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NOÇÕES DE DIREITO

ADMINISTRATIVO

Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20 – O PLANO
Noções de Direito Administrativo
Diogo Surdi

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................3
Noções de Direto Administrativo............................................................................................................................7
1. Metas de Estudo...........................................................................................................................................................7
1.1. Dia 1 – Organização Administrativa................................................................................................................7
1.2. Dia 2 – Improbidade Administrativa............................................................................................................19
1.3. Dia 3 – Poderes Administrativos.................................................................................................................30
1.4. Dia 4 – Controle da Administração Pública. ..........................................................................................44
1.5. Dia 5 – Agentes Públicos e Estatuto dos Servidores. .....................................................................54
1.6. Dia 6 – Atos Administrativos e Processo Administrativo Federal. .......................................... 69
1.7. Dia 7 – Princípios da Administração Pública e Serviços Públicos............................................81
1.8. Dia 8 – Responsabilidade Civil do Estado.............................................................................................. 93
2. Súmulas Relacionadas com o Conteúdo Programático. .................................................................. 103
2.1. Súmulas Vinculantes do STF. . ..................................................................................................................... 103
2.2. Súmulas do STF...................................................................................................................................................105
2.3. Súmulas do STJ....................................................................................................................................................107
3. Novidades Legislativas......................................................................................................................................108

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Noções de Direito Administrativo
Diogo Surdi

Apresentação
De acordo com o “Princípio de Pareto”, também conhecido como “Técnica do 80/20”, 80%
das situações podem ser resolvidas com a utilização de 20% do conhecimento.
O Princípio de Pareto é amplamente utilizado em várias áreas do conhecimento humano,
uma vez que apresenta uma tendência para a resolução dos problemas e otimiza os resultados.

Você já pensou em como isso pode ser importante caso a aplicação seja possível, tam-
bém, no universo dos concursos públicos?

E justamente pensando nisso é que esta aula foi desenvolvida. Aqui, o nosso claro objetivo
é o de apresentar, com base em dados e estudos anteriores, os pontos que, historicamente, são
mais exigidos pelas bancas organizadoras em relação a determinados conteúdos do edital.
Isso não quer dizer que você não precise estudar todos os pontos do edital. Nos dias atu-
ais, em que a concorrência está cada vez mais acirrada, um estudo completo é mais do que
essencial para garantir uma boa preparação.
No entanto, é inegável que as bancas, ao longo dos anos, tendem a se repetir. E isso ocor-
re por um motivo bastante simples: no processo de elaboração das questões, a instituição
responsável pela organização do concurso contrata professores ou autores qualificados na
respectiva área ou matéria envolvida. E como cada pessoa tende a seguir, ainda que incons-
cientemente, autores ou pontos específicos da matéria, o que acaba ocorrendo, como iremos
retratar, é uma quantidade desproporcional de questões em relação aos pontos exigidos em
determinada disciplina.
Dito de outra forma, raramente vemos uma prova onde as questões foram elaboradas
seguindo todos os pontos do edital de forma simétrica. O que é constantemente visto, em
sentido contrário, é alguns assuntos sendo exigidos de maneira bem mais constante do que
os demais.
Sendo assim, ao identificarmos quais são estes assuntos, iremos dar um “salto de quali-
dade e eficiência” na preparação. Para isso, faremos uso do “Princípio de Pareto”, verificando
quais são os assuntos mais exigidos e otimizando em diversos aspectos a sua preparação.
Análise da banca CESPE (CEBRASPE):
Com base no último edital do concurso do INSS, a disciplina de Direito Administrativo foi
exigida, para o cargo de Técnico do Seguro Social, com os seguintes tópicos:

1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza,


fins e princípios. 2 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios. 3 Organização administrativa
da União; administração direta e indireta. 4 Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, de-
veres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; Regime Jurídico Único (Lei n. 8.112/1990
e suas alterações): provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vanta-

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gens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa. 5 Poderes administrativos:
poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. 6
Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação,
espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade. 7 Serviços Públicos: conceito, classifica-
ção, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão, permissão, auto-
rização. 8 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial;
controle legislativo; responsabilidade civil do Estado. Lei n. 8.429/1992 e suas alterações. 9 Lei n.
9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo).

Análise Estatística e Qualitativa:


Para uma correta abordagem estatística acerca das questões anteriores, é necessário que
alguns filtros sejam utilizados com a finalidade de chegarmos o mais próximo possível das
questões que tendem a ser exigidas no dia da prova.
Desta forma, devemos nos ater às questões que atendam aos seguintes critérios:
a) tenham sido elaboradas pela banca organizadora do concurso (CESPE);
b) sejam do mesmo modelo que as que serão utilizadas no concurso do INSS (cer-
to/errado);
c) tenham sido elaboradas para cargos que exijam o mesmo nível de escolaridade que o
cargo de Técnico do Seguro Social (nível médio);
d) tenham sido aplicadas em um período recente de tempo (anos de 2022, 2021 e 2020);
Filtrando as questões anteriores de Direito Administrativo do CESPE (anos de 2022, 2021 e
2020), elaboradas exclusivamente para os cargos de nível médio, chegamos, em relação aos
tópicos exigidos no conteúdo programático, nos seguintes dados:

Quantidade de Percentual
Assunto
Questões Aproximado

Organização Administrativa 20 21%

Improbidade Administrativa 17 18%

Poderes Administrativos 10 10,5%

Controle da Administração Pública 10 10,5%

Atos Administrativos 8 8,5%

Estatuto dos Servidores 7 7%

Agentes Públicos 7 7%

Processo Administrativo Federal 5 5%

Responsabilidade Civil do Estado 5 5%

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Quantidade de Percentual
Assunto
Questões Aproximado

Princípios da Administração Pública 4 4,5%

Serviços Públicos 2 3%

Total 95 100%

Estabelecendo uma ordem de prioridade entre os assuntos exigidos, ficaríamos com o se-
guinte quadro demonstrativo:

Ordem de Prioridade do Edital

Vermelha: Alta Azul: Média Verde: Baixa

1 Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e


organização; natureza, fins e princípios.
2 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios.
3 Organização administrativa da União; administração direta e indireta.
4 Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas;
cargo, emprego e função públicos; Regime Jurídico Único (Lei n. 8.112/1990 e
suas alterações): provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição;
direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e
administrativa.
5 Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder
regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder.
6 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e
sanatória; classificação, espécies e exteriorização; vinculação e discricionariedade.
7 Serviços Públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma,
meios e requisitos; delegação: concessão, permissão, autorização.
8 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle
judicial; controle legislativo; responsabilidade civil do Estado. Lei n. 8.429/1992 e
suas alterações.
9 Lei n. 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo).

Com base nos números apresentados, podemos observar que alguns pontos do conteúdo
programático de Direito Administrativo tendem a ser exigidos com maior intensidade.
Neste sentido, quatro tópicos do edital são responsáveis, historicamente, por mais da me-
tade das questões elaboradas sobre a matéria, sendo eles:
a) Organização Administrativa;
b) Improbidade Administrativa;

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c) Poderes Administrativos;
d) Controle da Administração Pública;

 Obs.: Apenas estes quatro pontos da disciplina de Direito Administrativo foram responsá-
veis, nos anos de 2020 a 2022, por aproximadamente 61,5% das questões de “certo e
errado” elaboradas pelo CESPE para os cargos de nível médio.
 Logo, é essencial que um maior destaque seja dado para estes assuntos, otimizando
com isso a preparação e aumentando significativamente suas chances de fazer uma
excelente prova na disciplina de Direito Administrativo.

Outro ponto a ser destacado é que a disciplina de Direito Administrativo é alvo constante
de inúmeras alterações legislativas. E o CESPE, para este tipo de situação, tende a exigir con-
sideravelmente as mencionadas alterações.
De todo o conteúdo programático de Direito Administrativo, o tópico que mais sofreu mo-
dificações foi a Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992), que, após as alterações
promovidas pela Lei 14.230/2021, passou a contar com novas e importantes regras no proces-
so de improbidade.
Sendo assim, é extremamente provável que pelo menos uma das questões de Direito Admi-
nistrativo da prova do INSS exija o conhecimento das regras relacionadas com a Improbidade
Administrativa.

 Obs.: Todos os pontos do edital estão minuciosamente estudados no curso de Direito Admi-
nistrativo destinado ao concurso do INSS – Técnico do Seguro Social. Aqui, conforme
mencionado no início da aula, a ideia é verificar e memorizar, por meio da aplicação do
“Princípio de Pareto”, os assuntos historicamente mais exigidos pela banca organiza-
dora, algo que otimizará em diversos aspectos a sua preparação.

Sendo assim, iremos, em um primeiro momento, ter contato com um resumo dos principais
pontos estudados, oportunidade em que faremos uso, além de um resumo detalhado da ma-
téria, de quadros sinóticos, gráficos e tabelas. Para otimizar sua preparação, tais conteúdos
serão elencados em METAS DIÁRIAS, que compreenderá a parte teórica definida para o res-
pectivo dia e questões anteriores destinadas a sedimentar o processo de revisão.

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1. Metas de Estudo
1.1. Dia 1 – Organização Administrativa
As entidades políticas nada mais são do que os entes federativos previstos na Constitui-
ção Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Tais entes são
predominantemente regidos pelo Direito Constitucional e detém uma parcela do poder político.
Por isso mesmo, costuma-se dizer que tais entes são autônomos, organizando-se, cada um
deles, para alcançar as finalidades previstas na Constituição.
Já as entidades administrativas são a própria Administração Indireta, composta (taxativa-
mente) pelas autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Tais entidades, ao contrário das pessoas políticas, são reguladas predominantemente
pelo Direito Administrativo, não detém poder político e estão vinculadas à entidade política
que as criou.

Modernamente, a expressão “administração pública” pode ser conceituada por meio de


diferentes sentidos ou acepções. Da mesma forma, poderemos fazer uso da expressão em seu
sentido amplo (lato) ou em sentido estrito (stricto).
Dizemos que em sentido lato (ou amplo), a administração pública compreende, além da
função administrativa, os órgãos de governo, que são aqueles que exercem funções políticas.
Já a administração pública sentido estrito compreende somente os órgãos e os agentes ne-

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cessários à execução das políticas públicas, sem qualquer referência àqueles que atuam na
sua elaboração.
O sentido estrito é o adotado em nosso ordenamento jurídico, de forma que apenas será
considerada administração pública as atividades destinadas à execução das políticas públicas.

Em sentido material, objetivo e funcional, a administração é composta pelas atividades e


funções que normalmente são classificadas como administração pública. Por meio do crité-
rio material, devemos nos perguntar quais as atividades que são consideradas administração
pública em nosso país. Ainda que a resposta varie muito de autor para autor, as atividades que
usualmente são reconhecidas como administração pública são: fomento, serviços públicos,
polícia administrativa e intervenção.

Já em sentido formal, orgânico e subjetivo, a administração pública é o conjunto de órgãos


e agentes incumbidos das mais diversas atividades administrativas. Por intermédio do critério
formal, devemos nos perguntar quem é administração pública em nosso país.
A resposta é que apenas as entidades, órgãos e agentes que o nosso ordenamento jurídi-
co estabelece como administração pública serão consideradas parte desta, independente da
importância da atividade exercida. Pelo critério formal, que é o adotado em nosso país, fazem
parte da administração pública todos os órgãos e entidades da administração direta e da ad-
ministração indireta.
Podemos sintetizar os quatro sentidos em que a expressão “administração pública” pode
ser utilizada por meio do seguinte quadro sinótico:

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Administração pública em Abrange as atividades de elaboração e


sentido amplo execução das políticas públicas

Administração pública em sentido Abrange apenas as atividades de execução


estrito das políticas públicas

Compreende as atividades que


Administração pública em sentido
normalmente são classificadas, pela sua
material, objetivo e funcional
importância, como administração pública

Compreende os órgãos, agentes e


Administração pública em sentido entidades que o nosso ordenamento
formal, subjetivo e orgânico jurídico identifica como administração
pública (administração direta e indireta)

A centralização ocorre quando a atividade administrativa é totalmente desempenhada por


órgãos e agentes de um único ente federativo. Em tal situação, o Estado executa as tarefas
que a ele são atribuídas pela Constituição Federal de forma direta, ou seja, por intermédio dos
agentes e dos órgãos públicos componentes da administração direta.
A descentralização, por sua vez, ocorre quando qualquer um dos entes federativos exerce
suas atribuições por intermédio de outras pessoas jurídicas. Em tais situações, ao contrário do
que ocorre quando da criação dos órgãos públicos, não teremos hierarquia ou subordinação,
mas sim mera vinculação entre a pessoa jurídica criada e o ente federativo que a criou.

A descentralização pode ser feita de duas formas, sendo elas a descentralização por ou-
torga (também conhecida como descentralização por serviços ou legal) e a descentralização
por delegação (negocial ou por colaboração).
A descentralização por outorga ocorre quando o ente federativo transfere tanto a titularida-
de quanto o exercício de determinada competência. Tal descentralização é feita por meio de
lei, sendo por intermédio de tal instituto que as entidades da administração indireta são criadas.
A descentralização por delegação ocorre quando apenas o exercício da competência é
transferido à outra entidade, ficando a titularidade com o ente originalmente competente. Atra-
vés dela, as concessionárias, permissionárias e autorizatárias assumem o exercício de algu-
mas atividades administrativas.

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A atividade administrativa também poderá ser desempenhada de forma concentrada ou


desconcentrada, situações em que teremos a prestação da atividade com ou sem a divisão
interna de competências, que é materializada por meio da criação dos órgãos públicos.
A concentração trata-se de uma situação que apenas é possível na parte teórica, uma vez
que implicaria no desempenho de uma atividade administrativa sem a criação de órgãos públi-
cos. Assim, em tal situação, tanto a administração direta quanto a indireta teriam que desem-
penhar suas atividades sem a possibilidade de reparti-las internamente.
A desconcentração, por sua vez, é a técnica administrativa através da qual são criados os
órgãos públicos. Com isso, as atividades podem ser desempenhadas de forma especializada,
através de órgãos integrantes de uma mesma entidade superior. A desconcentração – e isso é
extremamente importante – por operar-se no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, pressu-
põe hierarquia e subordinação.

Centralização Atuação da administração direta

Atuação da administração indireta ou das


Descentralização
delegatárias de serviço público

Concentração Atuação sem a presença de órgãos público

Desconcentração Atuação com a presença de órgãos públicos

A administração direta é composta pelas denominadas entidades políticas, também co-


nhecidos como entes federativos. Em nosso ordenamento, eles são quatro: União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Todos os entes que compõem a administração direta são considerados pessoas jurídicas
de direito público, estando sujeitos ao regime jurídico administrativo e sendo dotadas de auto-
nomia. Temos administração direta, dessa forma, em todas as esferas políticas.

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Já as entidades que compõem a administração indireta são as autarquias, as fundações


públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A lista das entidades da
administração indireta é taxativa, sendo formada pelas autarquias, empresas públicas, socie-
dades de economia mista e fundações públicas.
Para a criação de uma autarquia, é necessário apenas a edição de uma lei específica. Para
as demais entidades, ao contrário, a lei específica apenas autoriza a sua criação, sendo neces-
sário, ainda, que o ente político promova a inscrição dos atos respectivos no registro público
competente. Importante mencionar que a lei específica em questão deve ser de iniciativa do
Chefe do Poder Executivo do respectivo ente federativo.
As autarquias adquirem personalidade jurídica com a edição da lei específica. As demais
entidades, com o registro público de seus atos constitutivos;
As fundações públicas podem ser tanto de direito público quanto de direito privado. Para
ambos os tipos de fundação, a regra da necessidade de edição de uma lei complementar é
aplicada. No entanto, não podemos confundir as fundações públicas de direito privado com as
fundações privadas. Estas, que não fazem parte da administração pública (sendo reguladas,
por isso mesmo, pelo Direito Civil), não necessitam da edição da mencionada norma.

Podemos afirmar que todas as entidades da Administração Pública Indireta apresentam as


seguintes características:
a) Possuem personalidade jurídica, o que as diferencia, por exemplo, dos órgãos públicos,
uma vez que estes apenas correspondem a uma parte da pessoa jurídica que os criou;
b) Têm legitimidade ativa para propor uma Ação Civil Pública;
c) Possuem autonomia administrativa e financeira, mas não detém uma parcela do poder
político, que é característica apenas das entidades políticas (entes federativos);
d) Estão sujeitas, assim como os órgãos públicos, ao controle do Poder Legislativo e do
Tribunal de Contas da União, uma vez que utilizam, para o desempenho de suas atividades,
recursos públicos;
e) Devem realizar concurso público para contratação de pessoal. Assim, ainda que os
agentes das entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado sejam regidos pe-
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las disposições da CLT (sendo considerados empregados públicos), a realização de concurso


público para admissão de pessoal é regra aplicável a toda a administração pública.
f) Seus servidores respondem por atos de improbidade administrativa;
g) Devem observar a vedação à acumulação de cargos públicos como a regra no âmbito
do desempenho das funções estatais, de forma que a acumulação apenas será possível nas
hipóteses previstas no texto da Constituição Federal.
h) Devem observar todos os princípios atribuídos à administração pública pela Constitui-
ção Federal, dentre os quais se destacam os da legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-
blicidade e eficiência.
i) Não estão subordinadas hierarquicamente ao ente federativo que as criou ou autorizou,
mas sim apenas vinculadas à respectiva administração direta, que, por meio da tutela adminis-
trativa, verifica se as entidades estão realizando as atividades para as quais foram instituídas.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, criadas por lei específica
para o exercício de atividades típicas da administração pública. Com as autarquias, é como se
o Estado (através de suas entidades políticas), descentralizasse certas atividades para entida-
des dotadas de maior especialização.
No que se refere à extinção das autarquias, deve ser utilizado o princípio do paralelismo
das formas. Assim, como as autarquias são criadas por intermédio de lei específica, apenas
por meio de tal forma legislativa é que as entidades em questão poderão ser extintas. Tal como
ocorre com a criação, a proposta de lei destinada à extinção das autarquias deve ser de inicia-
tiva dos Chefes do Poder Executivo ou, quando estivermos diante de autarquias instituídas no
âmbito dos Poderes Legislativo ou Judiciário, por meio de iniciativa dos respectivos Poderes.
Diversas são as classificações existentes, em nosso ordenamento jurídico, para as autar-
quias, sendo que os principais critérios utilizados são os relativos ao nível federativo, ao objeto
e à natureza.

Critério Classificação

Federais (criadas pela União)


Quanto ao nível Estaduais (criadas pelos Estados)
federativo Distritais (criadas pelo Distrito Federal)
Municipais (criadas pelos Municípios)

Fundacionais (são as fundações públicas de direito público)


Corporativas (são os conselhos profissionais)
Quanto ao objeto Associativas (são os consórcios públicos)
Territoriais (são os territórios federais)
Administrativas (são autarquias residuais)

Comuns (não apresentam peculiaridades)


Quanto à natureza Especiais (possuem prerrogativas que as diferenciam das
demais)

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Com as autarquias, é como se o próprio Estado estivesse desempenhando as atividades.


Como consequência, todos os privilégios processuais que são atribuídos ao Estado devem ser
estendidos às respectivas entidades autárquicas.
Tanto a administração direta quando as autarquias são consideradas, para efeitos proces-
suais, como Fazenda Pública, fazendo jus a uma série de privilégios processuais:
a) Prazo em dobro para todas as manifestações processuais.
b) Suas causas estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição.
c) Desnecessidade de depósito prévio das custas processuais.
d) Prescrição quinquenal.

É possível identificar uma série de similaridades e diferenças entre as fundações públicas


e as fundações privadas, conforme se observa por meio da tabela a seguir:

Fundações Públicas Fundações Privadas

Instituidor é um ente federativo Instituidor é uma pessoa particular

Não podem ter finalidade lucrativa Não podem ter finalidade lucrativa

Desempenham atividades de Desempenham atividades de interesse


interesse social social

As fundações públicas podem ser de direito público ou de direito privado. No que se re-
fere às fundações públicas de direito público, pode-se afirmar que estas possuem as mes-
mas características e privilégios das autarquias, conforme exposto quando do estudo destas
entidades.

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Quanto às fundações públicas de direito privado, a doutrina entende que elas estão sub-
metidas s um regime jurídico híbrido, sendo regidas ora por um regime de direito público, ora
pelo regime de direito privado.
Como forma de facilitar a compreensão, relacionam-se abaixo as diferenças e similari-
dades existentes entre as fundações públicas de direito público e as fundações públicas de
direito privado:

Fundações Públicas de Direito


Fundações Públicas de Direito Privado
Público

São criadas diretamente por lei São autorizadas por lei

Possuem personalidade jurídica de direito Possuem personalidade jurídica de direito


público privado

São regidas pelo direito público São regidas por um regime híbrido

Devem realizar concurso para admitir Devem realizar concurso para admitir
pessoal pessoal

Possuem bens privados, com a ressalva das


características dos bens públicos serem
Possuem bens públicos
mantidas quando da prestação de uma
atividade essencial à coletividade

Possuem privilégios processuais, tal


Não possuem privilégios processuais
como as autarquias

Devem prestar contas ao respectivo Devem prestar contas ao respectivo Tribunal


Tribunal de Contas, uma vez que gerem de Contas, uma vez que gerem recursos
recursos públicos públicos

Estão vinculadas à administração direta Estão vinculadas à administração direta

Assim como as autarquias, possuem


Possuem responsabilidade civil objetiva
responsabilidade civil objetiva

Não possuem o Ministério Público Não possuem o Ministério Público Estadual


Estadual como curador como curador

Ressalta-se que as fundações públicas são comumente chamadas de patrimônio público


descentralizado, ao passo que as autarquias, ainda de acordo com a doutrina, são intituladas
como um serviço público descentralizado. Isso ocorre na medida em que as fundações públi-
cas gerem um patrimônio inicialmente doado por um instituidor, ao passo que as autarquias
desempenham um serviço público que, se não fosse por elas prestado, deveria ser assim feito
pelo próprio Estado.
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As empresas públicas e as sociedades de economia mista são a parte da administração


indireta mais voltada para o direito privado, sendo chamadas, por parte da doutrina, de empre-
sas estatais.
Ambas as entidades (empresas públicas e sociedade de economia mista), podem ser di-
vididas, no que se refere à área de atuação, entre prestadoras de serviço público e atuantes
na atividade econômica. Dessa forma, temos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de
sociedades de economia mista.
Todas as empresas estatais, sejam elas prestadoras de serviços públicos ou exploradoras
de atividade econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. A diferença entre
elas é quanto à atividade que exercem: se ela for prestadora de serviço público, a atividade
desempenhada, como não poderia deixar de ser, é regida pelo direito público. Se ela for explo-
radora de atividade econômica, e como forma de evitar assim que o princípio da livre concor-
rência seja prejudicado, tais atividades serão reguladas pelo direito privado.
Todas as empresas públicas e sociedade de economia mista, independentemente de se-
rem prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividades econômicas, possuem as
seguintes características:
a) Devem realizar concurso público para admissão de seus empregados.
b) Quando não forem subsidiaras com recursos públicos, não estão alcançadas pela exi-
gência de obedecer ao teto remuneratório constitucional.
c) Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, bem como ao controle
do Poder Legislativo.
d) Não estão sujeitas à falência.
e) Devem obedecer às normas de licitação e contrato administrativo no que se refere às
suas atividades meio, mas não em relação às atividades-fim.

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f) Devem obedecer a vedação à acumulação de cargos prevista constitucionalmente.


g) Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legislativo, para nomeação ou
exoneração de seus diretores.
As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização
legislativa, com a totalidade do capital público e regime organizacional livre.
As sociedades de economia mista, por sua vez, são pessoas jurídicas de direito privado,
criadas por autorização legislativa, com a maioria do capital público e organizadas, obrigato-
riamente, sob a forma de sociedades anônimas (S/A).
Três são as características que diferenciam as duas entidades da administração indireta,
sendo elas a forma de constituição, o modo como ocorre a formação de seu capital social e a
competência para o julgamento das ações
Com relação à forma de constituição, as empresas públicas podem se organizar adotando
qualquer uma das formas admitidas em nosso ordenamento jurídico. Podem ainda, caso seja
necessário, serem criadas com a utilização de uma forma jurídica até então não utilizada para
as demais empresas, oportunidade em que teremos a adoção de uma forma “sui generis”, ou
seja, sem precedentes anteriores. As sociedades de economia mista, por outro lado, apenas
podem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima (S/A).
As empresas públicas possuem todo o seu capital formado por recursos públicos, que
podem ser de apenas um ente público (unipessoal) ou de mais de um ente público (pluripes-
soal). As sociedades de economia mista, por sua vez, são constituídas obrigatoriamente com
capital formado por recursos públicos e privados (daí a existência da expressão “mista” de
seus nomes).
As ações judiciais em que as empresas públicas federais forem interessadas na qualidade
de autoras, rés, assistentes ou opoentes (com exceção às ações de falência, às ações que
envolvam acidentes de trabalho, às ações da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho) serão
processadas e julgadas por intermédio da Justiça Federal. Tal regra estabelece o foro privile-
giado para julgamento das ações judiciais envolvendo empresas públicas federais. No âmbito
das sociedades de economia mista federais, esta regra não prevalece, de forma que as ações
judiciais serão processadas e julgadas por intermédio da Justiça Estadual.

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Relacionam-se a seguir as diferenças encontradas entre as empresas públicas e as socie-


dades de economia mista:

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Totalidade do capital público Capital público e privado

Qualquer forma de organização


Obrigatoriamente S/A
societária

Causas de entidades federais julgadas Causas de entidades federais julgadas


na Justiça Federal na Justiça Estadual

As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilé-


gios fiscais não extensivos às do setor privado.

001. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/IBAMA/2022) Acerca de uma hipotética


entidade da administração pública indireta responsável por fiscalização ambiental, julgue o
item seguinte.
Essa entidade se sujeita à necessidade de licitação, como regra excepcional, para a contrata-
ção de obras, serviços e compras.

A regra geral, e que deve ser observada por toda a Administração Pública direta e indireta, é a
necessidade de realização de licitação para a contratação de obras, serviços e compras. Ape-
nas nas situações excepcionais é que o procedimento poderá ser dispensado.
Errado.

002. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO PROCESSUAL/PGE-RJ/2022) A respeito de Estado, go-


verno e administração pública, da organização administrativa do Estado e dos agentes públi-
cos, julgue o item subsequente.
É dado ao Estado o poder de criar entidade sem definir o objeto de sua atuação de forma
precisa, desde que a indicação genérica seja suficiente à compreensão do serviço público a
ser prestado.

A criação ou autorização de entidade da Administração Pública Indireta ocorre por meio de lei
específica. Logo, é vedado o não estabelecimento do objeto de atuação da entidade, ou ainda
a sua designação de forma genérica.
Errado.

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003. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO PROCESSUAL/PGE-RJ/2022) A respeito de Estado, go-


verno e administração pública, da organização administrativa do Estado e dos agentes públi-
cos, julgue o item subsequente.
As empresas públicas detêm os mesmos privilégios e as mesmas prerrogativas do Estado.

Apenas as autarquias, dentre as entidades da Administração Pública, é que detêm os mesmos


privilégios e as mesmas prerrogativas do Estado.
Errado.

004. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO PROCESSUAL/PGE-RJ/2022) Relativamente à organi-


zação administrativa em geral e a aspectos dessa organização no Brasil, julgue o próximo item.
Nas autarquias brasileiras, adota-se o regime de patrimônio privado, o que garante a impenho-
rabilidade de bens.

Nas autarquias brasileiras, o patrimônio é público, e não privado. E justamente em razão disso
é que temos, dentre outras prerrogativas, a impenhorabilidade de bens da entidade, medida
destinada a assegurar a continuidade dos serviços ou atividades que estão sendo prestadas
à coletividade.
Errado.

005. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) Pedro reque-


reu informações acerca de uma contratação direta promovida, com amparo em cláusula de
inexigibilidade de licitação, por uma empresa pública estadual, a qual, entretanto, negou-lhe
acesso a tais informações, sob o fundamento de que não estaria subordinada ao regime da Lei
n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) e de que as informações solicitadas se referiam
a dados pessoais de terceiros, cujo acesso era restrito, salvo se houvesse o consentimento
expresso de tais terceiros. Inconformado, Pedro protocolou pedido de reconsideração perante
a autoridade que lhe havia negado o acesso à informação, alegando que o referido consenti-
mento não deve ser exigido quando as informações forem necessárias à proteção do interesse
público preponderante.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
Empresa pública é entidade da administração pública indireta com personalidade jurídica de
direito privado.

As empresas públicas, assim como ocorre com as sociedades de economia mista, são entida-
des da administração pública indireta que possuem personalidade jurídica de direito privado.
Certo.
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006. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/ICMBIO/2022) No que tange aos institu-


tos da descentralização e da desconcentração, julgue o item a seguir.
A diferença preponderante entre esses institutos decorre do número de pessoas jurídicas en-
volvidas em cada um deles.

Na desconcentração, temos a criação de órgãos públicos, ou seja, repartições internas de com-


petência. Logo, a técnica ocorre no âmbito de uma única pessoa jurídica. Na descentralização,
por sua vez, temos a transferência da titularidade e/ou da execução de um serviço público para
outra pessoa jurídica. Logo, duas são as pessoas envolvidas no processo.
Certo.

1.2. Dia 2 – Improbidade Administrativa


O princípio constitucional da moralidade compreende os subprincípios da probidade, de-
coro e boa-fé. Violar a moralidade ou qualquer um dos seus subprincípios implica na anulação
do respectivo ato administrativo.
Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 37, § 4º, que os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

Um ponto que merece atenção é que a suspensão ocorre apenas em relação aos direitos
políticos. No caso da função pública, o que teremos é a respectiva perda. Dito de outra forma,
a suspensão dos direitos políticos ocorrerá por um período determinado de tempo, ao passo
que a perda da função pública é medida definitiva para o respectivo agente estatal.

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O dispositivo constitucional trata-se de uma norma de eficácia limitada, carecendo de re-


gulamentação para a produção de efeitos jurídicos. Com a edição da Lei 8.429, ocorrida em
1992, passamos a contar com a possibilidade de responsabilização pela prática de atos de
improbidade administrativa.
Atualmente, apenas serão considerados como atos de improbidade administrativa aque-
les que contiverem o elemento doloso (vontade do agente) no momento da sua prática.
De acordo com a norma legal, considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o
resultado ilícito tipificado em cada uma das espécies de atos de improbidade administrativa,
não bastando, para a configuração, a voluntariedade do agente.
Consequentemente, o mero exercício da função ou desempenho de competências públi-
cas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de
improbidade administrativa.
Um ponto a ser destacado é o que estabelece que o mero exercício da função ou desem-
penho de competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a
responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da
lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posterior-
mente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.

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As regras relacionadas com os sujeitos ativos podem ser mais bem visualizadas por meio
do seguinte quadro sinótico:

O agente político, o servidor público e todo aquele


que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
É considerado Agente
remuneração, por eleição, nomeação, designação,
Público
contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função

Ficam sujeitos às disposições da Lei de Improbidade


o particular, pessoa física ou jurídica, que celebrar
Em relação aos recursos
com a administração pública convênio, contrato de
de origem pública
repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo
de cooperação ou ajuste administrativo equivalente

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As regras da Lei da Àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
Improbidade também são ou concorra dolosamente para a prática do ato de
aplicadas, no que couber improbidade

Regra geral: não respondem pelos atos de


improbidade administrativa que venha a ser imputado
Os sócios, os cotistas,
à pessoa jurídica.
os diretores e os
Exceção: a responsabilização ocorrerá quando,
colaboradores de pessoa
comprovadamente, houver participação e benefícios
jurídica de direito privado
diretos. Neste caso, a responsabilidade estará
limitada aos limites da sua participação.

Caso o ato de
improbidade
administrativa seja
também sancionado As sanções estabelecidas na Lei de Improbidade
como ato lesivo à Administrativa não se aplicarão à pessoa jurídica.
administração pública
de acordo com a Lei
Anticorrupção

Os sujeitos passivos, de maneira contrária, são as pessoas jurídicas que são lesadas pela
prática de improbidade administrativa, passando a figurar, quando da respectiva ação, no polo
ativo da respectiva demanda.
É possível chegar à conclusão de que os sujeitos passivos da improbidade administrativa
são os seguintes:
a) Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de cada um dos entes federativos.
b) Administração Direta e Indireta da União, dos Estados, dos Municípios e do Distri-
to Federal.
c) Entidades privadas que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício,
de entes públicos ou governamentais.
d) Entidades privadas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra
no seu patrimônio ou receita atual. Neste caso, temos a peculiaridade de que o ressarcimento
de prejuízos estará limitado à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

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A Lei 8.429/1992 apresenta, a depender da conduta do agente público ou de terceiros rela-


cionados, três espécies de atos de improbidade administrativa, sendo elas:
a) atos que importam em enriquecimento ilícito;
b) atos que causam prejuízo ao erário;
c) atos que atentam contra os princípios da administração pública;
A depender da configuração em cada uma das espécies, diversas sanções de natureza
administrativa, cível e política são aplicadas aos responsáveis.

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Uma das novidades legislativas foi a previsão da responsabilidade decorrente da suces-


são, também, para as pessoas jurídicas. Esta situação ocorrerá nas hipóteses de alteração
contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
Especificamente nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da suces-
sora, como regra geral, será restrita à obrigação de reparação integral do dano causado, até o
limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções decorrentes de
atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação. Caso, contudo, seja de-
vidamente comprovado que houve simulação ou evidente intuito de fraude, a sucessora será
responsável pelos atos respectivos, ainda que praticados antes da sucessão.

Como regra geral, o pedido de indisponibilidade apenas será deferido mediante a demons-
tração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do pro-
cesso, desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na
petição inicial com fundamento nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu
em 5 dias.
Entretanto, a indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu,
medida que ocorrerá sempre que o contraditório prévio puder comprovadamente frustrar a
efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomendem a proteção liminar,
não podendo a urgência ser presumida.

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A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva concor-


rência para os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração
de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei
processual.

Duas são as vedações relacionadas com a indisponibilidade dos bens que devem ser me-
morizadas, a saber:
a) É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 salários-mínimos de-
positados em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta corrente.
b) É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se compro-
vado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
Para cada uma das condutas que dão ensejo às três diferentes espécies de improbidade
administrativa, a Lei 8.429/1992 apresenta uma série de sanções de natureza administrativa,
civil e política.
Tais sanções estão hierarquizadas de acordo com a gravidade da conduta, de forma que
as ações que ensejam enriquecimento ilícito possuem como consequência as sanções mais

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graves, as que ensejam lesão ao patrimônio público possuem sanções intermediárias e as que
atentam contra os princípios da administração pública, por sua vez, possuem as sanções de
menor gravidade.

Violação aos Princípios


Enriquecimento Ilícito Prejuízo ao Erário da Administração
Pública

Perda dos bens ou valores


Perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao
acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer
patrimônio
esta circunstância

Perda da função pública Perda da função pública

Suspensão dos direitos Suspensão dos direitos


políticos até 14 anos políticos até 12 anos

Pagamento de multa civil


Pagamento de multa civil Pagamento de multa
de até 24 vezes o valor da
equivalente ao valor do civil equivalente ao valor
remuneração percebida pelo
acréscimo patrimonial do dano
agente

Proibição de contratar Proibição de contratar


Proibição de contratar com o
com o poder público ou com o poder público ou
poder público ou de receber
de receber benefícios de receber benefícios
benefícios ou incentivos
ou incentivos fiscais ou incentivos fiscais
fiscais ou creditícios, direta ou
ou creditícios, direta ou ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por
indiretamente, ainda que indiretamente, ainda que
intermédio de pessoa jurídica
por intermédio de pessoa por intermédio de pessoa
da qual seja sócio majoritário,
jurídica da qual seja sócio jurídica da qual seja sócio
pelo prazo não superior a
majoritário, pelo prazo não majoritário, pelo prazo não
4 anos
superior a 14 anos superior a 12 anos

A aplicação das sanções decorrentes dos atos de improbidade administrativa independe,


como regra geral, da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público. A exceção fica por con-
ta da pena de ressarcimento e dos atos de improbidade classificados como “lesão ao erário”,
que, em sentido oposto, dependem da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público.
A aplicação das penalidades também independe da aprovação ou rejeição das contas pelo
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

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Caso alguém representar contra agente público ou terceiro, e já souber, de antemão, que
tais pessoas são inocentes, incorrerá em crime, devendo responder com a pena de detenção,
de 6 a 10 meses, e multa. Além disso, será obrigado a indenizar o denunciado pelos danos
materiais, morais e à imagem.
Atualmente, o Ministério possui a legitimidade exclusiva para propor a ação judicial de
improbidade administrativa.
No entanto, para apurar qualquer ilícito previsto, o Ministério Público, de ofício, a requeri-
mento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada, poderá instaurar
inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a instauração de inqué-
rito policial. Na apuração dos ilícitos previstos, será garantido ao investigado a oportunidade
de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e
auxiliem na elucidação dos fatos.
Uma série de regras processuais não são adotadas no fluxo na ação de improbidade admi-
nistrativa, sendo elas:
a) a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;
b) a imposição de ônus da prova ao réu;
c) o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato,
competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre
membros de Ministérios Públicos distintos;
d) o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução
de mérito;
A ação por improbidade administrativa apresenta as seguintes características:
a) é repressiva;
b) possui caráter sancionatório;

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c) é destinada à aplicação de sanções de caráter pessoal;


d) não constitui ação civil;
e) é vedado o seu ajuizamento para o controle de legalidade de políticas públicas e para
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos.
As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 anos.
A ação para a aplicação das sanções previstas na lei de improbidade administrativa pres-
creve em 8 anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanen-
tes, do dia em que cessou a permanência.

007. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) Com base na


Lei de Improbidade Administrativa, julgue o próximo item.
Garantir a integridade do patrimônio público é objetivo da Lei de Improbidade Administrativa.

Estabelece o artigo 1º que

O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na


organização do Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade do
patrimônio público e social, nos termos desta Lei.
Certo.

008. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) Com base na


Lei de Improbidade Administrativa, julgue o próximo item.
Sócios e gestores de empresas privadas respondem, de forma solidária e ilimitada, por even-
tuais atos de improbidade administrativa praticados pela pessoa jurídica da qual participam.

O que o §1º do artigo 3º estabelece é que

Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito privado não


respondem pelo ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, compro-
vadamente, houver participação e benefícios diretos, caso em que responderão nos limites da sua
participação.
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009. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/IBAMA/2022) Considerando a hipótese


de que servidor público civil do Poder Executivo federal tenha usado, em benefício de terceiros,
informação privilegiada que deveria manter em segredo, obtida no âmbito interno de seu ser-
viço, julgue o item seguinte.
Tal conduta configura ato improbidade que causa lesão ao erário.

A conduta em questão, desde que praticada de forma dolosa, constitui ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, e não lesão ao erário.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administra-
ção pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
III – revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permane-
cer em segredo, propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco a
segurança da sociedade e do Estado;
Errado.

010. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO EM GESTÃO DE TELECOMUNICAÇÕES/TELE-


BRAS/2022) Acerca das sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade
administrativa, julgue o item que se segue.
Estarão sujeitos às sanções da Lei n.º 8.429/1992 eventuais atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade privada que receba incentivo fiscal ou creditício de entes pú-
blicos ou governamentais.

Eventuais atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
incentivo fiscal ou creditício de entes públicos ou governamentais estão, conforme afirmado,
sujeitos às disposições da Lei 8.429/1992.

Art. 1º, § 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no exercício


de suas funções e a integridade do patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio
de entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes
públicos ou governamentais, previstos no § 5º deste artigo.
Certo.

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011. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO EM GESTÃO DE TELECOMUNICAÇÕES/TELE-


BRAS/2022) Acerca das sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade
administrativa, julgue o item que se segue.
Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário frustrar o caráter con-
correncial de procedimento licitatório com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou
indireto, ou de terceiros.

A conduta em questão é considerada ato de improbidade administrativa por atenta contra os


princípios da administração pública, e não por lesão ao erário. Além disso, para a caracteriza-
ção da improbidade, a conduta deve ter sido praticada de forma dolosa.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administra-
ção pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de
legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas:
V – frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de chama-
mento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto,
ou de terceiros;
Errado.

1.3. Dia 3 – Poderes Administrativos


Para que o Poder Público possa alcançar a sua finalidade, que é a de garantir a integridade
da coletividade, faz-se necessário a existência de prerrogativas e sujeições aos agentes públi-
cos, uma vez que são estes quem desempenham as atividades em nome do Estado.
No âmbito das prerrogativas, o regime jurídico confere aos agentes certos poderes não
estão presentes na relação entre particulares, mas sim apenas no âmbito da relação do Poder
Público com os administrados. Tais poderes são instrumentos de que se vale o agente estatal
para conseguir fazer valer a vontade do Estado. Como operam no âmbito da atividade adminis-
trativa, são conhecidos como poderes administrativos.
Não se confundem os poderes administrativos com os Poderes do Estado. Também não
podemos confundir os poderes administrativos com os poderes políticos, uma vez que estes
são os utilizados com base nas diretrizes expressas na Constituição Federal e exercidos com
alto grau de discricionariedade.

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De acordo com a doutrina majoritária, são os seguintes os poderes administrativos pas-


síveis de utilização pela administração pública: poder vinculado, poder discricionário, poder
hierárquico, poder disciplinar, poder regulamentar e poder de polícia.

 Obs.: Ainda que cada um dos poderes tenha suas próprias peculiaridades, é possível estabe-
lecer, como características comuns a todos os poderes administrativos, as seguintes:
 a) São decorrência das prerrogativas conferidas à administração pública;
 b) Devem ser exercidos dentro da estrita necessidade, sob pena de restar configurado
abuso de poder;
 c) São irrenunciáveis, de forma que não há a possibilidade dos agentes públicos dei-
xarem de exercê-los;
 d) São poderes instrumentais, não podendo ser confundidos com os poderes estrutu-
rais do Estado e com os poderes políticos;

Poder vinculado ou regrado é o que a lei confere ao administrador para a prática de atos
de sua competência, determinando todos os requisitos necessários à sua formalização. Neste
caso, o administrador não possui margem decisória, devendo praticar o ato da forma como
está previsto em lei.
No âmbito dos atos administrativos, cinco são os requisitos de validade, sendo eles a com-
petência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto.
Nos atos vinculados, todos os requisitos sempre estarão presentes, de forma que a mar-
gem de liberdade do agente público é praticamente inexistente. Por isso mesmo é que boa
parte da doutrina costuma afirmar que o poder vinculado, ainda que seja classificado como
um dos poderes administrativos existentes, trata-se, na verdade, de um dever do administra-
dor público.

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Conceitua-se poder discricionário como aquele que possibilita ao agente público atuar
com liberdade de atuação. Tal grau de liberdade, salienta-se, não é total, devendo ser exercido
dentro dos limites previamente definidos em lei.
A discricionariedade não pode ser confundida com a arbitrariedade. Enquanto esta repre-
senta uma ação ou conduta que contraria ou excede à lei, a discricionariedade, como já mencio-
nado, é uma liberdade concedida ao agente público para ser exercida dentro dos limites da lei.
Merece destaque, neste sentido, a possibilidade de controle judicial dos atos praticados
como decorrência do exercício do poder discricionário. Não há como negar que o Poder Judi-
ciário pode analisar todos os atos administrativos (sejam eles vinculados ou discricionários)
no que se refere ao aspecto de legalidade. Em tais situações, o Poder Judiciário está fazendo
uso de sua função típica, que é a de julgar, em plena consonância com o princípio da separação
dos Poderes.
No que se refere à possibilidade do Poder Judiciário adentrar no mérito dos atos adminis-
trativos discricionários, vigora, em nosso ordenamento, a regra geral acerca da impossibilida-
de de tal análise.

Podemos sintetizar as principais diferenças entre os poderes vinculado e discricionário por


meio do gráfico a seguir:

Poder Vinculado Poder Discricionário

Nenhuma margem de escolha para a Alguma margem de escolha para a


realização do ato. realização do ato.

Requisitos competência, finalidade e Requisitos competência, finalidade e


forma são sempre vinculados. forma são sempre vinculados.

Requisitos motivo e objeto são Requisitos motivo e objeto são


vinculados discricionários

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O poder hierárquico está fundamentado na necessidade de organização que os órgãos e


entidades possuem para poder desempenhar de melhor forma a função pública. Relaciona-se
o poder hierárquico com a possibilidade de o agente público dar ordens, fiscalizar, rever e, prin-
cipalmente, de avocar e delegar competências.
Por operar-se no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, a atuação decorrente de tal poder
pressupõe hierarquia e subordinação.
Merece destaque, no âmbito do poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avoca-
ção de competências. Por delegação pode-se entender a transferência de parte da competên-
cia originariamente atribuída a um órgão ou entidade para outro de mesmo nível ou de nível
hierarquicamente inferior.
A delegação, como regra, sempre será possível, salvo nos casos em que a lei expressamen-
te preveja a sua vedação. No âmbito federal, três são as situações em que não poderá ocorrer a
delegação: a) a edição de atos de caráter normativo; b) a decisão de recursos administrativos;
c) as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
Em sentido oposto, a regra é a de que a avocação apenas será possível nos casos em que a
lei assim o prever, tratando-se, por isso mesmo, de medida excepcional. Na avocação, ocorre o
chamamento, por parte de um órgão hierarquicamente superior, de competência inicialmente
atribuída a um órgão com hierarquia inferior.
É decorrência do poder hierárquico, ainda, a possibilidade de revisão, pela autoridade su-
perior, dos atos praticados pelos seus subordinados. Como resultado, pode a autoridade su-
perior manter o ato inicialmente praticado, anulá-lo, revogá-lo ou convalidá-lo.
Em tais situações, as mesmas regras concernentes aos atos administrativos são aplicá-
veis, de forma que tanto a anulação quanto a convalidação podem ser declaradas de ofício,
pela administração pública, ou mediante provocação do interessado. A convalidação, por sua
vez, consiste no saneamento dos defeitos de um ato por meio da edição de um ato posterior.
As prerrogativas decorrentes do exercício do poder hierárquico podem ser resumidas no
quadro a seguir:

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O poder disciplinar é aquele que autoriza que o Poder Público investigue as infrações co-
metidas e aplique as penalidades previstas em lei a todos que mantenham um vínculo especí-
fico com o Estado.
Deste conceito inicial, se percebe que duas classes distintas de pessoas podem ser pena-
lizadas com base no poder disciplinar:
a) os servidores públicos regidos por um estatuto funcional;
b) os particulares alheios à atividade pública, sendo necessário, para isso, a existência de
um vínculo necessariamente específico.
Quando a administração aplica investiga as infrações cometidas por seus servidores e
aplica, após a comprovação da ocorrência da falta funcional, as penalidades administrativas
previstas em lei, estamos diante de uma medida direta do poder disciplinar e indireta do poder
hierárquico.
O poder disciplinar também pode ser utilizado para a aplicação de sanções a terceiros que
não sejam agentes públicos. Neste caso, faz-se necessário que o particular possua um vínculo
específico com a administração, tal como ocorre, por exemplo, com os que celebram contrato
administrativo com o Poder Público, ou então com os alunos de uma escola pública ou com
os pacientes de um hospital público. Nestas situações, a penalidade decorre do poder discipli-
nar, mas não do poder hierárquico.

A motivação sempre deve estar presente em todas as medidas do Poder Público que im-
pliquem em restrições ou prejuízos aos administrados, tal como ocorre, conforme analisado,
quando da aplicação das penalidades administrativas.

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O poder regulamentar consiste na prerrogativa conferida aos Chefes do Poder Executivo


para a edição de decretos destinados à regulamentação das leis.
Parte da doutrina afirma que o poder regulamentar seria uma espécie do gênero poder
normativo.
Dessa forma, o poder normativo compreenderia todos os decretos de regulamentação,
inclusive os editados por autoridades que não sejam os chefes do executivo. Já o poder regu-
lamentar, por sua vez, seria composto apenas pelos decretos regulamentares editados pelos
Chefes do Executivo.

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Os decretos regulamentares, uma vez que destinados a regulamentação da lei, não sofrem
a incidência do controle de constitucionalidade, uma vez que tal forma de controle leva em
conta o texto de uma norma em comparação com a Constituição. Em sentido contrário, os de-
cretos, quando excederem a finalidade para a qual foram instituídos, estão sujeitos a simples
controle de legalidade.
A principal diferença entre as leis e os decretos regulamentares consiste na possibilidade
daquelas inovarem no ordenamento jurídico, ao passo que os decretos servem para regula-
mentar as disposições legais e não possuem o podem de inovar no ordenamento.
Entretanto, com a publicação da Emenda Constitucional n. 32/2001, passamos a contar,
em nosso ordenamento jurídico, com a figura dos decretos autônomos. Tais instrumentos, ao
contrário do que ocorre com os decretos regulamentares, podem, nas estritas hipóteses pre-
vistas no texto constitucional, inovar no ordenamento jurídico, tal como ocorre com as leis.
Como trata-se o decreto autônomo de uma norma que inova no ordenamento jurídico, nada
mais natural do que a sua sujeição ao controle de constitucionalidade, uma vez que o parâme-
tro adotado no âmbito de tal controle são as normas que inovam o ordenamento jurídico em
consonância com a Constituição Federal.
As diferenças e semelhanças entre os decretos regulamentares e os decretos autônomos
podem ser visualizadas na seguinte tabela:

Decretos regulamentares Decretos autônomos

Não inovam no ordenamento jurídico Inovam no ordenamento jurídico

Estão sujeitos a controle de


Estão sujeitos a controle de legalidade
constitucionalidade

São normas gerais e abstratas São normas gerais e abstratas

Competência dos Chefes do Poder Competência dos Chefes do Poder


Executivo Executivo

Não pode ser objeto de delegação Pode ser objeto de delegação

Pode ser utilizado em todas as


Apenas pode ser utilizado em matérias
hipóteses em que a lei necessitar de
específicas
regulamentação

O conceito de poder de polícia é a restrição de um direito particular em prol de toda a co-


letividade.
Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

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O poder de polícia se diferencia, em muitos aspectos, do poder disciplinar. Se no âmbito


do poder disciplinar faz-se necessário a existência de um vínculo com o Poder Público (que
pode ser interno ou, quando tratar-se de terceiros, específico), o poder de polícia, em sentido
oposto, incide sobre toda a população, ainda que não haja um elo de ligação com a adminis-
tração pública.
Com o poder de polícia, a administração objetiva assegurar a manutenção do bem-estar
coletivo, tratando-se, por isso mesmo, de uma das manifestações que decorre diretamente do
princípio da supremacia do interesse público.

Em sentido amplo, o poder de polícia estaria configurado não só pelas práticas adotadas
pela administração pública, como também pelos atos do Poder Legislativo que condicionas-
sem os direitos do indivíduo.
Em sentido estrito, o poder de polícia estaria configurado apenas no âmbito das atividades
desempenhadas pela administração pública. Tais atividades poderiam ser relacionadas com
a edição de normas gerais (tal como os regulamentos administrativos) ou com medidas de
caráter concreto e específico (com a fiscalização e a expedição de licenças).

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As diferenças entre as atividades de polícia administrativa e as de polícia judiciária são


bastante exigidas em provas de concurso. Desta forma, conseguimos diferenciar ambas as
atividades, basicamente, por meio de quatro características:
a) As atividades de polícia administrativa incidem sobre bens, sobre direitos ou sobre ati-
vidades, ao passo que a polícia judiciária incide sobre pessoas.
b) A polícia administrativa é inerente ao próprio desempenho da função pública, uma vez
que uma das finalidades da administração é garantir o bem-estar da coletividade. Logo, to-
dos os órgãos e entidades pautados pelo regime jurídico de direito público podem, quando
no desempenho regular de suas atividades, fazer uso do poder de polícia. A polícia judiciária,
por outro lado, apenas pode ser utilizada por corporações especializadas e por profissionais
previamente treinados para o seu correto desempenho.
c) A polícia administrativa age predominantemente de forma preventiva, uma vez que o
seu exercício possui como fundamento evitar a violação do interesse coletivo. Salienta-se, no
entanto, que é perfeitamente possível a utilização da polícia administrativa em caráter repres-
sivo, com a ressalva de que tal modalidade de exercício é feita em caráter de exceção. A polícia
judiciária, ao contrário, age predominantemente de forma repressiva, uma vez que é após os
acontecimentos (tal como um crime) que ela é provocada. Nada impede, por exemplo, que a
polícia judiciária atue de forma preventiva, situação que ocorre, por exemplo, com as práticas
de policiamento preventivo.
d) Uma última diferenciação se refere às possíveis áreas de atuação dos dois tipos de po-
lícia. Enquanto a polícia administrativa age em relação aos ilícitos administrativos, a polícia
judiciária tem como objetivo combater as práticas de ilícitos penais.

Polícia administrativa Polícia judiciária

Incide sobre bens, sobre direitos e


Incide apenas sobre pessoas
sobre atividades

É inerente à função administrativa, Apenas pode ser desempenhada


podendo ser desempenhada por por corporações específicas e por
todos os órgãos e entidades regidos profissionais previamente treinados
pelo direito público para tal atividade

Atua predominantemente de forma Atua predominantemente de forma


preventiva, podendo também agir de repressiva, podendo também agir de
forma repressiva forma preventiva

Combate os ilícitos administrativos Combate os ilícitos penais

Quanto à forma de exercício, o poder de polícia pode ser classificado em preventivo e


repressivo.

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É preventivo todo o controle feito como forma de restringir um direito individual em prol da
coletividade. Já o controle repressivo, por sua vez, engloba as sanções aplicadas pela autori-
dade competente quando da ocorrência de infrações por parte dos particulares.
Percebe-se assim que o ponto de distinção entre o exercício do poder de polícia de forma
preventiva ou repressiva é o momento da ocorrência do ilícito administrativo. Atividades destina-
das a evitar tal ocorrência são classificadas como preventivas, ao passo que atividades que pos-
suem o objetivo de sancionar o cometimento das infrações são entendidas como repressivas.

O poder de polícia apresenta, de acordo com a doutrina majoritária, três atributos, sendo
eles a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade. Tais atributos, salienta-
-se, não estarão sempre presentes em todos os atos administrativos decorrentes do poder
de polícia.
A discricionariedade implica em certa margem de liberdade que é conferida ao adminis-
trador público quando no exercício do poder de polícia. Por meio de tal atributo, pode o agente
público, por exemplo, escolher quais atividades irá fiscalizar, bem como o momento adequado
para sua realização.
Trata-se a autoexecutoriedade do atributo que possibilita que a administração pública exe-
cute as medidas necessárias ao alcance dos seus objetivos sem a necessidade de recorrer ao
Poder Judiciário.
Por fim, a coercibilidade é a possibilidade que a administração tem de exigir determinados
comportamentos por parte dos administrados, utilizando-se, caso for necessário, o emprego
da força física.
O poder de polícia pode ser dividido em originário e delegado. Poder de polícia originário é
aquele que é desempenhado pelos órgãos públicos dos próprios entes federativos (União, Es-
tados, Distrito Federal e Municípios). É, em última análise, o exercido pela administração direta.
Poder de polícia delegado, por exclusão, é aquele conferido às entidades de direito público
integrantes da administração indireta, ou seja, as autarquias e as fundações públicas.
No julgamento do RE 633782, o STF pacificou o entendimento de que o poder de polícia
pode ser delegado para entidades de direito privado integrantes da Administração Indireta,
desde que, no caso, uma série de requisito sejam atendidos.

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Importante observar que não são todas as empresas públicas e sociedades de economia
mista que podem fazer uso do poder de polícia por meio de delegação. Para que a medida seja
possível, os seguintes requisitos devem ser cumulativamente atendidos:
a) a empresa estatal (EP ou SEM) deve ser prestadora de serviços públicos, e não explora-
dora de atividade econômica;
b) o capital social das empresas estatais deve ser majoritariamente público;
c) as entidades devem prestar exclusivamente serviço público de atuação própria do Es-
tado e em regime não concorrencial;
d) a delegação deve estar prevista em lei;

O ciclo de polícia compreende quatro fases, sendo elas a ordem de polícia, o consentimen-
to de polícia, a fiscalização e a aplicação de sanções.
A ordem de polícia é composta pelas leis e demais atos normativos que determinam que o
poder de polícia seja exercido.
O consentimento de polícia ocorre nas situações em que o Poder Público consente com a
atividade a ser desenvolvida pelo particular, sendo materializado, normalmente, pela emissão
das licenças e das autorizações.
A fiscalização de polícia, como o próprio nome sugere, são as inúmeras fiscalizações fei-
tas pela administração no exercício de tal poder.
A sanção de polícia, por sua vez, são as sanções aplicadas os particulares quando consta-
tada alguma infração no âmbito da atividade desempenhada pelos particulares.

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Uma vez tendo ocorrido a infração de um ilícito administrativo, possui a administração o


prazo de 5 anos para aplicar a competente sanção de polícia.
Tal prazo passa a ser contado a partir de dois momentos distintos. Como regra, o prazo de
5 anos é contado tendo por início a data da prática do ato pelo particular. Quando, no entanto,
estivermos diante de infrações permanentes ou continuadas, o prazo terá início a partir do mo-
mento em que tais infrações estiverem cessado.

O abuso de poder, dessa forma, é gênero, e se divide em duas espécies: excesso de poder
e desvio de poder.

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Em ambas as situações (abuso de poder ou desvio de poder), o ato viciado pode ser in-
validado pela própria administração pública, fazendo uso da autotutela, ou então pelo Poder
Judiciário, desde que provocado.
No excesso de poder, estamos diante de uma atuação do agente público em que o requi-
sito competência é o que está sendo violado. Tal forma de vício pode ocorrer de duas formas:
a) Quando o agente extrapola as competências que lhe foram definidas como própria.
b) Quando o agente, atuando dentro de sua competência, pratica um ato com o objetivo de
conferir efeitos que não são possíveis por aquele instrumento.
O desvio de poder, também conhecido como desvio de finalidade, liga-se, como o próprio
nome sugere, a não observância, quando da prática do ato administrativo, do requisito finali-
dade. Os atos que configuram desvio de poder podem ser divididos em duas classes distintas:
a) Atos genéricos, em que o agente deixa de atender ao interesse público e passa a defen-
der interesses privados.
b) Atos específicos, em que o agente faz uso de um instituto legal para alcançar outro fim
que não o previsto.
A doutrina, baseada nos ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, estabelece quatro pode-
res-deveres para o administrador público: poder dever de agir, dever de prestar contas, dever
de probidade e dever de eficiência.

O administrador público não deve se eximir de


Poder dever de agir
agir quando sua atuação for necessária.

O administrador público deve prestar contas da


Dever de prestar contas
sua gestão, pois o patrimônio gerido é do povo.

O administrador público deve ser leal e possuir


Dever de probidade
as características da probidade, decoro e boa-fé.

O administrador público buscar um melhor


Dever de eficiência
resultado com o menor gasto possível.

012. (CEBRASPE (CESPE)/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/FUB/2022) No que se refere


aos ministérios e respectivas áreas de competência e aos poderes e deveres do administrador
público, julgue o próximo item.
Em decorrência do poder regulamentar, que está diretamente relacionado ao poder hierárqui-
co, a administração pública poderá aplicar medida punitiva a servidor.

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A aplicação de medida punitiva ao servidor é fruto do poder disciplinar, e não do poder regula-
mentar. Neste caso, por estarmos diante da punição de um servidor público, o poder disciplinar
será decorrente do poder hierárquico.
Errado.

013. (CEBRASPE (CESPE)/ESPECIALISTA EM RECURSOS MINERAIS/ANM/2022) A respei-


to dos atos administrativos, da servidão, da requisição, de licitação e contratos e dos poderes
da administração pública, julgue o item subsequente.
Embora não decorra de lei específica, o poder de polícia é direito precípuo da administração
pública, em razão do interesse público.

O poder de polícia decorre de lei, uma vez que a Administração Pública apenas poderá fazer
aquilo que estiver previsto ou autorizado em lei, em plena sintonia com o princípio da legalidade.
Errado.

014. (CEBRASPE (CESPE)/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/FUB/2022) No que se refere


aos ministérios e respectivas áreas de competência e aos poderes e deveres do administrador
público, julgue o próximo item.
Um servidor que for omisso em relação a desvios de recursos públicos, mesmo que não obte-
nha com isso nenhuma vantagem financeira, fere o dever de probidade administrativa.

O dever da probidade administrativa implica em uma conduta que deve pautar todas as ações
do agente estatal. Em caso de omissão, ainda que o agente não obtenha com isso nenhuma
vantagem financeira, a probidade estará violada.
Certo.

015. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO ESPECIALIZADO EM GESTÃO DE ATIVOS E PAR-


CERIAS/MJSP/2021) Consoante aos poderes da administração pública, julgue o item
subsequente.
O poder regulamentar é o que cabe à administração pública para apurar infrações e aplicar
penalidades a servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa.

É o poder disciplinar, e não o poder regulamentar, que fundamenta a possibilidade de apuração


de infrações e de aplicação de penalidades a servidores públicos e demais pessoas sujeitas à
disciplina administrativa.
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016. (CEBRASPE (CESPE)/AGENTE PENITENCIÁRIO/SERIS-AL/2021) Acerca dos poderes


da administração pública, julgue o item a seguir.
Ilustra o exercício do poder hierárquico o fato de um agente de trânsito aplicar multa a um
motorista.

Ao aplicar multa a um motorista, o agente de trânsito está fazendo uso do poder de polícia, e
não do poder hierárquico.
Errado.

1.4. Dia 4 – Controle da Administração Pública


Basicamente, o nosso Estado democrático é formado por três Poderes, sendo eles o Execu-
tivo, o Legislativo e o Judiciário. E essa divisão foi proposta de forma que cada Poder pudesse
exercer as suas atribuições de maneira autônoma, dando origem a um dos mais importantes
postulados do nosso ordenamento, que é o princípio da separação dos poderes.
A ideia do constituinte foi justamente estabelecer um sistema onde, ainda que cada Poder
tivesse autonomia para tomar todas as decisões que fossem necessárias, esta liberdade não
poderia implicar em condutas que contrariassem a própria finalidade para os quais os Pode-
res foram instituídos.
Em outras palavras, a Constituição estabelece atividades típicas para cada um dos pode-
res, mas deixa claro que é competência dos demais o controle e a fiscalização de tais ativi-
dades. Assim, a atividade típica do Poder Judiciário é a de julgar, a do Poder Legislativo é a de
legislar e fiscalizar e a do Poder Executivo a de administrar.

No entanto, ainda que a regra seja a de que cada poder desempenha as suas atividades
típicas, temos que todos os poderes desempenham, de forma atípica, as atividades originaria-
mente atribuídas aos demais poderes.
Com isso, chegamos à conclusão de que existe atividade administrativa no âmbito dos
três poderes. Com relação ao Poder Executivo, trata-se de atividade típica, ao passo que com
os demais poderes cuida-se de atividade atípica.

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E como toda a atividade administrativa precisa ser controlada, podemos afirmar que a atu-
ação dos três poderes, quando no exercício da atividade administrativa, é o objeto de estudo
do controle da administração pública.
O controle da administração pública pode ser entendido como a soma de todas as atividades,
internas e externas, que possuem como objetivo garantir a preservação do interesse público e
assegurar que as funções administrativas estão sendo desempenhadas de acordo com a lei.
O controle da administração pública é um gênero do qual fazem parte as espécies controle
administrativo, controle legislativo e controle judicial, conforme se observa, de maneira mais
didática, por meio do gráfico a seguir:

O controle da administração pública pode ser classificado de acordo com diferentes as-
pectos. Por meio de tais critérios de classificação, conseguimos encontrar importantes de-
finições para entendermos como o controle efetivamente é exercido, seja por meio dos três
poderes, seja pela população diretamente interessada.
Os critérios utilizados para a classificação do controle da administração pública são relati-
vos ao momento, à origem, ao aspecto e à amplitude.

Quando ao momento Prévio, concomitante e posterior

Quanto à origem Interno, externo e popular

Quanto ao aspecto Legalidade e mérito

Quanto à amplitude Hierárquico e finalístico

Conforme o momento em que é exercido, o controle pode ser prévio, concomitante ou


posterior.

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O controle prévio, também conhecido como controle a priori, é o que é exercido antes da
prática ou da conclusão do ato administrativo.
O controle concomitante ou sucessivo é aquele que é exercido durante a execução do ato
administrativo, acompanhando, por isso mesmo, a sua realização.
Controle posterior, subsequente ou corretivo é aquele que é exercido posteriormente à
prática do ato administrativo.
Quanto à origem, o controle pode ser interno, externo e popular.
O controle interno, como o próprio nome sugere, é aquele realizado no âmbito do mesmo
poder, seja por meio de órgão integrante da relação hierárquica, seja através de órgão especia-
lizado integrante da estrutura do mesmo poder.
O controle externo, por sua vez, é aquele que é exercido por um poder sobre os atos admi-
nistrativos praticados pelos demais poderes. O fundamento para a sua realização, conforme
anteriormente afirmado, é a possibilidade de todos os Poderes da República fazerem uso da
função administrativa.
Por fim, temos o controle popular, classificação doutrinária que leva em conta o princípio
da indisponibilidade do interesse público.
De acordo com o aspecto controlado, temos dois tipos de controle: de mérito e de legalidade.
O controle de legalidade é aquele que tem como objetivo verificar se o ato foi praticado em
conformidade com o ordenamento jurídico vigente. Para exercê-lo, é necessário que se faça
a comparação entre o ato praticado e a norma que regula as relações entre a administração
pública e seus administrados.
Tal forma de controle pode ser exercido pela própria administração pública que praticou
o ato (situação em que estaremos diante do controle interno e da autotutela), ou então pelos
Poderes Judiciário e Legislativo, situações em que restará caracterizado o controle externo.
O controle de legalidade, desta forma, pode ser exercido de forma interna ou externa. No âm-
bito da autotutela, a administração deve anular seus próprios atos quando verificar que estes
apresentam vícios relativos à legalidade ou à legitimidade.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 473 – STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressal-
vada, em todos os casos, a apreciação judicial.

O controle de mérito é aquele em que a administração pública (e apenas esta) verifica se


os atos administrativos foram editados com conveniência e oportunidade. Frisa-se, no entan-
to, que existe administração pública no âmbito dos três Poderes, de forma que todos eles,

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quando do exercício da atividade administrativa, possuem a prerrogativa de revogar os seus


próprios atos.

Quanto à amplitude, o controle pode ser classificado em hierárquico e finalístico.


O controle hierárquico é aquele existente no âmbito das relações hierárquicas, decorrendo,
por isso mesmo, da subordinação.
O controle finalístico, por sua vez, é aquele exercido pela administração direta sobre as
entidades da administração indireta.

 Obs.: Não podemos confundir a tutela com o princípio da autotutela. Enquanto a autotutela
confere à administração as prerrogativas de anular ou revogar os seus próprios atos,
a tutela confere à administração direta a possibilidade de fiscalizar e controlar se as
entidades integrantes da administração indireta estão desempenhando regularmente
as atividades para as quais foram criadas.

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O controle administrativo pode ser conceituado como o conjunto de todas as atividades


realizadas pelo Poder Executivo (e pelos demais Poderes, quando no exercício da função admi-
nistrativa), destinadas a verificar a legalidade ou o mérito de seus próprios atos.
Os recursos hierárquicos administrativos se dividem em próprios e impróprios.
O recurso hierárquico próprio, ou simplesmente recurso hierárquico, é aquele que é dirigi-
do à autoridade ou ao órgão imediatamente superior dentro da mesma pessoa jurídica em que
o ato foi praticado. Como o próprio nome sugere, para estarmos diante desse tipo de recurso
faz-se necessário a existência de uma relação hierárquica, pautada na subordinação e sem a
necessidade de previsão legal para a sua admissibilidade.
Já o recurso hierárquico impróprio é aquele que, a contrário sensu, não é dirigido a uma
autoridade imediatamente superior. Os destinatários do recurso impróprio são pessoas com
as quais não há relação hierárquica.
Ao contrário do que ocorre com o recurso próprio, o recurso impróprio, por não se tratar de
uma relação de hierarquia e subordinação, depende obrigatoriamente de lei para a sua utiliza-
ção. Nota-se, assim, que o motivo da utilização do termo “impróprio” está relacionado com a
ausência de hierarquia quando do seu exercício.
O controle legislativo é aquele exercido por alguma das casas legislativas sobre os atos
do Poder Executivo do respectivo ente federativo. Ao contrário do controle administrativo, que
é interno, o controle legislativo caracteriza-se justamente por ser um controle externo.
Quando exercido perante a sua própria atividade administrativa, temos que o Poder Legis-
lativo estará praticando, atipicamente, a função administrativa, e, por isso mesmo, estaremos
diante de controle administrativo. Quando praticado no âmbito da função típica do Poder Le-
gislativo, estaremos diante de controle externo, que é aquele exercido por um Poder da Repú-
blica sobre os demais.
O controle legislativo é também conhecido como controle parlamentar, podendo ser exer-
cido de forma direta ou indireta.

O controle político, também chamado de controle parlamentar direto, é aquele exercido, no


âmbito de cada ente federativo, pelas respectivas casas legislativas. Trata-se de um controle
que apenas pode ser exercido nas hipóteses previstas na Constituição Federal.
Uma atenção especial deve ser dada às comissões parlamentares de inquérito (CPI), uma
vez que tais comissões, ainda que constituídas em caráter temporário e com a finalidade de
apurar um fato certo, possuem, de acordo com a Constituição Federal, poderes de investigação
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próprios das autoridades judiciais. Neste sentido, uma série de prerrogativas são conferidas às
CPIs para que estas possam melhor desempenhar suas atividades.

As CPIs podem As CPIs não podem

Determinar a quebra do sigilo fiscal, Determinar a interceptação telefônica


bancário e de dados (informações (informações inéditas, ainda não
pretéritas, já produzidas) produzidas)

Determinar a quebra do sigilo Determinar busca e apreensão


bancário domiciliar

Determinar a quebra de dados


telefônicos (informações pretéritas, já Determinar a ordem de prisão
produzidas)

Determinar a indisponibilidade dos


Realizar a prisão em flagrante
bens (bloqueio)

Realizar todas as diligências que


Determinar a prisão preventiva
entender necessárias

Quando federais, investigar fatos


Convocar autoridades e testemunhas
decorrentes de outros entes
para prestar depoimentos
federativos

O controle financeiro, ou controle parlamentar indireto, é aquele que é exercido pelo Con-
gresso Nacional com o auxílio dos Tribunais de Contas. Cuidam-se tais órgãos de cortes es-
pecializadas e que possuem uma relação de vinculação com o Poder Legislativo, não havendo
que se falar em hierarquia.
Assim, os Tribunais de Contas, ainda que auxiliem o Congresso Nacional no exercício do
controle legislativo, são autônomos para tomar as decisões que entenderem necessárias ao
cumprimento de sua finalidade institucional.
É a Constituição Federal que estabelece as competências atribuídas ao Tribunal de Con-
tas da União. Tais competências, assim como ocorre com as demais atividades de controle,
devem ser aplicadas, por simetria, aos demais entes federativos. Assim, as Constituições Es-
taduais, bem como as respectivas Leis Orgânicas, não podem criar outras formas de controle
que são sejam simetricamente iguais às previstas na Constituição Federal.
Dessa forma, compete ao Tribunal de Contas da União, e, consequentemente, aos respec-
tivos Tribunais e Cortes de Contas Estaduais ou Municipais, as seguintes competências, que
devem ser adaptadas no âmbito dos demais entes federativos:
a) apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante pare-
cer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

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b) julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e va-
lores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades insti-
tuídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
c) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como
a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posterio-
res que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
d) realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Co-
missão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orça-
mentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, e demais entidades administrativas;
e) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a
União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
f) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
g) prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Ca-
sas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, or-
çamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
h) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de con-
tas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcio-
nal ao dano causado ao erário;
i) assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
j) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câma-
ra dos Deputados e ao Senado Federal;
k) representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
Os Tribunais de Contas possuem competência tanto para julgar quanto para apreciar as
contas. Quando as contas que estiverem sendo analisadas forem relativas às autoridades e
administradores públicos, pode o TCU proceder à respectiva apreciação e julgamento. Em
sentido oposto, quando as contas objeto de análise forem as do Presidente da República, a
possibilidade do TCU se restringe à apreciação, sendo competente para o seu julgamento o
Congresso Nacional.
Situação semelhante ocorre com a possibilidade dos Tribunais de Contas determinarem
a sustação de um ato ou contrato administrativo. Com relação aos atos administrativos, que
são manifestações de vontade unilateral do Poder Público, a competência para determinar a
sustação é exercida, de forma direta, pelo respectivo tribunal. Nos contratos administrativos,

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por sua vez, que são caracterizados pela manifestação de vontade bilateral, a competência
para a sustação apenas pode ser exercida por meio do Congresso Nacional ou da respectiva
Casa Legislativa.

Tribunal de Contas Casas Legislativas

Julga as contas dos administradores Julga as contas dos Chefes do Poder


públicos Executivo

Pode sustar os contratos


Pode sustar os atos administrativos
administrativos

O controle judicial pode ser entendido como o controle de legalidade através do qual o Po-
der Judiciário, mediante provocação, avalia tanto os atos praticados pelos Poderes Executivo
e Legislativo quanto os seus próprios atos.
Em nosso ordenamento jurídico, vigora o princípio da unicidade de jurisdição, sendo que
o Poder Judiciário é quem detém o monopólio da função jurisdicional com capacidade de
trânsito em julgado. Isso significa que todas as causas, ainda que sejam objeto de uma série
de recursos no âmbito administrativo, podem, se houver interesse de alguma das partes, ser
levadas à análise do Poder Judiciário.

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No âmbito do controle judicial, cabe ao Poder Judiciário a apreciação da legalidade dos


atos administrativos praticados por todos os Poderes.
Quando a prática do ato ocorrer no âmbito do próprio Poder Judiciário, estaremos diante
do exercício da função atípica de administrar, constituindo o ato de controle, que é mate-
rializado por meio da anulação, em medida de caráter interno. Quando, entretanto, o ato for
praticado no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo, estaremos diante de uma forma de
controle externo, uma vez que incidente por meio de um Poder sobre os demais.

017. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) Com relação


ao controle administrativo, julgue o item que se segue.
O poder de autotutela pode ser exercido ex officio, de maneira irrestrita e ilimitada, quando
constatada ilegalidade de atos da administração pública.

O poder de autotutela realmente pode ser exercido de ofício, ou seja, mediante iniciativa da
Administração Pública. Contudo, o controle em questão não será utilizado de forma irrestrita e
ilimitada, haja vista que o Poder Público deve observar, sempre, as garantias do contraditório
e da ampla defesa.
Errado.

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018. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/IBAMA/2022) Acerca de uma hipotética


entidade da administração pública indireta responsável por fiscalização ambiental, julgue o
item seguinte.
Essa entidade se sujeita à fiscalização e ao controle pelo Poder Legislativo.

Por fazer parte da Administração Indireta, a entidade mencionada está sujeita ao controle rea-
lizado pelo Poder Legislativo.

Art. 70, A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, apli-
cação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Certo.

019. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) A respeito do


controle parlamentar, julgue o próximo item.
A apreciação a priori dos atos do Poder Executivo pelo Congresso Nacional e pelo Senado Fe-
deral constitui uma hipótese de controle parlamentar.

Tanto o Congresso Nacional quanto o Senado Federal podem efetuar o controle das ativida-
des praticadas pelo Poder Executivo. Este controle, por sua vez, pode se dar de forma prévia,
concomitante ou posterior. Em todas as mencionadas situações, estaremos diante do controle
parlamentar.
Certo.

020. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) Pedro reque-


reu informações acerca de uma contratação direta promovida, com amparo em cláusula de
inexigibilidade de licitação, por uma empresa pública estadual, a qual, entretanto, negou-lhe
acesso a tais informações, sob o fundamento de que não estaria subordinada ao regime da Lei
n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) e de que as informações solicitadas se referiam
a dados pessoais de terceiros, cujo acesso era restrito, salvo se houvesse o consentimento
expresso de tais terceiros. Inconformado, Pedro protocolou pedido de reconsideração perante
a autoridade que lhe havia negado o acesso à informação, alegando que o referido consenti-
mento não deve ser exigido quando as informações forem necessárias à proteção do interesse
público preponderante.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item seguinte.
O pedido de reconsideração apresentado por Pedro caracteriza controle judicial.

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A reconsideração apresentada por Pedro foi destinada à autoridade que inicialmente negou
o acesso à informação. Por estarmos na esfera administrativa, não há que se falar, no caso
apresentado, em controle judicial (que é aquele realizado pelos órgãos do Poder Judiciário).
Errado.

021. (CEBRASPE (CESPE)/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-CE/2021) Julgue o item a seguir, acer-


ca de direito administrativo.
Em matéria de controle administrativo, os termos tutela e autotutela não se confundem. O pri-
meiro refere-se ao controle que a administração direta exerce sobre a administração indireta.
Já a autotutela corresponde ao poder que a administração tem de rever seus próprios atos
para revogá-los ou anulá-los.

A tutela refere-se ao controle exercido pela Administração Direta sobre as entidades da Ad-
ministração Indireta. A autotutela, por sua vez, constitui a possibilidade de a Administração
Pública anular (em caso de ilegalidade) ou revogar (em caso de inconveniência) os atos admi-
nistrativos anteriormente praticados.
Certo.

1.5. Dia 5 – Agentes Públicos e Estatuto dos Servidores


Os agentes públicos podem ser conceituados como todas as pessoas que possuem uma
vinculação profissional com o Estado, mesmo que em caráter temporário e ainda que sem o
recebimento de remuneração. É por meio dos agentes que o Estado exerce suas funções e
pratica os atos administrativos que lhe são competentes. Assim, em caso de dano causado
ao particular em decorrência da atuação estatal, será o Estado quem será responsabilizado, e
não o respectivo agente.
Duas são as principais classificações acerca dos agentes públicos, conforme pode ser
verificado na tabela abaixo:

Classificação de Hely Lopes Classificação de Maria Sylvia


Meirelles Zanella Di Pietro

Agentes políticos Agentes políticos

Agentes administrativos Servidores públicos

Agentes honoríficos Militares

Agentes credenciados Particulares em colaboração

Agentes delegados
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Os agentes políticos são aqueles que ocupam os mais altos postos no âmbito dos Poderes
da República, estando ligados às decisões fundamentais do Estado e possuindo grande parte
de suas competências estabelecidas diretamente pela Constituição. Outra peculiaridade desta
classe é o alto nível de autonomia que possuem para tomar as suas decisões.
Os agentes administrativos são todas as pessoas investidas no âmbito de um órgão ou
entidade da administração pública, com competências executórias e tendo seus direitos e de-
veres sendo regulados por meio de uma lei, e não diretamente da Constituição.
Os agentes administrativos podem vir a ocupar cargos, empregos ou funções públicas no
âmbito da estrutura da administração pública.
Os cargos públicos podem ser conceituados como o conjunto de atribuições, responsabi-
lidades, direitos e obrigações que são atribuídas aos servidores públicos para o desempenho
das suas atividades funcionais.
Os cargos públicos podem ser divididos em cargos isolados, em cargos de carreira e em
cargos em comissão.
Os cargos isolados são aqueles que são formados apenas por uma classe, sendo que o
seu ocupante, com o passar do tempo, não possui o direito de progredir na carreira.
Os cargos em carreira, em sentido oposto, são aqueles que são organizados em classes,
de forma que os servidores ocupantes, após um intervalo de tempo e desde que atendidas as
demais condições previstas em lei, progridem na carreira.
Os cargos em comissão são aqueles destinados às funções de direção, chefia e assesso-
ramento. Em virtude desta condição, são considerados de livre nomeação e exoneração por
parte da autoridade competente, o que implica em dizer que a sua nomeação independe da
realização de concurso público, requisito imprescindível para a admissão dos servidores esta-
tutários e dos empregados públicos.
De acordo com a Constituição Federal, os cargos em comissão podem ser providos tanto
por servidores já ocupantes da carreira funcional (e que foram aprovados em concurso pú-
blico) quanto por terceiros que ainda não possuam vínculo funcional com o respectivo Po-
der Público.

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Já os empregos públicos são exercidos por pessoas que se sujeitam às regras da CLT, tal
como ocorre com os funcionários da iniciativa privada, mas com a peculiaridade de estarem
exercendo suas atribuições no âmbito da administração Pública.

Servidores públicos Empregados públicos

Regidos por um estatuto funcional Regidos pela CLT

Pertencem à administração pública Pertencem à administração pública

Normas de direito público Normas de direito privado

Garantias como a estabilidade Direitos como o FGTS

Por fim, temos a função pública, que é encontrada pelo critério residual em nosso orde-
namento. Assim, os agentes que não ocuparem um cargo ou um emprego público, mas que
desempenharem atividades em regime de vínculo com o Poder Público, serão classificados
como ocupantes de uma função pública.
Os agentes honoríficos podem ser compreendidos como pessoas que são designadas ou
requisitadas para a prestação de um determinado serviço público em razão de características
que lhes são próprias, tal como a honra e a capacidade profissional.
Agentes credenciados são os que recebem a incumbência da Administração para repre-
sentá-la em determinado ato ou para praticar certa atividade específica mediante remuneração
do Poder Público credenciante.
A principal característica dos agentes delegados é o fato de assumirem o risco da ativida-
de em que atuam. Assim, nestas áreas, o Estado opta por não realizar diretamente o serviço,
ficando apenas com a fiscalização.
Os particulares em colaboração são pessoas que prestam serviços ao Poder Público sem
vínculo com o Estado.
O regime jurídico pode ser conceituado como o conjunto de regras que disciplinam os di-
reitos e as obrigações de uma determinada categoria de agentes públicos. Ainda que a imen-
sa maioria dos entes federativos utilize o regime jurídico estatutário como forma de regular
a vida funcional de seus agentes, deve-se salientar que não há a obrigação, por parte de um
determinado ente, da utilização de um regime jurídico específico.
O regime estatutário caracteriza-se, basicamente, por ser estabelecido por meio de lei de
cada ente federativo. Assim, tanto a União como os diversos Estados e Municípios publicam
uma lei que regula toda a atividade funcional de seus servidores, incluindo aí os direitos e as
obrigações e os critérios gerais de diversos outros institutos.
Já o regime celetista é o utilizado pela iniciativa privada e, no âmbito da administração
pública, pelas empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista). Tal

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regime possui como base normativa a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e assegura
aos seus funcionários uma relação de emprego, que pode ser na iniciativa privada ou, como
mencionado, em uma empresa estatal.

Regime Jurídico Estatutário Regime Jurídico Celetista

Regidos por um estatuto Regidos pela CLT

Normas de Direito Público Normas de Direito Privado

Servidores públicos Empregados públicos

Garantias da estabilidade Direitos como o FGTS

Em sentido restrito, a expressão “servidores públicos” compreende os agentes públicos


que estão sendo regidos por um estatuto funcional.
Servidores públicos em sentido amplo são as pessoas físicas que prestam serviços ao
Estado e às entidades da administração indireta, com vínculo empregatício e mediante remu-
neração paga pelos cofres públicos. Temos, dessa forma, que o conceito de servidor público
em sentido amplo abrange três categorias distintas: a) estatutários ou servidor público em
sentido estrito; b) empregados públicos; c) temporários.
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

Quando à investidura, temos a previsão constitucional da realização de concurso público


como critério de seleção. Dessa forma, o concurso público pode ser entendido como o proce-
dimento administrativo instaurado pelo Poder Público com o objetivo de selecionar os candi-
datos mais aptos para o exercício de cargos e empregos públicos.

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O STF possui entendimento sumulado de que o limite de idade como condição para a parti-
cipação em concurso público apenas é válido quando decorrer das necessidades das atribui-
ções do cargo que será exercido.
O exame psicotécnico pode ser estabelecido para concurso público desde que por lei, ten-
do por base critérios objetivos de reconhecido caráter científico, devendo existir, inclusive, a
possibilidade de reexame.
Viola o princípio constitucional da isonomia norma que estabelece como título o mero
exercício de função pública.
Com a aprovação dos candidatos e a homologação do respectivo concurso, os aprovados
dentro do número inicial de vagas previstas no edital possuem, segundo entendimento do STF,
direito subjetivo à nomeação.
A comprovação do atendimento dos requisitos exigidos no edital deve ser feita no momen-
to da posse, e não na inscrição ou na data de realização das provas.
Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional n.19, ocorrida em 1998, o sistema remu-
neratório da administração pública passou a contar com três formas distintas de categorias
jurídicas, sendo elas o subsídio, os vencimentos e o salário.
O subsídio caracteriza-se por ser a forma de pagamento realizado em parcela única, sendo
vedado o acréscimo de qualquer tipo de gratificação, adicional ou verba de representação.
O vencimento, também chamado de remuneração em sentido estrito, é a parcela recebida
pelos servidores públicos estatutários. Compreende o vencimento básico, que corresponde ao
padrão que cada servidor ocupa na carreira, acrescido das vantagens pecuniárias previstas em
lei, tais como as gratificações, os adicionais, os abonos e as ajudas de custo.
Por salário devemos entender o valor que é pago aos empregados públicos, uma vez que
estes, ainda que integrantes das entidades da administração indireta, encontram-se submeti-
dos ao mesmo regime jurídico dos trabalhadores da iniciativa privada, fazendo jus a todas as
regras e direitos a eles garantidos.
A remuneração em sentido amplo compreende todas as espécies remuneratórias que se-
jam passíveis de pagamento aos agentes públicos, dela fazendo parte, por exemplo, os venci-

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mentos, os salários e os subsídios. Em sentido estrito, a remuneração compreende os venci-


mentos e as gratificações, adicionais e demais verbas passíveis de pagamento aos servidores.
Como regra, é vedada a acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públi-
cas, vedação esta que se estende, de acordo com a previsão constitucional, às subsidiárias e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público. Em caráter de exceção, a
Constituição Federal apresenta as situações em que a acumulação será lícita. Para tal, deverá
ser observada, em todos os casos, a compatibilidade de horários.

Ao entrar em exercício, os servidores públicos efetivos passam a ser regidos por um regi-
me próprio de previdência social (RPPS), que, em diversos aspectos, se diferencia do regime
geral de previdência social (RGPS), aplicável aos trabalhadores da iniciativa privada.
Três são as formas distintas com que o servidor público estatutário poderá se aposentar:
a) por incapacidade permanente para o trabalho; b) compulsoriamente; c) voluntariamente;
Uma vez diagnosticada a incapacidade permanente, deverá o servidor, em um primeiro
momento, ser readaptado. Caso a readaptação não seja possível, teremos a aposentadoria
na presente modalidade. Neste caso, e de forma completamente diferente ao que ocorria até
então, na aposentadoria por invalidez, deverá o servidor, obrigatoriamente, participar de avalia-
ções periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão
da aposentadoria.
A aposentadoria compulsória ocorre quando o servidor público atinge a idade limite para
permanecer em exercício no serviço público. Atualmente, a idade limite é aos 75 anos.
Com relação à aposentadoria voluntária, as regras gerais de concessão, bem como as res-
pectivas exceções, podem ser mais bem visualizadas da seguinte forma:

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Categoria Requisitos

Idade mínima de 65 anos, se homem, e de 62


anos, se mulher;
Tempo mínimo de 25 anos de contribuição;
Regra Geral (Servidores Tempo mínimo de 10 anos de efetivo
Públicos Federais) exercício no serviço público;
Tempo mínimo de 5 anos de efetivo
exercício no cargo em que for concedida a
aposentadoria;

Idade mínima de 60 anos, se home, e de 57


anos, se mulher;
Tempo mínimo de 25 anos de contribuição;
Professores Tempo mínimo de 10 anos de efetivo
exercício no serviço público;
Tempo mínimo de 5 anos no cargo efetivo
em que for concedida a aposentadoria;

Idade mínima de 55 anos;


Servidores da segurança Tempo mínimo de 30 anos de contribuição;
pública Tempo mínimo de 25 anos de efetivo
exercício em cargo dessas carreiras;

Idade mínima de 60 anos;


Tempo mínimo de 25 anos de efetiva
exposição e contribuição;
Servidores que desempenham
Tempo mínimo de 10 anos de efetivo
atividades especiais
exercício de serviço público;
Tempo mínimo de 5 anos no cargo efetivo
em que for concedida a aposentadoria;

Tempo mínimo de 10 anos de efetivo


exercício no serviço público;
Servidores portadores de
Tempo mínimo de 5 anos no cargo efetivo
deficiência
em que for concedida a aposentadoria.
Demais regras serão estabelecidas em lei.

Caso o servidor público da administração direta, autárquica e fundacional seja eleito para o
desempenho de mandato eletivo, devem ser aplicadas uma série de regras, sendo elas:
a) tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu car-
go, emprego ou função;
b) investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-
-lhe facultado optar pela sua remuneração. Esta regra também é aplicável, na visão do STF, ao
servidor investido no cargo de Vice Prefeito.

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c) investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as


vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,
não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
d) em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
e) na hipótese do servidor ser segurado de regime próprio de previdência social, permane-
cerá filiado a esse regime no ente federativo de origem.

A Lei 8.112/1990 institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das au-
tarquias federais (inclusive as em regime especial) e das fundações públicas federais.
Trata-se a Lei 8.112/1990, por isso mesmo, de uma lei federal, e não nacional, uma vez que
destinada, apenas, aos servidores públicos federais.
No entanto, as disposições da norma federal não se aplicam a todos os agentes públicos,
mas sim apenas aos servidores públicos civis federais, o que implica em dizer que os emprega-
dos públicos federais, regidos pela CLT, não estão compreendidos dentro do campo de atuação
do estatuto federal.

A Lei 8.112/1990 é aplicada A Lei 8.112/1990 não é aplicada

Aos servidores estatutários da Aos empregados públicos federais, que


administração direta federal são regidos pelas disposições da CLT

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A Lei 8.112/1990 é aplicada A Lei 8.112/1990 não é aplicada

Aos servidores das autarquias


Aos servidores públicos dos Estados,
(inclusive as em regime especial)
do Distrito Federal e dos Municípios
federais

Aos servidores das fundações públicas


Aos militares
federais

A Lei 8.112 estabelece diversas formas de provimento de cargo público, sendo elas a no-
meação, a promoção, a readaptação, a reversão, o aproveitamento, a reintegração e a recon-
dução. Destas, apenas a nomeação é considerada forma originária de provimento, sendo que
todas as demais são classificadas como forma de provimento derivadas.
Trata-se a nomeação do modo clássico de prover o servidor no cargo público, podendo
ocorrer tanto para os cargos efetivos quanto para os cargos em comissão.
A promoção ocorre quando o servidor é elevado para outra classe no âmbito da mesma
carreira, ocorrendo, com o provimento, a vacância no cargo de classe mais baixa e o provi-
mento no cargo de classe mais alta.
A readaptação ocorre quando o servidor sofre uma limitação em sua capacidade física
ou mental, mas ainda pode trabalhar, não sendo o caso de aposentadoria. Caso o servidor
seja considerado incapaz para o serviço público, ocorrerá a aposentadoria do respectivo agen-
te público.
Reversão é o retorno à atividade do servidor anteriormente aposentado. A reversão poderá
ocorrer de duas formas: a) Por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes
os motivos da aposentadoria; b) No interesse da administração, desde que, neste caso, o ser-
vidor obedeça a uma série de regras.
O aproveitamento pode ser entendido como o chamado, feito pela administração pública,
para que o servidor público em disponibilidade volte a exercer suas atividades.
Recondução é a forma de provimento em que ocorre o retorno do servidor ao cargo ante-
riormente ocupado. Duas são as hipóteses de recondução previstas para os servidores públi-
cos federais: a) inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; b) reintegração do
anterior ocupante.
A reintegração consiste no retorno do servidor anteriormente demitido ao cargo anterior-
mente ocupado ou no cargo resultante de sua transformação, com ressarcimento de todas
as vantagens. Para isso, a demissão deverá ter sido invalidada por decisão administrativa
ou judicial.
Ocorrendo a nomeação, que deve ser publicada no Diário Oficial da União, o nomeado tem
o prazo de 30 dias para tomar posse. Caso não tome posse no prazo legal, o ato de nomeação

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será declarado sem efeito, uma vez que a pessoa nomeada ainda não é considerada servidor
público, fato que apenas ocorre com a posse.
Ocorrendo a posse, temos a investidura de mais um servidor para os quadros funcionais
da administração pública federal. E como forma do servidor conhecer o local da repartição
para onde foi nomeado e se organizar-se melhor com relação a mudanças, hospedagem e
demais procedimentos, a Lei 8.112/1990 faculta ao servidor o prazo de 15 dias, contados da
posse, para a entrada em exercício.
Caso o servidor anteriormente empossado não entre em exercício no prazo legal, teremos,
ao contrário do que ocorre com a nomeação, a exoneração do servidor, uma vez que, confor-
me anteriormente mencionado, a posse é o momento em que o particular passa a constar
nos assentamentos funcionais da administração, sendo considerado, a partir de então, servi-
dor público.

A partir da data em que entra em exercício, inicia-se, para o servidor ocupante de cargo
efetivo, o estágio probatório, período de avaliação onde diversos fatores são levados em conta
para a verificação da aptidão e da capacidade do agente público. O prazo do estágio probató-
rio é de 36 meses (3 anos).
Tendo o servidor sido aprovado no estágio probatório, passa a adquirir a estabilidade, que,
ressalta-se, vale para todo o serviço público, e não apenas para o cargo público que o servidor
eventualmente ocupa.
Caso não seja aprovado, os efeitos, para o servidor, poderão ser dois:
a) Caso o servidor já seja estável, terá ele direito de ser reconduzido ao cargo anterior-
mente ocupado. Nesta hipótese, caso o cargo anteriormente ocupado já esteja preenchido por
outra pessoa, o servidor inabilitado será aproveitado em outro, a critério da administração.
b) Caso o servidor não seja estável, a inabilitação no estágio probatório acarreta a exone-
ração do cargo público, oportunidade em que o vínculo com o Poder Público é rompido.
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Após três anos de serviço público, o servidor adquire a estabilidade. Sendo estável, apenas
poderá perder o cargo em quatro situações: a) em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; b) mediante processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
defesa; c) o procedimento de avaliação periódica; d) redução de despesas quando os entes
federativos não observarem o limite máximo de gastos com pessoal.

A remoção pode ser entendida como o “deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício,


no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede”.
A redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, esteja ou não ele ocupa-
do, e desde que tal deslocamento ocorra para outro órgão ou entidade, mas sempre no âmbito
do mesmo Poder.

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Remoção Redistribuição

Não se trata de uma forma de Não trata-se de uma forma de


provimento provimento

Não altera o contingente funcional Não altera o contingente funcional

Trata-se do deslocamento de servidor Trata-se do deslocamento de cargo

Destina-se a assegurar a preservação


Trata-se de uma forma de organização
de valores como a saúde do servidor e
da administração pública
o núcleo familiar

Quando ocorrer a mudança de Quando ocorrer a mudança de


Município, deve ser conferido um prazo Município, deve ser conferido um prazo
de 10 a 30 dias para a entrada em de 10 a 30 dias para a entrada em
exercício exercício

As indenizações não se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer efeito. Qua-


tro são as indenizações expressamente previstas no estatuto federal, sendo elas a ajuda de
custo, as diárias, o transporte e o auxílio moradia.
Trata-se a ajuda de custo de verba de caráter compensatório, cujo objetivo é ressarcir as
despesas de instalação do servidor que, por interesse da administração, passou a ter exercício
em nova sede.
As diárias são utilizadas com a finalidade de compensar os gastos do servidor que se au-
sentar da sua sede em caráter transitório ou eventual.
A concessão de transporte tem como objetivo ressarcir as despesas que o servidor teve,
no desempenho de suas atividades, com a utilização de meio próprio de locomoção.
O auxílio moradia possui como objetivo ressarcir as despesas que os servidores tiveram
com o aluguel de moradia ou outro meio de hospedagem, devidamente comprovadas, e desde
que sejam atendidos diversos requisitos estabelecidos em lei.
Nos termos da Lei 8.112/1990, o servidor público federal poderá se ausentar do serviço,
sem desconto na sua remuneração, nos seguintes casos: 1 dia, para doação de sangue; pelo
período comprovadamente necessário para alistamento ou recadastramento eleitoral, limita-
do, em qualquer caso, a dois dias; por 8 dias consecutivos em razão de: a) casamento; b) fa-
lecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob
guarda ou tutela e irmãos.

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Durante toda a vida funcional, o servidor fará jus a uma série de direitos e estará obrigado
a um rol não menos importante de obrigações. Como estamos no meio de órgãos ou entida-
des que possuem alto grau de hierarquia em suas estruturas, é de extrema importância que
o servidor tenha meios de pleitear os direitos que lhe são próprios nas situações em que se
sentir coagido ou em que houver descaso por parte dos seus superiores. Tais situações são
atendidas por meio do direito de petição.
O direito de requerer prescreve:
a) em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponi-
bilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
b) em 120 dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Enquadram-se no conceito de responsabilidade
civil todas as ações ou omissões do servidor público que, agindo em nome da administração,
cause algum dano ao particular ou ao próprio Poder Público. A responsabilidade penal abran-
ge os crimes e contravenções imputadas ao servidor. A responsabilidade administrativa, por
sua vez, resulta de ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor no desempenho do cargo
ou função.
São as seguintes as penalidades passíveis de aplicação aos servidores públicos federais:
I – advertência; II – suspensão; III – demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibili-
dade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada.
Antes da aplicação de toda e qualquer penalidade deve ser garantido o contraditório e a
ampla defesa, sob pena de ser invalidado todo o processo de aplicação.

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 Obs.: A ação disciplinar prescreverá:


 a) em 5 anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria
ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
 b) em 2 anos, quanto à suspensão;
 c) em 180 dias, quanto à advertência.

A depender da penalidade a ser aplicada, diferentes são as autoridades com competência


para a sua aplicação:

Presidente da República, pelos Presidentes


Demissão ou cassação da
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
aposentadoria ou disponibilidade
Federais e pelo Procurador-Geral da República

Autoridades administrativas de hierarquia


imediatamente inferior àquelas competentes
Suspensão superior a 30 dias
para aplicação de demissão ou cassação de
aposentadoria

Chefe da repartição e outras autoridades


Advertência e suspensão até 30 dias na forma dos respectivos regimentos ou
regulamentos

Destituição de cargo em comissão Autoridade que houver feito a nomeação

022. (CEBRASPE (CESPE)/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/FUB/2022) De acordo com a


Lei n.º 8.112/1990, que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União,
das Autarquias e das Fundações Públicas Federais, julgue o item a seguir.
A reversão é uma forma de provimento de cargo público, sendo uma das suas hipóteses o re-
torno à atividade de servidor aposentado por invalidez quando a junta médica oficial declarar
insubsistentes os motivos da aposentadoria.

Assim como informado, a reversão é uma forma de provimento de cargo público, implicando no
retorno à atividade do servidor aposentado. Nos termos legais, uma das hipóteses de reversão
é quando a junta médica declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria por invalidez.

Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:


I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria;
II – no interesse da administração, desde que (...)
Certo.
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023. (CEBRASPE (CESPE)/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/FUB/2022) De acordo com a


Lei n.º 8.112/1990, que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União,
das Autarquias e das Fundações Públicas Federais, julgue o item a seguir.
A exoneração causa a vacância do cargo público e ocorre exclusivamente a pedido do servidor.

A exoneração causa a vacância do cargo público, mas pode ocorrer tanto a pedido do servidor
quanto de ofício. De acordo com a Lei 8.112/1990, a exoneração de ofício ocorrerá em duas
situações: a) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; b) quando, tendo to-
mado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.

Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício.


Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
I – quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
II – quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
Errado.

024. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/IBAMA/2022) Determinado servidor pú-


blico faltou ao serviço sem causa justificada, por período igual a sessenta dias, intercalada-
mente, durante doze meses.
Com relação a essa situação hipotética, julgue o item seguinte, com base na Lei n.º 8.112/1990.
Tal situação configura abandono de cargo público.

Neste caso, estará configurada a inassiduidade habitual, e não o abandono de cargo.

Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por ses-
senta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.
Errado.

025. (CEBRASPE (CESPE)/ANALISTA DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR/FUNPRESP-


-EXE/2022) O item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva
a ser julgada a respeito de aspectos legais a elas relacionados.
Um servidor público efetivo que cometeu falta grave no órgão em que trabalhava e se aposen-
tou antes da decisão administrativa final sobre seu processo poderá ter cassada a aposenta-
doria em caso de condenação com pena de demissão.

Nos termos do artigo 134, temos a previsão de que “Será cassada a aposentadoria ou a dispo-
nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão”.
Certo.
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026. (CEBRASPE (CESPE)/AGENTE DE POLÍCIA/PC-DF/2021) Com base na Lei n.º


8.112/1990, julgue o item a seguir.
A nomeação poderá se dar tanto em caráter efetivo quanto em comissão, dependendo, ambos
os casos, de prévia habilitação em concurso público de provas ou provas e títulos.

Apenas a nomeação realizada em caráter efetivo é que depende da aprovação prévia em con-
curso público de provas ou de provas e de títulos. Nos cargos em comissão, em sentido opos-
to, não há necessidade de aprovação em concurso público.

Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de
prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
Errado.

1.6. Dia 6 – Atos Administrativos e Processo Administrativo Federal


Diversos são os conceitos de atos administrativos, sendo que as bancas costumam utilizar
o utilizado por Hely Lopes Meirelles, através do qual os atos são entendidos como

Toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade,
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria.

Os fatos administrativos, por sua vez, são realizações materiais e concretas da adminis-
tração, podendo ser alcançados tanto por meio da edição de atos administrativos quanto pela
realização de eventos alheios à vontade do Poder Público. Nota-se, desta forma, que temos
duas formas distintas de chegarmos ao fato administrativo: por meio da edição de um ato
administrativo ou por meio de um evento externo, alheio à vontade do Poder Público.

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Ainda que a administração pública seja quem mais pratique atos administrativos, devemos
ter em mente que todos os demais poderes também o fazem, ainda que de maneira atípica.
Assim, os atos administrativos não são uma exclusividade do Poder Executivo.
Cinco são os requisitos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e
objeto. Dos requisitos presentes, apenas a competência, a finalidade e a forma sempre estão
presentes em todo e qualquer ato administrativo. O motivo e o objeto, dessa forma, caracte-
rizam o chamado mérito administrativo, que é a valoração da conveniência e da oportunidade
que a lei deixa a cargo dos agentes competentes.

A competência pode ser conceituada como o poder, definido em lei, para que um agente
público possa realizar determinados atos administrativos.
A finalidade é uma das características que norteia toda a administração pública, sendo, in-
clusive, uma das hipóteses de utilização do princípio da impessoalidade. No que se refere aos
atos administrativos, podemos identificar duas finalidades:
a) finalidade geral (mediata), que é aquela que norteia toda a administração pública em
todas as suas atividades. Tal finalidade pode ser definida como a obrigação que os entes pú-
blicos possuem de garantir o bem-estar da população, não estando restrita a uma determinada
manifestação ou ato, mas sim a todas as atividades do Poder Público.
b) finalidade específica (imediata), que é aquela que o ato administrativo deseja alcançar.
Tal finalidade está diretamente relacionada com um ato específico editado pela administra-
ção pública.

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A forma está relacionada com o modo de exteriorização do ato administrativo.


O motivo do ato administrativo é a situação de fato e de direito que autoriza a sua prática.
Trata-se, dessa forma, da causa do ato administrativo que está sendo editado
O objeto pode ser entendido como o conteúdo do ato administrativo, sendo considerado
o efeito imediato que a administração deseja alcançar. Além deste efeito, a doutrina identifica
que a finalidade é o efeito mediato de todo e qualquer ato administrativo.
O mérito administrativo também é responsável pela diferenciação entre atos vinculados
e atos discricionários;

Atoa Vinculados Atos Discricionários

Pouca margem de escolha para a Significativa margem de escolha para a


realização do ato. realização do ato.

Requisitos competência, finalidade e Requisitos competência, finalidade e


forma são sempre vinculados. forma são sempre vinculados.

Requisitos motivo e objeto são Requisitos motivo e objeto são


vinculados discricionários

São atributos dos atos administrativos a presunção de legitimidade, a autoexecutorieda-


de, a imperatividade e a tipicidade;
A presunção de legitimidade é uma característica através do qual os atos administrativos
são considerados legais até a prova em contrário. Costuma-se dizer, por isso mesmo, que a
presunção é juris tantum, ou seja, presunção relativa, que pode ser contestada pelo particular;

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A presunção de legitimidade é o único atributo presente em todos os atos administrativos.


Parte da doutrina divide os o atributo em questão em presunção de veracidade e presunção
de legitimidade. De acordo com a veracidade, o ato deve obediência aos fatos alegados pelo
Poder Público. De acordo com a legitimidade, os atos devem obediência ao ordenamento ju-
rídico como um todo.
Pela autoexecutoriedade, a administração pode exigir o cumprimento de determinados
atos administrativos por parte de seus administrados, sem a necessidade de precisar recor-
rer ao Poder Judiciário. Através deste atributo, em alguns casos, pode ela inclusive utilizar-
-se da força;
A imperatividade é o atributo onde a administração impõe a sua vontade a terceiros, que
não possuem outra opção que não seja cumprir o ato. A imperatividade decorre do poder de
império da administração, também conhecido como poder extroverso, decorrência do princí-
pio da supremacia do interesse público;
A tipicidade é atributo do ato administrativo que determina que o ato deve corresponder a
uma das figuras definidas previamente pela lei, como aptas a produzir determinados resulta-
dos, sendo corolário, portanto, do princípio da legalidade.

O ato administrativo é válido e produz


Presunção de Legitimidade
efeitos até a prova em contrário

A administração não precisa de


Autoexecutoriedade autorização do Poder Judiciário para
praticar o ato administrativo

A administração pode se impor a


Imperatividade
terceiros

O ato deve corresponder a figuras


Tipicidade
definidas previamente em lei

Os requisitos são elementos para que os atos administrativos possam existir, ao passo
que os atributos são prerrogativas que os atos dispõem para atingir seus objetivos.
Sobre as formas de desfazimento do ato administrativo, temos três clássicas maneiras:
anulação, revogação e convalidação.
A anulação pode ser feita pela própria administração, baseada no seu poder de autotute-
la, ou pelo judiciário, desde que provocado. A anulação sempre é um controle de Legalidade,
jamais entrando no Mérito Administrativo. A anulação possui efeitos retrospectivos, sendo
que seus efeitos retroagem até a data da prática do ato. Por isso mesmo, costuma-se dizer
que seus efeitos são ex-tunc. No entanto, mesmo em caso de anulação, os efeitos produzidos
pelos atos, para terceiros de boa-fé, devem prevalecer.

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A revogação, por sua vez, é a possibilidade da administração que produziu o ato (e apenas
ela) retirar o mesmo do mundo jurídico por razões de conveniência e oportunidade. A revo-
gação adentra no mérito administrativo, possuindo efeitos prospectivos, também chamados
pela doutrina de ex-nunc;
A revogação pode incidir apenas sobre atos discricionários, sendo um controle de mérito.
Já a anulação pode incidir sobre atos vinculados ou discricionários, desde, claro, que seja para
analisar a ilegalidade dos mesmos;
A convalidação decorre da teoria dualista, através da qual os atos poderiam ser sana-
dos quando o vício decorresse dos requisitos competência (em razão da pessoa) e da forma
(quando esta não for indispensável).
A anulação, a revogação e a convalidação podem ser mais bem visualizadas por meio da
tabela a seguir:

Anulação Revogação Convalidação

Trata-se de controle de Trata-se de


Trata-se de controle de
legalidade sobre atos controle do mérito
legalidade sobre atos que
que apresentam vícios administrativos, a juízo
apresentam vícios sanáveis
insanáveis ou sanáveis da administração

Opera
Opera retroativamente Opera retroativamente
prospectivamente
(eficácia ex-tunc) (eficácia ex-tunc)
(eficácia ex-nunc)

Pode ser efetuada tanto


pela própria administração Apenas pode ser
Apenas pode ser efetuada
quanto pelo Poder efetuada pela própria
pela própria administração
Judiciário, quando administração
provocado

Incide sobre atos


Incide sobre atos vinculados
vinculados e
Incide apenas sobre e discricionários, desde
discricionários, desde que
atos discricionários que se esteja analisando a
se esteja analisando a
legalidade
legalidade

A anulação pode ser um A convalidação é um


ato vinculado (quando A revogação sempre é ato discricionário, pois a
o vício é insanável) ou um ato discricionário, administração pode escolher
discricionário (quando o pois a administração entre anular ou convalidar o
vício é sanável, pois nesse escolhe se deve ou não ato. No entanto, a doutrina
caso pode ela optar entre retirá-lo do universo majoritária entende que
anular ou convalidar o ato jurídico a convalidação, quando
em questão) possível, deve ser executada.

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Cinco são as espécies de atos administrativos: punitivos, enunciativos, ordinatórios, nor-


mativos e negociais;
Os atos punitivos são aqueles que implicam sanções, que podem ser de caráter interno
ou externo. São exemplos destes atos a advertência, suspensão e demissão (internamente) e
a multa e a interdição de estabelecimentos (externamente);
Atos Enunciativos são aqueles que declaram uma situação já existente, sendo que muitos
autores consideram os mesmos como atos administrativos impróprios, uma vez que neles
não ocorre uma manifestação de vontade da administração;
Os atos ordinatórios decorrem do poder hierárquico da administração e conferem as
prerrogativas de determinar como as diversas atividades devem ser praticadas, tendo como
exemplos as circulares, portarias e as ordens de serviço.
Os atos normativos são aqueles que contêm comandos gerais e abstratos, servindo para
regulamentar e detalhar os comandos da lei. Possuem como principais exemplos os decretos
regulamentares (editados pelos Chefes do Executivo), os regimentos (como o dos Tribunais)
e as resoluções;
Nos atos negociais, o particular possui uma vontade, que depende do interesse da admi-
nistração. Assim, são exemplos destes atos a licença (quando a administração não tem outra
escolha que não seja conceder a mesma, desde que o particular cumpra todos os requisitos)
e a autorização (quando a administração, mesmo tendo o particular cumprido todos os requi-
sitos, pode escolher entre conceder ou não a mesma);
A Lei 9.784/1999 é uma lei federal, aplicando-se, por isso mesmo, a toda a administração
pública federal. Ainda que as disposições da norma sejam aplicadas, precipuamente, aos ór-
gãos e entidades do Poder Executivo, tais disposições também se aplicam ao Poder Judiciário
e Poder Legislativo quando do exercício da função administrativa.
São princípios aplicáveis ao processo administrativo federal: legalidade, finalidade, moti-
vação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
No âmbito do processo, a norma apresenta uma lista exemplificativa de direitos e deveres
a serem observados pelos administrados:

Direitos Deveres

I – ser tratado com respeito pelas autoridades


e servidores, que deverão facilitar o exercício
I – expor os fatos conforme a verdade;
de seus direitos e o cumprimento de suas
obrigações;

II – ter ciência da tramitação dos processos


administrativos em que tenha a condição de
II – proceder com lealdade, urbanidade
interessado, ter vista dos autos, obter cópias
e boa-fé;
de documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas;

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Direitos Deveres

III – formular alegações e apresentar


documentos antes da decisão, os quais serão III – não agir de modo temerário;
objeto de consideração pelo órgão competente;

IV – fazer-se assistir, facultativamente, IV – prestar as informações que lhe


por advogado, salvo quando obrigatória a forem solicitadas e colaborar para o
representação, por força de lei. esclarecimento dos fatos.

O processo administrativo não pode ser confundido com o processo judicial. Assim, inde-
pendente da fase de tramitação do processo administrativo, este sempre poderá ser levado ao
crivo do Poder Judiciário, uma vez que vigora, em nosso ordenamento, o princípio da inafas-
tabilidade de jurisdição. Podemos visualizar as diferenças entre os dois tipos de processo da
seguinte forma:

Processo Administrativo Processo Judicial

Opera-se no âmbito do Poder Opera-se no âmbito do Poder


Executivo Judiciário

Trata-se de uma relação bilateral Trata-se de uma relação trilateral

Em qualquer momento, pode ser Trata-se de decisão com caráter de


levado à análise do Poder Judiciário definitividade

Não transita em julgado Transita em julgado

Os processos administrativos, em regra, desenvolvem-se em quatro grandes fases, na se-


guinte ordem: instauração, instrução, relatório e decisão.
A fase da instauração é aquela em que a Administração Pública é chamada a se manifes-
tar sobre determinada situação.
A instrução trata-se da fase em que o Poder Público procede à necessária averiguação e
investigação com o objetivo de provar que os dados informados no requerimento inicial são
ou não verídicos.
Merece destaque, no que se refere à instrução, a questão da suspeição e do impedimento
dos servidores ou autoridades. No impedimento há presunção absoluta (juris et de jure) de
parcialidade da autoridade em determinado processo por ela analisado, enquanto na suspei-
ção há apenas presunção relativa (juris tantum).
O relatório nada mais é do que a descrição de tudo aquilo que a autoridade competente
apurou durante as investigações.

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Concluída a fase do relatório, a administração possui o dever de decidir, devendo assim o


fazer no prazo de 30 dias, salvo prorrogação por igual período.
Uma vez concluída a instrução, elaborado o relatório e tendo sido publicado o julgamento,
as decisões administrativas poderão ser objeto de recurso em face de razões de mérito ou de
legalidade.
Como regra, o processo administrativo poderá transitar por no máximo três instâncias ad-
ministrativas, salvo disposição legal em sentido contrário.

No âmbito federal, a regra é que os recursos não possuam efeito suspensivo. Caso, no en-
tanto, haja receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação, a autoridade poderá dar ao recurso
efeito suspensivo.
Uma vez interposto o recurso (cujo prazo é, em regra, de 10 dias), a autoridade compe-
tente possui o prazo de 30 dias para tomar a decisão. Em caso de necessidade, o prazo para
decisão poderá ser prorrogado por igual período.

A competência pode ser conceituada como o poder, definido em lei, para que os agentes
públicos possam realizar todos os atos administrativos necessários à resolução do processo
administrativo. A competência poderá ser objeto de delegação ou avocação do seu exercício.

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A regra é que a competência possa ser delegada, salvo nas hipóteses em que a lei veda
tal possibilidade. Em sentido oposto, a avocação não poderá ser utilizada, salvo nas hipóteses
previstas em lei.
As diferenças entre a avocação e a delegação podem ser mais bem visualizadas no qua-
dro abaixo:

Delegação Avocação

Exercício de competência por órgão de Exercício de competência por órgão de


mesma hierarquia ou inferior hierarquia superior

Em regra, sempre pode haver a


Em regra, não pode haver avocação
delegação

Possui as características da Possui as características da


precariedade e da possibilidade de excepcionalidade, do caráter temporário e de
revogação ser pautada em motivos relevantes

Três são as espécies de pessoas que possuem o direito à prioridade de tramitação no âm-
bito do processo administrativo federal:

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A decisão coordenada pode ser conceituada como a instância de natureza interinstitucio-


nal ou intersetorial que atua de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o pro-
cesso administrativo mediante participação concomitante de todas as autoridades e agentes
decisórios e dos responsáveis pela instrução técnico-jurídica, observada a natureza do objeto
e a compatibilidade do procedimento e de sua formalização com a legislação pertinente.
A decisão coordenada tem por objetivo conferir maior celeridade e simplicidade na resolu-
ção dos processos administrativos. E isso ocorre na medida em que, por meio deste instituto,
estamos diante de uma instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua de
forma compartilhada.
A decisão coordenada pode possuir tanto natureza interinstitucional (mais de uma ins-
tituição) quanto intersetorial (mais de um setor dentro da mesma instituição). Em ambas as
hipóteses, a finalidade será a de simplificar o processo administrativo, medida que é alcançada
com a participação concomitante de todas as autoridades e agentes decisórios e dos respon-
sáveis pela instrução técnico-jurídica.
No âmbito da Administração Pública federal, as decisões administrativas que exijam a
participação de 3 ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante deci-
são coordenada, desde que os seguintes requisitos sejam atendidos:
a) for justificável pela relevância da matéria;
b) houver discordância que prejudique a celeridade do processo administrativo decisório.

 Obs.: Contudo, é importante destacarmos que nem todos os processos administrativos


poderão ser objeto de decisão coordenada. Em sentido diverso, o texto legal afirma
que não se aplica a decisão coordenada aos processos administrativos:
 a) de licitação;
 b) relacionados ao poder sancionador;
 c) em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos.

A decisão coordenada:
a) não exclui a responsabilidade originária de cada órgão ou autoridade envolvida;
b) obedecerá aos princípios da legalidade, da eficiência e da transparência;
c) utilizará, sempre que necessário, a simplificação do procedimento e a concentração das
instâncias decisórias;

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Os prazos previstos na Lei 9.784/1999 podem ser resumidos no quadro abaixo:

Prazo Evento

Quando o comparecimento do interessado


3 dias úteis (no mínimo)
for necessário

Prática de qualquer ato processual, quando 5 dias, podendo ser dilatado por igual
não houver um prazo específico período em caso de motivo justificado

Possibilidade da administração anular


os atos administrativos de que decorram 5 anos
efeitos favoráveis aos interessados

Interposição de recurso 10 dias, salvo disposição específica

Para a autoridade reconsiderar a decisão


5 dias
anteriormente proferida

Para a autoridade competente decidir, após 30 dias, podendo, mediante motivo


a conclusão da instrução justificado, ser prorrogado por igual período

Para a autoridade competente decidir o 30 dias, podendo, mediante motivo


recurso justificado, ser prorrogado por igual período

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027. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO PROCESSUAL/PGE-RJ/2022) A respeito da Lei Orgâni-


ca da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE/RJ), do Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, dos atos administrativos e do
controle e responsabilização da administração, julgue o item que se segue.
Motivo é o pressuposto de fato ou de direito que fundamenta o ato administrativo.

Assim como afirma a questão, o motivo, enquanto requisito ou elemento, pode ser entendido
como o pressuposto de fato ou de direito que fundamenta o ato administrativo.
Certo.

028. (CEBRASPE (CESPE)/ADMINISTRADOR/FUB/2022) A respeito dos atos administrati-


vos, julgue o seguinte item.
A competência é atributo do ato administrativo, podendo ser conceituada como o poder atribu-
ído ao agente da administração pública para o desempenho específico de suas funções.

A competência não é atributo, mas sim um elemento ou requisito dos atos administrativos.
Errado.

029. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO PROCESSUAL/PGE-RJ/2022) A respeito da Lei Orgâni-


ca da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE/RJ), do Estatuto dos Funcionários
Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, dos atos administrativos e do
controle e responsabilização da administração, julgue o item que se segue.
O ato administrativo pode ser posto em execução pela própria administração pública em razão
da imperatividade.

O ato administrativo realmente pode ser posto em execução pela própria administração públi-
ca. Contudo, o atributo que fundamenta esta possibilidade é a autoexecutoriedade.
Errado.

030. (CEBRASPE (CESPE)/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO/FUB/2022) Acerca da Lei n.º


8.429/1992, que dispõe sobre a prática de atos de improbidade administrativa, e da Lei n.º
9.784/1999, que trata do processo administrativo, julgue o item seguinte.
Não é permitida a aplicação da decisão coordenada no âmbito do processo administrativo quan-
do este tratar de licitações e quando estiverem envolvidas autoridades de poderes distintos.

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A questão corretamente elenca duas situações em que a decisão coordenada não poderá
ser aplicada.

Art. 49-A, § 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos administrativos:


I – de licitação;
II – relacionados ao poder sancionador; ou
III – em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos.
Certo.

031. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO AMBIENTAL/ICMBIO/2022) Acerca da invalidação, re-


vogação e convalidação dos atos administrativos, julgue o item a seguir.
Agirá de acordo com o previsto na Lei n.º 9.784/1999 o servidor público federal que verificar,
no ambiente de trabalho, a ilegalidade de ato administrativo e, com base nisso, revogá-lo, para
não prejudicar administrados que sofreriam efeitos danosos em consequência da aplicação
desse ato.

Em caso de ilegalidade, o que deve ocorrer é a anulação, e não a revogação. Ao passo que a
anulação trata-se de um juízo de legalidade, a revogação é aplicada quando o ato não for mais
conveniente para os interesses da Administração Pública.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Errado.

1.7. Dia 7 – Princípios da Administração Pública e Serviços Públicos


Trata-se o Estado de uma pessoa jurídica de direito público constituída por três elementos
indissociáveis: povo, território e governo soberano.
Assim, podemos ter o Estado Unitário (com a concentração do poder político em um único
ente central) ou o Estado Federado (com a divisão das competências e do poder político em
vários entes federativos).
Em nosso ordenamento jurídico, temos como forma de Estado a federação, que é consti-
tuída pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
Cada um dos entes federativos possui as características da auto-organização, da auto
legislação, do autogoverno e da autoadministração.

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Os entes podem elaborar suas próprias


Auto-organização Constituições (Federal ou Estadual) ou Leis
Orgânicas

Os entes podem elaborar suas próprias normas,


Auto legislação devendo observar as regras da Constituição Federal
e da respectiva norma fundamental de cada ente

Os entes podem organizar seus próprios poderes.


Nos cargos eletivos, a escolha será feita pela
Autogoverno
população. Nos demais Poderes, será feita conforme
previsão de cada um dos entes

Cada ente possui competências administrativas


Autoadministração próprias, estabelecidas pela Constituição de forma
exclusiva ou cumulativa

O Governo destina-se à formulação das políticas públicas, sendo formado por agentes po-
líticos que atuam com amplo grau de liberdade.
A Administração Pública destina-se à execução das políticas públicas, sendo formada por
agentes administrativos subordinados hierarquicamente.
Em sentido amplo, a administração compreende tanto as atividades de elaboração das po-
líticas públicas quanto a sua respectiva execução. Em sentido estrito, a administração pública
possui um conceito bem mais limitado, não compreendendo em seu campo de atuação os
agentes políticos e as atividades destinadas à elaboração das políticas públicas. Trata-se do
sentido adotado em nosso ordenamento jurídico.
Em sentido subjetivo, orgânico ou formal, a administração pública compreende todos os
órgãos, entidades e agentes que desempenham, de alguma forma, a atividade administrativa.
Em sentido objetivo, funcional e material, por outro lado, temos que nos preocupar em saber
“o que” é administração pública em nosso ordenamento.

Estado Governo Administração Pública

Trata-se de uma
Trata-se da atividade de
Trata-se de uma pessoa expressão política
executar as políticas públicas
jurídica de direito público destinada a formular
elaboradas pelo Governo
políticas públicas

É composta pelos
É composta pela
É composto pelos agentes políticos, tais
administração direta, pela
elementos povo, território como os Chefes do
administração indireta e
e governo soberano. Poder Executivo e os
pelos agentes públicos
Parlamentares.

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Estado Governo Administração Pública

Pode ser classificada de


São formas de Estado
São formas de Governo a acordo com os sentidos
o Estado unitário e
Monarquia e a República, subjetivo e objetivo e amplo
o Estafo federado,
sendo que esta é a ou restrito. Em nosso
sendo que este último
utilizada em nosso ordenamento jurídico,
é o adotado em nosso
ordenamento adotam-se os sentidos
ordenamento
restrito e subjetivo

A origem do Direito Administrativo, bem como a sua definição como um ramo autônomo
do Direito, está intimamente ligada à Revolução Francesa, ocorrida em 1789, e com os ideais
de “liberdade, igualdade e fraternidade”.
O Direito Administrativo pode ser conceituado como o ramo do Direito Público que disci-
plina as atividades e os órgãos estatais para o funcionamento da Administração Pública. O
objetivo do Direito Administrativo é a manutenção do bem-estar de toda a coletividade.
Pode-se dizer que o Direito Administrativo é formado, essencialmente, de elementos dou-
trinários e jurisprudenciais, ainda que existam, em nosso ordenamento jurídico, diversas leis
que tratam de assuntos estritamente ligados a este ramo do direito.
E por tratar-se de um ramo jurídico formado, basicamente, por elementos formulados pelos
autores administrativistas, nada mais natural do que o seu objeto se modificar substancial-
mente com o passar do tempo, uma vez que as necessidades da sociedade e os direitos por
ela exigidos não são uniformes no tempo, exigindo, por isso mesmo, uma constante modifica-
ção das prerrogativas e sujeições conferidas ao Estado.
De acordo com o critério legalista (também conhecido como escola legalista), o Direito
Administrativo compreenderia apenas as leis de um determinado ordenamento jurídico. Sa-
lienta-se que o vocábulo lei compreendia todas as normas que tinham como objetivo regula-
mentar as relações jurídicas firmadas entre o Estado e os particulares.
Por intermédio do critério do Poder Executivo, o objeto do Direito Administrativo compreen-
deria as leis e demais normas destinadas a regulamentar as atividades do Poder Executivo.
De acordo com o critério do serviço público, o Direito Administrativo regularia apenas as
normas referentes a estes serviços, não compreendendo as atividades administrativas nega-
tivas (limitadoras de direito) desempenhadas pelo Estado, tal como as decorrentes do poder
de polícia ou da intervenção.
Pelo critério das relações jurídicas, o Direito Administrativo é reconhecido como o conjunto
das relações travadas entre a administração pública e os particulares.
O critério teleológico foi proposto pelo professor italiano Vitório Emanuelle Orlando, que
afirmava que o objeto do Direito Administrativo era “o sistema dos princípios que regulam a
atividade do Estado para o cumprimento de seus fins”.

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De acordo com o critério negativo, o objeto do Direito Administrativo seria encontrado por
exclusão, ou seja, após a retirada das atividades legislativa e judicial.
De acordo com o critério da administração pública, o objeto do Direito Administrativo seria
o conjunto de princípios e normas que regem a administração pública e a relação desta com
os administrados.

O objeto é o conjunto de leis de um determinado


Critério legalista
ordenamento jurídico.

O objeto é o conjunto de leis e demais normas


Critério do Poder
destinadas a regulamentar as atividades do
Executivo
Poder Executivo.

O objeto é o conjunto de atividades classificadas


Critério do serviço público
como serviços públicos.

Critério das relações O objeto é o conjunto das relações travadas entre


jurídicas a administração pública e os particulares.

O objeto é o sistema dos princípios que regulam


Critério teleológico a atividade do Estado para o cumprimento de
seus fins.

O objeto é encontrado por exclusão, ou seja, após


Critério negativo
a retirada das atividades legislativa e judicial.

O objeto é o conjunto de princípios e normas que


Critério da administração
regem a administração pública e a relação desta
pública
com os administrados.

Basicamente, o Direito Administrativo se divide em quatro fontes: as leis, a jurisprudência,


a doutrina e os costumes. Tais fontes, a depender da influência que exercem sobre a atividade
administrativa, podem ser classificadas em primárias e secundárias.

Trata-se de fonte primária do Direito Administrativo.


Deve ser utilizada em sentido amplo, compreendendo
Lei
todas as normas que versem, no todo ou em parte, sobre
assuntos disciplinados por este ramo do Direito.

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Trata-se das decisões dos tribunais acerca de determinada


matéria.
Possui a tendência a nacionalizar-se.
Possui um caráter mais prático do que as leis, uma vez que
Jurisprudência
aplicadas a um caso concreto.
Em regra, são fontes secundárias do Direito Administrativo.
Exceção à regra são as Súmulas Vinculantes, que, por
inovarem o ordenamento jurídico, são fontes primárias.

Trata-se do conjunto de teorias e teses construídas pelos


autores administrativistas.
Doutrina
Possui a tendência à universalização.
É fonte secundária do Direito Administrativo.

Trata-se de regras não escritas e de observância obrigatória


quando houver lacuna na lei.
Exigem, para a sua configuração, os seguintes elementos:
Costumes
a) uso repetitivo do comportamento; b) convicção da
necessidade da obrigatoriedade.
Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo.

Derivam das normas tanto os princípios quanto as regras, de forma que conseguimos di-
ferenciar as duas espécies por meio das seguintes características:

Princípios Regras

São uma espécie de norma São uma espécie de norma

Poder ser explícitos ou implícitos Obrigatoriamente devem ser expressas

Em caso de conflito, deve-se utilizar


Em caso de conflito, deve-se fazer uso
apenas uma das regras, aniquilando
da ponderação no caso concreto
inteiramente as demais

Solução de conflitos deve observar os


Solução de conflitos leva em conta o
critérios hierárquico, cronológico e da
interesse da coletividade
especialidade

Os princípios administrativos podem ser divididos em supraprincípios, princípios expres-


sos na constituição e demais princípios adotados pela doutrina.
Os supraprincípios são aqueles que originam todo o ordenamento jurídico pátrio, sendo
que todos os demais decorrem destes. São supraprincípios, em nosso ordenamento, a supre-
macia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do interesse público.

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Segundo a supremacia do interesse público, a administração possui certas prerrogati-


vas para poder fazer valer a sua vontade. Um bom exemplo são os poderes administrativos.
De acordo com a indisponibilidade do interesse público, a administração Pública atua como
gestora do patrimônio público. Decorre deste princípio todas as obrigações da administração,
como, por exemplo, o dever de prestar contas.

Indisponibilidade do Interesse
Supremacia do Interesse Público
Público

É princípio implícito É princípio implícito

Não está presente em toda a atividade Está presente em toda a atividade


administrativa administrativa

Dele decorrem as prerrogativas Dele decorrem as sujeições


(poderes) da Administração (obrigações) da Administração

É a base do regime jurídico É a base do regime jurídico

Tem como exemplos a realização


Tem como exemplos a aplicação das
de concurso público, a realização
cláusulas exorbitantes, os poderes
de licitações e a obrigação de
administrativos e a imperatividade dos
prestação de contas por parte dos
atos administrativos
administradores públicos

São princípios expressos no texto constitucional e aplicáveis à administração pública a


legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. (LIMPE).
A legalidade obriga a administração a só fazer aquilo que a lei determinar ou autorizar. Po-
demos diferenciar a legalidade (lei em sentido amplo) da reserva legal (lei formal em sentido
estrito) por meio das seguintes características:

Legalidade Reserva Legal

Abrange não só as leis, como também Abrange apenas as leis que forem
as medidas provisórias e os decretos editadas de acordo com o processo
autônomos legislativo

Possuem maior abrangência, uma Possuem menor abrangência, de


vez que regulam um leque maior de forma que regulam um menor número
matérias de matérias

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Legalidade Reserva Legal

Menor densidade, uma vez que a Maior densidade, pois devem observar
edição de um decreto autônomo, todos os trâmites estabelecidos no
por exemplo, é menos complexa que processo legislativo (quórum, maioria
uma lei de votação)

É a lei em sentido lato, amplo É a lei em sentido estrito, formal

A impessoalidade pode ser vista sob três aspectos: como a finalidade de toda e qualquer
atividade administrativa, como a obrigatoriedade de tratamento isonômico para os adminis-
trados e como a vedação à promoção pessoal do Agente Público com base nas atividades da
Administração Pública.
A moralidade liga-se diretamente aos conceitos de probidade, decoro e boa-fé. Ao elencar
a moralidade como princípio, o legislador constitucional pretendeu que o administrador público
não obedecesse apenas aos comandos expressos em lei, originando o termo não juridicização.
A publicidade pode ser vista sob dois aspectos: como a necessidade de que todos os atos
administrativos sejam publicados para que possam produzir seus efeitos e como a necessida-
de de transparência, por parte da Administração Pública, no exercício de suas funções.
A eficiência está ligada à ideia de administração gerencial, objetivando a redução de des-
perdícios e um melhor resultado na relação custo x benefício.

Administração Burocrática Administração Gerencial

Decorre do princípio da Legalidade Decorre do princípio da Eficiência

Controle realizado nas atividades meio Controle realizado nas atividades fins

A administração, ainda que pautada na obrigação


A administração preocupava-se de apenas fazer o que estiver previsto em lei,
apenas em fazer o que era legal busca otimizar a prestação dos serviços públicos
à população

Pela autotutela, a administração pode anular ou revogar os seus próprios atos, sem ne-
cessidade de recorrer ao Poder Judiciário. Tal princípio está presente na Súmula 473 do STF:

JURISPRUDÊNCIA
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

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Através da segurança jurídica, são protegidos o direito adquirido, ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.
A razoabilidade e a proporcionalidade obrigam que exista uma relação entre os meios e
fins empregados.
Pelo princípio da especialização, ocorre a criação das entidades da Administração Indireta,
que se tornam especialistas em suas áreas de atuação.
Pela continuidade dos serviços públicos, estes, em regra, não podem ser paralisados, uma
vez que tal situação poderia prejudicar toda a coletividade.
A motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direi-
to de suas decisões. Como regra, todos os atos administrativos devem ser motivados, sendo
exceção a demissão de agentes públicos ad nutum.
A sindicabilidade configura a possibilidade de qualquer lesão ou ameaça de lesão ser
levada ao controle do Poder Público, tanto pela administração que editou o ato quanto pelo
Poder Judiciário.
De acordo com a responsividade, cumpre aos gestores públicos a prestação de contas da
sua gestão para com o povo, verdadeiro titular do múnus público.
A sancionabilidade, no Direito Administrativo, pode estar presente em todas as suas atua-
ções, de forma a incentivar determinadas condutas por meio de sanções premiais (benefícios)
e desencorajar outras condutas por meio das sanções aflitivas (Punições).
De acordo com a subsidiariedade, as atividades essenciais à coletividade ficariam sob
a responsabilidade do Estado, uma vez que sua delegação poderia pôr em risco o bem-estar
social e a segurança jurídica da coletividade.
Os serviços públicos não podem ser confundidos com a atividade do poder de polícia, ain-
da que o resultado alcançado por ambos seja o mesmo: o bem-estar de toda a coletividade.
Podemos relacionar as diferenças entre os dois institutos por meio do seguinte gráfico:

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Três são os critérios utilizados para que possamos identificar uma atividade como servi-
ço público;
Por meio do critério subjetivo, é levado em conta a pessoa que está prestando o serviço,
só sendo considerado serviço público, por isso mesmo, aqueles prestados pela administra-
ção pública;
Com base no critério material, a atividade é que tem importância, sendo que apenas as
atividades de maior importância para a população é que são consideradas serviço público;
O critério formal é o que considera serviço público apenas as atividades regidas pelo di-
reito público;
Nos dias atuais, não há necessidade de obedecermos aos três critérios para que a ativida-
de seja considerada serviço público, bastando para tal a obediência a um ou mais dos critérios;
Por sermos um Estado democrático de direito, em nosso país, apenas será serviço público
as atividades que o nosso ordenamento jurídico identifique como tal;
Importante mandamento constitucional afirma que a titularidade dos serviços públicos
pertence ao poder público, que pode executar os mesmos diretamente ou mediante delega-
ção à particulares. Tal disposição encontra-se presente no artigo 175 da Constituição Federal,
de seguinte teor: “Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de con-
cessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.”
No tocante à classificação dos serviços públicos, temos que memorizar o seguin-
te esquema:

Gerais: serviços indivisíveis Individuais: serviços


Destinatários e prestados a usuários divisíveis e prestados a
indeterminados. usuários determinados.

Utilidade pública:
Públicos: indispensáveis para ainda que não sejam
Essencialidade a manutenção do bem-estar indispensáveis, são
da coletividade. comodidades que são
oferecidas aos cidadãos.

Impróprios: não são


Próprios: são os que o assumidos nem
Adequação estado assume como de sua regulamentados pelo
competência própria. estado, que apenas
fiscaliza.

Exclusivos: são de Não exclusivos: não


competência do poder público precisam de delegação,
Exclusividade e só podem ser prestados por podendo ser prestados
este ou por particulares, no livremente pelos
caso de delegação. particulares.

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Em importante decisão, o STF afirmou que as concessionárias e permissionárias de ser-


viço público devem responder pelos danos causados a terceiros, ainda que não usuários do
serviço prestado, de forma objetiva, ou seja, independente da ocorrência de dolo ou culpa do
agente público.
Quanto à diferenciação entre concessão e permissão, temos que levar para a prova as prin-
cipais diferenças entre as duas formas de delegação.

Concessão Permissão

Natureza contratual, com a menção


Natureza contratual legal de tratar-se de um contrato de
adesão

Não há precariedade Precariedade

Sempre precedida de licitação na


Sempre precedida de licitação, não
modalidade concorrência ou diálogo
havendo uma modalidade específica
competitivo

Pode ser celebrado com pessoas Pode ser celebrado com pessoa física
jurídicas ou consórcio de empresas ou jurídica

O contrato não pode ser revogado O contrato pode ser revogado pelo
unilateralmente poder concedente

Com relação às formas de extinção dos serviços públicos, temos que saber o conceito e a
diferenciação entre as diferentes possibilidades.
O advento do termo contratual ocorre com o término do prazo anteriormente contratado.
A encampação ocorre com a retomada do serviço público pela administração, por razões
de interesse público;
A caducidade, ao contrário do que ocorre com os atos administrativos, implica na inexecu-
ção total ou parcial, por parte do particular, das normas de contrato;
Já a rescisão ocorre quando o poder público deixa de obedecer às normas contratuais,
sendo sempre judicial em virtude do princípio da continuidade do serviço público.
A anulação não oferece maiores complicações, ocorrendo quando a administração verifi-
car vícios insanáveis e operando retroativamente;
A falência ou falecimento do empresário individual também acarreta a extinção do serviço
público, uma vez que os contratos administrativos possuem como uma de suas principais ca-
racterísticas o fato de serem intuitu personae.

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032. (CEBRASPE (CESPE)/SOLDADO/PM-AL/2021) No que se refere aos preceitos relacio-


nados ao direito administrativo, julgue o item a seguir.
Pelo princípio da autotutela, a administração pode rever atos administrativos quanto aos seus
aspectos de legalidade e de mérito.

De acordo com o princípio da autotutela, a Administração Pública pode tanto anular quanto
revogar os atos administrativos por ela editados. Esta possibilidade de revisão, por sua vez,
pode ser melhor visualizada através da Súmula 473 do STF, de seguinte redação:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 473 – STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressal-
vada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Certo.

033. (CEBRASPE (CESPE)/AUDITOR FISCAL/SEFAZ-DF/2020) Em relação à organização do


Estado e da administração pública, julgue o seguinte item.
O princípio da legalidade se aplica apenas ao Poder Executivo federal.

O princípio da legalidade é aplicado para todos os Poderes da República de todos os entes


federativos, conforme previsão do texto da Constituição Federal.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (...)
Errado.

034. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STM/2018) A respeito dos princípios da


administração pública, de noções de organização administrativa e da administração direta e
indireta, julgue o item que se segue.
O princípio da impessoalidade está diretamente relacionado à obrigação de que a autoridade
pública não dispense os preceitos éticos, os quais devem estar presentes em sua conduta.

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Os preceitos éticos estão ligados diretamente ao princípio constitucional da moralidade. Isso


não implica em afirmar que a violação da impessoalidade não implique, igualmente, em agres-
são a eventuais elementos éticos da conduta.
No entanto, em provas de concurso público, as questões que mencionem violação aos precei-
tos éticos devem ser respondidas como base no princípio da moralidade.
Em outros termos, violar as regras éticas é desrespeitar o princípio constitucional da moralidade.
Errado.

035. (CEBRASPE (CESPE)/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) A prestação


de serviço público essencial por determinado ente público foi interrompida em razão de greve
dos servidores públicos que prestam serviço na unidade, o que causou transtornos à popu-
lação local.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A prestação ininterrupta do serviço público decorre do princípio da continuidade.

Assim como afirmado, a prestação ininterrupta do serviço público decorre do princípio da


continuidade. De acordo com este princípio, os serviços públicos, salvo nas exceções legal-
mente previstas, não podem ser interrompidos, algo que, se possível, implicaria em danos à
coletividade.
Certo.

036. (CEBRASPE (CESPE)/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) A prestação


de serviço público essencial por determinado ente público foi interrompida em razão de greve
dos servidores públicos que prestam serviço na unidade, o que causou transtornos à popu-
lação local.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
O serviço público pode ser delegado a pessoas físicas mediante contrato de concessão.

A concessão não pode ser realizada com pessoas físicas, mas sim apenas com pessoas jurí-
dicas ou com consórcios de empresas.

Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:


II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, me-
diante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado;
Errado.

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1.8. Dia 8 – Responsabilidade Civil do Estado


A responsabilidade civil do Estado, também conhecida como responsabilidade extracon-
tratual, pode ser entendida como o meio através do qual as ações e omissões do Poder Públi-
co são passíveis de indenização aos particulares.
O motivo da responsabilidade civil do Estado também ser conhecida como extracontratual
deve-se ao fato de não estar fundamentada em um pacto expresso com os particulares. Se
assim o fosse, ou seja, se estivéssemos diante de uma responsabilidade contratual, a res-
ponsabilização do Poder Público estaria condicionada à celebração de um contrato (ou outra
espécie de pacto) com cada um dos administrados.
Quatro são os elementos necessários para que reste configurada a responsabilidade civil
do Estado:
a) ato causado por um agente público ou decorrente de uma omissão do Poder Público.
b) ocorrência de dano, que poderá ser patrimonial ou moral.
c) nexo de causalidade entre o dano sofrido pelo particular e o ato praticado pelo agen-
te público.
d) alteridade, que implica na obrigação de que o prejuízo sofrido tenha sido provocado por
outra pessoa que não o particular lesado e que não estejamos diante de uma situação onde o
dano foi provocado por culpa exclusiva da vítima.
Diversas foram as teorias que tentaram explicar a forma como deveria ocorrer a responsa-
bilização do Estado diante de danos causados aos particulares.
A teoria civilista tinha como principal objetivo tentar equiparar os agentes públicos aos
particulares, de forma que apenas haveria responsabilidade do Estado nas estritas hipóteses
em que o particular lesado conseguisse provar que o agente tivesse agido com dolo ou culpa.
As teorias publicistas, por sua vez, representaram um grande avanço para os administra-
dos. Por meio delas, não haveria mais a necessidade de comprovação de dolo ou culpa do Es-
tado, mas sim apenas a configuração de dano aos particulares decorrente da atividade pública
ou então a omissão ou falha na prestação de um serviço público.

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A teoria da irresponsabilidade afirmava que o rei era uma entidade enviada por Deus e que,
por isso mesmo, não cometia erros. Assim, ainda que houvesse situações em que a adminis-
tração pública causasse danos à população, a responsabilização jamais ocorreria. Importante
salientar que a teoria da irresponsabilidade não chegou a vigorar majoritariamente em nosso
país. No entanto, a mesma é utilizada, nos dias atuais, para a responsabilização dos atos le-
gislativos e judiciários.

Evoluindo no conceito de responsabilização do Poder Público, a teoria da culpa comum


tinha como principal propósito igualar a relação entre o Estado e os administrados com a re-
lação entre particulares. Dessa forma, a administração pública apenas seria responsabilizada
por eventuais prejuízos causados à coletividade caso os particulares lesados conseguissem
provar que houve dolo (intenção) ou culpa dos agentes públicos no desempenho de suas ati-
vidades. No entanto, como o ônus da prova era do particular (que tinha que provar a culpa ou
dolo do agente público), eram raras as situações em que os administrados conseguiam rece-
ber alguma indenização do Poder Público.

Com o aparecimento do Estado do bem-estar social, coube ao Poder Público o ofereci-


mento de condições sociais e direitos que iam muito além das atividades básicas até então
asseguradas. Uma vez que o Estado tem a obrigação de prestar serviços públicos de qualidade
para a população, o que se leva em conta, para efeitos de verificação da responsabilidade, não
é o agente público (como ocorria na teoria da culpa civil), mas sim o serviço público como um
todo. Por este motivo, tal teoria também é conhecida como culpa anônima.

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Ainda que seja uma teoria de caráter subjetivo (com a necessidade da comprovação de
dolo ou culpa no desempenho do serviço público prestado), a teoria da culpa administrativa
foi um dos maiores avanços no âmbito da responsabilização estatal. Basta observarmos, por
exemplo, que tal teoria é a utilizada, em nosso ordenamento, para as hipóteses de omissão ou
falha na prestação dos serviços públicos, sendo exigidos, para sua configuração, os seguintes
elementos:

Por meio da teoria do risco administrativo, o Estado é obrigado a indenizar o particular em


todas as situações em que aconteça dano, ainda que não haja dolo ou culpa do agente público
na prestação dos serviços estatais.
O risco administrativo, dessa forma, representa o maior avanço na responsabilização do
Poder Público: se antes, por meio das teorias da culpa civil e da culpa administrativa, exigia-se
a comprovação de dolo, culpa ou fraude (teorias de caráter subjetivo), com o risco administra-
tivo a obrigação do Estado passou a existir com a simples existência de dano para o particular.
Assim, podemos afirmar que todas as condutas dos agentes públicos causadoras de da-
nos, sejam elas lícitas ou ilícitas, dão ensejo à responsabilização estatal.
Para que a teoria do risco administrativo esteja configurada, os seguintes elementos são
necessários:

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A doutrina admite que sejam analisados os excludentes de responsabilidade, que podem


ser de caráter total ou parcial. No primeiro caso, estamos diante de uma situação em que o
particular foi o único culpado pelos danos causados, gerando, como consequência, a exclusão
da responsabilização do Poder Público. Na segunda situação, ambas as partes foram culpa-
das pelo dano, motivo que faz com que a responsabilização do Estado seja atenuada.
Sobre os excludentes de responsabilização, a doutrina amplamente majoritária adota os
seguintes entendimentos:
a) culpa exclusiva da vítima ou de terceiro: exclusão da responsabilidade do Estado.
b) culpa concorrente da vítima ou de terceiro: atenuação da responsabilidade do Estado.
c) caso fortuito ou força maior: quase sempre tratados como sinônimos, implicando na
exclusão da responsabilização (corrente majoritária) ou na atenuação da responsabilização
(entendimentos minoritários).

A teoria do risco integral em muito se assemelha à do risco administrativo, com a diferen-


ça de que no primeiro caso não são admitidos os excludentes total ou parcial de responsabi-
lidade. Dessa forma, o risco integral determina que o Poder Público está obrigado a indenizar
todos os danos que envolvam a atuação estatal, ainda que estes se originem de eventos da
natureza, de caso fortuito ou força maior ou até mesmo de culpa exclusiva da vítima. Tal situ-
ação coloca o Estado na qualidade de “segurado universal”.

 Obs.: As situações em que a teoria do risco integral são admitidas são as seguintes:
 a) o dano decorrente de operações nucleares;
 b) os atentados terroristas em aeronaves;
 c) o dano ambiental;

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A teoria do risco social pode ser entendida como a coletivização da responsabilidade ob-
jetiva. Nestas situações, ainda que o particular tenha sofrido um dano, é a coletividade (nor-
malmente por meio das contribuições tributárias) que financia a responsabilização.
As teorias de responsabilização apresentadas podem ser resumidas por meio do seguinte
quaro sinótico:

Teoria da
O Estado jamais era responsabilizado pelos danos
irresponsabilidade
causados.
estatal

Teoria da culpa civil Para que houvesse responsabilização, o particular


(culpa anônima) deveria comprovar a culpa do agente estatal. (subjetiva)

Para que haja responsabilização, o particular deve


Teoria da culpa
comprovar a omissão ou falha na prestação do serviço
administrativa
público. (subjetiva)

Para que haja responsabilização, basta que haja uma


Teoria do risco
conduta do Poder Público causadora de danos aos
administrativo
particulares. (objetiva)

O Estado é responsabilizado por todos os danos


decorrentes de suas ações, ainda que tenha ocorrido
Teoria do risco integral a culpa do particular ou o dano seja proveniente de
eventos alheios (caso fortuito, força maior ou eventos
da natureza).

Em certas situações, a responsabilização estatal é


Teoria do risco social
compartilhada por toda a coletividade. (objetiva)

As teorias subjetivas são assim chamadas pelo fato de haver a necessidade de compro-
vação da culpa do agente público ou da falha ou omissão dos serviços prestados. O sujeito
da prestação do serviço público deve ter atuado com culpa ou dolo.
Nas teorias objetivas, ao contrário, não há a necessidade de tal comprovação. Uma vez
ocorrido o dano, ainda que este não seja resultante de culpa ou dolo do Poder Público, caberá
ao Estado indenizar o particular.
Estabelece a Constituição Federal (artigo 37, §6º) que

As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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A previsão estabelece a teoria do risco administrativo. De acordo com esta teoria, as pes-
soas que estão obrigadas a responder pelos danos causados a particulares podem ser dividi-
das em dois grupos:
a) pessoas jurídicas de direito público: toda a administração direta, as autarquias e funda-
ções públicas e as empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de servi-
ços públicos.
b) pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos: são as delegatá-
rias de serviço público (concessionárias, permissionárias e autorizatárias).
O fluxo da ação de responsabilização civil pode ser visualizado da seguinte forma:
a) Inicialmente, o agente público, agindo em nome do Estado, pratica uma ação (indepen-
dente de ser ou não com dolo ou culpa) que resulta em dano ao particular.
b) Comprovado o dano, o Estado deve indenizar o particular pelos prejuízos causados,
conforme ação de indenização proposta por este.
c) Tendo indenizado o particular, o Poder Público pode, nos casos em que tiver ocorrido
dolo ou culpa do agente público, ajuizar a competente ação regressiva.
Enquanto a ação de indenização proposta pelo particular lesado possui natureza objetiva
(uma vez que independe de dolo ou culpa do agente público para a sua configuração), a ação
regressiva possui natureza subjetiva (de forma que apenas poderá ser proposta caso o Estado
comprove que o seu agente praticou a ação com dolo (intenção) ou culpa).

Diferentemente do que ocorre com os danos decorrentes de ações do Poder Público, não
há uma disposição constitucional que regulamente qual a teoria a ser utilizada quando esta-
mos diante de omissão de serviço público por parte do Estado. Coube à jurisprudência, neste
sentido, estabelecer que a teoria a ser utilizada seria a da culpa administrativa.
Por meio de tal teoria, temos que o Estado está obrigado a indenizar os particulares que ti-
verem sofrido danos decorrentes de omissão do serviço público ou de falha na sua prestação.

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Na responsabilidade civil por omissão, ao contrário do que ocorre na responsabilidade por


ação, cabe ao particular a prova de que houve omissão ou falha na prestação do serviço públi-
co estatal. Por isso mesmo, estamos diante de uma teoria subjetiva.
Uma pequena ressalva deve ser feita, conforme mencionado anteriormente, para as situ-
ações em que o Poder Público atua na qualidade de garante, ou seja, nas situações em que o
Estado deve garantir a integridade das pessoas que estejam sob a sua custódia.
Em todas estas situações, responde o Poder Público, em caso de dano, de maneira objeti-
va, ou seja, sem a necessidade de comprovação de dolo ou culpa do agente e sem a obrigação
do particular comprovar a omissão ou falha no serviço público prestado.
Um ponto que merece ser destacado é a questão da responsabilidade civil em razão dos
presos foragidos. Ainda que o Estado, no âmbito do sistema prisional, esteja na condição de
garante, não são todos os atos praticados pelos presos foragidos que dão ensejo a uma even-
tual responsabilização do Poder Público. Nesta situação, para que a responsabilidade civil seja
configurada, deve ser demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta
praticada.
Caso o preso foragido pratique algum ato que cause dano ao particular após um período
considerável de tempo, ou então quando haja a formação de quadrilha com o objetivo de prati-
car o ato danoso, não há nexo causal direto entre a fuga e o ato praticado, motivo pelo qual o
STF entende não haver o dever do Poder Público de ser responsabilizado.

Responsabilidade pelos atos praticados por Presos Foragidos

Deve ser demonstrado o nexo causal


Para a configuração da
direto entre o momento da fuga e a
responsabilidade
conduta praticada.

a) crime praticado após um período


Situações que não ensejam a considerável de tempo
responsabilidade do Estado b) formação de quadrilha com a
finalidade de cometer algum crime

Podemos traçar um paralelo entre os dois tipos de responsabilização, possibilitando a se-


dimentação da matéria mediante o quadro abaixo.

Responsabilidade por omissão


Responsabilidade por ação
(regra geral)

Teoria do risco administrativo Teoria da culpa administrativa

Conceito constitucional Conceito doutrinário

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AULA ESSENCIAL 80/20 – O PLANO
Noções de Direito Administrativo
Diogo Surdi

Responsabilidade por omissão


Responsabilidade por ação
(regra geral)

Teoria subjetiva, de forma que há a


Teoria objetiva, de forma que não há
necessidade de comprovação de que
necessidade de comprovação de dolo
houve omissão ou falha na prestação do
ou culpa
serviço público.

Danos decorrentes de ações do Poder Danos decorrentes de omissões do Poder


Público, com a ressalta dos casos de Público, com a ressalva dos casos de
omissão em que a administração atua omissão em que a administração atua na
na condição de garante condição de garante

Para ensejar dano, o causador do


Para ensejar dano, o serviço pode ter sido
mesmo deve estar investido na
não prestado ou prestado de maneira falha
condição de agente público

Diferentemente do que ocorre com os atos emanados pela administração pública, os atos
legislativos e judiciais não admitem, em regra, a responsabilização estatal. Vigora para tais
atos, por isso mesmo, a teoria da irresponsabilidade estatal.
No tocante aos atos legislativos, duas são as possibilidades apontadas pela doutrina em
que cabe a responsabilização estatal:
a) leis de efeitos concretos: Normalmente, as normas editadas pelo poder legislativo pos-
suem as características da generalidade (destinadas a toda a coletividade) e da abstração
(não tratarem de situações concretas, mas sim de casos em tese).
b) leis declaradas inconstitucionais pelo STF: No âmbito do Direito Constitucional, temos que
o controle de constitucionalidade das leis pode ser exercido de duas formas: por meio do controle
difuso (onde a declaração de inconstitucionalidade atinge apenas aquele que ajuizou a ação) e por
meio do controle concentrado (onde a declaração tem efeitos para toda a coletividade).
Em ambos os casos, caso haja a declaração de inconstitucionalidade pelo STF (e apenas
por este), poderá haver a responsabilização pelos danos causados aos particulares.

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No que se refere aos atos judiciais, a lógica é a mesma, ou seja, a irresponsabilidade do


Poder Público. Duas são as situações que dão ensejo à responsabilidade estatal:
a) casos em que o Juiz responde por dolo ou fraude (com a intenção de prejudicar terceiro):
Se o magistrado atuar com a intenção de prejudicar alguma das partes (ou até mesmo terceiro
não relacionado com um processo específico), poderá ocorrer a responsabilização estatal.
b) casos de erro judiciário: Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 5º, LXXV, que
“O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tem-
po fixado na sentença”. Havendo erro por parte do Poder Judiciário, estará o Estado obrigado
a indenizar o particular pelos danos decorrentes da decisão. Como consequência, verificando
o Poder Público que o magistrado agiu com dolo ou culpa, poderá ajuizar a competente ação
de ressarcimento.

037. (CEBRASPE (CESPE)/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TCE-RJ/2022) João, servi-


dor público, praticou ato administrativo que causou prejuízo a um particular. Percebendo a ile-
galidade decorrente da prática desse ato, João revogou-o. Mesmo assim, o particular resolveu
pedir indenização e ajuizou ação de responsabilidade civil do Estado em face do ato de João,
alegando que o dano já havia sido concretizado.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Para fins de responsabilidade civil do Estado, é necessário que João tenha agido na condição
de servidor público.

Para que o Estado seja responsabilizado pelos danos causados por João, há a necessidade de
que este tenha agido na condição de servidor público. Isso implica em afirmar que os atos pra-
ticados na vida particular de João não serão objeto de responsabilização por parte do Poder
Público, uma vez que não estão relacionados com a condição de agente estatal.
Certo.

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038. (CEBRASPE (CESPE)/AGENTE DE POLÍCIA/PC-DF/2021) Com base nas disposições


teóricas e legais relativas a licitações e responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.
Se um agente público causar dano a um particular, a indenização devida poderá ser reduzida
nos casos em que a conduta do lesado tiver contribuído para o resultado.

Se um agente público causar dano a determinada pessoa, deverá o Estado, como regra geral,
indenizar o particular. No entanto, caso a conduta do particular lesado tiver contribuído para o
resultado, a indenização devida pelo Estado deverá sofrer redução proporcional à extensão da
conduta do particular que tiver contribuído para o resultado danoso, sendo esta, inclusive, uma
situação de atenuação da responsabilidade.
Certo.

039. (CEBRASPE (CESPE)/ASPIRANTE DO CORPO DE BOMBEIROS/CBM-AL/2021) Com re-


lação à organização administrativa e à responsabilidade civil do Estado, julgue o item seguinte.
Considere que o teto de um automóvel estacionado em via pública tenha sido atingido por uma
placa de sinalização de trânsito que caiu por causa de falta da devida manutenção, o que gerou
danos materiais ao proprietário do automóvel. Nesse caso, o proprietário poderá ser indeniza-
do por conduta omissiva do Estado.

Na situação apresentada, o particular foi lesado em razão de uma omissão do Poder Público
(a falta de manutenção da placa de sinalização de trânsito). Sendo assim, o proprietário do
automóvel deverá ser indenizado em razão da conduta omissiva do Estado.
Certo.

040. (CEBRASPE (CESPE)/SOLDADO/PM-AL/2021) Com relação a conceitos e disposições


inerentes ao direito administrativo, julgue o item subsequente.
Aplica-se a compensação de culpas no caso de responsabilização concorrente entre o Estado
e um particular.

A responsabilização concorrente é uma das hipóteses de atenuação da responsabilidade civil


do Poder Público. Nesta situação, o que ocorre é a mencionada compensação de culpas, com
o desconto da culpa menor sobre a culpa maior, chegando-se assim a um valor justo de inde-
nização devida pelo Estado.
Certo.

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041. (CEBRASPE (CESPE)/AGENTE DE POLÍCIA/PC-AL/2021) A respeito da administração


pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item seguinte.
Caso a vítima tenha, de alguma forma, concorrido para a ocorrência do evento danoso, a res-
ponsabilidade civil do Estado será afastada.

Em caso de concorrência da vítima, a responsabilidade civil do Estado será atenuada, e não


afastada. O afastamento ocorre, por exemplo, em caso de culpa exclusiva da vítima.
Errado.

2. Súmulas Relacionadas com o Conteúdo Programático


Em disciplinas como a de Direito Administrativo, que não são codificadas, grande par-
te dos entendimentos são formados, além da doutrina e das leis esparsas, por Súmulas do
STF e do STJ.
Como forma de facilitar o estudo, relaciono a seguir as Súmulas Vinculantes, as Súmulas
do STF e as Súmulas do STJ que podem vir a ser exigidas em relação ao conteúdo programá-
tico de Direito Administrativo exigido no edital do concurso do INSS.

2.1. Súmulas Vinculantes do STF


JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-
-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revo-
gação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da lega-
lidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 4: Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário-mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 6: Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração infe-
rior ao salário-mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

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JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessora-
mento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função grati-
ficada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designa-
ções recíprocas, viola a Constituição Federal.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 15: O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público
não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário-mínimo.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 16: Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição,
referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 42: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de
servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provi-
mento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

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JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula Vinculante 55: O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores
inativos.

2.2. Súmulas do STF


JURISPRUDÊNCIA
Súmula 8: Diretor de sociedade de economia mista pode ser destituído no curso do man-
dato.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 11: A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, ficando o funcionário em dis-
ponibilidade, com todos os vencimentos.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 14: Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscri-
ção em concurso para cargo público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 15: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito
à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 16: Funcionário nomeado por concurso tem direito à posse.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 17: A nomeação de funcionário sem concurso pode ser desfeita antes da posse.

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JURISPRUDÊNCIA
Súmula 22: O estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 346: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 347: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a cons-
titucionalidade das leis e dos atos do poder público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 365: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 429: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 681: É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 682: Não ofende a Constituição a correção monetária no pagamento com atraso
dos vencimentos de servidores públicos.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula 683: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em
face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atri-
buições do cargo a ser preenchido.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 684: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a con-
curso público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 685: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 686: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato
a cargo público.

2.3. Súmulas do STJ


JURISPRUDÊNCIA
Súmula 137: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor
público municipal, pleiteando direitos relativos a vínculo estatutário.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 173: Compete à Justiça Federal processar e julgar o pedido da reintegração em
cargo público federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do
Regime Jurídico Único.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 218: Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual
decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão.
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JURISPRUDÊNCIA
Súmula 266: O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na
posse e não na inscrição para o concurso público.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 373: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 377: O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso
público, às vagas reservadas aos deficientes.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 378: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças salariais.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 552: O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiên-
cia para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 634: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de
Improbidade Administrativa para o agente público.
JURISPRUDÊNCIA
Súmula 651: Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena de
demissão em razão da prática de improbidade administrativa, independentemente de
prévia condenação, por autoridade judiciária, à perda da função pública.

3. Novidades Legislativas
Ainda que os pontos exigidos no edital já tenham sido apresentados, é importante conhe-
cermos as principais novidades legislativas da disciplina de Direito Administrativo, haja vista
que o CESPE tem o costume de exigir tais alterações nas provas em que organiza.
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Para facilitar a compreensão, relaciono, por meio do gráfico a seguir, as novidades do Direi-
to Administrativo pertinentes ao conteúdo programático do edital:

Lei Objeto de
Principais Modificações
Alteração

A Lei 14.210/2021 instituiu a decisão coordenada no âmbito do processo


administrativo federal.
Em linhas gerais, a decisão coordenada pode ser definida como a
instância de natureza interinstitucional ou intersetorial que atua
de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o processo
administrativo mediante participação concomitante de todas as
autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela instrução
técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilidade do
procedimento e de sua formalização com a legislação pertinente.
As decisões administrativas que exijam a participação de 3 ou mais
setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante decisão
coordenada, sempre que:
I – for justificável pela relevância da matéria; e
II – houver discordância que prejudique a celeridade do processo
administrativo decisório.
A decisão coordenada não exclui a responsabilidade originária de cada
órgão ou autoridade envolvida, devendo obedecer aos princípios da
legalidade, da eficiência e da transparência, com utilização, sempre que
necessário, da simplificação do procedimento e da concentração das
Lei 9.784/1999 instâncias decisórias.
No entanto, não se aplica a decisão coordenada aos processos
administrativos:
I – de licitação;
II – relacionados ao poder sancionador; ou
III – em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos.
A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada será consolidada em
ata, que conterá as seguintes informações:
I – relato sobre os itens da pauta;
II – síntese dos fundamentos aduzidos;
III – síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;
IV – registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das
propostas de atos governamentais relativos ao objeto da convocação;
V – posicionamento dos participantes para subsidiar futura atuação
governamental em matéria idêntica ou similar; e
VI – decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujeita à sua
competência.
Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fundamentação
da decisão da autoridade ou do agente a respeito de matéria de
competência do órgão ou da entidade representada.

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Lei Objeto de
Principais Modificações
Alteração

A Lei 14.230/2021 alterou profundamente as disposições da Lei


da Improbidade Administrativa. Os seguintes pontos merecem ser
destacados em relação a esta importante alteração legislativa:
a) Apenas será considerado ato de improbidade, independente da
modalidade, aqueles que forem praticados de forma dolosa. Considera-
se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito
tipificado, não bastando a voluntariedade do agente.
b) O mero exercício da função ou desempenho de competências
públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, afasta a
responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
c) Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de
divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que
não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente prevalecente
nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.
d) Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa
jurídica de direito privado não respondem pelo ato de improbidade que
venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente,
houver participação e benefícios diretos, caso em que responderão nos
limites da sua participação.
e) As sanções da Lei de Improbidade Administrativa não se aplicarão à
Lei 8.429/1992
pessoa jurídica, caso o ato de improbidade administrativa seja também
sancionado como ato lesivo à administração pública, nos termos da Lei
Anticorrupção.
f) Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da
sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do dano
causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo
aplicáveis as demais sanções previstas decorrentes de atos e de fatos
ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação, exceto no caso de
simulação ou de evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
g) O enquadramento de conduta funcional na categoria de improbidade
por prejuízo ao erário pressupõe a demonstração objetiva da prática de
ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das normas
constitucionais, legais ou infralegais violadas.
h) Os atos de improbidade por prejuízo ao erário exigem lesividade
relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis de
sancionamento e independem do reconhecimento da produção de
danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos.
i) Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política
por parte dos detentores de mandatos eletivos, sendo necessária a
aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente.

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Lei
Objeto de Principais Modificações
Alteração

j) O agente público será sancionado com as seguintes penas pela prática de ato de
improbidade administrativa:
- Enriquecimento ilícito: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 14 anos, pagamento de
multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com
o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 14 anos.
- Lesão ao Erário: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos até 12 anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição
de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12 anos.
- Violação dos Princípios da Administração Pública: pagamento de multa civil de até
24 vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com
o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 4 anos;
Lei k) É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 salários mínimos
8.429/1992 depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta
corrente. Também é vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu,
salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.
l) A ação para a aplicação das sanções previstas em razão da prática de improbidade
administrativa será proposta pelo Ministério Público.
m) Não se aplicam na ação de improbidade administrativa:
- a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor em caso de revelia;
- a imposição de ônus da prova ao réu;
- o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade administrativa pelo mesmo fato,
competindo ao Conselho Nacional do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições
entre membros de Ministérios Públicos distintos;
- o reexame obrigatório da sentença de improcedência ou de extinção sem resolução de
mérito.
n) O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto, celebrar
acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes
resultados: o integral ressarcimento do dano; a reversão à pessoa jurídica lesada da
vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes privados.
o) A ação para a aplicação das sanções previstas prescreve em 8 anos, contados a
partir da ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que
cessou a permanência.

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Lei
Objeto de Principais Modificações
Alteração

Com a entrada em vigor da Nova Lei das Licitações, a concessão de serviço público
Lei e a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública passaram a
8.987/1995 contar com a possibilidade de realização de licitação, também, na modalidade diálogo
competitivo, e não apenas na modalidade concorrência.

A Medida Provisória 1.132/2022 revogou os §§ 1º e 2º do artigo 45, que apresentavam a


seguinte redação:
Art. 45, § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de
pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos,
Lei na forma definida em regulamento.
8.112/1990 § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não excederá a 35% (trinta
e cinco por cento) da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados
exclusivamente para:
I – a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II – a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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