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Introdução
DISCIPLINA
FUNDAMENTOS ESSENCIAIS DE
DIREITO ADMINISTRATIVO
CONTEÚDO
Atos Administrativos
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Introdução
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Introdução
Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2 Atos e Fatos Jurídicos ------------------------------------------------------------------------------------- 4
2.1 Ato da Administração e Ato Administrativo ---------------------------------------------------------------------- 6
2.1.1 Atos de Direito Privado ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 8
2.1.2 Atos materiais da Administração ------------------------------------------------------------------------------------------------ 9
2.1.3 Atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor------------------------------------------------------------------------------ 9
2.1.4 Atos políticos ou de governo ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
2.1.5 Contratos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 9
2.1.6 Consórcios e Convênios ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 10
2.1.7 Atos normativos da Administração ------------------------------------------------------------------------------------------- 10
2.1.8 Atos administrativos propriamente ditos ----------------------------------------------------------------------------------- 11
2.2 Ato Administrativo e Fato Administrativo ---------------------------------------------------------------------- 11
2.3 Elementos/requisitos de validade do ato administrativo -------------------------------------------------- 12
2.3.1 Existência do Ato Administrativo ---------------------------------------------------------------------------------------------- 13
2.3.2 Validade do Ato Administrativo ----------------------------------------------------------------------------------------------- 14
2.3.3 Eficácia do Ato Administrativo ------------------------------------------------------------------------------------------------- 27
2.4 Atributos/características dos atos administrativos ---------------------------------------------------------- 29
2.4.1 Presunção de legitimidade e veracidade ------------------------------------------------------------------------------------ 30
2.4.2 Autoexecutoriedade -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 31
2.4.3 Imperatividade --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
2.4.4 Tipicidade ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 34
2.5 Classificação de atos administrativo ------------------------------------------------------------------------------ 36
2.5.1 Quanto ao regramento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
2.5.2 Quanto ao destinatário ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
2.5.3 Quanto ao alcance ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 38
2.6 Espécies de Atos Administrativos --------------------------------------------------------------------------------- 40
2.7 Forma de extinção do ato administrativo ----------------------------------------------------------------------- 44
2.7.1 Anulação ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47
2.7.2 Revogação --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47
2.8 Convalidação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 48
3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 51
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 52
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Introdução
1 Introdução
Os atos administrativos representam a manifestação unilateral da vontade da
Administração Pública e de seus delegatários no exercício da função pública, sob a
perspectiva de atingir a produção de efeitos jurídicos necessários à implementação
do interesse público.
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O autor afirma que os fatos jurídicos podem ser divididos em “fatos da natureza” (ou
fatos jurídicos strictu sensu) e “fatos de pessoas” – também denominados atos
jurídicos. São exemplos de fatos que quando atingem a órbita jurídica ganham o
status de fatos jurídicos strictu sensu o nascimento e a morte, uma vez que “não
decorrem da manifestação da vontade do agente”.
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jurídicos.” Por Exemplo, se o Estado manifesta a vontade de adquirir uma casa, deverá
produzir o ato da desapropriação.
Os atos da Atos
administrativos
administração Atos da FORA DA
administração ADMINISTRAÇÃO
regidos pelo regidos pelo (seguem regime
direito público DIREITO PÚBLICO de direito
público)
são chamados
de ATOS
ADMINISTRA Atos da administração
TIVOS regidos pelo DIREITO
PRIVADO
Todo ato praticado pela administração é ato da administração, seja sob regime
de direito público ou direito privado. Quando o ato é praticado sob regime de
direito público, ele ganha uma “roupagem especial” e passa a ser chamado de
ato administrativo.
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Veja, no quadro a seguir, a definição de alguns conceitos que entornam o fato e o ato
jurídico.
Atos ilícitos
São atos produzidos em desacordo com o ordenamento (exemplo do ato ilegal).
Atos-fatos jurídicos
São eventos humanos destituídos de vontade (exemplo da prescrição e decadência).
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anular os atos. Podemos citar como exemplo a compra, venda ou locação e atos de
doação sem encargos legais.
São aqueles que não geram efeitos jurídicos imediatos, pois também não expressam
uma vontade. São exemplos os atestados, certidões e pareceres.
Conforme explica Hely Lopes Meirelles, os atos políticos ou de governo são aqueles
“praticados por agentes do Governo no uso de competência constitucional, que se
fundam na ampla liberdade de apreciação da conveniência ou oportunidade de sua
realização, sem se aterem a critérios jurídicos preestabelecidos”. São atos
governamentais sujeitos ao constitucionalismo, “de negócios públicos, e não
simplesmente de execução de serviços públicos. Daí seu maior discricionarismo e,
consequentemente, as maiores restrições para o controle judicial” (MEIRELES, 2015, p.
849). São exemplos a sanção e o veto.
2.1.5 Contratos
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São aqueles “por meio dos quais a Administração Pública atua, no exercício da função
administrativa, sob o regime de direito público e ensejando manifestação da vontade
do Estado ou de quem lhe faça as vezes” (CARVALHO, 2020, p. 264).
Da mesma forma que não se confundem os atos com os fatos jurídicos, não devem
ser confundidos os atos com os fatos administrativos. Fato administrativo tem o
sentido de atividade material no exercício da função administrativa, que visa efeitos
de ordem prática para a Administração.
Conforme explica Rafael Rezende Oliveira (2021, p. 508), os fatos administrativos “são
eventos materiais que podem repercutir no mundo jurídico (ex.: falecimento do
agente público acarreta a vacância do cargo)”. Contudo, em determinadas hipóteses,
“os fatos representam simples acontecimentos materiais, sem produção imediata de
efeitos jurídicos”, por exemplos a construção de uma ponte, a apreensão de
mercadorias, a dispersão de manifestantes ou a limpeza de uma rua etc.
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atividade material, ou seja, um fato administrativo que teve uma ordem de serviço da
administração, nesse caso a manifestação de vontade, um ato administrativo.
Os termos elemento e requisitos podem ser tratados como sinônimos, embora não
exista unanimidade por parte da doutrina quanto ao uso da expressão. Em sínteses,
os requisitos são entendidos com os elementos que um ato administrativo deve ter
para que exista no mundo jurídico. Caso falte alguns deles, o ato é simplesmente
considerado inexistente por terminar seu ciclo de formação.
Assim como todo ato jurídico, o ato administrativo também está sujeito a três planos
lógicos distintos, a) o plano existência, que contempla os elementos de estruturação
do ato; a) o plano da validade, no qual verifica-se a compatibilidade do ato com o
ordenamento jurídico; e c) o plano da eficácia, que determina a aptidão do ato para a
produção de efeitos jurídicos (OLIVEIRA, 2021, p. 511). A esse respeito, Alexandre
Mazza esclarece que:
A interação do ato administrativo com cada um dos três planos lógicos não repercute nos
demais. Constituem searas sistêmicas distintas e relativamente independentes. A única exceção
a tal independência reside na hipótese dos atos juridicamente inexistentes, caso em que não
se cogita de sua validade ou eficácia. Ato inexistente é necessariamente inválido e não produz
qualquer efeito.
Neste sentido, devemos ter em mente que, todo ato administrativo pode ser:
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Entende-se por existente ou perfeito o ato administrativo que tem seu ciclo de
formação encerrado, sendo considerado inexistente ou imperfeito o ato ainda em
curso do processo constitutivo. A esse respeito, Carvalho Filho esclarece que o
processo que define os elementos que compõem o ato administrativo pode ser mais
ou menos longo, de modo que a perfeição do ato só irá suceder quando encerrado o
ciclo de formação do ato, ressaltando que perfeição não significa a ausência de vícios,
mas evidencia o sentido de “consumação”, “conclusão” (CARVALHO FILHO, 2021, p.
233).
Alexandre Mazza (2019, p. 313) explica, ainda, que a existência jurídica do ato é
diferente da sua existência fática, exemplificando que os atos realizados em uma
audiência presidida por um particular, que, ludibriando a todos, atua como juiz de
direito, serão considerados juridicamente inexistentes “devido à usurpação de função
pública”, embora tenham existido materialmente. Além disso, “a existência jurídica
deve ser considerada à luz de um determinado ramo do Direito”, pois ao passo que
pode preencher os requisitos necessários como ato de determinada categoria, pode
ser inexistente para outra.
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a) Visão tradicional: sustentada por Hely Lopes Meirelles e fundamentada no art. 2º da Lei n.
4.717/65, a Lei da Ação Popular divide o ato administrativo em cinco requisitos: competência,
objeto, forma, motivo e finalidade. É a visão majoritária nos concursos públicos;
b) Visão moderna: foi desenvolvida por Celso Antônio Bandeira de Mello, que identifica seis
pressupostos de validade do ato administrativo: sujeito, motivo, requisitos procedimentais,
finalidade, causa e formalização.
Art. 2º, da Lei 4717/1965. São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades
mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a. incompetência;
b. vício de forma;
c. ilegalidade do objeto;
d. inexistência dos motivos;
e. desvio de finalidade.
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2.3.2.1 Competência
Obrigatoriedade
Há, junto à competência, a obrigação de exercício do ato administrativo pelo agente
público.
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Irrenunciabilidade
Como há previsão de lei da regra de sua competência, sendo ele um agente que visa
sempre o interesse público, deverá seguir as suas regras de competência, sem possibilidade
de renunciar delas.
Imodificável
A competência é imodificável pela vontade do administrador. Não pode ele modificar
qualquer regra de competência e consequentemente o seu exercício.
Imprescritível
Não se pode pensar na configuração da prescrição em virtude do não exercício da
competência para a edição do ato administrativo.
Improrrogável
Não se admite a prorrogação da competência administrativa em virtude do princípio da
legalidade. Se a autoridade não agir do determinado modo que a lei diz, editando o ato
administrativo, não poderá outra autoridade angariar esta competência não exercida.
A regra é a não delegação e a não avocação. A delegação e a avocação aparecem como figuras
excepcionais, de modo que será inválida qualquer delegação ou avocação que de alguma
forma suprima a competência dos administradores (conforme prevê o art. 15 da Lei n.
9.784/99).
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Lei 9.784/1999.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
inferior.
Matéria
cumpre ao órgão/entidade o desempenho conteúdo administrativo específico. - “as
matérias são distribuídas entre os órgãos e entidades da Administração Pública,
garantindo-se maior especialização e eficiência no exercício da atividade administrativa
(ex.: Ministério da Saúde, Ministério da Educação)”.
Lugar ou Território
as atribuições são desempenhadas por centros de competência localizados em pontos
territoriais distintos - “as funções administrativas são descentralizadas em razão do
território, permitindo a aproximação da Administração e o administrado (ex.: instituição de
subprefeituras nos Municípios ou a criação de seccionais de órgãos federais nos Estados)”.
Hierarquia
as competências são escalonadas segundo o grau de complexidade e de responsabilidade.
- “as funções administrativas podem ser distribuídas a partir da posição hierárquica do
agente público, reservando-se as atividades de maior responsabilidade aos agentes
públicos de maior hierarquia (ex.: competências do Chefe do Executivo previstas no art. 84
da CRFB)”.
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Tempo
a competência tem início a partir da investidura legal e térmico com o fim do exercício da
função pública. – “determinadas funções somente podem ser desempenhadas durante
determinado período de tempo (ex.: exercício da função durante o mandato; proibição de
nomeação de novos servidores nos três meses que antecedem o pleito eleitoral até a posse
dos eleitos, com as ressalvas contidas no art. 73, V, da Lei 9.504/1997)”.
Fracionamento
a competência é distribuída por órgãos diversos, quando se trata de procedimento ou de
atos complexos, com a participação de vários órgãos ou agentes.
b) função de fato: aqui não há dolo por parte do agente, apenas um erro de
investidura, que vicia os atos proferidos por ele enquanto na ativa. deve-se
tomar cuidado, pois aqui há anulação do ato, porém com efeitos ex nunc,
respeitando, assim, os direitos adquiridos dos particulares que agiram de boa-
fé. “Segundo jurisprudência majoritária, se o funcionário agir de boa-fé,
ignorando a irregularidade de sua condição, em nome da segurança jurídica e
da proibição de o Estado enriquecer sem causa, seus atos são mantidos válidos
e a remuneração não precisa ser restituída”.
c) excesso de poder: neste caso, o agente tem competência para efetuar o ato,
mas extrapola esta competência, agindo além ou fora dos limites entregues pela
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lei a seu cargo. O ato será anulado por constituir uma das duas formas de abuso
de poder, neste caso, na categoria excesso, já que fere o requisito competência.
Os vícios podem remeter não só ao sujeito, mas também ao objeto, à forma, ao motivo
e à finalidade. Quanto ao objeto (conteúdo), podemos destacar a) objeto
materialmente impossível; e b) objeto juridicamente impossível. Quanto à forma,
citamos a) a omissão e a “observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato”. Quanto ao motivo, o vício ocorre em
decorrência da inexistência ou falsidade do ato. Quanto à finalidade, o vício corre
quando há desvio de finalidade “que se verifica quando o agente pratica o ato visando
fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”
(Ibd., p. 333).
O mesmo autor explica que “Há uma íntima relação entre a finalidade do ato e a
competência do agente público, [...] o agente somente será competente para atingir
a finalidade prevista na norma e a finalidade somente poderá ser perseguida pelo
agente a quem a lei atribuiu a competência para a prática do ato” (Ibdem).
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No que tange aos vícios de finalidade, sempre serão anulados, por não ser possível
qualquer tipo de reaproveitamento, estes vícios são denominados “desvio de
finalidade” ou “desvio de poder” e se apresentam quando se verifica o atendimento a
interesses meramente privados, em desacordo com a ordem jurídica.
Assim, um ato viciado na sua finalidade é aquele em que o agente age com desvio de
poder, desobedecendo a finalidade direta, imediata, prevista na lei, ou a finalidade
indireta, mediata, que é o interesse público. Por ser uma forma de abuso de poder,
deve ser anulado e não se origina direitos deste ato nulo. Portanto, sob pena de
nulidade, o ato administrativo deve atender à finalidade geral e à finalidade
claramente estipulada em lei.
Por meio das “regras de competência”, devemos entender as leis que atribuem
autoridade aos agentes. Portanto, se o comportamento for realizado para fins
diferentes dos previstos em lei, haverá o chamado desvio de propósito.
Assim como existem dois propósitos (geral e específico), também existem dois tipos
de desvios de propósito:
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Por fim, cabe mencionar que podem existir atos que atendam a interesses particulares,
desde que atendam também a fins gerais e específicos de atos administrativos. Por
exemplo, os atos de permissão e autorização de serviço público (atos comerciais)
atendem a interesses particulares (das pessoas que desejam explorar os serviços), mas
serão válidos desde que atendam a ambos os propósitos mencionados.
Via de regra, o ato se reveste sob a forma escrita, porém, excepcionalmente admite-
se atos sonoros e visuais e gestuais, a exemplo dos gestos realizados pelo agente de
trânsito, assim como atos verbais, como pode manifestar na celebração de um
contrato administrativo.
Art. 60, lei 8666/1993 - Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a
Administração (regra), salvo o de pequenas compras de pronto pagamento (pronta entrega),
assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido
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no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de adiantamento.
Um vício de forma é visualizado quando, tendo forma prevista em lei, esta não é
seguida. Em termos legais, “o vício de forma consiste na omissão ou na observância
incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do
ato” (art. 2º, parágrafo único, b, da Lei n. 4.717/65).
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Uma vez que a forma dos atos administrativos é determinada pela lei, o seu
incumprimento constitui uma invalidação do ato por vício de legalidade
(nomeadamente, vício formal). Esse princípio deve ser analisado do ponto de vista da
racionalidade de quem interpreta.
No entanto, quando o vício da forma afeta o próprio ato, será intransponível. Portanto,
devido a vícios formais, incluindo procedimentos específicos para ações que afetem
os direitos dos administrados, vícios considerados essenciais à prática de atos
administrativos podem resultar em invalidez.
Por exemplo, uma resolução que declare de utilidade pública um imóvel para fins de
desapropriação, quando a lei exige decreto do chefe do Poder Executivo, art. 6º,
Decreto Lei 3.365/1941, a demissão de um servidor estável, sem observar o
procedimento disciplinar, art. 41, §1º, II da CF/88, a contratação de uma empresa
para prestar serviços sem o devido procedimento licitatório, art. 37, XXI, CF/88.
2.3.2.9 Motivo
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Motivo é a situação de fato ou de direito que justifica a edição do ato administrativo. O motivo
é causa do ato. Ex.: a infração funcional é o motivo que justifica a edição do ato administrativo
punitivo (advertência, suspensão ou demissão) do servidor (REZENDE, 2020, p. 519).
A lei pode elencar mais de um motivo para justificar a edição de determinado ato,
podendo o agente público eleger, dentre eles, aquele que lhe parecer mais apropriado
para a prática do ato, sendo, assim, chamados de motivos de fato. Neste caso, o
requisito motivo é discricionário e “a decisão sobre a oportunidade para praticar o ato
cabe ao agente público”. Entretanto, existem outros motivos que obrigatoriamente
acarretam a edição do ato administrativo, denominados motivos de direito. Neste
caso, o requisito motivo é vinculado e “avaliação sobre a oportunidade para praticar
o ato já foi tomada no plano da norma pelo legislador, cabendo ao agente público
somente executar a conduta conforme determinado” (MAZZA, 2019, p. 326).
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Nem todo ato precisa ser motivado, mas todo ato tem motivo, dado que é um dos
cinco requisitos de existência. Um vício de motivo é facilmente identificado quando
temos uma justificativa falsa ou até mesmo inexistente, pois o motivo deve ser real e
verdadeiro. Em havendo vício de motivo, o ato ser anulado por tal ilegalidade.
2.3.2.11 Objeto
O objeto é o conteúdo do ato em si, isto é, seu resultado prático, seu efeito jurídico
primário. Assim como o motivo, pode existir mais de um objeto, tornando-o
discricionário ao bom alvitre do administrador. Licínia Rossi, 2020, Explica que:
Consiste em determinar qual o efeito jurídico imediato que o ato produz. Para que serve
determinado ato? O objeto é o que se cria, modifica, extingue, adquire, resguarda, transfere
na ordem jurídica. Mas como identificar o objeto? Basta identificar o que o ato enuncia,
prescreve, dispõe.
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Logo, se temos apenas um motivo, teremos apenas um objeto e será ele vinculado, já
que carece de opção, como no mesmo caso citado acima, da aposentadoria e das
situações que demandam o ato licença.
Quanto aos vícios de objeto, temos que se o ato possuir um objeto ilegal,
indeterminado ou indeterminável, será ele nulo por erro no objeto, pois precisamos
de um objeto legal e certo, sem isso, ato nulo por vício insanável.
O ato administrativo pode ter dois vícios principais em relação ao seu conteúdo. Em
primeiro lugar, o objeto pode ser materialmente impossível, ou seja, quando a
conduta exigida pelo ato é impraticável como, por exemplo, um decreto que proíba a
ocorrência de eventos naturais. “É a causa de inexistência do ato administrativo”
(MAZZA, 2019, p. 333).
Além disso, o objeto pode ser materialmente impossível, conforme exposto na alínea
c, do parágrafo único, art. 2º, da Lei n. 4.717/65: “a ilegalidade do objeto ocorre
quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo”.
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Corrente Clássica
5 requisitos Vícios em espécie
Conforme explica Mazza (2019, p. 320), “o plano da eficácia analisa a aptidão do ato
para produzir efeitos jurídicos’. Alguns atos são de eficácia imediata e passam a
produzir efeito logo após a publicação, porém, há atos que, em virtude de alguma
condição suspensiva, precisam ser emendados, assim, quanto não são resolvidos, são
considerados ineficazes. Neste sentido, consideram-se atos administrativos pendentes
os atos que não estão aptos a produzir efeito, mesmo que perfeitos e válidos
(CARVALHO, 2021, p. 296).
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por atingir uma relação jurídica diferente da tratada podem gerar consequências não
previstas no ato praticado, a exemplo do efeito gerado ao locatário de um imóvel
desapropriado, ou prodrômico (preliminar), impondo nova atuação administrativa
com a prática do ato (Ibidem).
Além dos efeitos produzidos, existem outras circunstâncias que podem interferir na
irradiação de efeitos do ato administrativo aludidas por Mazza em seu Manual de
Direito Administrativo, as quais apresentamos a seguir:
Para recapitularmos o conteúdo deste capítulo, atentamos ao que diz Rafael Carvalho
de Oliveira (2021, p.512) aos três planos lógicos aos quais estão sujeitos o ato
administrativo, explicando que os atos podem ser:
a) perfeito, válido e eficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, com a
presença de todos seus elementos, em compatibilidade com a lei e apto para
produção dos efeitos típicos;
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d) perfeito, inválido e ineficaz: ato que concluiu o seu ciclo de formação, mas
encontra-se em desconformidade com o ordenamento jurídico e não possui
aptidão para produção de efeitos jurídicos (ex.: concurso público, com
exigências inconstitucionais, cujo resultado final ainda não foi homologado e
publicado).
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Os atos são legítimos e verdadeiros até que se prove o contrário. Esta afirmação
encerra a presunção da legitimidade do ato, de que este originou-se em conformidade
com as normas legais. Carvalho Filho destaca, dentre os diversos fundamentos dados
a essa característica, o seguinte:
Assim, desde que não tenham sido anulados, os atos devem ser, portanto, satisfeitos.
Enquanto a própria administração ou o judiciário não o invalidarem, o ato deve ser
cumprido. A Lei 8.112/1990 é uma exceção que permitir que o servidor não cumpra
seu pedido quando for claramente ilegal.
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Isto posto, fazemos uma ponte com a próxima característica, que diz respeito a
autoexecutoriedade do ato.
2.4.2 Autoexecutoriedade
Claro, isso não quer dizer que a autoexecutoriedade afasta a apreciação judicial, algo
que seria inadmissível, art. 5º, XXXV da CF/88. Devemos lembrar sempre que, alguns
atos administrativos podem gerar graves prejuízos ao administrado.
Sendo assim é mais do que plausível que, o particular possua diversas medidas para
socorrer-se do Poder Judiciário, buscando as medidas liminares para suspender a
eficácia do ato administrativo, tenha ele sido iniciado ou não. Dessa forma, sempre
que o particular se sentir prejudicado, poderá recorrer ao Judiciário para impedir a
execução do ato administrativo.
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Na segunda situação, em que falamos das medidas urgentes, ocorre quando a medida
deve ser adotada de imediato, sob pena de causar grande prejuízo ao interesse
público. Um grande exemplo é a destruição de um imóvel com risco iminente de
desabamento. Nesse caso quando nos deparemos com uma situação como essa, a
autoridade administrativa poderá determinar, de imediato, a demolição.
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Casos como esses, poderemos ver a Administração Pública utilizar-se até mesmo a
força para obrigar o particular a cumprir as suas determinações. De forma resumida,
a exigibilidade ocorre somente por meios indiretos, enquanto a executoriedade é
direta, possibilitando assim, uma forma mais efetiva para cumprimento das
determinações de acordo com a lei.
Já a doutrinadora Licínia Rossi (2020), faz parte da outra corrente que divide a
autoexecutoriedade em duas vertentes, vejamos a seguir seu posicionamento:
[...] pela exigibilidade pode-se induzir à obediência; pela executoriedade pode-se compelir,
constranger fisicamente. Entretanto, nem todos os atos exigíveis são executórios. Nas sanções
pecuniárias não há executoriedade: se a Administração Pública fixar a multa e a multa não for
paga, precisará do Poder Judiciário para executá-la. Da mesma forma, será necessário recorrer
ao Judiciário se não viabilizado acordo administrativo em desapropriação.
2.4.3 Imperatividade
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Os atos administrativos são, em regra, imperativos ou coercitivos, uma vez que representam
uma ordem emanada da Administração Pública que deve ser cumprida pelo administrado. A
Administração Pública, pautada pelo respeito à juridicidade e pela busca da efetivação do
interesse público, tem a prerrogativa de impor condutas positivas e/ou negativas aos
particulares.
O atributo da imperatividade não é absoluto, isto é, não está presente em todos os atos
administrativos. Assim, não incidirá a imperatividade: a) nos atos que concedem direitos
solicitados pelos administrados, como é o caso das licenças, autorizações, admissões,
permissões de uso de bem público; b) atos meramente enunciativos, como atestados,
certidões, pareceres; c) nos contratos administrativos em que o interessado licitante só
participará de procedimento licitatório se tiver interesse em realizar o objeto do procedimento
licitatório.
2.4.4 Tipicidade
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Ou seja, para cada finalidade buscada pela Administração, há uma espécie distinta de
ato que deverá corresponder ao tipo legal previamente definido em lei. Cada ato
administrativo corresponde a uma situação concreta, a uma aplicação determinada,
uma utilização específica. Sobre a tipicidade, Mazza (2019), acrescenta:
Por exemplo, não se pode impor uma advertência para o servidor para o caso do
cometimento de uma infração grave.
Neste sentido, dada esta característica, nunca haverá ato inteiramente discricionário
ou arbitrário, no sentido de que a Administração será impedida de praticar atos que
vinculem unilateralmente o particular sem que haja previsão legal, tampouco será
completamente discricionário, uma vez que a lei “ao prever o ato, já define os limites
e que a discricionaridade poderá ser exercida (Di Pietro, 2020, p. 473).
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tipicidade no rol de atributos dos atos administrativos (Meireles, 2016; Mello, 2015;
Oliveira, 2019). De qualquer forma, destacamos sua relevância como um atributo
criado por Maria Sylvia Zanella de Pietro, citado por Matheus Carvalho (2021, p. 294),
não como uma “prerrogativa ao ente estatal, mas sim limitação para a prática de atos
não previamente estipulados por lei”.
Existe uma diversidade muito ampla de critérios que podem ser adotados para o
enquadramento dos atos administrativos em espécies e categorias. Desta forma, a
classificação dos atos debruça-se em agrupá-los de acordo com as características
similares. Não há consenso por parte da doutrina em relação à forma de classificação
dos atos, contudo, estudaremos aquelas consideradas mais relevantes.
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a) Vinculado: são aqueles atos para os quais a lei estabelece todas as condições e o
momento da realização, ou seja, encontra todos os seus requisitos e elementos
previstos na lei de forma bem objetiva. O legislador não dá margem ao administrador
para agir em nenhum momento conforme a sua livre manifestação de vontade, sendo
completamente obrigatório seguir a lei.
b) Discricionário: são atos em que a lei permite que o administrador tenha certa
liberdade para realizar um juízo de conveniência, oportunidade e modo de realização,
porém o Estado tem margem para escolher a melhor atuação conforme o cada caso
concreto. Assim, mesmo que exista margem para discricionariedade, esta nunca é
total, pois deve estar em conformidade com a competência e finalidade que se
encontram previstos na legislação. Mazza (2019), complementa:
Por fim, deve-se observar que o ato discricionário não se confunde com o ato arbitrário.
Arbitrário é o ato praticado fora dos padrões da legalidade, exorbitando os limites de
competência definidos pela lei. O ato discricionário, ao contrário, é exercido dentro dos limites
da legalidade.
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Não necessitam de publicação no órgão oficial para que tenham vigência, bastando a
cientificação do destinatário ou divulgação no seio da própria repartição pública. Entretanto,
se incidem de qualquer forma sobre os administrados – como equivocamente se vem fazendo
na prática administrativista –, aí então será indispensável sua divulgação oficial.
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Cabe ressaltar que o ato complexo não se confunde com o processo administrativo. No ato
complexo, existe apenas um ato, formado pela manifestação de órgãos diversos; no processo
administrativo, por sua vez, são editados atos administrativos intermediários e autônomos para
alcance do ato final.
b) Imperfeitos: ainda não completaram todas as fases de sua criação ou ainda não
chegaram perto de completar seu ciclo de formação.
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d) Consumados: são aqueles que já produziram todos seus efeitos na esfera jurídica
e estes se exauriram, não havendo possibilidade de produzir novos efeitos, encerrando
o objetivo para o qual foi criado.
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São atos decorrentes do Poder Hierárquico, que visam disciplinar a conduta funcional
dos agentes públicos e discorrer a respeito do funcionamento dos órgãos (instruções,
circulares, avisos e portarias); Segundo Mazza (2019):
São os atos administrativos que contêm uma declaração de vontade do Poder Público, que
coincide com o interesse do particular, que por sua vez cumpriu os requisitos necessários à
sua obtenção. Existe uma concordância entre a vontade da Administração e a do administrado,
oriunda da expressão italiana “atti amministrativi negoziali”.
São aqueles em que a Administração apenas certifica ou atesta um fato, ou dá uma opinião
sobre algum assunto, sem se vincular ao seu conteúdo.
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Decretos: são atos administrativos, que são editados de forma privativa pelo chefe do
poder executivo, conforme previsto no art. 80 da cf/88, com a finalidade de reger
relações gerais ou individuais.
Instruções: são atos administrativos editados pela autoridade superior com o objetivo
de ordenar a atuação dos agentes subordinados.
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Avisos: são atos administrativos editados por ministros de estados para tratarem de
assuntos relacionados aos respectivos ministérios.
Pareceres: são atos administrativos que expressam a opinião do agente público sobre
determinada questão fática, técnica ou jurídica.
Atestados: são atos administrativos similares às certidões, uma vez que também
declaram a existência ou inexistência de fatos.
Multas: são sanções pecuniárias impostas aos administrados (ex.: imposição de multa
ao particular que dirige em velocidade superior à permitida para o local).
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Atos Negociais
Licença Permissão Autorização
Tem como objeto o uso de
Tem como objeto atividade Tem como objeto o uso de
bem público, mais a prestação
material bem público.
de serviço e atividade material
Não são revogáveis em regra. Pode ser revogada. Pode ser revogada
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo: Taxista precisa de uma
CNH
Um circo pega permissão para autorização.
Alvará
usar um terreno público. Uma lanchonete em uma
Habite-se
rodoviária.
Fonte: Núcleo editorial Focus
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Perda do sujeito
Renúncia do destinatário
Retirada
Perda do Sujeito: ocorre quando o sujeito criado pela relação jurídica que decorre
do ato administrativo. Exemplo: pessoa aprovada em concurso é nomeada, mas falece
antes de assumir o cargo.
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Caducidade
Ocorre quando um ato deixa de existir em virtude da entrada em vigor de lei que
impeça a permanência da situação anteriormente concedida pelo poder público. Por
Exemplo, dada permissão para exploração de parque de diversões em determinada
área da cidade, face a nova lei de zoneamento, o terreno tornou-se incompatível com
aquele uso. Ainda, nos termos de Rafael Rezende, 2020:
Cassação
Contraposição
Renúncia
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2.7.1 Anulação
A Administração deve anular atos eivados de vícios de legalidade. Tal ato terá força
retroativa (ex tunc), pois todos os efeitos nocivos de um ato ilegítimo devem ser
eliminados desde seu nascimento. A anulação poderá ser decretada
administrativamente ou judicialmente (esta última sempre observará apenas se o ato
está de acordo com a legalidade).
ANULAÇÃO
FUNDAMENTOS ILEGALIDADE (dever de anular - ato vinculado)
COMPETÊNCIA ADMINISTRAÇÃO E JUDIÁRIO
EFEITOS EX TUNC
LIMITES TEMPORAL – 5 ANOS
Fonte: Núcleo editorial Focus
2.7.2 Revogação
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REVOGAÇÃO
FUNDAMENTOS OPORTURNIDADE E CONVENIÊNCIA (pode
revogar - ato discricionário)
COMPETÊNCIA SOMENTE ADMINISTRAÇÃO
EFEITOS EX NUNC
LIMITES MATERIAL
Fonte: Núcleo editorial Focus
Pelo princípio da simetria das formas, somente um ato administrativo pode retirar outro ato
administrativo. Então, a revogação de um ato administrativo também é ato administrativo. Na
verdade, a revogação não é exatamente um ato, mas o efeito extintivo produzido pelo ato
revocatório. O ato revocatório é ato secundário, concreto e discricionário que promove a
retirada do ato contrário ao interesse público.
2.8 Convalidação
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Para a doutrina majoritária, a convalidação tem natureza vinculada; porém, poderá ser
discricionário quando se tratar de vício de competência em ato de conteúdo
discricionário. Alexandre Mazza explica que
Neste caso, há vício no elemento competência do ato administrativo, no entanto, pode ser
convalidado pela autoridade competente, por meio de ratificação do ato viciado. Nestes casos,
o conserto decorre dos princípios da eficiência e economicidade, já que é mais útil para a
Administração Pública convalidar do que anular, além de se garantir uma preservação da
ordem jurídica, garantindo-se a segurança de relações previamente constituídas (CARVALHO,
2020, p. 318)
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Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2020) divide a convalidação em duas espécies, são
elas:
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Conclusão
3 Conclusão
Neste módulo vimos que, diferentemente do fato jurídico, que não decorre da
manifestação da vontade do agente, o ato jurídico é em essência uma manifestação
de vontade humana que interfere no Direito, e que todo ato praticado no exercício da
função administrativa é considerado um ato da Administração. Nesta classe,
concorrem tanto atos regidos pelo direito público como pelo direito privado. Neste
sentido, são exemplos de atos da Administração, dentre outros, os atos materiais da
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Referências Bibliográficas
Por fim, vimos que os atos podem ser anulados pela Administração quando eivados
de vícios de legalidade ou revogados quando parecer conveniente ou oportuno a
Administração. Ou ainda, os atos podem ser convalidados pela correção de vícios, de
forma a garantir sua manutenção e eficácia no mundo jurídico, ou retirados do mundo
jurídico (extintos) quando deixarem de produzir efeitos.
4 Referências Bibliográficas
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. -33. ed. –
São Paulo: Altas, 2019.
CARVALHO, Matheus. Manual do Direito Administrativo. – 7. ed. Salvador:
JusPODIVM, 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Direito administrativo. – 33.
ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. – 9 ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2019.
MEIRELLES, Hely Lopes, Direito administrativo brasileiro. – 42°. ed. – São Paulo,
Malheiros, 2016.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. – 9. ed. – Rio
de Janeiro: Forense, 2021.
ROSSI, Licínia, Manual de direito administrativo. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
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