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SEGURANÇA DO

TRABALHO NO SETOR
FLORESTAL
Editora Brazil Publishing

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STANLEY SCHETTINO
LUCIANO JOSÉ MINETTE
VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
autores

SEGURANÇA DO TRABALHO
NO SETOR FLORESTAL
Comitê Científico da área Engenharias
Presidente: Professor Doutor Marcus Vinicius Girão de Morais (UnB – Engenharia Mecânica)
Professor Doutor Bruno Luis Soares Lima (Mackenzie – Engenharia Elétrica)
Professor Doutor Paulo César Machado Ferroli (UFSC – Engenharia de Produção)
Professor Doutor Alexandre Cardoso (UFU – Engenharia Elétrica)
Professora Doutora Ana Cláudia Patrocinio (UFU – Engenharia Elétrica)
Professor Doutor Itamar Iliuk (UTFPR – Engenharia Elétrica)

Editor Chefe: Sandra Heck


Diagramação e Projeto Gráfico: Brenner Silva
Revisão de Texto: Os autores
Revisão Editorial: Editora Brazil Publishing
DOI: 10.31012/978-65-5016-110-1

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


BIBLIOTECÁRIA: MARIA ISABEL SCHIAVON KINASZ, CRB9 / 626
Schettino, Stanley
S327s Segurança do trabalho no setor florestal / Stanley Schettino, Luciano José Minette,
Vinícius Pereira dos Santos – Curitiba: Brazil Publishing, 2019.
196p.: il.; 21cm

ISBN 978-65-5016-109-5

1. Segurança do trabalho. 2. Setor florestal. 3. Saúde e trabalho. I. Minette, Luciano


José. II. Santos, Vinícius Pereira dos. III. Título.

CDD 363.11 (22.ed)


CDU 331. 823

Curitiba / Brasil
2019
APRESENTAÇÃO

Contando com uma área de 528 milhões de hectares de


florestas nativas ricas em biodiversidade e quase 8 milhões de hec-
tares de reflorestamentos, aliado ao clima e solos favoráveis, o setor
florestal brasileiro vem experimentando constante desenvolvimen-
to, levando a demandas cada vez maiores por produtos de base
florestal. Entretanto, destarte o elevado grau de mecanização das
atividades florestais presente nos grandes produtores de madeira, a
grande maioria dos pequenos e médios produtores ainda são alta-
mente dependentes de mão de obra.
Tudo isso diante de um cenário em que as condições de tra-
balho são bastante peculiares, o que, invariavelmente leva ao desen-
volvimento de doenças relacionadas ao trabalho e exposição a riscos
à saúde e a integridade física dos trabalhadores. Disso resulta que o
setor florestal apresenta as maiores taxas de acidentes e mortalidade
associada ao trabalho no mundo, apesar da introdução da mecaniza-
ção de algumas atividades. Embora diversos estudos venham sendo
realizados abordando temas como a ergonomia e as condições gerais
de segurança no trabalho florestal, faz-se necessário uma abordagem
mais específica sobre a segurança do trabalho neste setor.
A partir do conhecimento e gestão dos riscos a que estão
expostos os trabalhadores florestais, torna-se possível a organiza-
ção do trabalho, o dimensionamento de máquinas, ferramentas e
postos de trabalho, além da implementação de adequadas medidas
de proteção coletivas e individuais. Com essa obra, partindo de ex-
tensa vivência prática e acadêmica, os autores se propõem a expor
todos os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho flo-
restal, bem como as medidas necessárias para seu gerenciamento,
tomando por base uma compilação de situações reais e sem deixar
de lado o atendimento a legislação pertinente, de forma a contri-
buir para a diminuição dos índices de acidentes de trabalho e de
doenças ocupacionais.
Espera-se que, com o gerenciamento de todos os riscos,
seja possível garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores flo-
restais o que, indubitavelmente, reverte-se em melhorias na quali-
dade de vida, na manutenção de sua capacidade laboral e em bene-
fícios para a sociedade como um todo.

Os Autores
ABSTRACT

Studies on safety and health in forestry work have demon-


strated the conditions to which the workers in this sector are ex-
posed, revealing the consequences for their health and the changes
of the life in the field. The performance of activities subject to cli-
matic conditions and factors such as exposure to chemical and bi-
ological agents, risk of accidents, pressure to raise yield, efficiency
and productivity, increase the physical effort in work performance,
reflecting in the increase in the number of accidents, injuries and
diseases related to work which invariably leads to a reduction in
the capacity for work and the useful life of workers.
The understanding of the applicable legislation and the
precise identification of the risks to which these workers are ex-
posed becomes a fundamental tool for the definition and imple-
mentation of measures necessary for the elimination, isolation or
mitigation of these risks, in order to contribute to the reduction
of the work accidents index and the development of occupation-
al diseases in the forestry sector. It is precisely what the authors
propose with this work where, in a clear and concise manner, they
present all the technical and legal apparatus for the correct man-
agement of occupational health and safety in the forestry sector.
PALAVRAS-CHAVE

CAPÍTULO 1
Introdução
Palavras-chave: Setor florestal, trabalho florestal, condições de
trabalho, saúde do trabalhador, precarização do trabalho;
CAPÍTULO 2
Sobre ccidentes de trabalho
Palavras-chave: Acidentes de trabalho, tipos de acidentes, causas
de acidentes, comunicação de acidente de trabalho, agentes causa-
dores de acidentes;
CAPÍTULO 3
Identificação de riscos nas atividades florestais
Palavras-chave: Riscos físicos, riscos químicos, riscos biológicos,
riscos de acidentes, riscos ergonômicos;

CAPÍTULO 4
Gestão dos riscos ocupacionais nas atividades florestais
Palavras-chave: Identificação dos riscos, avaliação dos riscos,
medidas de controle, monitoramento das ações, gerenciamento
dos riscos;

CAPÍTULO 5
Sobre normas regulamentadoras
Palavras-chave: Legislação, normas regulamentadoras, direitos
trabalhistas, deveres patronais, categorização de normas;

CAPÍTULO 6
Normas regulamentadoras aplicadas ao setor de produção florestal
Palavras-chave: Setor de produção florestal, normas aplicáveis,
orientações legais, gestão legal de riscos, conformidade legal;
CAPÍTULO 7
Segurança na operação de motosserras
Palavras-chave: Motosserras, operação de motosserras, manu-
tenção de motosserras, riscos de acidentes com motosserras, EPIs
para operação de motosserras;

CAPÍTULO 8
Segurança na colheita mecanizada
Palavras-chave: Colheita mecanizada, máquina florestal, manu-
tenção mecânica florestal, programa de prevenção de riscos am-
bientais, laudo técnico das condições ambientais de trabalho;

CAPÍTULO 9
Segurança na colheita manual e semimecanizada
Palavras-chave: Colheita manual, Colheita semimecanizada,
Operador de motosserra, Ajudante florestal, Atividades de colheita

CAPÍTULO 10
Segurança na silvicultura
Palavras-chave: Silvicultura, atividades silviculturais, tratorista
florestal, ajudante de silvicultura, riscos da atividade silvicultural;

CAPÍTULO 11
Estudos de casos
Palavras-chave: Acidente na derrubada, acidente com máquina,
acidente com motosserra, avaliação de acidentes, mapas de riscos;
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.............................................. 13
CAPÍTULO 2 - SOBRE ACIDENTES DE TRABALHO......... 19
CAPÍTULO 3 - IDENTIFICAÇÃO DE
RISCOS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS........................... 29
CAPÍTULO 4 - GESTÃO DOS RISCOS
OCUPACIONAIS NAS ATIVIDADES FLORESTAIS............ 47
CAPÍTULO 5 - SOBRE NORMAS
REGULAMENTADORAS....................................................... 61
CAPÍTULO 6 - NORMAS REGULAMENTADORAS
APLICADAS AO SETOR DE PRODUÇÃO FLORESTAL..... 71
CAPÍTULO 7 - SEGURANÇA NA
OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS....................................... 129
CAPÍTULO 8 - SEGURANÇA NA
COLHEITA MECANIZADA................................................. 135
CAPÍTULO 9 - SEGURANÇA NA COLHEITA
MANUAL E SEMIMECANIZADA....................................... 149
CAPÍTULO 10 - SEGURANÇA NA SILVICULTURA........... 157
CAPÍTULO 11 - ESTUDO DE CASOS................................. 167
REFERÊNCIAS..................................................................... 181
ÍNDICE REMISSIVO............................................................ 191
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

O setor florestal brasileiro tem como seus produtos prin-


cipais celulose e papel, painéis de madeira industrializada, carvão
vegetal, madeira serrada, lenha, pellets e biomassa para geração de
energia. Contando com uma área de 528 milhões de hectares de
florestas nativas ricas em biodiversidade e 7,84 milhões de hectares
de reflorestamentos (IBÁ, 2017). Aliado ao clima e aos solos fa-
voráveis, o setor florestal brasileiro vem experimentando constante
desenvolvimento, levando a demandas cada vez maiores por pro-
dutos de base florestal.
Entretanto, juntamente com o crescimento da produção
florestal, tem surgido maior preocupação com os aspectos e impac-
tos ambientais e sociais dessas atividades. Essa preocupação está
sendo impulsionada pela destruição de florestas tropicais e os con-
sequentes efeitos sobre o clima global (ALVES et al., 2009).
A competitividade de uma organização não depende ape-
nas de fatores econômicos, mas também de uma conduta social-
mente valorizada, que garanta a sua legitimidade e sobrevivência
no contexto ambiental. Desta forma, as empresas florestais têm
buscado assumir posturas socialmente responsáveis, destacando-se
a crescente preocupação com o meio ambiente, saúde e segurança
de seus trabalhadores, bem como a sua responsabilidade social e
ética perante a comunidade onde estão inseridas.
Por outro lado, visando suprir os acréscimos de produção
da indústria de base florestal e encontrando-se a mesma impos-
sibilitada de adquirir novas áreas para plantio, desenvolvem-se as
plantações por meio de programas de fomento florestal, arrenda-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
14 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

mentos de áreas e parcerias, além de aquisição de madeira no mer-


cado, os quais já representam o segundo lugar na matriz de supri-
mento da indústria de celulose (FISCHER, 2009). Entretanto, a
grande maioria das propriedades rurais no Brasil não está adequa-
da aos requisitos exigidos em um processo de certificação, sendo
que os principais problemas estão relacionados ao não cumpri-
mento de leis e ao direito dos trabalhadores. Esse fato demonstra,
claramente, que algumas indústrias de base florestal, mesmo que
possuidoras de seu manejo florestal certificado, ainda estão sendo
abastecidas com madeira proveniente de áreas onde este cenário
vem deixando os trabalhadores expostos à condições inadequadas
sob as óticas da legislação trabalhista e previdenciária, de ergono-
mia e de saúde e segurança do trabalho.
O trabalho florestal possui características peculiares como:
acessibilidade e mobilidade restritas, terrenos íngremes, exposição
às condições climáticas extremas, ferramentas mal desenvolvidas e
consequentemente inadequadas, além da mão de obra pouco qua-
lificada. Os trabalhadores florestais se deparam diariamente com
diversos fatores que influenciam a sua relação com o trabalho e
podem interagir criando riscos para a sua saúde como: horas ex-
tras e fadiga; pressão; insatisfação no trabalho, carga mental; sus-
cetibilidade e resposta ao estresse; condições ambientais adversas;
isolamento; trabalho em turnos entre outros. Fatores psicossociais
influenciam ainda, para piorar o cenário em que se encontram.
Muitos vivem em áreas rurais e possuem baixo nível de escolari-
dade e têm dificuldades para se adaptar às inovações tecnológicas
e são pressionados a atingir metas de produção. Esses e outros fa-
tores contribuem para o desenvolvimento de doenças relacionadas
ao trabalho e riscos à saúde e integridade física dos trabalhadores,
decorrentes de acidentes do trabalho.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 15

A pesquisa a respeito de fatores humanos e condições


de trabalho nas empresas florestais tem por objetivo aperfeiçoar
métodos e técnicas operacionais, de modo a assegurar condições
seguras, confortáveis e saudáveis no ambiente de trabalho. O co-
nhecimento dessas condições de vida e busca constante de sua
melhoria influencia diretamente a satisfação do trabalhador, le-
vando ao aumento da produtividade e da qualidade do trabalho
(SANT’ANNA, 1998), além de contribuir para a redução dos ín-
dices de acidentes de trabalho.
A frequência de dores lombares e tendinites em pessoas
que executam o trabalho florestal, tanto em posição sentada como
em pé, é fator primordial no absenteísmo repetido e prolongado do
trabalhador e dificulta sua reclassificação profissional. A frequência
destes distúrbios leva a suspeitar de uma incorreta adaptação das
ferramentais, máquinas e equipamentos ao homem, bem como de
posturas de trabalho incorretas dos trabalhadores. O planejamento
incorreto de um sistema de trabalho, bem como dos equipamentos,
ferramentas e meios auxiliares, impõe ao trabalhador solicitações
excessivas e desnecessárias, acarretando problemas de lombalgias,
de tendinites, de conforto, de fadiga precoce, de produtividade e
de incidência de erros na execução do trabalho (IIDA, 2005), bem
como contribuem na ocorrência de acidentes de trabalho durante
a execução das atividades.
De acordo com Zibetti et al. (2006), o setor rural, em que
estão inseridos os produtores de madeira, apresenta as maiores
taxas de mortalidade associada ao trabalho no mundo, apesar da
introdução da mecanização de algumas atividades. A situação do
trabalho na silvicultura e colheita de madeira expressa múltiplas
características com implicações sobre a saúde e segurança do tra-
balhador dentre outras: vulnerabilidade do contrato e do vínculo,
fraca ou nenhuma proteção social, baixo nível de renda, exposição
às elevadas cargas de trabalho e riscos presentes.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
16 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Visando garantir a integridade física e moral dos traba-


lhadores entra em cena a segurança do trabalho, que é tutelada
por um conjunto de normas e técnicas aplicáveis em vários seto-
res. Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas
para proteger o trabalhador em sua integridade e capacidade de
trabalho, evitar doenças ocupacionais e minimizar acidentes de
trabalho. É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de
normas regulamentadoras, leis complementares, como portarias e
decretos e também as convenções Internacionais da Organização
Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil (GOMES, 2012)
Segundo a Legislação Brasileira na Norma
Regulamentadora NR-17 – Ergonomia, do Ministério do
Trabalho e Emprego (BRASIL, 1990), para avaliar a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica
do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições
de trabalho. As condições de trabalho incluem aspectos relaciona-
dos ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mo-
biliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de
trabalho e à própria organização do trabalho.
Por sua vez, a Norma Regulamentadora NR-31 –
Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2005),
tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na
organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compa-
tível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da silvi-
cultura e exploração florestal com a segurança e saúde do trabalho.
Embora exista essa norma específica para o setor florestal, tal fato
não desobriga ao cumprimento das demais normas aplicáveis.
Ainda assim, a atividade florestal conduzida por empre-
sas terceirizadas ou pelo produtor florestal, tende a negligenciar as
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 17

Normas Regulamentadoras NR-17 e a NR-31, as quais não estão


sendo consideravelmente eficientes para resguardar a segurança e
a saúde do trabalhador (DAVID et al., 2014). Complementando,
Melo (2013) afirma que os acidentes do trabalho ocorrem por
práticas inadequadas no meio ambiente do trabalho, podendo-se
mencionar o não atendimento às seguintes diretrizes:
• a falta de investimento na prevenção de acidentes por
parte das empresas e dos empregadores;
• os problemas culturais que ainda influenciam a pos-
tura das classes patronal e profissional no que diz res-
peito à não priorização da prevenção dos acidentes
laborais;
• a ineficiência dos poderes públicos quanto ao estabe-
lecimento de políticas preventivas e à fiscalização dos
ambientes de trabalho;
• as máquinas e ferramentas inadequadas por culpa de
muitos fabricantes que não cumprem corretamente as
normas de segurança e orientações previstas em lei; e
• a precariedade das condições de trabalho por conta de
práticas equivocadas de flexibilização do Direito do
Trabalho, ou seja, a precarização do trabalho.
De acordo com Assunção e Câmara (2011), a adoção de
medidas preventivas visando resguardar a saúde e a segurança dos
trabalhadores, sem dúvida reverte-se em benefícios sociais e eco-
nômicos para esses trabalhadores e para a sociedade em geral.
CAPÍTULO 2
SOBRE ACIDENTES
DE TRABALHO

Em comparação com outros setores da economia, as ta-


xas de acidentes na atividade florestal, particularmente na colheita
de madeira, são extremamente altas, resultando em pesadas perdas
para os empregadores e muito sofrimento para os trabalhadores e
suas famílias.
As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores florestais,
quando comparadas com as atividades de outros setores, em geral
são consideradas pesadas e extenuantes. Trabalhando ao ar livre, o
empregado fica exposto às intempéries do clima e suas consequên-
cias, sofrendo com o calor ou frio, com a umidade, os ventos etc.
Muitas vezes, o local de trabalho fica distante de sua residência,
obrigando o trabalhador a dispender tempo e energia no trajeto,
correndo o risco de sofrer acidentes. Devido ao isolamento do lo-
cal de trabalho, geralmente faltam facilidades para o atendimento
médico e de primeiros socorros, o que agrava ainda mais a situação
no setor florestal (MEDEIROS; JURADO, 2013).
Acidentes de trabalho, conforme a Organização
Internacional do Trabalho, citada pelo Ministério Público do
Trabalho (MPT, 2008), são todos os acontecimentos inesperados e
imprevistos, incluindo os atos de violência, derivados do trabalho
ou com ele relacionados, dos quais resulta uma lesão corporal, uma
doença ou a morte, de um ou vários trabalhadores. Em uma visão
prevencionista, acidente de trabalho é toda ocorrência, inesperada
ou não, que interfere no andamento normal do trabalho e da qual
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
20 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

resulta lesão no trabalhador e, ou, perda de tempo e, ou, danos ma-


teriais, ou os três simultaneamente (GOMES, 2012).
Os acidentes do trabalho constituem um problema social
e econômico para o país. No setor de saúde, podem ser citadas
as despesas do Sistema Único de Saúde (SUS) com o custeio do
atendimento médico-hospitalar das vítimas do processo produtivo
florestal. Além disso, há que se considerar o custo social, resultado
do impacto sobre a saúde e vida do trabalhador, seus familiares e
dos grupos populacionais que vivem nos entornos das áreas produ-
tivas (ULTRAMARI et al., 2012).
O registro de acidentes do trabalho é um importante
instrumento com informações de caráter previdenciário, estatís-
tico e epidemiológico, oferecendo um respaldo trabalhista e so-
cial ao trabalhador formal brasileiro. Contudo, cabe ressaltar que a
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é de caráter obriga-
tório apenas para os trabalhadores formais. Isso implica na exclusão
dos trabalhadores em regimes informais de trabalho, estatutários e
autônomos. Além disso, as CAT restringem-se, na maioria das ve-
zes, apenas aos casos graves de acidentes, como poli traumatismos
e fraturas, não incluindo as doenças relacionadas ao trabalho, com
maior dificuldade de estabelecimento do nexo causal. Tem-se como
fragilidade a qualidade do registro de informações das CAT, já que
notifica apenas os acidentes sofridos por trabalhadores que possuem
registro na carteira de trabalho. São necessários o treinamento e a
capacitação de toda a rede de serviço associado à notificação dos aci-
dentes de trabalho, começando por empregadores e trabalhadores, e
também os profissionais de saúde responsáveis pelos diagnósticos
dos acidentados (ULTRAMARI et al., 2012).
Infelizmente, no Brasil, os acidentes são subnotificados
e, quando os dados estão disponíveis, não são desagregados, difi-
cultando a análise de acordo com as características da empresa, da
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 21

região do corpo atingida, das operações envolvidas e do perfil do


acidentado, sendo essa realidade mais expressiva quando o empre-
go é precário (ASSUNÇÃO; CÂMARA, 2011). Em seu estudo,
Begnini e Almeida (2015) evidenciam que no Brasil há falta de
informações precisas sobre o número de acidentes que ocorrem
no exercício do trabalho rural, além de ainda existir o fato de que
as subnotificações de acidentes, especialmente no meio rural, são
comuns mesmo sendo a CAT uma exigência legal.
De acordo com Gomes (2012), a ação de corrigir ou
melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode
ser definida como a busca pela “salubridade ambiental” daquele
ambiente de trabalho. Ou seja, as iniciativas da segurança do tra-
balho destinam-se ao reconhecimento, avaliação, neutralização e
controle dos riscos ambientais potenciais, originados ou existentes
no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença, com-
prometimento da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho
ou são significantes para causar desconforto entre os membros de
uma comunidade de trabalho.
Historicamente, no âmbito nacional, o percentual de
acidentes relacionados ao grupo de atividades agrícolas, pecuá-
rias e silvicultura, varia de 6 a 8% do total registrado no Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) (BRASIL, 2014). Neste
sentido, cada atividade desenvolvida nas áreas rurais possui poten-
cial de riscos de acidentes. Frente a isso, seria ideal que, periodica-
mente, tais atividades fossem observadas sob os aspectos da segu-
rança e saúde do trabalhador rural e conhecidas as estatísticas para
direcionar correção, conscientização, treinamento e procedimentos
na execução das tarefas (BEGNINI; ALMEIDA, 2015). Segundo
os autores, nas áreas rurais ainda se percebe que muitas vezes a
condição de transporte dos trabalhadores e a falta de fiscalização
dos órgãos responsáveis tornam os trabalhadores vulneráveis e fa-
vorece a ocorrência de acidentes de trajeto e típicos.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
22 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Lesões de punho e de mão são predominantes em traba-


lhadores rurais, na faixa etária compreendida entre 20 a 29 anos,
sendo a maioria das ocorrências em pessoas do sexo masculino
( JAKOBI et al., 2013). Os autores não apresentaram os fatores que
ocasionaram as lesões, mas identificaram a incidência de elevadas
taxas na silvicultura e na exploração florestal. Essas lesões podem
levar a exposição de ossos, tendões, nevos e, ou, vasos sanguíneos,
sendo que a reconstrução deve ser feita o mais rápido possível,
constituindo-se em grande desafio para os especialistas. Com o
avanço tecnológico instalado e o manuseio das tecnologias por
parte dos trabalhadores, essas lesões e traumas tem se configurado
mais complexas (TEIXEIRA; FREITAS, 2003).
Visando identificar a fonte de tantos agravos a segurança
do trabalho no setor florestal, o Ministério Público do Trabalho de
Minas Gerais (MPT, 2014), durante um inquérito investigatório,
afirmou que a falta de preocupação com a segurança do traba-
lho no setor florestal vem contribuindo fortemente para um in-
desejável acréscimo nos índices e na gravidade dos acidentes de
trabalho nos empreendimentos florestais. Os principais aspectos
negativos relatados foram: não fornecimento de Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs); não instalação de Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes (CIPA); não realização de exames mé-
dicos periódicos; falta de materiais de primeiros socorros nas fren-
tes de trabalho, bem como de pessoal treinado para sua utilização;
falta de treinamento para utilização de motosserras; jornada exces-
siva sem contraprestação; levantamento e transporte de cargas com
peso excessivo; dentre outras.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 23

TIPOS DE ACIDENTES DE TRABALHO


Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho, a serviço da empresa, com o segurado empregado, tra-
balhador avulso, bem como com o segurado especial, enquanto no
exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou pertur-
bação funcional que cause a morte, a perda ou redução, temporária
ou permanente, da capacidade para o trabalho. Este é o denomi-
nado conceito previdenciário, do ponto de vista legal, conforme
Brasil (1991).
É considerado como acidente do trabalho:
• Doença profissional, assim entendida a produzida
ou desencadeada pelo exercício do trabalho pecu-
liar a determinada atividade, constante da relação de
que trata o anexo II do Regulamento da Previdência
Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99;
• Doença do trabalho, assim entendida ou adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se relacione dire-
tamente, desde que constante da relação de que trata
o anexo II do Regulamento da Previdência Social –
RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99;
• Em caso excepcional, constatando-se que a doen-
ça não incluída na relação constante do anexo II do
Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado
pelo Decreto 3.048/99, resultou de condições espe-
ciais em que o trabalho é executado e com ele se rela-
ciona diretamente, a Previdência Social (INSS) deve
equipará-la a acidente do trabalho.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
24 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Equiparam-se também a acidente do trabalho:


• Acidente ligado ao trabalho que embora não tenha
sido a causa única, haja contribuído diretamente para
a morte do trabalhador, ou que tenha produzido lesão
que exija atenção médica para a sua recuperação;
• Acidente sofrido pelo trabalhador no local e horá-
rio de trabalho, em consequência de ato de agressão,
sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
• Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por
motivo de disputa relacionada com o trabalho;
• Ato de imprudência, de negligência ou imperícia de
terceiro, ou de companheiro de trabalho;
• Ato de pessoa privada do uso da razão;
• Desabamento, inundação, incêndio e outros casos
fortuitos decorrentes de força maior;
• Doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de sua atividade;
• Acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do
local e horário de trabalho, na execução de ordem ou
na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
na prestação espontânea de qualquer serviço à em-
presa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar pro-
veito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para
estudo, quando financiada por esta, dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão de obra, inde-
pendente do meio de locomoção utilizado, inclusive
veículo de propriedade do segurado; no percurso da
residência para o local de trabalho ou deste para aque-
la, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive
veículo de propriedade do segurado.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 25

• No período destinado à refeição ou descanso, ou por


ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológi-
cas, no local do trabalho ou durante este, o empregado
será considerado no exercício do trabalho.
Obs.: Entende-se como percurso o trajeto da residência
ou local de refeição para o trabalho ou deste para aqueles, indepen-
dentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção
voluntária do percurso habitualmente realizado pelo trabalhador.
Dadas as particularidades do setor e do trabalho florestal,
especial atenção deve ser dada ao deslocamento dos trabalhadores
desde e até as frentes de trabalho, visto que, na maioria das vezes,
são necessários grandes deslocamentos por estradas geralmente
em péssimas condições de manutenção. Ainda, outro ponto de
atenção refere-se aos veículos de transporte de pessoal e materiais,
reforçando que trabalhadores, máquinas, ferramentas e insumos
devem ser transportados em compartimentos separados.

CAUSAS DE ACIDENTES DE TRABALHO


Basicamente, existem três grupos de causas de acidentes
de trabalho, descritas a seguir. Entretanto, qualquer que seja a cau-
sa, é importante ressaltar que “nem todo acidente é um aciden-
te” visto que a perspectiva de acidente pode não ser verdadeira ao
considerarmos os riscos de nossas escolhas. Ou seja, em qualquer
situação é quase certo de que com uma boa escolha pode evitar a
ocorrência dos acidentes.
Atos inseguros (inadequados) - são todos os proce-
dimentos do homem que contrariem normas de prevenção de
acidentes:
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
26 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Ficar junto ou sob cargas suspensas;


• Colocar parte do corpo em lugar perigoso;
• Operar máquinas ou equipamentos sem habilitação
ou autorização;
• Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga / tenta-
tiva de ganhar tempo;
• Lubrificar ou ajustar máquinas em movimento;
• Improvisação ou mau emprego de ferramentas ma-
nuais;
• Alterar dispositivos de segurança;
• Não uso de EPI´s – Equipamentos de Proteção
Individual;
• Deixar de seguir as orientações superiores;
• Brincadeiras e exibicionismo / excesso de confiança;
• Preparo insuficiente para o trabalho.
Condições inseguras - são as circunstâncias externas de
que dependem as pessoas para realizar seu trabalho que sejam in-
compatíveis ou contrárias com as normas de segurança e preven-
ção de acidentes:
• Áreas insuficientes, corredores obstruídos, arranjo fí-
sico mal projetado;
• Pisos fracos e irregulares;
• Excesso de ruído / iluminação inadequada;
• Instalações elétricas impróprias ou com defeitos;
• Falta de organização e limpeza;
• Ventilação ou exaustão inadequada ou defeituosa;
• Localização imprópria das máquinas;
• Falta de proteção em partes móveis e de agarramento;
• Máquinas apresentando defeitos, desvios ou improvi-
sações de processos;
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 27

• Proteção insuficiente ou totalmente ausente;


• EPI’s impróprios ou com defeitos.
Fator pessoal de insegurança - é qualquer fator exter-
no que leva o indivíduo à prática do ato inseguro: características
físicas e psicológicas (depressão, tensão, excitação, neuroses etc.),
social (problemas de relacionamentos, preocupações com neces-
sidades sociais, educação, dependências químicas etc.), congênitos
ou de formação cultural que alteram o comportamento do traba-
lhador permitindo que cometa atos inseguros.
CAPÍTULO 3
IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS
NAS ATIVIDADES FLORESTAIS

No contexto laboral, o risco pode ser entendido como a


possibilidade ou a probabilidade de um trabalhador sofrer uma
lesão ou danos à sua integridade física ou psíquica quando exposto
ao perigo. Em outras palavras, o risco de acidente pode ser definido
como a combinação da probabilidade e da gravidade (consequên-
cia) de um determinado evento (perigo) ocorrer. A relação entre
perigo e exposição, seja a imediata ou em longo prazo, pode resul-
tar em risco para ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais
(OIT, 2011).
No Brasil, a legislação considera como riscos ambientais
os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou in-
tensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saú-
de do trabalhador (BRASIL, 1978). Sob essa ótica, consideram-se
agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar
expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações
não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom; como agen-
tes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da
atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão; e, como agentes bio-
lógicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,
entre outros.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
30 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Entretanto, em uma visão prevencionista, mais dois gru-


pos de agentes de risco são adicionados a esse conjunto: os agentes
ergonômicos e os de acidentes.
São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, le-
vantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de pro-
dutividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno,
jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, im-
posição de rotina intensa. Os riscos ergonômicos podem gerar dis-
túrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde
do trabalhador porque produzem alterações no organismo e estado
emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança,
tais como: lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomuscu-
lares relacionados ao trabalho (LER/DORT), cansaço físico, dores
musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doen-
ças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e
úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc.
Por sua vez, os riscos de acidentes são quaisquer fatores
que coloquem o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar
sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos
de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção,
probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado,
armazenamento inadequado etc. Tais acidentes, geralmente, são
causados por atos inseguros (ações do homem que contrariem as
normas de segurança do trabalho); condições inseguras (relativas
ao ambiente de trabalho); e o fator pessoal de insegurança (relativo
ao estado emocional do trabalhador, desviando sua atenção).
As atividades florestais, na maioria das situações laborais,
apresentam riscos ocupacionais influenciados por diversos fatores
característicos do setor, tais como: exposição a intempéries e riscos
naturais; demanda de esforço físico considerável; posturas inade-
quadas; condições ambientais precárias; maquinários, ferramentas
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 31

e equipamentos perigosos; aplicação, manipulação e, ou, exposição


a reagentes químicos, dentre outros. De acordo com Vianna et al.
(2011), os possíveis agentes de riscos ocupacionais encontrados em
um ambiente de trabalho e os prováveis efeitos sobre os trabalha-
dores desses ambientes estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Agentes de riscos ocupacionais, suas fontes geradoras e os efeitos


ao trabalhador
Agentes Fontes Geradoras Efeitos nocivos à saúde
Efeitos de acidentes químicos
Substâncias, compostos ou
(explosões, incêndios etc.). Con-
produtos que penetram no
taminações químicas com efeitos
organismo, por exposição
carcinogênicos, teratogênicos, sis-
crônica ou acidental, pela via
têmicos (como os neurotóxicos),
Químicos respiratória ou absorvidos
irritantes, asfixiantes, anestésicos,
pelo organismo através da
alérgicos, problemas pulmonares,
pele ou por ingestão. Incluem
anemias, danos à medula e ao cé-
os riscos químicos por explo-
rebro, diversos tipos de intoxica-
sões e incêndios
ções, leucemia, entre outros.
Fadiga, gripes, resfriados, desidra-
tação, hipertermia, câimbras etc.
Redução da capacidade auditiva,
surdez, nervosismo (estresse), do-
res de cabeça, falta de concentra-
ção, aumento do batimento cardí-
Temperaturas extremas (calor,
aco etc.
frio e umidade).
Choques elétricos, inclusive fatais;
Ruído
fontes de incêndios.
Eletricidade
Físicos Afogamentos, distúrbios neuroló-
Pressões anormais
gicos, embolia pulmonar, proble-
Vibrações
mas cardiovasculares e psíquicos.
Radiações ionizantes
Distúrbios osteomusculares, perda
Radiações não ionizantes
de sensibilidade tátil, problemas
nas articulações, circulação perifé-
rica e rins.
Câncer, anemias, cataratas etc.
Problemas neurológicos, câncer de
pele, vasodilatação, catarata etc.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
32 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Microorganismos patogêni- Doenças contagiosas diversas (tu-


cos (bactérias, fungos, bacilos, berculose, tétano, malária, febre
parasitas, protozoários, vírus amarela, tifóide, micoses etc.), in-
Biológicos
etc.) clusive gripes e resfriados.
Vetores (mosquitos, ratos, Doenças contagiosas e feridas por
morcegos etc.) mordidas
Cansaço, lombalgia, LER-DORT,
Esforços físicos, posturas for-
fraqueza dos músculos, hiperten-
çadas, ritmos excessivos, mo-
são arterial, diabetes, úlcera, taqui-
Ergonômicos notonia, turnos de trabalho,
cardia, problemas na coluna, pro-
movimentos repetitivos, ilu-
blemas de visão, dores de cabeça,
minação deficiente etc.
risco de acidentes etc.
Acidentes com quedas, veícu- Traumatismos diversos e morte
Acidentes los e máquinas Envenenamento por picada de co-
Animais peçonhentos bra, escorpião, aranha etc.

Dessa forma, conhecer os riscos ocupacionais a que se


expõem os trabalhadores torna-se fundamental para evitar a ocor-
rência de danos à saúde ou à integridade física do trabalhador. A
Tabela 2 apresenta os principais agentes de riscos ocupacionais
identificados, analisados de acordo com as principais atividades
florestais desenvolvidas e respectivas condições de trabalho, bem
como as medidas preventivas propostas.
Tabela 2 – Agentes de riscos ocupacionais identificados nas atividades florestais
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Lesão leve (escoriações)
Falha operacional
Lesão grave (fraturas, esmagamento, Treinamento, transporte de
Acidente de trânsito Falha de Máquinas, Veículos e
cortes profundos, amputações, queima- trabalhadores em veículos
Atropelamento Equipamentos
duras, intoxicação, afogamento, óbito) adequados
Falta de Sinalização
Danos materiais
Falha operacional
Acidente decorrente de ve- Lesões leves e graves (cortes profundos,
Falha de Máquinas e Veículos
getações (cipós, espinhos, perfurações, alergias, intoxicações, irri- Treinamento, uso de EPIs
Falta de capacitação para a exe-
galhos, folhas, outros) tações, torções)
cução da atividade
Falha operacional Treinamento, manutenção de
Lesão grave
Afogamento Falha de Máquinas e Veículos máquinas e veículos, sinaliza-
Óbito
Falta de capacitação ção
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

Permanência prolongada em Irritação de vias respiratórias


área com gases e/ou vapores da
queima Intoxicação
Treinamento, uso de EPIs,
Permanência em área com altas
manutenção de máquinas e
temperaturas sem o consumo Desidratação
Combate a Incêndios adequação de ferramentas,
suficiente de água
formação de brigadas de in-
Falha operacional ou de equi- Queimadura leve cêndios
pamentos durante extinção do
incêndio ou durante evacuação Queimadura grave
de áreas Óbito
33
34
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Falha operacional ou do equi- Lesão leve / escoriações
pamento durante construção
Desmoronamento, desaba- Treinamento, uso de EPIs,
ou conservação de bueiros, va- Lesão grave (fraturas / esmagamento /
mento manutenção de máquinas
letas e outras obras de arte. óbito)
Resgate em local confinado
Queimadura de 1º grau - leve (verme-
Trabalho a céu aberto lhidão) Uso de EPIs, uso de protetor
Exposição solar
Falha operacional (proteção) solar, pausas para reidratação
Insolação
Irritação cutânea
Contato com água em local
Exposição à umidade úmido (orvalho), alagado ou Dermatites Uso de EPIs, treinamento
encharcado
Gripe, resfriado, sinusite
Queimaduras leves (vermelhidão)
Trabalho a céu aberto /
Exposição ao frio Dermatites Uso de EPIs, treinamento
falha operacional (proteção)
Gripe, resfriado, sinusite
Trabalho em relevo acidentado Fadiga muscular
Exposição a terrenos ir- Lesão leve (escoriações)
regulares (buracos, tocos, Falha operacional durante des- Treinamento, uso de EPIs
outros) locamento na área e execução Lesão grave (fratura, cortes profundos,
das atividades esmagamento, amputação)
Óbito
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Revolvimento do solo, trans- Irritação das vias respiratórias
porte, locomoção, execução das
Exposição à poeira atividades Irritação cutânea Treinamento, uso de EPIs

Contato Conjuntivite
Iluminação ineficiente em áre-
Exposição à baixa lumino-
as de trabalho (noite, dias nu- Treinamento, uso de EPIs,
sidade
blados e escuros, etc.) Fadiga visual, dores de cabeça adequação da iluminação das
Exposição à alta luminosi- Iluminação excessiva (farol ou máquinas
dade luz solar)
Trabalho com cargas Fadiga muscular
Execução de atividades di- Lombalgias e dores musculares Treinamento postural, gi-
versas nástica laboral, adequação
Manuseio e levantamento, Postura ergonomicamente ina- Doença ocupacional ergonômica de móveis, má-
carregamento de manual dequada quinas e
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

cargas Excesso de carga Lesão leve ferramentas


Lesão grave (coluna)
Irritação cutânea

Exposição a produtos quí- Falha operacional Dermatite Treinamento, uso de EPIs,


micos Falha de equipamentos Intoxicação exames médicos periódicos

Irritação das mucosas


35
36
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas

Exposição a descargas at- Trabalho a céu aberto Lesão leve (queimaduras leves)
Treinamento
mosféricas Falha operacional Lesão grave (queimaduras) Óbito

Exposição a queda de ga- Falha operacional durante des- Lesão leve (escoriações)
lhos, troncos, árvores, ou- locamento na área e execução Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs
tros das atividades cortes profundos, óbito)
Desconforto, incômodo Treinamento, uso de EPIs,
Operação de veículos, máqui-
Exposição a vibração manutenção de máquinas e
nas e equipamentos Dores musculares e lombares equipamentos

Batida da ferramenta em pe- Desconforto, incômodo


Exposição a impacto Treinamento, uso de EPIs
dras, tocos, etc. Dores musculares e lombares
Desconforto, incômodo Treinamento, uso de EPIs,
Funcionamento de equipa-
Exposição a ruído Perda auditiva induzida por ruído manutenção de máquinas e
mentos, máquinas e veículos
(PAIR) equipamentos

Exposição a gases de com- Funcionamento do motor /


Irritação de vias respiratórias Treinamento, uso de EPIs
bustão inalação
Contato com equipamentos, Queimadura leve (1º grau)
Exposição a temperaturas Uso de EPIs, uso de protetor
superfícies, componentes e
extremas Queimadura grave Óbito solar, pausas para reidratação
substâncias quentes
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Irritação de vias respiratórias
Irritação das mucosas
Exposição ao herbicida, Falha operacional Treinamento, uso de EPIs,
Intoxicação
fungicida e inseticida Falha de equipamentos exames médicos periódicos
Irritação cutânea
Dermatites
Exposição à radiação não
Atividade de solda Queimadura leve Treinamento, uso de EPIs
ionizante

Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas


Queimadura leve
Exposição a choque elé- Queimadura grave. Óbito Treinamento, uso de EPIs,
trico/painéis de força/con- Falha operacional
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

Lesão leve (escoriações) manutenção de máquinas e


tato com equipamentos Falha do equipamento
equipamentos
energizados
Lesões graves (fraturas, esmagamento,
cortes profundos, óbito)
Exposição a material par- Falha operacional
Lesão ocular Treinamento, uso de EPIs
ticulado da madeira Falha do equipamento

Exposição à resinas de ma- Falha operacional Irritação cutânea


Treinamento, uso de EPIs
deiras Falha do equipamento Dermatites
37
38
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas

Falha operacional Irritação das mucosas


Exposição de GLP Treinamento, uso de EPIs
Falha do equipamento Lesão grave (Intoxicação) Óbito
Falha operacional no manu- Distúrbios intestinais
Exposição a agentes bioló- Treinamento, uso de EPIs,
seio e conservação de alimen-
gicos (fungos e bactérias) Intoxicação alimentar exames médicos periódicos
tos

Exposição a líquidos Contato com equipamentos e Queimadura leve (1º grau)


Treinamento, uso de EPIs
quentes líquidos quentes Queimadura grave Óbito
Utilização dos bicos de ar na
Lesão leve (escoriações)
limpeza geral
Exposição a ar comprimido Treinamento, uso de EPIs
Utilização dos bicos de ar na Lesão leve (escoriações)
limpeza geral Embolia
Lesão leve (escoriações)
Falha Operacional Queimaduras Treinamento, uso de EPIs,
Emprego de ferramentas Falha do equipamento
Lesões graves (queimaduras, fraturas, manutenção de máquinas e
abrasivas Lançamento de partículas
amputações, cortes profundos) adequação de ferramentas
abrasivas
Óbito
Ignição de produtos quí- Queimadura leve
Ignição de produtos químicos/
micos e, ou, resíduos infla- Treinamento, uso de EPIs
resíduos inflamáveis Queimadura grave Óbito
máveis
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Queimadura leve
Incêndio ou explosão de Ignição do produto inflamável
Queimadura grave
veículos, máquinas, equi- Falha operacional Treinamento, uso de EPIs
Óbito
pamentos, sedes, outros Falha de máquinas e veículos
Danos materiais
Lesão leve (escoriações) Treinamento, uso de EPIs,
Falha operacional
Manuseio de equipamento Lesões graves (fraturas, esmagamento, manutenção de máquinas e
Falha do equipamento
cortes profundos, amputações, óbito) equipamentos

Manuseio de materiais e Lesão leve (escoriações) Treinamento, uso de EPIs,


Falha operacional
ferramentas cortantes e, Lesões graves (fraturas, esmagamento, manutenção de máquinas e
Falha do equipamento
ou, perfurantes cortes profundos, amputações, óbito) adequação de ferramentas

Falha Operacional
Lesão leve (escoriações) Treinamento, uso de EPIs,
Falha da máquina ou veículo
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

Movimentação de máqui-
manutenção de máquinas e
nas e veículos Tombamento da máquina ou Lesões graves (fraturas, esmagamento, equipamentos
veículo cortes profundos, amputações, óbito)
Movimentos Repetitivos e Treinamento, ginástica la-
Execução da atividade Dores musculares e lombares
Esforço Físico boral, rodízio de atividades
39
40
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Falha Operacional. Lesão leve (escoriações)
Falha na comunicação entre
Movimentação de operador e ajudante . Treinamento, uso de EPIs,
máquinas Falha de Equipamento Lesões graves (fraturas, esmagamento, manutenção de máquinas e
Arraste de toras (rompimento de cabo de aço, cortes profundos, amputações, óbito) equipamentos
corrente ou mangueira da garra).
Tombamento de máquina.
Animal assustado por motivos Lesão leve (escoriações)
diversos (coice, mordida)
Treinamento, uso de
Manejo de animais Deslocamento de tora durante
Lesões graves (fraturas, esmagamento, EPIs, manutenção de
durante o arraste arraste Falha Operacional
cortes profundos, amputações, óbito) equipamentos
Falha do Equipamento
(rompimento de corrente)
Falha operacional Falha do
Lesão leve (escoriações) Treinamento, uso de EPIs,
Prensamento por equipamento
manutenção de máquinas e
equipamentos Falha operacional Falha do Lesões graves (fraturas, esmagamento, equipamentos
equipamento cortes profundos, amputações, óbito)

Picadas de animais Lesão leve (escoriações)


Deslocamentos na área para
peçonhentos Mordidas Lesões graves Treinamento, uso de EPIs
execução de atividades diversas
de animais Óbito
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Lesão leve (escoriações)
Queda de elevações Queda de elevações Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs
cortes profundos, amputações, óbito)
Lesão leve (escoriações)
Queda de pessoas Falha operacional ou de Treinamento, uso de EPIs
equipamento durante a Lesões graves (fraturas, esmagamento,
execução de trabalho em cortes profundos, amputações, óbito)
altura acima de 2 metros e, ou, Lesão leve (escoriações)
Queda de materiais no resgate em altura
Queda de escadas Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs
Queda de equipamentos
cortes profundos, amputações, óbito)
Falha operacional ou do Lesão leve (escoriações)
Queda de madeira ou de
veículo durante colocação
materiais das cargas de Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs
e retirada dos cabos de
veículos cortes profundos, amputações, óbito)
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

amarração ou transporte
Lesão leve (escoriações)
Rescaldo de incêndio e Falha operacional Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs,
explosão Falha do equipamento cortes profundos, amputações, formação de brigadistas
queimaduras, intoxicações, óbito)
41
42
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Falha de equipamento
Respingo e vazamento de Falha operacional durante
óleo diesel, gasolina, óleo Queimadura leve
abastecimento de veículos, Treinamento, uso de EPIs
lubrificante, solvente e máquinas e equipamentos
derramamento de graxa
Ignição do produto inflamável Queimadura grave sobre a pele
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Perigo/Risco Modo de ocorrência Impacto / Dano Medidas preventivas
Falha operacional
Lesão leve (escoriações)
Rolagem de toras por em- Falha do equipamento
Treinamento, uso de EPIs
pilhamento inadequado Falha operacional Lesões graves (fraturas, esmagamento,
Falha do equipamento cortes profundos, amputações, óbito)
Falha operacional durante a
movimentação
Tombamento de tambores, Lesões graves (fraturas, esmagamento, Treinamento, uso de EPIs,
Armazenamento inadequado
galões e bombonas cortes profundos, amputações, óbito) adequação dos depósitos
no depósito
Irregularidade do terreno
Lesão leve (escoriações)
Tombamento ou capota- Treinamento, uso de EPIs,
mento de veículos Falha operacional Lesões graves (fraturas, esmagamento, uso de veículos adequados
Queda (da máquina, mo- Falha da máquina ou veículo cortes profundos, amputações, óbito) para o transporte de traba-
tocicleta ou bicicleta) lhadores
Danos materiais
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

Contato com socorridos, ani-


Desenvolvimento de do- Uso de EPI’s, exames médi-
mais e rios pelos trabalhadores Doenças diversas
enças contagiosas cos periódicos.
e brigadistas de incêndio
43
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
44 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

POSSÍVEIS SINTOMAS OU DANOS DOS


AGENTES DE RISCO IDENTIFICADOS
Ruído
O ruído contínuo ou intermitente, quando presente no
ambiente laboral em níveis ou tempos de exposição acima dos
indicados na NR 15, ou em pessoas de extrema suscetibilidade,
pode causar uma série de distúrbios que se manifestam na forma
de cansaço, dores de cabeça aumento da pressão arterial, problemas
digestivos, ulcerações e taquicardia. Com o passar dos anos a expo-
sição contínua a níveis de ruído acima do recomendado pode levar
à perda gradativa da capacidade auditiva para certas frequências
sonoras, de forma permanente e irreversível. Já o ruído de impacto
pode levar a uma surdez imediata, temporária ou permanente.

Vibrações
As vibrações de partes localizadas ou de corpo inteiro,
de forma frequente e contínua, em trabalhadores expostos a esse
agente de risco pode manifestar-se em cansaço, irritação, dores
musculares e articulares de membros, dores na coluna vertebral,
doenças dos movimentos, artrite, problemas digestivos, desloca-
mento de órgãos, lesões ósseas, musculares e circulatórias.

Umidade
A exposição contínua à umidade tanto de partes do corpo,
como do corpo inteiro, leva à predisposição de ocorrência de doen-
ças de pele, dificultam a circulação sanguínea, favorecem a ocorrên-
cia de doenças respiratórias e ainda facilitam a ocorrência de quedas
que levarão a outros tipos de lesões dos funcionários expostos.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 45

Radiações Não Ionizantes


As radiações não ionizantes, em contato direto ou indire-
to contínuo causam queimaduras, lesões oculares e térmicas, além
de alterações de tecidos de órgãos internos.

Temperaturas Extremas (Calor e Frio)


Podem favorecer a ocorrência de doenças pulmonares,
gripes e resfriados, intermação, desidratação e outras, além de
queimaduras.

Poeiras
Oferecem risco de os trabalhadores contraírem doen-
ças ligadas ao aparelho respiratório. Algumas atividades, como o
transporte de madeira por exemplo, podem acabar gerando uma
doença chamada silicose, que é causada pela inalação de partículas
de dióxido de silício cristalino, substância encontrada nas rochas
da crosta terrestre.

Fumos Metálicos
A exposição contínua a fumos metálicos pode causar do-
ença pulmonar obstrutiva, febre dos fumos metálicos e ainda, into-
xicação específica ao metal utilizado na operação de solda.

Névoas, Neblinas, Gases e Vapores


A exposição a esses agentes de risco pode levar a proble-
mas de intoxicação aguda ou crônica, podendo ter ação depressiva
do sistema nervoso, levando à ocorrência de vertigens, problemas
respiratórios, falta de coordenação motora e desmaios, podendo
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
46 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

ainda causar lesões dérmicas, taquicardia, asfixia, náuseas, altera-


ções dos órgãos internos, problemas gastrintestinais, contrição da
garganta, letargia, cefaleia, retenção urinária, anorexia, cólicas ab-
dominais, confusão mental, coma e morte.

Produtos Químicos
O manuseio de produtos contendo substâncias químicas
como hidrocarbonetos aromáticos, bem como tintas, óleos, solven-
tes, graxas, querosene, detergentes e outros, pode causar lesões na
pele, além de favorecer a ocorrência de outras doenças dérmicas e
até a intoxicação por algum componente específico dos produtos
manuseados, conforme descrito acima.

Riscos Biológicos
Pode provocar a contaminação direta ou indireta por mi-
cro-organismos causadores de doenças infectocontagiosas ou não,
como tétano, meningite e verminoses, além de lesões epidérmicas,
dentre outras consequências.

Riscos Ergonômicos
Pode provocar o desenvolvimento de lesões por esforços
repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(LER/DORT), provocando a incapacidade temporária ou perma-
nente do trabalhador para o desenvolvimento de suas atividades.
CAPÍTULO 4
GESTÃO DOS RISCOS
OCUPACIONAIS NAS
ATIVIDADES FLORESTAIS

Para uma perfeita descrição do sistema de trabalho de


qualquer organização, bem como das atividades desempenhadas
pelos seus funcionários nos diferentes setores de trabalho, devem
ser realizadas inspeções em todas as frentes de trabalho, instalações
e seções da organização e entrevistas com os funcionários, encarre-
gados e chefias, para que possam ser delineadas as condições gerais
de trabalho, as atitudes dos funcionários quanto à prevenção de
acidentes e organização e limpeza, seu nível de conhecimento téc-
nico-operacional, bem como para se obter uma noção preliminar
dos riscos presentes no ambiente laboral, o número de funcionários
expostos aos agentes de risco e a noção que os trabalhadores têm
em relação aos riscos do seu trabalho. Tudo isso vai de encontro
aos pressupostos das Normas Regulamentadoras (NRs), principal-
mente na NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(BRASIL, 1978).

Levantamento qualitativo de riscos


O levantamento qualitativo de riscos (ou identificação
de riscos) deve ser efetuado através de inspeções em cada fren-
te de trabalho ou a cada setor da empresa, buscando-se identi-
ficar a existência de agentes de riscos químicos, físicos, bioló-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
48 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

gicos, ergonômicos e de acidentes, suas fontes e trajetórias, os


Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual existentes e sua
eficiência de controle.

Levantamento quantitativo de riscos


Quando forem identificados agentes de risco passíveis
de quantificação, como ruído, temperaturas extremas, ilumina-
ção, vibração e exposição a produtos químicos, gases e poeiras, os
mesmos devem ser mensurados com a utilização de equipamentos
específicos para tal fim, seguindo os procedimentos técnicos para
tais determinações quantitativas, utilizando-se também dados de
levantamentos anteriores, quando disponíveis.
Quando os valores encontrados forem superiores aos
níveis de ação estabelecidos nas Normas Regulamentadoras, os
mesmos terão prioridade de controle quando da elaboração dos
Cronogramas de Implantação de Medidas de Controle de Riscos
a serem cumpridos pela organização.

Definição do tempo de exposição aos riscos


A determinação do tempo de exposição dos funcionários
de cada função, ou posto de trabalho, aos agentes de risco iden-
tificados deve ser efetuada juntamente com as etapas anteriores,
através do acompanhamento do desempenho das atividades la-
borais dos trabalhadores, o depoimento pessoal dos mesmos e de
suas chefias, quando aplicável. Uma alternativa técnica para esta
definição é a realização de um estudo de tempos e movimentos,
para cada uma das atividades desempenhadas pelos trabalhadores.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 49

Descrição dos possíveis danos à saúde


A determinação dos possíveis danos que podem ser cau-
sados pelos agentes de risco à saúde dos trabalhadores pode ser
efetuada através de pesquisa bibliográfica e pelo conhecimento
técnico dos profissionais envolvidos com a execução do Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais. Esta determinação visa es-
clarecer aos funcionários, e a própria organização, a respeito das
possibilidades de comprometimento da saúde pela exposição aos
agentes de risco, além de subsidiar o planejamento e a determi-
nação de procedimentos a serem adotados nos exames realizados
dentro do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), bem como auxiliar na caracterização de nexo causal
dos agentes de risco e as doenças ocupacionais.

Mapeamento de riscos
Os mapas de risco deverão ser elaborados a partir das fi-
chas de análise de risco funcional e divulgados pela empresa, junto
aos funcionários a respeito dos agentes de risco presentes no seu
ambiente de trabalho. Vale destacar que a elaboração dos mapas de
risco é atribuição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
do Trabalho Rural – CIPATR, conforme explicitado na NR-31,
de acordo com o número de trabalhadores registrados que traba-
lham na organização (fazenda ou empresa).
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
50 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Estabelecimento de medidas de controle de riscos


Depois de identificados e avaliados os agentes de risco
presentes em cada função, devem ser estabelecidas as medidas de
controle de riscos, as quais devem obedecer a uma hierarquia que
priorize a adoção, em primeiro lugar, de medidas de ordem geral (ou
de proteção coletiva) que eliminem ou reduzam os agentes de risco
detectados e, posteriormente, medidas que previnam a liberação e
reduzam a concentração de tais agentes no ambiente de trabalho.
Caso essas medidas sejam inviáveis tecnicamente, ou
mostrem-se insuficientes, ou ainda, estiverem em fase de estudo,
planejamento ou implantação, deverão ser adotadas medidas de
caráter emergencial, como medidas administrativas e/ou de caráter
individual, com fornecimento, treinamento e obrigatoriedade de
uso de Equipamentos de Proteção Individual, os quais devem ter o
seu fornecimento e uso controlados em fichas específicas.
As medidas de controle de riscos a serem implantadas
deverão ter sua execução planejada segundo o estabelecimento de
um Cronograma de Implantação de Medidas de Controle, no qual
estarão discriminadas as medidas necessárias para se controlar os
riscos, com programação mensal e previsão anual, atribuindo-se
responsabilidades para a sua execução.

Avaliação dos EPI’s utilizados e sua adequação


dos riscos
A verificação dos Equipamentos de Proteção Individual
fornecidos e utilizados pelos funcionários de cada função deve
ser realizada pela observação das fichas de controle de entrega de
EPI’s, e pela observação in loco dos funcionários durante o desem-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 51

penho das suas atividades. Através dessas constatações, entrevis-


tas com os funcionários e o levantamento dos riscos existentes em
cada setor de trabalho, deve ser avaliada a eficiência de proteção
dos EPI’s fornecidos para cada função, e a sua efetiva utilização
pelos funcionários.
Caso esses equipamentos não estejam disponíveis ou se-
jam inadequados ou ineficientes para o controle dos riscos existen-
tes, deverá ser determinada a imediata aquisição e/ou adequação
dos mesmos pelo empregador.
Como a simples entrega dos EPI’s aos trabalhadores, sem
um devido treinamento quanto à sua utilização e, sem a exigência
de uso, constitui-se em uma medida de resultado prático e legal ine-
ficientes, deverão ser estabelecidos procedimentos específicos para
a conscientização dos trabalhadores e chefias para a utilização dos
EPI’s, bem como da sua obrigatoriedade e monitoramento de uso.

Monitoramento ambiental do ambiente


de trabalho
O monitoramento quantitativo de agentes de risco pre-
sentes no ambiente de trabalho deverá ser realizado logo após a
adoção das medidas de controle, quando aplicável, para que se
possa caracterizar a eficiência das mesmas, através da redução da
intensidade desses agentes.
Posteriormente, deverão ser realizados levantamentos
anuais visando demonstrar o efetivo controle dos agentes de risco,
pela manutenção de sua intensidade a níveis aceitáveis ou pela sua
eliminação do ambiente laboral, ou ainda para constatar a necessi-
dade de adoção de outras medidas de controle, caso aquelas adota-
das não tenham atingido seus objetivos.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
52 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Monitoramento biológico
A realização dos exames complementares periódicos pe-
los trabalhadores, além de atestar a sua condição de saúde, também
servirá de parâmetro para a identificação de problemas de exposi-
ção a agentes de risco presentes no ambiente de trabalho que, pela
análise do Médico do Trabalho, poderá demonstrar a necessidade
de adoção de medidas de controle, as quais deverão ser adotadas
em caráter emergencial.

Treinamento
Para que todos os funcionários tenham pleno conheci-
mento dos riscos presentes em cada setor da empresa e as formas
de preveni-los, deverá ser estabelecido um programa de treinamen-
to, cujos procedimentos adotados deverão ser anotados em fichas
individuais de treinamento ou em livro de registro para este fim.

Conhecimento dos riscos e formas de prevenção


Como a conscientização pessoal é um processo que se
efetiva de forma lenta e gradual, deverá ser estabelecido pela em-
presa um programa contínuo de treinamento dos funcionários,
visando maiores esclarecimentos sobre os riscos presentes no am-
biente de trabalho, sua identificação, suas consequências e formas
de prevenção.
Os funcionários recém-admitidos, e aqueles que venham
a assumir uma nova função, de forma definitiva ou não, deverão ter
pleno conhecimento dos riscos gerais presentes na empresa e dos
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 53

específicos da função. Para tanto, esses funcionários deverão passar


por um treinamento de integração a ser realizado pelos profissio-
nais do SESTR, para prestar conhecimentos quanto a:
• Conhecimento de Riscos, Formas de Prevenção e Uso
de EPI’s.
• Procedimentos Técnico-operacionais.

Avaliação de condições insalubres e perigosas


A caracterização das atividades insalubres e perigosas é
um complemento do levantamento de riscos executados duran-
te a execução do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PPRA, que visa a identificação dos principais riscos presentes no
ambiente de trabalho e a adoção de medidas de controle.
A identificação das condições de insalubridade e pericu-
losidade, ou a sua ausência, é feita pela análise do PPRA, o qual
deve ser elaborado através de inspeções e acompanhamento das
atividades de cada função durante o processo normal de produção
nos diferentes locais de trabalho onde os funcionários desempe-
nham as suas funções, além de entrevistas com os funcionários,
encarregados, SESTR e gerências para caracterizar as atividades
laborais de cada função.
A determinação do tempo de exposição aos agentes de
risco deve ser efetuada através de medições durante a execução das
diferentes tarefas de cada função, e o depoimento dos funcionários
e chefias, quando pertinente, extrapolando-se esse tempo para a
carga horária normal da jornada de trabalho. As quantificações dos
diferentes agentes de risco devem ser efetuadas com equipamentos
apropriados e devidamente calibrados, seguindo adequadas meto-
dologias de avaliação.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
54 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Registro de dados e caracterização de atividades


insalubres e perigosas
Os dados obtidos nos levantamentos de riscos, bem como
os tempos de exposição, a existência de Equipamentos de Proteção
Coletiva, o uso de Equipamentos de Proteção Individual e demais
fatores relacionados a cada função desempenhada na empresa e
que auxiliam na caracterização, ou não, das atividades insalubres e/
ou perigosas deverão estar anotados no PPRA, como Laudos de
Caracterização de Atividade Insalubre e Perigosa.

Medidas de controle (NR 09)


Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes
para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos am-
bientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes
situações:
a. identificação, na fase de antecipação, de risco poten-
cial à saúde;
b. constatação, na fase de reconhecimento de risco evi-
dente à saúde;
c. quando os resultados das avaliações quantitativas
da exposição dos trabalhadores excederem os valo-
res dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência
destes os valores limites de exposição ocupacional
adotados pela ACGIH - American Conference of
Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que
venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de
trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios
técnico-legais estabelecidos;
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 55

d. quando, através do controle médico da saúde, ficar ca-


racterizado o nexo causal entre danos observados na
saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que
eles ficam expostos.
O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de
proteção coletiva deverá obedecer à seguinte hierarquia:
a. medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a
formação de agentes prejudiciais à saúde;
b. medidas que previnam a liberação ou disseminação
desses agentes no ambiente de trabalho;
c. medidas que reduzam os níveis ou a concentração
desses agentes no ambiente de trabalho.
A implantação de medidas de caráter coletivo deverá ser
acompanhada de treinamento dos trabalhadores quanto os proce-
dimentos que assegurem a sua eficiência e de informação sobre as
eventuais limitações de proteção que ofereçam.
Quando comprovado pelo empregador ou instituição a
inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou
quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de
estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter com-
plementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas,
obedecendo-se à seguinte hierarquia:
a. medidas de caráter administrativo ou de organização
do trabalho;
b. utilização de equipamento de proteção individual - EPI.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
56 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Utilização de EPIs
A utilização de EPI no âmbito do programa deverá con-
siderar as Normas Legais e Administrativas em vigor e envolver
no mínimo:
a. seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que
o trabalhador está exposto e à atividade exercida, con-
siderando-se a eficiência necessária para o controle
da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo
avaliação do trabalhador usuário;
b. programa de treinamento dos trabalhadores quanto à
sua correta utilização e orientação sobre as limitações
de proteção que o EPI oferece;
c. estabelecimento de normas ou procedimento para
promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higieni-
zação, a conservação, a manutenção e a reposição do
EPI, visando garantir as condições de proteção origi-
nalmente estabelecidas;
d. caracterização das funções ou atividades dos trabalha-
dores, com a respectiva identificação dos EPI’s utili-
zados para os riscos ambientais.

Níveis de ação
Conforme estabelecido na NR 09, considera-se nível de
ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de
forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes
ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem
incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos
trabalhadores e o controle médico.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 57

Deverão ser objeto de controle sistemático as situações


que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação,
conforme indicado nas alíneas que seguem:
a. para agentes químicos, a metade dos limites de ex-
posição ocupacional considerados de acordo com a
alínea “c” do subitem 9.3.5.1 da NR 09;
b. para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), con-
forme critério estabelecido na NR 15, Anexo I, item 6.4.

Responsabilidades
Do empregador:
I. Estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento
do PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição.
II. Informar aos trabalhadores de maneira apropriada e
suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos
locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou
limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos.
Dos trabalhadores:
I. Colaborar e participar na implantação e execução do
PPRA;
II. Seguir as orientações recebidas nos treinamentos ofe-
recidos dentro do PPRA;
III. Informar ao seu superior hierárquico direto ocorrên-
cias que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos tra-
balhadores.
IV. Apresentar propostas e receber informações e orien-
tações a fim de assegurar a proteção aos riscos ambientais identifi-
cados na execução do PPRA.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
58 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Gerenciamento de riscos
Dentre os riscos físicos (ruído, vibração, temperatura, ilu-
minação, radiação ionizante e umidade), químicos (poeiras, fumos
e gases) e biológicos, a adoção de medidas de ordem geral capazes
de conservar o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerân-
cia e com a utilização de equipamento de proteção individual, tem
o condão de anular os efeitos adversos decorrentes da exposição
tais riscos, de acordo com o previsto no PPRA e em conformidade
com a NR-15 (BRASIL, 1978).
Quanto aos riscos ergonômicos a adoção de postura
corporal inadequada, a monotonia/repetitividade do trabalho e a
monotonia na execução das atividades rotineiras são os riscos de
maior relevância e com menores índices de tolerabilidade. O mes-
mo comportamento foi verificado para os riscos de acidentes. De
fato, no setor florestal, mormente nas atividades mecanizadas, as
doenças ocupacionais vêm ocupando lugar de destaque nas preo-
cupações referentes a atividade (TEWARI; DEWANGAN, 2009;
SILVA et al., 2013; SILVA et al., 2014; ALMEIDA et al., 2015),
sendo um claro demonstrativo de que este grupo de risco apresenta
baixa tolerabilidade, com risco substancial, sendo necessárias ações
no sentido de reduzir sua incidência sobre os trabalhadores que
laboram em tais atividades.
Considerar todos s fatores de exposição dos trabalhadores
em um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional é fun-
damental para o desenvolvimento de um programa de boas práti-
cas e vigilância na saúde do trabalhador, criando-se um ambiente
de trabalho seguro (FARIA et al., 2011). Para que seja possível
esclarecer a sistemática das etapas a serem cumpridas em um pro-
grama como este, é fundamental a caracterização de alguns precei-
tos básicos. Em síntese, qualquer programa de saúde ocupacional
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 59

deve ter três objetivos básicos: a eliminação ou redução dos riscos,


sempre que possível, a proteção de trabalhadores expostos a riscos
associados ao ambiente de trabalho e a promoção de medidas que
visem a manter a saúde destes trabalhadores.
O gerenciamento de riscos reveste-se de vital importân-
cia e configura-se como a principal atividade no que concerne à
proteção à saúde de trabalhadores expostos. O objetivo principal
desta atividade é reduzir os riscos a níveis insignificantes ou até
mesmo negligentes, de maneira que os trabalhadores florestais não
sofram os efeitos adversos lesivos à saúde provocados pelo trabalho
ou pelo ambiente de trabalho (OJHA; KWATRA, 2011). É im-
portante ressaltar que um mapeamento inicial, por mais bem feito
e minucioso que seja feito, não consegue representar a realidade
de exposição na sua plenitude. Isso significa que a identificação de
perigos e avaliação de riscos é uma ação contínua e ininterrupta,
na busca da aproximação da realidade operacional em termos de
identificação de perigos e riscos presentes na rotina de trabalho.
Conhecendo a tolerabilidade de risco é possível identificar as uni-
dades, processos, tarefas que requerem atenção no que se refere à
adoção de ações para diminuir o risco e trazê-lo para a região de
tolerabilidade.
Uma vez identificados os principais riscos existentes na
atividade florestal, o próximo e fundamental objetivo da análise de
riscos que é o entendimento de como eliminar ou controlar estes
riscos, evitando danos à saúde dos trabalhadores, ao meio ambien-
te e à saúde da população em geral. Tal objetivo pode ser alcançado
via medidas de engenharia (projetos de máquinas seguras ou iso-
lamento dos riscos), medidas administrativas (treinamentos, sina-
lizações e medidas de caráter punitivo) e medidas organizacionais
(remediação ou atenuação dos riscos, que pode ser via proteção
coletiva, preferencialmente, ou individual, conforme o caso).
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
60 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Ainda, como consequência da identificação dos riscos


ambientais a que estão expostos os trabalhadores, propõe-se a pro-
moção de medidas para a manutenção da saúde dos mesmos. Com
esse objetivo, a legislação (NR-7) estabelece a implementação do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO,
que tem como objetivo promover e preservar a saúde dos trabalha-
dores (BRASIL, 1978). O PCMSO considera questões relaciona-
das tanto ao indivíduo quanto à coletividade. Seu foco é prevenir,
rastrear e diagnosticar precocemente os agravos à saúde relaciona-
dos ao trabalho, constatando a existência de casos de doenças pro-
fissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Deve
entre outros, realizar exames médicos físicos e mentais e avaliações
clínicas, a serem especificados de acordo com os riscos aos quais os
trabalhadores estiverem expostos.
Desta forma, o foco principal da análise de riscos nos lo-
cais de trabalho é a prevenção, ou seja, os riscos devem ser elimi-
nados sempre que possível e o controle dos riscos existentes deve
seguir os padrões de qualidade mais elevados em termos técnicos
e gerenciais. Saber reconhecer os riscos do ambiente de trabalho é
de extrema importância para o processo que servirá de base para
a tomada de decisões quanto às ações de prevenção, controle ou
eliminação dos riscos. Reconhecer os riscos significa identificar os
fatores ou situações com potencial de danos à saúde dos trabalha-
dores ou, em outras palavras, se existe a possibilidade de danos à
saúde dos mesmos (SILVA; SILVA, 2012).
CAPÍTULO 5
SOBRE NORMAS
REGULAMENTADORAS

A Constituição da República Federativa do Brasil (CF)


assegura, desde sua edição de 1967, a todos os trabalhadores urba-
nos e rurais o direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança. A Constituição fala
em trabalhadores e não empregados. Logo, todos os trabalhadores
têm esse direito, independentemente da natureza jurídica da rela-
ção de trabalho, posto que, sendo um direito fundamental e social
do trabalhador, a norma é de aplicabilidade imediata, (§2º, do Art.
5º da CF). As normas a que se refere a CF estão contidas na Lei
nº 6.514, de 22.12.77, que deu nova redação aos Arts. nos 154 e
seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), constan-
tes do Capítulo V – Da Medicina e da Segurança no Trabalho, do
Título II, da CLT (ZIBETTI et al., 2006).
Ainda segundo os autores, os trabalhadores rurais, sem
vínculo de emprego, também fazem direito ao meio ambiente de
trabalho seguro e sadio, por força dos Arts. 1º, 13 e 17, da Lei
nº 5.889/73 (BRASIL, 1973). A responsabilidade pela sua obser-
vância recai sobre o empregador rural ou sobre o dono das terras
cultivadas, em caso de arrendamento ou parceria rural, na medida
em que, conforme previsto no Art. 21 da Convenção nº 155/1981
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativa à segu-
rança, à saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho; e no
Art. 12 da Convenção nº 161/1985 da OIT (relativa a serviços de
saúde no trabalho), as medidas de segurança e higiene e de acom-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
62 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

panhamento da saúde do trabalhador não devem implicar em ne-


nhum ônus financeiro para os trabalhadores (FRANCO FILHO;
MAZZUOLI, 2016).
Não obstante, o despreparo e desfalque quanto à segu-
rança no trabalho foi suficiente para que na década de 1970 o país
atingisse um dos maiores índices de acidente no trabalho do mun-
do. A situação preocupante contribuiu para que os direitos traba-
lhistas passassem por avanços importantes no que tange a ampa-
ros legais. Dentre a legislação brasileira, destacam-se as Normas
Regulamentadoras (NRs), previstas na Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), sendo fundamentais para a normatização da
segurança e medicina no trabalho, possuindo caráter obrigatório
por empresas e empregadores (SOUTO, 2009).
No Brasil, a legislação trabalhista exige dos empregadores
ou equiparados que seus trabalhadores usem determinados dispo-
sitivos para proteção contra possíveis acidentes quando executando
suas atividades e alguns requisitos ergonômicos são especificados
pela Norma Regulamentadora (NR) 17 para os postos de trabalho.
A NR-17 – Ergonomia, do Ministério do Trabalho e Emprego,
estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desem-
penho eficiente (BRASIL, 1990).
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego -
MTE (MTE, 2015) as Normas Regulamentadoras - NR’s, criadas
pela lei n° 6.514 de 1977 e aprovadas pela Portaria n° 3.214 de 08
de junho de 1978, são relativas à segurança e a saúde do trabalho,
de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pe-
los órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como
pelos órgão dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam em-
pregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto de Lei n° 5.452 de 1943 (BRASIL, 1978).
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 63

As NR’s aprovadas de 1978, a partir do Capítulo V,


Título II, da CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho,
eram compostas inicialmente por 28 (vinte e oito) normas, que
com o passar da evolução industrial, necessitou de atualização e
especificidade, sendo ampliadas e chegando no ano de 2019 com
36 Normas Regulamentadoras em vigor. Vale ressaltar que as NR’s
são numeradas de 01 a 37, sendo que a NR 27 foi revogada.
A partir da CLT também foram criadas as Normas
Regulamentadoras Rurais - NRR’s -, através da Portaria n° 3.067
de 1988, compostas por 05 normas relativas à segurança e higiene
do trabalho rural. Estas normas foram revogadas pela Portaria do
Ministério do Trabalho e Emprego n° 191 de 2008, em considera-
ção da vigência da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde
no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura (NR 31), aprovada pela Portaria GM n°
86 de 2005 (BRASIL, 2005).
Segundo Almeida (2009), as NR’s não se apresentam
em forma sequencial, ou dividida em grupos temáticos, elas sim-
plesmente atendem a distribuição proposta pela legislação que
a fundamentou, podendo apenas ser dividida em cinco grandes
grupos: Normas Institucionais, Normas de Programas Gerais,
Normas de Programas Específicos, Normas de Agentes de Riscos
e Normas Setoriais.
Na Tabela 1 são apresentadas as NR’s agrupadas cada
qual em seus grupos temáticos, diretrizes e orientações, segundo
Almeida (2009), atualizadas para o novo contexto de 2017, onde
incluem-se as Normas regulamentadoras 34 e 36 que são conside-
radas NR’s de caráter Setoriais, enquanto a NR 35 é considerada
Agente de Risco.
Para a Organização Internacional do Trabalho – OIT, em
sua cartilha intitulada “Cartilha sobre o Trabalho Florestal”, as ati-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
64 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

vidades florestais possuem características próprias, distintas de ou-


tros setores produtivos com relação ao ambiente de trabalho e suas
condições e, em decorrência deste fato, lista as NR’s categorizadas
(OIT, 2005) com aplicação direta sobre esse setor produtivo, como
demonstrado na Tabela 2.
As NR’s são instrumentos legais que estabelecem precei-
tos mínimos de segurança nos mais diversos setores produtivos e
de serviços. Segundo Almeida (2016), as NR’s tem como objetivo
principal a padronização de serviços, a regulamentação de profis-
sionais voltados a segurança, treinamento para funcionários em
atividade de risco, determinação de benefícios para determinadas
profissões e condições de trabalho, mas também tem o papel de
conscientização de todos os envolvidos nas atividades profissionais.
Tabela 1 - Agrupamento das Normas Regulamentadoras em seus grupos temáticos
Grupo Descrição NR’s
NR 01 - Disposições gerais;
Parâmetros genéricos de
NR 02 - Inspeção prévia;
observância obrigatória,
Institucional NR 03 - Embargo ou interdição;
independentemente do
NR 27 - Registro profissional do técnico de segurança no MTE;
tipo de empresa.
NR 28 - Fiscalização e penalidades
NR 04 - SESMT;
NR 05 - CIPA;
Programas implementa- NR 06 - EPI;
Programas dos pela empresa, tendo NR 07 - PCMSO;
gerais em vista a prevenção e NR 08 - Edificações;
conscientização. NR 09 - PPRA;
NR 24 - Condições sanitárias e de conforto no local de trabalho;
NR 26 - Sinalização de segurança
Estabelece medidas pre-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

ventivas e emergência,
Programas es- NR 23 - Proteção contra incêndio;
em situações de alto risco
pecíficos NR 25 - Resíduos industriais
para proteger a saúde e in-
tegridade do trabalhador.
65
66
Grupo Descrição NR’s
NR 10 - Instalações e serviços em eletricidade;
NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;
NR 12 - Máquinas e equipamentos;
Agentes de riscos e NR 13 - Caldeiras e vasos de pressão;
perigos nas diversas ativ- NR 14 - Fornos;
idades desempenhadas NR 15 - Atividades e operações insalubres;
Agentes de risco
pelo trabalhador, indi- NR 16 - Atividades e operações perigosas;
cando os procedimentos NR 17 - Ergonomia;
adequados e preventivos. NR 19 - Explosivos;
NR 20 - Líquidos combustíveis e inflamáveis;
NR 21 - Trabalho a céu aberto;
NR 35 - Trabalho em altura*
NR 18 - Condições e meio ambiente do trabalho na indústria da construção;
NR 22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração;
NR 29 - Segurança e saúde do trabalho portuário;
NR 30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário;
NR 31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, ex-
ploração florestal e aquicultura;
Setoriais
NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde;
NR 33 - Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados;
NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção naval;
NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de abates e processamento de
carnes e derivados.
NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo.

Fonte: BRASIL (1978); ALMEIDA (2009).


e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Tabela 2 - Normas Regulamentadoras relacionadas pela OIT (2005) sobre trabalho florestal separada por atributos
Normas Regulamentadoras de Segurança
NR 01 Disposições gerais
NR 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
NR 06 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
NR 23 Proteção Contra Incêndios
NR 26 Sinalização de Segurança
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Flo-
NR 31
restal e Aquicultura.
NR 35 Trabalho em Altura
Normas Regulamentadoras de Saúde
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

NR 04 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho


NR 07 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
NR 15 Atividades e Operações Insalubres
NR 17 Ergonomia
NR 24 Condições Sanitárias e Conforto nos Locais de Trabalho
NR 31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura;
Fonte: OIT (2005).
67
A categorização proposta por Almeida (2009), permite separar as NR’s as quais possuem ob- 68
servância obrigatória no setor de Produção Florestal, que são as Normas Institucionais (genéricas de ob-
servância obrigatória), as Normas de Programas Gerais, as Normas de Programas Específicos, Normas
de Agentes de Risco e a Norma Regulamentadora nº 31 (Norma Setorial).
Quanto às NR’s pertinentes aos trabalhos silviculturais, Paiva et al. (2011) especifica dezesseis
NR’s, e as categorizam como sendo normas Genéricas (G), Específicas estruturantes (Ee) e Específicas
não estruturantes (Ene) como mostrado na Tabela 3.
Para a entidade Forest Stewardship Council - FSC (2013), é importante que os empreendi-
mentos florestais que almejam a certificação, cumpram com a legislação sobre saúde e segurança, em
especial a contida nas NR’s do Ministério do Trabalho e emprego, sendo seus principais pontos confe-
ridos na Tabela 4.
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
Tabela 3 - Normas pertinentes aos trabalhos silviculturais
Norma Tema Classe
NR 01 Disposições gerais G
NR 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) G
NR 06 Equipamento de Proteção Individual (EPI) G
NR 07 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) Ee
NR 08 Edificações G
NR 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) Ee
NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais G
NR 12 Máquinas e equipamentos G
NR 15 Atividade e operações insalubres G
NR 17 Ergonomia G
NR 20 Líquidos combustíveis e inflamáveis G
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL

NR 21 Trabalho a céu aberto G


NR 23 Proteção contra incêndios G
NR 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho G
NR 26 Sinalização de segurança G
Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqui-
NR 31 Ene
cultura
NR 35 Trabalho em altura Ene
Fonte: PAIVA et al. (2011).
69

Obs.: G - Genéricas; Ee - Específicas estruturantes; Ene - Específicas não estruturantes.


Tabela 4 - Normas regulamentadoras de segurança preconizadas de atendimento pelo FSC 70
Normas Regulamentadoras
NR 01 Disposições gerais
Fornecimento, sem ônus para o trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, adequados a cada
NR 06
atividade;
NR 05 Implementação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA;
NR 07 Elaboração e implementação de um Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional – PCMSO
NR 09 Elaboração e implementação do Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA
NR 17 Ergonomia
NR 31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura
Fonte: FSC (2013)
e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
CAPÍTULO 6
NORMAS
REGULAMENTADORAS
APLICADAS AO SETOR DE
PRODUÇÃO FLORESTAL

Segundo a Organização Internacional do Trabalho –


OIT – , o setor rural é uma das atividades de maior índice de aci-
dentes no mundo, ao lado da construção civil e mineração (OIT,
2005). Desde 1921, a OIT adota diversas convenções referentes
a aspectos das atividades agrícolas, inclusive a segurança e saúde
no desenvolvimento do trabalho, sendo o Brasil signatário de tais
convenções. O desenvolvimento e a aprovação das NRs foram um
importante passo no sentido de adequação da legislação brasileira
as convenções da OIT.
Nesse sentido, as Normas Regulamentadoras – NRs, do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – estabelecem inú-
meras orientações obrigatórias, na área da segurança, medicina
e meio ambiente do trabalho, para empresas públicas e privadas,
órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes
Legislativo e Judiciário, para todos os trabalhadores regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (BRASIL, 1978).
As NRs são de observância obrigatória dos empregado-
res e alertam as empresas quanto aos cuidados e à diligência que
se deve ter com seus funcionários, e não as desobrigam do cum-
primento das demais regras e disposições vigentes na legislação,
abrangendo as convenções e os acordos coletivos de trabalho.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
72 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

O não cumprimento das disposições legais e regulamen-


tares sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao empre-
gador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinen-
te, as quais contemplam desde a aplicação de multas até o embargo
ou interdição do estabelecimento. Por outro lado, na parte mais
fraca da relação, os trabalhadores florestais ficam expostos a riscos
de acidentes e desenvolvimento de doenças ocupacionais, capazes
de levar a incapacidade temporária ou permanente.

NR 01 – Disposições Gerais
A NR 01 trata especificamente da aplicação das Normas
Regulamentadoras (NR’s), relativas à segurança e medicina do tra-
balho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e
públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indi-
reta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário,
que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho – CLT.
Segundo Farias (2015), o item 1.7 da NR 1, é um dos
itens mais importantes, no ponto de vista jurídico e prevencionista,
considerando que seu contexto é claro na imposição da obrigação
do empregador na elaboração do documento denominado Ordem
de Serviço, direcionado aos empregados contendo todas as infor-
mações dos riscos ambientais existentes nos locais de trabalho.
Outro item de suma importância, o item 1.8, refere-se
as obrigações dos empregados no cumprimento das disposições
legais, no cumprimento das ordens de serviços emitidas pelo em-
pregador e principalmente no uso dos Equipamentos de Proteção
Individuais determinados pelo empregador podendo este no caso
de recusa do uso dos EPIs e descumprimento das normas de se-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 73

gurança impostas, estará incorrendo em falta grave e podendo, por


isso, ser demitido por justa causa (FARIAS, 2015).

NR 04 – Serviço Especializado em Engenharia


de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT)
A NR 04 tem como objetivo normatizar as empresas
privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e
indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam em-
pregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
–, a necessidade de manutenção, obrigatoriamente, do Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a inte-
gridade do trabalhador no local de trabalho.
O Quadro I da NR 04, relaciona a Classificação Nacional
de Atividade Econômica – CNAE (CONCLA, 2017), que se
apresenta na sua versão 2.2, em associação com correspondente
Grau de Risco – GR, para fins de dimensionamento do SESMT.
O CNAE referente a atividades de Produção Florestal, em espe-
cial florestas plantadas possui grau de risco 3.
No Quadro II da NR 04 fica estabelecido como deverá ser
feito o dimensionamento do SESMT, que leva em consideração ao
número de empregados e o graus de risco da atividade econômica,
ficando estas obrigadas a preencher os cargos com os seguintes
profissionais: Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Auxiliar de Enfermagem do Trabalho,
Enfermeiro do Trabalho e Médico do Trabalho (BRASIL, 1978).
A exemplo de aplicação da NR 04, nos registros do MTE,
o Grupo Madeiras S.A., empresa florestal da região do Sul do país,
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
74 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

representada pela Reflorestadora Araucária (nomes fictícios), pos-


sui 11 mil hectares de florestas plantadas, cerca de 1.100 emprega-
dos diretos, possui corpo de SESMT formado por 04 Técnicos de
Segurança do Trabalho, 01 Engenheiro de Segurança do Trabalho,
01 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho e 01 Médico do Trabalho,
evidenciando o atendimento da legislação trabalhista na composi-
ção do SESMT.
Além do dimensionamento do SESMT, a NR 04 pos-
sui quadros em seu corpo de texto que pressupõem que o grupo
do SESMT atente a instruções adicionais, tais como: Quadro III
- Acidentes com Vítima (NBR 14280), Quadro IV – Doenças
Ocupacionais, Quadro V – Insalubridade e Quadro VI – Acidentes
sem Vítima (ABNT, 2001; BRASIL, 1978).

NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes (CIPA)
A NR 05 tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível per-
manentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção
da saúde do trabalhador. Embora tenha sido publicada original-
mente em 1978, através da Portaria MTb nº 3.214, sua redação
atual se dá pela Portaria SSST nº 08, de 23 de fevereiro de 1999.
Sua missão é preservar a saúde e integridade física dos trabalhado-
res. Seu papel mais importante é o de estabelecer uma relação de
diálogo e conscientização entre os integrantes da empresa, ela deve
ser a ponte que liga direção e empregados. De forma criativa e par-
ticipativa deve opinar na forma como os trabalhos são realizados,
objetivando sempre melhorar as condições de trabalho, visando à
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 75

humanização do trabalho e consequente melhoria nas condições


de trabalho.
De acordo com esta NR, a formação da CIPA é obrigató-
ria para empresas com mais de 50 funcionários (Quadro I da NR
5). Quando a empresa não se enquadrar nas condições previstas no
Quadro I da NR 5, ela deve designar um funcionário como res-
ponsável pelo cumprimento dos objetivos daquela NR e para esse
responsável deverá promover treinamento anual.
Os Quadros I e II da NR 05 não fazem menção sobre
o dimensionamento da CIPA para o CNAE 02.10-1 (Produção
Florestal – Florestas Plantadas), cabendo a observância no inciso
5.6.4: “quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a
empresa designará um responsável pelo cumprimento dos objeti-
vos desta NR, podendo ser adotados mecanismos de participação
dos empregados, através de negociação coletiva”.
Entretanto, a NR 31 estabelece a Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR –, com seus
objetivos, dimensionamento, atribuições e responsabilidades, sen-
do que este tema será abordado oportunamente.
Para Canto et al. (2007) e Assunção; Câmara (2011) a
colheita semimecanizada é realizada sem o uso de máquinas e
equipamentos adequados, sobretudo em propriedades rurais onde
a atividade é terceirizada ou realizada por conta do produtor flo-
restal fomentado, o qual é inexperiente na atividade. Isso mostra
uma forma de se negligenciar a aplicação da NR 05, devido a in-
formalidade dos contratos de serviço e pelo tempo de colheita ser
temporário, o que contribui para a geração de acidentes de trabalho
em suas mais variadas formas. Esses acidentes ocorrem, em parte,
devido a não realização de treinamento do funcionário em relação
ao uso dos equipamentos e aos procedimentos que devem ser fei-
tos na realização da atividade, negligenciando a NR 5, que dispõe
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
76 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

sobre prevenção de acidentes através de treinamento e conscienti-


zação (FREITAS, 2016).
A CIPA deve participar das ações dos programas ocupa-
cionais, como consta no item 7.4.6.2 da NR 07: “o relatório anual
do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional deverá
ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na empre-
sa, de acordo com a NR 05, sendo sua cópia anexada ao livro de
atas daquela Comissão”. Assim como na NR 09 o item 9.2.2.1: o
documento base do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
e suas alterações e complementações deverão ser apresentados e
discutidos na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com
a NR 05, sendo sua cópia anexada ao livro de atas dessa Comissão”.

NR 06 – Equipamento de Proteção Individual


(EPI)
A NR-06 obriga as empresas e os empregadores a fornecer
aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco, em per-
feito estado de conservação e funcionamento, além de estabelecer
responsabilidades aos trabalhadores quanto a seu uso e conservação.
Os EPI’s devem ser adequados tecnicamente ao risco a
que o trabalhador está exposto e o equipamento usado em uma
atividade/operação, níveis de exposição a certo agente de ris-
co e a atividade exercida, levando em conta a eficiência para o
controle da exposição ao risco e o conforto do trabalhador na
correta utilização dos EPI’s e orientados sobre suas limitações
(MANFREDINI et al., 2011).
Segundo Paiva et al. (2015), no que se refere à utilização
de EPI por parte dos trabalhadores florestais, há grande dificulda-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 77

de de conscientização e cumprimento de exigências operacionais,


além de existir, ainda, um descrédito quanto aos perigos associados
às atividades florestais, conforme orienta a NR 31.
Ao avaliar o fornecimento e utilização de EPI’s por traba-
lhadores florestais em propriedades rurais, SCHETTINO (2016)
identificou que os principais desvios encontrados, por parte dos
empregadores ou equiparados, foram referentes ao não forneci-
mento de EPIs adequados as peculiaridades das atividades desen-
volvidas (45,2% dos casos); a não exigência do uso (51,6% dos
casos); o não fornecimento ao trabalhador de EPI aprovado pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no
trabalho (58,1% dos casos); a falta de treinamento e orientação aos
trabalhadores sobre o correto uso, guarda e conservação (83,9%
dos casos); e a falta de registro do fornecimento, quando este ocor-
reu (71,0% dos casos).
No mesmo estudo, por parte dos trabalhadores florestais,
a grande desconformidade foi, nos casos em que o EPI foi forne-
cido, a sua incorreta ou não utilização, fato verificado em 83,9%
dos casos. De acordo com Carrion; Carrion (2015), vale ressal-
tar o enunciado da alínea “b” do parágrafo único do Art. 158 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): “Parágrafo único –
Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: […] b)
ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela
empresa”.
Desta forma, quando o empregador ou equiparado notar
que seu trabalhador não usa o EPI fornecido, poderá dispensá-lo
por justa causa, ficando a seu cargo, antes disso, advertir ou suspen-
der o trabalhador que não usar o EPI.
Os EPIs se tornaram o maior aliado dos profissionais que
estão expostos constantemente a situações de riscos no ambiente de
trabalho, caso dos trabalhadores florestais. De maneira geral, a uti-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
78 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

lização dos equipamentos de proteção individual gera uma série de


benefícios ao trabalhador e aos empregadores. Por um lado, os em-
pregadores ou equiparados se beneficiam na diminuição dos riscos
de acidente de trabalho e afastamentos que demandam, na maioria
das vezes, um custo bem maior que o de um EPI. A ausência do
trabalhador traz outros prejuízos, como a substituição do emprega-
do afastado, quebras na produção e geração de passivos trabalhistas.
Paiva et al. (2015), ao avaliarem a ocorrência de ganhos
sociais decorrentes da certificação florestal em empresas florestais,
concluíram que no que se refere à utilização de EPI por parte dos
trabalhadores florestais, há grande dificuldade de conscientização
e cumprimento de exigências operacionais, além de existir, ainda,
um descrédito quanto aos perigos associados às atividades flores-
tais. Os autores afirmam, ainda, que este fato é recorrente no setor
florestal brasileiro.
Por outro lado, ao avaliarem a ocorrência de acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais em trabalhadores rurais, Alves;
Guimarães (2012) relataram que, dentre outros motivos, em rela-
ção aos EPIs, mesmo sendo de utilização obrigatória, nem todos
os trabalhadores o utilizavam e nem sempre eram oferecidos, ocor-
rendo, muitas vezes, a improvisação, contribuindo para o agravo
das ocorrências. Corroborando tais resultados, Menegat; Fontana
(2010) concluíram que os EPIs que protegem o trabalhador contra
os riscos ocupacionais são usados parcialmente ou negligenciados
pelos trabalhadores e, ou, empregadores, configurando a presença
de risco de lesões por acidentes ou adoecimento
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 79

NR 07 – Programas de Controle Médico de


Saúde Ocupacional (PCMSO)
Esta NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e im-
plementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do PCMSO, com
o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos
seus trabalhadores.
Todas as empresas, independentemente do número de
empregados ou do grau de risco de sua atividade, estão obrigadas
a elaborar e implementar o PCMSO, que deve ser planejado e im-
plantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores. Entre suas
diretrizes, uma das mais importantes é aquela que estabelece que o
PCMSO deve considerar as questões incidentes tanto sobre o in-
divíduo como sobre a coletividade de trabalhadores, privilegiando
o instrumental clínico-epidemiológico. A norma estabelece ainda,
o prazo e a periodicidade para a realização das avaliações clínicas,
assim como define os critérios para a execução e interpretação dos
exames médicos complementares (os indicadores biológicos).
A partir do reconhecimento dos riscos, deve ser estabe-
lecido um conjunto de exames clínicos e complementares especí-
ficos para cada grupo de trabalhadores da empresa, utilizando-se
de conhecimentos científicos atualizados e em conformidade com
a boa prática médica. Assim, o nível de complexidade do PCMSO
depende basicamente dos riscos existentes em cada empresa, das
exigências físicas e psíquicas das atividades desenvolvidas e das
características biopsicofisiológicas do conjunto dos trabalhadores
(BRASIL, 1978).
Através da realização de exames médicos (determinados
a partir do PPRA e de acordo com a exposição aos riscos ocupa-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
80 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

cionais existentes no local de trabalho), tem caráter de prevenção,


mapeamento precoce e diagnóstico dos agravos a saúde dos traba-
lhadores, além da constatação dos casos de doenças profissionais
ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
O PCMSO determina quem deverá ser submetido aos
exames médicos, quais exames deverão ser realizados, sua periodici-
dade e a forma de interpretação dos resultados. Os exames prescritos
pelo PCMSO são classificados como: exames médicos admissionais;
exames médicos periódicos; exames de retorno ao trabalho; exames
para mudança de função na empresa; e exames demissionais.
Para Camisassa (2015), a própria NR 07 deixa claro que
o PCMSO é parte de um programa mais amplo na área da saúde
ocupacional que deve existir na empresa, e estar articulado com
as demais NR’s, dentre elas a NR 09, que trata da elaboração do
PPRA. No PPRA deve constar a identificação dos riscos químicos,
físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho. Além des-
ses riscos previamente identificados no PPRA, o PCMSO tam-
bém deve considerar outros fatores de adoecimento, como riscos
ergonômicos e de acidentes, e também a análise das matérias-pri-
mas e dos produtos finais, informações administrativas e técnicas
sobre o processo, bem como todas as evidências teóricas e práticas
de possibilidade de agravos à saúde dos trabalhadores envolvidos.
Em um estudo para analisar o absenteísmo em trabalha-
dores rurais de uma empresa florestal no município de Curvelo-
MG, Simões (2010) constatou que o acompanhamento interno
da saúde dos trabalhadores é feito por meio de assistência dire-
ta, realizada através de exames ocupacionais e eventuais e pela
execução de ações de prevenção e promoção da saúde conforme
planejamento anual do PCMSO. Ainda segundo a pesquisa, as
informações constantes nos mesmos, como causa referida, tempo
de afastamento, local de atendimento e data, alimentam o históri-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 81

co do trabalhador em uma planilha de eletrônica e no prontuário,


permitindo que as políticas e ações de saúde seja direcionadas efe-
tivamente para combater os maiores agentes causais.

NR 09 – Programas de Prevenção de Riscos


Ambientais (PPRA)
Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e im-
plementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, visando
à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através
da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente contro-
le da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a
existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção
do meio ambiente e dos recursos naturais.
Ao regulamentar o PPRA, os legisladores brasileiros bus-
caram, como objetivo maior, a preservação da saúde e da integri-
dade dos trabalhadores, por meio da antecipação, reconhecimento,
avaliação e controle dos riscos ambientais (principalmente físicos,
químicos e biológicos) existentes ou que venham a existir no am-
biente de trabalho.
De acordo com item 9.3.1 desta NR, o PPRA deve pos-
suir as seguintes etapas:
• Antecipação e reconhecimento dos riscos;
• Estabelecimento de propriedades e metas da avalia-
ção e controle;
• Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
• Implantação de medidas de controle e avaliação de
sua eficácia;
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
82 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Monitoramento da exposição aos riscos;


• Registro e divulgação dos dados.
Segundo Lancman et al. (2003), a possibilidade de prever
um perigo e, ou, a probabilidade de sua concretização em perdas
e danos (ações implícitas no conceito de risco), aliada à dimensão
quantitativa do risco que pode ser objeto de ações, podem levar
os profissionais da área de segurança e saúde do trabalhador a en-
contrar mecanismos para avaliar potenciais de perdas e danos nas
diferentes atividades laborais, com objetivo de prevenir, controlar,
minimizar e impedir sua concretização em acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais.
Em geral, as grandes empresas de base florestal brasileiras,
detentoras de certificações ambientais e sociais, possuem PPRA’s
bem elaborados e implementados, em conformidade com o dis-
posto nessa NR. Entretanto, em propriedades rurais esse quadro
é bastante diferente, chegando a 74% de descumprimento, con-
forme constatado por Schettino (2016) em seu estudo. Trata-se
de uma constatação extremamente preocupante e capaz de gerar
graves prejuízos tanto aos trabalhadores quanto aos empregadores
e equiparados. Estes podem sofrer sanções por parte do MTE, res-
ponder a procedimentos criminais e de indenização civil, período
em que acumulam vultuosos passivos trabalhistas. Com relação aos
trabalhadores, sua saúde e integridade física podem ficar desneces-
sariamente expostas, sujeitando-os a iminentes riscos de acidentes
e desenvolvimento de doenças ocupacionais.
Para Rocha; Glina (2000), o PPRA é um avanço na con-
dução do gerenciamento preventivo dos riscos ambientais. A pre-
sença de produtos ou agentes no local de trabalho não significa
obrigatoriamente que existe perigo para à saúde. Está sim, na de-
pendência da combinação de diversas condições como, a natureza
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 83

do produto, sua concentração, o tempo e a intensidade de exposi-


ção (PATNAIK, 2002).
Ainda, a percepção do risco entre os trabalhadores é uma
das mais relevantes formas de prevenção de acidentes, além de
ser fonte de informação para planejamento de programas, ações
e mudanças. Deve ser ressaltada a importância do conhecimento
que os trabalhadores possuem do próprio ambiente laboral. Com a
compreensão de que em conjunto serão estabelecidas as estratégias
individuais e coletivas a fim de prevenir e minimizar as situações
de risco a que estão submetidos (PERES, 2003).
Mattos et al. (2003), observaram ser importante executar
a análise da visão ambiental, com seus riscos inerentes às ativida-
des. Deve ser incentivada a realização de programas de educação e
capacitação desses trabalhadores para que sejam agentes multipli-
cadores de técnicas e informações entre os demais. E, finalmente,
a NR-09 também preconiza a divulgação dos resultados da análise
de riscos a todos os trabalhadores para definir prioridades de ação.
Por fim, Granemann (2010) destaca como vantagens da
elaboração e implementação do PPRA conforme preconiza a NR-
09 os seguintes aspectos: prevenção de acidentes de trabalho; re-
dução de perdas de material e de pessoal; otimização dos custos;
redução dos gastos com saúde; e aumento da qualidade, produtivi-
dade e competitividade; dentre outras.

NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas


e Equipamentos
Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem re-
ferências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
84 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e es-


tabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doen-
ças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e
equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importa-
ção, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas
as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais NR’s, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou
omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis.
A NR 12 e seus 12 anexos trazem informações comple-
mentares sobre a segurança no trabalho em máquinas e equipa-
mentos. Em atendimento aos quesitos de segurança no setor de
Produção Florestal, são caracterizados como imprescindíveis na
execução das tarefas a orientação contida, principalmente, nos se-
guintes anexos:
• Anexo II – Conteúdo programático da capacitação;
• Anexo IV – Glossário;
• Anexo V – Motosserras; e
• Anexo XI – Máquinas e implementos para uso agrí-
cola e florestal
É extremamente importante ressaltar que as motosserras,
por seus aspectos ambientais e de segurança do trabalho (ver capí-
tulo específico sobre operação segura de motosserras), mereceram
um destaque especial dentro da NR 12. Trata-se da máquina res-
ponsável pelo maior número de acidentes no setor florestal e, por
essa razão, para sua correta utilização, essa NR estabelece alguns
dispositivos mínimos de segurança, que devem estar presentes em
todas as motosserras, quais sejam:
• freio manual ou automático de corrente;
• pino pega-corrente;
• protetor da mão direita;
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 85

• protetor da mão esquerda; e


• trava de segurança do acelerador.
Tais dispositivos visam proteger os trabalhadores das
consequências causadas pelos acidentes mais comuns, tais como
a quebra da corrente da motosserra ou o rebote, situação opera-
cional muito comum durante sua operação e que ocorre quando
se usa a ponta do sabre e somente alguns dos dentes cortadores
penetram na madeira, fazendo com que a corrente agarre-se fa-
cilmente a esta. O contato com a ponta da barra pode em alguns
casos causar uma reação reversa muito rápida, impulsionando a
barra para cima e para trás em direção ao operador. A retenção da
corrente na parte superior da barra, pode empurrar rapidamente a
barra contra o operador. Neste momento, a motosserra dá o golpe
de rebote, que em alta velocidade (20 m/s) não pode ser evitado
(HASELGRUBER; GRIEFFENHAGEN, 1989).
Especificamente, o Anexo XI da NR 12 trata sobre a se-
gurança em máquinas e implementos para uso agrícola e florestal,
estabelecendo diretrizes para a operação e manutenção segura de
tais máquinas. É importante ressaltar que esse anexo se aplica às
fases de projeto, fabricação, importação, comercialização, exposi-
ção e cessão a qualquer título de máquinas estacionárias ou não,
e implementos para uso agrícola e florestal, e ainda a máquinas e
equipamentos de armazenagem e secagem e seus transportadores,
tais como silos e secadores. Ainda, determina que as proteções,
dispositivos e sistemas de segurança previstos neste Anexo devem
integrar as máquinas desde a sua fabricação, não podendo ser con-
siderados itens opcionais para quaisquer fins.
Além da segurança na utilização em máquinas e equipa-
mentos, outro fator importante a ser mencionado e que esta NR
aborda é em relação ao treinamento dos profissionais. Os empre-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
86 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

gadores devem estar atentos com relação a capacitação, pois os


procedimentos de operação, manutenção, inspeção e demais in-
tervenções em máquinas e equipamentos devem ser realizados por
trabalhadores habilitados, qualificados, capacitados ou autorizados
para este fim (CAMISASSA, 2015).
A capacitação deve ser providenciada pelo empregador
e compatível com as respectivas funções, devendo abordar os
riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e as medidas de
proteção existentes e necessárias. Segundo a NR 12, são requi-
sitos da capacitação:
• Ocorra antes que o trabalhador assume a função;
• Ser realizado pelo empregador, sem ônus para o tra-
balhador;
• Ter carga horária mínima que garanta aos trabalhado-
res executarem suas atividades com segurança, sendo
distribuída em no máximo oito horas diárias, durante
o horário normal de trabalho;
• Ser ministrada por trabalhadores ou profissionais
qualificados para esse fim, com supervisão de profis-
sional legalmente habilitado;
• Material de capacitação deve ser escrito ou audiovisu-
al fornecido aos participantes, em linguagem adequa-
da aos trabalhadores;
• Todo material produzido na capacitação como lista
de presença, certificados, currículo dos ministrantes
e avaliação dos capacitados devem estar arquivados
para eventuais fiscalizações;
Ainda, a NR 12, em seu Anexo V, estabelece que os em-
pregadores devem promover, a todos os operadores de motosserra
e similares, treinamento para utilização segura da máquina, com
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 87

carga horária mínima de oito horas e conforme conteúdo progra-


mático relativo à utilização constante do manual de instruções.
Com relação as zonas de perigo das máquinas e equipa-
mentos devem possuir sistemas de segurança caracterizados por
proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança inter-
ligados, que garantam a proteção à saúde à integridade física dos
trabalhadores. O objetivo dos sistemas de segurança é impedir o
acesso do operador à zona de perigo das máquinas.

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres


A NR 15 categoriza as atividades laborativas e conside-
ra como atividades ou operações insalubres as atividades que se
desenvolvam acima dos limites de tolerância para os riscos am-
bientais previstos em seus anexos, sendo estas comprovadas por
laudos de inspeção do local de trabalho, levando em consideração
a natureza e tempo de exposição ao agente.
É importante destacar que a NR15 está intimamente li-
gada à NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, pois,
enquanto esta define, entre outras informações, quais os agentes
ambientais presentes no ambiente de trabalho, aquela estabelece,
para cada agente apresentado, os critérios de caracterização de insa-
lubridade nas atividades que expõem os trabalhadores a tais agen-
tes e respectivos limites de tolerância, quando aplicáveis. Temos,
portanto, que cada anexo da NR15 corresponde a um agente am-
biental identificado na NR 09 (CAMISASSA, 2015).
A execução de trabalho em condições insalubres, assegu-
ram ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o sa-
lário mínimo da região, equivalentes não acumuláveis da ordem de:
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
88 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• 40% para insalubridade de grau máximo;


• 20% para insalubridade de grau médio; e
• 10% para insalubridade de grau mínimo.
Cita-se ainda no Item 15.3 da NR 15: “No caso de inci-
dência de mais de um fator de insalubridade, será apenas conside-
rado o graus mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo
vedada a percepção cumulativa”.
Para efeito de aplicação desta NR sobre as atividades
florestais, destacam-se as condições insalubres do Anexo n.º 1 –
Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente; Anexo
n.º 3 – Limites de tolerância para exposição ao calor; e Anexo n.º
8 – Vibrações.

Anexo nº 1 – Limites de tolerância para ruído


contínuo ou intermitente
Este Anexo preconiza que o nível de ruído equivalente
para oito horas de exposição não supere 85 decibéis (dB), medindo
os níveis de ruído com instrumento de nível de pressão sonora
operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta
lenta (SLOW), devendo as leituras serem feitas próximos ao ouvi-
do do trabalhador. Acima de 80 decibéis, já se tornam obrigatórias
a adoção de ações para atenuar a exposição ao ruído.
O ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações,
sendo mensurado em uma escala logarítmica conhecida como de-
cibel, ou ainda, é um estímulo auditivo que não contém informa-
ções úteis para a tarefa que se está executando no momento (IIDA;
GUIMARÃES, 2016).
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 89

Os operadores de máquinas, quando expostos a níveis de


ruído elevados, podem ter perda auditiva que, no início, é apenas
temporária, podendo gerar a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
(PAIR), que é um dano permanente e irreparável, além de pertur-
bações do estado de alerta e sono (KROEMER; GRANDJEAN,
2005). Além disso, segundo Santos et al. (2014), afirmam que ele-
vados níveis de ruído podem ocasionar a redução ou a perda de
audição do trabalhador, reduzindo o conforto e o rendimento do
conjunto homem-máquina.
Outros fatores extra-auditivos são destacados por Saliba
(2014), provocados pela exposição contínua ao ruído como: irrita-
bilidade, ansiedade, nervosismo, vertigens, aumento da frequên-
cia e profundidade respiratória, aceleração do pulso, elevação da
pressão arterial, contração dos vasos sanguíneos, insônia, redução
da libido, aumento do tônus muscular, dificuldade de repouso do
corpo, espasmos musculares e outros.
Estudos conduzidos por Massa et al. (2012) compro-
vam que além da perda auditiva, a exposição prolongada ao ruído
pode causar alterações cardiovasculares, psicológicas e respirató-
rias, distúrbios do sono, disfunções no sistema imunológico, irri-
tabilidade e fadiga, além de diminuir o desempenho do trabalha-
dor nas suas funções, aumentando a possibilidade de ocorrerem
acidentes de trabalho.
Diversos estudos têm demonstrado que a exposição ao
ruído nas atividades florestais é um fator de grande relevância no
planejamento e implementação de programas de saúde ocupacio-
nal. Sasaki et al. (2014), realizaram estudos de avaliação ergonô-
mica de pulverizadores costais utilizados no setor florestal, em que
constataram que os pulverizadores pneumáticos e termonebuli-
zadores apresentaram níveis de ruído médio da ordem de 99,97
dB(A) e 94,33 dB(A), respectivamente. Para esses níveis de ruído,
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
90 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

somente é permitida a utilização (tempo de exposição) sem prote-


ção individual em intervalos de tempos que variam de 1 e 2 horas
diárias, respectivamente para cada equipamento avaliado.
Minette et al (2007) avaliando o posto de trabalho de ope-
radores de skidder e carregadores florestais, concluíram que estas
máquinas geram bastante desconforto, devido aos níveis de ruído
estarem acima do limite de ação recomendado por essa NR. Estudos
realizados por Fiedler et al. (2012) encontraram para as atividades
de roçada e desgalhamento semimecanizado, nível de ruído acima
do permitido por essa NR, justificado pelo uso de máquinas movi-
das a motor de “dois tempos” que apresentam um acentuado nível
de ruído quando o equipamento é submetido a aceleração, sendo
necessário o uso de EPI como os abafadores de ruído, para evitar o
detrimento à audição podendo chegar a surdez ocupacional.
Os prejuízos provocados pela Perda Auditiva Induzida
pelo Ruído - PAIR podem ser agravados pela interação com ou-
tros agentes nocivos à saúde humana, como a vibração (provoca-
da por máquinas de uso florestal como motosserras) ou produtos
químicos. Fato este registrado por Guida et al. (2010), quando foi
constatado que, entre trabalhadores expostos apenas a ruído, o re-
gistro de PAIR foi de 42,5% e, entre trabalhadores expostos a ruí-
do e agroquímicos, a ocorrência de PAIR passou para 60%.

Anexo n.º 3 – Limites de tolerância para


exposição ao calor
Esse anexo trata da sobrecarga térmica à qual os trabalha-
dores podem estar expostos em suas atividades laborais, estabele-
cendo os limites de tolerância para exposição ao calor. A sobrecar-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 91

ga térmica corresponde à carga de calor e resulta da combinação


dos seguintes fatores:
• Calor metabólico: resultante da atividade física, seja
ela leve, moderada ou pesada. Esse valor é obtido por
meio das tabelas constantes na própria NR15;
• Fatores ambientais: temperatura do ar, umidade, velo-
cidade do ar e calor radiante. A contribuição dos fato-
res ambientais à sobrecarga térmica é obtida a partir
do cálculo de um índice chamado Índice de Bulbo
Úmido Termômetro de Globo - IBUTG;
• Vestimentas exigidas para o trabalho.
Com relação ao IBUTG, esse índice considera a contri-
buição dos fatores ambientais à sobrecarga térmica e é obtido a
partir de medições de temperatura realizadas por três tipos de ter-
mômetros: termômetro de bulbo úmido natural (tbn); termômetro
de globo (tg); e termômetro de bulbo seco (termômetro de mercú-
rio comum, tbs). Todos os termômetros medem a temperatura do
ar. A diferença entre eles é que sua leitura é afetada por diferentes
parâmetros ambientais.
As medições de temperatura devem ser efetuadas no local
onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais
atingida, sendo que no momento da medição esses três termôme-
tros devem ficar em um mesmo plano horizontal.
A equação para o cálculo do IBUTG varia em função da
presença ou não de carga solar no ambiente, da seguinte forma:
IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (para ambientes internos ou
externos sem carga solar)
IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (para ambientes ex-
ternos com carga solar)
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
92 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Em que:
tbn = temperatura de bulbo úmido natural;
tg = temperatura de globo;
tbs = temperatura de bulbo seco.
Mediante os resultados obtidos pelas equações, o limite
de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho inter-
mitente com períodos de descanso no próprio local de prestação
de serviço (por hora), deverá ser definido como apresentado na
Tabela 1, situação típica do trabalho florestal. A classificação da
atividade como leve, moderada ou pesada é determinada pela taxa
metabólica consumida por hora trabalhada (Kcal/h) de acordo
com a Tabela 2.

Tabela 1 - Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local


de trabalho em relação ao tipo de atividade, em função do IBUTG calculado
Regime de trabalho intermitente Tipo de atividade
com descanso no próprio local de
trabalho (por hora) Leve Moderada Pesada

Trabalho contínuo Até 30 Até 26,7 Até 25,0


45 minutos de trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos de descanso
30 minutos de trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos de descanso
15 minutos de trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a
Acima de Acima de Acima de
adoção de medidas adequadas de
32,2 31,1 30,0
controle
Fonte: Anexo nº 3 da NR 15 (BRASIL, 1978)
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 93

Tabela 2 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade


Tipo de atividade Kcal/h
SENTADO EM REPOUSO 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os
150
braços.
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimenta-
175
ção.
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movi-
220
mentação.
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remo-
440
ção com pá).
Trabalho fatigante 550
Fonte: Anexo Nº 3 da NR 15 (BRASIL1978)

Quando os trabalhadores estão inseridos em ambientes


com sobrecarga térmica, neste caso o calor, seu organismo tenta
se adaptar ao meio em que se encontra, mantendo a temperatura
interna. Para isso, utiliza funções termorreguladoras, que coman-
dam a redução ou o aumento das perdas de calor pelo organis-
mo por meio de alguns mecanismos de controle (GOSLING;
ARAÚJO, 2008). Segundo Vilela et al. (2005), sob condições de
calor excessivo, ocorre a sudorese (perda de líquidos pela pele),
um dos mecanismos fundamentais para a regulação da tempera-
tura interna do corpo, que ocorre por meio da evaporação. Neste
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
94 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

caso, com a evaporação do suor, o corpo perde calor para o meio


ambiente. Caso a sudorese e a vasodilatação periférica não sejam
suficientes para manter a temperatura interna do corpo em torno
de 37ºC poderá haver consequências perigosas para o organismo,
como a desidratação, câimbras de calor, desmaios e choque tér-
mico (SALIBA, 2000). Couto (1996) acrescenta que o trabalho
em condições climáticas desfavoráveis produz extenuação física e
nervosa, diminuição do rendimento e aumento nos erros e riscos
de acidentes no trabalho.
A adequada temperatura do ambiente de trabalho é essen-
cial para garantir o bem-estar, a segurança e o conforto dos trabalha-
dores. O trabalho em temperaturas acima de 30 ºC aumenta o risco
de danos à saúde do trabalhador, as pausas se tornam mais frequen-
tes e necessariamente maiores, o grau de concentração diminui e a
frequência de erros e acidentes tende a aumentar significativamente.
Nessas condições, deverá ser reduzido o tempo de permanência do
trabalhador no local quente, o qual deverá ser alternado com um
período de descanso e reidratação (COUTO, 2002).
De acordo com Seixas (1991), o trabalho realizado no
setor florestal é considerado como uma das mais difíceis ocupa-
ções, sendo que, exceto os trabalhos em viveiros de produção de
mudas, a maior parte das atividades florestais podem ser classi-
ficadas como moderadamente pesadas a pesadas. Destarte esse
cenário, os conceitos de ergonomia e saúde ocupacional têm sido
usualmente ignorados, de acordo com resultados encontrados
por Fiedler et al. (2011).
Apud et al. (1999) afirmam que sobrecargas físicas du-
rante a jornada de trabalho são capazes de produzir enfermidades
no organismo dos trabalhadores, levando a perdas de rendimento,
afastamentos e até mesmo a invalidez permanente.
A elevada carga física de trabalho a que são submetidos os
trabalhadores florestais quando desempenhando suas atividades,
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 95

permite afirmar que as atividades florestais sujeitam os trabalhado-


res a situações de penosidade. Face a isso, torna-se necessário a re-
organização do trabalho e a determinação de pausas para descanso
para todas as atividades. Essas pausas devem ser adequadamente
distribuídas durante a jornada de trabalho, pois elas representam
um auxílio ao mecanismo fisiológico de compensação e recupera-
ção do trabalhador, evitando a fadiga (MINETTE, 1996).
O fato de não serem estabelecidas pausas para descanso
obriga aos trabalhadores um aumento do esforço para desempenhar
suas tarefas, levando o indivíduo a tomar outras posturas que po-
dem desencadear as lesões musculoesqueléticas ou até mesmo aos
acidentes de trabalho. De acordo com Luce (2013), o trabalho a
ritmos/intensidade mais elevados leva ao esgotamento prematuro da
corporeidade viva do trabalhador e que a exigência de mais-trabalho
ao trabalhador, mediante procedimentos extensivos ou intensivos, ao
provocar fadiga e esgotamento têm nos acidentes de trabalho e nas
doenças ocupacionais um de seus indicadores mais representativos.

Anexo n.º 8 – Vibrações


O objetivo do Anexo n.º 8 da NR 15 é o de estabele-
cer critérios para caracterização da condição de trabalho insa-
lubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços
- VMB e Vibrações de Corpo Inteiro - VCI, sendo a forma de
avaliação quantitativa destes valores estabelecida pelas Normas
de Higiene Ocupacional - NHO da Fundação Jorge Duprat e
Figueiredo – FUNDACENTRO (FUNDACENTRO, 2013a;
FUNDACENTRO, 2013b).
A OIT, em sua Convenção n.º 148, estabeleceu que: “o
termo ‘vibração’ compreende toda vibração transmitida ao orga-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
96 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

nismo humano por estruturas sólidas e que seja nociva à saúde ou


contenha qualquer outro tipo de perigo” (OIT, 1977)
Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o
limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a
um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren)
de 5 m/s2. Por sua vez, caracteriza-se a condição insalubre caso
sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional
diária a VCI o valor da aceleração resultante de exposição norma-
lizada (aren) de 1,1 m/s2 ou o valor da dose de vibração resultante
(VDVR) de 21,0 m/s1,75.
A vibração relacionada ao trabalho constitui-se em um im-
portante fator de risco à saúde e pode levar a sérias consequências ao
organismo. Ela resulta de uma ou mais fontes emissoras de vibração
mecânica que incidem no organismo (SEBASTIÃO et al., 2007)
que, no caso das máquinas florestais, são decorrentes do funciona-
mento do motor, dos deslocamentos sobre pisos irregulares e da
própria operação. Diferente dos outros agentes, onde o trabalhador
é exposto aos riscos, quando o tema são as vibrações, caracteristica-
mente deve haver o contato entre o trabalhador e o equipamento/
máquina que transmita a vibração. No entanto, mesmo as exposições
intermitentes podem trazer danos (SALIBA, 2016).
As vibrações mecânicas originadas tanto no funciona-
mento da máquina quanto pela rugosidade da superfície de deslo-
camento se tornam problemáticas quando a frequência de partes
do corpo humano (por exemplo, o tronco vibra a uma frequência
de 4 a 8 Hz), acaba se aproximando a da máquina (1-7 Hz), o
que pode elevar as chances de problemas de saúde no operador
(ZEHSAZ et al., 2011).
As consequências da exposição repetida e prolongada a
vibrações de corpo inteiro incluem alterações degenerativas da co-
luna vertebral que podem causar dores lombares, hérnias e distúr-
bios degenerativos nos discos lombares, além de outros distúrbios
musculoesqueléticos (SHERWIN et al., 2004).
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 97

Os operadores de máquinas agrícolas e florestais são fre-


quentemente expostos a altos níveis de vibrações de corpo inteiro
durante o desenvolvimento de suas atividades e, por isso, são acome-
tidos por distúrbios na coluna vertebral e vários outros tipos de do-
enças. A origem desses problemas dificilmente pode ser eliminada,
devido à conhecida dinâmica da interação máquina-solo-operador.
Projetistas de máquinas vem adotando muitas técnicas diferentes,
a fim de minimizar as vibrações que, a partir do solo, surgem até o
corpo humano. No entanto, as atividades em campo podem ter lugar
em cenários muito diferentes: rugosidade e inclinação do solo, tipo e
velocidade da máquina, presença de pneus ou de esteiras, manuten-
ção das máquinas, dispositivos para tarefas específicas (ex.: o cabeço-
te harvester, motosserras) etc. Além disso, a influência de tais fatores
na saúde humana ainda não é bem compreendida e, portanto, não é
fácil limitar a quantidade de vibrações agindo sobre as variáveis de
projeto (SERVADIO; BELFIORE, 2013).

NR 17 – Ergonomia
Esta norma regulamentadora visa estabelecer parâmetros
que permitam a adaptação das condições de trabalho às caracte-
rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcio-
nar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente
(BRASIL, 1990).
Segundo Camisassa (2015), para efeito da NR 17, a orga-
nização do trabalho deve levar em consideração, no mínimo alguns
fatores como:
• Normas de produção - regras da empresa;
• Modo operatório - como as atividades que devem ser
executadas;
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
98 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Exigência de tempo - metas de produção;


• Determinação do controle de tempo - relacionada às
atividades que envolvem às subtarefas;
• Ritmo de trabalho - pode ser livre ou imposta; e
• Conteúdo das tarefas - relacionado ao modo de como
o trabalhador percebe o seu trabalho.
Segundo a autora, estudos mostram que as características
psicofisiológicas dizem respeito a todo conhecimento referente ao
funcionamento do ser humano. As principais características psico-
fisiológicas do ser humano são:
• Sinais de estresse quando tem sua performance ava-
liada por meio de metas de desempenho;
• Prefere impor seu próprio ritmo de trabalho, incomo-
da-se com tarefas com tempo de execução reduzido;
• Apresenta uma tendência a acelerar seu ritmo de tra-
balho quando motivado pecuniariamente ou por ou-
tros meios;
• Prefere escolher livremente sua postura no posto de
trabalho;
O setor florestal brasileiro vem ao longo dos anos sendo
um dos mais problemáticos nos aspectos de segurança do trabalho.
As atividades em boa parte das vezes são pesadas, perigosas e de-
pendem de altos níveis de atenção e treinamento. Neste aspecto, a
ergonomia, importante área da segurança do trabalho, como uma
ciência multidisciplinar que visa a melhoria da saúde, do bem-es-
tar, do conforto, da saúde e da segurança do trabalhador, tem trazi-
do uma colaboração enorme aos sistemas de produção (FIEDLER
et al., 2007).
A preocupação atual com a associação entre o ambiente
laboral e as condições ambientais básicas reflete na qualidade de
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 99

vida do trabalhador (MILARÉ, 2015). A ergonomia se destaca


nas práticas de planejamento, monitoramento e controle da qua-
lidade de vida como uma ciência interdisciplinar que compreende
a fisiologia e a psicologia do trabalho com o objetivo prático de
adaptar o posto de trabalho, os instrumentos, as máquinas, os ho-
rários e o meio ambiente às exigências do ser humano, propiciando
uma facilidade do trabalho e um maior rendimento e eficiência do
esforço humano como consequência (GRANDJEAN, 1982).
Essa ciência apoia-se em dados sistemáticos, fazendo uso
de métodos científicos para se chegar à adaptação do trabalho ao
ser humano que o realiza, ou seja, visa sempre a melhoria das con-
dições de segurança, saúde, conforto, bem-estar e eficiência do ser
humano (IIDA, 2005).
Os objetivos principais dos estudos em ergonomia são o
conhecimento das capacidades e dos limites de produção dos tra-
balhadores, bem como a recíproca adaptação entre o ser humano
e o seu local de trabalho, levando-o a um melhor preparo, treina-
mento e uma especialização, adequando-o a métodos, técnicas e
sistemas de trabalho, bem como às condições do local (SILVA et
al., 2009).
Apesar dos avanços nas últimas décadas, a contribuição
da ergonomia para a melhoria das condições de trabalho do ser
humano no setor florestal ainda tem sido modesta, pois as pes-
quisas ainda são muito voltadas para os aspectos de otimização
do trabalho, redução de custos, produtividade e rendimentos de
máquinas e equipamentos no trabalho. O conhecimento das limi-
tações do principal responsável pelo processo de produção ainda é
pouco considerado para a obtenção da harmonia no sistema, pro-
porcionando um trabalho confortável, mantendo a saúde e o bem-
-estar e levando, consequentemente, ao aumento de rendimento,
à diminuição dos riscos de acidentes e melhoria da qualidade do
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
100 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

trabalho (ANDERSON, 2012). Ainda, segundo o autor, o estudo


dos fatores humanos no trabalho consiste em um levantamento do
trabalhador na empresa. O conhecimento desses fatores é de fun-
damental importância para que a área de trabalho, o seu arranjo,
as máquinas, equipamentos e ferramentas sejam bem adaptados às
capacidades psicofisiológicas, antropométricas e biomecânicas do
ser humano.
Ao contrário das grandes empresas de base florestal, as
atividades de florestais em propriedades rurais são, em sua grande
maioria, realizadas de forma manual ou semimecanizada, dadas
as condições de topografia dos terrenos e de fatores econômicos,
ambientais e sociais (REIS et al., 1996). Essas atividades apresen-
tam uma série de problemas ergonômicos, que se não forem cor-
rigidos ou prevenidos poderão acarretar danos à saúde, bem como
afetar a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores. Os principais
problemas são: elevada carga de trabalho físico, elevado ruído, alta
vibração, alta exigência de forças, posturas forçadas, falta de pausas
e repetitividade dos movimentos (SCHETTINO et al., 2014).
Macedo (2012) explica que a execução de tarefas monó-
tonas e repetitivas do trabalho moderno, associada à alta produ-
tividade, pode levar o trabalhador a sofrimentos psíquicos e so-
máticos. Esses e outros motivos fazem com que empresas incre-
mentem, aos planejamentos operacionais, medidas para mitigar
causas de acidentes em suas atividades. Com isso, dois aspectos
são elementares para a segurança e saúde no trabalho, sendo eles
a ergonomia, definida como o estudo da interação entre trabalha-
dor, máquina e ferramentas, bem como seu bem-estar na execu-
ção da atividade (GRANDJEAN, 1982). O segundo corresponde
à segurança e saúde ocupacional, que atribui, ao trabalho, práticas
de prevenção e contenção a acidentes, bem-estar e salubridade
(MACEDO, 2012).
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 101

Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às ca-


racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao emprega-
dor realizar a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), devendo
a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme
estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
Para Camisassa (2015) a AET é uma abordagem meto-
dológica proposta pela ergonomia, que realiza uma avaliação de-
talhada e minuciosa das tarefas, modos operatórios, comparação
entre o trabalho real e o prescrito, variabilidade do contexto do
trabalho, bem como dos instrumentos utilizados. Mediante cons-
tatação de risco ergonômico, deverão ser apresentadas propostas
para melhoria da execução das tarefas.
A ergonomia é de suma importância para a realização
das tarefas no setor de produção florestal, devendo seus gestores
fazerem uso constante desta ferramenta, não só em atendimento
à legislação pertinente, como também na minimização do absen-
teísmo, diminuição de gastos com recontratações e melhoria das
condições de saúde dos colaboradores, o que reflete positivamente
na satisfação com o labor e produtividade.

NR 21 – Trabalho a Céu Aberto


Como os trabalhos florestais são realizados, em sua gran-
de maioria, durante o dia e a céu aberto, a NR-21 estabelece cri-
térios mínimos para a proteção dos trabalhadores contra os efei-
tos indesejáveis da exposição a insolação e demais intempéries. É
importante ressaltar que o termo “a céu aberto”, corresponde aos
trabalhos efetuados em ambientes externos, sem coberturas para
proteção do trabalhador, sob influência dos fatores climáticos na-
turais. Especificamente, a NR-21 estabelece que, nos trabalhos re-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
102 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

alizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos, ainda


que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intem-
péries. Ainda, preconiza que serão exigidas medidas especiais que
protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o
frio, a umidade e os ventos inconvenientes.
A exposição à radiação ultravioleta sem proteção adequa-
da é cancerígena à pele, está associada a diversas neoplasias cutâ-
neas, pode causar depressão imunológica, além de lesões oculares.
Na pele os efeitos mais notados em pouco tempo são o eritema ou
queimadura solar, o bronzeamento ou melanogênese e a indução à
imunossupressão (FRANCO et al., 2016). A longo prazo podem
ocorrer efeitos relacionados ao fotoenvelhecimento e à fotocarci-
nogênese (OKUNO; VILELA, 2005).
Menegat e Fontana (2010) afirmam que as radiações
solares podem ser consideradas um importante agravante para a
saúde dos trabalhadores rurais, sendo necessário usar cremes ou
loções com filtro solar, chapéu de palha, roupas compridas e óculos
escuros; evitar os horários de pico solar, entre as dez da manhã
e as três da tarde. Afirmam ainda os autores, que o fato é que os
trabalhadores exercem suas atividades durante o dia e têm uma
carga horária longa, em função do grande volume de trabalho, o
que facilita sua exposição e os danos, considerando-se que os mes-
mos não se protegem adequadamente dos riscos do sol e do calor
excessivo. O baixo percentual de empregadores ou equiparados que
fornecem EPIs aos trabalhadores florestais contribui sobremaneira
para a elevação dos agravos a saúde destes quando expostos aos
efeitos deletérios das radiações solares e das altas temperaturas.
Com relação a exposição ao frio, analisando pelo enfo-
que geográfico, pode-se caracterizar que o Brasil apenas raramente
apresenta situações que exponham os trabalhadores a frio intenso.
Para Brevigliero et al. (2008), a exposição ocupacional ao frio in-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 103

tenso não chega a constituir problema sério no Brasil. Isto porque


as condições meteorológicas naturais definem apenas algumas re-
giões do Sul como sujeitas a baixas temperaturas. Ainda assim, tais
condições se evidenciam de forma sazonal, quase que ocasional-
mente em alguns dias do inverno, concentradas em alguns locais
com maiores altitudes e latitudes, o que não é o caso das regiões
objeto deste estudo.

NR 23 – Proteção contra Incêndios


Esta norma preconiza que todos os empregadores devem
adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com
a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis. É importante
que essa norma não se refere às técnicas de prevenção e combate
a incêndios (de competência do Corpo de Bombeiros Militar de
cada Estado); mas única e exclusivamente a proteção dos trabalha-
dores em caso de incêndios ocorridos nos locais de trabalho.
A norma não é detalhada sobre quais informações devem
ser fornecidas aos trabalhadores, porém dispõe que, como quesito
mínimo, o empregador deverá informar sobre:
• Utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
• Procedimentos de evacuação dos locais de trabalho
com segurança; e
• Dispositivos de alarme existentes.
No caso das atividades florestais, os dois tipos de incên-
dios mais comuns são os incêndios florestais (na vegetação arbórea)
e em máquinas e equipamentos. Em ambos os casos, o desejável é a
implementação de brigadas de incêndios. De acordo com a norma
ABNT NBR 14276:2006, uma brigada de incêndio é um grupo
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
104 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

organizado de pessoas, preferencialmente voluntárias ou indicadas,


treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao
princípio de incêndio, abandono de área e primeiros socorros, den-
tro de uma área pré-estabelecida na planta (ABNT, 2006).
O Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – ICMBio – estabelece que a segurança da briga-
da é ponto central para o sucesso das operações de combate aos
incêndios florestais. O primeiro princípio básico é a obediência à
estrutura hierárquica estabelecida que deverá ser conhecida e res-
peitada por todos. O segundo é a certeza da compreensão e o cum-
primento das estratégias e táticas de combate definidas. Obedecer
a estes dois princípios básicos é o primeiro passo para garantir a
segurança nas operações de combate (ICMBio, 2010). Além disso,
durante o período de contratação, o brigadista deverá participar de
treinamentos periódicos, zelar pelo uso e boas condições das ferra-
mentas, equipamento e do Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) e pela manutenção do preparo físico. O acúmulo de experi-
ências locais nos combates pode, e deve, traduzir-se na criação de
normas de segurança específicas. Porém, existem algumas normas
que se aplicam independentemente do local. Dez normas de segu-
rança gerais:
1. Manter-se informado sobre as condições de clima e
de previsões meteorológicas.
2. Manter-se sempre informado do comportamento do
incêndio, observar pessoalmente ou empregar um as-
sistente capacitado.
3. Basear qualquer ação contra o incêndio segundo o
comportamento atual dele.
4. Manter rotas de escape para todo o pessoal e fazê-lo
conhecê-las.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 105

5. Manter um posto de observação quando houver a


possibilidade de perigo.
6. Manter-se alerta e calmo, pensar claramente e atuar
com decisão e energia.
7. Manter comunicação com o pessoal, chefes e forças
de apoio.
8. Dar instruções claras e estar certo de que essas foram
entendidas.
9. Manter controle do pessoal todo o tempo, por exem-
plo, comando de enumerar os membros da brigada.
10. Combater o fogo com agressividade, porém, manter a
calma acima de tudo, por exemplo, a manutenção da
distância de segurança nos deslocamentos e na aber-
tura de linha

NR 26 – Sinalização de Segurança
Esta norma trata especificamente sobre a sinalização de
segurança dos ambientes de trabalho, com o objetivo principal de
indicar e advertir acerca dos riscos existentes, e tendo como obje-
tivos secundários: identificar os equipamentos de segurança, de-
limitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução
de líquidos e gases e advertir contra riscos, devendo atender ao
disposto nas normas técnicas oficiais.
O item da 26.2.4 desta norma determina que os trabalha-
dores devem receber o treinamento:
• para compreender a rotulagem preventiva e a ficha
com dados de segurança do produto químico; e
• sobre os perigos, riscos, medidas preventivas para o
uso seguro e procedimentos para atuação em situa-
ções de emergência com o produto químico.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
106 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Segundo Harstela (1987), somente os dispositivos de se-


gurança da máquina e o uso de equipamentos de proteção indivi-
dual não são suficientes para garantir a segurança do trabalhador
do setor florestal, sendo também considerados itens essenciais à
segurança no trabalho florestal o treinamento e a formação dos
operadores, observância a distância segura entre um operador o
outro, disponibilidade de material de primeiro socorros, uso de
meios de comunicação eficientes na floresta e, principalmente, a
sinalização nos limites e proximidades do talhão de corte.
Ainda, há que se considerar que a sinalização de seguran-
ça é um dos itens que deve ser atendidos no checklist das Análises
Preliminares de Riscos – APR´s. Em estudos sobre APR das prin-
cipais atividades de extração florestal com cabos aéreos no municí-
pio de Tunas do Paraná, constatou que a sinalização de segurança
é fundamental e presente na manutenção do ambiente de trabalho
seguro, possibilitando aos trabalhadores agirem de forma proativa
nas questões de segurança.

NR 28 – Fiscalização e Penalidades
Esta norma trata especificamente sobre os procedimen-
tos de fiscalização no cumprimento das disposições legais e regu-
lamentares sobre a segurança e saúde do trabalhador, podendo o
agente de inspeção do trabalho fazer uso de meios audiovisuais,
necessários à comprovação da infração, devendo este lavrar auto
de infração à vista de descumprimento das leis, normas e acordos
coletivos de trabalho.
As multas previstas na NR 28, quando são infringidos itens
da Portaria n° 3.214 (BRASIL, 1978) e tendo percorrido toda tra-
jetória institucional, à ser convertida em valores financeiros, variam
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 107

de R$ 402,22 a R$ 6.708,08 por item descumprido, de acordo com


a gravidade da situação encontrada, a existência de reincidência e o
porte da empresa associado ao número de empregados.
Observa-se também que esta norma permite a conces-
são de prazos para a regularização de algumas exigência de Saúde
e Segurança do Trabalho – SST–, dentro de critérios definidos,
bem como estabelece os procedimentos necessários para embargo
e interdição. Esta norma trata brevemente sobre casos de embar-
go e interdição, sobre situações de risco grave e iminente à saúde
ou integridade física do trabalhador, com base em critérios técni-
cos, à interdição do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou
equipamento, ou embargo parcial ou total da frente de trabalho
(ARAÚJO, 2010).
Marangon (2014), analisando resultados de auditorias de
certificação de florestas plantadas no Brasil, concluiu que ocorreu
uma maciça migração do número de não conformidades ambien-
tais para o setor trabalhista, reflexo do número reduzido de fiscali-
zações e das terceirizações, sendo essa última ainda mal interpre-
tada pelas empresas do setor florestal, transferindo suas responsa-
bilidades a empresas terceirizadas.
O resumo público de auditoria anual realizado pelo
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola -
IMAFLORA (IMAFLORA, 2017) – em uma empresa de base
florestal no ano de 2016, mostrou inúmeras não conformidades
passíveis de penalidades pelo descumprimento de requisitos míni-
mos contidos na NR 31 como:
• Reutilização de EPI’s contaminados na aplicação de
herbicidas;
• Objetos de uso pessoal acondicionados no mesmo lo-
cal de uso de herbicidas;
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
108 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Máquinas sem a devida manutenção preventiva;


• Programa de redução de ruídos parcialmente execu-
tado pela empresa;
Observa-se em muitos trabalhos que algumas não con-
formidades podem ser facilmente corrigidas e são, em muitos ca-
sos, correções de baixo custo financeiro. Essa norma regulamenta
aos Auditores Fiscais do Trabalho a notificarem tais não conformi-
dades, podendo as empresas corrigirem as não conformidades no
prazo de 60 dias, como consta o item 28.1.4.1, podendo este prazo
ser estendido em até 120 dias, condicionadas a prévia negociação
entre o notificado (VIEGAS, 2016).
Para Vieira (2013), grande parte das empresas de explora-
ção florestal, cumprem os requisitos mínimos exigidos pela NR 31,
sendo que em seus estudos, foram levantados 125 itens dos quais
apenas 11 itens não estavam em conformidade, o que representa
menos de 10% dos itens. Segundo autor, o fato de maior relevân-
cia se deu com relação as adequações dos 11 itens não conformes,
o que custaria, caso fossem implantados pela empresa, um valor
aproximado, na época da avaliação de R$ 2.201,00, sendo que este
valor poderia ter atingido proporções maiores caso fossem apli-
cados as penalidades previstas pela NR 28, um montante de R$
23.643,71 estimados em multas para os itens não conformes.

NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na


agricultura, pecuária silvicultura, exploração
florestal e aquicultura
Esta NR estabelece as obrigações, competências e res-
ponsabilidades tanto do empregador quanto do empregado rural.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 109

Faz também o detalhamento de todas as questões relacionadas à


segurança e saúde nesta área. Instrui também na criação de sis-
temas e comissões responsáveis pelo planejamento, emprego e
manutenção dos quesitos segurança e saúde do trabalhador rural
(BRASIL, 2005).
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura – CONTAG, a NR 31 é considerada um instrumento
avançado se comparado com outras normas existentes, a qual tem
grande importância para a fiscalização da segurança do trabalho
no meio rural e principalmente a do setor florestal. Dessa forma,
a NR 31 visa a melhoria das condições de segurança e saúde no
meio ambiente a partir do planejamento compatibilizado com o
desenvolvimento das atividades.
Deste ponto em diante, serão destacados os itens da NR
31 que impactam diretamente o trabalho florestal.

Item 31.3 – Disposições gerais - obrigações e


competências – das responsabilidades
As disposições gerais deste item permitem inferir que
cabe ao empregador: garantir boas condições de trabalho, higiene
e conforto; realizar avaliações dos riscos e, a partir disto, promover
medidas de proteção e prevenção de riscos do ambiente de traba-
lho; assegurar que sejam fornecidas aos trabalhadores instruções
compreensíveis, orientações e supervisões referentes à segurança e
saúde; entre outros. Porém, observação da real condição dos tra-
balhadores florestais em campo conduz ao entendimento de que
existe claro descaso com o trabalhador florestal, não considerando
que a condição social local, de maneira ampla, limita ao trabalha-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
110 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

dor pouca instrução educacional, e o acesso às informações, quan-


do permitido e, ou, existente, passa a ser falho.
As condições e o ambiente de trabalho na colheita flores-
tal têm aspectos particulares, pois os locais de trabalho são tempo-
rários e os trabalhadores atuam expostos a condições climáticas ad-
versas, que aumentam o risco de acidentes. De acordo com Canto
et al. (2007), além da pouca experiência dos produtores rurais na
área de silvicultura, deve-se considerar que em áreas florestais de
pequena escala os riscos de acidentes tendem a ser altos devido a
equipamentos inadequados e à falta de mecanismos de segurança,
trabalhadores desqualificados e inexperientes e desconhecimento
sobre os riscos inerentes à atividade. Ainda, os autores destacam
que o emprego de pessoas despreparadas, além de ser um problema
social dado ao risco de acidentes, compromete também os aspectos
econômicos da atividade, pois os recursos humanos devidamente
capacitados são fatores decisivos no aumento da produtividade.
Minette et al. (2015), ao analisarem algumas atividades
florestais, concluíram que o ambiente de trabalho proporcionava,
por suas particularidades, elevados riscos de lesões musculoesque-
léticas e de acidentes, principalmente em função da necessidade
de o trabalhador se deslocar e transportar cargas em terrenos com
declividade acentuada, favorecendo o surgimento de dores mus-
culares causadas por posturas forçadas inadequadas ou ferimentos
por quedas.

Item 31.5 - Gestão de segurança, saúde e meio


ambiente de trabalho rural
Este item da norma preceitua que os empregadores rurais
ou equiparados devem implementar ações de segurança e saúde
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 111

que visem a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do tra-


balho na unidade de produção rural, atendendo a seguinte ordem
de prioridade: a) eliminação de riscos através da substituição ou
adequação dos processos produtivos, máquinas e equipamentos; b)
adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na
fonte; c) adoção de medidas de proteção pessoal.
Com efeito, o empregado, ao colocar à disposição de ou-
trem a sua força de trabalho, tem como correspondência inúmeros
direitos, além do pagamento de salários. E um deles, dos mais im-
portantes, é a prestação dos serviços em local salubre e com ade-
quadas condições ambientais, a fim de que possa manter suas ap-
tidões física e mental necessárias ao desempenho das funções para
as quais foi contratado.
A adoção de medidas de avaliação e gestão dos riscos am-
bientais tem por objetivo a preservação da saúde e da integridade
física dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência dos riscos ambien-
tais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho,
tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recur-
sos naturais (BRASIL, 1978).
Por sua vez, com relação a organização do trabalho, é ne-
cessário aos empregadores ou equiparados investir na ampliação
da satisfação e motivação no ambiente de trabalho, na integração
organizacional como fato, na tecnologia e nos recursos voltados
às metas de produção, na produtividade e no comprometimento
em substituição à lealdade (KANAN; ARRUDA, 2013). Afirmam
ainda os autores ser indubitável que todos estes fatores favorecem a
qualidade de produtos e serviços e apontam para a exigência de am-
bientes de trabalho mais agradáveis e seguros, ainda que, não raro, a
razão que orienta os empregadores nesse sentido seja a expectativa
de maior produtividade e, consequentemente, maior lucro. De fato,
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
112 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Chiavenato (2013) afirma que as teorizações das diversas correntes


administrativas acerca da organização do trabalho encontram-se
ainda bastante centradas no aumento da produtividade e eficiência
da organização, permanecendo o trabalhador em segundo plano,
embora, nem sempre, essa condição seja explicitada.
Em outra vertente, partindo do pressuposto que a for-
mação em segurança é essencial para a aquisição de mais conhe-
cimento, e também para uma reflexão sobre atitudes e comporta-
mentos seguros e inseguros praticados no local de trabalho, pre-
parar os trabalhadores para saberem agir seja qual for a situação
em que estejam envolvidos pode fazer toda a diferença em uma
situação real de risco. Dessa forma, a falta de campanhas educa-
tivas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais pode ser
um fator contributivo para aumento da frequência e gravidade dos
acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais no setor florestal.
Ainda, a ausência ou a precariedade do PCMSO, que é
parte integrante de uma série de iniciativas com caráter preventivo
a serem implementadas pelos empregadores no âmbito da saúde
dos trabalhadores, constitui-se em um sério agravo a saúde destes.
De acordo com Stürmer (2016), é necessário que, na elaboração e
na execução desse programa, o empregador ou equiparado enfatize
questões incidentes sobre o indivíduo e sobre a coletividade de tra-
balhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico
na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho, possibili-
tando assim a prevenção, o rastreamento e o diagnóstico precoce
dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza
subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças
profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
Por fim, outro importante aspecto refere-se a comunica-
ção de acidentes por parte dos empregadores ou equiparados. No
Brasil, acidentes de trabalho devem ser comunicados imediata-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 113

mente após sua ocorrência, por meio da emissão da Comunicação


de Acidente de Trabalho (CAT), que deve ser encaminhada ao
acidentado, ao hospital, ao sindicato da categoria corresponden-
te, ao Sistema Único de Saúde (SUS), à Previdência Social e ao
Ministério do Trabalho. Com a subnotificação dos acidentes de
trabalho, como consequência da não emissão da CAT, tem-se a
perda de direitos previdenciários dos trabalhadores (auxílios aci-
dente e doença e aposentadoria por invalidez), bem como um au-
mento de custos para os empregadores (inclusive com a possibili-
dade de geração de passivos trabalhistas).
A subnotificação é um importante agravante do conhe-
cimento da real prevalência dos acidentes de trabalho, fator que
pode refletir a atitude de desconhecimento ou de menor atenção
dos profissionais quanto à gravidade dos acidentes. De acordo com
Marziale (2003), constitui-se uma grande barreira para se enten-
der os riscos e os fatores associados com a exposição ocupacional,
pois é através do número de notificações que será possível se diag-
nosticar a gravidade do problema e planejar medidas específicas de
prevenção em cada ambiente de trabalho.
O meio ambiente laboral há de ser assegurado, segundo
Mancuso (1996), de três maneiras: a) em uma instância primá-
ria, pelo próprio trabalhador, quando ele mesmo obtém e maneja
os instrumentos adequados à sua atividade, organiza seu local de
trabalho, enfim, provê por conta própria os meios pelos quais pre-
tende levar a bom termo seu empreendimento; b) em um outro
plano, a implementação do adequado meio ambiente de trabalho
passa a depender de atividade alheia, seja o empregador ou equi-
parado que, auferindo a vantagem do negócio deve arcar com o
ônus correspondente (os chamados custos sociais da mão de obra),
seja o próprio o Sindicato, enquanto entidade encarregada da de-
fesa e representação institucional de uma certa categoria laboral,
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
114 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

seja, enfim, o Estado-fiscalizador, através de seus órgãos voltados à


segurança e higiene do trabalho; c) em uma instância substitutiva
ou supletiva, o meio ambiente laboral haverá de ser assegurado,
impositivamente, pela Justiça do Trabalho, quando, no exercício
da jurisdição coletiva em sentido largo, ou ainda no âmbito de seu
poder normativo, estabelece novas condições para o exercício do
trabalho de certas categorias.
Vale destacar que as diversas legislações nacionais e in-
ternacionais, e demais normas que tutelam o trabalhador, também
devem ser instrumentos de transformações e conscientizações no
que tange à prevenção e segurança no sentido de evitar acidentes
e doenças do trabalho e dar um salto positivo na qualidade de vida
de toda a sociedade. Talvez por questões culturais, ainda persistem
visões distorcidas e alguns ranços, em relação às normas e incon-
formidades que possam trazer prejuízos à saúde e segurança no
trabalho (GEREMIA, 2011).

Item 31.10 – Ergonomia


Sem desobrigar os empregadores ou equiparados ao cum-
primento da NR-17 (Ergonomia), este item da NR-31 preconiza,
especificamente, que o empregador rural ou equiparado deve ado-
tar princípios ergonômicos que visem a adaptação das condições
de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
de modo a proporcionar melhorias nas condições de conforto e
segurança no trabalho.
Estudos diversos têm evidenciado ser a ergonomia um
fator negligenciado pelos empregadores ou equiparados no traba-
lho florestal, o que pode representar um grave fator de risco ao
desenvolvimento de distúrbios osteomusculares nos trabalhadores
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 115

florestais. Tal constatação se deve ao fato de que, em grande parte


das pequenas e médias empresas florestais, o trabalho é realizado
de forma manual ou semimecanizada.
Estes sistemas de trabalho apresentam levantamento e
transporte manual de carga em quantidades questionáveis sob a
ótica dos limites recomendados por diferentes normas nacionais e
internacionais, muitas vezes associado a posturas inadequadas e a
características peculiares como: acessibilidade e mobilidade restri-
tas; terrenos íngremes; exposição às condições climáticas extremas;
ferramentas mal desenvolvidas e, consequentemente, inadequadas;
e mão de obra pouco qualificada. Esses e outros fatores contribuem
para que tais atividades apresentam elevados dispêndio energético,
repetitividade e índices de acidentes de trabalho, além da possibi-
lidade do desenvolvimento de distúrbios osteomusculares (SILVA
et al., 2008; FIEDLER et al., 2011; GALEAZZI et al., 2012).
Outro fator relevante e que, também, apresenta grande re-
corrência no setor florestal diz respeito a máquinas, equipamentos,
implementos, mobiliários e ferramentas. Em virtude dos elevados
custos de aquisição e manutenção das máquinas específicas para a
atividade florestal, a utilização de máquinas adaptadas, principal-
mente a partir de tratores agrícolas, tem sido a alternativa utilizada
por pequenos produtores florestais para as etapas mecanizadas de
seus sistemas de trabalho semimecanizados.
Entretanto, de acordo com Rozin et al. (2010), durante a
operação dessas máquinas adaptadas, o operador fica exposto a fa-
tores ambientais que influenciam diretamente em seu rendimento
e na sua saúde e segurança, como, por exemplo, a posição do corpo
no acesso as cabines e no posto de trabalho, posição de comandos
e alavancas; condições climáticas, como as temperaturas extremas,
radiação solar, problemas de ventilação e umidade; nível de inten-
sidade sonora produzida pelo motor e ou transmissão da máquina;
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
116 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

partículas suspensas no ar como poeiras e gases de escapamento;


vibração do assento causada pela máquina e pelas irregularidades
do terreno. Todos esses fatores são contrários ao princípio básico
da Ergonomia, qual seja o de adaptar o trabalho ao ser humano
(IIDA, 2005).
Ainda, ao estabelecer itens relativos a necessidade de pau-
sas nos trabalhos em pé e naqueles que exigem sobrecarga muscu-
lar, a norma busca tutelar sobre a carga física de trabalho. Ao rea-
lizar suas atividades manualmente, em terrenos acidentados, carga
física de trabalho e as posturas desconfortáveis podem se apresen-
tar como um problema ergonômico, representando um dos prin-
cipais fatores de risco de lesões para os trabalhadores florestais. O
aparecimento de sintomas de fadiga por sobrecarga física depende
do esforço desenvolvido, da duração do trabalho e das condições
individuais, como estados de saúde, nutrição e condicionamento
decorrente da prática da atividade (FIEDLER et al., 2011). À me-
dida que aumenta a fadiga, reduz-se o ritmo de trabalho, atenção
e rapidez de raciocínio, tornando o trabalhador menos produtivo e
mais sujeito a erros e acidentes (IIDA, 2005).

Item 31.11 – Ferramentas manuais


A utilização de ferramentas inadequadas, bem como a
falta de treinamento para seu uso e a sua guarda de maneira ina-
propriada, tem sido importantes causas de acidentes de trabalho
no meio rural. Teixeira e Freitas (2003), em seu estudo abrangendo
acidentes no trabalho rural, no Estado de São Paulo, em um perí-
odo de dois anos, mostraram que dos 51.644 acidentes de trabalho
registrados, 49,9% aconteceram devido as ferramentas de trabalho.
Estimativas indicam que para cada 5.000 acidentes de trabalho
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 117

que as ferramentas manuais causam, uma pessoa perde a vida devi-


do a golpes violentos e 950 indivíduos permanecem incapacitados
parcialmente, diminuindo a movimentação das mãos ou ocasio-
nando a perda de dedos (ALMEIDA, 1995).
Sobre ferramentas manuais, há ainda que se considerar a
real possibilidade de uso daquelas mal dimensionadas ser capaz de
gerar diversos constrangimentos aos trabalhadores, que incidem
desde insatisfação e desconforto até patologias graves que acome-
tem os membros superiores. Os problemas mais recorrentes das fer-
ramentas manuais estão relacionados à inadequação de dimensio-
namento, forma, peso, textura e estabilidade (PASCHOARELLI
et al., 2010).

Item 31.12.38 – Dispositivo de segurança


nas motosserras
O corte com motosserra permite produtividade individu-
al relativamente elevada, com baixo investimento inicial, poden-
do essa máquina ser utilizada, inclusive, em locais de topografia
acidentada e, por tais razões, tem seu uso amplamente difundido
no setor florestal brasileiro. Entretanto, trata-se de uma máqui-
na extremamente perigosa e que apresenta riscos inerentes tanto
a si própria quanto a sua operação, chegando ao ponto de ser a
única máquina utilizada no setor florestal que necessita de regis-
tro e porte junto ao Governo Federal, no caso, junto ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), por exigência da Lei Federal nº 9.605, de 12 de feve-
reiro de 1998 e seu Decreto Regulamentador nº 3.179, de 21 de
setembro de 1999.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
118 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Ao realizarem um estudo no Estado de Minas Gerais,


envolvendo trabalhadores florestais em atividades de corte ma-
nual, Sant’ana e Malinovski (2002) apontaram que a maioria dos
acidentes acontece no momento da derrubada com motosserra.
Apesar de terem recebido treinamento formal, 19,5% dos entre-
vistados pelos autores negaram experiência com o uso da máqui-
na, e 44,8% deles já haviam sofrido pelo menos um acidente de
trabalho. Em outra vertente, muitos acidentes com motosserras
acontecem pela falta de qualificação e profissionalização adequada
dos trabalhadores, visto que o conhecimento para o exercício da
função é repassado por um colega de trabalho ou por instrutores
não devidamente treinados e, ou, qualificados (VIANNA et al.,
2008; NOGUEIRA et al., 2010).
Dada a importância do tema, o próximo capítulo é intei-
ramente dedicado à operação segura de motosserras.

Item 31.15 – Acessos e vias de circulação


Com o distanciamento do trabalhador florestal do seu lo-
cal de trabalho surge a necessidade do deslocamento ou transporte
diário destes trabalhadores até as frentes de trabalho, bem como
são necessários deslocamentos internos nas propriedades rurais
durante as operações de colheita, além do transporte do produto
final, no caso a madeira, até as unidades consumidoras ou pátios de
estocagem intermediária. Na grande maioria dos casos em geral,
todo esse deslocamento se dá através de estradas rurais. De acordo
com o DEINFRA-SC (2000), estrada rural é aquela sem urbani-
zação nas margens, não pavimentada, fora de áreas urbanizadas e
com função determinante de interligação.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 119

Os itens de segurança exigidos por este item da NR-31


visam, em especial, garantir um transporte seguro e eficaz dos tra-
balhadores e da produção, bem como o deslocamento do maqui-
nário nas áreas de produção florestal. De acordo com Jaarsma et
al. (2011), um projeto de engenharia de baixo custo para reduzir
a velocidade em áreas rurais, apresentou efeitos estatisticamente
significativos na Holanda. De acordo com os autores, a melhoria
da sinalização e a instalação de lombadas e elevação da via nos cru-
zamentos perigosos propiciaram uma redução de 24% no número
de colisões em geral e 44% nas colisões ocorridas em cruzamentos
nas estradas rurais.
Dessa forma, os produtores florestais, ao negligenciarem
a aplicação dos requisitos do item 31.15 da NR-31, acabam por
negligenciar também a segurança do tráfego, dos passageiros e
pedestres (recordando que estes são, em sua grande maioria, os
trabalhadores florestais) e dos produtos a serem transportados,
contribuindo para o acréscimo dos riscos a que estão expostos os
trabalhadores, bem como de sua gravidade, em caso de ocorrência
de acidentes. Ainda, há que se considerar que as estradas em má
conservação podem contribuir para diminuição da produtividade
das atividades de colheita e transporte de madeira, indiretamente,
para o aumento dos custos de produção.
Essa situação parece ser recorrente no setor florestal. Ao
analisar um programa privado de fomento florestal no Estado de
Minas Gerais, Jardim (2015) concluiu que as estradas foram pla-
nejadas em função da conformação do relevo, o que muitas vezes
não permitiu a otimização da rede viária. Além disso, o excesso de
curvas e as condições de trafegabilidade das estradas potencializa-
vam a ocorrência de acidentes, aumentava a distância de extração e
transporte e limitava o tamanho ou a utilização efetiva da capaci-
dade de transporte dos caminhões.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
120 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Item 31.16 – Transporte de trabalhadores


O transporte dos trabalhadores florestais segue uma série
de regras rígidas, recebendo atenção especial dos órgãos de fiscaliza-
ção, em virtude do caráter precário de suas atividades. Por exemplo,
em Minas Gerais a Secretaria de Estado de Transportes e Obras
Públicas, através da Resolução nº 13, de 30 abril de 2009, disciplina
a emissão de autorização para o transporte intermunicipal de traba-
lhadores rurais neste Estado, além de impor uma série de exigências
(MINAS GERAIS, 2009). Da mesma forma, a União e os demais
Estados da Federação também tutelam este tema.
Nessa mesma direção, o item 31.16 da NR-31 visa ofe-
recer garantias mínimas de segurança aos trabalhadores rurais du-
rante seus deslocamentos na ida e retorno do trabalho, bem como
nos deslocamentos internos nas propriedades rurais durante o de-
senvolvimento de suas atividades.
A legislação brasileira preconiza que o empregador deve
fornecer vale transporte aos seus empregados que contemple a uti-
lização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho
e vice-versa, sendo permitido também ao empregador fornecer
o transporte em veículos adequados ao transporte coletivo para o
deslocamento integral de seus trabalhadores, conteúdo estabelecido
pela Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985 (BRASIL, 1985).
Em geral, excluídos os grandes produtores florestais, ob-
serva-se que o transporte de pessoal é realizado de forma impro-
visada, não sendo incomum verificar os trabalhadores sendo trans-
portados nas carrocerias dos caminhões destinados ao transporte
de madeira ou de caminhões leves destinados ao apoio a colheita.
Em todos esses casos os trabalhadores florestais são, comumente,
transportados juntamente com motosserras, combustíveis, peças e
outros materiais.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 121

Item 31.17 – Transporte de cargas


O transporte manual de cargas é uma das formas de tra-
balho mais antiga e comum, sendo responsável por um grande nú-
mero de lesões e acidentes do trabalho. No setor florestal brasilei-
ro, principalmente em pequenos e médios produtores de madeira,
isso não é diferente. O carregamento e descarregamento manual
de madeira na maioria das vezes se constitui de operações peri-
gosas, pesadas e exaustivas. As atividades exigem que o trabalho
seja executado em posições desconfortáveis durante a jornada de
trabalho com o manuseio de cargas elevadas. Este fato pode causar
dores musculares, cansaço físico, além de elevado risco de aciden-
tes (FIEDLER et al., 2015). De fato, Schettino et al. (2015), em
seus estudos, concluíram que o fato dos trabalhadores permanece-
rem em posturas assimétricas de tronco e utilizarem em excesso os
membros superiores para manusear e transportar materiais foram
os responsáveis pela alta incidência de lombalgias e lesões às arti-
culações dos trabalhadores.
A movimentação manual de cargas implica um elevado
esforço físico por parte do trabalhador, que a nível biológico se tra-
duz em uma compressão dos vasos sanguíneos e do tecido muscu-
lar, havendo por isso uma diminuição dos níveis de oxigénio, uma
vez que há uma diminuição do fluxo sanguíneo que o transporta,
conduzindo a um estado de fadiga. Esse estado conduz à redu-
ção da capacidade do homem para o trabalho causando déficits
no nível da eficiência de trabalho, destreza e atenção, o que pode
originar acidentes de trabalho (IIDA, 2005).
Ainda há que se observar a presença de trabalhadores so-
bre a carga, durante a operação de carregamento. Em se tratando
de carregamento manual, existe sempre um ou mais trabalhadores
sobre a carga para receber o torete entregue pelo trabalhador que
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
122 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

está no nível do piso e posicioná-lo sobre a carga. Dois aspectos


devem ser considerados nessa situação: o piso extremamente irre-
gular onde esse trabalhador executa suas atividades (sobre os tore-
tes), com consequente risco de queda em mesmo nível, e a altura
do caminhão e da carga, com iminente risco de queda em altura.
Dessa forma, a falta de medidas de segurança para que tais
situações sejam evitadas são um importante agravante para a ocor-
rência de acidentes, visto as estatísticas demonstrarem que, anual-
mente, cerca de 15% dos pacientes que são admitidos em centros
especializados no atendimento a traumatizados sofreram quedas
em mesmo nível (PARREIRA et al., 2010); e, segundo dados do
MTE, 40% dos acidentes de trabalho no Brasil estão relacionados
a quedas de trabalhadores em altura (BRASIL, 2014).

Item 31.19 – Fatores climáticos e topográficos


Embora, de modo geral, a totalidade das atividades flores-
tais sejam suspensas na ocorrência de condições climáticas adver-
sas capazes de comprometer a segurança dos trabalhadores (chuvas
e ventos, principalmente), esse fato se dá por iniciativa própria de
grande parte dos trabalhadores, dado o baixo percentual daqueles
que receberam alguma orientação relativa ao tema por parte dos
empregadores ou equiparados.
Entretanto, sob o aspecto do esforço físico do trabalhador
florestal, a questão da organização do trabalho mostra-se um tema
bastante preocupante. Decorre que a maioria das áreas disponíveis
para plantios florestais em pequenas e médias propriedades são
de áreas acidentadas, com baixo índice de mecanização. O deslo-
camento dos trabalhadores em áreas acidentadas, o alto desgaste
físico das operações, o perigo de acidentes e o baixo índice de con-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 123

forto térmico têm como consequência problemas de sobrecarga


física e metabólica dos trabalhadores.
Assim, como forma de evitar a sobrecarga física, mental
e metabólica dos trabalhadores, a reorganização do trabalho, quer
seja com a implementação de pausas para descanso e reidratação,
quer seja ao evitar os horários mais propensos aos maiores desgas-
tes ou mesmo com a revisão ou eliminação das metas de produção,
pode contribuir positivamente neste sentido. De fato, Minette et
al. (2015) ao avaliarem a carga física de trabalho imposta aos tra-
balhadores florestais em regiões montanhosas, concluíram que as
pausas, embora necessárias naquele caso, não ocorriam devido à
organização do trabalho em metas, o que induzia o trabalhador
a cumprir sua tarefa rapidamente para ser logo liberado, prejudi-
cando o mecanismo de recuperação de fadiga e oferecendo riscos
à sua saúde.

Item 31.20 – Medidas de proteção pessoal


De acordo com o MTE, todo funcionário que trabalha
em ambiente de risco tem o direito do uso de EPI, que tem como
objetivo a garantia da saúde e da segurança do trabalhador em
seu ambiente de trabalho. Esses equipamentos, além de estarem
em perfeitas condições de uso, também devem ser fornecidos
gratuitamente pelas empresas, além de prover aos trabalhadores
treinamento e orientação para a correta utilização e conservação
(BRASIL, 1978).
Destarte a obrigatoriedade legal e a necessidade de ga-
rantia da saúde e da integridade física dos trabalhadores, diver-
sos estudo demonstram que o uso dos EPIs é negligenciado no
meio rural, principalmente em se tratando de pequenos e médios
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
124 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

produtores, qualquer que seja seu ramo de atividade (CASTRO;


CONFALONIERI, 2005). No setor florestal este cenário não é
diferente. Canto et al. (2007), ao avaliarem condições de segurança
do trabalho na colheita em áreas de fomento florestal, concluíram
que em 23,0% dos casos em que a colheita era terceirizada e em
62,1% daqueles em que a colheita era realizada pelos próprios pro-
dutores não utilizavam nenhum EPI, sendo que em todos os casos
os trabalhadores não dispunham de todos os EPIs necessários as
atividades que desenvolviam. Trata-se, portanto, de um problema
estrutural do setor agroflorestal.

Item 31.23 – Áreas de vivência


O item 31.23 da NR-31 traz importantes determinações
relacionadas à implementação de áreas de vivência em ambientes
de trabalho rural. A referida norma regulamentadora tem como
objetivo principal fazer valer o princípio universal da dignidade da
pessoa humana. As várias determinações nela contidas visam me-
lhorar as condições de meio ambiente de trabalho rural, com con-
sequente proteção da saúde e segurança dos trabalhadores rurais.
Apesar da evolução tecnológica nas atividades rurais no
Brasil, as condições de meio ambiente de trabalho rural ainda são
precárias em inúmeras situações. Ainda são encontrados casos
em que acampamentos precários e improvisados, com barracas de
lonas plásticas pretas, são instalados para abrigar trabalhadores,
sem as mínimas condições sanitárias, com falta de água potável,
entre outras irregularidades. Nas frentes de trabalho ainda são
comuns condições inaceitáveis, sem espaço higiênico para refei-
ções, sem instalações sanitárias, ou ainda sem abrigos para as si-
tuações de intempéries.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 125

Visando garantir condições de dignidade aos trabalhado-


res, os locais para refeição devem ter boas condições de higiene e
conforto, água limpa para higienização, mesas, depósitos de resí-
duos sólidos, entre outras determinações. Para as frentes de tra-
balho são exigidos abrigos que protejam os trabalhadores de in-
tempéries durante as refeições. Quanto às instalações sanitárias,
segundo determina esta norma, devem ter portas de acesso que
impeçam o devassamento e ser construídas de modo a manter o
resguardo conveniente, serem separadas por sexo, estarem situadas
em locais de fácil e seguro acesso, disporem de água limpa e papel
higiênico. Todos esses são requisitos mínimos, o que não impede
que o empregador ou equiparado, disponibilize condições que per-
mitam qualidade superior ao exigido na norma regulamentadora,
no meio ambiente de trabalho que gerenciem garantindo, assim, a
qualidade de vida dos trabalhadores.
Por outro lado, os produtores florestais ao negligencia-
rem tais requisitos mínimos, contribuem para uma deterioração
do ambiente de trabalho e, consequentemente, uma degradação da
qualidade de vida dos trabalhadores, que são fatores para o surgi-
mento de condições inseguras (risco de acidentes) e para o desen-
volvimento de doenças ocupacionais, componentes que concorrem
para a precarização do trabalho nas atividades florestais.

NR 35 – TRABALHO EM ALTURA
Uma das principais causas de acidentes de trabalho graves
e fatais se deve a eventos envolvendo quedas de trabalhadores. Os
riscos de queda em trabalhos em altura existem em vários ramos
de atividades e em diversos tipos de tarefas. Por isso, a criação de
normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho tor-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
126 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

naram-se um importante instrumento de referência para todos os


ramos de atividade para garantir o trabalho seguro.
Considera-se trabalho em altura, atividades executadas
a um nível de 2 metros de um nível inferior e que neste haja
o risco a queda. Esta é uma rotina para diversos trabalhadores
em diferentes setores de atividades econômicas. O principal ris-
co inerente ao trabalho em altura é a possibilidade de queda.
Estatísticas indicam que acidentes relacionados ao trabalho em
altura, em especial decorrente de quedas de nível, são representa-
tivos e frequentemente citados como uma das principais causas
de lesões ocupacionais fatais.
A Norma Regulamentadora nº 35 (NR-35) preenche uma
lacuna, pois as medidas de proteção contra queda eram previstas
apenas em normas específicas de segmentos econômicos, como a
construção e a indústria naval. Segundo o Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE), com a nova norma, as obrigações agora al-
cançam todas as empresas, incluindo diversos setores industriais e
segmentos como o de telecomunicações e energia elétrica, etc.
Segundo o Ministério do Trabalho (BRASIL, 2012), a
principal obrigação do empregador prevista na NR-35 é de imple-
mentar em sua empresa a gestão do trabalho em altura, envolvendo
o planejamento, a organização e a adoção de medidas para evitar a
ocorrência ou minimizar as consequências dos acidentes em altura.
Essa gestão envolve, além das medidas técnicas, como a análise
de risco da atividade, a implementação de um programa de capa-
citação. Já por parte dos trabalhadores, a principal obrigação é de
colaborar com o empregador na aplicação dessas medidas.
O princípio adotado na NR-35 trata o trabalho em altura
como atividade que deve ser planejada, evitando-se a exposição do
trabalhador ao risco através da adoção de medidas que eliminem
perigos de queda ou medidas que minimizem as suas consequên-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 127

cias quando o risco não puder ser evitado. Esta norma propõe a
utilização dos preceitos da antecipação dos riscos para a implan-
tação de medidas adequadas, pela utilização de metodologias de
análise de risco (AR) e de instrumentos como as Permissões de
Trabalho (PT), conforme as situações de trabalho, para que o mes-
mo se realize com a máxima segurança.
Com suas particularidades, o setor florestal sempre
lidou com árvores nativas de grande porte, cujos frutos e se-
mentes constituíram base para reprodução por meio de mudas
e, ainda, fonte de renda para comunidades extrativistas loca-
lizadas em áreas remotas de trechos de Floresta Amazônica e
Mata Atlântica. Estes usos primários geraram a demanda por
colheita em altura em um contexto de trabalhadores com baixos
índices de renda e escolaridade. Consequentemente, a escalada
sem qualquer proteção ou em condições precárias se populari-
zou, gerando altos índices de acidentes.
A escalada em florestas nativas ganhou investimentos em
segurança quando a demanda veio de instituições públicas de pes-
quisa e privadas de prestação de serviços, pela necessidade de cole-
ta de material botânico ou genético, ou da realização de inventários
florestais para planos de manejo. Soma-se, ainda, a popularização
do turismo ecológico.
Adaptaram-se, assim, técnicas de atividades esportivas
como a escalada e práticas seguras aplicadas na área de Construção
Civil, gerando avanços em segurança, porém não necessariamen-
te soluções, visto se tratar de adaptações nem sempre adequadas
ao contexto. O alcance não atingiu e não atinge ainda muitas das
comunidades anteriormente citadas, onde a visibilidade e grau de
instrução são reduzidos.
O avanço real em segurança e conscientização veio como
consequência do crescimento e modernização do setor de flores-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
128 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

tas plantadas. A produção otimizada por melhoramento genético


originou vastos plantios de clones, principalmente de espécies do
gênero Eucalyptus, com altura em torno de 30 m e demanda por
coleta manual de sementes para propagação controlada. O fato de
as grandes empresas a que esta realidade se aplica estarem sub-
metidas a padrões internacionais de certificação, qualidade e se-
gurança levou ao investimento em treinamentos, procedimentos
e técnicas que alinhassem produtividade e o cumprimento da Lei.
Por fim, registra-se também o alto nível de exigência
no que tange ao trabalho em altura para manejo de florestas ur-
banas, que inclui podas, cortes, avaliação de árvores de risco e
cabeamentos, atividades em geral realizadas por profissionais de
companhias elétricas, telefônicas ou de órgãos públicos, mas as-
sessorados pela área técnica florestal. Devido a alta visibilidade
e impacto socioeconômico de tais atividades, o investimento em
segurança foi proporcional.
A criação de um instrumento normativo não significa
contemplar todas as situações existentes na realidade fática. No
mundo do trabalho existem realidades complexas e dinâmicas e
uma nova Norma Regulamentadora para trabalhos em altura pre-
cisaria contemplar a mais variada gama de atividades. Foi o que se
buscou com a NR-35, concebida como norma geral, a ser comple-
mentada por Anexos específicos por atividades e, principalmente,
aplicada por profissionais que analisem bem o contexto da ativida-
de que realizam.
CAPÍTULO 7
SEGURANÇA NA OPERAÇÃO
DE MOTOSSERRAS

Apesar de sua grande utilidade, a motosserra, quando uti-


lizada de forma incorreta e sem as manutenções adequadas, tor-
na-se muito perigosa, sendo um dos principais causadores de aci-
dentes no setor florestal, muitos dos quais de elevada gravidade e
até mesmo fatais. Para que isso não aconteça e o trabalhador possa
desenvolver suas atividades sem nenhum perigo, ele deve utilizar
todos os EPIs recomendados e a motosserra deve ser usada cor-
retamente, sempre de acordo com as instruções do fabricante e as
medidas preventivas recomendadas.
Dentre os principais riscos de acidentes decorrentes da
utilização da motosserra, destacam-se:
• Contatos com a corrente durante a partida, o trans-
porte da motosserra em funcionamento de um local
para outro, e a manutenção e limpeza da motosserra.
• Projeção de partículas (cavacos, terra, estilhaços de
pedras, galhos, etc.) durante o corte das árvores e
das toras, capazes de provocar graves acidentes no
motosserrista.
• Vibrações produzidas pelo motor e pela corrente da
motosserra, as quais, transmitidas pelas mãos e pelos
braços, podem ocasionar graves danos fisiológicos ao
motosserrista.
• Ruído excessivo, capaz de provocar a surdez do ope-
rador, conforme o grau de exposição diária do mesmo.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
130 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Quebra da corrente resultante do desgaste dos rebites


ou da ruptura dos elos de união, provocando lesões no
operador quando não protegido adequadamente.
• Temperatura elevada do escapamento, capaz de provo-
car queimaduras nas mãos ou nos braços do operador.

REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA NA


OPERAÇÃO DE MOTOSSERRAS

Manutenção e Conservação
Para que o trabalho com motosserras seja executado com
maior segurança e eficiência, algumas recomendações devem ser
observadas, tais como:
• Durante as atividades de corte, procurar aumentar a
frequência de lubrificação da corrente, principalmen-
te quando se tratar de madeira seca ou muito dura.
• Fazer a lubrificação dos rolamentos da ponta do sa-
bre (quando existir) sempre no mesmo momento do
reabastecimento do tanque de combustível. Lembrar
de utilizar graxa de boa qualidade, a base de Lítio,
própria para rolamentos.
• Ajustar periodicamente a tensão da corrente, espe-
cialmente durante prolongados períodos de corte.
• Lembrar-se de manter a tensão da corrente sempre de
acordo com as recomendações do fabricante. Nunca a
deixar frouxa.
• Sempre que limar os cortadores da corrente, procurar
fazê-lo de dentro para fora e vice-versa, mantendo-os
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 131

do mesmo tamanho e limando o tempo necessário


para remoção de qualquer sinal de abrasão ou danos
existentes na placa superior ou lateral dos mesmos.
• Caso algum elo da corrente quebre no alojamento do
rebite, deverá ser prontamente substituído o elo de li-
gação danificado. Lembrar-se de usar luvas e óculos
de proteção durante a operação.

Medidas Gerais de Segurança


Para evitar ou minimizar os riscos de acidentes ocasiona-
dos pela utilização da motosserra durante a execução dos trabalhos
florestais, algumas medidas gerais de segurança devem ser adota-
das, conforme se segue:
• Cada operador de motosserra deve levar consigo um
apito, celular, rádio transmissor ou semelhante, para
avisar sempre que necessite apoio caso haja alguma
emergência. Jamais utilizar a motosserra sem ter a
possibilidade de pedir ajuda em caso de acidente.
• Evitar trabalhar sob condições meteorológicas adver-
sas tais como nevoeiro, chuva e ventos fortes. Trabalhar
com mau tempo é cansativo e pode ocasionar situa-
ções perigosas como, por exemplo, solo escorregadio,
influência do vento da direção da derrubada, etc.
• Manter o combustível em depósito e local adequado,
próximo da área de trabalho, onde não haja risco de
acidentes ou de contaminação ambiental.
• Antes de dar a partida na motosserra, verificar se a
mesma se encontra em perfeitas condições de uso.
• Antes de iniciar o corte, verificar a direção de queda
das árvores, retirando no momento todos os arbustos
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
132 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

e outros obstáculos existentes em sua volta. Não se


esquecer de observar se existe alguma pessoa na área
de alcance das árvores.
• Caso seja necessário caminhar em direção a árvores
mais distantes para efetuar o corte, procurar desligar
o motor da motosserra e transportá-la sempre com o
sabre voltado para frente.
• Durante a execução dos trabalhos, manter-se sem-
pre ao lado da motosserra e nunca diretamente atrás
da mesma.
• Procurar lembrar que as equipes devem trabalhar a
uma distância entre si de, no mínimo, duas vezes e
meia a altura aproximada da árvore a ser cortada.
• Antes de efetuar o corte, verificar a direção de queda
natural da árvore. Pode ser necessário derrubá-la des-
sa forma.
• Nunca fazer o corte com a ponta do sabre ou acima
do nível dos ombros. Em caso de rebote, utilizar ime-
diatamente o freio da corrente.
• Tomar bastante cuidado com os galhos ou toras de
árvores quando estiverem sendo cortadas. Lembrar-
se de observar as recomendações técnicas de corte du-
rante a execução dos trabalhos.
• Durante o desgalhamento, permanecer ao lado da ár-
vore e nunca sobre o tronco da mesma.
• É impossível controlar uma motosserra com apenas
uma mão. Para operar, deve-ser agarrar firmemente
a motosserra com as duas mãos nos punhos. Nunca
usar uma motosserra empunhando-a com apenas
uma das mãos.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 133

Como Prevenir o Rebote da Motosserra


Rebote é o golpe de retrocesso que se produz quando a
ponta do sabre toca um objeto (galho, ramo) durante o corte, ou
quando se tenta penetrar na madeira com a ponta superior do sa-
bre. Isso ocorre porque o dente de corte da corrente fica em uma
posição inclinada e tende a dar uma mordida maior na madeira do
que pode cortar. Não podendo penetrar na madeira ou cortar o ga-
lho ou ramo quando a motosserra está em alta rotação, ocorre en-
tão a reação contrária, que é o rebote. Esse tipo de contato provoca
um golpe de rebote instantâneo para cima e para trás na direção
do operador, que pode levá-lo à perda do controle da motosserra e
provocar sérias lesões.
Para evitar os danos deste contragolpe (rebote), as motos-
serras vêm obrigatoriamente equipadas com uma alavanca de freio
de segurança (freio manual da corrente), que durante a operação
de corte deve estar sempre destravada (puxada para trás) e prepa-
rada para qualquer imprevisto.
Nunca se deve confiar exclusivamente nos dispositivos de
segurança que a motosserra possui. O operador deve tomar uma sé-
rie de precauções durante o trabalho para prevenir acidentes. Com
um conhecimento básico das razões do golpe de rebote pode-se
eliminar o elemento surpresa que causa acidentes. A motosserra
deve ser sempre segurada com as duas mãos e com os polegares
cruzados durante a operação. Quando a motosserra é segura com
firmeza, reduz-se a possibilidade do golpe de rebote e se mantém
o controle do equipamento.
Para minimizar sua ocorrência, tenha certeza de que a
área de trabalho esteja livre de obstáculos e obstruções. Não permi-
ta que a ponta do sabre tome contato com outros objetos enquanto
usar a motosserra. Colocar-se sempre em posição equilibrada e não
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
134 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

cortar nada que esteja acima da altura dos ombros. Também devem
ser respeitadas as instruções sobre manutenção, pois uma corrente
mal afiada ou frouxa aumenta o perigo do rebote.

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)


para Operação de Motosserras
Em quaisquer circunstâncias de utilização da motosserra
deverão ser utilizados os EPIs indicados. O EPI não elimina os
riscos de lesões, mas reduz consideravelmente seus efeitos em caso
de acidente. O EPI para motosserrista é composto de proteções
para a cabeça, para o tronco e para os pés e mãos.
A roupa utilizada pelo operador deve assentar de forma
justa (sem folgas), mas não deve limitar os movimentos. Não de-
vem ser usados agasalhos, joias ou outras peças de vestuário que
possam ficar presos na motosserra, na vegetação ou nos ramos. Os
cabelos compridos devem presos (lenço, touca, capacete, etc.).
São necessários os seguintes EPIs para a operação de
motosserras: capacete de segurança completo (com protetor facial
e auricular), óculos de proteção, traje de segurança composto por
calça e jaqueta com capas de material anticorte para proteção do
tronco, calça de proteção específica para motosserristas com várias
camadas de material anticorte, botas de segurança com proteção
anticorte na lingueta e biqueira reforçada de aço, e luvas de vaqueta
especialmente confeccionadas para operação de motosserras.
CAPÍTULO 8
SEGURANÇA NA COLHEITA
MECANIZADA

Dentre as diversas atividades necessárias a produção de


madeira, a colheita é a etapa mais importante economicamente,
visto sua grande representatividade na composição do custo fi-
nal do produto, podendo, juntamente com o transporte, chegar
a até 50% dos custos da madeira posto indústria (MACHADO;
LOPES, 2000).
A mecanização da colheita florestal no Brasil visa aumen-
tar a produtividade do sistema de colheita, diminuir os custos de
produção e a dependência de mão de obra e, na grande maioria
das vezes, se dá a partir de máquinas importadas e com elevados
custos de aquisição e manutenção, nem sempre acessíveis a todas
as empresas e, muito menos, aos pequenos produtores de madeira.
Estes fatores de ordem financeira tem levado a indústria mecâ-
nica nacional a desenvolver, adaptar e testar diversos modelos de
máquinas com princípios diferentes, quer seja a partir de tratores
agrícolas ou de máquinas desenvolvidas para a construção civil,
dentre outras; e essa tem sido a alternativa encontrada por em-
presas florestais de pequeno e médio portes, além de produtores
de madeira independentes ou vinculados a empresas por meio de
contratos de fomento florestal, para a mecanização de suas ativida-
des de colheita de madeira.
De acordo com Rozin et al. (2010), durante a operação
dessas máquinas adaptadas, o operador fica exposto a fatores am-
bientais que influenciam diretamente em seu rendimento e na sua
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
136 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

saúde e segurança, como, por exemplo, a posição do corpo no acesso


as cabines e no posto de trabalho, posição de comandos e alavan-
cas; condições climáticas, como as temperaturas extremas, radiação
solar, problemas de ventilação e umidade; nível de intensidade so-
nora produzida pelo motor e ou transmissão da máquina; partícu-
las suspensas no ar como poeiras e gases de escapamento; vibração
do assento causada pela máquina e pelas irregularidades do terreno.
Adicionalmente, tem-se os riscos de acidentes causados por falhas
de operação e, ou manutenção das máquinas e implementos.
Visando regulamentar tais questões relativas a segurança
do trabalho, a NR 31 possui um capítulo inteiramente dedicado a
segurança no trabalho em máquinas e implementos (item 31.12 da
referida norma). Vale ressaltar que tais regulamentos não desobri-
ga a observância do disposto na NR 12, específica para segurança
em máquinas e equipamentos, mas sim atua de forma a comple-
mentar os itens de segurança considerando as especificidades do
trabalho no setor florestal.
Como princípios gerais, a NR 31 estabelece que as má-
quinas e implementos devem ser utilizados segundo as especifica-
ções técnicas do fabricante e dentro dos limites operacionais e res-
trições por ele indicados e operados por trabalhadores capacitados,
qualificados ou habilitados para tais funções. Ainda, estabelece que
o empregador ou equiparado se responsabilizará pela capacitação
dos trabalhadores visando ao manuseio e à operação segura de má-
quinas e implementos, de forma compatível com suas funções e
atividades. Além de determinar o conteúdo programático mínimo
dos treinamentos, fica estabelecido que a parte prática da capaci-
tação pode ser realizada na máquina que o trabalhador irá operar
e deve ter carga horária mínima de doze horas, ser supervisionada
e documentada.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 137

Ainda, as atividades de manutenção e ajuste devem ser


feitas por trabalhadores qualificados ou capacitados, com as má-
quinas paradas e observância das recomendações constantes dos
manuais ou instruções de operação e manutenção seguras.
A seguir, considerando as principais atividades desem-
penhadas pelos trabalhadores envolvidos na colheita florestal me-
canizada, será apresentado um guia com o objetivo de orientar e
esclarecer os trabalhadores sobre os riscos de acidentes e do desen-
volvimento de doenças profissionais, bem como as medidas pre-
ventivas adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes
ambientais, quando presentes, bem como seus deveres e obrigações.
Tais informações foram obtidas a partir da realização de PPRAs
e LTCATs (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e
Laudos Técnicos de Condições Ambientais de Trabalho, respecti-
vamente), elaborados pelos autores em diversas empresas florestais
do Brasil. Para as demais funções não contempladas a seguir, são
válidas as instruções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas
pelos trabalhadores florestais.
Cabe ressaltar que as orientações aqui contidas não esgo-
tam o assunto sobre prevenção de acidentes, devendo ser observa-
das todas as instruções existentes, ainda que verbais, em especial as
normas e regulamentos estabelecidos pelo empregador ou equipa-
rado, e aquelas contidas nos manuais das máquinas, equipamentos
e ferramentas. Além disso, cabe ao trabalhador cumprir as disposi-
ções legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho,
constituindo ato faltoso a recusa injustificada e o não cumprimen-
to das mesmas.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
138 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Operador de Máquina Florestal


Descrição da atividade:
• Operar harverster, máquina de pneus ou esteiras,
equipada com um cabeçote que derruba as árvores,
desgalha, descasca e realiza o traçamento das mesmas
no interior dos talhões. Também pode processar ár-
vores derrubadas por motosserras e arrastadas para a
margem das estradas. Realizam a substituição de sa-
bres e correntes do conjunto de corte do cabeçote.
• Operar feller buncher, máquina de pneus ou esteira,
utilizada para a derrubada das árvores e formação de
pilhas dessas no interior dos talhões.
• Operar forwarder, máquina de pneus que efetua o
carregamento da madeira cortada no interior dos ta-
lhões e seu transporte até a margem das estradas, com
descarregamento em pilhas de madeira ou diretamen-
te sobre caminhões.
• Operar skidder ou clambunck skidder, máquinas de
pneus ou esteiras que efetuam o arraste de árvores in-
teiras desde o interior dos talhões até a margem das
estradas ou outros locais de processamento.
• Operar escavadeira hidráulica, máquina geralmente
de esteiras com uma garra acoplada, utilizada geral-
mente para o carregamento das toras nos caminhões.
Também pode vir acoplada com conjunto traça-
dor (juntamente com a garra, denominada “Garra
Traçadora”) ou com uma mesa slacher (também para
o traçamento de madeira).
• Operar outras máquinas específicas para alguma eta-
pa da colheita de madeira, como slingshot, cabos aé-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 139

reos com cabeçote harvester acoplado ou carregadores


frontais em máquinas de pneus, dentre outras.
• Em alguns casos, realizam pequenos reparos de ma-
nutenção, como a substituição de mangueiras hidráu-
licas ou outros pequenos componentes.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Exposição a gases de combustão.
• Exposição a temperaturas extremas.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Exposição a queda de galho, troncos e árvores.
• Impactos.
• Cortes.
• Animais peçonhentos.
• Quedas de mesmo e diferente nível.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Luva de vaqueta ou raspa.
• Creme protetor solar.
• Creme de proteção contra graxas e óleos.
• Capa de Chuva.
• Coturno de segurança com biqueira de aço ou calçado
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
140 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

de segurança com biqueira de aço juntamente com


perneira de couro.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de Proteção.

Como forma de complementar as ações relativas a segu-


rança do trabalho, todos os operadores de máquina da colheita flo-
restal mecanizada deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Caso a área a ser trabalhada tenha outras máquinas e
pessoas, manter uma distância mínima de duas árvores.
• Manter uma distância de 15 metros das outras má-
quinas.
• Verificar a localização do motorista do caminhão du-
rante o carregamento.
• Ao empilhar as toras, evitar terrenos com declive, evi-
tar pilhas altas e tomar os cuidados necessários para
estas não rolarem.
• Ao carregar caminhões, não passar com a carga sus-
pensa sobre a cabine do mesmo ou sobre a máquina.
• Manter uma distância de 50 metros das outras má-
quinas (aproximadamente duas vezes o comprimento
das árvores que estão sendo arrastadas).
• Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 141

• Estudar a topografia do terreno antes de iniciar os


trabalhos, observando erosões, ladeiras, rios e estradas
dento dos talhões.
• Na derrubada, observar a bifurcação das árvores, co-
pas, galhos enroscados e árvores mortas.
• Manter a atenção redobrada em área próxima a redes
elétricas.
• Observar o caminho de fuga antes de efetuar os cortes.
• Procurar atender a manutenção periódica do equi-
pamento, evitando a emissão excessiva de gases da
combustão.
• Realizar inspeção das máquinas e equipamentos antes
do iniciar os trabalhos, verificando se estão em boas
condições.
• Não utilizar máquinas, equipamentos ou ferramentas
sem o uso dos EPIs e EPCs obrigatórios.
• Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Observar com atenção a presença de buracos ou la-
deiras dentro dos talhões.
• Ao levantar peso flexione as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos.
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilize os EPIs designados para sua função, manten-
do a guarda e conservação sempre.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Manter atenção especial em relação aos atos insegu-
ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
142 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Mecânico de Máquina Florestal (ou Assistente


ou Auxiliar de Manutenção Mecânica)
Descrição da atividade:
• Realizar as atividades referentes a manutenção mecâ-
nica, elétrica, hidráulica, de motores ou automação de
todas as máquinas e equipamentos da colheita flores-
tal, orientando, facilitando e disponibilizando recur-
sos para que as atividades sejam executadas de manei-
ra eficaz e segura. Contribuir para a disponibilidade
dos equipamentos visando alcançar os resultados com
baixo custo e elevada eficiência.
• Prestar assistência técnica e operacional na realização
de manutenções preventivas, preditivas e corretivas de
máquinas, motores e equipamentos mecânicos, con-
tribuindo para a continuidade operacional, visando
a máxima disponibilidade mecânica, desempenho e
preservação do recurso.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Exposição a produtos químicos, fumos metálicos e
hidrocarbonetos aromáticos.
• Cortes.
• Choques elétricos.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 143

• Quedas de mesmo e diferente nível.


• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Protetor facial em acrílico.
• Óculos de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Luva de vaqueta.
• Luva nitrílica.
• Creme de proteção para graxas, óleos e solventes.
• Capa de chuva.
• Máscara de soldador.
• Avental de raspa de couro com mangote.
• Perneira de raspa de couro.
• Protetor respiratório para vapores orgânicos.
• Protetor respiratório para fumos metálicos.
Como forma de complementar as ações relativas a segu-
rança do trabalho, todos os mecânicos e auxiliares de manutenção
envolvidos na colheita florestal mecanizada deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
144 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-


vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal
• Não permitir que pessoas não autorizadas manuseiem
ou utilizem os equipamentos e ferramentas para os
serviços de manutenção e reparo.
• Não utilizar equipamentos ou ferramentas sem o uso
dos EPIs e EPCs obrigatórios.
• Não executar os serviços de manutenção e reparo pró-
ximos a produtos inflamáveis.
• Para executar de trabalhos de solda ou com esmeri-
lhadeira, sempre observar a localização ou posição de
um extintor.
• Observar os riscos de intoxicação com produtos
químicos e fumaça tóxicos (ex: soldas, escapamento,
mangueiras com vazamentos e outros).
• Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado.
• Verificar as condições das instalações elétricas e o de-
vido e aterramento dos equipamentos energizados.
• Testar as ferramentas e equipamentos e executar os
movimentos dos serviços antes do acionamento destes.
• Desenergizar os equipamentos para sua manutenção
e troca de ferramentas.
• Observar a vida útil dos discos abrasivos e utilizar ape-
nas os específicos para cada equipamento e serviço.
• Não abastecer ou realizar qualquer reparo em gerado-
res, motores e outros equipamentos em funcionamento.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 145

• Realizar os exames médicos quando solicitados.


• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para sua função, manten-
do a guarda e conservação sempre.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Manter atenção especial em relação aos atos insegu-
ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes
• Somente realizar trabalhos com eletricidade se ti-
ver treinamento e capacitação específicos, bem como
autorização.

Motorista de Caminhão Comboio (ou


Abastecedor ou Lubrificador Florestal)
Descrição da atividade:
• Dirigir caminhões comboio, conservando os equi-
pamentos sob sua responsabilidade, respeitando o
Código de Trânsito e praticando as regras e políticas
de segurança e meio ambiente. Abastecer as máquinas
florestais e lubrificar seus componentes mecânicos, vi-
sando o perfeito funcionamento dos mesmos.
• Desmontar partes de máquinas, soltando parafusos,
porcas, borboletas e outros, esgotando lubrificante
usado, examinando as condições gerais da máquina
e adicionando o novo. Observar manutenção preven-
tiva de máquinas, anotando dados quanto a durabi-
lidade dos lubrificantes e utilização das máquinas.
Controlar estoque de lubrificantes e solicitar compra
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
146 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

nas necessidades. Executar outras atividades correla-


tas e inerentes ao cargo.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Exposição a produtos químicos através de hidrocar-
bonetos aromáticos.
• Cortes.
• Quedas de mesmo e diferente nível.
• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Proteção para os pés.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Luva de vaqueta.
• Luva nitrílica.
• Creme de proteção para graxas, óleos e solventes.
• Capa de chuva.
• Protetor respiratório para vapores orgânicos.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 147

Como forma de complementar as ações relativas a segu-


rança do trabalho, todos os motoristas de caminhão comboio (ou
denomiações similares) envolvidos na colheita florestal mecaniza-
da deverão observar:
• Realizar o curso MOPP – Movimentação e Operação
de Produtos Perigosos, bem como suas reciclagens
obrigatórias
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal.
• No momento do abastecimento e lubrificação, isolar
com cones e placas de segurança tanto o caminhão
quanto a máquina a ser abastecida.
• No momento do abastecimento, fazer o aterramento
da estrutura do caminhão.
• Não permitir que pessoas não autorizadas manuseiem
ou utilizem os equipamentos e ferramentas para os
serviços de manutenção e reparo.
• Não utilizar equipamentos ou ferramentas sem o uso
dos EPIs e EPCs obrigatórios.
• Não executar os serviços de manutenção e reparo pró-
ximos a produtos inflamáveis.
• Observar os riscos de intoxicação com produtos quí-
micos e fumaça tóxicos.
• Manter o local de trabalho sempre limpo e organizado
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
148 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Testar as ferramentas e equipamentos e executar os


movimentos dos serviços antes do acionamento destes.
• Desenergizar os equipamentos para sua manutenção
e troca de ferramentas.
• Não abastecer ou realizar qualquer reparo em gerado-
res, motores e outros equipamentos em funcionamento.
• Manter materiais fluidos estocados em contenção e
com o devido isolamento.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos.
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para sua função, manten-
do a guarda e conservação sempre.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Manter atenção especial em relação aos atos insegu-
ros, pois são responsáveis pela maioria dos acidentes
• Somente realizar trabalhos com eletricidade se ti-
ver treinamento e capacitação específicos, bem como
autorização.
CAPÍTULO 9
SEGURANÇA NA COLHEITA
MANUAL E SEMIMECANIZADA

A colheita semimecanizada é caracterizada pela utilização


da motosserra, além de empregar tratores agrícolas adaptados, auto
carregáveis, mini skidder, tração animal e intensiva mão de obra.
Não é utilizada em larga escala, sendo viável apenas para pequenos
e médios produtores florestais (fomentados ou independentes) ou
em situações onde a utilização de máquinas com elevados custos
de aquisição, operação e manutenção não é viável para esses produ-
tores florestais, dada a escassez de recursos financeiros.
A colheita manual, por sua vez, é aquela realizada sem
a utilização de qualquer máquina, onde todas as atividades são
realizadas única e exclusivamente com a utilização da força hu-
mana de trabalho. Por exemplo: o corte realizado com machado,
a extração via tombamento manual e o carregamento dos cami-
nhões igualmente manual. Esse sistema, atualmente, encontra-se
em desuso no Brasil, sendo restrito a áreas bastante reduzidas e
em condições excepcionais.
Esse cenário, em que a força humana é imprescindível,
principalmente em terrenos com elevadas declividades e outras
dificuldades operacionais, submete os trabalhadores a situações
diárias de elevados dispêndio energético, repetitividade e índices
elevados de acidentes de trabalho, além da possibilidade do desen-
volvimento de distúrbios osteomusculares.
Sob essa ótica, destaca-se a colheita da madeira (manual
ou semimecanizada) em todas as suas etapas, desde a derrubada
das árvores até o carregamento dos caminhões. Trata-se de ativi-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
150 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

dade realizada por trabalhadores florestais, homens em sua grande


maioria, que apresenta elevado grau de repetitividade, além de le-
vantamento e transporte manual de carga em quantidades questio-
náveis sob a ótica dos limites recomendados por diferentes normas
nacionais e internacionais. Essas condições a que os trabalhadores
estão expostos poderão comprometer sua produtividade, causar
desconforto e aumentar os riscos de danos à saúde.
Os distúrbios do sistema osteomuscular são frequentes
em trabalhadores florestais e causam transtornos tanto para esses
trabalhadores como para a sociedade. A maioria dos transtornos
osteomusculares que ocorrem no local de trabalho envolve lesões
por esforço excessivo. A incidência de diferentes lesões de nature-
za osteomuscular tem sido causada por negligência nas posturas e
manipulação de cargas excessivas durante a jornada de trabalho,
diminuindo a produtividade, aumentando o absenteísmo e dimi-
nuindo a qualidade de vida dos trabalhadores envolvidos.
Dependendo da maneira como as atividades florestais são
executadas, os trabalhadores, muitas vezes, levantam e transpor-
tam cargas com pesos acima dos limites toleráveis, além de reali-
zarem essa movimentação de modo incorreto e de forma contínua
durante vários anos. Quando um trabalhador adota uma postura
forçada por períodos prolongados, existe o risco eminente de uma
sobrecarga mecânica, que pode desencadear quadros álgicos e de-
sequilíbrios de força, colocando em risco a sua integridade física e
psíquica (KISNER; COLBY, 1998)
A seguir, considerando as principais atividades desempe-
nhadas pelos trabalhadores envolvidos nas atividades de colheita
manual ou semimecanizada, será apresentado um guia com o obje-
tivo de orientar e esclarecer os trabalhadores sobre os riscos de aci-
dentes e do desenvolvimento de doenças profissionais, as medidas
preventivas adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes
ambientais, quando presentes, bem como seus deveres e obrigações.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 151

Tais informações foram obtidas a partir da realização de PPRAs


e LTCATs (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e
Laudos Técnicos de Condições Ambientais de Trabalho, respecti-
vamente), elaborados pelos autores em diversas empresas florestais
do Brasil. Para as demais funções não contempladas a seguir, são
válidas as instruções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas
pelos trabalhadores florestais

Operador de Motosserra (ou Motosserrista)


Descrição da atividade:
• Extraem madeira, identificando áreas de extração,
derrubando árvores mapeadas ou selecionadas, clas-
sificando as toras conforme diâmetro e comprimento
pré-estabelecidos e separando madeira de acordo com
sua utilização.
• Realiza derrubada das árvores, rebaixamento de tocos,
desgalhamento e traçamento de toretes.
• Abastecimento e manutenção básica da motosserra.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Exposição a produtos químicos através de hidrocar-
bonetos aromáticos.
• Cortes.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
152 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Quedas de mesmo nível.


• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Viseira de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Luva para motosserrista.
• Calça para motosserrista.
• Creme de proteção para graxas, óleos e solventes
(para as mãos).
• Capa de chuva.
Como forma de complementar as ações relativas a segu-
rança do trabalho, todos os operadores motosserra deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso
de dúvidas, não executar a atividade, consultando
o superior.
• Utilizar as placas de sinalização de CUIDADO
DERRUBADA DE ÁRVORES nos dois sentidos
da estrada ou carreador.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 153

• Durante atividade manter distância de segurança dos


demais motosserristas e ajudantes.
• Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os
trabalhos, verificando se estão em boas condições.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos
• Manter limpo e organizado seu local de trabalho e
áreas comuns
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo
a guarda e conservação dos mesmos.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Ter atenção especial em relação aos atos inseguros,
pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.
• Não utilizar a motosserra para quaisquer outras fi-
nalidades que não sejam o abate e processamento
de árvores.
• Não realizar trabalhos de manutenção com a motos-
serra em funcionamento.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
154 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Ajudante de Colheita (ou Ajudante Florestal,


ou Auxiliar Florestal, ou Trabalhador Florestal
de Colheita ou outra denominação similar)
Descrição da atividade:
• Manusear, carregar, engatar, transpassar e retirar
correntes ou cabos para o engate das árvores ou pi-
lhas de toretes.
• Puxar o cabo de aço dentro das áreas de refloresta-
mento para o arraste.
• Realizar o desgalhamento de árvores utilizando ma-
chadinha ou foice.
• Realizar o enleiramento manual de toretes ou de ga-
lhadas.
• Movimentar toretes de madeira manualmente ou
com machadinha.
• Cortar madeiras e galhos com machadinha.
• Realizar roçadas manuais.
• Realizar carregamento manual de toretes em carretas
acopladas em tratores agrícolas ou em caminhões.
• Combater incêndios florestais, quando de sua ocor-
rência.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Cortes.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 155

• Quedas de mesmo nível.


• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Creme de proteção para graxas, óleos e solventes
(para as mãos).
• Capa de chuva.
• Luva de vaqueta.
• Perneira de segurança.
Como forma de complementar as ações relativas a segu-
rança do trabalho, todos os ajudantes da colheita semimecanizada
deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
156 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Durante atividade manter distância de segurança dos


motosserristas.
• Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os
trabalhos, verificando se estão em boas condições.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos
• Manter limpo e organizado seu local de trabalho e
áreas comuns
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo
a guarda e conservação dos mesmos.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Ter atenção especial em relação aos atos inseguros,
pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.
CAPÍTULO 10
SEGURANÇA NA
SILVICULTURA

As atividades silviculturais são entendidas como aquelas


responsáveis pelo preparo do solo, plantio e manutenção da área
plantada até a idade adulta (em geral, variando de sete a vinte anos,
de acordo com a espécie plantada e o regime de manejo adotado),
quando as árvores são colhidas. Em geral, envolvem o preparo do
solo, plantio, irrigações, fertilizações, combate à matocompetição
e às formigas, além do manejo das florestas (podas, desbrotas e
desramas, dentre outras).
A silvicultura pode ser uma atividade perigosa. É ainda
mais perigosa quando as atividades são realizadas por trabalhado-
res autônomos ou trabalhadores temporários, em vez de empresas
profissionais. Se a silvicultura é um meio de subsistência, nem os
proprietários e nem os seus funcionários podem dar-se ao luxo
de desperdiçar um dia de trabalho, mesmo por ferimentos leves.
Todos devem se certificar de que todas as pessoas, que trabalham
desempenhando as atividades, têm a formação e as competências
necessárias para realizarem o mesmo. É importante lembrar que
ações negligentes de qualquer parte podem comprometer a segu-
rança de todos, empregadores, trabalhadores e, eventualmente, a de
terceiros (público em geral) (COMISSÃO EUROPEIA, 2015).
A seguir, considerando as principais atividades desempe-
nhadas pelos trabalhadores envolvidos nas atividades de silvicultu-
ra, será apresentado um guia com o objetivo de orientar e esclare-
cer os trabalhadores sobre os riscos de acidentes e do desenvolvi-
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
158 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

mento de doenças profissionais, bem como as medidas preventivas


adotadas para reduzir ou neutralizar a ação dos agentes ambientais,
quando presentes, bem como seus deveres e obrigações. Tais infor-
mações foram obtidas a partir da realização de PPRAs e LTCATs
(Programas de Prevenção de Riscos Ambientais e Laudos Técnicos
de Condições Ambientais de Trabalho, respectivamente), elabora-
dos pelos autores em diversas empresas florestais do Brasil. Para as
demais funções não contempladas a seguir, são válidas as instru-
ções gerais aplicáveis as atividades desenvolvidas pelos trabalhado-
res florestais.

Tratorista
Descrição da atividade:
• Condução do trator na aplicação de herbicida com
pulverizador em barra, com implementos como plan-
tadeira semimecanizada, aplicador de herbicida e in-
seticidas, subsolador, enxada rotativa, roçadeira, carre-
tas, tanques de água, dentre outros.
• Transporte de insumos, produtos químicos, combus-
tíveis, mudas de árvores exóticas e nativas.
• Verificação dos equipamentos do trator.
• Abastecimento de água do tanque podendo ser atra-
vés de lagos, rios e córregos.
• Preparação de calda para aplicação de produtos quí-
micos.
• Pequenos reparos no trator e nos implementos como
troca de lâmpadas, mangueiras, regulagem bicos dos
pulverizadoras, substituição de pneus furados.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 159

Agentes de risco associados a atividade:


• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Produtos químicos através de herbicidas, inseticidas e
formicidas, além dos hidrocarbonetos aromáticos.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Cortes.
• Quedas de mesmo nível.
• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Creme protetor para pele contra graxas e óleos.
• Touca árabe (ou boné tipo árabe).
• Luva de vaqueta.
• Luva nitrílica.
• Capa de chuva.
• Perneira de proteção.
• Proteção para corpo durante aplicação de herbicida -
conjunto hidro-repelente.
• Respirador com filtro químico para vapores orgânicos.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
160 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Como forma de complementar as ações relativas a segu-


rança do trabalho, todos os tratoristas deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Manter a atenção redobrada em áreas próximas a re-
des elétricas.
• Observar com atenção a presença de buracos, pedras
ou outros obstáculos dentro dos talhões.
• Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os
trabalhos, verificando se estão em boas condições.
• Não utilizar ar comprimido para limpeza pessoal.
• Não utilizar ferramentas e equipamentos sem a utili-
zação dos EPIs e EPCs obrigatórios.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos
• Manter limpo e organizado seu local de trabalho e
áreas comuns
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo
a guarda e conservação dos mesmos.
• Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios
para outros fins que não o especificado.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 161

• Trabalhar com atenção, SEMPRE.


• Ter atenção especial em relação aos atos inseguros,
pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.

Auxiliar Florestal (ou Trabalhador Florestal


da Silvicultura, ou Ajudante Florestal ou outra
denominação similar)
Descrição da atividade:
• Atuar nas atividades de produção de mudas em vi-
veiros.
• Realizar o enleiramento manual de galhadas e outros
resíduos.
• Efetuar o alinhamento e marcação para plantio.
• Realizar o coveamento manual (com enxadão) ou se-
mimecanizado para o plantio.
• Fazer o plantio e replantio de mudas.
• Fazer o coroamento das mudas e árvores jovens.
• Realizar a poda e desgalhamento de árvores.
• Realizar a adubação manual de mudas.
• Confeccionar aceiros manualmente.
• Construir e desmanchar cercas.
• Classificar e carregar de mudas.
• Realizar roçadas manuais ou semimecanizadas.
• Combater incêndios florestais, quando de sua ocor-
rência.
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
162 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Vibração.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Cortes.
• Quedas de mesmo nível.
• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
• Creme protetor solar.
• Creme de proteção para graxas, óleos e solventes
(para as mãos).
• Capa de chuva.
• Luva de vaqueta.
• Touca árabe (ou boné tipo árabe).
• Perneira de segurança.
Como forma de complementar as ações relativas a segu-
rança do trabalho, todos os trabalhadores florestais quando desen-
volvendo as atividades de silvicultura deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 163

• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos


de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Manter a atenção redobrada em áreas próximas a re-
des elétricas.
• Observar com atenção a presença de buracos, pedras
ou outros obstáculos dentro dos talhões.
• Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os
trabalhos, verificando se estão em boas condições.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
• Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna.
• Estar atento a animais peçonhentos
• Manter limpo e organizado seu local de trabalho e
áreas comuns
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo
a guarda e conservação dos mesmos.
• Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios
para outros fins que não o especificado.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Ter atenção especial em relação aos atos inseguros,
pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
164 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Aplicador de Defensivos (Auxiliar Florestal


ou Trabalhador Florestal da Silvicultura, ou
Ajudante Florestal ou outra denominação
similar)
Descrição da atividade:
• Manuseio e aplicação de produtos químicos (herbici-
das, fungicidas, inseticidas e outros).
Agentes de risco associados a atividade:
• Ergonômicos.
• Ruído.
• Vibração.
• Produtos químicos através de herbicidas, inseticidas e
formicidas, além dos hidrocarbonetos aromáticos.
• Exposição a umidade.
• Exposição solar.
• Exposição a dias frios.
• Cortes.
• Quedas de mesmo nível.
• Animais peçonhentos.
• Acidentes de trânsito durante o deslocamento até as
frentes de trabalho.
Equipamentos de Proteção Individual de uso obrigató-
rio, especificados de acordo com o grau de risco identificado no
PPRA/LTCAT:
• Capacete.
• Protetor auricular tipo concha.
• Óculos de proteção.
• Calçado de segurança com biqueira de aço.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 165

• Creme protetor solar.


• Creme protetor para pele contra graxas e óleos.
• Touca árabe (ou boné tipo árabe).
• Luva de vaqueta.
• Luva nitrílica.
• Capa de chuva.
• Perneira de proteção.
• Proteção para corpo durante aplicação de herbicida -
conjunto hidro-repelente.
• Respirador com filtro químico para vapores orgânicos.
Como forma de complementar as ações relativas a segu-
rança do trabalho, todos os trabalhadores florestais ao lidar com
defensivos e outros produtos químicos, deverão observar:
• Comunicar a Segurança do Trabalho sobre qualquer
irregularidade capaz de expor qualquer membro da
equipe a risco de acidentes.
• Cumprir e fazer cumprir as normas e procedimentos
de saúde e segurança do trabalho.
• Obedecer às instruções dos superiores. Em caso de dú-
vidas, não executar a atividade, consultando o superior.
• Observar com atenção a presença de buracos, pedras
ou outros obstáculos dentro dos talhões.
• Realizar inspeção nas ferramentas antes do iniciar os
trabalhos, verificando se estão em boas condições.
• Não utilizar ferramentas e equipamentos sem a utili-
zação dos EPIs e EPCs obrigatórios.
• Observar com atenção a presença de buracos ou ou-
tros obstáculos no interior das áreas de plantio.
• Realizar pausas para descanso e alongamento, princi-
palmente da região das costas, pernas, ombros e braços.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
166 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• Ao levantar peso, flexionar as pernas, não a coluna.


• Estar atento a animais peçonhentos
• Manter limpo e organizado seu local de trabalho e
áreas comuns
• Realizar os exames médicos quando solicitados.
• Participar de treinamentos quando solicitados.
• Respeitar a sinalização de segurança.
• Utilizar os EPIs designados para a função, mantendo
a guarda e conservação dos mesmos.
• Não utilizar os equipamentos de combate a incêndios
para outros fins que não o especificado.
• Trabalhar com atenção, SEMPRE.
• Ter atenção especial em relação aos atos inseguros,
pois são responsáveis pela maioria dos acidentes.
CAPÍTULO 11
ESTUDO DE CASOS

CASO 1 - Acidente na Derrubada com


Motosserra
Em uma área com plantio de pinus, extremamente decli-
vosa, o motosserrista estava derrubando e após terminar o corte de
abate, a árvore que ele havia cortado puxou uma árvore seca/morta
que estava atrás dele, puxando-a para cima dele e atingindo sua
cabeça violentamente. Com o impacto ele foi arremessado a seis
metros de distância e seus EPI’s ficaram danificados. O mesmo foi
encontrado por um colega que deduziu que havia acontecido algo
devido ao silêncio da motosserra. Ao avistar o motosserrista caí-
do foi socorrê-lo e notou que estava sangrando pelo nariz, porém
estava acordado e meio atordoado pela batida. O funcionário foi
atendido pelos brigadistas e transportado para o hospital da cidade
mais próxima (cerca de 40 Km) e, de lá, para outro em uma cidade
com mais recursos. Neste hospital, obteve atendimento médico e
foi constado um traumatismo intracraniano.
O que deveria ter feito o motosserrista?
Devia ter efetuado uma simples avaliação dos riscos para
determinar o que pode acontecer e se transformar em acidente,
uma vez que:
• o terreno irregular (declividade acentuada) pode difi-
cultar o direcionamento da queda das árvores durante
o abate;
• a presença de árvores mortas (em pé) pode represen-
tar um risco para a operação e para o motosserrista;
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
168 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• a presença de galhos e cipós nas copas das árvores


pode dificultar o abate e a queda das árvores.
Qual é a probabilidade de isto acontecer?
Elevada, considerando que:
• a floresta não foi manejada e não foi realizada a roça-
da pré-corte para limpeza de cipós e sub-bosque;
• o elevado número de árvores mortas (em pé) presen-
tas no povoamento;
• a elevada declividade do terreno;
• a falta de planejamento da derrubada pelos encarre-
gados e pelo motosserrista;
• o excesso de confiança do motosserrista.
Quais são as possíveis consequências (gravidade)?
• lesões, morte.
Se o motosserrista tivesse avaliado a situação previamen-
te, o que devia ter feito para reduzir o risco? Deveria:
• ter pedido a orientação do seu encarregado;
• ter realizado uma Análise Prévia de Risco (APR) em
conjunto com outros motosserristas, visando identifi-
car os riscos presentes e as ações para minimizá-los;
• ter solicitado a retirada das árvores mortas através
de cabos de aço acoplados a tratores posicionados na
margem das estradas;
• ter se recusado a derrubar em locais com elevado risco
para sua segurança e integridade física.
Observação: Neste caso, nota-se claramente que o mo-
tosserrista teve sua vida preservada, apesar da gravidade do ocor-
rido, graças a efetividade dos EPI’s utilizados (principalmente o
capacete), conforme registros abaixo:
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 169

Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal).

CASO 2 - Acidente no Traçamento


Mecanizado de Madeira
O Operador de Máquina de Colheita estava realizando
os trabalhos de traçamento de madeiras no estaleiro, utilizando
uma máquina de esteiras com um cabeçote processador acoplado.
Para facilitar e aumentar a produção, o operador acionou o botão
que libera o tracionamento do fuste através dos rolos para realizar
a medição do comprimento e diâmetro da tora para, ao final do
comprimento desejado, realizar o traçamento da mesma. Após fa-
zer este processo o operador informou que o botão ficou acionado,
não parando de tracionar o fuste e empurrando a árvore para dentro
da máquina, vindo a quebrar o vidro da mesma e, somente parando
após o desligamento da máquina. Ao fim, constatou-se somente
um pequeno arranhão na perna do operador e danos materiais na
máquina, não sendo necessário o afastamento do operador.
O que deveria ter feito o operador?
Devia ter efetuado uma simples avaliação dos riscos para
determinar o que pode acontecer e se transformar em acidente,
uma vez que:
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
170 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

• se o posicionamento das árvores a serem processadas


estava correto;
• a máquina já vinha apresentando sinais de falha me-
cânica;
• as manutenções preventivas e preditivas foram reali-
zadas na máquina conforme o plano de manutenção
estabelecido pelo fabricante.
Qual é a probabilidade de isto acontecer?
Elevada, considerando que:
• nunca se deve acionar o comando de tracionamento
dos fustes com o cabeçote virado para a máquina;
• os fustes estavam posicionados de modo incorreto
para o processamento;
• o operador deveria ter reposicionado a máquina para
trabalhar em condição segura.
Quais são as possíveis consequências (gravidade)?
• danos materiais de grande monta, lesões, morte.
Se o operador da máquina tivesse avaliado a situação pre-
viamente, o que devia ter feito para reduzir o risco? Deveria:
• ter solicitado a equipe de extração para reposicionar
os fustes a serem processados;
• ter realizado uma Análise Prévia de Risco (APR) em
conjunto com outros operadores, visando identificar
os riscos presentes e as ações para minimizá-los;
• ter solicitado a equipe de manutenção mecânica uma
inspeção prévia da máquina e do equipamento visan-
do identificar possíveis falhas mecânicas;
• ter se recusado a processar fustes em situações com
elevado risco para sua segurança e integridade física.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 171

Obs.: A seguir, o registro do acidente:

Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal).

CASO 3 - Investigação de Acidentes com


Motosserra
Situação e Histórico
Em uma dada empresa florestal, pequena produtora de
papel e celulose, existiam aproximadamente 25 Operadores de
Motosserra realizando a colheita de pinus, consistindo nas ativi-
dades de derrubada, desgalhamento e traçamento dos fustes. Em
dado período, entre dezembro de um ano e fevereiro do ano se-
guinte, ocorreram três acidentes com alguma gravidade envolven-
do esses operadores, conforme descrito a seguir:
• Dia 21/12 - Operador S. S. P. N. - estava desgalhando
uma árvore já derrubada com a motosserra e, ao cortar
um dos galhos, a corrente da motosserra arremessou a
ponta do galho contra sua própria perna direita, vindo
a perfurá-la.
• Dia 13/01 - Operador E. A. - estava desgalhando
a árvore já derrubada em um terreno irregular e, ao
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
172 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

cortar um dos galhos, a árvore rolou rapidamente em


sua direção, empurrando a motosserra contra seu pé
esquerdo, que foi atingindo pela corrente da motos-
serra em funcionamento, momento em que sofreu um
profundo corte nessa parte do corpo.
• Dia 13/02 - Operador O. T. S. - estava desgalhando
uma árvore após a derrubada e, ao cortar um galho
com a motosserra, a mesma deu um rebote e veio a
atingir seu pé esquerdo, cortando-o através da bota
de motosserrista.

Objetivo
Investigação das potenciais causas de repetidos acidentes
ocorridos na operação de corte e desgalhamento com motosserras.

Possíveis Causas Levantadas

1. Necessidade de Reciclagem de Treinamentos de


Operação de Motosserra
De acordo com o pressuposto no artigo 31.12.39 da NR-
31, os empregadores ou equiparados devem promover à todos
os operadores de motosserra, motopoda e similares, treinamento
para utilização segura da máquina, com carga horária mínima de
oito horas e conforme conteúdo programático relativo à utilização
constante do manual de instruções.
Todos os Operadores de Motosserra pertencentes aos
quadros da empresa possuíam o referido treinamento, comprova-
dos através de certificados.
Entretanto, após verificação documental, foi constatado
que alguns operadores haviam realizado os treinamentos há 05,
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 173

06, 08 e até 12 anos. Em verificação pessoal juntamente com esses


Operadores, verificou-se que as metodologias de operação destes
treinamentos estavam bastante defasadas e não condiziam com a
realidade operacional daquele momento.
Ações Propostas: Realizar a reciclagem de treinamento de
operação de motosserras para todos os Motosserristas, iniciando
por aqueles com treinamentos mais antigos.

2. Falhas de Manutenção e Regulagens das Motosserras


No mês anterior a ocorrência do primeiro acidente, ha-
viam sido adquiridas motosserras novas para substituição daquelas
antigas que atingiram o limite de vida útil. No mês de dezembro
do ano em questão, cerca de 75% das motosserras eram novas (com
menos de 01 mês de uso), as quais, teoricamente, não tinham gran-
des possibilidades de apresentar falhas mecânicas.
Entretanto, foram verificadas em campo duas situações
que poderiam acarretar riscos potenciais de acidentes:
a) Motosserras trabalhando com as guias rebaixadas – As
guias de profundidade das correntes das motosserras são as partes
que fazem com que a mesma “corra” por dentro do sabre, conforme
ilustrado na figura a seguir:

Deve-se manter todas as guias de profundidade, tanto dos


cortadores do lado esquerdo como os do lado direito, calibradas,
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
174 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

mantendo seu desenho próximo ao original, arredondando a ponta


quadrada provocada pela lima chata. Isso, além de ajudar a evitar o
corte inclinado, preservará a “aerodinâmica” da corrente e diminui-
rá a possibilidade de rebote.
O trabalho com as guias rebaixadas provoca um excesso
de velocidade da corrente o que, também, afeta sua estabilidade,
aumenta a possibilidade de arremesso de galhos e a possibilidade
de rebotes.
b) Motosserras com rotação de trabalho excessivamente
elevada – De acordo com recomendações do fabricante, as motos-
serras devem trabalhar com rotação de 12.800 a 13.000 rpm.
Foram encontradas motosserras com até 15.000 rpm em
operação. O trabalho com as motosserras com rotações excessi-
vas, além de ocasionar desgaste prematuro das parte internas do
motor, provoca um excesso de velocidade da corrente, afeta sua
estabilidade, aumenta a possibilidade de arremesso de galhos e a
possibilidade de rebotes.
Ações Propostas: Treinamento sobre regras básicas de ma-
nutenção de motosserras (principalmente com relação a rotação
dos motores e calibração de guias de profundidade) para os Líderes
e Encarregados de Colheita, para que possam estar monitorando
esses itens de segurança.

3. Falta de Resistência dos EPI’s Utilizados pelos


Motosserristas
De acordo com o artigo 31.20.1 da NR-31, é obrigatório
o fornecimento aos trabalhadores, gratuitamente, de equipamen-
tos de proteção individual (EPI), ...; já o artigo 31.20.1.1 preconiza
que os equipamentos de proteção individual devem ser adequados
aos riscos e mantidos em perfeito estado de conservação e funcio-
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 175

namento. Por sua vez, os artigos 31.20.1.2 e 31.20.1.3 afirmam que


o empregador deve exigir que os trabalhadores utilizem os EPI’s e
fornecerem a orientação aos empregados quanto ao uso dos EPI’s.
Verificou-se, em campo, que todos os Operadores de
Motosserra possuíam os EPI’s necessários ao desempenho de suas
atividades, que os mesmos estavam orientados quanto ao correto
uso dos mesmos e que os Técnicos de Segurança constantemente
estavam fiscalizando e exigindo o uso dos EPI’s.
Entretanto, ao analisar o último acidente ocorrido, verifi-
cou-se que o calçado de segurança utilizado pelo Motosserrista não
teve a atuação desejada. Apesar de o mesmo possuir biqueira de aço
e proteção de metatarso, esta última não resistiu ao impacto sofrido,
fazendo com que houvesse danos (ferimentos) ao Motosserrista.
Foi constatado que o material utilizado para a proteção
do metatarso no calçado de segurança tratava-se de uma liga de
plástico (ou algum material semelhante) e que a mesma se esfa-
celou, quando deveria (teoricamente) ter suportado o impacto. A
seguir, é apresentada a foto do calçado que estava sendo utilizado
pelo Motosserrista no último acidente:

Fonte: Stanley Schettino (acervo pessoal).


STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
176 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Ações Propostas: Verificar com o fornecedor dos EPI’s e


representantes dos fabricantes a possibilidade do teste de botinas
de segurança confeccionadas com materiais mais resistentes.

4. Derrubada/Desgalhamento Próximo a Áreas de


Reservas e Estradas
Quando as árvores a serem derrubadas e desgalhadas en-
contram-se próximas às áreas de reservas e estradas (com barran-
cos), ocorre uma dificuldade na operação de desgalhamento devido
as árvores caírem sobre outras e mesmo sobre os barrancos das
estradas, ficando os galhos nas partes inferiores dos troncos.
Ações Propostas: Orientar os motosserristas para, nestes
casos, somente desgalharem as árvores após o arraste das mesmas
para os estaleiros.

5. Necessidade de Ajustes Operacionais


O sistema de colheita semimecanizado adotado pela em-
presa previa, em regra, 01 Operador de Motosserra realizando a
derrubada e desgalhamento para cada trator de arraste. Entretanto,
foi verificado que, em inúmeras situações, torna-se necessário que
01 Operador de Motosserra realize a derrubada e desgalhamento
para 02 tratores de arraste. Essa condição operacional é verificada
quando ocorre quebra de motosserras ou falta de Motosserristas
ao trabalho.
Quando isso ocorre, torna-se necessário imprimir um
ritmo acelerado de trabalho, o vem a acarretar desgaste físico ao
Motosserrista e, consequentemente, um maior risco de ocorrên-
cia de acidentes. A situação é agravada em situações operacionais
onde, devido à idade dos povoamentos, as árvores possuem um
maior percentual de galhos.
Ações Propostas: Realizar um levantamento do dimensio-
namento das frentes de colheita e efetuar os ajustes necessários.
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 177

CASO 4 - Mapas de Riscos para Máquinas da


Colheita Mecanizada
Conforme a Portaria nº 05, de 17 de agosto de 1992,
do Ministério do Trabalho e Emprego, a elaboração do Mapa de
Riscos é obrigatória para empresas com grau de risco e número de
empregados que exijam a constituição de uma CIPA - Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes.
O Mapa de Riscos é a representação gráfica dos riscos de
acidentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao pro-
cesso produtivo, devendo ser afixado em locais acessíveis e de fácil
visualização no ambiente de trabalho, com a finalidade de infor-
mar e orientar todos os que ali atuam e outros que, eventualmente,
transitem pelo local. No Mapa de Riscos, os círculos de cores e
tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que podem
gerar situações de perigo em função da presença de agentes físicos,
químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. O mapeamento
possibilita o desenvolvimento de uma atitude mais cautelosa por
parte dos trabalhadores diante dos perigos identificados e grafica-
mente sinalizados. Desse modo, contribui com a eliminação e/ou
controle dos riscos detectados (SEGPLAN-GO, 2018).
A seguir são apresentados modelos de mapas de riscos
para algumas máquinas utilizadas na colheita mecanizada (desen-
volvidos pelos autores), com o intuito de:
a) Reunir informações suficientes para o estabelecimento
de um diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho
com essas máquinas;
b)Possibilitar a troca e divulgação de informações entre os
operadores e mecânicos, bem como estimular sua participação nas
atividades de prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais.
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
178 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

MAPA DE RISCOS
NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94
CIPATR - GESTÃO 2019/2021
FELLER-BUNCHER
GRUPO V - RISCOS
GRUPO I - RISCOS FÍSICOS ACIDENTES

QUEDA
VIBRAÇÕES . Subir e descer da cabina da
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO máquina.

QUEIMADURA
RUÍDO . Contato com partes quentes do
. M OTOR DO EQUIPAMENTO motor durante a inspeção diária

CHOQUE ELÉTRICO
. Derrubada próximo a rede
elétrica
GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS
INCÊNDIO
. Alta temperatura / acúmulo
TRABALHO EM TURNO E NOTURNO GARRA TRAÇADORA de folhas e galhos /
vazamento de óleo
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO

TOMBAMENTO
MOVIMENTOS REPETITIVOS Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio)
. Manuseio dos comandos . Posicionamento inadequado
da máquina dentro do talhão
(áreas acidentadas)

MINISTÉRIO DO TRABALHO
TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS
TABELA DE GRAVIDADE
TIPO DE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V GRANDE MÉDIO PEQUENO
RISCO
RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RISCOS
FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES SIM BOLO

MAPA DE RISCOS
NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94
CIPATR - GESTÃO 2019/2021
SKIDDER

GRUPO I - RISCOS FÍSICOS GRUPO V - RISCOS


ACIDENTES

RUÍDO QUEDA
. M OTOR DO EQUIPAMENTO . Subir e descer da máquina

VIBRAÇÕES
. OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTO
QUEIMADURA
. Inspeção ( radiador)

GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS


TOMBAMENTO
TRABALHO EM TURNO E NOTURNO GARRA TRAÇADORA . Descida em locais
. OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTO acidentados

MOVIMENTOS Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio)


REPETITIVOS
. Manuseio dos comandos

MINISTÉRIO DO TRABALHO TABELA DE GRAVIDADE


TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS
TIPO DE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V GRANDE MÉDIO PEQUENO
RISCO
RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RISCOS
FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES SIM BOLO
SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR FLORESTAL 179

MAPA DE RISCOS
NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94
CIPATR - GESTÃO 2019/2021
HARVESTER
GRUPO V - RISCOS
GRUPO I - RISCOS FÍSICOS ACIDENTES

QUEDA
RUÍDO . Subir e descer da máquina
. M OTOR DO EQUIPAMENTO ( compartimento motor;
degraus escada) e gavetas
ferramentas
VIBRAÇÕES
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO
CORTE
. Troca de corrente
( conjunto de corte) e sabre
GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS

QUEIMADURA
TRABALHO EM TURNO E NOTURNO . Inspeção (radiador)
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO

Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio)


MOVIMENTO
REPETITIVO
. Manuseio dos comandos

MINISTÉRIO DO TRABALHO
TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS
TABELA DE GRAVIDADE
TIPO DE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V GRANDE MÉDIO PEQUENO
RISCO
RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RISCOS
FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES SIM BOLO

MAPA DE RISCOS
NR5, PORTARIA 3214 DE 08/06/78 E PORTARIA 25 DE 29/12/94
CIPATR - GESTÃO 2019/2021
FORWARDER
GRUPO V - RISCOS
GRUPO I - RISCOS FÍSICOS ACIDENTES

QUEDA
RUÍDO . Subir e descer da máquina
. M OTOR DO EQUIPAMENTO ( compartimento motor;
degraus escada) e gavetas
ferramentas
VIBRAÇÕES
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO
CHOQUE ELÉTRICO
. Extração próximo a rede
elétrica
GRUPO IV - RISCOS ERGONOMICOS
QUEIMADURA
. Inspeção (radiador)
TRABALHO EM TURNO E NOTURNO
. OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO
TOMBAMENTO
MOVIMENTOS . Posicionamento errado
Fonte: Stanley Schettino (acervo próprio)
REPETITIVOS da máquina dentro do
. Manuseio dos comandos talhão

MINISTÉRIO DO TRABALHO
TABELA 01 - RISCOS AMBIENTAIS
TABELA DE GRAVIDADE
TIPO DE
GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV GRUPO V GRANDE MÉDIO PEQUENO
RISCO
RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RÍSCOS RISCOS
FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES SIM BOLO
REFERÊNCIAS
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STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
182 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

1978. Aprova as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II, da Con-


solidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília:
MTE, 1978.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 5.889, de 08 de junho de 1973. Estatui nor-
mas reguladoras do trabalho Rural. Brasília: Presidência da República, 1973.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985. Institui
o Vale-Transporte e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1985.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre
os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasil: Presidên-
cia da República, 1991.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria no 3.751, de 23 de novembro de
1990. Aprova a Norma Regulamentadora de Ergonomia – NR-17. Brasília: MTE, 1990.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria no 86, de 3 de março de 2005.
Aprova a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,
Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura. Brasília: MTE, 2005.
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tação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
Vitória da Conquista, 2016.
VIEIRA, H.S. Levantamento do custo de não conformidade com a nr-31 para em-
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VILELA, R. A. G.; MALAGOLI, M. E.; MORRONE, L. C. Trabalhadores da saúde
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análise no contexto sociopolítico, jurídico e econômico brasileiro. São Paulo: Juruá, 2006.
ÍNDICE REMISSIVO

A
Acidentes de Trabalho 9
Agentes causadores de acidentes 9
Avaliação de acidentes 10
Avaliação dos riscos 9, 81

C
Causas de acidentes 9
Condições de trabalho 9, 186

G
Gerenciamento dos riscos 9
Gestão legal de riscos 9

I
Identificação dos riscos 9

M
Mapas de riscos 10
Medidas de controle 9, 54
Monitoramento das ações 9

N
Normas aplicáveis 9
Normas Regulamentadoras 9, 17, 47, 48, 62, 63, 65, 67, 70, 71, 72, 182

O
Orientações legais 9

R
Riscos biológicos 9
Riscos de acidentes 9, 10
Riscos ergonômicos 9
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
192 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Riscos físicos 9
Riscos Químicos 9

S
Saúde do trabalhador 9

T
Tipos de acidentes 9
trabalho florestal 5, 14, 15, 25, 67, 92, 106, 109, 114, 183, 187, 190
SOBRE OS AUTORES

Stanley Schettino
Professor Adjunto na UFMG - Universidade Federal de Minas
Gerais/Instituto de Ciências Agrárias. Engenheiro Florestal
(Universidade Federal de Viçosa - 1992), Doutor em Ciências
Florestais (Universidade Federal de Viçosa - 2016), MBA
em Gestão Empresarial (Fundação Getúlio Vargas - 2002),
Engenheiro de Segurança do Trabalho (PUC-PR - 2010). Possui
grande experiência na área Engenharia Florestal, com ênfase em
Colheita Mecanizada de plantios de reflorestamento, Planejamento
Florestal e Programas de Gestão de Qualidade, Meio Ambiente e
Saúde e Segurança do Trabalho, além de participação em processos
de certificação florestal. Atualmente leciona, dentre outras, a disci-
plina Segurança do Trabalho Florestal para o curso de graduação
em Engenharia Florestal da UFMG. É professor permanente no
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFMG.

Luciano José Minette


Engenheiro Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (1984),
Mestre em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa
(1987) e Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de
Viçosa (1995). Possui especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho pela FUMEC (2002). Atualmente, é Professor
Associado IV da Universidade Federal de Viçosa e integrante da
Universidade Federal do Espírito Santo. Coordenador do curso
de Especialização Lato-Sensu em Engenharia de Segurança do
Trabalho, da Universidade Federal de Viçosa. Tem experiência na
área de Engenharia de Produção, com ênfase em Segurança do
STANLEY SCHETTINO, LUCIANO JOSÉ MINETTE
194 e VINÍCIUS PEREIRA DOS SANTOS

Trabalho e Ergonomia, atuando principalmente nos seguintes te-


mas: ergonomia, colheita florestal, transporte florestal e segurança
do trabalho.

Vinícius Pereira dos Santos


Doutor em Ciências Florestais pela Universidade Federal do
Espírito Santo - UFES, mestrado em Produção Vegetal pela
Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Graduação em
Engenharia Agronômica pelo Centro de Ciências Agrárias da
UFES (2009), pós-graduado em Engenharia de Segurança do
Trabalho (2013) pela Universidade Cândido Mendes e Técnico
Agrícola formado pela Escola Agrotécnica Federal de Colatina
(1998/2000), atual IFES Campus Itapina. Trabalhou como
Técnico Agrícola pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal
(IDAF) na função de Inspetor Fitossanitário. Tem experiência na
área de Agronomia, atuando principalmente nos seguintes temas:
inclusão digital, educação ambiental, legislação e fiscalização am-
biental, plano de manejo, agroecologia, extensão rural e segurança
do trabalho.
Formato: 14,8x21
Tipologia: Adobe Caslon Pro
Papel: Pólen 80g /m2 (miolo)
Cartão Supremo 250g / m2

2019
Curitiba/Paraná

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Tel: (41) 3022-6005
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