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Introdução
DISCIPLINA
FUNDAMENTOS ESSENCIAIS DE
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONTEÚDO
Organização da Administração
Pública
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Introdução
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Introdução
Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2 Organização administrativa ---------------------------------------------------------------------------- 4
2.1 Teoria do Órgão ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5
2.2 Formas de agir no âmbito administrativo ------------------------------------------------------------------------- 7
Centralização ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 8
Desconcentração -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
Descentralização ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 10
2.3 Empresas Públicas x Sociedades de Economia Mista -------------------------------------------------------- 14
2.4 Terceiro setor ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15
5 Tabela comparativa-------------------------------------------------------------------------------------- 44
6 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 46
7 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 47
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Introdução
1 Introdução
A palavra administrar, explica Di Pietro (2020, p.183), significa “não só prestar serviço,
executá-lo, como, outrossim, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de
obter um resultado útil”. Por isso, no âmbito administrativo a palavra é utilizada em
sentido amplo, para fazer referência a legislação e execução, bem como em sentido
estrito, para retomar a função administrativa e a função de governo, cuja finalidade é
alcançar os interesses do Estado. Assim, em sentido formal, a expressão Administração
Pública designa “o conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função
administrativa, independentemente do poder a que pertençam – seja no Executivo,
Judiciário, Legislativo ou a qualquer outro organismo estatal” (CARVALHO, 2021, p.
35).
2 Organização administrativa
A Organização Administrativa, segundo José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 671),
“resulta de um conjunto de normas jurídicas que regem a competência, as relações
hierárquicas, a situação jurídica, as formas de atuação e controle dos órgãos e pessoas,
no exercício da função administrativa”.
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Organização administrativa
Conforme aponta Carvalho Filho (2019, p. 91), o órgão público pode ser conceituado
como “o compartimento na estrutura estatal a que são acometidas funções
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Organização administrativa
Em outras palavras, os órgãos são entidades que fazem parte de uma pessoa jurídica
maior, mas que surgiram por conta de um desmembramento ou de uma
desconcentração e, por esse motivo, estão atrelados a essa pessoa jurídica maior e
não possuem personalidade jurídica tampouco vontade própria.
A Teoria do Órgão, idealizada pelo jurista alemão Otto Friedrich von Gierke (1941 –
1921), portanto, pauta-se na premissa de que “a vontade da pessoa jurídica deve ser
atribuída aos órgãos que a compõem, sendo eles mesmos, os órgãos, compostos de
agentes”. A esta premissa está relacionado o princípio da imputação volitiva, de
acordo com o qual “a vontade do órgão público é imputada à pessoa jurídica a cuja
estrutura pertence” (Ibd., p. 88).
Dessa forma, o Estado pode ser assimilado ao corpo humano, cada repartição estatal
representando uma parte do esqueleto. Nas palavras de Alexandre Mazza (2019, p.
201), “a personalidade, no corpo, assim como no Estado, é um atributo do todo, não
das partes. Por isso, os órgãos públicos não são pessoas, mas partes integrantes da
pessoa estatal”.
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Organização administrativa
Além disso, esta teoria, que é amplamente aceita pela doutrina moderna, fundamenta,
também, os três institutos que definem as diferentes formas de agir no âmbito
administrativo:
a centralização;
a desconcentração; e
a descentralização.
Conforme aponta José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 671), “como o Estado atua
por meio de órgãos, agentes e pessoas jurídicas, sua organização se calca em três
situações fundamentais: a centralização, a descentralização e a desconcentração”. Na
sequência vamos analisar cada uma dessas possibilidades, dissecando e pontuando
suas principais características de forma pormenorizada.
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Organização administrativa
Centralização
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Organização administrativa
Desconcentração
Distribuição interna de
Desconcentração competências dentro da
mesma pessoa jurídica.
De acordo com José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 520), “a desconcentração, que
é processo eminentemente interno, significa apenas a substituição de um órgão por
dois ou mais com o objetivo de melhorar e acelerar a prestação do serviço”. O autor
complementa dizendo que “na desconcentração o serviço era centralizado e
continuou centralizado, pois que a substituição se processou apenas internamente”.
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Organização administrativa
Descentralização
Observação: os territórios não são considerados entes políticos, uma vez que não
possuem autonomia política, são entidades e figuram a Administração Pública
Indireta, enquadrando-se no conceito de autarquias.
▪ as Autarquias;
▪ as Fundações Públicas;
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Organização administrativa
Em consonância, Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 940) afirma que “descentralização por
colaboração é a que se verifica quando, por meio de contrato ou ato administrativo
unilateral, se transfere a execução de determinado serviço público a pessoa jurídica
de direito privado, previamente existente, conservando o Poder Público a titularidade
do serviço”.
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Organização administrativa
Corrobora Matheus Carvalho explicando que esta forma de descentralização pode ser
efetivada “por meio da edição de lei – no caso de entes da Administração Indireta de
direito privado – ou mediante contrato de concessão e permissão de serviço públicos,
quando a delegação é realizada a particulares, previamente existentes” (CARVALHO,
2021, p. 168).
Neste sentido, Maria Sylvia Di Pietro (2019, p. 938) complementa dizendo que a
“descentralização por serviços, funcional ou técnica, é a que se verifica quando o Poder
Público (União, Estados ou Municípios) cria uma pessoa jurídica de direito público ou
privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público”.
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Por fim, a descentralização social, explica Diogo de Figueiredo Moreira Neto “consiste
em retirar do Estado a execução direta ou indireta de atividade de relevância coletiva
que possam ser cometidas a unidades sociais já existentes, personalizadas ou não,
como a família, o bairro, as agremiações esportivas, associações profissionais, as
igrejas, os clubes de serviço, as organizações comunitárias etc., mediante simples
incremento de autoridade e institucionalização jurídica adequada, de modo a que
possam promover, elas próprias, sua execução”.
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Organização administrativa
Base legal: art. 5º, II, do Decreto-Lei n. 200/67 Base legal: art. 5º, III, do Decreto-Lei n. 200/67
As da União têm causas julgadas perante a Justiça Causas julgadas perante a Justiça Comum
Federal Estadual
As estaduais, distritais e municipais têm causas As estaduais, distritais e municipais têm causas
julgadas, como regra, em Varas da Fazenda Pública julgadas em Varas Cíveis
Quadro 2 - Quadro comparativo entre empresas públicas e sociedades de economia mista.
Fonte: Adaptado de Mazza (2019, p. 238).
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Organização administrativa
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Vínculo
jurídico Contrato de gestão (art. 5º) Termo de parceria (art. 9º)
(parceria)
Repasse de recursos
orçamentários, permissão de uso Repasse de recursos orçamentários e
Fomento de bens públicos e cessão especial permissão de uso de bens públicos
de servidor sem custo para (art. 12)
entidades (arts. 12 e 14)
Quadro 3 - OS x OSCIPs: quadro sinóptico.
Fonte: Oliveira, 2021, p. 387
Por fim, o Sistema S são aqueles que, possuindo autorização legal, são criados por
Confederações privadas com a finalidade de exercer atividades de amparo a
categorias profissionais. Esses serviços recebem contribuições sociais que são
cobradas compulsoriamente da iniciativa privada. São exemplos de Sistema S, o O
Serviço Social da Industria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC), o Serviço Social do Comércio (SESC), entre outros. Devem divulgar
informações relativas à parcela dos recursos públicos e oriundos de contribuições
juntamente com demais informações de interesse público.
Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 673) a “Administração Direta
é o conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a
competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do
Estado”. Em consonância, Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2020, p. 157) afira que “a
Administração Direta compreende os Entes federativos (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) e seus respectivos órgãos. Nesse caso, o Ente atua por meio de
seus órgãos e de maneira centralizada. Os órgãos estatais, fruto da desconcentração
interna de funções administrativas, serão os instrumentos dessa atuação”.
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O Estado atua por meio dos agentes públicos para satisfazer as necessidades coletivas.
Assim, existem diversas teorias que rondam o Direito Administrativo, mas, ao longo
do tempo, a doutrina vem se utilizando, basicamente, de quatro delas para explicar
como a atuação do agente público é conferida ao Estado.
Teoria do mandato
Teoria da representação
No entanto, a teoria da representação caiu por terra, pois, segundo ela, quando Estado
se mostrasse incapaz, não poderia nomear seus representantes, assim como ocorre
com os agentes públicos.
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Teoria do órgão
Diferente das outras duas, na teoria do órgão, também conhecida como teoria da
imputação, os agentes públicos são verdadeiros veículos da expressão do Estado.
Toda a conduta praticada pelos agentes é imputada ao órgão, o qual, por sua vez,
encontra-se ligado à entidade possuidora de personalidade jurídica, que, ao fim, acaba
respondendo a eventuais questionamentos jurídicos. Essa teoria é amplamente aceita
pela doutrina moderna.
Neste sentido, Alexandre Mazza (2019, p. 201) complementa dizendo que, de acordo
com a teoria do órgão, “cada repartição estatal funciona como uma parte do corpo,
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Por fim, na teoria subjetiva, também conhecida como teoria da identidade, os órgãos
e agentes públicos formam uma unidade única e inseparável, de forma que o órgão
se confunde com a pessoa do próprio agente.
De acordo com Alexandre Mazza (2019, p. 200), a teoria da identidade foi uma das
primeiras teorias a falar a respeito da atuação do agente público e Estado. Essa teoria
“afirmava que órgão e agente formam uma unidade inseparável, de modo que o órgão
público é o próprio agente. O equívoco dessa concepção é evidente, pois sua
aceitação implica concluir que a morte do agente público causa a extinção do órgão”.
De acordo com Hely Lopes Meirelles (2016 p. 71), os órgãos públicos “são centros de
competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem. São unidades de
ação com atribuições específicas na organização estatal”. Logo, não possuem
personalidade jurídica e tampouco autonomia de vontade.
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Por fim, vamos rememorar as principais características dos órgãos públicos, quais
sejam:
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ÓRGÃOS INDEPENDENTES
Os órgãos independentes são aqueles originários da Constituição e representativos
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Não têm subordinação hierárquica
ou funcional, sujeitando-se exclusivamente aos controles constitucionais que
permitem o controle de um Poder pelo outro (sistema de freios e contrapesos).
ÓRGÃOS AUTÔNOMOS
Os órgãos autônomos são os que se encontram na cúpula da Administração logo
abaixo dos independentes, sendo a estes subordinados. Além disso, esses órgãos
têm autonomia administrativa, financeira e técnica, são responsáveis pelo
planejamento, supervisão, coordenação e controle da administração.
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ÓRGÃOS SUPERIORES
Os órgãos superiores, por sua vez, não gozam de autonomia administrativa nem
financeira, que são atributos dos órgãos independentes e dos autônomos a que
pertencem. Sua liberdade funcional restringe-se ao planejamento e a soluções
técnicas dentro de sua área de competência, com responsabilidade pela execução,
geralmente a cargo de seus órgãos subalternos.
ÓRGÃOS SUBALTERNOS
Por fim, os órgãos subalternos, representam o último escalão da Administração, com
reduzido poder decisório e com predominância de atribuições de execução, a
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Com relação à sua estrutura e sua composição, os órgãos podem ser classificados
como simples ou compostos:
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Não confunda órgãos simples e compostos com atos administrativos, que também
podem ser simples, compostos ou complexos. Um órgão, independentemente da
composição de sua estrutura, poderá emitir um ato simples, composto ou complexo.
A estrutura do órgão que emana não influencia na classificação do ato.
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→ ÓRGÃOS ATIVOS: são aqueles que produzem ações, atos necessários para o
cumprimento dos fins da pessoa jurídica da qual fazem parte. Esses órgãos “têm
funções de prestação de serviços públicos, execução de obras ou exercício do
poder de polícia estatal, seja por meio de direção de atividades, seja por meio
da execução direta destas atividades (CARVALHO, p. 173). Ex.: Ministérios e
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Secretárias.
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→ ÓRGÃOS LOCAIS: por outro lado, os órgãos locais atuam apenas sobre uma
parte do território (atuação localizada). Ex.: Delegacias Regionais da Receita
Federal, Delegacias de Polícia, Postos de Saúde.
O Estado pode transferir a responsabilidade dos exercícios que lhes são pertinentes, criando
pessoas jurídicas especializadas, autorizando que elas executem a prestação dos serviços. Isso
é feito porque a transferência à pessoa especializada na prestação de determinado serviço
garante uma maior eficiência no desempenho da atividade administrativa, sempre na busca
do melhor ao interesse da coletividade CARVALHO, 2021, p. 175).
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Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 678), “Administração Indireta
do Estado é o conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
Administração Direta, têm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas
de forma descentralizada”. Em consonância, Alexandre Mazza (2019, p. 205) explica
que “na Administração Indireta existem pessoas jurídicas estatais de direito público
(autarquias, agências, fundações públicas e associações públicas) e pessoas jurídicas
estatais de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista,
subsidiárias e consórcios públicos de direito privado)”. É válido destacar que nenhuma
das entidades da Administração Pública está sujeita ao processo de falência.
No que diz respeito a criação das entidades, o art. 37, inciso XIX da Constituição
Federal, com a nova redação dada pela EC nº 19/1998, passa a determinar que
“somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”. Em
contrapartida, a extinção de todas as entidades só poderá ser feita através de lei.
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a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
d) fundações públicas.
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4.2 Autarquias
Mazza (2019, p. 209) explica que o nome “instituto” normalmente designam entidade
públicas de natureza autárquica e cita como exemplo das autarquias mais importantes
do Brasil:
▪ O Instituto Nacional de Seguro Social – INSS;
▪ O Banco Central – Bacen;
▪ O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama;
▪ O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra;
Características
Além disso, Mazza (2019) aponta como características jurídicas das autarquias as
seguintes:
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Espécies
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Uma parcela da doutrina defende que o rol elencado no art. 2º da Lei 13.848/19 é
taxativo em afirmar quais são as agências reguladoras e, como a CVM não está
disposta nesse rol, não poderia ser enquadrada nessa modalidade.
No entanto, a Lei 10.411/02, que alterou a lei sobre mercado de valores mobiliários
(Lei 6.385/76), fez constar em seu art. 5º que “a Comissão de Valores Mobiliários é
uma entidade autárquica em regime especial vinculada ao Ministério da Fazenda, com
personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa
independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de
seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária”.
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média. Assim, podemos dizer que essas entidades são pessoas jurídicas compostas
por um patrimônio personalizado, destinado pelo seu fundador a uma finalidade
específica, de modo que poderão ter natureza de direito público ou privado,
dependendo da origem dos bens e valores que a compõe.
Neste sentido, José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 764) complementa dizendo
que, as fundações públicas “não pode abstrair-se da figura daquele que faz a dotação
patrimonial – o instituidor – e, embora a lei civil não seja expressa, é também inerente
às fundações sua finalidade social, vale dizer, a perseguição a objetivos que, de alguma
forma, produzam benefícios aos membros da coletividade”.
As fundações estão previstas constitucionalmente no art. 37, inciso XIX, de modo que,
“somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.
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Características
• A criação das fundações é autorizada por lei específica, mas é através de uma
lei complementar que o seu objeto será definido (áreas de sua atuação);
• O art. 5º, inciso IV, do Decreto Lei nº 200/67 foi recepcionado pela Constituição
Federal de 1988 como Lei Complementar, no aspecto das fundações públicas.
• É uma pessoa jurídica de direito público;
• Regime de pessoal – os servidores ocupam um cargo público e devem seguir o
regime estatutário;
• Regime tributário – possuem imunidade de impostos no que se refere ao
patrimônio, renda e serviços relacionados às suas finalidades essenciais;
• Desempenha serviço público descentralizado, voltado para área social.
O Código Civil separa um capítulo específico, no título das pessoas jurídicas, para
tratar das fundações privadas. Assim, a partir do art. 62 vemos uma série de exigências
a cumprir para que uma fundação seja criada.
Inicialmente, para criar uma função, o seu instituidor deverá fazer, através de uma
escritura pública ou de um testamento, a dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina e declarando se quiser a maneira como será
administrada. Contudo, a fundação somente poderá constituir-se para fins de (objeto):
✓ assistência social;
✓ cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
✓ educação;
✓ saúde;
✓ segurança alimentar e nutricional;
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Por fim, o Ministério Público do Estado será o responsável por fiscalizar as fundações
públicas, de modo que, se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o
encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, ou, ainda, se
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles,
ao respectivo Ministério Público.
Natureza jurídica
Por fim, é certo que a natureza jurídica interfere na criação da fundação: se a entidade
tiver personalidade jurídica de direito público, será constituída através de lei criadora,
de modo que a sua personalidade jurídica surge com a publicação da lei; por outro
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lado, se a fundação tiver personalidade jurídica de direito privado, será criada através
de lei autorizadora, sendo obrigatório o registro no cartório competente, uma vez que
personalidade jurídica só é adquirida com o registro do estatuto ou do contrato social
no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, considerando as regras do
ordenamento civil.
FUNDAÇÕES
Públicas de Direito Públicas de Direito Privadas de Direito
Público Privado Privado
Art. 37, XIX da CF +
Art. 37, XIX da CF +
Base Art. 19 do ADCT + Art. 62 – 69 do
Art. 5º, IV do DL
legal Art. 5º, IV do DL Código Civil
200/67
200/67
DEPENDE – se a
SIM – o art. 150, § 2º não distingue, logo a
Privilégio fundação tiver caráter
imunidade é entregue a ambas as fundações
tributário assistencial e
mantidas pelo poder público.
educacional sim.
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Empresas Estatais
Neste sentido, o art. 3º da Lei 13.303/2016 afirma que empresa pública “é a entidade
dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e
com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios”.
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As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para
a prestação de serviços públicos ou exploração de atividade econômica. Compostas
por um capital misto, em sua maioria público, conferindo o controle acionário ao ente
que criou a sociedade. Ex.: o capital da sociedade de economia mista X é dividido em
60% público e 40% privado.
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Por fim, é importante ressaltar que a definição do objeto influencia no regime jurídico
da empresa, pois as empresas estatais terão regime jurídico misto, podendo abranger
tanto o público quanto o privado. Além disso, os empregados públicos das empresas
estatais estão vinculados ao sistema celetista, isto é, obedecem às normas
estabelecidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
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Tabela comparativa
4.3.4.3 Subsidiárias
Ainda, no que diz respeito a extinção das empresas subsidiárias, o STF estabelece que
não é necessária a elaboração de lei autorizativa. Embora a empresa principal
(empresa pública ou sociedade de economia mista) precise da lei autorizativa para
formalizar sua extinção.
5 Tabela comparativa
Para facilitar sua compreensão, elaboramos uma tabela comparativa relacionando
todos os entes da Administração Pública Indireta, com suas principais características.
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Tabela comparativa
Sociedade de Eco.
Autarquia Fundação Pública Empresa Pública
Mista
São pessoas É uma pessoa São pessoas São pessoas
jurídicas de direito jurídica composta jurídicas de direito jurídicas de direito
público, dotadas de por um patrimônio privado, compostas privado, criadas
capital personalizado por um capital para a prestação de
exclusivamente destinado pelo seu exclusivamente serviços públicos ou
público, com fundador, para uma público, criadas exploração de
Definição
- Autoadministração - Autoadministração
- Capacidade financeira - Capacidade financeira
- Patrimônio próprio - Patrimônio próprio
- Regime ESTATUTÁRIO - Regime CELETISTA
Controle
A lei específica
autoriza sua criação
e a lei
complementar
define sua área de
Criação e extinção
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Conclusão
Não está sujeita a falência, têm prazos iguais privilégios (ex.: Correios)
processuais diferenciados e recebe
imunidades tributárias. As exploradoras de atividade econômica
não possuem privilégios (ex.: C.E.F)
Responsabilidade objetiva
- Para as empresas públicas e sociedades
Resp. do Estado
6 Conclusão
Neste módulo vimos que a organização administrativa resulta de um conjunto de
normas jurídicas que regem a competência, as relações hierárquicas, a situação
jurídica e as formas de atuação e controle dos órgãos e pessoas no exercício da função
administrativa, e que a acepção pacífica em relação ao Órgão Público pauta-se na
premissa de que ao órgão é atribuída a vontade da pessoa jurídica a que se vincula.
Assim, os agentes que compõem esses órgãos exercem sua função com o objetivo de
alcançar a vontade estatal.
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Referências Bibliográficas
7 Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 33 ed. São
Paulo: Atlas, 2019.
CARVALHO, Matheus. Manual do Direito Administrativo. – 7. ed. Salvador:
JusPODIVM, 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2019.
______. Direito administrativo. 33 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 9 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito administrativo
brasileiro. 42 ed. São Paulo: Malheiros, 2016.
MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. O Direito Administrativo no século XXI. Belo
Horizonte: Fórum, 2018.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. – 9. ed. – Rio
de Janeiro: Forense, 2021.
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Referências Bibliográficas
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