dimensão pública. Como exemplo, as praças são cercadas ou administradas pelo condomínio
fechado, ou quando esses locais são vigiados por uma guarda municipal.
Neste sentido, para contemplar a cultura e as territorialidades urbanas, devemos
atentar para a subjetividade que compõe a produção material do espaço. É no desenrolar da
vida cotidiana que podemos compreender as divergências, as transgressões, ou a obediência à
ordem imposta, interpretando, enfim, as relações sociais que dão conteúdo ao espaço
geográfico.
Há sempre na cidade uma dimensão pública de vida coletiva a ser organizada onde
emerge um poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. Na
maioria das vezes, essas gestões mostram evidências claras de uma política discriminatória
por parte do poder público, apresentando-se como um forte elemento produtor da segregação
espacial, o que significa o controle minucioso das trocas daquele lugar com o exterior.
51

A organização desses pontos passa pela distribuição dos seus trajetos, a fixação de
equipamentos e acessórios que tornam esses espaços em significativos locais de
entretenimento, encontro, sociabilidade e integração de grupos da comunidade, a organização
das atividades, o controle dos fluxos, tornando empreendimentos necessários para a
constituição dos espaços públicos. O meio físico e suas funções, administrados pelo poder
público constituem extratos que fixam e regulam o cotidiano de vida da comunidade. O seu
uso público está intimamente ligado à manutenção, conservação e segurança que estes
espaços recebem.
As diferentes funções que os espaços públicos oferecem aos seus habitantes
condicionam cada um a depender de como este espaço possa ser utilizado. As funções
estéticas, ecológicas (paisagística e ambiental), lazer, educativas, sociais, psicológicas,
administrativas, policiais e comerciais, elaboram condições do fluxo ou a permanência da
pessoa no local a ela destinado enquanto ponto público e de acesso livre.
Acreditamos que os processos de urbanização de forma desenfreados que as cidades
têm desencadeados provocaram tomadas de decisões repentinas ocasionando a construção de
espaços sem uma avaliação mais profunda das necessidades vitais para os seus possíveis
freqüentadores, que passam a usufruir as condições existentes desses territórios próprios,
resistindo à homogeneização e robotização de maneira a constituir processos de
singularização individuais e coletivos.
Violência na cidade é uma expressão que pode designar o fenômeno social de
comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio
urbano. É determinada por valores sociais, culturais, econômicos, políticos e morais de uma
sociedade. Ela tem algumas qualidades que a diferencia de outros tipos de violência; e se
desencadeia em conseqüência das condições de vida e do convívio no espaço urbano. Sua
manifestação mais evidente é a criminalidade; e a mais constante é a infração dos códigos
elementares de conduta civilizada. Seu crescimento vem a partir da aceitação social da ruptura
constante das normas jurídicas e o desrespeito à noção de cidadania. A sociedade admite
passivamente tanto a violência dos agentes do estado contra as pessoas mais pobres quanto o
descompromisso do indivíduo com as regras de convívio.
A impunidade pela ocupação de espaços públicos por donos de bares, mototaxi,
camelôs e carros particulares; as infrações de trânsito; a incompetência administrativa; a
imperícia profissional; a negligência causadora de acidentes e o desrespeito ao consumidor
geram violência de todo tipo. Entre os cidadãos habituados a esses comportamentos,
encontram eco as formas violentas de fazer justiça, como a pena de morte, e mesmo o
52

fuzilamento sumário, linchamentos e castigos físicos. As manifestações mais extremadas da


violência urbana ocorrem em sociedades nas quais há uma tradição cultural de violência e
acentuada divisões étnicas, sociais e econômicas.
Violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete
violência sem motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas erradas.
No entanto, as ações erradas existiram e alguém as cometeu, caso contrário não haveria
violência. Em geral, a violência não tem um caráter meramente destrutivo. Ela funciona como
um último recurso que tenta restabelecer o que é justo segundo a ótica do agressor. Na
realidade, tem uma motivação corretiva que tenta consertar o que o diálogo não foi capaz de
solucionar. Portanto, sempre que houver violência é porque, alguma coisa, já estava
anteriormente errada. É essa “coisa errada” a real causa que precisa ser corrigida para
diminuirmos, de fato, os diversos tipos de violências.
Até mesmo um palavrão pode se transformar em desrespeito e produzir violência.
Logo, a exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a mentira etc., são
atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e justificadas (com pedidos de
desculpas e de arrependimento), certamente que ao seu tempo resultarão em violências. É de
desrespeito em desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que, mais tarde,
explodem sob a forma de violência. Em geral, a raiva que enlouquece a ponto de gerar a
violência é conseqüência do nível de desrespeito envolvido na respectiva questão.
Sabendo-se que o desrespeito é o principal causador de violência, podemos então
combater a violência diminuindo os diferentes tipos de desrespeito: seja o desrespeito
econômico, o desrespeito social, o desrespeito conjugal, o desrespeito familiar e o desrespeito
entre as pessoas (a “má educação”). Em termos pessoais, a melhor maneira de prevenir a
violência é agir com o máximo de respeito diante de toda e qualquer situação. Em termos
governamentais, as autoridades precisam estimular relacionamentos mais justos, menos
vulgares e mais reverentes na nossa sociedade.

CONSIDERAÇÕES

Entendendo a necessidade de que nos espaços públicos de uma cidade o Poder Público
tenha uma ação de valorização desses locais, e que sejam construídos equipamentos para
atender a comunidade que venha frequentar esses espaços, procuramos mostrar nossa
preocupação com a forma com que vem sendo tratado esse ponto, partindo do princípio de
53

que a inexistência das desigualdades sociais depende da atenção que seja dado a todos, sem
distinção de qualquer natureza.
Entendendo que o espaço público é de todos e não é de ninguém, onde existem as
trocas cotidianas fazendo desse local enquanto um espaço de socialização considera que esse
ambiente que em tempos passados estaria ao alcance de todos, vem sendo titulado sob
diversas formas por proprietários que cercam seus limites a cada dia que passa, impedindo o
acesso daqueles que não são os donos. Para a maioria da comunidade, principalmente as que
vivem em zonas urbanas, só restam os espaços públicos quando a eles são destinados. E, é
esse espaço que precisa ser mantido o mais funcional possível, de modo que as pessoas
tenham suas oportunidades de estar em liberdade na sua vida cotidiana.
Nossas observações e registros que pudemos elaborar de forma generalizada e
preliminar, indicam que existem questões que precisam ser levantadas para que tenhamos uma
melhor compreensão dos assuntos aqui tratados. Adianto em esclarecer e admitir, que esse
nosso estudo precisa apontar as opiniões das pessoas que estão à frente das decisões de
construções dessas praças e espaços públicos, para que não fique aqui caracterizada a idéia de
que essas mesmas pessoas sejam os únicos responsáveis por tudo que apontamos, segundo
nosso entendimento, como algo passível de modificações ou erro. Da mesma forma,
consideramos que precisa ser observado o entendimento das circunstâncias e momentos em
que foram definidas as construções desses espaços.
Finalizamos afirmando que temos esperança de um dia poder estar em um mundo
melhor, um mundo mais justo e acolhedor sem distinção de nenhuma natureza, que possa
trazer a paz e a felicidade dentro de cada um. Que os homens possam construir o equilíbrio
das diferenças, considerando as diversidades existentes.

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55

MENTOR: FIGURA INTRIGANTE NA ARTE REAL - OFICIAL FACULTATIVO NA


MAÇONARIA, MAS ESSENCIAL PARA O MAÇOM

Cláudio Lúcio Fernandes Amaral1, Mirela Santos de Oliveira2


1-Pós - Doc, Professor da UESB, Líder do Grupo de Pesquisa Ciências Maçônicas, Editor
Chefe da Revista Ciências e Educação Maçônica.
2- Especialista em Língua Portuguesa, UESB. Secretaria Executiva da Revista Ciências e
Educação Maçônica.
INTRODUÇÃO
A essência do processo de mentoria na sublime ordem maçônica é a íntima
relação individual entre o mentor e seu pupilo
(GRAND LODGE F&AM OF WISCONSIN, 2020). O mentor é o professor, guia,
conselheiro, motivador, consultor e referência para o irmão inexperiente, em especial, o
obreiro iniciante na arte real, haja vista que toda loja deve cuidar de seus membros (WEST
LANCASHIRE FREEMASONS, 2020).
A ideia é que ao novato seja mostrado o caminho e, que ele, ao ser estimulado a
caminhar por si só, se envolva efetivamente no trabalho de sua oficina e na vida da loja, pois
ele é o futuro da maçonaria (GRAND LODGE AF&AM OF MAINE, 2013). A tutoria existe
para ajudar a desenvolver bons maçons que sejam atuantes, tanto dentro (Maçonaria) quanto
fora da oficina (Comunidade/Sociedade).
Funcionando, portanto, todos ganham com reflexos positivos que vão desde a loja
(retenção de valorosos obreiros/COMPROMETIMENTO), passando pela obediência
(diminuição da evasão/ENVOLVIMENTO), até a potência (PERTENCIMENTO)
(PROVINCIAL GRAND LODGE OF LINCOLNSHIRE, 2020). Tornando homens bons,
melhores, vencem a Pátria, a Maçonaria e a Humanidade.
O papel do mentor é tão importante que a Grande Loja Unida da Inglaterra (UGLE)
está investigando formalmente elevar o perfil do cargo, dando-lhe seu devido valor. Enquanto
isto, há número crescente de lojas está montando programas de orientação, alguns como
compromissos formais e outros como esquemas informais (RICHARD, 2010).
DESENVOLVIMENTO
Neste trabalho, o tema proposto foi abordando por meio do estudo através de pesquisa.
Para realizar esta tarefa, foi utilizado a técnica de perguntas e respostas, pelo fato de que o
conhecimento deve ser proposto a partir de dúvidas, de questionamentos e de busca da
solução (“Respostas”) para resolver problemas (“Perguntas”).
56

Cabe enfatizar que o aprendiz, companheiro ou mestre maçom deve acostumar-se a


não se conformar com uma única resposta para esta ou aquela pergunta, é preciso que ele
aprenda a discutir e expressar suas opiniões de forma embasada, respaldada em materiais de
natureza científica ou documentos oficiais oriundos da própria maçonaria em nível nacional
e/ou internacional.
1) - O que é mentoria?
Em maçonaria, mentoria ou tutoria é garantir que os irmãos entendam por que eles se
uniram à Maçonaria, o que eles podem fazer com isto e, como isso pode ajudá-los, em sendo
assim porque ele devem permanecer e porque eles deveriam permanecer. Compreender nossos
rituais e cerimônias é a chave fundamental (CRELLIN, 2020).
2) - Quais são seus estágios?
Os estágios fundamentais do processo de mentoria são (GRAND LODGE F&AM
OF WISCONSIN, 2020):
● PRESCRITIVO – Atividades são prescritas ao pupilo pelo seu mentor (MOTIVAÇÃO
EXTERNA).
● PERSUASIVO – O Mentor persuade seu pupilo a procurar ativamente as respostas para
suas indagações (MOTIVAÇÃO EXTERNA PREVALECE SOBRE A INTERNA).
● COLABORATIVO – O Pupilo colabora com o Mentor para o seu próprio aprendizado,
trabalhando ambos trabalhando em conjunto (MOTIVAÇÃO INTERNA COMEÇA A SE
DESTACAR SOBRE A EXTERNA).
● CONFIRMATIVO – O Pupilo domina o conhecimento básico dos graus, mas ainda requer
auxílio nos procedimentos maçônicos de sua loja, obediência e/ou potência (MOTIVAÇÃO
INTERNA PREVALECE SOBRE A EXTERNA).
3) - Quem pode ser o mentor?
Um mentor ideal seria um maçom experiente, membro ativo, regular assíduo nas
sessões de sua loja, que tenha ocupado cargos em sua oficina e que pertença à maçonaria
simbólica (Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre), Ordens de Aperfeiçoamento (Arco
Real) e também à filosófica (Altos Corpos), para isto deve ser um entusiasmado pela
maçonaria (GRAND LODGE F&AM OF WISCONSIN, 2020).
Destaca-se que há o mentor da loja, porém existe também o do capítulo. E,
estabelecendo uma ponte de ligação entre eles, há, na loja, o membro do capítulo;
denominado de Representante do Sagrado arco Real (PROVINCIAL GRAND CHAPTER
OF GLOUCESTERSHIRE AND HEREFORDSHIRE, 2020).
57

O Mentor está mais focado no desenvolvimento maçônico de candidatos e novos


aprendizes e companheiros, garantindo que eles tenham todas as oportunidades para entender
e apreciar a Maçonaria da Loja e do Capítulo. Cada candidato é um indivíduo, tem
necessidades diferentes, aprende de maneira diferente e possui habilidades únicas
(PROVINCIAL GRAND CHAPTER, 2020).
É de se esperar que ele atualmente não ocupe cargo em loja, pois teria que ter tempo
disponível para orientação de seu pupilo por período relativamente longo. Portanto, com
histórico comprovado de ser útil para, sobretudo, os novos e inexperientes irmãos (TAILOR,
2020).
Porém, ele precisa ser extrovertido, mas criativo, com personalidade amigável e
possuidor de espirito crítico e reflexivo, se constituindo em bom comunicador. Se possível, de
perfil etário semelhante ao seu pupilo. Em sendo assim, torna-se mais bastante provável que o
mentor seja bem-sucedido (GRAND LODGE AF&AM OF MAINE, 2013).
Embora seja útil para um mentor possuir todas essas qualificações e características
pessoais, elas são listadas apenas para orientação, pois é altamente improvável que esses
irmãos estejam disponíveis em muitas lojas e mesmo onde estejam, os números serão
extremamente limitados (MASONIC MENTORING & ROYAL ARCH
REPRESENTATIVES, 2020a e b).
Realisticamente falando, o compromisso será frequentemente necessário e, quando
houver, deve sempre ser dada prioridade às características que resultarão no crescimento
pessoal e desenvolvimento intelectual (MASONIC MENTORING & ROYAL ARCH
REPRESENTATIVES, 2020a e b), estabelecidos por efetiva amizade afetiva, por
conseguinte, duradoura e próspera entre Mentor e Pupilo. Com isto é esperado, que as
dificuldades, caso existam sejam humanamente superadas.

4) - Quais as características do pupilo?


As principais qualidades que um pupilo deve ter são (GRAND LODGE F&AM OF
WISCONSIN, 2020):
● Possuir elevado desejo de aprender,
● Ter capacidade de trabalhar em equipe,
● Ser paciente, dedicado e otimista,
● Gostar de estudar.
5) - Existe justificativa para que haja o cargo de mentor na loja?
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Alguns candidatos têm a sorte de ter proponente ou secundador que possui não apenas
nível de conhecimento suficiente, mas também o tempo e a capacidade de transmitir esse
conhecimento ao candidato. Portanto, o próprio proponente do candidato pode ser seu mentor
ou, ainda, o secundador da proposta enviada à oficina (THE BERKSHIRE MENTORING
PROGRAMME, 2020).
Entretanto, com freqüência, esse não é o caso e, por culpa do proponente ou
secundador, o atendimento ao candidato pode ser negligenciado (MASONIC MENTORING
& ROYAL ARCH REPRESENTATIVES, 2020a).
Por outro lado, acredita-se que não basta depender apenas de destes irmãos, por mais
bem-intencionados que sejam, pois eles tem deveres para com sua loja ou pela incapacidade
de participarem regularmente das sessões deixariam o candidato negligenciado (WEST
KENT FREEMASONS, 2020b).
Contudo, é nesta situação que o mentor se destaca, como alguém que pode fornecer o tempo e
o conhecimento necessários para cuidar do Candidato e desenvolver sua compreensão da
ordem (MASONIC MENTORING & ROYAL ARCH REPRESENTATIVES, 2020a;
THE BERKSHIRE MENTORING PROGRAMME, 2020; WEST KENT
FREEMASONS, 2020b).
6) - Porque o mentor se faz necessário e é preciso valorizar o pupilo?
Atualmente, é notório a evasão de irmãos em lojas, obediências e potências espalhadas
por todo o planeta. Há uma tendência mundial de os irmãos deixarem a maçonaria, logo após
seu ingresso, permanecendo muito pouco tempo na ordem. E, se é verdade que o futuro da
Arte Real depende dos irmãos mais novos, a maçonaria precisa fazer sentido para eles afim de
que se tenha retenção (PERKINS, 2016).
Neste ponto crucial é que o mentor pode e deve auxiliar, assumindo relevante papel
ação decisiva. Os pupilos, como iniciantes na maçonaria são o futuro da ordem e garantem a
propagação de seus mais elementares princípios (MASONIC LODGE OF EDUCATION,
2020).
A tutoria não é nova em Maçonaria, já existe há tempos e serve para ajudar os maçons
inexperientes, destacando-se aqui que não só os iniciantes, mas também os inexperientes em
suas realizações de trabalho e motivar os maçons experientes para ajudá-los a preencher seu
verdadeiro potencial (WEST KENT MASONS, 2020a).
Ela não é obrigação de um único indivíduo, mas de toda a loja, porém um
compromisso com a maçonaria que se traduz por uma jornada ao longo da vida. Contudo,
também uma responsabilidade exercida desde a noite do primeiro grau, estendendo-se muito
59

além da noite do terceiro grau. Dar e receber orientação constitui-se em faceta fundamental de
dedicação aos conceitos de fraternidade e, sobretudo, de seu anseio que é o constante auto-
aperfeiçoamento (GRAND LODGE OF OHIO, 2020).
7) - Qual é a função do mentor e o papel do pupilo?
A função do mentor da loja é praticar o amor fraternal, ser fiel a todos os irmãos em
sua oficina e garantir que os irmãos mais novos, ou os recém-nomeados para o cargo, tenham
um irmão mais experiente designado para atuar como seu próprio mentor pessoal. Portanto,
em sua nobre missão, o mentor, além de ser o obreiro (GRAND LODGE AF&AM OF
MAINE, 2013):
(a) - Com idéias estimulantes;
(b) - Estar interessado em discutir as ideias dos outros;
(c) - E apoiar a mudança pessoal, institucional e educacional;
(d) - Sendo capaz de se adaptar às mudanças no tempo para influenciar e controlar
desenvolvimentos futuros;
(e) - Estando disposto a dar tempo ao relacionamento para permitir que ele se desenvolva;
(f) - Se prontificando para compartilhar preocupações com outros,
(g) - Ser aberto, inspirador, confiável e prudente;
(h) - Incentivando e prestando ajuda aos aprendizes, estimulando-os a valorizar seu próprio
trabalho e auto - desenvolvimento;
(i) - Focando na abordagem e compartilhando objetivos claros e metas transparentes,
(j) - Sendo capaz de inspirar confiança,
(l) - De merecer, mas não exigir respeito,
(m) - E ser conhecedor, mas não autoritário ou exigente.
É (GRAND LODGE F&AM OF WISCONSIN., 2020; WEST LANCASHIRE
FREEMASONS, 2020):
● PROFESSOR - Identificar os conhecimentos que o pupilo tem e competências e habilidades
que precisam ser desenvolvidas.
● GUIA - Decifrar as regras não escritas da maçonaria, em especial hábitos e costumes.
● CONSELHEIRO - Mostrar o caminho e as alternativas para que o pupilo caminhe por si só,
aconselhando-o a tentar resolver o problema antes de procurar ajuda. O Pupilo deve ser capaz
de pensar nos problemas, em vez de sempre depender de Mentor para fornecer uma solução.
● MOTIVADOR - O mentor deve dar ao pupilo feedback positivo após a execução de tarefa
difícil ou complexa ou ao perseguir com esforço meta ambiciosa.
60

● CONSULTOR - O mentor deve orientar seu Pupilo para desenvolver interesses alcançáveis
e estabelecer metas realísticas, flexíveis ou não rígidas, fazendo-se sentir desafiado, mas não
incapaz. É preciso que o Mentor se concentrar nos resultados dos esforços do pupilo, não
tanto nas atividades necessárias para realizá-las.
O papel do pupilo é o de ser um bom aluno, sendo capaz de aprender, praticar e aplicar
o que foi aprendido, assim sendo deve ser versátil para se envolver em atividades maçônicas
dentro e fora do templo, ajudando sua oficina e os membros da loja.
8) - Qual apoio a loja deve dar ao mentor e ao pupilo da oficina?
O mentor tem suas próprias necessidades de aperfeiçoamento, sendo que para isto ele
deve ser estudioso, apaixonado pelos livros e amante da leitura e da escrita, o que não o
impede de estabelecer contato com irmãos que já foram mentores de sua loja ou de outra
oficina.
Ele conversando com o outro sobre suas angústias e dúvidas e ouvindo dele sobre suas
ansiedades e queixas, de modo a mutualmente relatar problemas vivenciados por um e
soluções experimentadas por outro e vice-versa, trocando experiências que possam suprir as
necessidades de ambos, resultando em prazer e proveito entre as partes envolvidas.
O pupilo merece o apoio integral dos membros da oficina, pois assim como todo e
qualquer candidato é estranho para os obreiros da arte real, a maçonaria é estranha para ele.
Não é apenas e tão somente à loja em que ele se une, mas a grande fraternidade maçônica
universal, possuidora de história secular. Possui um sistema intrincado de leis, um grande
número de propósitos, ideais e obrigações, um conjunto de direitos, privilégios e deveres e um
conjunto de marcos a serem preservados.
É sempre bom ter em mente que todo candidato é um estranho para a maçonaria, da
mesma forma que a arte real é estranha para ele, portanto deve ser respeitosamente tratado.
9) - Como este suporte se evidencia?
Qualquer falta percebida de conhecimento detalhado por parte do mentor pode ser
facilmente resolvida com o apoio do Coordenador de Tutoria da Loja. Se fizer necessário, este
pode solicitar auxílio fraternal dos irmãos experientes do quadro de oficiais da oficina.
Entretanto, é altamente recomendado que a loja ou oficina maçônica tenha um
programa eficiente de treinamento que deve ser continuamente disponibilizado para o mentor.
10) - O mentor é escolhido ou pode ser indicado?
Em muitos casos, a escolha óbvia, o mentor pode ser o proponente do candidato ou o
secundador de sua proposta. Onde isso não for possível, o líder da oficina define, podendo
consultar ou não outros membros.
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Seja qual for a decisão, o mentor deve ser cuidadosamente escolhido e ter qualidades
particulares. Observou-se muitas vezes que a maior dificuldade neste programa de suporte é
encontrar o mentor apropriado para o pupilo adequado.
11) - Quais os benefícios para a loja, obediência e potência?
A tutoria fornece benefícios ao mentor, seu pupilo e sua loja (GRAND
LODGE F&AM OF WISCONSIN, 2020):
O mentor além de ter a satisfação pessoal de promover o crescimento e
desenvolvimento maçônico de seu pupilo, também se aprimora (Ex.: Estimula sua capacidade
de liderança, sua habilidade interpessoal se intensifica, seu convívio social se enriquece etc),
pois quem ensina aprende e ressignifica seus conhecimentos, fazendo novas descobertas.
O mentor pode facilitar este período de ajuste por meio de comunicação sincera,
honesta e transparente, permeada por fraterno e respeitoso entendimento das necessidades,
anseios e angústias humanas e, finalmente, se pautar em efetiva orientação voltada para
superação de obstáculos e imperfeições e, sobretudo, valoração do ser humano. Para o
aprendiz novato, a orientação permite uma transição mais suave de um grau para o outro em
sua loja.
O mentor deve oportunizar a seu pupilo trabalhar em projetos desafiadores,
interessantes e relevantes, permitindo - o ter a chance de tentar tarefas diferentes, complexas e
avançadas que lhe serão exigidas em sua trajetória evolutiva na carreira maçônica.
Ao usar o mentor como modelo, o pupilo pode aprender com o exemplo por ele dado.
Além disso, o pupilo pode expressar abertamente suas ideias com seu mentor ou, ainda,
desabafar frustrações, demonstrar medos e relatar desejos, pois não é incomum, o pupilo por
ser novo na sublime ordem, ingressar na maçonaria com expectativas irreais e ilusões
ingênuas.
Para a loja, pode ajudar a criar vínculo indissolúvel entre os membros que, por fim,
aumenta a retenção de membros, fortalecendo conexão permanente de um irmão com outro,
de forma que toda a oficina seja formada por um corpo único de homens livres e de bons
costumes, dotados de moral ilibada e ética impoluta, com acentuada responsabilidade social
(FREEMASONS VICTORIA, 2020).
É importante garantir que todos os irmãos sintam que estão sendo cuidados e que
fazem parte de um movimento maior para melhorar a si mesmos, a sua comunidade/sociedade
e além (GRAND LODGE OF OHIO, 2020).
12) - Onde ocorrem este programa em nível mundial
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Os programas de mentoria em maçonaria é muito comum nos Estados Unidos


(FLIGHT, 2020) e na Inglaterra (OLD VERULAMIANS LODGE, 2020). Nestes países,
praticamente, todas as Grandes Lojas tem seu programa de mentoria funcionando a plena
força e vigor. Este parece ser o caso do Canadá e outros. No Brasil, não é comum. Algumas
poucas lojas que operam neste país possuem o cargo de mentor e aquelas que tem este ofício,
trabalham no exclusivamente no Rito de York.
É importante lembrar, que na sociedade do conhecimento, o maçom não aprende só
quando frequenta sua loja ou visita outras de mesma potência ou não, mas, sobretudo, ao
sozinho, buscar informações sobre temas/assuntos que ele considera relevantes. Portanto
assim, em geral, ele atribui significado ao conteúdo aprendido e só então a informação passa a
fazer sentido e tornar-se conhecimento. Lembre-se que, em maçonaria, melhorando o
individual, em conjunto, melhora-se o grupo.
Considerando que a pesquisa requer atitude processual investigativa altamente
planejada diante do desconhecido e dos limites que a natureza e a sociedade impõem, fica
bastante evidente que, por meio deste instrumental, o mentor deve levar em conta o
envolvimento, a participação, a produção do conhecimento, o progresso, a caminhada e
qualidade no processo educativo de seu pupilo (Aprendiz, Companheiro e/ou Mestre).
Por este método (tentativa e erro seguido de pesquisa orientada e supervisionada),
erros, inadequações, equívocos, falhas e ausências passam a ser vistos como caminho,
oportunidade, possibilidade ou alternativa para a investigação e, o pupilo, tendo clareza de seu
papel e sua função, sente-se proativamente responsável pelo seu desempenho durante todo o
processo, sob orientação e supervisão de seu mentor.
Também não se pode deixar de considerar que o ambiente pedagógico (loja) onde se
processa toda a ação de ensino e aprendizagem deve ser local de fascínio (oficina) onde o
mentor deve ter prazer em ensinar e seu pupilo a vontade de aprender.
13) - Como estabelecer este programa no Brasil?
O objetivo do programa de mentoria é fornecer apoio pessoal ao candidato de alto
nível, a fim de garantir que ele possa desfrutar de ser maçom ao entender os princípios da
sublime ordem e se envolver, o mais completamente possível, nas atividades de sua loja
(WEST KENT MASONS, 2020), contribuindo assim, sobremaneira, para a construção de
um mundo melhor e para todos, sem distinção de etnia, gênero, classe social, ideologia etc.
A implementação de um programa formal de orientação em sua loja pode ajudar os
irmãos mais novos a extrair insights mais profundos dos ensinamentos maçônicos, fazendo o
obter a verdadeira luz que o guiará em sua jornada maçônica por toda sua vida, marcando de
63

forma indelével sua entrada na sublime ordem universal (GRAND LODGE OF OHIO,
2020).
O mentor deve visitar o candidato imediatamente após a confirmação de seu nome
para a iniciação e explicar que ele deve ser seu mentor, um amigo que se esforçará para ajudá-
lo a aprender algo sobre a Maçonaria e alguém que o guiará e aconselhará (THE MOST
WORSHIPFUL GRAND LODGE OF FREE AND ACCEPTED MASONS OF
FLORIDA, 2020).
O principal objetivo desta primeira reunião é apresentar o candidato de maneira geral à
maçonaria como um todo e prepará-lo em mente e espírito para receber iniciação. Ele deve se
encontrar com o novo irmão com frequência e dar a ele a instrução que é tão essencial para
que ele se torne, tanto na teoria, quanto na prática, um verdadeiro maçom (THE MOST
WORSHIPFUL GRAND LODGE OF FREE AND ACCEPTED MASONS OF
FLORIDA, 2020).
Ele deve ser encorajado a fazer perguntas e respondê-las, desde que as respostas não
envolvam os graus que ele não recebeu ou outras informações a que, posteriormente, terá
direito. O mentor não só acompanhará o candidato na iniciação, bem como além de aprendiz,
instruirá também o companheiro e o mestre. Ao longo destes graus, perguntas que por ventura
não poderem ser respondidas em um grau inferir serão respondidas em outro superior.
Sugere-se que este programa poderia ser constituído das seguintes fases baseadas nas
etapas do processo de desenvolvimento pessoal do pupilo sob a perspectiva de seu mentor
(PROVINCIAL GRAND LODGE OF SHROPSHIRE, 2020 Adaptado; THE
PROVINCE OF DEVONSHIRE, 2020), quais sejam:
● Recrutamento e preparo para a iniciação,
● Tornando-se Aprendiz registrado,
● Gerando-se Companheiro de ofício,
● Formando-se Mestre Maçom,
● Preparo para exercer cargos em loja,
● Evoluir: Sagrado Arco Real, Mestre da Marca, Nautas da Arca Real, Cavaleiros Templários
e de Malta etc, Graus Maçônicos aliados e/ou altos corpos filosóficos.
Todas estas atividades associam-se aos estágios do processo de orientação maçônica,
as quais: (1) - admitir PERTENCER, (2) - sentir necessidade de ENTENDER e (3) querer
realmente PARTICIPAR.
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Há ótimos manuais que podem auxiliar o mentor, os quais contém informações


adicionais relevantes, bem como planos de trabalhos, propondo atividades e discriminando
tarefas (GRAND LODGE F&AM OF WISCONSIN, 2020; PROVINCIAL GRAND
LODGE OF EAST LANCASHIRE, 2020; PROVINCIAL GRAND LODGE OF
SHROPSHIRE, 2020; THE PROVINCE OF DEVONSHIRE, 2020; WEST KENT
MASONS, 2020a).
CONCLUSÕES
Se a mentoria for adequadamente conduzida, a loja terá o pupilo com a compreensão
clara dos fundamentos da maçonaria transmitidos pelo mentor, em sendo assim, um obreiro
conhecerá, desfrutará e se beneficiará da companhia de outro.
O pupilo deve ser realista o suficiente para saber que o conhecimento maçônico não
acontece da noite para o dia ou vive - versa. Portanto, com seu mentor ele a prende a se
dedicar aos estudos, envidando esforços para converter a teoria em prática e, esta, em
aplicação direta ou indireta em prol da sociedade.
A pesquisa em maçonaria, sem dúvida alguma, é um relevante aparato metodológico
de ensino pelo mentor e aprendizagem pelo pupilo, sendo que através dela é possível
desenvolver ações que levem a interdisciplinaridade em contexto educacional mais amplo.
Este instrumental, se bem conduzido e direcionado pelo mentor, como ferramenta
instrutivas, induz ao desenvolvimento de competências e habilidades indispensáveis à
formação do pupilo.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <https://shropshiremasons.org.uk/wp-content/uploads/2017/03/MENTORING-
POLICY-FOR-SHROPSHIRE-2017.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2020.
CRELLIN, TERRY. The Provincial Lodge Mentor Policy. Disponível em: <
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FLIGHT, DAVID. Mentoring Program - A Working Tool for Membership Retention. Disponível
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2020.
GRAND LODGE AF&AM OF MAINE. Maine Masonic Mentoring Handbook. 2013.
Disponível em: <https://www.mainemason. org/uploads/MaineMasonicMentoringHandbook.pdf>.
Acesso em: 12 fev. 2020.
65

GRAND LODGE F&AM OF WISCONSIN. Mentor’s Handbook.


Disponível em: <https://members.wisc-freemasonry.org/wp-content/uploads/2014/02/Wisconsin-GL-
Mentor-Handbook_May_26_15.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2020.
GRAND LODGE OF OHIO. How to Establish a Mentor Program in Your Lodge. Disponível em:
<https://www.freemason.com/how-to-establish-a-mentor-program-in-your-lodge/>. Acesso em: 23 jan.
2020.
JHONSON, RICHARD. The Lodge Mentor. Lewis Masonic by Ian Allan
Publishing LTD, Hersham, Surrey, England, UK. 2010.128p. ISBN-13: 978-
0853183396.
MASONIC LODGE OF EDUCATION – YOUR GUIDE TO UNDERSTANDING FREEMASONRY.
Masonic Mentor Program. Step-By Step Masonic Mentor Education. Disponível em:
<https://www.masonic-lodge-of-education.com/masonic-mentor-program.html>. Acesso em: 02 fev.
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MASONIC MENTORING & ROYAL ARCH REPRESENTATIVES. Who Should be a Mentor?
Disponível em: <https: //www.masonicmentoring.org.uk/what-lodge-members-need-to
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OLD VERULAMIANS LODGE. AN OVERVIEW OF THE ROLE OF THE LODGE
MENTOR. Disponível em:
<http://oldverulamians.org/common/documentation/Role%20of%20the%20Lodge%2 Mentor.pdf>.
Acesso em: 01 mar. 2020.
PERKINS, JHON. West Kent Mentoring. 2016. Disponível em:
<https://westkentmasons.org.uk/mentoring/>. Acesso em: 11 fev. 2020.
PROVINCIAL GRAND CHAPTER. Mentor Zone. Cumberlands &
Westmorland Freemasons. Disponível em: <https://cumbriafreemasons.org/royal_arch/ra-
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PROVINCIAL GRAND LODGE OF EAST LANCASHIRE. Mentoring Programme. Personal
Development Guide. <https://www.pglel.co.uk/wp-content/uploads/2016/07/04-PGLEL-Mentoring-
Personal-Development-Guide-Lists-v-1-01F.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2020.
PROVINCIAL GRAND LODGE OF LINCOLNSHIRE. Pathway to Mentoring: Introduction and
Guidance Mentor. Disponível em: <https://www.lincolnshirefreemasons.org/wp-
content/uploads/2019/11/Pathway-book-4-Mentor.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2020.
PROVINCIAL GRAND CHAPTER OF GLOUCESTERSHIRE AND HEREFORDSHIRE. Royal
Arch Representatives. Disponível em: <http://glosandhereroyalarch.com/the-order/royal-arch-
representatives/>. Acesso em: 02 fev. 2020.
66

PROVINCIAL GRAND LODGE OF SHROPSHIRE. Masonic Mentoring Programme Personal


Development Guide. Disponível
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_development_guide_v1.27006.pdf>. Acesso em: 02 mar. 2020.
THE PROVINCIAL GRAND LODGE OF BERKSHIRE. The Berkshire Mentoring Programme -
The Journey of a new Mason. Disponível em: <
https://grandlodgefl.com/docs/GLF_Publications/GL217%20Mentors%20Manual.pdf>. Acesso em: 16
mar. 2020.
THE PROVINCE OF DEVONSHIRE. A Mentor’s Guide. Disponível em:
<https://www.pgldevonshire.org.uk/phocadownloadpap/userupload/mentoring/a-mentors-guide.pdf>.
Acesso em: 03 fev. 2020.
THE MOST WORSHIPFUL GRAND LODGE OF FREE AND ACCEPTED MASONS OF
FLORIDA. Mentor´s Manual. Disponível em:
<https://grandlodgefl.com/docs/GLF_Publications/GL217%20Mentors%20Manual.pdf>. Acesso em:
07 fev. 2020.
WEST KENT FREEMASONS. Mentoring. Disponível em:
<https://westkentmasons.org.uk/mentoring/>. Acesso em: 02 jan. 2020a.
WEST KENT FREEMASONS. The Role of The Lodge Mentor. Disponível em:
<https://westkentmasons.org.uk/role-of-the-provincial-grand-mentor/>. Acesso em: 01 mar. 2020b.
WEST KENT MASONS. Role of the Provincial Grand Mentor - Objectives. Disponível em: <
https://westkentmasons.org.uk/role-of-the-provincial-grand-mentor/>. Acesso em: 21 fev. 2020c.
WEST LANCASHIRE FREEMASONS. Mentoring guide: An overview of the
mentoring process. Disponível em: <https://www.westlancsfreemasons.org.uk/wp-
content/uploads/2019/08/mentors-guide-v6.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2020
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A FISIOTERAPIA PREVENTIVA: LESÕES OSTEOMUSCULARES EM


CABELEIREIROS ESCOVISTAS

Fredson Almeida de Oliveira1


Maria Luzia Braga Landim2

RESUMO
Este estudo está centrado nos hábitos posturais de cabeleireiros escovistas, profissionais que
atuam na área da beleza, que permanecem por tempo prolongado numa mesma posição em pé
e mantem uma postura inadequada, podendo adquirir ao longo da sua vida profissional vários
problemas de saúde por sobrecarregar as estruturas osteomusculares, promovendo uma série
de prejuízos à saúde e verificará a causas de queixas e lesões osteomusculares e as
contribuições que a fisioterapia preventiva e da ergonomia podem promover na prevenção
dessas lesões, visando promover à sensibilização desses profissionais quanto à importância da
ergonomia e da fisioterapia preventiva na prevenção das lesões e de profissionais de saúde a
atentarem politicas para o setor. A pesquisa será um levantamento bibliográfico de caráter
descritivo e exploratório. Através do estudo podemos observar que assumir uma postura por
tempos prolongados podem sobrecarregar as estruturas do corpo, essa sobrecarga pode causa
desde desconforto até uma lesão osteomusculares, comprometendo a função do membro e
causando afastamento do trabalho. A fisioterapia preventiva e a ergonomia atuam de forma
eficaz na prevenção desses males que trazes acometimento da saúde do trabalhador evitando
assim o seu adoecimento, trazendo melhoria da saúde de qualidade de vida.

Descritores: fisioterapia preventiva, ergonomia, cabeleireiros escovistas, distúrbios


osteomusculares, LER/DORT.

1
Acadêmico do VII semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Jequié-BA.
2
Pós Doutora em História Política, Professora adjunta do Departamento de Ciências Humanas e Letras da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia e Líder do Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Etnociência, CNPq.
INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata sobre a postura assumida pelos cabeleireiros escovistas durante a
realização de suas tarefas, bem como a utilização de equipamentos pesados como secador e as
complicações que esse hábito possa trazer para o sistema osteomuscular.
Sabe-se que o profissional cabeleireiro escovista é um dos mais requisitados nos
salões de beleza. Dentre as ações realizadas por estes profissionais preocupa-nos, além do
excesso de trabalho, a postura inadequada, devido à manipulação de equipamentos pesados
como secador, à realização de movimentos repetitivos ou que exigem muita força na sua
execução, fatos que tornam esses profissionais vulneráveis ao desenvolvimento de Lesões por
esforço repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionado ao trabalho LER/DORT.
A abordagem justifica-se pelo fato das pessoas a cada dia está mais preocupado com
sua imagem impulsionado com isso o setor, fazendo com que o numero de estabelecimentos
de beleza aumente, atraindo assim novos profissionais para está área.
Pressupõe-se que a falta de capacitação do profissional, o ambiente de trabalho
improprio, a carga horaria excessiva, a realização de movimentos repetitivos, aliando a
postura em pé de forma inadequada e uso de equipamentos pesados como os secadores podem
ter contribuição para o aparecimento de lesões osteomusculares em cabeleireiros escovistas.
O trabalho tem por objetivos identificar os malefícios que a postura inadequada pode
trazer para os profissionais do setor e como minimizar e/ou evitar essas lesões evitando assim
o afastamento do profissional do posto de serviço.
Apesar de ser uma das profissões que mais cresce no país, nota-se que ainda falta à
atenção do poder público para este setor no que tange a saúde bem como os direitos
trabalhistas e por meu irmão e minha esposa serem profissionais desse seguimento despertou-
me o interesse por este estudo, pois frequentemente ouvia suas queixas sobre a ocorrência de
algia e/ou desconforto na realização de suas atividades laborativas.
Desta forma com a realização deste estudo pretendo aprofundar conhecimento acerca
das complicações da atividade enfatizando a prevenção dos distúrbios osteomusculares que
mais atinge essa categoria. O estudo abordará aspectos da saúde de profissionais de que atuam
em salão de beleza, uma das profissões que mais cresce no país, tendo relevância social, pois
visa à prevenção de doenças e a promoção da saúde das pessoas que estão nesta área de
atuação.
69

CONTEXTUALIZANDO

O setor de beleza é um dos que mais cresce no país, impulsionado o mercado de


trabalho e atraindo pessoas para este setor. Neste contexto destaca-se o cabeleireiro escovista,
um dos profissionais mais exigidos no setor, uma vez que a maioria dos procedimentos
disponíveis no salão de beleza exige o trabalho deste profissional. O serviço do cabeleireiro
escovista inclui passar muitas horas em pé com um secador de aproximadamente 2 kg numa
mão e uma escova na outra, realizando movimentos repetitivos, com muitas horas de duração
o que pode levar a um aumento da sobrecarga do sistema osteomuscular, podendo predispor a
algia e edema principalmente nas mãos, punho, ombro provocando a incapacitação temporária
ou permanente deste trabalhador.
Sabe-se que a postura inadequada sobrecarrega as estruturas mais ternas, podendo a
tensão muscular reduzir a amplitude de movimento, por desequilibrar a flexibilidade, fator
desencadeante de astenia e/ou fadiga muscular, a qual poderá ocorrer devido à postura
mantida por longo tempo, desuso de determinados grupos musculares, domínio precário da
mecânica da coluna vertebral, estabilização inadequada do tronco, desequilíbrios entre
comprimento, força e resistência da musculatura envolvida, alteração da percepção sinestésica
do alinhamento corporal com incapacidade de manejar a postura para prevenção da dor,
hábito postural errôneo e pelo desconhecimento acerca de uma mecânica saudável para a
coluna vertebral.
A prevenção de problemas osteomusculares requer, entre outras coisas, a
manutenção de postura adequada. Para tanto, o profissional necessitará manter postura correta
de forma a não tencionar o pescoço, o ombro, a coluna, o punho e as pernas. A tensão nos
membros inferiores compromete a circulação sanguínea e, consequentemente, a nutrição dos
tecidos, a qual provocando inflamação.
Através da ergonomia busca-se fortalecer o entrosamento entre o homem e seu
trabalho, podendo ainda contemplar situações do lazer, abarcando até fatores ambientais que
possa afetar a saúde dos trabalhadores.
O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez pelo biólogo e cientista polonês
Wojciech Jastrzebowski no ano de 1857, A palavra “Ergonomia” origina-se de duas palavras
Gregas: “ergon” que significa trabalho, e “nomos” que significa leis.
Reitera-se que a ergonomia é uma disciplina cientifica relacionada ao entendimento
das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias,
70

princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho


global do sistema.
Segundo Rocha3 e Simonelli4 (2012). O profissional de ergonomia procura um corpo
de conhecimentos para subsidiar sua atuação, bem como o terapeuta ocupacional (fisioterapia
preventiva). A ergonomia ocupa-se da análise e compreensão do trabalhador em situação real
de trabalho, privilegiando a análise da atividade de trabalho em situação real, considerando os
mais diversos fatores relacionados à organização do trabalho, condições do ambiente, carga
física e mental, entre tantos outros.
Evidencia-se, dessa forma, devido à existência de diversas variáveis inseridas ao
contexto do trabalho, que cada aspecto é estudado em sua singularidade própria, o que, da
mesma forma, ocorre na terapia ocupacional, pois cada trabalhador, paciente ou empresa é um
caso singular.
Nesse contexto, a fisioterapia do trabalho ou preventiva é uma das áreas que vem
sendo aplicadas em programas de promoção da saúde e proteção especifica, tendo-se como
principio fundamental o conjunto de conhecimentos científicos relativos aos fatores que
possam causar infortúnios ao ser humano assim como dos mecanismos de interferência junto
a esses fatores, com vista a eliminá-los ou minimizá-los.
A percepção dessa realidade requer realização de ações efetivas relacionadas com a
prevenção desses agravos de modo á assegurar melhores condições de trabalho para esses
profissionais frequentemente expostos a riscos ergonômicos diversos. Reitera-se que as
LER/DORT constituem alterações funcionais que interferem não somente nas atividades
laborais mais, também nos afazeres do cotidiano, fatos esses que evidenciam a relevância
desse estudo.
Historicamente percebe-se que o homem sempre evidenciou alguma preocupação
com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Acidentes e moléstias com graves resultados
para a integridade física e mental, com reflexos sobre a saúde dos trabalhadores foram sendo
identificados, assim como o interesse em estudá-los; não só para compreender as origens e os
motivos de suas ocorrências, mas, também, para impedir sua propagação e garantir melhorias
das condições de trabalho.

3
Acadêmica de Terapia Ocupacional, Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba,
PR, Brasil.
4
Doutora em Engenharia de Produção, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, São Carlos, SP, Brasil Professora Adjunta,
Curso de Terapia Ocupacional, Universidade Federal do Paraná – UFPR, Curitiba, PR, Brasil
71

Segundo Ferreira5 e Peixoto6 (2012), o homem encontrar-se constantemente exposto


a riscos, mas foi a partir da revolução industrial, com a invenção das máquinas a vapor, que
esses riscos ampliaram-se. O que torna o tema relevante tanto para os profissionais como para
as empresas e governo, uma vez que afeta a saúde do trabalhador, trazendo prejuízos para
ambos os lados.

O PROFISSIONAL CABELEIREIRO ESCOVISTA

O cabeleireiro escovista é um dos profissionais mais exigidos no setor, uma vez que
a maioria dos procedimentos disponíveis no salão de beleza exige o trabalho deste
profissional. O serviço do cabeleireiro escovista inclui passar muitas horas em pé com um
secador de aproximadamente 2 kg numa mão e uma escova na outra, realizando movimentos
repetitivos, com muitas horas de duração o que pode levar a um aumento da sobrecarga do
sistema osteomuscular, podendo predispor a algia e edema e posterior comprometimento da
função, principalmente nas mãos, punho, ombro provocando a incapacitação temporária ou
permanente deste trabalhador.
Segundo Mussi7 (2005), É uma das atividades pouco estudadas no âmbito da Saúde
do Trabalhador no Brasil [...] estes profissionais estão sujeitas a diferentes agravos à saúde
devido aos fatores de risco às suas atividades.
Esses agravos além de causar dor e comprometimento da função na maioria das
vezes provoca afastamento temporário e até permanente do serviço gerando ônus para as
empresas e para o governo uma vez que a grande maioria será tratada pelos SUS.
Segundo Medeiros8 e Medeiros9 (2012), Os profissionais cabeleireiros passam
bastante tempo em pé e realizando procedimentos repetitivos. Nesse contexto podem ser
assim definidos como: [...] profissionais polivalentes que trabalham em horários

5
Engenheiro Químico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho com Mestrado em Engenharia, pela UFRGS e licenciatura cursada no Programa Especial de Graduação de Professores para a
Educação Profissional, pela UFSM. Atualmente, trabalha como Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Colégio Técnico
Industrial de Santa Maria (CTISM. Maria (UFSM).
6
Engenheiro Mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Mestrado e Doutorado em Engenharia Metalúrgica e
dos Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente trabalha como Professor de Ensino Básico, Técnico e
Tecnológico do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM), escola técnica vinculada à Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM).
7
Dra. em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2005), Especialização em Ergonomia de Sistemas
de Produção pela Escola Politécnica da USP (1999) e Mestrado em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da USP (1997). É professora
colaboradora e Co-coordenadora do Curso de Especialização em Medicina do Trabalho da Faculdade de Medicina da USP. É Diretor Técnico
de Saúde (designada) do Serviço de Saúde Ocupacional do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP. Tem experiência na área de
Saúde e Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: Saúde do Trabalhador e Ergonomia.
8
Professor(a) Auxiliar I da Universidade Federal de Campina Brande (UFCG), Cajazeiras/PB, Brasil.
9
Professor(a) Auxiliar I da Universidade Federal de Campina Brande (UFCG), Cajazeiras/PB, Brasil.
72

extremamente irregulares e, na maioria das vezes, em posições desconfortáveis. Por isso, faz-
se necessário um atendimento e uma atenção especial a esses profissionais, pois seu trabalho
envolve numerosos fatores de risco para a saúde, principalmente por passarem toda a jornada
de trabalho na postura em pé.
O emprego do secador como instrumento de trabalho pode ocasionar desconforto e
algias nos ombros, punhos, coluna, cotovelos, pelo seu peso e seu uso por tempo prolongado
aliando a uma postural imprópria sobrecarrega as articulações colaborando com os ímpetos de
problemas de saúde que comprometem o bem estar, pois as dores dificultam a realização das
atividades laborativas podendo afetar o convívio social.
A manutenção da postura em pé imóvel além de causar desconforto pode acarretar
vários outros problemas por tensionar os músculos e sobrecarregar as estruturas do corpo.
As estruturas que mais são utilizadas na realização de suas atividades sofrerão mais,
estão mais propícias a desenvolverem lesões. Em seu trabalho Mussi7 (2005, p. 44),
Identificou que a postura assumida durante a realização das atividades está entre os fatores de
risco para LER/DORT e que a localização da dor foi 48,6% nos ombros, 74,3% no pescoço e
38,6% na coluna.
Sabe-se que os problemas da coluna vertebral relacionada à postura corporal é um
das que mais afeta a humanidade, sendo dor lombar uma das principais causadoras de
inabilidade para o serviço. A postura inadequada é a principal causa de problemas de coluna,
devido aos maus hábitos de manter as pernas retas e dobrar a coluna.
Mussi7 (2005), observou que a permanência na postura em pé leva as dores e
afastamento do trabalho devido à presença de dor, especialmente na coluna vertebral e
membros inferiores.
Para Rocha4 e Simonelli5 (2012). As atividades dos cabeleireiros foram definidas
como demanda inicial de análise e, após entrevistas com os trabalhadores quanto às suas
atividades de trabalho, a demanda foi reformulada para a análise da atividade de escova
desenvolvida por eles. A reformulação se refere à consideração da percepção dos
trabalhadores quanto à sua carga de trabalho e as influências desta em sua saúde. .
Para Raiser10; Cantos10 e Machado11 (2011), no campo da beleza, profissionais como
os cabeleireiros sofrem com o mau posicionamento corporal devido a falta de conhecimento
da ergonomia que lhes proporcionaria maior conforto e/ou melhor desempenho de suas
capacidades profissionais. A posição de trabalho que na maior parte do tempo é em pé

Acadêmicos do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. s/d.
10
11
Orientadora, Professora do curso de cosmetologia e estética da universidade da vale do Itajaí-UNIVALI, balneário Camboriú, Santa
Catarina. 2011.
73

dificulta a circulação sanguínea nas pernas, gerando edemas, e problemas futuros. Causam
dores na coluna lombar pela má postura e pelo excesso de tempo na mesma posição.
Neste sentido, reitera-se que os problemas de saúde dos cabeleireiros escovistas,
possivelmente estarão em ascensão, sendo sua prevenção e controle de interesse da saúde
coletiva.
Entende-se que esses profissionais trabalham numa postura desconfortável durante
muito tempo e que a realização de movimentos repetitivos e o uso de secador aumenta a
probabilidade de o profissional desenvolver lesão. Nesse sentido busca-se uma proposta que
venha minimizar o tempo de trabalho na posição de pé e a sobrecarga com a correção
postural.

MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento bibliográfico de caráter descritivo exploratório servirá para avaliar


de forma qualitativa e quantitativa os questionamentos previamente estabelecidos o qual será,
posteriormente, analisado de acordo com a relevância para o estudo. Foram aceitos artigos em
português que abordasse o tema, os artigos em inglês ou em outro idioma foram excluídos do
estudo. A revisão de literatura foi feita em artigos e livros, escritos em português entre 2005-
2015, as palavras chave usadas na busca foram: Cabeleireiros, Ler/Dort, biomecânica da
postura em pé.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Através do levantamento bibliográfico fica evidenciado que assumir uma postura por
tempos prolongados podem sobrecarregar as estruturas do corpo, estando ou não numa
postura correta e aliando a realização movimentos repetitivos, o uso de equipamentos pesados
como secadores, causa fadiga muscular, dor e/ou desconforto podendo levar LER/DORT e
pode influenciar para o aparecimento de varizes, muitas das vezes comprometendo a função
do membro e causando afastamento do trabalho. A fisioterapia preventiva e a ergonomia
podem contribuir para alivio da dor e como prevenção do acometimento do sistema
osteomuscular, uma vez que o profissional fisioterapeuta irar orientá-los sobre a postura
durante o trabalho, a importância das pausas durante a realização de suas atividades e a
realização de exercícios cinesioterapêuticos e alongamentos para relaxar os membros mais
utilizados primando por evita o seu adoecimento, trazendo melhoria da saúde de qualidade de
vida. Desta forma a intervenção de um programa de fisioterapia preventiva e ergonomia
74

tornam-se necessário para a prevenção de doenças do sistema osteomuscular e para a


promoção da saúde desses profissionais com destaque para os serviços de cabeleireiro
escovistas objeto desse estudo.

RESULTADOS DA PESQUISA
Foram entrevistados 10 profissionais em 3 salões de beleza da cidade de Itagibá nos
dia 17 e 18 de junho de 2016, com idade que varia de 23 anos a 35 anos, dos 10 participantes
8 eram do sexo feminino e 2 do sexo masculino com uma renda mensal variável de R$ 500,00
a R$ 2.000,00, uma participante foi eliminada por possuem doença preexistente que a
desqualificaria para a pesquisa. Dos noves participantes que restaram apenas 1 fez curso de
capacitação antes de iniciar a profissão (Gráfico 1).

Fonte: autor da pesquisa.

Todos entrevistados afirmaram não possui nenhum conhecimento sobre fisioterapia


preventiva e ergomonia e afirmaram que o princiapal motivo que os levou a escolha da
profissão foi a falta de emprego no mercado de trabalho. Apenas um participante disse não
sentir dor ou desconforto durante a realização da sua atividade profissional (Gráfico 2).
75

Fonte: autor da pesquisa.

Quanto a localização da dor referida 34% dos entrevistados disseram sentir dor
principalmente nas mãos, punho e braços; 22% sentia dor no principalmente no pescoço; 22%
referia sentir maior dor na coluna e 22% disseram sentir dores principalmente nos pes e
pernas (Gráfico 3).

Fonte: autor da pesquisa.

Para avaliar a intensidade da dor segundo a percepção dos profissionais foi aplicada a
escala visual da dor para avaliar com que intesidade os participantes classificavam a sua dor
anexo 1 e Gráfico 4.
76

Fonte: autor da pesquisa.


Segundo os mesmo quando não estão realizados suas atividades profissionais essas
dores deminuem sigficativamente ou até desaparencem em alguns casos motivo que nos leva
acreditar que a dor referida está diretamente ligada com o desempenho da função.
A maioria dos participantes já fez uso ou usa medicamento para aliviar as dores
(Gráfico 5).

Fonte: autor da pesquisa.


Os participantes acreditam que fatores como: postura em pé; realização de
movimentos repetitivos e o uso prolongado de equipamentos como o secador tem influencia
no aumento da dor (Gráfico 6).
77

Fonte: autor da pesquisa.


Quanto a carga horária de realização das atividades 56% dos profissionais afirmaram
trabalharem cerca de 8 a 10 horas por dia; 22,22% de 10 a 12 horas e 22, 22% mais 12 horas
de serviços por dia (Gráfico 7).

6000%
56
5000%

4000%

3000%

22,22 22,22
2000%

1000%

0% 22%
0 56% 22%
Gráfico 7 8-10 HORAS 10-12 HORAS 12-14 HORAS

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Uma vez identificado através da entrevista à presença de dor e o que compromete o


desempenho desses profissionais e a falta de orientação postural para prevenir alterações
osteomusculares propomos um programa de ginastica laboral com objetivo de relaxamento da
musculatura tensionada, e alongamento para os musculos enurtados, correção da postural da
posição osteostática, e o aumento as pausas durante o serviço. As orientações que foram
realizadas através de palestras e entregas de folhetos ilustrativos nos salões participantes da
78

pesquisa, mostrando o trabalho ergonômico, para que assim as pessoas possam compreender a
importância de uma postura correta, podendo evitar problemas posturais. Lembrando que o
tratamento fisioterapêutico deve ser indicado só quando a prevenção não pode ser realizada.
Após a realização da pesquisa, colocamos para as entrevistados as seguintes propostas:
A. Atuação do fisioterapeuta do trabalho para orientação nos salões de beleza da cidade;
B. Orientação daos profissionais quanto os malefícios causados as estruturas
osteomusculares pelo excesso do tempo de trabalho e a postura inadequada durante
esse uso as atividades profissionais;

CONCLUSÃO

Através do levantamento bibliografico evidenciou-se a importancia a importancia da


correção postural uma vez que a postura inadequada mantida durante muito tempo aumenta a
sobrecarga das estruturas osteomusculares o que pode levar ao o adoecimento. A realização
das estrevistas demostrou que o exesso de trabalho na postura em pé, a realização movimentos
repetitivos e a falta de orientação postural são fatores que tem influenciado para o
aparecimento de dor e/ou desconforto referido pelos entrevistados. A fisioterapia preventiva e
a ergonomia pode contribuir para alivio da dor e como prevenção do acometimento do
sistema osteomuscular, uma vez que o profissional fisioterapeuta irar orientá-los sobre a
postura durante o trabalho, a importancia das pausas durante a realização de suas atividades e
a realização de exercicios cinesioterapeuticos e alongamentos para relaxar os membros mais
utilizados.

REFERÊNCIAS

BERENGUER, F. A.; SILVA, D. A. L. & CARVALHO, C. C. Influência da posição


ortostática na ocorrência de sintomas e sinais clínicos de venopatias de membros inferiores
em trabalhadores de uma gráfica na cidade do Recife-PE. Revista Brasileira Saúde
Ocupacional, São Paulo, v. 36, n.123, 2011, p. 2-6. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbso/v36n123/a16v36n123.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área
Técnica de Saúde do Trabalhador. Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)/ Ministério da Saúde, Departamento de
Ações Programáticas e Estratégias. Área técnica de saúde do trabalhador; (org.) Maeno, M. et
al. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
FERREIRA, L. S. & PEIXOTO, N. H. Segurança do trabalho I – Santa Maria UFSM,
CTISM, Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil, 2012, p. 151.
79

MUSSI, G. Prevalência de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho


(LER/DORT) em profissionais Cabeleireiras de Institutos de Beleza de dois distritos da
cidade de São Paulo [tese]. FM-USP, São Paulo. 2005.
RAISER, G. S; CANTOS, H. M; MACHADO, M. Ergonomia dos Profissionais
Cabeleireiros: Orientações e Sugestões de Tratamento. Universidade do Vale do Itajaí-
UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. 2011.
ROCHA, L. F DA & SIMONELLI, P. A. A utilização da análise ergonômica do trabalho
como ferramenta do terapeuta ocupacional no estudo da atividade de trabalho de cabeleireiros.
Caderno Terapia Ocupacional. UFSCar, São Carlos, v. 20, n. 3, 2012, p. 5,8.
SEBRAE. Ideias de negócios: centro de estética [s.i]: Sebrae, 2010. Disponível em:
http://www.youblisher.com/p/117310-ideias-de-negocios-salao-de-beleza/. Acesso: em 10 de
julho de2016.
SILVA, A. A. Abordagem ergonômica do ambiente de trabalho na percepção dos
trabalhadores: estudo de caso em biblioteca universitária. 2007. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Biblioteconomia) - Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, 2007.
80

ORGANIZAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES: VOLTADAS PARA


O MUNDO DA BIBLIOTECONOMIA E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.

Edleide Santos Assis, Eridiana Souza e Lexsandra Rodrigues12


Deborah dos Santos Gomes Silva13

RESUMO

O presente artigo objetiva investigar sobre organização e disponibilização das informações -


voltadas para o mundo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação. O desenvolvimento
da abordagem possivelmente contribuirá para conhecer novas concepções acerca da temática,
pois, organizar e disponibilizar informações são fatores relevantes no processo de construção
e transformação do conhecimento humano, visto que, proporcionam direcionamento ao
usuário. Desse modo, torna-se fundamental conhecer metodologias utilizadas pelas bibliotecas
e centros de documentação na organização do conhecimento que compõem seus acervos, visto
que uma das funções precípuas das instituições supracitadas consiste em disseminar e ampliar
o saber para aqueles que objetivam explorá-lo em face à emergência massiva das tecnologias
de informação e comunicação (TICs).

Palavras chave: Biblioteconomia. Conhecimento. Disponibilização das informações.


Organização.

INTRODUÇÃO

Este trabalho expõe ideias relevantes acerca da “organização e disponibilização das


informações” - voltadas para o mundo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação. O
desenvolvimento desse artigo possivelmente contribuirá para conhecer novas concepções
sobre a temática. A abordagem será feita por meio de fundamentos teóricos, visando
compreender os conceitos elaborados que contribuem para ampliação do conhecimento.
A organização da informação é imprescindível na busca de conhecimento, desse modo,
percebe-se que são inúmeros os conceitos formados, as concepções apresentadas, os
argumentos elaborados e as hipóteses levantadas, nesse sentido, torna-se imprescindível
seguir métodos que direcionem objetivos.

12 Discentes do Curso de Graduação em Biblioteconomia.


13 Tutor Externo da disciplina Seminário Interdisciplinar Linguagens Documentárias: (BIB111). Centro
Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI - Curso (FLX1244) - 06/12/19.
81

O conhecimento conduz o ser humano em descobertas significativas para o


desenvolvimento da sociedade, logo, é necessário formular questões norteadoras capazes de
auxiliar e situar o pesquisador na busca de soluções para os problemas abordados.
A análise sobre organização e disponibilização das informações " - voltadas para o
mundo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação se justifica pela necessidade de
elencar o saber científico para que o ser humano cresça intelectualmente e contribua no
desenvolvimento da sociedade.
O referencial teórico do presente trabalho é composto pelos argumentos de Cunha,
Amaral e Dantas evidenciando sobre usuários da informação. Fachin e Magalhães pontuam
acerca do conhecimento. Schiel e Teixeira apresentam concepções relacionadas a internet e
seu impacto nos processos de recuperação da informação. Lima e Alvares citados por Sales
enfatizam sobre a importância do profissional da informação. Oliveira ressalta a cerca da
abordagem qualitativa. Na estrutura do trabalho são expostas também ilustrações que servem
de referência para a análise.
Os objetivos para desenvolver essa abordagem são: investigar sobre como a
organização e disponibilização das informações contribuem no processo de ampliação do
conhecimento humano, propor reflexões acerca da importância da Ciência da Informação para
a Biblioteconomia e vários outros campos de estudos e expor argumentos que evidencie o
tema apresentado.
Os pressupostos levantados fomentam a busca de muitas outras informações sobre a
temática, uma vez que, o conhecimento sendo uma prática fundamental e inacabada, colabora
na formulação de questionamentos importantes favoráveis a sociedade.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conhecimento é imprescindível ao ser humano desde o início das mais antigas


civilizações, isso contribui para que a ação de conhecer possa ser considerada uma
necessidade. Conforme Magalhães (2005). O homem usa o conhecimento para reagir ao meio
e, se possível, para transformar esse meio.
Os avanços educacionais, tecnológicos e científicos são fatores proporcionados pelo
conhecimento e contribuem significativamente para a melhoria social, nesse sentido, pode-se
notar que esses fenômenos acontecem de maneira processual, pois o ato de conhecer envolve
etapas.
82

As necessidades de informação são de tipos variados. Alguns


indivíduos precisam encontrar um documento específico com dados
descritivos conhecidos ou necessitam encontrar documentos sobre um
determinado tema. Outros querem solucionar um problema específico,
uns necessitam de atualização corrente, enquanto outros precisam de
um simples dado ou informação factual. Também existem aqueles que
solicitam que a informação seja obtida após a consulta a mais de um
tipo de documento. (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 3)

O aspecto situacional é fundamental na busca de informação, desse modo, o


conhecimento bem estruturado, é base para a organização de ideias, argumentos claros e
consistentes capazes de conduzir o ser humano na aplicabilidade de teorias desenvolvidas.
O progresso científico, de modo geral, é produto da atividade humana,
por meio da qual o homem, compreendendo o que o cerca, passa a
desenvolver novas descobertas. E, por relacionar-se com o mundo de
diferentes formas de vida, o homem utiliza-se de diversos meio de
conhecimentos, por intermédio dos quais evolui e faz evoluir o meio
em que vive, trazendo contribuições para a sociedade. (FACHIN,
2006, p.9)

Compreender sobre a organização e disponibilização das informações " - voltadas para


o mundo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação, denota a importância de possibilitar
ao usuário o direcionamento de informações procuradas nos lugares adequados, assim,
percebe- se que a organização de bibliotecas e de Centros de documentação, deve ser
precedida de uma análise sobre os usuários que frequentam esses espaços.
De acordo com Cunha, Amaral e Dantas (2015, p.60):
A prestação de serviços de informação com qualidade pressupõe
investigações regulares utilizando as técnicas do estudo de usuários,
principalmente se considerarmos as mutações aceleradas do ambiente
de informação a partir da evolução da Tecnologia da Informação.

Dessa forma, uma biblioteca é fundamental no processo de recuperação das


informações, pois, para que a mesma cumpra o seu papel é necessário selecionar, organizar os
diversos materiais bibliográficos, das mais variadas áreas de conhecimento, e principalmente,
conseguir disseminar as informações disponíveis em seus acervos.
Como exemplo, tem a Biblioteca Universitária Dante Alighieri do Centro
Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI.
83

Foto 1: Biblioteca Universitária Dante Alighieri da UNIASSELVI.


Fonte: Dados da Pesquisa.

A Biblioteca possui um acervo diversificado que abrange várias áreas do conhecimento e


automatizado que possibilita aos usuários realizar consultas presencialmente ou online por meio
do software SÁBIO. Ainda, o acervo está catalogado de acordo com o código Anglo-Americano
Cataloguing Rules - AACR2 e o sistema de classificação utilizado é a Classificação Decimal de
Dewey (CDD).

Considerando a informática como fator fundamental no processo de


recuperação de informação, percebemos que a cada momento surgem
tecnologias cada vez mais sofisticadas que permitem uma interação
direta entre os usuários e os sistemas. (SCHIEL; TEXEIRA, 1997, p.
65)

Ainda, de acordo com Schiel e Teixeira (1997, p.66):

Visando a recuperar informação de forma eficiente e eficaz, os mais


diversos centros de documentação, serviços de informação e
bibliotecas construíram suas bases de dados, que são fontes de
informação automatizada que podem ser pesquisadas de diversos
modos. Elas podem ser armazenadas em meios magnéticos ou ópticos
e acessadas local ou remotamente.
84

Foto 2: Acervo da Biblioteca Universitária Dante Alighieri da UNIASSELVI.


Fonte: Dados da Pesquisa.

A biblioteconomia que se ocupa da organização da informação e do conhecimento


através de códigos, ferramentas e técnicas. Daí a relevância do Profissional da Informação, no
caso da Biblioteca é o Bibliotecário que através de processos de Indexação, organizam
fisicamente, representam os conteúdos e recuperam a informação para que ela se torne
acessível.
Para Lima e Alvares (2012, apud SALES, 2019, p. 9):

No sentido mais genérico do termo, organização do conhecimento é o


modo como ele é disposto em assuntos em toda parte onde se deseja a
sua sistematização ordenada para atingir determinado propósito [...] é
estudada em outras áreas como Antropologia, Computação, filosofia,
Linguística, Psicologia, Sociologia, entre outras. Na ciência da
informação, é a área de estudos voltada às atividades de organização,
representação e recuperação da informação.

Também, é necessário que o Bibliotecário desenvolva o seu trabalho de acordo a


política de Indexação de sua Biblioteca. Esta deve ser construída a partir das necessidades do
usuário daquela Instituição, tais como: Biblioteca Escolar; Biblioteca Universitária; Biblioteca
Especializada; entre outras.
85

Sendo assim, ao indexar os documentos que é construir os índices que melhor


representam os seus conteúdos, venha facilitar a busca no catálogo, e consequentemente, o
acesso a informação.
As informações são disponibilizadas de maneira exponencial e diante da quantidade de
opções é necessário que o usuário adote mecanismos que lhes serão favoráveis na
compreensão de referenciais teóricos do seu interesse, nesse sentido, filtrar o essencial torna-
se um fator prioritário na absorção, construção e transformação do conhecimento.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido com base na abordagem qualitativa, na qual, o


pesquisador deve ficar atento para que perceba a presença de elementos durante a pesquisa,
porque alguns dados por mais desprezíveis que pareçam podem ser fundamentais para
entender o que está sendo analisado e ter uma melhor compreensão do tema que está sendo
investigado.
De acordo com Oliveira (1997, p. 117):

A pesquisa que utiliza da abordagem qualitativa possui a facilidade de


poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou
problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e
classificar processos dinâmicos e experimentados por grupos sociais,
apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou
formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau
de profundidade, a interpretação das particularidades dos
comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

Nesse sentido, buscando entender como se dá a “Organização e disponibilização das


informações " - Voltadas para o mundo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação foi
realizada diversas leituras de livros e periódicos, confrontando sempre a ideias de diferentes
autores para compreender em maior profundidade o referido tema. E ainda, na tentativa de
acabar com a complexidade que envolve essa pesquisa e contribuir para disseminar a
informação foram abordados os principais elementos e a interação de certas variáveis sob a
percepção dos autores e seus pontos de vistas de maneira abrangente.
86

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados coletados proporcionaram um valioso conjunto de informações que


conduziu-nos à uma análise reflexiva sobre os resultados obtidos, com vistas a verificação e
avaliação do uso da linguagem documentária em sites coletivos de áreas científicas
especializadas e de biblioteca universitária, cenário esse identificado no âmbito da presente
pesquisa.
Além disso, as diversas leituras contribuíram de forma significativa para a formação
discente enquanto futuros profissionais da Biblioteconomia, pois o artigo possibilitou uma
nova forma de pensar, agir e um despertar diante o processo de construção do conhecimento e
sobre a organização e disponibilização das informações - voltadas para o mundo da
Biblioteconomia e da Ciência da Informação.

REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação -


Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520. Informação e documentação


- Citações em documentos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

AMARAL, Sueli Angelica do; CUNHA, Murilo Bastos da; DANTAS, Edmundo Brandão.
Manual de Estudo de Usuários da Informação - São Paulo: Atlas, 2015.

BRASIL, Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI, Jequié/BA. Ambiente


Virtual de Aprendizagem - AVA. Disponível em:<
https://portal.uniasselvi.com.br/graduacao/alunos/bibliotecas/estrutura>. Acesso em: 13 nov.
2019.

BRANDÃO. Manual de Estudo de Usuários da Informação - São Paulo: Atlas, 2015.

FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. 5. ed. [rev.] - São Paulo: Saraiva, 2006.

MAGALHÃES, Gildo. Introdução à metodologia científica: caminhos da ciência e tecnologia


- São Paulo: Ática, 2005.
OLIVEIRA, Sílvio Luíz de. Tratado de Metodologia Científica: Projetos de pesquisa, TGI,
TCC, Monografias, Dissertações e Teses. Rio de Janeiro: Pioneira, 1997.
SALES, Fernanda de. Indexação e resumos - Indaial: UNIASSELVI, 2019.

SCHIEL, Ulrich; TEIXEIRA, Cenidalva Miranda de Sousa. A internet e seu impacto nos
processos de recuperação da informação. Ciência da Informação. Brasília, n.1, p. 65-71;
jan./abr. 1997.
87

CAUSAS E CONSEQUENCIAS DE DISTÚRBIOS BIOPSICOSOCIAIS EM JOVENS


UNIVERSITÁRIOS: SOLUCÕES POSSÍVEIS PARA O ENFRENTAMENTO DO
PROBLEMA.
1Caroline Santos Adimarães, 2Isa Nascimento Sanches,3Lelícia Kelly da Silva Souza, 4Marta
Luiza Sampaio Meira, 5 Ysnaia Neves Miranda
1,2,3,4,5 -Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, acadêmica de fisioterapia, E-mail:
carolineadimaraes@gmail.com

RESUMO

Os desafios enfrentados por jovens que adentram as universidades têm se tornado objeto de
estudo por abordar temas preocupantes relacionados a saúde mental desses indivíduos. O
presente estudo visa diagnosticar as causas de distúrbios biopsicossociais em jovens
universitários, tendo como objetivo propiciar soluções possíveis para o enfretamento do
problema. A pesquisa foi realizada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, no
município de Jequié, através da aplicação de questionários semiestruturados. As hipóteses
levantadas foram acerca da dificuldade na transição do ensino médio para a universidade,
preocupações relacionas aos gastos das famílias a fim de mantê-los, e as atribuições geradas
pela quantidade de disciplinas e tarefas a desenvolver nos semestres. A conclusão se embasa
nos resultados obtidos, sustentando a problemática atribuída ao despreparo emocional destes
indivíduos ao se incluírem no ambiente acadêmico.

Palavras-chave: Biopsicossociais; Distúrbios-universidade; Despreparo emocional.

Causes and consequences of biopsychosocial disturbances in university students: as


possible solutions in the confrontation of the problem.

ABSTRACT

The challenges faced by young people entering universities have become the subject of study
by addressing issues of concern related to the mental health of these individuals. The present
study aims to diagnose the causes of biopsychosocial disorders in university students, aiming
to provide possible solutions for problem solving. The research was carried out at the
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, in the municipality of Jequié, through the
application of semi-structured questionnaires. The hypotheses raised were about the difficulty
in the transition from high school to university, concerns related to household spending in
order to maintain them, and the attributions generated by the number of disciplines and tasks
to be developed in the semesters. The conclusion is based on the obtained results, sustaining
the problematic attributed to the emotional unpreparation of these individuals when being
included in the academic environment.

Keywords: Biopsychosocial; University-disturbance; Emotional unpreparedness.


88

INTRODUÇÃO
Os desafios enfrentados por jovens que adentram a Universidade têm sido motivo de
preocupação para os órgãos de Saúde Pública, uma vez que a tensão ocasionada pela transição
do ensino médio para o universitário interfere no cotidiano dos novos acadêmicos,
ocasionando na vida desses indivíduos, problemas de adaptação à nova realidade que os
tornam suscetíveis a um mal-estar psicossocial, despertando nosso interesse para realização da
referida pesquisa.
O modelo biopsicossocial amplamente difundido e pesquisado por especialistas de
diversas áreas do conhecimento tem a função de desvendar o progresso de doenças a partir de
fatores biológicos, psicológicos e sociais, respectivamente os genéticos, estados de humor,
comportamento, familiares, socioeconômicos e médicos.
Para realizar esse estudo fez-se necessário recorrermos ao conceito de saúde, que de
acordo com a Organização Mundial de Saúde, é “um estado de completo bem-estar físico,
mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”.
(OMS, 1946). Buscou-se também o termo biopsicossocial, que abrange a totalidade do
indivíduo, sendo que tal conceito possibilita a função de desvendar o progresso de doenças a
partir de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Associados, respectivamente a genéticos,
estados de humor, e socioeconômicos.
Adotou-se na pesquisa, a concepção de França (1996, p.12) que diz:

“O conceito biopsicossocial origina-se da Medicina Psicossomática, que propõe


visão integrada, holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana, que
divide o ser humano em partes”

Nessa perspectiva, propomos criar espaço de discussões e debates, com a finalidade de


ampliar o leque de opção, a fim de diminuir a ansiedade e a depressão que acompanha os
acadêmicos durante o percurso universitário.

OS CAMINHOS DA PESQUISA

Numa perspectiva empírica, consideramos de fundamental importância o


conhecimento de leituras transversais sobre os problemas, e os estudos que podem determinar
as propostas para a resolução de impasses que permeiam o tema. Os elementos cuja variação
pode modificar a solução dum problema sem lhe modificar a natureza, devem originar
análises sobre as quais iniciativas são aplicadas na tentativa combater e prevenir suas origens.
As características que incorporam o processo de educação vigente, no movimento
amplo das universidades têm sido desenvolvidas numa série de atividades com alunos e
89

profissionais, onde destacamos a aplicação da função do aluno, no qual ele é o sujeito e


agente do processo.
Nessa perspectiva, consideramos de fundamental importância o conhecimento de
leituras transversais sobre os problemas, e estudos a partir de conceitos, podem determinar
propostas para a resolução de impasses que permeiam o tema. Os elementos cuja variação
pode modificar a solução de um problema sem lhe modificar a natureza, devem ser originados
das palavras sobre as quais, iniciativas são aplicadas na tentativa de combater e prevenir suas
origens, conhecendo os conceitos e significado e de cada palavra que circunda a questão na
contemporaneidade por meio de estudos aprofundados de especialistas e tratadistas do
assunto.
Para tal, estudamos o significado das palavras de forma que pudessem nortear a
elaboração de metas e ações e análise do problema.

Biopsicossocial

O conceito da palavra biopsicossocial é inerente ao ser humano, visto que somos seres
vivos, característica atrelada ao biológico, e como seres humanos considerados animais
racionais, particularidade relacionada com o fato de pensarmos, somos sociais e agregado
pelas relações.
“O conceito biopsicossocial origina-se na medicina psicossomática, que propõe visão
integrada, holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana, que divide o ser
humano em partes”. (Limongi – França, 1996)
“Toda pessoa é um complexo biopsicossocial, isto é, tem potencialidades biológicas,
psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condições de vida. Estas respostas
apresentam variadas combinações e intensidades nestes três níveis e podem ser mais visíveis
em um deles, embora todas sejam sempre interdependentes. ” (Limongi – França, 1996).

Saúde
Abordar este termo significa trazer memória histórica de como a saúde vem sendo
tratada desde o princípio da humanidade: o culto ao corpo, as doenças associadas a castigos
divinos, princípios da visão epidemiológica, surgimento de profissões e, consequentemente
90

divisão do trabalho para especializar o cuidado a saúde. Mas conceituar esta palavra entender
o indivíduo em sua totalidade.
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo
somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. (OMS, 1946)
“Saúde é um direito de todos e dever do Estado. ” (CF, 1988).
Crise
A expressão “crise” provém da palavra grega krisis, que significa “decisão” e deriva
do verbo krino, que quer dizer “eu decido, separo, julgo” (Moreno, Peñacoba, González-
Gutierrez & Ardoy, 2003; Sánchez & Amor, 2005). “Crise”, ainda pode ser definida como um
estado de desequilíbrio emocional do qual uma pessoa que se vê incapaz de sair com os
recursos de afrontamento que habitualmente costuma empregar em situações que a afetam
emocionalmente (Parada, 2004).
Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do
indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno. Quando este
equilíbrio é rompido, está instaurada a crise, que é uma manifestação violenta e repentina de
ruptura de equilíbrio. Essa alteração no equilíbrio, gerada por um fracasso na resolução de
problemas que o indivíduo costuma utilizar, causa sentimentos de desorganização,
desesperança, tristeza, confusão e pânico (Wainrib & Bloch, 2000).

Ansiedade
Ansiedade não é considerada um fenômeno necessariamente patológico, mas uma
função natural do organismo, que permite que ao mesmo estar preparado, ou preparar-se para
responder, da melhor forma possível, a uma situação nova e desconhecida, bem como a uma
situação já conhecida e interpretada como potencialmente perigosa (Silva, 2010).
A ansiedade pode ser definida enquanto evento clínico, quando implica em um
comprometimento ocupacional do indivíduo, impedindo o andamento de suas atividades
profissionais, sociais e acadêmicas, abrange um grau de sofrimento considerado significativo
e também quando as respostas de hesitação ocuparem um tempo considerável do dia
(Zamignani; Bonaco, 2005).
Desse modo, elegemos para iniciação, a pesquisa bibliográfica, revisão de literatura
em dicionários, enciclopédias e textos de autores contemporâneos visando abarcar um
número de indicações e estudos que pudessem fundamentar as hipóteses levantadas, e
indicavam quais as dificuldades incluídas na transição do ensino médio para a universidade,
91

como: deficiência no ensino médio, cobranças dos familiares por aproveitamento, a questão
financeira e a quantidade de disciplinas e tarefas para desenvolver no semestre.
As hipóteses foram testadas a partir de aplicação dos questionários semiestruturados,
em que foram incluídas perguntas que possuíam relações entre saúde mental, física e a
inserção na universidade. A pesquisa foi realizada no mês de setembro com alunos da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, no município de Jequié. Foram selecionados de
modo aleatório 25 alunos distribuídos pelos 14 cursos oferecidos no campus, dentre eles,
tanto alunos moradores do município quanto advindos de outras cidades.
A análise dos relatos foi feita com intuito de abranger o significado que tem para o
jovem a entrada na universidade, bem como as causas e consequências dos distúrbios
biopsicossociais em jovens universitários e as propostas de metas e ações que possam
minimizar os efeitos causados por questões que possivelmente e no futuro próximo sejam
solucionadas.

RESULTADO E DISCUSSÃO
O esforço, geralmente acompanhado de crises e conflitos de vários estudantes para
adentrar as universidades tem sido objeto de estudo, com intuito de entender as condições
psicológicas as quais os jovens são expostos, entretanto há ainda certo tabu ao tratar de saúde
mental, o que suscita aspecto negativo sobre o tema.

A vida universitária corresponde a um período de grandes mudanças na vida do


estudante, sendo que estas são responsáveis por inúmeras situações estressantes,
como a distância da família, novos relacionamentos interpessoais, relacionamentos
amorosos, a adaptação à vida acadêmica, decisão sobre prioridades e
gerenciamento da vida financeira (3). As situações estressantes aumentam
progressivamente, uma vez que a cada etapa do curso surgem novas exigências que
requerem o desenvolvimento de habilidades e competências por parte dos
estudantes (4). (Rev. Eletr. Enf. 2018).

A desigualdade é um dos fatores desencadeantes principais de pressão psicológica na


universidade. Ainda que a visão da sociedade seja das academias como um espaço que
proporcione debates inclusivos, foi possível encontrar relatos de discentes no que se refere a
indiferença e segregação, principalmente vinculada a sexualidade.
Diante das análises e questionamentos ponderados foi possível corroborar as hipóteses
atribuídas ao tema, pois houve consenso nas respostas dos estudantes entrevistados acerca da
dificuldade na transição entre o ensino médio e a universidade, principalmente nos aspectos
92

relacionados a disciplinas e quantidade de tarefas. A hipótese referente a cobrança pelos


gastos para mantê-los não foi confirmada de maneira uniforme, ainda que alguns estudantes
expressaram sentimento de culpa relativos a tal situação.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

As causas de distúrbios biopsicossociais em jovens universitários são diversas, tendo


relação com o despreparo emocional destes indivíduos ao se incluírem no ambiente
acadêmico. Embora os esforços têm sido expandidos para que metas e ações sejam
fomentadas com a finalidade de se alcançar a resolução dos problemas.
As soluções prováveis relacionadas as três hipóteses propostas são possíveis através da
participação ativa dos alunos que compõem o diretório central estudantil (DCE) e os centros
acadêmicos de cada curso a fim de conscientizar os alunos sobre a diferença entre
universidade e ensino médio diminuindo conflitos relacionados a duvidas recorrentes; orientar
sobre os programas de auxilio permanência ofertados; incentivar a participação nas reuniões
dos respectivos grupos com intuito de indicar problemas e sugestões a gestão .
A orientação para que os estudantes colaborem entre si é viável, mas, ainda é possível,
alternativas para lidar com as referidas situações, como a promoção de rodas de terapia
desenvolvidas por docentes e funcionários da universidade, além da disponibilidade de apoio
psicológico gratuito, efetivo e de fácil acesso, na instituição.
Os fatores preexistentes, sociais, culturais, financeiros, e emocionais foram
considerados pelo elevado número de relatos coletados nas instituições universitárias que
apontam para doenças ocasionais depois da entrada na academia. Nessa perspectiva,
propomos criar espaço de discussões e debates, com a finalidade de ampliar o leque de opção
que possa diminuir a ansiedade e a depressão que acompanha os acadêmicos durante o
percurso universitário.

REFERÊNCIAS

CARLETO CT, Moura RCD, Santos VS, Pedrosa LAK. Adaptação à universidade e
transtornos mentais comuns em graduandos de enfermagem. Rev. Eletr. Enf. [Internet].
Disponível em: http://doi.org/10.5216/ree.v20.43888.

Constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO). EUA: Nova York, 1946.


FRANÇA, Ana Cristina Limongi. Indicadores empresariais de qualidade de vida no
trabalho: esforço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de manufaturas
com certificação ISO 9000. (TESE DOUTORADO). São Paulo: USP, 1996.
93

AS CIÊNCIAS CENTRADAS NO CUIDADO HUMANO: A FISIOTERAPIA


TRANSCULTURAL.
Ana Karolline Souza Vasconcelos¹; Caroline Santos Adimarães²; Isa Nascimento Sanches3;
Jarlan Santana de Souza4; Maria Luzia Braga Landim5.
1,2,3,4,Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, acadêmica do quarto semestre do curso
de Fisioterapia;
5Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; Departamento de Ciências Humanas e Letras,
docente.

RESUMO

Essa investigação trata sobre a humanização na saúde, e os aspectos socioculturais presentes


na vida cotidiana podem ser trabalhados nas áreas das Ciências Humanas e Sociais, de modo a
constar no planejamento dos cuidados em saúde. A abordagem justifica-se pela intensidade
que o tema vem sendo fomentado pelos organismos de saúde no Brasil, a considerar que, além
do olhar biomédico, outros olhares podem ser dimensionados para os direitos dos cidadãos.
Inicialmente objetiva-se conhecer a percepção dos estudantes de Fisioterapia, ingressantes e
concluintes, a fim de estabelecer os padrões de humanização em saúde utilizados, e como a
relação com as disciplinas de Ciências Humanas e Sociais podem ser sugeridas na matriz
curricular do curso. O presente estudo descritivo e de natureza qualitativa, teve como
instrumento um questionário semiestruturado com pressupostos testados posteriormente pelo
conhecimento prévio e senso comum dos sujeitos da pesquisa, e comparados cientificamente
com teóricos e tratadistas do tema. Os dados coletados foram analisados de acordo com a
perspectiva da análise de conteúdo de Bardin. Os resultados preliminares indicam que, os
estudantes apresentam dificuldades em relacionar a humanização em saúde com as disciplinas
de ciências humanas, tendo em vista que o modelo biomédico ainda prevalece no curso,
embora uma sugestão de reorganização no enfoque não foi descartada, e a sugestão ê o nosso
trabalho visa aproximar o discente da realidade assistencial humanizada, contemplando as
diretrizes curriculares e os paradigmas existentes no Sistema Único de Saúde.
Palavras-chave: Humanização; Saúde; Fisioterapia Transcultural.

ABSTRACT

(Use of educational software in the rehabilitation of child athletes). This research deals
with humanization in health, and how the sociocultural aspects present in daily life can be
worked in the areas of Humanities and Social Sciences in order to maintain a health care
planning. An approach justified by the intensity of the theme has been promoted by health
organizations in Brazil, considering that, besides looking biomedical, other views can be
scaled to the rights of consumers. The objective is to know what is the perception of
physiotherapy students, freshmen and graduates, who have about humanization in health and
its relationship with humanities disciplines in the curriculum. The present study was
conducted from August to September 2019. This is a descriptive study of a qualitative nature.
A semi-structured questionnaire containing four questions was applied. The collected data
were analyzed according to Bardin's perspective. The results revealed that students have
difficulty in relating a humanization in health with humanities disciplines present in the
curricular series of the referred course, suggesting a reorganization in the focus given to these
disciplines, to better approach or student the humanized reality of care, order to include as
guidelines of the Unified Health System.
Key-words: Humanization; Health, Fisioterapy, Trasncultural.
94

INTRODUÇÃO

A humanização em saúde é descrita como o encontro de sujeitos e suas respectivas


subjetividades e este encontro é a base para os fundamentos do cuidar e da assistência,
gerando um processo de aprendizagem recíproca e privilegiada, segundo por Corsino & Sei
(2019).

A fisioterapia transcultural proposta nesse estudo envolve a estrutura cultural, social e


ambiental, e as visões e versões de mundo que dizem respeito aos sistemas do cuidar e
humanizar. Objetiva defender a importância, a consciência e a influência da dimensão cultural
na interface do cuidado que se refere a uma assistência ampla que abriga eficiência e
resolutividade na humanização.

Atualmente, a formação em saúde tem gerado intensos debates acerca de como


transmitir no processo de ensino-aprendizagem, os princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS), que são a universalidade, a integralidade e a equidade. Nesse contexto, a humanização
do ensino em saúde se mostra de forma mais lúcida, uma vez que sem esta não há como
disseminar os princípios do SUS. (PITOMBEIRA, XAVIER, BARROSO, & OLIVEIRA,
2016; MEYER, COSTA, GICO, 2006)

Visando promover um ensino menos tecnicista e mais focado no ser humano em sua
integralidade no curso de fisioterapia, é sugerido pelo Ministério da Educação por meio das
diretrizes curriculares do referido curso o seguinte:

[...os conteúdos de ciências sociais e humanas devem contemplar a matriz curricular


do curso, por se tratar de estudos direcionados ao homem e suas relações, e que possibilita
olhares críticos e reflexivos, de maneira a contribuir para o discente de fisioterapia uma
formação humanística]. (BATISTA et al, 2019).

Diante dessa perspectiva, surgem questões norteadoras que fomentam dúvidas


relativas ao entrosamento das áreas, pelos estudantes que não conseguem em parte perceber
baseados no modelo biomédico, a relação entre disciplinas dos cursos de saúde com as de
ciências humanas e a inter-relação que possa propiciar ganhos significativos â proposta de
humanização em saúde. Portanto, esta pesquisa objetiva conhecer a percepção de estudantes
do Curso de fisioterapia, tanto ingressantes como concluintes, acerca dos benefícios
transculturais, das disciplinas de ciências humanas e sociais no âmbito da saúde, defender a
importância, a consciência e a influência da dimensão cultural na interface do cuidado,
95

operacionalizando uma assistência ampla que abrigue a eficiência e a resolutividade na


humanização.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata de um estudo descritivo, de natureza qualitativa. Os critérios de inclusão


exigiram que os estudantes estivessem devidamente matriculados e cumprido ao menos 20% e
mais de 70% da carga horaria total registrada no histórico escolar, e graduação coadjuvante ao
respectivo período da pesquisa. Aplicado o questionário semiestruturado contendo as
perguntas pertinentes a temática, os dados obtidos em primeira perspectiva foram analisados
de acordo a perspectiva de Bardin, que consiste em análise de conteúdo, exploratória, e
caracterizada pela codificação, classificação e categorização das informações. (BATISTA et
al, 2019).

A pesquisa obedece a Resolução CNS510/2016 – SISNEP/MS que trata das pesquisas


com seres humanos nas áreas de ciências humanas e sociais e assegura o sigilo a informação
prestada pelos entrevistados. Para efetivar a responsabilidade com os sujeitos da pesquisa, foi
apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) a todos, para não haver
quaisquer dúvidas quanto ao sigilo das respostas obtidas e concedidas por livre e espontânea
vontade dos colaboradores

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a transcrição das entrevistas e a análise profunda do material coletado foi


possível perceber que entre os estudantes o conceito de humanização em saúde é de
conhecimento geral, e por vezes vai de encontro ao senso comum, sendo que as respostas
mais elaboradas foram propostas por discentes que estão em processo de conclusão do curso e
no cronograma de execução previsto para a continuidade do projeto.

Dentre as respostas obtidas, chama atenção para a frequência que surge o conceito de
humanização que se relaciona com o de saúde holística, definido como, uma visão em saúde
que busca considerar o paciente como um todo, não dissociando o corpo físico do corpo
espiritual, e observando assim, os vários fatores que podem influenciar o ser/ter saúde.
(Pitombeira, Xavier, Barroso & Oliveira, 2016)

Esta associação de conceitos não é de etiologia equivocada, mas revela a influência da


disciplina “Psicologia em saúde”, ofertada no primeiro semestre, cuja construção pertence ás
disciplinas das Ciências Humanas e ao processo de humanização em saúde.
96

Entretanto, quando questionados sobre quais outras disciplinas presentes na grade do


curso poderiam estar fomentando o processo de humanização, nota-se que poucos conseguem
relacionar as disciplinas de Sociologia, Antropologia e Realidade Brasileira e Contemporânea
como disciplinas capazes de integrar o processo supracitado, revelando que os estudantes
ainda possuem uma dificuldade de perceber a contribuição destas disciplinas para uma
formação humanizada.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A humanização em saúde ultrapassa as condutas tecnicistas e exige dos


profissionais da saúde uma preparação teórico-prático, na graduação e na sequência
profissional, para a aplicação de qualidade na assistência. Assim, os universitários além de
conhecer o conceito supracitado, deve integrar a forma holística do Paciente/usuário, e
entender o contexto atual no qual o fisioterapeuta e extremamente necessário para o cuidar
humano como forma de melhoria da qualidade de vida, utilizando além das técnicas,
humanização e esperança para os usuários dos seus serviços.

No entanto, para que isso ocorra é premente que as áreas do conhecimento


estejam imbricadas e façam parte de um contexto que privilegie as disciplinas, e contribuam
para o entendimento do processo de humanização em saúde, sugerindo uma reorganização no
enfoque dado aos conteúdos de disciplinas especificas da saúde, aproximando o acadêmico da
realidade transcultural e humanizada da assistência, e as diretrizes do Sistema Único de
Saúde.

REFERÊNCIAS

BATISTA, K. PEDREIRA, E. GALVÃO, V. MONTEIRO, S. Humanização na formação


acadêmica: percepção do estudante de fisioterapia. Rev. Pesqui. Fisioter. 2019;9(2):219-226.
Doi: 10.17267/2238-2704rpf.v9i2.2334

LENINGER, M. Culture care theory: a major contribution to advance transcultural nursing


knowledge and practices. J Trans Nurs. 2002; 13(3):189. 7

MEYER, P. F.; COSTA, I. do C. C.; GICO,V. de V.: Ciências sociais e fisioterapia: uma
aproximação possível. História, Ciências, Sade. Manguinhos: Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p.
877-90, out.-dez. 2006.

PITOMBEIRA, D. F., XAVIER, A. S., BARROSO, R. E. C., OLIVEIRA, P, R. S. 2016.


Psicologia e a formação para a saúde: Experiências formativas e transformações curriculares
em debate. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(2), 280-291. doi:
http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703001722014.
97

SAÚDE HUMANIZADA NO SUS: UMA VISÃO DO PACIENTE

Angeli Souza de Jesus, Maíra Santana Santos, Mariana Alves dos Santos*
1,2,3 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, acadêmica do curso de Fisioterapia,
Campus de Jequié.

RESUMO
A proposta de estudo ora apresentada visa abordar aspectos e questões que abrangem desde os
serviços oferecidos que norteiam o Programa de Saúde Humanizada PNH no SUS –
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, e suas repercussões segundo a visão do usuário atendido. As
indagações levantadas dizem respeito ao tipo de atendimento previsto, e a configuração dos
profissionais que atendem de acordo com as propostas das políticas públicas desde a
implantação da modalidade. Dessa maneira, utilizamos o conhecimento prévio para identificar
os pressupostos que cercam a questão, bem como afirmar considerações que serão testadas
com o decorrer da pesquisa. Com objetivo de agregar conhecimentos relacionados aos
desafios e benefícios da Politica Nacional de Humanização (PNH) no município de Jequié,
procuramos discernir o conhecimento da comunidade quanto aos modos de atendimento as
políticas públicas previstas. Além disso, é importante pontuar a contribuição das Ciências
Sociais na formação dos profissionais de saúde para construção de uma inter-relação pessoal
entre profissional e usuário do sistema, e para tanto, empregamos metodologias de revisão de
literaturas, pesquisas bibliográficas, e a elaboração de questionários aplicados aleatoriamente
a sujeitos da pesquisa no município para a consecução do estudo. Esses procedimentos
tiveram como finalidade testar hipóteses e obter referencial que pudesse corroborar ou refutar
os precedentes da situação atual da questão. As considerações preliminares indicam que a
avaliação do sistema apesar de inúmeras queixas quanto ao atendimento, falta de preparo para
a humanização o acolhimento de pessoas que necessitam desse amparo, longos tempos de
espera em filas e deficiências de recursos físicos e materiais, pode ocorrer. Pela privação dos
meios de acesso aos princípios básicos sobre o PNH por parte dos pacientes e profissionais
que promovem a saúde.

PALAVRAS‐CHAVE: Saúde Humanizada; Ciências Sociais; Relação profissional-usuário


dos sistemas de saúde.
98

INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde, conhecido como SUS consiste em um conjunto de ações e


serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público,
foi criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela lei nº 8.080/90. Esse foi
idealizado a partir da verificação das influências que se referem à alimentação e ao ambiente
externo na saúde pública, contribuindo tanto quanto a intervenção médica, a qual, obviamente
é eficaz, porém sua precisão é maior quando vinculada a essas influencias em casos
emergências individuais. As suas propostas foram traçadas na VIII Conferência Nacional de
Saúde, com o intuito de reformular o sistema de saúde diante do descaso e da precariedade,
criando assim, uma possibilidade politica de enfrentar o problema.
A constituição federal de 1988 aprovou a criação do SUS, reconhecendo a saúde como
um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade,
equidade, integralidade e organizada de maneira descentralizada, hierarquizada e com a
participação da população. (MIOTTO, 2009 p.46). Atualmente, as opiniões públicas a cerca
do sistema variam de usuário para usuário, alguns acreditam que o projeto não está cumprindo
com seus objetivos, como podemos ver através do entrevistado 7:

“O SUS não é humanizado, partindo do pressuposto que a universalidade,


integralidade e equidade são os princípios que regem esse sistema, não
deveria existir pouco serviço ofertado para uma grande demanda, ou seja,
os usuários não tem acesso às tecnologias adequadas às suas necessidades,
sem falar numa defasada resolutividade.” (M.L.Q.S. professora, 47 anos).

Já com base em uma perspectiva oposta o sistema de saúde vem cumprindo seus
princípios e satisfazendo os usuários, de acordo com o ponto de vista do entrevistado 10,
“Acredito que o sistema em si é humanizado, principalmente em relação aos seus princípios e
diretrizes, mas existem alguns profissionais ou situações que não favorecem a humanização.”
(C.S.A. estudante, 19 anos).
Quando utilizamos o termo humanização, precisamos ter conhecimento sobre o seu
significado que é o ato ou efeito de tornar-se benévolo ou mais sociável. Politica Nacional de
Humanização foi instituída em 1999 na assistência hospitalar, com o objetivo de respeitar as
singularidades tanto do paciente como do profissional, aceitando os limites de cada um e
melhorando a convivência. O Humaniza SUS existe desde 2003 para efetivar os princípios do
99

SUS no cotidiano das praticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e
incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários. A PNH deve estar
presente e inserida em todas as politicas e programas do SUS.

UM PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO

A Politica Nacional de Humanização tem como objetivo provocar inovações na


produção de saúde, na gestão e no cuidado, com ênfase na educação permanente dos
trabalhadores do sistema de saúde e na formação dos acadêmicos da área de saúde.
(BARBOSA, 2013 p.123). Esta politica envolve acima de tudo a ética, pela necessidade de
que haja um compromisso por parte do profissional, do usuário e dos envolvidos para uma
melhoria no cuidado e tratamento do paciente, com o intuito de que seja não só benéfico para
o usuário, mas também para o profissional.
Diante das entrevistas feitas pudemos observar uma carência no conhecimento da
PNH por parte dos usuários do SUS, mas também notamos que a maioria percebe a
importância da humanização no sistema e na utilização dessa pelos profissionais, como
podemos constatar no depoimento do entrevistado 13:

“É evidente o uso da PNH por alguns profissionais de saúde, porem não de


forma efetiva como o proposto pela política. Isso ocorre devido a fatores
relacionados à falta de recursos e de infraestrutura, o que torna difícil o
emprego da integralidade do atendimento.” (M.A.S. estudante, 19 anos).

As Ciências Sociais reúnem todas as disciplinas científicas cujo objetivo de estudo se


relaciona com as atividades e comportamentos dos seres humanos. Dessa forma, ela consiste
basicamente numa analise das manifestações da sociedade, quer materiais, quer simbólicas.
Ao permear os cursos de graduação da área da saúde, essas disciplinas são imprescindíveis na
formação de profissionais atentos à influência dos aspectos psicológicos e sociais, além dos
biológicos, dentro do estado de saúde e bem estar do paciente. Fatores esses que corroboram
para um atendimento humanizado ao estabelecer uma reação de integralidade e de
transversalidade no contato profissional/paciente. Assim, observa-se a relevância atribuída a
Ciências Sociais na área da saúde no que diz o entrevistado 9:
100

“As ciências sociais, como por exemplo, a sociologia e a antropologia, têm


por objeto de estudo o ser humano, a sociedade e sua interação, bem como as
diversas situações que motivam o comportamento humano. Destarte, ao
perceber o outro além da doença apresentada, como um ser igual a você,
com dificuldades e limitações, você acaba tendo mais empatia e tratando-o
de maneira mais gentil. A empatia é a chave para um tratamento mais
humanizado e creio que, somente ao perceber o outro como um ser humano
e não como uma doença, podemos desenvolver tal habilidade.” (A.L.G.O.C.
advogado, 36 anos).

Dentro da atuação dos diversos profissionais da saúde, a integralidade, almeja vencer o


progresso do fracionamento das áreas do conhecimento, ou seja, o processo de isolamento da
educação em nichos disciplinares específicos. Em oposição com o modelo biomédico vigente
nessas relações reducionistas, as Ciências Sociais cooperam com um enfrentamento, baseado
na reconstrução das relações entre profissionais, aderindo um modelo pedagógico que permita
ao discente ser ético, humano e competente, tudo isso estimando o bem estar biopsicossocial
do paciente. (MIOTTO, L; BARCELLOS, L. 2009 p.47)
Na saúde, transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de
saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Em consonância,
BARBOSA, G. et al. (2013, p.124) afirma em sua obra que para a construção de uma nova
forma de cuidado com os usuários dos serviços de saúde pautados na humanização é
necessário entender que os pacientes precisam de uma abordagem integral e humana.
Portanto, devem ser respeitados os seus saberes, que são ligados a sua cultura e que dão
sustentação a sua forma de perceber seu processo de adoecimento. Afirma que o encontro
interpessoal que acontece em um consultório, o usuário busca alívio para os problemas
cotidianos de saúde e também deve ser entendido como um encontro de culturas.
Visto isso, para que haja essa troca de saberes é primordial que o profissional saiba a
importância de um atendimento humanizado e isso deve ser introduzido desde o seu processo
de formação. Dessa forma, sob o ponto de vista da população Jequieense as ciências sociais
contribuem norteando a formação de um profissional humanizado, fazendo com que ele
observe seu paciente além da doença. Ademais, observa-se uma carência da população
relacionada ao conhecimento das políticas públicas de saúde que segundo esses pode ser
difundido através de uma maior comunicação com a equipe de atenção básica a saúde, da
promoção de palestras a comunidade, de cartazes e panfletos informativos, da mídia e seu
amplo poder de divulgação, além da busca mais afinco por parte do paciente, o que é de
imprescindível importância de acordo com o depoimento do entrevistado 8:
101

“Formando cidadãos que sabem cobrar seus direitos. Se uma


população aceita tudo que os oferecem, vai sempre continuar sendo o
“caos” que vem acontecendo nos dias de hoje.” (M.A.M.S. estudante,
18 anos)

Destarte, é de fundamental importância a compreensão do conceito de avaliação no


campo da saúde como sendo um dispositivo capaz de fornecer informações cientificamente
válidas e socialmente legitimas sobre ela no âmbito das políticas e programas sociais,
consistindo fundamentalmente em aplicar um julgamento de valor a uma intervenção. Assim
sendo, segundo MOIMAZ, S. et al. (2010, p. 1419), a percepção do usuário que utiliza o
sistema de saúde é de fundamental importância na hora de calcular o impacto das ações que
vem sendo desenvolvidas no setor da saúde, além disso, serve também como vetor de
direcionamento e planejamento de serviço através das avaliações.
De acordo com os moradores de Jequié, alvo dessa pesquisa, o atendimento do SUS,
único sistema de acesso à saúde de grande parte da população, principalmente os de baixa
renda, não se caracteriza como eficiente. As principais queixas se relacionam a demanda
desproporcional à capacidade de atendimento gerando filas, e deficiência na quantidade de
profissionais que seriam necessário para o atendimento a contento, evitando os contratempos
dos atendimentos não sucedidos, e a falta de materiais, de equipamento e de profissionais.
qualificados que atendam a demanda no tempo necessário para um acolhimento humanitário.
Tendo em vista que a maioria dos entrevistados concorda que as políticas da PNH
beneficiariam o Sistema Único de Saúde motivando os profissionais ao atendimento de
qualidade, além da satisfação dos usuários com relação às necessidades pessoais do paciente,
porque nem sempre as doenças são orgânicas e sim emocionais que poderiam ser amenizadas
com o atendimento que ocorresse de forma interpessoal, como pode ser verificado no relato
do entrevistado 10, “[...] por trazer uma visão mais ampla do atendimento e esta visão pode
vim a solucionar melhor o quadro e até evitar algumas complicações.” (C.S.A. estudante, 19
anos).
Em contra partida uma minoria acha que não beneficiaria, devido a grande influencia
do capitalismo nas relações sociais contemporâneas em que os profissionais na área da saúde
não visam o bem estar de seus pacientes apenas o lucro. Como é relatado pelo entrevistado 1:
“[...] a maioria dos profissionais... visam apenas o dinheiro e isso fica bem evidente na
diferença do atendimento pelo SUS e um atendimento particular.” (Costureira, 58 anos)
102

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

As considerações apontam para um sistema que trabalha com o bem estar da


população, e considerado por outros países como um projeto inovador que conseguiria
abranger parte da população carente e precisada de assistência à saúde.
Considerando que o Brasil é um país de largas extensões territoriais, o sistema
elaborado consegue atribuir acompanhamento pessoal na saúde/doença aos usuários, embora a
parte de humanização seja perene. A necessidade de conscientização e disseminação da
informação aos usuários do sistema precisaria do conhecimento prévio para que o profissional
de saúde pudesse interagir no processo, com a finalidade de auxiliar a parte interessada receba
o tratamento humanizado para lhes suprir a deficiência, cujo ganho de atenção humanitária
tenha legítimo interesse das partes.
De acordo com os depoimentos colhidos e a visão do paciente, a capacidade de
atendimento do SUS pode ser infindável desde quando existam investimentos e os recursos
destinados à saúde sejam empregados convenientemente.
É essencial a contratação de profissionais que tenham qualificação nas áreas de
Ciências Sociais e Humanas e promovam a inter-relação necessária para acompanhamento
dos tratamentos e acolhimento dos usuários.
É indispensável ressaltar a importância da divulgação por meio de ações que possam
propalar os conhecimentos necessários à população de forma que conheçam a respeito dos
serviços essenciais oferecidos pelo estado brasileiro, bem como direitos e deveres no que se
referem às questões de cidadania e fiscalização ao cumprimento das políticas de saúde,
criadas pelo Sistema Único de Saúde.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, G. et al. Política Nacional de Humanização e formação dos profissionais de
saúde. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem, 2013.
MIOTTO, M; BARCELLOS, L. Contribuição das Ciências Sociais nas praticas de saúde
pública. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, 2009.
SANCHES, R. et al. Percepção de profissionais de saúde sobre a humanização em unidade de
terapia intensiva adulta. Escola Anna Nery, 2016.
BENEVIDES, R; PASSOS, E. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde.
Ciências e Saúde Coletiva, 2005.
MAIMAZ, S. et al. Satisfação e percepção do usuário do SUS sobre o serviço público de
saúde. Rio de Janeiro: Revista de Saúde Coletiva, 2010.
103

SUMÁRIO

Apresentação 8

ESTUDO DA MOBILIDADE ESPACIAL DE IMIGRANTES ITALIANOS NO SERTÃO DA BAHIA:


PERSPECTIVA DESAFIADORA DO MÉTODO ETNOGRÁFICO.
Profa. Dra. Maria Luzia Braga Landim UESB 10

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DO HPV: UMA REVISÃO SOBRE FORMAS E FATOS


Acadêmicas
Ailana Santiago; Cinara Cruz; Prof. Dr.Tiago Landim D’Avila UFBA 27

ESPAÇO PÚBLICO POSSUÍDO.


Prof. Robério Chaves Pinheiro UESB.40

MENTOR: FIGURA INTRIGANTE NA ARTE REAL - OFICIAL FACULTATIVO NA MAÇONARIA, MAS


ESSENCIAL PARA O MAÇOM
Cláudio Lúcio Fernandes Amaral UESB, Mirela Santos de Oliveira C&E.55

A FISIOTERAPIA PREVENTIVA: LESÕES OSTEOMUSCULARES EM CABELEIREIROS ESCOVISTAS.


Fredson Almeida de Oliveira. 67

ORGANIZAÇÃO E DISPONIBILIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES: VOLTADAS PARA O MUNDO DA


BIBLIOTECONOMIA E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO.
Edleide Santos Assis, Eridiana Souza, Lexsandra Rodrigues, Deborah dos Santos Gomes Silva. 80

CAUSAS E CONSEQUENCIAS DE DISTÚRBIOS BIOPSICOSOCIAIS EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS:


SOLUCÕES POSSÍVEIS PARA O ENFRENTAMENTO DO PROBLEMA.
Caroline Santos Adimarães, Isa Nascimento Sanches, Lelícia Kelly da Silva Souza, Marta Luiza Sampaio Meira, Ysnaia
Neves Miranda.93

AS CIÊNCIAS CENTRADAS NO CUIDADO HUMANO: A FISIOTERAPIA TRANSCULTURAL.


Ana Karolline Souza Vasconcelos; Caroline Santos Adimarães; Isa Nascimento Sanches; Jarlan Santana de Souza; Maria
Luzia Braga Landim UESB. 93

SAÚDE HUMANIZADA NO SUS: UMA VISÃO DO PACIENTE


Angeli Souza de Jesus, Maíra Santana Santos, Mariana Alves dos Santos. 102

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