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Pastor Robert McAlister


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MÄE DE SANTO
MÃE DE SANTO

Dna, G E O R G IN A ARAGÃO DOS SANTOS FRANCO

PASTOR ROBERT McA LISTER


1968

E m p ree n d im e n to s E van g élico s

C aixa 1.116 — ZC -00 — GB.


D, G eorgina em sey t r a g e típ ic o de C a n d o m b l é .
A lé m cias f ig u r a s n a m e s a , etn b a i x o d e s t a a l t a r e s t ã o escondidas as U m p o n t o de U m b a n d a o n d e o E x ú e s t á s a c i a n d o a s u a s e d e de s a n g u e ,
fig u r a s da I d o ' a t r i a ,
PRIMEIRA PARTE
Superstição ou realidade?
Como começou o Candomblé no Brasil.
A doutrina de Candomblé e Umbanda,
O ritual de Umbanda.
Prim eiro contato com D. Georgina.

F i g u r a de u m m éd iu m in co rp o rad o com cab oclo “ A R R A N C A TÔ CO ".


w

SUPERSTIÇÃO OU R E A L ID A D E ?

Víntlo eu tio Canadá, país predom inantem ente Evan­


gélico, ouvi falar das artes de magia negra e considerei
ser aquilo algo dos tempos medievais ou das selvas afri­
canas; portanto nunca acreditei nos poderes atribuídos
aos feiticeiros.
Chegando ao Brasil, tomei conhecimento da crença,
popularm ente chamada “m acum ba” e achei m uito inte­
ressante esse aspecto folclórico do povo brasileiro. As
coisas que 11 nos livros de Jorge Amado e as narrativas
que ouvi sôbrc acontecimentos estranhos, julguei-as ape­
nas fruto de superstição, m as nunca dei m uita im portân­
cia a algo tão impossível como seja a influência real de
feitiçaria, hoje, no século vinte.
D urante os prim eiros anos que passei no Brasil, fa­
lei com literalm ente m ilhares de pessoas, pois abri um
gabinete pastoral e convidei o povo a vir falar comigo
sôbre os seus problemas espirituais. Dia apôs dia ouvia
narrativas que para mim pareciam duma outra época, até
que finalm ente fui' forçado a considerar seriam ente o que
estava acontecendo no meio de espiritismo brasileiro.
Por exemplo, um casal entrou um dia no m eu gabi­
nete pastoral. O hom em tinha a perna direita comple­
tam ente paralisada e pediu-me orar para que ficasse
curado. A esposa explicou-me com toda a convicção, que
aquela enferm idade começara na noite em que o m arido,
de volta à casa, um pouquinho bêbedo, ao passar num a
esquina, dera um poiita-pó num “ despacho”. No dia se­
guinte acordara com a perna paralisada e não havia mé-
MÃE DE SANTO 13
12 ro bert M cA l i s t e r

dico algum que desse jeito nela, nem que explicasse a Que Deus salve o Brasil dessa praga, que Deus li­
origem da paralisia. berte o povo que merece bem mais do que estar sob os
laços, hum anam ente inquebráveis, do poder tle satanás.
Depois, falei com vítimas de Candomblé e Umbanda
que m e contaram do dram a terrível que é submeter-se Então, às vítim as do Candomblé e Umbanda, és te
às influências dos “ exús” e “ orixás”. Aos poucos fui-me livro é dedicado.
convencendo de que essas coisas não eram apenas im a­
ginárias, e apesar de serem fruto de superstição, seus QUAB É A ATRAÇÃO DESSAS COISAS?
efeitos eram reais.
Constatei que a necrom ancia e a feitiçaria não ces­ Por que será que um a pessoa educada vai a um bar­
saram com a Idade Média, e que, ainda hoje, o homem racão e póe o; seit destino à disposição de um “pai de
adora os poderes das treva? e tenta usá-los para satisfa­ santo” ?
zer a sua vontade pessoal, ganhar m érito e tornar-se po­ Por que motivo um homem católico, que me disse
deroso. “jam ais ter perdido um a missa semanal desde a infân­
A Bibíia fala sobre o poder das trevas e sobre as cia”, pula o m uro de um cemitério, à meia-noite, tendo
“forças espirituais do m al.” Evidentem ente o inimigo da na mão um coração de boi preparado com pós africanos
alma do hom em ainda está enganando, roubando e des­ e am arrado com fita vermelha, e com ó próprio^ coração
truindo através dos poderes malignos e dos espíritos de­ batendo dc terror, faz isso em obediência a um orixá ?
moníacos. Por que motivo um a senhora culta procura uma
Cheguei à conclusão de que não poderia mais sacudir cartom ante e lhe obedece cegamente a s recomendações?
a cabeça e dizer, “ Pobres coitados, isso é apenas supersti­ Por que será que um operário, que m al tem dinheiro
ção porque nada realm ente está acontecendo.” Não. O para com prar leite para os filhos, gasta o que não tem,
poder do diabo è real. comprando m anjares para os colocar m una encruzilhada
Assim pois, comecei a enfrentar essa m onstruosida­ a fim de agradar a 11111 “ exü” ?
de considerada apenas crença folclórica e comecei a usar Por que razão o povo brasileiro, ao defrontar pro­
o poder do Nome de Jesus em oração para libertar os blemas sentimentais, financeiros ou de saúde, bate à por­
oprimidos desses “caboclos” e “ orixá.?” que nada mais ta de algo que o envolve em cenas sangrentas e terríveis?
são do que espíritos malignos e demoníacos.
Hoje eu reconheço 110 Candomblé e na Umbanda a CURIOSIDADE, IGNORÂNCIA E PODER
m aior ameaça espiritual jam ais enfrentada por um povo.
Creio que o Brasil tem qíie se libertar desse mal, já que A resposta a essas perguntas não é afirm ar que se
algumas autoridades dizem estar mais de um te rç o d a trata apenas de ignorância^ pois níésinò com o decresci-
população m etida nessas coisas, curvando-se perante maes mo do iiidice de analfabetismo, o núm ero de adeptos do
de vsanto e obedecendo às ordens dos “ orixás”.
14 robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 15

Candomblé e da Umbanda aum enta cada dia mais. Igno­ inferno. Depois de falar com centenas delas, vítim as des­
rância espiritual, com certeza, faz parte da respostaU " sas forças malignas, eu vejo em tudo isso a mão do diabo
Outra razão é simples curiosidade. O hom em gosta que ainda hoje vem para roubar, m atar e destruir a hu­
de coisas misteriosas c m íd to liõ n ra a quem possa reve­ manidade.
lar o passado e abrir a janela do futuro, embora o faça E é justam ente isto o que está acontecendo no Brasil
por meio de poderes diabólicos. através dessas crenças de Candomblé e Umbanda.
Parle da resposta está cm que, alravés dessas coisas,
um a simples doméstica pode, durante algum as horas,-ser
possuída, por exemplo, do espírito da índia Jurem a e re­
velar sabedoria além do norm al; um contador pode, tem ­
porariam ente, ser um “preto aleijado”, dotado de pode­
res in com uns, e um operário, 110 meio da sua miséria,
tornar-se a própria encarnação da destruição e da morte,
A IGREJA TAMBÉM É CULPADA
Parte da explicação da popularidade dessas “ reli­
giões” é que a Igreja de Jesus Cristo não tem satisfeito
às necessidades do povo. iÊste, vendo a “ política religio­
sa” e a insinceridade da igreja oficial, tom ou o seu desr
tino em suas imóprias mãos, deixando os líderes a brincar
de polêmicas doutrinárias em suas catedrais.
0 povo precisava de ajuda para resolver os seus pro­
blemas, e a Igreja falhou. O povo precisava de cura, e a
Igreja lha negou. 0 povo precisava de conforto e a Igre­
ja não lho tinha para dar. 0 povo queria um a crença
que lhe satisfizesse a sêde e fom e de ver algum a coisa
real, e a Igreja só teve para o alim entar palavrório vazio
e não o poder transform ador do Evangelho.
Sim, à Igreja cabe levar grande parte da culpa pelo
crescimento fantástico do espiritismo no Brasil.
Mas, acim a de tudo isso, eu vejo uma conspiração
satânica a oprim iF milhões de pessoas com os poderes dó
COMO COMEÇOU NO BRÁSIL ©
CANDOMBLÉ

O Candomblé e a Umbanda vieram para o Brasil no


coração dos escravos, liá 400 anos atrás. Encontraram
aqui os índios, também escravos dos portugueses, e a afi­
nidade dc. sofrim ento uniu os dois povos.
Para aliviar o seu sofrim ento físico, o africano escon­
dia-se nos lugares secretos, nas florestas e nas praias para
ali praticar os velhos rituais, dançando e ouvindo o ritm o
hipnotizador dos seus atabaques. A sua religião ajudava
a am enizar as saudades da sua terra natal, a África. Ser­
via, também, para m anter a sua personalidade.
Para evitar o risco de um a inquisição ou perseguição
da paHe da Igreja Católica, essa gente hum ilde começou
a dar aos seus deuses os nomes dos santos e dos anjos
e aí teve início o usò, nos seus rituais, das im ãgens do
próprio catbiicisino-romano, de sorte que ha em todos os
altares dc Umbanda uma figura dc São Jorge a cavalo,
e imagens da Virgem, que representa Temanjá, a rainha
do m ar.
Ao passo que cham avam os “ orixás” pelos nomes
dos santos, também queriam idenlificar-sc com o Cris­
tianismo e, por isso, adotaram a concepção da Santíssima
Trindade. Daí surgirem Zambi, Oxalá c Orixalá como
representação do Pai, Filho e Espírito Santo.
No ritual, o encantamento tanto pode ser feito a São
Jorge, o protetor dos fracos, como em invocar ,essa enti­
dade pelo nome de Ogum, o deus da guerra, A pessoa
18 RÕBERT. McALlSTER Màe de sántô 19

que oferece flores perante Nossa Senhora da Conceição, Entretanto o_ Espírita “da m esa” não quer ligação
tam bém coloca um copo de água e uns búzios para reco­ nenhum a com o terreiro e, ao mesmo tempo, o catolicis­
nhecer nela a sua outra identidade de Iem anjá, a deusa mo brasileiro está bastante embaraçado com muitos dos
do m ar. seus adeptos que saem da missa para ir ao centro e ao
Poucos são os lugares onde ainda está sendo preser­ terreiro.
vada a doutrina original proveniente da África, mas no Se tudo isso parece confuso é porque, na realidade,
Çapjloniblé, onde ainda se usa linguagem africana e onde é confuso mesmo. Mas no meio desse ambiente, junto
os “ trabalhos” são oferecidos aos ídolos africanos, é pos­ com os mistificadores e charlatães, há m uita gente since­
sível identificar a velha crença. ra, em bora confusa e perdida.
A origem do nome “um banda” não é conhecida com
segurança. Uns dizem derivar-se dum a palavra africana
que significa “ sacerdote”, enquanto outros afirm am com ­ AS “ NAÇÕES” DO CANDOMBLÉ
por-se d^ dois vocábulos: “ um ”, traduzido como “Deus”
c “banda”, que significa “ povo”, constituindo pois, uma Oficialmente o Candomblé começou na Casa B ran­
crença entre Deus e o povo. Mas se o nom e traz confu­ ca da Bahia, com três africanas. Mas as origens dos seus
são, muito mais a prática. rituais perdem-se nas gerações passadas onde se ocultam,
e ainda hoje suscitam m uita polêmica e divergência entre
A “ SALADA” QUE É 0 ESPIRITISMO BRASILEIRO o povo dessas seitas.
A estrutura do Candomblé pode ser definida pela
D urante centenas de anos tem o povo m isturado uma palavra “ nações”. Ao passo que cada terreiro é em si
crença à outra, do que resultou um a espécie de crença mesmo soberano, e em certos aspectos diferente dos de­
que realm ente desafia qualquer identificação. Por exem­ mais, há contudo semelhança entre as “ nações” . Não
plo, Yokaanam , m istura coisas de Umbanda com esote­ existe, todavia, nenhum a organização geral ou federação
rismo. Em m uitos lugares a doutrina européia de Ale delas.
xandre Kardec m istura-se à prática de Macumba, embora A “nação” Angola, fala da parte da África de onde
muitos espíritas neguem qualquer vinculação com Um­ veio certa form a de Candomblé, Os escravos oriundos
banda. Até a doutrina hindu de K am i a é aceita por parte dessa região m isturaram -se com o índio brasileiro e os
dos que também invocam os poderes dos exús. adeptos da “ nação” Angola se vestem como se fôssem
> O Umbandista, que invariavelm ente se considera um a índios. As m ulheres não usam camisa, m as uma espécie
v pessoa católica tam bém acha que tem direito de se con- de m anto que lhes envolve o corpo da cintura até os
! siderar espírita pois está recebendo e consultando espí­ ombros que ficam nus. Seus rituais se realizam no m ato
ritos tanto quanto o seu colega de “ espiritismo científi­ e incluem o uso de cobras e outros bichos. Esta é a “na­
co” que não derram a sangue para agradar ao exú. ção” menos civilizada.
20 robert M cA l i s t e r

Cada uma dessas nações tem os seus "orixás” pre­


diletos, e nelas os rituais são diversos. Algumas adoram
os espíritos das árvores; outras os espíritos das pedras
enquanto outras, os espíritos que dizem habitam os rios A DOUTRINA DE CANDOMBLÉ E
e as cachoeiras.
Em cada nação há um a hierarquia. Alem dos pais e UMBANDA
mães de santo, há senhoras que são "equedes”, ou seja
sim plesmente adoradores. Não fazem "trabalhos” nem Dada a ignorância geral existente sôbre a crença do
recebem orixás. Entre os homens há o "ogan”, isto é, Candomblé e Umbanda, sinto-me na obrigação de dizer
o que faz a m atança dos animais, e os "cam bonos” que alguma cousa a respeito deles. Perguntei a um a senhora,
tom am conta do terreiro. m em bro da nossa igreja, se sabia dizer-me o que signi­
A nação mais "grã-fina” do Candomblé é KITO. Foi ficava "Pom ba Gira”, ao que ela m e respondeu: "Bem,
a esta que dona Georgina de Aragão pertenceu. tem algo a ver com êsse negócio de m acum ba”. Ela,
porém, conhecia pessoas que se submetem a esses espíri­
tos malignos e devia, portanto, conhecer mais acerca do
assunto.
Tenho procurado literatura sôbre o Candomblé mas,
além das novelas de .Torge Amado que, evidentemente
m uito freqüentou o Candomblé na Bahia, quase nada
achei. Exceto o que ele presenciou nas cerimônias a que
assistiu, nada mais parece ter sabido a respeito. No to­
cante à doutrina, nada diz. Li dois artigos, um na revista
"Realidade”, e outro em "O Cruzeiro”, mas até hoje nada
pude encontrar escrito por um autêntico candomblista.
Há muitos livros sôbre a Umbanda, inclusive um
entitulado "O Evangelho de Um banda”, m as o Candom ­
blé, evidentemente, não tem literatura. Indaguei de Dona
Georgina a razão disso. Respondeu-me que o diabo não
quer que ninguém saiba o que significam os seus rituais.
Continuou Dona Georgina: "O ocultismo no Candomblé
é segredo, mesmo para os que o praticam . E u nunca vi
um livro sôbre Candomblé nem nunca li qualquer coisa
á respeito. Só quem sabe disso é a pessoa que "faz san­
to” e que entra nos sacrifícios. Há anos, alguns dos "se-
ROBERT IV! cA L I S T E R M ÃE DE SANTO 23
22

gredos” do Candomblé foram revelados num a reporta­ Os “ orixás” são deuses, ou espíritos bons, q.ue no
gem feita por um “ pai de santo” e publicadas na revista Candomblé devem ser suplicados para o cliente conseguir
“ O Cruzeiro”, que, por permissão dele, fotografou cenas favores. Mas antes de fazer o pedido, o suplicante, atra­
do ritual. Naquela época pediram -m e vários esclarecimen­ vés da mãe ou pai de santo, tem que satisfazer o exú,
tos dessas coisas. Neguei-me a inform ar pois ainda que­ que é o espírito dc diabo, tam bém considerado mensagei­
ria guardar êsses “segredos”, m as sabia que tudo aquilo ro de orixá.
realm ente fazia parte da religião de Candomblé . O Candomblista faz sacrifícios e oferendas (cham a­
“Acho, pastor, que m uitos vão gostar desta explica­ dos “ despachos”) aos exús só para mandá-los embora,
ção porque não entendem coisa algum a do assunto. Pen- mas na Umbanda os exús são invocados para fazer tanto
sam ser um a coisa quando, na verdade, é bem outra. o bem como o mal, dependendo isso do desejo do médium.
Díepois ficam arrependidos mas não podem mais sair. Êsses exús, no ritual de Umbanda, se m anifestam
Êstes, naturalm ente, vão gostar dum a explicação” . como anim ais e são chamados pelos nomes de sapo, co­
bra, jaguar ctc. Quando êsse exú baixa e possui o ado­
EXÚS E ORIXÁS rador, a m anifestação física m ostra o tipo do exú. Por
exemplo, o exú-porco faz os ruídos do porco e se com ­
Em palavras simples, a diferença entre Candomblé e porta de modo sem elhante ao porco.
Umbanda é que o Candomblé ataca o espírito enquanto Os exús, dependendo da crença do terreiro, podem
a Umbanda ataca o corpo. Em Um banda os “ guias” pos­ ser profundam ente malignos, ou m eram ente im orais e
se ssam os seguidores é se m anifestam fisicam ente sob o irresponsáveis, podendo ser controlados pelos espíritos
nome de “ Exú”, “ Preto Velho”, “ Caboclo” etc. No Can­ “benéficos.”
domblé tudo é ocultismo e nêle não se adoram êsses espí­
ritos interm ediários. É o “ orixá” que se torna dono da Outra crença básica de Umbanda é a capacidade dos
cabeça da m ãe de santo. Mas tanto Umbanda como Can­ espíritos dos que desejam voltar para fazer o bem, ou
domblé invocam espíritos. 0 umbandista, porém, acha o médiuns, chamados “ cavalos” (porque o espirito domi­
“ orixá” poderoso demais para ser facilmente chamado na o corpo como o hom em domina úm cavalo), que cha-
à terra. Portanto cham am espiritos desencarnados e espí­ m ahi os exús, pretos velhos e caboclos para conseguirem
ritos m enores para representarem os orixás. deles os segredos das ervas medicinais e para receberem
instruções de como fazer os trabalhos e evitar o mal, o
Essas alm as desencarnadas, diz o um bandista, vão perigo ou resolver os seus problemas.
desfazer algo que fizeram durante um a encarnação. E n­
tretelas se vêm “ caboclos” ou espíritos de índios; “ pre­ 0 Candomblé nunca invoca êsses “pretos velhos” ou
tos velhos” considerados chefes de tribos, guerreiros, ou “ alm as”, mas quando raram ente despacha um a alma, é
gente hábil no uso de ervas, e escravas ricas em sabedo­ sempre para proteger a IASI das almas dos seus fam i­
ria merecida por vidas de grande sofrimento. liares,
PA rooert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 25

A finalidade de tudo isso é ganhar o conlròle das soas invariávelmente se declaravam católicas, mas depois
forças e poderes que governam as vidas. Fazem ofertas de questioná-las, adm itiam que na profundidade da sua
de anim ais, comidas e flores aos “ exús” pará tentar m e­ dor, e sem saberem para onde ir a fim de resolverem
recer favores e para obrigar outros a fazerem a sua von­ tal ou qual problema, embrenharam~se na Um banda para
tade. Assim, querem m udar sua sorte, resolver proble­ ver se os podêres estranhos ali manifestados podiam re­
mas, curar doenças, evitar acidentes, conseguir emprego solver qualquer coisa.
e até mesmo (como na Quimbanda) pedir a má sorte e Nunca m e esquecerei de certa senhora que inc disse
ainda a m orte dos seus inimigos pelas forças ocultas ser m em bro dum a Igreja Cristã, mas durante a doença da
dos exús. fillia, por não querer a sua igreja orar por sua cura, foi
tentada a levá-la ao espiritismo. Ali fizeram “ trabalhos”
O QUE ACONTECE DURANTE ESSAS CENAS e foi-lhe prom etida uma solução. Mas, como ocorre na
totalidade dos casos, disseram-lhe que tinham grande ca­
O campo dessa batalha é a alm a do homem. A ví­ pacidade para lhe dar “ desenvolvimento”, por isso iam
tim a è á pessoa que se subm ete ao poder dessas forças arranjar-lhe um protetor. Depois de certo período a doen­
malignas e demoníacas. Por exemplo, quando um “ ca­ ça começou a passar c a mãe disse à filha: “ Meu bem,
valo” invoca um exú, ele se entrega de corpo, alma e voltemos para a nossa igreja”, ao que ela respondeu:
espírito aos poderes das trevas e não tem proteção ne­
nhum a contra os efeitos m entais e emocionais que re­ / “ Mamãe, eu quero, mas o espírito não me deixa sair”.
sultam desses contatos com o diabo.
\ Os^^sanatonos do Brasil estão cheios de vítimas de
, tudo isso. Ãti s_s di portas fechadas há uma multidão de
'loucos que nao puderam resistir à pressão do mal, invo-
cuiTcTcT e recebendo, voluntariam ente, o poder de Sata­
nás. Essa genle pensa que o seu único recurso para uma
vida melhor é entregar a sua vida rias mãos dos exús.
t Grande num ero de médicos diz que a m aior parte dos
débeis m entais atingiu esse estado por causa de contato
1 cohrêssèíT pôdêrés oéultos, é um chegou m esmo a dizer
* que “Espiritism o é fábrica de loucos”.
Literalm ente falando, centenas de vêzcs durante os
; últimos anos, vítim as de Candomblé e Umbanda tem sido
i trazidas ao meu gabinete pastoral. Vi pessoas cuja m en­
te não suportava mais o contato com esses poderes do
inferno, representados pelos exús e orixás, Essas pe§->
O RITUAL DE UMBANDA
Geralmente os cultos de Um banda são feitos num
“ terreiro”, perante um altar contendo flores, a figura de
São Jorge e a imagem cia Virgem. Junto a isso estão as
figuras de cabeças de índios e pretos velhos, ou seja, os
j
espíritos do terreiro. Tam bém podem estar os búzios e
I figuras de Oosme c Dam ião, os “protetores” de crianças.
Geralmente, liá um outro altar, m enor, dedicado aos exús
entidades bastante respeitadas por causa da sua fôrça e
poder.
Ao entrar, o suplicante trás flôres, cachaça, charu­
tos oú animais, eiifim, o material do sacrifício. Tem que
entregar tudo isso ao “ cambono”, o que toma conta do
terreiro, e depois ajoelhar-se perante o altar. Às vezes,
prostra-se inteiram ente perante um símbolo mágico.
Antes de começar, o oficiante acende um a vela e
juntam ente com a cachaça e o charuto do ritual, ofere­
ce-a em frente à “ casa cie exú” para satisfazê-lo, a fim
de que não atrapalhe os “ pretos velhos” e “ caboclos”
que serão chamados.
Depois, há a “purificação” do ambiente por incenso e
o líder faz o “ sinal da cruz” na frente de Iodos os pre-
seiitês. Então, o incenso é jogado fora da porta, levando
consigo o “ m al”. Às vezes, passam um prato fundo de
cachaça, e depois de todos participarem dela, jogam fora
o que resta.
Para continuar, os “ cavalos” ou seja os médiuns, que
esperam receber os espíritos, descalçam os sapatos e se
vestem de colares protetores para afastar os exús. Usam
rosários e esfrçiãS de Davi ou figuras que representem
28 ROBERT McALISTER

São Jorge, Os tam bores começam e o povo canta o con­


vite aos espíritos.
Quando êstes baixam, o “ cavalo” pode ser jogado, 0 PRIMEIRO CONTACTO COM
violentamente, ao chão. Depois de possuídos, êles chamam
por seus guias e protetores pois pode dar-se o caso de GEORGINA ARAGÃO DOS SANTOS
estarem recebendo um exú que os vem enganar. 0 aspec­
to físico do médium , então, muda. Pode tornar-se alei­ FRANCO
jado, ou envelhecido. D urante êsse período de transe o
m édium pode perm anecer fixo num a só posição, rolar
pelo chão, ou dançar durante horas. As manifestações A prim eira vez que vi Dona Georgina foi no dia se­
podem ser das'm ais''terríveis imagináveis. guinte em que ela ouviu a m ensagem de Cristo, quando
Mas, o pior de tudo isso é Quimbanda, ou magia ne­ então se iniciou sua tão grande transform ação.
gra. Na Quim banda o “ exú” é que c adorado. Êle ajuda Ela m e disse: “Pastor, ontem eu aceitei a Jesus como
a alcançar um alvo im oral, ou a ganhar vantagem sobre meu Salvador”. Não aebei isso estranho, pois acontece
um inimigo. Os símbolos do culto são todos pretos: sapos, em todas as nossas reuniões. Mas, continuou: “E u era
gatos, galinhas, bodes etc. do Candomblé”. Fiquei logo interessado por causa do
D urante a possessão, o m édium pode comer vidro, choque inevitável que teria de suportar para se libertar
transferir a cachaça da sua boca para a de um sapo, ou dessa vida. Mas foi somente quando ela m e disse: “ Pas­
rolar-se pelo chão como num ataque epilético. Depois de tor, eu era “m ãe de santo”, que então compreendi a pro­
horas, se o corpo ficar fraco, o possuído pode cortar a fundidade da sua decisão em renunciar a essa crença
veia da garganta dum a galinha preta e beber-lhe o san­ para seguir a Jesus Cristo.
gue, assim agradando o exú que o possui, e fortificando Desde aquêle dia observei uma m udança constante
o seu próprio corpo. em dona Georgina. Durante m uito tempo estêve incerta
O m eu propósito em narrar êstes fatos não é tentar quanto ao seu futuro em abandonar os votos de sangue
descrever as m uitas manifestações abomináveis de Can­ que fizera, mas pouco a pouco se tornou firm e na fé
domblé, Umbanda e Quimbanda, m as apenas relatar um crista.
pouco do que acontece à pessoa que procura esta “ajuda” Vacilou durante vários meses porque a pressão do
e se subm ete a esses rituais. seu passado era bem forte, mas finalm ente libertou-se
Quais são os resultados? Depois de invocar os espí­ completamente, vindo a tornar-se pessoa radiante e feliz
com o gozo do Senhor brilhando em seu rosto.
ritos, Unuitos médiuns ficam dias e até mesmo semanas Pude ver, também, o que pode acontecer quando um a
sob a influência do diabo. Outros saem dos terreiros para vida transform ada se dedica ao serviço de Cristo. Quan­
nunca mais poderem raciocinar direito, enquanto ainda tas e quantas almas dona Georgina já ganhou para Jesus
outros conseguem os seus desejos, sem saber que o diabo durante êstes últimos anos, só no céu será possível saber.
cobra juros m uito altos pelos seus favores.
30 robert M cA lister

O seu ministério ao povo escravizado do Candomblé


e Umbanda tem causado grande impacto e até na Bahia,
Deus, pela Sua graça, a tem usado para testem unhar a
um a m ultidão de pessoas e libertar a m uitas outras.
Apresento aqui a sua história para inform ar ao m un­
do sobre a m iséria que são essas religiões que prestam
culto ao diabo, e tam bém sobre o poder libertador que
há no Evangelho. Grande parte dessa história vai narra­
SEGUNDA PARTE
da na prim eira pessoa, exatam ente da form a cm que me
foi contada. 1. As prim eiras experiências chocantes com o Can­
Esta é mais um a vitória da Cruz sôbre satanás e domblé
louvamos a Deus por isto e por essa vida, salva e prote­ 2. Raspagem de cabeça, experiência traum ática
gida pelo sangue do Senhor Jesus.
3. Minha vida como cartom ante no Rio de Janeiro.
4. Despachos, oferendas e banhos.
5. Santa de casa não faz milagre.
6. “ O câncer m e trouxe para Deus.”
7. A luta entre Deus e o Diabo
8. Confrontação no terreiro
9. Milagres na Bahia
10. Traidora? ou serva de Deus?
AS PRIM EIRAS EXPERIÊN CIAS
C H O C AN TES C O M O C A N D O M B LÉ

“Eu tinha apenas 17 anos quando o m eu “guia” me


disse uma noite, que eu tinha que chupar a ferida da per­
na de um homem. No mom ento em que isto me foi re ­
velado num a sessão de Umbanda, eu não estava em esta­
do de transe ou sob o contrôle do “ guia”, mas sim com
á m ente clara bastante para raciocinar e sentir repugnân­
cia à idéia de ter que colocar a m inha boca na úlcera
horrível da perna daquele homem, fazendo o trabalho
que o “preto velho” estava me exigindo.
Isto para m im foi um a ordem tão nojenta que, ape­
sar de praticar as coisas de Umbanda há muitos anos, eu
saí de cena e fiquei fora quase três anos. Desejei liber­
tar-m e da perversidade que vi ao m eu redor e que fazia
parte constante dos rituais de Umbanda. Mas depois de
mo ausentar durante tanto tempo a m inha vida ficou tão
perturbada que voltei outra vez para ver se ao obedecer
os “ guias” eu podia viver em paz comigo própria.
Depois, passei para o Candomblé, onde não se fazent
coisas como esta, mas achei o Candomblé ainda pior por
causa do seu ocultismo e do seu contato constante com
os “ orixás”.
Então, esta é a m inha história. Não é um a narrati­
va m uito alegre, até ao dia em que eu conheci Jesus
Cristo como meu Salvador e Libertador.
34 Ro bert M cA l i s t e r Mae dè sántò

MARCADA PARA SER MÃE DE SANTO m e perguntou, “você já latiu algum a vez?” Eu fiquei
espantada pois ninguém sabia que eu dissera a m inha
Sou baiana, filha de João Francisco dos Santos, e mãe não ser cachorro. Olhei para m am ãe e ela me disse
minha avó era africana de quem recebi a minha herança não ter falado nada a ninguém.
de “ mãe de santo”. Às m inhas irm ãs, Neuza, que foi O "caboclo” me pegou e me jogou para cima. E u fi­
vítim a de um a “m ãe de santo” curiosa, sofre emocional­ quei sob a influência desse espírito durante quinzerion-
m ente por causa de Candomblé, e a outra irm ã, Nair, gos dias, e não parava de soluçar. Minha mãe, vendo que
estuda espiritismo de Kardec m isturado com Umbanda isto não passava, voltou a êle e o “ caboclo” disse que eu
de caboclo. precisava latir mais um pouquinho, só porque eu tinha
Tudo começou antes do meu nascimento. A parteira dito não ser cachorro.
era um a africana de Candomblé. No dia cm que nasci Uma senhora tendo m uita pena de m im e vendo que
ela m e m arcou com quatro m arcas de faca que trago eu não podia dorm ir nem beber água, m e levou a um
áté hoje no braço direito, para que sem pre me lembrasse "pai de santo” e êle preparou um banho de ervas. Logo
da sua declaração, “Esta menina tem que ser “ mãe de tudo passou e o pai de santo disse, "E sta m enina tem
santo” de qualquer jeito. Não poderá fugir a esse des­ que "fazer santo” de qualquer m aneira.” Dai em diante
tino”. não liguei mais a essa coisas.
Fui escolhida desde o ventre da m inha mãe para SOB A CACHOEIRA NA BAHIA
seguir um destino que nada me trouxe senão tristeza
e dor, Quando eu era mocinha de 12 anos, m inha m ãe me
LATIR COMO CACHORRO levou para fazer um piquenique perto da cachoeira de
São Bartolom eu, na Bahia, onde havia m uita gente dc
Quando tinha apenas nove anos tive o m eu prim eiro Candomblé, recebendo batismo nas águas dessa cachoei­
contato com Candomblé. Uma vizinha ficou doente e uma ra e recebendo os "santos.” Uma das m ulheres saiu da­
moça foi cham ada para ajudá-la. Minha mãe foi cham a­ quele meio e veio para o nosso lado e m e pegou. Levou-
da tam bém para assistir e m e levou. Mas eu disse, "M a­ -nic para o meio do pessoal e o “ pai de santo”, chamado
mãe, não sou cachorro para m e m eter nessas coisas. Não Manuelzinho de Oxoce, me disse: “ Quero fazer o teu
vou, não. Não gosto disto.” Mas a m inha m ãe me obri­ santo.” Depois, sempre que êle m c via, dizia a m esm a
gou a ir. coisa, mas eu fugi.
Realm ente vimos o "caboclo” baixar nessa môça TUDO COMEÇOU NO RIO DE JANEIRO
(pois a nação era de Angola qne cham a caboclos), e êle
fum ou ^charuto etc. Quando chegou determinado m o­ Quando eu tinha 15 anos, o m eu pai foi à Bahia
mento êle virou-se para m im e m e cham ou para me dar para m e buscar, e m e trouxe para o Rio de Janeiro onde
um "passe”, Com aquele charuto me defumou toda e me revelou a herança da m inha bisavó, Até então eu
36 robert M cA l i s t e r

não sabia ser ela “m ãe de santo” e que praticava o rito


africano do Candomblé. Mas eu tinha um pavor daque­
las coisas por causa dos contatos que tive com o “ cabo­
clo” que m e prendeu durante quinze dias. Então passei
a trabalhar com U m banda para não ir ao Candomblé, RASPAGEM DA CABEÇA: EXPERIÊNCIA
pois o am biente dêste era terrível. TR AU M ÁTICA
OXUM ERA O DONO DA MINHA CABEÇA
Aos 39 anos de idade “ fiz santo” 110 Rio de Janeiro
D urante m uitos anos vivi no meio de Umbanda re­ sob a influência de um a m ãe de santo. Eli não sabia que
cebendo “ caboclos” e “ pretos velhos” e m e envolvendo constava do rito raspar a cabeça e receber “batism o” de
cada vez m ais com os “ exús.”. Durante esse período, não sangue quente de animais mas para dar o prim eiro passo
suportando mais aquelas cenas e exigências tão nojen­ de IAWO passei por esse traum a, c comecei os prim eiros
tas e terríveis, a m inha revolta me em purrou para o Can­ três anos que m e tornaram escrava dos poderes ocultos
domblé onde comecei a fazer as obrigações”. As coisas dos “orixás” no Candomblé.
então m elhoraram . Quando um a pessoa entra para “fazer santo” no
Mas cheguei ao ponto de não poder continuar. A Candomblé, pouco sabe o que isto significa. Se eu sou­
pressão do contato com os “orixás” m e perturbava e besse, jam ais me teria submetido a essa “lavagem cere­
voltei para Umbanda para escapar ao ocultismo que não bral” e submissão total do espírito hum ano até ao ponto
m e dava um m inuto de paz. Ao voltar para Umbanda de ser absolutam ente controlada pelos “ espíritos”, que,
novam ente aquela perversidade me revoltou e fiquei num agora sei, são espíritos malignos em bora o povo na sua
dilema. Finalm ente resolvi “fazer santo” 110 Candomblé. ignorância os chame de espíritos bons, ou “ santos.”.
Para se tornar IAWO, ou seja “Filha de Santo” é
necessário raspar a cabeça e na m esm a hora receber o
“ batism o” no sangue de animais. Como poderia descre­
ver as emoções de uma m ulher de 39 anos de idade como
eu era, quando deixei m e cortassem o cabelo todo com
uma navalha e depois de raspada a cabeça sentir aquele
liquido quente derram ado sôbre m im , a cair na m inha
roupa e no corpo todo, para depois secar e me deixar
como um bicho chagado de ferida m ortal?
A pessoa que é “batisada” 110 sangue, é obrigada a
ficar durante um período de vinte e quatro horas, sem
tom ar banho, encharcada com aquele sangue. No mes­
38 ro bert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 39

mo quarto comigo estava outra m ulher que tam bcm “ fa­ ANDAM NAS IGREJAS CATÓLICAS
zia santo.” Ficam os nesse quarto com o cheiro de san­
gue seco, sem poder sair nem m esm o para as necessidades Na Bahia, depois de passar essa prim eira fase de 17
físicas. dias, tem a pessoa obrigação de ir a sete igrejas cató­
licas. Esta é a reverência a OXALA, que é o nome afri­
BANHOS QUE ATRAEM MÔSCAS cano daquilo que eles querem que seja Jesus Cristo. A
Geralmente, banho é para lim par, m as não é assim Igreja do Bonfim é muito freqüentada pelos seguidores
quando se “faz santo.” D urante 17 dias, duas vezes por àe Candomblé, que recebem OXALÁ. Outros vão à igreja
dia, às 4 horas de m adrugada e às 6 horas da tarde, nós cujo santo padroeiro represente o “ orixá” que receberam .
fomos “ lavadas” pela m ãe de santo. A IAWO agora entra num período de três meses
Êsses hanhos são feitos com infusão de fôlhas, mis­ em que ela serve â m ãe de santo como empregada, la­
tura nojenta de sangue, e a IAWO antes de se sub­ vando roupa e preparando comida. Fica prêsa ali e não
m eter a essa “lavagem ” é obrigada a beber parte desse lí­ pode sair para coisa alguma. Depois, dependendo das
quido. Ficar nua e fazer essas “ obrigações” é tão hum i­ ordens do “ orixá”, pode ser obrigada a ficar durante um
lhante que nem posso contar, Mas tudo isso faz parle ano inteiro. Êsse período de treinam ento como IAWO
da obrigação de “fazer santo” no Candomblé, dura três anos.
O banho é tão podre que atrai môscas, porque du­
rante o total de 17 dias, sem poder tocar em seu próprio “ EBAMI”, SEGUNDO PASSO PARA SER MAE DE
corpo, sem escovar os dentes, a IAWO fica trancada no SANTO
quarto junto com outras candidatas, e ali satisfaz tôdas
as necessidades do corpo. Depois de cum prir as exigências e fazer os sacrifí­
“ O DIA DO NOME” — FESTA DE FORMATURA cios de agrado aos “orixás” eu passei da fase de IAWO
para EBAMI. Como IAWO, a Fillia de Santo fica sem­
O final dêsses dias horrorosos é a form atura, quando pre sob a supervisão da mãe de santo, para ajudá-la nos
se recebe o nom e do “ orixá.” Nessa ocasião a IAWO se trabalhos. Depois, passa a trabalhar independentemente.
veste da m aneira m ais colorida possível e recebe os “ ori­ Agora, eu tinha m inha liberdade. Podia trazer os
xás”. Agora sei que a pessoa se torna endemoninhada m eus “ santos” para casa e m ontar o altar e começar a,
porque o que chamamos de “ orixás” são demônios. praticar as artes, conforme os poderes que recebi dos
D urante essa m anifestação a pessoa fala o nome do espíritos. Já tinha aprendido a agradar aos “ exús” e pre­
“ dono da sua cabeça” e o m undo conhece o seu nome. parar as oferendas e fazer tôdas as coisas que têm suas
Esta é a razão da festa. 0 dono da minha cabeça era raizes na prim itiva c selvagem tradição das nações afri­
OXUM, a deusa dos rios e cachoeiras e a deusa do ouro. canas.
MÃE DE SANTO 41
40 ROBERT McALISTER

O ALTA jR e m m in h a c a s a Enfim, para ser m ãe de santo foi-me necessário so­


frer tôda essa humilhação, tornando-m e instrum ento dos
Como EBAMI, montei o meu altar em casa com as orixás, derram ando sangue, conversando com os espíri­
imagens, as flôres e o retrato do índio JUPIARÃ, que é tos na linguagem africana e agradando o diabo com pre­
““c aboclo”. O Candomblé no Brasil não aceitava os “ ca­ sentes e oferendas. Esta foi a minha vida durante m ui­
boclos” de jeito nenhum , por serem de origem brasileira,, tos anos.
mas um dia, na Bahia, há m uitos anos, houve um a por­
ção de IAWO recolhidas e como não aceitavam os “ ca­
boclos” êsses caboclos invadiram o roncor e pegaram as
IAWOS do Candomblé. As mães de santo ficaram apa­
voradas e daí em diante tiveram que deixar que os “ ca­
boclos” se manifestassem.
Hoje, portanto, quase todos os que seguem o Can­
dom blé tam bém têm que ter “ caboclo”, principalm ente
os que têm sangue de índios, como eu, pois a minha avó
m aterna era índia.
Então eu era uma espécie de “ faz tudo”. Recebia
“caboclo” ; sabia os trabalhos de Umbanda e recebia “ pre­
tos velhos”, mas também fazia “ sacrifícios” aos “ orixás”
no Candomblé. Além disso, recebi poderes para ser car­
tomante.
Depois dêsses 10 anos, 3 como IAWO e 7 como EBA­
MI, é que pode a pessoa ser considerada “mãe de santo”.
E n ião pode abrir um terreiro e funcionar livremente e,
se quiser, criar “filhas de santo” para a ajudar.
Há m uita gente que aparece por aí dizendo-se pai
ou m ãe de santo, mas não o são realm ente porque não
rasparam cabeça nem fizeram os sacrifícios exigidos. Um
homem m e disse que fora feifo pai de santo de nascença,
m as o povo não aceita isso porque ele apenas comprou
a posição, aprendendo os detalhes dos sacrifícios, m as
êsses que “ com pram cabelo” não têm muito valor.
M IN H A V ID A COMO CARTOMANTE NO
RIO DE JANEIRO

Ainda na m inha prim eira fase, no terceiro ano como


Iawo estava eu m orando num quarto dum a casa das L a ­
ranjeiras no Rio de Janeiro. Um dia achei num a gaveta
um baralho de cartas. Perguntei ao pessoal, “ Quem dei­
xou êste baralho no m eu quarto” ? Ninguém soube ex­
plicar.
Peguei no baralho e de brincadeira chamei uma pes­
soa e disse, “Vou abrir as cartas para você,” Quando
coloquei as cartas na mesa, as figuras se transform aram
em personagens na m inha m ente e comecei a contar os
acontecimentos que tinham relação com aquela m inha
amiga.
Ela disse, “Mas Qeorgina tudo o que você está dizen­
do é verdade.” Eu dissera que na casa dela havia certa
pessoa e que isso e aquilo estava acontecendo lá. Depois
ela m e levou e verificamos que tudo o que eu vira nas
cartas era verdade.
Ninguém me ensinou a ler as cartas. Foi coisa que
m e foi dada e que hoje reconheço ter sido o poder do
diabo. Mas na m inha sinceridade eu sem pre quis usar
êste poder para ajudar os outros. Quando alguém vinha
para cu abrir as cartas, sc via alguma coisa m á eu não
deixava a pessoa sair em desespero. Sem que ela sou­
besse eu sugeria certos trabalhos de Candomblé confor­
m e as necessidades que via nas cartas e assim lentava
atender o§ ineas çlienlçs cia m aneira m elhor possível.
MAe de santo 45
44 ro bert M cA l i s t e r
Assim, essa m ulher se envolve e cada vez m ais se
Depois dessa prim eira experiência com as cartas as complica nessa situação até que finalm ente se torna es­
pessoas começaram a me procurar e eu não pude deixar crava dos chamados "guias” c "pretos velhos.” Ela
o baralho. O que é estranho é cjue são poucas as mães arranja um espirito e daí não há saída. A vítima já está
de santo que tam bém são cartom antes. Geralmente elas nas mãos do diabo, e um a pessoa m uitas vêzes fina e
olham nos búzios. Mas o que aconteceu comigo é que educada começa a praticar coisas tão terríveis que nem
eu recebi esse poder estranho de adivinhar pelas cartas se queira saber. Se nunca bebeu, passa a beber cachaça,
e ao mesmo tempo continuei com os sacrifícios aos pois isto faz parte dos "trabalhos,” Se não fum ou, passa
orixás. a fum ar cachimbo ou charuto. Começa a receber espí­
ritos e a dirigir a sua vida conforme as “ revelações” que
MULHERES CATÓLICAS recebe por seu intermédio.
A m aioria dos que consultam cartom antes são m u­ CHANTAGEM QUE RENDE BEM
lheres, e quase a totalidade delas, católicas. Não digo
católicas praticantes m as você sabe como é. Há gente Ao consultar um a cartom ante, além do perigo terrí­
que apenas nasce no catolicismo e toda a vida se diz vel de seguir os seus falsos conselhos, há o perigo m aior
católica. Mas é interessante notar que durante 23 anos de da pura exploração. A m aioria das cartom antes traba­
cartom ante, nenhum a pessoa evangélica, qúe m e lembra, lha somente para ganhar dinheiro. São charla lãs, e a.s
veio à m inha casa para procurar ajuda das cartas ou pobres coitadas que as consultam, completamente enga­
fazer "trabalhos.” Agora eu compreendo que a pessoa nadas por seus conselhos.
que segue a Cristo não tem necessidade dessas coisas. O que é pior é que esses consulentes tom am decisões
Descobri tam bém como é que um a pessoa religiosa e dirigem suas vidas na base dêsses conselhos que são
pode se envolver aos poucos com o espiritismo até qüe fi­ pura m entira. Há m ilhares de cartom antes no Rio de
nalm ente faz coisas que nunca pensou fazer, A coisa co­ .Taneiro. Imagine-se, então, quantos m ilhares e m ilhares
meça assim: um a m ulher por curiosidade procura um a de m ulheres têm suas vidas controladas por esta form a
cartom ante e ela, para ganhar dinheiro diz, "Sim , o seu de desonestidade.
m arido está com outra m ulher e quer m atar você para Elas iniciam por m era curiosidade, m as depois pas­
ficar com ela.” Essa senhora fica apavorada e a prim ei­ sam a ser seguidoras fiéis do que dizem as cartas e ter­
ra porta em que ela entra é a m acum ba pois a carto­ m inam por pior, tornando-se escravas dos “ exús” ,e dos
m ante llie recom enda que vá ali para resolver o seu pro­ "guias” que não guiam coisa nenhuma.
blema.
CONCORRÊNCIA E INTRIGA DÊSTE AMBIENTE
Então ela vai e o chefe do "terreiro” diz, "É verdade.
Você precisa fazer um “ trabalho” m as você também tem Um aspecto pouco conhecido de tudo isso c a con­
grande capacidade para ser m édium e precisa se desen­ corrência, os ciúmes e a grande intriga que existem entre
volver, Vou lhe arranjar um guia, um protetor,”
46 robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 47

as cartom antes, as mães de santo e os chefes de terrei­ fica. Isto faz parte do ritual. Tem-se que lá ir descalço.
ros. Cada um tenta passar o outro para trás. Fazem É na Bahia os padres não querem hostilizar os espíritas
trabalhos, uns contra os outros, e falam m al uns dos e por isso deixam-nos entrar à vontade. E todo o m undo
òütros para prejudicar suas vidas e roubar os seus sabe que a “lavagem da escada” da Igreja do Bonfim é
clientes. festa puram ente do Candomblé.
Um dia fui a um a cartom ante esotérica que m e disse No Candomblé, na ocasião em que há missa, o padre
haver um a conspiração contra mim, arm ada por um gru­ vai celebrá-la sabendo perfeitam ente que a casa é de
po de m ulheres que tinham inveja do m eu sucesso. Ela Candomblé. E êle come do m elhor, e bebe do m elhor
disse que eu teria de fazer um a “ obrigação” bem grande vinho. Muitas e muitas vezes eu convidei o padre
e m -sm o assim eu ia sofrer m uito. De fato, ela m e disse e êle veio celebrar missa no altar da m inha casa. ÍÉle
que eu devia procurar a Cristo para me ajudar! sabia que eu era do Candomblé e que a m issa fazia parte
Fiquei bastante surpresa e lhe perguntei “Então devo daquilo que eu praticava. Aquela senhora am ericana
ir para o Protestantism o?” Ela respondeu, “ Não, nunca! pode, pois, praticar as artes de m agia e ainda assim con­
Vá para a Igreja Católica pois esses Evangélicos se acham tinuar a ser católica sem problema nenhum.
os únicos salvos e dizem que são somente eles que têm a QUIMBANDA NA "2* FEIRA DO CARNAVAL”
verdade. Não vá lá, não.”. Mas essa era a prim eira pa­
lavra que eu jam ais ouvira sôbre um a certeza de salva­ Durante êsses anos que não me trouxeram senão
ção, e isto ficou na minha mente. sofrim ento pessoal, eu me envolvi cada vez mais em tôda
A BOLA DE CRISTAL E OS PADRES DA BAHIA sorte de espiritismo, inclusive na prática da m agia negra.
Conheci a Quimbanda através de um casal. O ho­
Aos 18 anos foi-me preparada um a bola de cristal. mem queria que o pai dêle transferisse todos os bens
Quando se “faz santo” tem que se ir com todo o m ate­ da fam ília para sua mãe, e disse que fôra aconselhado a
rial já preparado, Mas eu tinha pavor das coisas eu via ir à Quimbanda para fazer um sacrifício muito forte,
na bola de cristal c, por isso, a escondi e nunca a usei, de sangue, aos exús. E ra na 2^ feira do carnaval.
apesar de me terem .sido revelados segredos de adivinhar Diz a velha lenda qne Satanás é o dono do Carna­
que só se podem saber pelo uso da bola. val. Nessa noite eu soube a razão porquê. A Umbanda
Ouvi falar que nos Estados Unidos há um a senhora e o Candomblé não fazem “ trabalhos” durante o carna­
que está sendo muito procurada. Até o Presidente Roose- val, m as na Quimbanda, a 2^ feira do Carnaval é dia
velt a chamou, certa vez, à Casa Branca. Ela declara-se esperado ansiosamente pois os seus seguidores, nesse dia,
católica. Mas tôda gente de Candomblé é católica. Por adoram , abertam ente, a Satanás e fazem “ trabalhos” san­
exemplo, depois de raspar a cabeça e se dedicar aos “ ori­ grentos e perversos.
xás”, a prim eira coisa que se faz é ir a um a igveja cató- O chefe do terreiro de Quimbanda é o “ exú”, ou
seja o diabo. 0 “ cavalo” dêsse exú, a chefa do terreiro
48 Ro bert M cA l i s t e r MÄE DE SANTO 49

era m ulherzinha franzina. Dançava num a perna só e ti­ cam inho do exú, ou seja, se tira o exú do cam inho para
nha uma bengala feita de galho de árvore, semelhante então fazer o “ trabalho.”
a esses “ garfos” do diabo, conform e a concepção paga. Por isso o diabo disse que inc conliecia pois eu lhe
Todos os adeptos se m anifestaram iguais a ela, vestidos tinha oferecido m uitos presentes.
de preto e vermelho, tendo no gorro o nom e de cada um. O resultado deste encontro com Quimbanda foi que
Vi gente da alta sociedade, chefes de repartição pú ­ o pai dêsse senhor passou todos os seus bens para o filho.
blica e pessoas cultas e educadas que ali vieram para con­ 0 diabo aceitou a oferta de sangue e fez a obra. íÊste é
seguir seus objetivos através das ofertas de sangue para um aspecto da nossa “festa folclórica” que os turistas
Satanás. não vêm, mas que o povo faz para prestar sua hom ena­
Todo o m aterial já estava preparado; velas, cachim ­ gem as fôrças do inferno e usár o poder do diabo para
bos, galinhas etc. e tudo era preto. Aí teve início a “ festa.” conseguir a sua vontade. Mas, o caso é que o diabo não
Começaram sob a influência da “Pom ba Gira”, a prote­ 'faz nada sem cobrar juros muito altos!
tora das prostitutas, a rasgar com os dentes o pescoço Já que falei m uito sôbre “ trabalhos” acho por bem
duma galinha, bebendo-lhe o sangue. Tocaram fogo em descrever alguns dêles.
nome da pessoa a quem estavam tentando influenciar, e
usaram pólvora para destruir os seus inimigos. EBÔ, DESPACHO PARA OS EXúS
CONVERSEI COM O DIABO Êste trabalho é feito para agradar ao “ exú” e lim par
D urante a “festa” o exú-cliefc veio falar comigo e o cam inho para depois então fazer as oferendas de co­
mida e conseguir a ajuda dos “ orixás”. O “ despacho”
disse, “Você aqui?” Eu disse, “ Sim.” quase sem pre inclui a m atança de animais, pois o exú
“Logo hoje que você veio que a gente só tem diabo?” tem sêde de sangue.
Eu respondi, “ Ah, a gente quer ver de tudo.” Um despacho custa m uito dinheiro e dá pena ver
Então êle m e disse, “ Gosto muito de você porque gente pobre comprando galinha, galo, farofa, pipocas,
me tem dado m uitas coisas. Você tem me agradado mel, azeite, saí etc. quando m uitas vezes não tem nem
m uito.” '"comida suficiente para pór na mesa para a família.
Realmente eu tinha m andado m uitas ofertas para Depois de preparar o “ prato de sangue” e os pre­
Satanás, pois quem trabalha nó Candomblé tam bém tem sentes de comida, com os encantamentos proferidos em
que usar o diabo, se bem que tudo no Candomblé, na língua africana, oferecem o sangue para agradar ao exú.
Umbanda e no Espiritismo, cm geral, seja obra do diabo.
Para se fazer um “ trabalho” prim eiro tem-se que despa­ OFERENDAS AOS ORIXÁS
char o exú, porque no Candomblé crêem que os exús são
escravos dos orixás, de modo que prim eiro se limpa o Depois de “lim par o cam inho”, apresentando sangue
ao exú, continuam os com os diversos pratos de comida
50 ROBERT McAUSTER MÃE DE SANTO 51

para atrair os orixás. Êstes são considerados “ espíritos um trabalho para que um hom em assim e assim se case |I
bons” apesar de serem o mesmo diabo. Cada uin desses com ela. Eu peço que traga a m açã mais bonita que pos- \
“ deuses” tem seu prato favorito. Por exemplo, quando sa com prar, e depois a preparo com um pó especial da
se oferece comida para oxalá, que êles querem que seja África e com ervas. Em brulho a m açã e a m ando guardar. í
Jesus, tem que ser tudo de branco e a comida preparada Por causa da preparação que fiz na maçã, ela come- h
sem sal c açúcar. ça a apodrecer, e finalm ente a sum ir, mas antes de su- li
Depois de se oferecer comida aos orixás, esperam-se m ir-se totalm ente a pessoa já estará casada,
três dias, depois então se leva para o rio ou para o mar.
BANHOS DE ERVAS MIOLO DE BOI
Um aspecto im portante do Candomblé é a prepara­ Quando o assunto é para m udar a idéia dos outros,
ção dos “ b a n t o . - ^ . com.,.21 ervas diferentes. Êste nós preparam os um a oferenda feita de miolo de hoi. A
trabalho é feito por várias razões: para afastar os espí­ pessoa traz c eu a preparo com pós c ervas c falo cm
ritos considerados “m aus” ; para m udar a sorte; para africano com os orixás, pedindo-lhes o favor de dobrar
curar enfermidades, ou simplesm ente para agradar e lou­ a vontade do outro até sentir conforme o desejo do ofer­
var aos orixás. tante.
O que acontece tam bém é que o “banho” é feito Quando o assunto é para m udar os sentimentos, usa- | I
' para influenciar um a outra pessoa. Muitos m aridos têm mos coração de boi, e tenho de confessar que em m uitos I í
tomado êsses banhos de ervas, preparados por suas espô- e m uitos casos fomos atendidos. Sim, o diabo faz tudo, f> ;
sas sob a orientação da m ãe ou pai de santo e, pelos po- m as o preço é terrível!
dêres dos espíritos, têm-se m odificado completamente em
seu com portam ento daquele dia em diante.
Dizem que tudo isto é apenas superstição, e eu acre­ BONECAS
dito que realm enfe seja, mas ao mesmo tempo, por Irás
desse? Êanhos preparados com os encantamcn tos e ape­ Nos trabalhos do Candomblé está incluída a prepa­
los feitos aos espíritos dos orixás, há um a fôrça poderosa ração de bonecas, que representam determ inada pessoa,
que executa a vontade do ofertante. O diabo faz m uitas Para obrigar alguém a casar ou separai'-se, ou até para
coisas è ydéssá m aneira ele oprim e tanto o elemento fo­ ferir ou m atar, esta técnica maléfica c usada.
calizado no trabalho como quem o faz.
O leitor talvez possa rir de tanta superstição, m as eu ;
MAGIA, Á MAÇA DO CASAMENTO repito que por trás de tudo isso há um poder de trevas,
poder maligno, que já levou m uitos ao túm ulo na flor 1
Fazendo trabalho da maçã, já casei m uitas pessoas. da idade por causa das fôrças terríveis do inferno que
Aconteceu assim : um a môça vem pedir-m e que eu faça trabalham m uito nesses rituais.
52 robert M cA l i s t e r

ACHECHE
Esta cerimônia dura sete dias e é para “ despachar"
a alm a dum a pessoa m orta. O Candomblé tem verda­
deiro pavor de almas. Assim o acheche é feito para afas­ S A N T A DE CASA NÃO FAZ M ILA G R E
tar a alma que partiu para que não volte a perturbar.
Às pessoas que vieram reclam ar comigo a m inha saí­ E u já disse que a m inha irm ã está perturbada por
da do Candomblé, recomendo que não devem perder o causa de Candomblé. Nada pude fazer para ajudá-la. De
seu tempo fazendo o acheche por mim, porque já sei fato, os orixás nunca resolveram coisa nenhum a em meu
para onde vai a m inha alma. Vai para Deus, e essa gente favor. Depois de “fazer santo" a m inha vida só foi para
não deve ficar preocupada pois não pretendo perturbar trás. Tornei-me escrava.
a ninguém. A m inha alma, como a alm a de qualquer
m orto jam ais voltará, pois os m ortos não voltam; êles Emocionalm ente o “batism o de sangue" de animais
estão sob o contrôle direto de Deus. foi um choque do qual não m e recuperei. Cada dia que
passava a m inha vida se tornava pior. Depois de tom ar o
prim eiro passo para ser m ãe de santo eu não gozei nunca
saúde. Conheço várias mães de santo que permanecem
doentes. Ná Bahia a m ãe de santo sofre terrivelmente.
São geralm ente tão gordas que mal se podem levantar;
têm pernas grossas como elefante e essa figura “ folcló­
rica" dum a negra, gorda, vestida de branco/cheia de co­
lares coloridos, é um a das cenas mais tristes que existem.
E eu tantas vezes m e perguntei se estava realm ente
ajudando os outros, porque a m im mesmo não m e podia
ajudar. Tudo de ruim m e aconteceu depois de entrar
nessas coisas. Quando m inha filha fêz quatro anos fui
forçada a interná-la para que não visse o traum a da mi­
nha vida. Não podia deixá-la em casa de jeito nenhum .
A m inha vida pessoal sempre foi atrapalhada. Para
não falar demais basta dizer que nunca, nunca fui feliz
na m inha vida conjugal. Tudo sem pre era ruim é os
orixás nunca resolveram nada em m eu favor.
Conheço uma criatura que vive sempre em aflição.
Ela e “filha de santo”. lawo. Sempre diz que nunca
54 ro bert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 55

teve paz porque o seu “ cxú” não foi reverenciado; nunca às vêzes engraçadas, e às vezes terríveis, há o poder do
foi bem “ despachado”, e por isso vive constantemente diabo para realizar o desejo, e assim, provar a verdade e
no meio de intranqüilidade. Tudo que lhe acontecia de o valor do sacrifício de se jogar com a vida nesse fosso
ruim era por causa do seu cxú. podre e imundo.
Descobri pessoalmente, bem como na vida dos meus O “ TRABALHO” NOS CEMITÉRIOS
clientes, que o resultado dos sacrifícios do Candomblé
é sem pre problem a sôbre problem a. Depois da pessoa re­ Depois de fazer um “ trabalho”, ou oferenda de co­
solver algo, logo em seguida vem coisa ainda pior. Sa­ m ida juntam ente com a cabeça, o miolo ou o coração
tanás, depois de m anter prêso o seu escravo, tem prazer dum animal, o material, conforme a exigência do orixá,
em conservá-lo nesse estado de confusão constante, N un­ que fala por intermédio do “ cavalo”, tem de ser enterra­
ca, apesar de tôda a sinceridade e dedicaçao com que eu do num cemitério.
fazia os m eus “ trabalhos” de m ãe de santo, nunca, re­
pito, resolvi dar um presente dc paz aos meus clientes. Isto acontece, tanto em Umbanda como no Candom­
blé, pela direção das entidades correspondentes, e a razão
A frustração da m inha própria vida m e levou a du­ disso é porque precisam encontrar um a sepultura mais
vidar de tudo quanto eu era e fazia. À incapacidade de fresca possível e juntar ao cadáver a oferenda, para que,
resolver as coisas, de conseguir a paz, e de solucionar os com a deterioração do defunto, a oferta seja accita pelo
problem as m e levou a perguntar-m e se eu estava mesmo orixá e o desejo do ofertante realizado.
certa.
Sim, vi m uitas coisas acontecerem. Sim, eu tinha 0 SANGUE DO CANDOMBLÉ É VERDE
poderes e dons de adivinhação e de revelar coisas. E Dizem que o segredo do Candomblé se baseia nas
quando m isturava os pós e cantava em africano sôbre o folhas. Há 21 ervas usadas nos trabalhos. Algumas se
“miolo de boi”, conseguia de fato os favores dos orixás. destinam a fazer o m al e outras, o bem. As folhas sao
A coisa funcionava, mas nada fazia! Operávamos a nossa m isturadas com aves, peixes, caram ujos etc, Estas ervas,
vontade m as não sentíamos satisfação. assim como os pós, vêm da África por contrabando.
E o meu coração chorava para ver algo real que Reconheço que o poder do m al não consiste no m a­
fôsse saciar a grande sêde da m inha alma. terial que o povo do Candomblé usa, mas sim, na supers­
MANOBRAS QUE TRAZEM TRISTEZA tição e no poder diabólico que funciona em relação a
tôdas essas coisas,
Para que o leitor m elhor com preenda as superstições Tenho visto o “ trabalho” com folhas tornar louca
do Candomblé e Um banda vou explicar-lhe em poucas um a pessoa dentro de 48 horas. 0 poder oculto disso,
palavras o que um a m ãe de santo obriga os seus segui­ entre os que não têm a proteção de Deus é inquebrantável.
dores a fazer. Saiba que por trás dessas coisas estranhas, Quantas e quantas vêzes eu preparei o pó de “ am or” çom
56 ro eert M cA l i s t e r

as ervas, e falando em africano, m isturei com a “ pom ba”


um giz branco, um a espécie de tabatinga, e conseguimos
o nosso desejo. Êste pó não é usado sòmeníe em casos
de amor, m as tam bém para afastar um de outro ou para 0 C Â N C ER M E TRO U XE PARA DEUS
conseguir favores dos orixás.
Há os que riem de tal superstição, mas para mais de A Bíblia diz que é a m isericórdia de Deus que nos
trinta milhões., de brasileiros que praticam esses tipos de traz ao arrependim ento. Eu creio nisto. Deus foi m uito
respm tism o, isto é assunto sério. misericordioso quando me perm itiu sofrer de câncer do
sangue, pois foi isso que m e levou a ouvir, pela prim eira
O TRONO DÁ “ MÃE BE SANTO” É ETERNO? vez em m inha vida, a m ensagem poderosa do Evangelho.
Eu m orava com um a senhora que sofrera de glau-
A alm a da mãe de santo é vendida ao orixá. Todas coma. Ela fôra radicalm ente curada desta doença nas
elas acham que jam ais poderão largar o Candomblé. Êste reuniões da Cruzada de Nova Vida pelas orações do Pas­
assunto é tão sério e o tem or tão grande, e a submissão tor Roberto. Ela sabia que eu estava m uito doente e me
tão total, que a chantagem diabólica obriga a pessoa contou da sua cura, dizendo que esse pastor orava pelos
que "faz santo” a renunciar, enquanto vive, à própria enfermos.
salvação.
Eu ficara arrasadíssim a, por causa dos “ trabalhos”
Deixc-mc contar como foi que Deus m e libertou dos que tivera de fazer no Candomblé, e sofria dessa doença
votos de sangue. do sangue, que durante muitos anos me roubava a ener­
gia. Então resolvi ir com ela ao auditório da A .B .I. no
Rio de Janeiro para ouvir êsse pastor c receber uma
oração,
A MENSAGEM FOI Só PARA MIM
Quando cheguei e m e sentei, logo em seguida o pas­
tor começou a falar e disse, “ Hoje a ininha mensagem
é para ps insatisfeitos de Umbanda, Candomblé e Espi­
ritism o de modo geral.” Aquilo foi para m im um im ­
pacto. Eu disse, “ Esta m ensagem é para mim , pois eu
sou um a insatisfeita.” Parecia que o Pastor sabia de
m inha vida e sabia que eu estava ali, mas sei agdra que
essa mensagem fôra inspirada pelo Espírito Santo.
58 ro bert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 59

Lendo a Palavra de Deus, o Pastor disse, “Vinde a Cruzada de Nova Vida onde podia ouvir a Palavra de
Mim todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos Deus, mas na quinta-feira me achava outra vez entre o
aliviarei,” Eu estava cansada, oprim ida e desiludida. povo de Umbanda.
Essa m ensagem fora tôda para mim. Eu trabalhava em dois terreiros; Candomblé e Um­
No final dela, eu aceitei a Jesus Cristo como meu banda, m ás a partir do prim eiro dia em que aceitei a
Salvador, mas aceitei mesmo. Isso foi num domingo e Cristo como meu Salvador, quando eu chegava no cen­
quando chegou quarta-feira, tam bém fui a outra reunião tro e quando eu via esse povo em transe, recebendo aque­
da Cruzada. Senti que não poderia perder m ais nenhum les “ caboclos” ou os “ orixás”, já não .suportava mais
dia. Deus estava falando comigo através dessas m en­ aquilo e sem pre dava desculpa de estar doente para não
sagens. jxudieipar. Apesar de não ficar completamente livre do
Comprei uma Bíblia e logo comecei a compreender poder do diabo, eu não podia mais me subm eter a essas
que Deus abom ina as coisas que eu praticava. Eu li o coisas. Não suportava mais aquele ambiente.
trecho onde a Bíblia fala dos feiticeiros e disse, “Jesus,
será possível que durante trinta anos não fiz outra, coisa UMA REBELDE NO TERREIRO
senão desagradar a Deus quando eu pensava estar ser­
vindo a Deus? Agora, Tu tens que me dar fôrça para Quando vi esse pessoal fazer aquela “ corrente” com
sair.” o povo, que no centro do círculo estava doente e tinha
Mas eu confesso que os poderes do Candomblé, que problemas, e quando os “ cavalos” recebiam os espíritos
eu sentia desde os nove anos de idade, eram terrivelm ente em cenas terríveis, sendo preciso três ou quatro pessoas
fortes. ^Um dia, um hom em que era meu cliente no Can­ para os segurarem, quando eu vi essas pessoas ficarem
domblé, m e viu na reunião da Cruzada dc Nova Vida, como eu ficava, chorei: “Deus, tem m isericórdia.”
Eu ainda usava o colar do Candomblé e cie perguntou- Então eu chegava perto do “ cavalo” e dizia, “Em
-me: “ Será que a senhora ainda está com esse colar?” o Nome de Jesus, vá em bora!” E quando eu dizia^ isto,
Eu respondi: “ Um dia Deus me ajudará a tirá-lo porque o diabo ia embora. E a chefa do terreiro m e dizia, “ Saia
não tenho forças para fazê-lo. Um dia Êlc vai m e li­ daí. Depois não se queixe. Deixe os “protetores” tom ar
bertar.” conta do cavalo.” Que nada!
QUARTAS-FEIRAS COM DEUS E QUINTAS Mas eu continuava a dizer aos possuídos, “ Em o
COM O DIABO Nome de Jesus, vá em bora.” Eu sabia (pie o poder do
Nome de Jesus Cristo era mais forte do que Iodos os pre-
D urante iun ano inteiro não tive forças pai-a deixar los velhos” e exús que se m anifestavam de m aneira tão
de ir fazer os trabalhos do Candomblé, nem de ir aos repugnante, mas ao mesmo tempo eu não tinha coragem
centros de Macumba e participar dos sacrifícios c traba­ de deixar de freqüentar os terreiros. Pensei que algo
lhos lá. Às quartas-feiras eu nunca perdia a reunião da terrível ia me acontecer sc eu quebrasse os votos de san­
60 robert M cA lister

gue” que fizera. Durante êsse ano inteiro o diabo me


oprim iu com essa idéia de vingança por ter eu deixado
de cum prir as “ obrigações,”
Mas quanto menos coragem eu tinha, tanto mais A LUTA ENTRE DEUS E O DIABO
aum entava o meu desejo de seguir somente a Jesus Cris­
to. Ao mesmo tempo, lem brava-m e do que já tinha acon­ Quanto mais eu ouvia a Palavra de Deus, tanto mais
tecido a m uitas pessoas que tentaram sair do Candomblé. testranha m e sentia quando voltava à Umbanda. Scntia-
Elas tornaram -se ioucas ou se suicidaram . E u sempre -me diferente daquele meio. Tudo ali não m e agradava
fôra educada a dizer que ser “m ãe de santo” é algo para mais. Mas chegando no atidi lório da A . B . I . para um
sempre, por causa dos votos. culto, eu m e sentia feliz. Era tão diferente!
Esta é a razão porque hoje sinto tanta responsabili­ D urante todo êsse tempo eu fazia os trabalhos do •
dade quando vejo ás criaturas que ficam lá. A vida que Candomblé; preparava a comida para os orixás e os d es-
tenho hoje é tão alegre e tranqüila que m eu desejo é fa­ pachos para os exús; abria cartas e continuava a dar
lar a todo o povo do Candomblé que abandone essa p rá­ conselhos aos clientevS. Sentia grande desejo de seguir
tica e siga a Cristo, pois só Cristo satisfaz. somente a Cristo, mas não tinha fôrças.
Ninguém pense que todo o povo do Candomblé c O Pastor sRoberto sem pre dizia em suas mensagens:
Umbanda é ruim . Há ali pessoas boas e sinceras que sa­ “Ninguém pode servir a dois senhores. Ninguém pode
crificam a vida para agradar aos “ deuses.” Mas vivem andar com um pé lá e outro cá. Você precisa se decidir
frustradas e infelizes como eu fui durante tantos anos. por onde vai andar,” Eu ouvia tudo e sabia que não po­
Por isso eu choro e peço a Deus que me ajude a fazer dia m ais continuar no Candomblé e Umbanda. Final­
algo por essa gente. m ente chegou o dia que m arcou o fim desta luta terrível.
A CEIA DO SENHOR
Eu sabia, durante êsse ano, que jam ais poderia to­
m ar parte da Santa Comunhão, pois estava com um pé
no Candomblé e o outro no caminho de Cristo. Portan­
to, sem pre deixava passar os elementos da Ceia sem deles
participar. Mas sentia um a tristeza trem enda. Como gos­
taria de participar!
Certo domingo, porém, eu disse, “ Deus, dá-rae fô r­
ças. Senhor Jesus, ajuda-me. Não quero voltar para o
62 ro bert M cA l i s t e r

Candomblé, Quero tom ar parte na Santa Ceia e quero


ser Tua filha. O Senhor precisa rae ajudar.”
Sentada ali senti a presença de Deus sobre m im c
pela prim eira vez no dia 17 de Maio de 1962, participei
da Ceia do Senhor. Nesse m om ento senti um a coisa que C O N FRO N T A Ç Ã O NO TERREIRO
me fortaleceu de tal m aneira que eu disse dentro de mim,
"Não vou m ais ao Candomblé. Nunca m ais voltarei.”
Durante dois meses eu não apareci no terreiro. Foi
Quando pronunciei estas palavras m e senti purifi­ aí então que me m andaram cham ar para explicar porque
cada. Senti-me aliviada como se um grande fardo fôsse não comparecia. Tomei coragem e fui.
tirado das m inhas costas. Deus venceu. Não mais eu era "Meus am igos”, eu disse, "resolvi de agora em dian­
escrava dos poderes ocultos, m as filha de Deus, e então te seguir somente a Jesus Cristo, e por isso não tenho
comecei a viver sob a proteção divina. vindo.”
"Mas de que m odo?”, m e indagaram .
Respondi: "Pelo Evangelho”. Voltaram para m e p er­
guntar: "Você já perguntou ao Oxum (que era o dono
da m inha cabeça) ou já falou com Anam perguntando
se pode seguir?”
Então lhes respondi com grande autoridade: "Se
vocês dizem que no Candomblé o chefe é Oxalá, e Oxalá
é considerado Jesus, e que todos os orixás: Oxum, Xan­
gó, íeinanjá, enfim todos têm que se curvar diante de
Oxalá, então eu digo que estou servindo a Jesus e som en­
te a Êle. Êle é mais forte do que todos os orixás e todo
m undo tem que se conform ar. Portanto, não tenho que
dar satisfações a mais ninguém .”
Foi esta a resposta que lhes dei, e nada m e disseram,
O DIABO NÃO MAIS TEM PODER SôBRE MIM
Eu sei que fizeram m uitos "trabalhos” para que eu
voltasse, não por ódio a mim , m as porque não queriam
me perder. Mas, por mais fortes que fôssem, em nada
64 ROBERT McALISTE R Mãe DE SANTO 65

me afetaram . Estou livre do poder dêsses sacrifícios por­ e ajuda espiritual dele desde o prim eiro dia da m inha
que agora sou lavada pelo sangue de Cristo. Esta con­ conversão. Mas na véspera da sua viagem ele falou co­
vicção de ficar completam ente liberta das influências dos migo dizendo: “ Gcorgina, não tenha medo, pois a senho­
“ trabalhos” que m uitas e m uitas vezes deram certo para ra, estará nas m inhas orações todos os dias. Leia diaria­
dobrar a vontade de outros, m e deu tão grande confian­ m ente o Salmo 9 j e receberá de Deus fôrças espirituais.”
ça em Deus, que considero verdadeiro dom. Èste Salmo, até hoje, me traz muito conforto.
Há pouco tempo recebi um convite de uma “ mãe de
santo” que conheci. Eu disse, “Bem, se tivesse certeza
de que ia lá para falar de Jesus Cristo, eu aceitava e ia.” 0 PRIMEIRO DESAFIO
Mas não fui porque o convite era para m e envolver outra
vez no Candomblé. Um dia, na porta da nossa igreja, um a senhora me
Mas isto não quer dizer que eu não tenha que lutar disse: “Dona Georgina, sei que a senhora era do Can­
contra o inimigo. Muito pelo contrário. Houve ocasiões domblé. Eu tam bém aceitei Jesus como meu Salvador.
em que senti a opressão do diabo. Muitas vezes não pude Foi no M aracanãzinbo após a mensagem do Pastor Ro­
dorm ir por causa dessa opressão. berto. Mas eu tenho ainda algumas coisas do Candomblé
N um a das vezes Deus m e deu, por interm édio de em m inha casa e não posso mais entrar no quarto. Quero
um sonho, a confiança de que eu estava segura em Suas que a senhora vá tirá-las de lá para m im .”
mãos. Sonhara que via um “ cbô” bem grande, com ca­ Então eu respondi, “A Senhora aguarde, eu vou
beça de boi, galinha e tudo o mais. No sonho isto fôra o ra r/’ Depois de três dias eu lhe disse que no próxim o
pôsto na esquina da rua e quando eu olhava para as pes­ domingo iria à sua casa. Quando cheguei nessa casa em
soas, íôdas vestidas de branco, reconhecia que tudo isso Vila Isabel, Guanabara, lá encontrei dois diáconos da Igre­
era feito para m im. Eu lhes disse, “Isso é para m im ja Metodista daquele bairro. Então, eu pedi que essa se­
que vocês estão fazendo. Mas estão perdendo o seu tempo. nhora m e m ostrasse o que tinha.
Ora, este sangue para m im não vale m ais nada. Estão
gastando o seu dinheiro à-toa, porque não vão m e atin­ Depois de abrir a porta do quarto e puxar a cortina
gir, Agora estou lavada pelo Sangue de Jesus.” eu vi um verdadeiro Peji com todos os orixás sentados.
No m eu sonho, eu disse estas palavras eom uma cer­ Eu compreendi logo que êsse quarto era de m ãe de
teza absoluta, e assim, aos poucos fui vencendo. Outras santo, E naquele momento compreendi que para rem o­
vezes, foi' tão grande a opressão que tive de pedir, por ver tudo aquilo, seria o m aior desafio à m inha fé em
telefone, a oração dum a irm ã, m as continuei firm e eom Deus desde o momento da m inha salvação.
Cristo recebendo a orientação da Palavra de Deus. Chamei os dois diáconos e uma irm ã que viera co-
Um dia, quando o m eu Pastor foi passar algumas migo e perguntei, “ Os senhores conhecem isto aqui?”
sem anas nos Estados Unidos, eu disse: “Meu Deus, agora, Espantados disseram-me: “não”. Eu respondi que tudo
o que será de m im ”, pois eu confiava m uito nos conselhos pertencia ao Candomblé.
66 robert M cA lister MÃE DÈ èÁNTÕ ev

Eu disse a Iodos que a única m aneira de acabar com m ente descobrimos que tudo quanto fôra destruído dava
aquilo era destruir tudo, e êles responderam : “mas des­ para encher uma camioneta.
truir m esm o?” e eu respondi: “ Sim.” Naquela hora eu No domingo seguinte fomos fazer um culto de ora­
orei a Deus, “Senhor, sou m uito fraca, e sabes que não ção naquele mesmo quarto e sentimos a presença real
tenho coragem para cum prir êste desafio. Tem m iseri­ de Deus, Passamos um a hora de verdadeira paz no m es­
córdia de m im .” mo lugar onde aquela senhora tinha adorado os orixás,
Quando aquela senhora me pediu ajuda para limpar por medo de não cum prir as obrigações.
a sua casa das coisas do Candomblé pensei que seria um Essa senhora sofria de paralisia como resultado de
vaso de quarto para tirar, m as naquele quarto havia fer­ um derrame. Mas logo em seguida, e creio que foi por
ro do exú, pedras, búzios e tudo quanto se oferece aos causa da sua determ inação de se libertar dessas coisas de
'orixás. Naquele m om ento tive que recorrer a Deus para Candomblé, começou a m elhorar da paralisia. Dentro de
me fortificar. poucos dias passava pelas águas do batismo, louvando a
Senti um a coisa estranha cair sôbre m im e até a m i­ Deus por sua libertação do poder dos orixás.
nha própria carne tremia. Não sabia no mom ento se era HOJE ABRO CARTAS DIFERENTES
medo, ou se eslava sentindo frio, ou se era mesmo o po­
der de Deus. Ao mesmo tempo, senti também uma co­ Fiz muitos “ trabalhos” de Candomblé para um a se­
ragem incomum. nhora que por causa dos poderes ocultos conseguiu m on­
Com as m inhas próprias mãos, comecei a quebrar tar um negócio. Mas como tantas vêzes acontece, o que f
tudo. Joguei para o chão todos os vasos até que ficou o diabo dá, também tira. O próprio filho dessa senhora !
um m onte de escombros no centro do quarto. Eu pegava entrou em cena, tom ou tudo e vendeu, deixando-a em
nos jarros de barro, quartinhas de barro, talhas e tudo m iséria ainda pior do que antes.
que representava os orixás. Aqui está outro exemplo de como o diabo paga os
Só quem durante m uitos e muitos anos usou essas seus seguidores. No início a pessoa que recorre aos sa­
coisas para “ servir a Deus” como eu pensava, pode com­ crifícios de sangue c oferendas aos espíritos consegue
preender o que era necessário para m e ajudar a destruir tudo o que quer, mas em quase todos os casos o fim é
tôdas elas. Só o poder de Deus e a convicção duma vida triste e, às vezes, trágico.
completa e perfeitam ente protegida podiam me ajudar
a fazer tal coisa. Como cm muitos outros casos, essa senhora não fi­
cou satisfeita em usar os poderes ocultos do Candomblé
Ao term inar, a senhora m e disse que ainda tinha e então se aprofundou cada vez m ais na feitiçaria. Um
algo no quintal. Ao chegar ali, fiquei espantada. Vi dia cheguei à sua casa e a vi botar comida na bôea dum
duas casas do diabo, do exú, lá fora. Mas possuída da sapo tôdas as horas. Pediu-m e que a ajudasse a fazer
m esm a coragem e convicção fui quebrando tudo. Final­ m al contra certa pessoa. 'Respondi-lhe que lá não iria
63 ROBERT McALiSTER

mais pois nunca desejei m al a ninguém, nem a queria


assistir. Durante muitos anos não a vi.
Mas, um dia, depois da m inha salvação e saída do
Candomblé, ela m e procurou pedindo-me que abrisse as MILAGRES NA BAHIA
cartas para dizer a sua sorte. Dei-lhe um lanche, fui
buscar um a caixinha de promessas Bíblicas e comecei a
tirar versículos. Em agosto de 1967 voltei à Bahia para testem unhar
de Jesus ao povo do Candomblé. Fui convidada a dar
Ela me perguntou o que estava fazendo, e respondi- o testemunho da m inha salvação na Igreja Batista de
-lhe: “Estas são as cartas que tenho agora. Esta é uma Sião, em Salvador, e êsse testem unho despertou m uita
orientação certa e não m isturada com o m al.” Expliquei atenção.
o que Cristo fêz por mim c naquele dia tive um a boa Logo em seguida fui convidada a falar no rádio, e
oportunidade de falar d Aquele que me libertou do mal. justam ente por causa dessa entrevista a curiosidade do
povo do Candomblé na Bahia foi despertada, pois eu lhes
era conhecida e ao m e ouvirem não acreditaram que eu
tivesse saído do Candomblé.
Desde aqiiêle dia os Gandomblistas começaram a vi­
sitar as igrejas Evangélicas de Salvador aonde eu ia falar
de Cristo. Queriam verificar de perto se eu realm ente
saíra do Candomblé e se eu era ou não um a delatora.
De acôrdo com o meu testemunho, êles começaram
a sentir que realm ente cra verdade. Depois de falar do
que Cristo fêz na m inha vida, começaram tam bém a
sentir o desejo de aceitar a Jesus como seu Salvador e
receber os benefícios do Evangelho.
Deus justificava a Sua Palavra, transform ando vidas
e fazendo um a tal libertação que êsse povo não esperava.
Confesso que quando êles vinham eu tinha medo de lan­
çar apelos. Mas quando começava a falar das bênçãos
dum a vida Cristã e da transform ação que Deus havia
feito na minha vida, aí verifiquei que o diabo e os orixás
não tinham m ais efeito sobre mim. E íôdas as pessoas
que aceitaram a Cristo como seu Salvador seguidam ente
receberam a mesm a transform ação.
MÃE DE SANTO 71
70 ROBERT McALiSTE R

O ÓDIO DE SATANÁS rito mentiroso. Depois dessa luta, atirou-se sôbre uma
cama, completamente arrasada.
Um dos prim eiros casos a m im apresentados foi o Ali nós oramos e ela aceitou a Jesus como Salvador.
de um a m uiher que saíra do Candomblé, e a quem o Antes não podia. Ela então começou a louvar a Deus
orixá jurou destruir. Ela estava grávida e esse orixá (o com lágrim as e nos agradeceu por nossa passagem por
seu deus) ia tom ar a criatura de qualquer m aneira e jo­ esse sanatório.
gá-la a qualquer lado para que perdesse o filho e também
morresse. UMA LIBERTAÇÃO IMEDIATA
Essa senhora, sabendo que eu orava pelos oprimidos, Em ainda outro sanatório, vi um a jovem, e como é
m e procurou. Im ediatam ente, ao começar a orar por do m eu costume, perguntei-lhe se queria aceitar a Jesus.
ela, o diabo quis se m anifestar, mas na m esm a hora o Respondeu-me que gostaria, m as havia um poder que não
poder de Deus a libertou, e a partir daquele momento a deixava.
essa senhora nunca mais teve nada e se sentiu comple­
tam ente liberta. Perguntei-lhe se cria em Jesus Cristo e ela me disse
Ela aceitou a Jesus Cristo como seu Salvador e con­ que cria. Senti coragem para dizer-lhe que se cresse mes­
tinua até hoje num a igreja Evangélica em Salvador. mo, no mesmo dia o poder maligno iria dela sair. Eu
orei e ela foi liberta na mesm a hora. No domingo se­
POSSUÍDA DESDE NASCENÇA guinte já estava na igreja Evangélica, glorificando a Deus,
Nesses sanatórios da Bahia eu vi oito pessoas, tôdas
Um dos casos que mais m e im pressionaram ocorreu elas, vítimas do Candomblé, libertadas pelo poder de Deus
num sanatório de doenças m entais da Bahia. Àli eu cons­ que expulsou os espíritos malignos.
tatei que a m aioria das pessoas não eram loucas, m as
sim, oprim idas pelo poder do diabo. QUE TIPO DE CRENÇA É QUE DESTRóI
Encontrei um a senhora e perguntei se ela queria SEUS SEGUIDORES?
aceitar a Cristo como seu Salvador. Ela m e respondeu Eu m e lembro bem qiie uma dessas pessoas estava
que não podia aceitar a Jesus porque era possuída por possessa quando a encontrei, e perguntei a Satanás, que
um caboclo que ao nascer tom ou conta dela. estava falando por meio dela, se queria aceitar a Jesus,
Quando ela estava dizendo isso, logo o tal caboclo e m e respondeu, “não”. Continuei perguntando se que­
se m anifestou dentro do sanatório para defender a posse ria que eu orasse, e o espírito disse, “pode orar.” Mas
dessa criatura. Eu debati com ele e, finalm ente, pelo em vez de orar, usei o Nome de Jesus, expulsando-o.
poder do Nome de Jesus, ele saiu vencido. Em seguida Quando êle saiu, voltei a fazer a mesma pergunta, “Você
ela recebeu outro espírito, dizendo que era sua mãe já quer aceitar a Jesus? E a senhora respodeu, “ Que­
falecida, e da m esm a m aneira Deus a libertou dêsse espí­ ro, sim .”
72 robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 73

Depois ela m e relatou a razão porque fôra posta no até ao dia em que m e encontrei com Cristo que m e liber­
sanatório. Quando teve um a criança, o diabo se aprovei­ tou totalmente. As m ulheres que estavam com mais m á­
tou por meio de feitiçarias de alguém que a odiava, e goa de m im vieram para me abraçar, chorando. Muitas
nêcse estado de loucura ela foi jogada no hospício. delas aceitaram a Jesus.
Depois de ver tanto sofrim ento, eu me perguntei, No domingo seguinte, a m ãe de santo dêsse terrei­
que tipo de crença é essa que quer destruir a vida dos ro, fez um a festa, m as para glória de Deus, estas senho­
seus seguidores? Que virtude pode haver quando esses ras, ao invés de irem ao Candomblé, foram à igreja para
poderes são usados para fazer vingança e obter fins im o­ glorificar o Nome de Jesus, Hoje estão firm es com Jesus.
rais? Quão cega eu era, durante tantos anos, cm pensar
que estava servindo a Deus e ajudando o meu próximo,
quando, na realidade estava fazendo o jogo que o diabo
quis: escravizando-me à vontade dos orixás e fazendo se­
rem escravos todos os que eu tentava ajudar.
Ainda hoje eu louvo a Deus pelo privilégio que Êle
m e concedeu de voltar à sede do Candomblé no Brasil,
a Bahia, para dizer ao povo que o poder de Deus não
traz mêdo e sofrim ento, m as sim, paz c salvação.
0 CONVITE DOS CANDOMBLISTAS
O povo de Candomblé do bairro de Vasco da Gama,
pediu ao pastor da Igreja Batista dêsse lugar que m e con­
vidasse para dar o m eu testemunho. A igreja está situa­
da num a favela, bem próxim a a um terreiro de Can­
domblé.
Tenho certeza de que essa gente fez o convite por
curiosidade, querendo conhecer a traidora do Candomblé.
Mas de qualquer m aneira, eu fui. E enquanto dava o
m eu testem unho essas pessoas nem entraram na igreja,
mas ficaram do lado de fora, olhando-me com censura
e ódio.
Mas algo m aravilhoso aconteceu. Eu comecei a falai
do am or de Jesus, e contei a m inha vida de sofrimento,
TR A ID O R A P OU SERVA DE DEUS?

Tenho sido criticada por revelar os “segredos” do


Candomblé, e nos terreiros e centros sou considerada trai­
dora e delatora. Mas eu falo estas coisas porque sinto
pena do povo que se submete à exploração do Candomblé
e à possessão dos espíritos. Eu sei que fazem estas coisas
por ignorância.
E êste é um ponto im portante. 0_ povo do Candom­
blé pratica o que não entende. Faz coisas sem saber a
razão porque, õs praticantes dessa crença não têm a
m enor idéia de como funcionam os “ despachos”, o “ ebô”,
as oferendas de comida e os banhos de ervas. Tudo lhes
é grande mistério e as mães de santo querem guardar os
seus “ segredos” que até elas mesmas não compreendem.
DESILUDIDA COM OS “ DEUSES”
Sempre pensei que os orixás eram deuses para me
ajudar. Depois, percebi que se não fizesse o que o orixá
exigia, seria castigada. Bem, esses meus “ deuses” e “pro­
tetores” vivem sempre me castigando e nunca m e aben­
çoando, então porque devo continuar a fazer tanto sa­
crifício para os adorar?
Mas, como já disse, os orixás nunca fizeram bem
algum em meu favor e isto m e trouxe à conclusão de que
não podem ser “ deuses” porque tudo estava na base de
um jugo. Sempre exigem sangue do “bori”, sem pre exi­
gem comida, sempre exigem obediência sob am eaça de
punição.
76 robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 77

Eu passei m ais de trinta anos acreditando piamente mente que o fim de tudo isso é, enganar com m aravilhas
nos poderes dos “orixás” e dos “pretos velhos” mas no mentirosas, para depois prender a pessoa com pletamente
dia em que eu conheci o poder do verdadeiro Deus, não com ameaças e chantagem, e finalm ente destruir a vida,
há ninguém que me faça voltar a essa vida, fisica, emocional e espiritualm ente.
Sim, há um grande segrêdo no espiritismo e o diabo
OS SEGREDOS DO CANDOMBLÉ não quer que seja revelado. Êle quer continuar a enga­
nar com os rituais, danças e oferendas sem que o povo
0 povo do Candomblé acha que o poder dos “ traba­ saiba o que é tudo isso, ou seja, que é abrir a vida às
lhos” está nos segredos que a m ãe de santo aprende com forças do inferno e ficar escravo dos espíritos, pagando
os votos que faz aos orixás. Mas, hoje, eu sei quais são um preço incrível pelos favores que o diabo presta.
êsses segredos e qual a sua razão. Agora pela prim eira
vez em m inha vida sei o que está por trás dos sacrifícios Se dizer que isto é trair os “segredos” da m inha he­
e oferendas. rança como mãe de santo, então com muito prazer serei
E sinto-me na obrigação de revelar êsses segredos traidora. Se, porém, através das m inhas experiências,
que o verdadeiro Deus m e revelou, pois tenho certeza de prim eiram ente com o grande mentiroso, o diabo, e de­
que se a luz da verdade ilum inar o caminho, m uita gen- pois com Jesus Cristo, a única fonte de luz e paz, alguma
te do Candomblé e Umbanda irá deixar, logo tais coisas. pessoa receber a sua libertação, então me considero re­
compensada.
0 grande segrêdo do Candomblé é o seguinte: ^ppr.
trás dos sacrifícios sangrentos, das oferendas de comida Entrego nas mãos de Deus estas palavras de teste­
e dos banhos de ervas, enfim por trás de tôdas as obri­ m unho.”
gações, há um poder maligno e diabólico. 0 povo acha
que os orixás são “ deuses” 'm as não entende que real­
m ente são forças do m al que querem entrar em sua vida
para a controlar e finalm ente a destruir.
O segrêdo das vitórias e coisas que se conseguem por
meio dêsses “trabalhos” em Umbanda e Candomblé, é
que Satanás paga realm ente com favores a adoração que
recebe, mascarando-se com os nomes de “ Pom ba Gira”,
“preto velho”, Xangô, Iem anjá, caboclo, Oxalá, etc. e uina
infinidade de outros deuses que oprim em a m ente dos
seguidores.
Há m em bros da m inha própria fam ília, na Bahia,
que sofrem de perturbação por causa do ocultismo, m is­
ticismo e adoração dêsses espíritos, Agora vejo clara­
!

I
TERCEIRA PARTE
1. Candomblé: Substituto Diabólico
2. Advertências Bíblicas contra a Feitiçaria
3. Palavra urgente para os adoradores de Candomblé e
Umbanda
i
j
5

!
CANDOMBLÉ; SUBSTITUTO DIABÓLICO

Alguém disse cjue para tudo o que Deus leni, o diabo


tem um substituto. Em vez de oferecer felicidade, o dia­
bo à substitui por prazeres temporários. Muitos dos sa­
crifícios e “ obrigações” do Candomblé são o substituto
diabólico para confrontar o poder eficaz dos sacrifícios
do Velho Testamento que falavam profèticam ente sobre
o Cordeiro de Deus que viria tirar os pecados do mundo.
Por exemplo, a cerimônia que se chama no Candom­
blé de Ossê, isto é, a purificação da pessoa, foi roubada
da lei antiga que Deus deu ao povo de Israel em Levitico,
capítulo quinze.
No Candomblé isso consiste de certo núm ero de va­
sos de barro (o núm ero depende do que a m ãe de santo
m andar). Os vasos são cheios de água c não podem ficar
secos. Uma vez por mês a pessoa vai à casa de Candom­
blé, toma uin banho comum e é obrigada a dorm ir antes
de fazer o Ossê. Depois de evitar contato com o m arido
ou a esposa durante 24 horas, pode fazer a limpeza do
quarto dos orixás.
0 capítulo quatorze do livro de Levitico fala sobre
a cerimônia dà purificação do leproso depois de sarado.
Outra vez aí, o Candomblé rouba da lei de Deus o con­
ceito da cerimônia judaica, a qual valia apenas durante
tempo limitado e tipificava a figura daquele que viria
para redim ir e purificar completamente, ou seja, Jesus,
82 robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO 83

0 “ BORI” E “ OTÁ” Mas os sacrifícios e ofertas de Umbanda e Candom- I


blé não fazem nada a não ser tentar afastar por algum j
A cerimônia do Bori, por exemplo, é roubada dessa tempo a ira dos “ deuses”, e continuar sempre na m esm a i
lei Divina. Quando algum a coisa não vai bem, e o Can- rotina sem esperança de salvação ou paz. 1
domblista quer agradar os “ deuses” : Oxum, leinanjá, O Candomblé, como a Bíblia diz, é um a das religiões
Ogiun, llança, etc. êle faz o Bori e recebe sete toques de que têm a “ form a” mas nada sabe isôbre o poder de
sangue em seu corpo; duas vêzes nos pés, duas vezes nas Deus. O povo do Candomblé é m uito religioso, m as a
mãos, um a vez na bôea, um a vez na nuca e uma vez sua fé e totalmente negativa. Á única esperança é afas­
no peito. tar á ira do exú e tentar agradar o orixá, m as ter se­
E assim por diante. Outra mutilação das Escrituras gurança dum a vida melhor, não tem; ter fé em pas­
fala a respeito das doze pedras que o povo de Israel re­ sar a eternidade com Deus, não tem. As obrigações são
tirou do meio do Rio Jordão, cada pedra representando um círculo vicioso, sem fim, para proteger da vingança
um a das tribos, para construir um altar em gratidão dos espíritos e tentar ganhar vantagens sôbre os outros
a Deus. pela magia da feitiçaria. Mas os que as cum prem , não
têm bem algum permanente.
No Candomblé o âmago dos sacrifícios são as pe­
dras. Elas representam os deuses. Isto se chama em
língua africana, Otá. Cada pedra representa um orixá.
Ao m atar um a galinha ou bode, o sangue é oferecido ao
orixá, sendo derram ado sôbre a sua pedra correspon­
dente. Tôdas as vêzes que há uma “ obrigação” de san­
gue, a pedra correspondente ao orixá tal e tal é batizada
com esse sangue.
Podíam os falar sôbre as ofertas das prim ícias; sôbre
as proibições de comer certas comidas e sôbre a limpeza
do acam pam ento, e ver que tudo que o Candomblé faz
não passa de uma deform ação diabólica para enganar
o povo,
O Velho Testamento apontava para o Messias e o
povo Judeu 0 estava esperando para deixar de fazer, em
figura, o que Êle mesmo faria pessoalmente, isto é, o
sacrifício final para a salvação e a purificação de todos
os que iriam crer nÊle,
A D V ER T ÊN C IA S BÍBLICAS C O N T R A A
FEITIÇARIA

Há m uitos lugares nas Escrituras Sagradas cm que


se fala contra o tipo de trabalho que a Umbanda, o Can­
domblé e tam bém o Espiritism o praticam . Quero citar
os versículos Bíblicos que falam a respeito desta questão.
P ara proteger o povo de Israel contra os erros dos
povos pagãos dos dias primitivos, Deus disse em Deute-
ronôm io 4:19, “ Guarda-te de levantares os olhos para os
céus, e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o
exército dos céus, não sejas seduzido a inclinar-te peran­
te êles, e dês culto àquelas coisas que o Senhor teu Deus
repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.”
O m aterial dessas religiões falsas não deve ficar em
sua casa após a sua conversão a Cristo. Como diz Deu-
teronômio 13:17, “Tam bém nada do que fôr condenado
deverá ficar em tua mão, para que o Senhor não se apar­
te do ardor da sua ira.”
Outra prática de Umbanda que a Bíblia condena é a
m utilação do corpo. Deuteronômio 14:1 diz, “Filhos sois
do Senhor vosso Deus, não vos dareis golpes, nem sobre
a testa fareis calva por causa de algum m orto.”
Em linguagem ainda m ais clara Deus adverte o Seu
povo sôbre toda essa espécie de coisas. Veja bem o que
diz Deuteronômio 18:9-12, “ Quando entrares na terra que
o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer con­
form e as abominações daqueles povos. Não se achará
entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua
filha, nem adivinhador, nem prognosticador (cartom an-
86 ro bert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO ,87

te), nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem “Se deixardes o Senhor, e servirdes a deuses estranhos,
necrom ante, nem mágicos, nem quem consulte os m or­ então se voltará e vos fará mal, e vos consum irá depois
tos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao de vos ter feito bem.”
Senhor.”
Todos os cultos no terreiro têm, como parte inte-
O simples fato de recorrer q adivinhações para pe­ i gr ante, a queima de incenso e a Bíblia tam bém fala cla-
netrar no futuro ou no passado, saber o caráter dos ! ram ente quanto a esta prática em II Reis 22:17: “Visto
outros etc., coloca o consultante em terreno proibido por j que me deixaram, e queim aram incenso a outros deuses,
Deus e sob a influência e disposição do mal. :j para m e provocarem à ira com lôdas as obras das suas
j Não podemos guiar os nossos passos, por exemplo, mãos, o Meu furor se acendeu contra êste lugar, c nao se
I pela especulação em tôrno dos astros, como é_o caso dos \ apagará.”
I “horóscopos”. Em bora essa espécie de especulação apa- Quanta gente, hoje, acha que pelos poderes ocultos da
I rentem ente nada tenha a ver com magia, foge totalm ente feitiçaria pode conseguir realizar a sua vontade, sem sa­
I ao espírito da Bíblia. Uma pessoa que depende da influên- ber que essa prática é condenada totalm ente pela Bíblia.
l\ cia dos astros, está pondo em dúvida o poder de Deus e a II Crônicas 33:6 diz, “E queimou a seus filhos como ofer­
vida de fé. Pois se tal ciência fôsse verdadeira, a Bíblia
a apoiaria. Mas eis o que está escrito em Isaías 47:13: ta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens,
“Cansaste-te na m ultidão dos teus conselhos; levantem- era agoureiro, praticava feitiçaria, e tratava com necro-
! -se pois agora os agoureiros dos céus, os que contemplam mantes e feiticeiros, prosseguiu em fazer o que era m au
os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem- perante o Senhor, para o provocar á ira.”
p -te do que há de vir sobre ti'.” Que diz a Bíblia quanto à m atança de anim ais e o
No seu cântico, Moisés fala mais a respeito dessas derram am ento do sangue dêles, oferecido então aos deu­
abominações condenadas por Deus. Leia estas palavras ses? Leia Salmo 50:9 que diz: “De tua casa não aceita­
de Deuteronômio, capítuloJ32e veja se isso tudo não faz rei novilhos, nem bodes dos teus apriscos.” E Isaías, em
p a rte 'dös “ trabalhos” e cultos nos centros: “ Sacrifícios seu prim eiro capítulo diz o seguinte, a partir do versí­
ofereceram aos demônios, não a Deus: a deusais^que não culo 11: “ Se disserem: Vem conosco, embosquemo-nos
' cou h ec era in .” ( v e ivs. 17) “Esconderei deles o meu ros­ para derram ar sangue, espreitemos ainda que sem m o­
to ... porque são raça de perversidade.” (vers. 20) “ A tivo, o inocente: Traguemo-los vivos, como o abismo, e
zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com inteiros, como os que desceu à cova: Acharemos tôda
seus ídolos m e provocaram à ira,” (vers. 21) “Vede agora sorte de bens preciosos: encheremos de despojos as nos­
que eu sou, Eu sòmente e mais nenhum Deus além de sas casas. Lança a tua sorte entre nós: terem os todos
m im .” (vers. 39). um a só bôlsa. Filho meu, não te ponhas a caminho com
êles; guarda das suas veredas os teus pés, porque os seus
Josué 24:20 fala sôbre a multiplicidade de deuses pés correm para o mal, e se apressam a derram ar
que o povo de Umbanda e Candomblé adora, dizendo, sangue,”
83 robert M cA l i s t e r

Meu amigo leitor, se você pratica essa form a de con­


sulta aos mortos, a adoração de “ deuses” além do Único
Deus, Criador e Pai de Jesus Cristo; se você oferece san­
gue a entidades estranhas, atenda à voz de Deus e não PALAVRA URGENTE PARA OS
faça mais isto. Deus é contra tôdas essas coisas, e tam ­
bém contra todos os que as praticam . ADORADORES DE CANDOMBLÉ E
UMBANDA

Na apresentação deste livro eu fiz um a dedicatória


às vítim as de Candomblé e Umbanda. Êste livro será lido
por grande núm ero de pessoas que pela prim eira vez vão
sentir desejo, como na vida de Georgina, de ficar liber­
tas dos males e da frustração constante desses sacrifí­
cios e “obrigações.” É para vocês que quero falar neste
último capítulo.
Conforme você já leu, embora citasse de modo fran ­
co as crenças de Candomblé e Umbanda, não critiquei o
tem fé, em bora negativa e totalmente anti-Bíblica. Êsse
povo que as pratica. Muito pelo contrário. Êsse povo
povo é sincero, apesar de estar errado e sofrendo as con­
seqüências.
Ao mesmo tempo reconheço o fato de estar êsse
povo, tem porariam ente, satisfeito com as "vitórias” que
consegue, sem saber que o preço que terá de pagar é
incrivelmente alto. Não, eu não falo contra o povo de­
sapontado com o vazio das igrejas Cristas e que, por isso,
está tentando resolver os seus problemas no espiritismo.
Mas, faço esta advertência: se você continuar nessas
coisas a sua vida complicar-se-á cada vez mais, será cada
dia mais infeliz e cada vez mais insegura com os podê-
res malignos dêsses espíritos, e seu ensejo de sajvação
cada vez mais remoto.
robert M cA l i s t e r MÃE DE SANTO ■91
90

Eu digo ainda mais, e nisso tenho o apoio de m édi­ praticantes dos tereiros de Umbanda, e cujas vidas fo­
cos e psiquiatras de tôda parte do m undo: que você está ram transform adas, libertadas e aliviadas após aceita­
se arriscando a sofrer um colapso nervoso e mental que rem a Jesus como o seu Salvador.
poderá levá-lo a um sanatório para o resto da vida. De fato, eu tenho gavetas cheias de m aterial que m e
Uma autoridade neste assunto declarou que o espi­ foi entregue por dezenas e dezenas de pessoas que não
ritismo, em tôdas as suas form as, é “ um a fábrica de quiseram ficar com essas coisas do passado: búzios, co­
loucos”, e certo cirurgião de Pelrópolis me confessou que lares, imagens, roupas, cartas, bolas de cristal, pós, enfim,
qualquer pessoa já em ocionalmente fraca, piora sempre tudo o que prende o fiel escravo aos orixás e espíritos
que vai aos centros e terreiros. Enfim , você estará arris­ desencarnados.
cando a sua sanidade se continuar a ter contato com Sim, temos provas abundantes de que quando Cristo
êsses espíritos malignos. liberta, Éle liberta mesmo! E afirm o ainda mais, que
em nenhum caso sequer a pessoa que tenha deixado o
VOCÊ PODE DAR O PRIMEIRO PASSO PARA espiritismo jam ais sofreu qualquer coisa. Muito, m uito
SUA LIBERTAÇÃO pelo contrário. Ganharam um a paz que os sacrifícios e
Eu sei que é duro de aceitar a declaração de que os mesmo as “ vitórias” da antiga crença nunca proporcio­
espíritos que você sem pre pensou serem bons, também naram .
fazem parte dessa conspiração satânica que só visa rou­
bar, m atar e destruir. Aceitar isto c convicção que vem SEIS PASSOS PARA SUA LIBERTAÇÃO
por revelação de Deus, como veio à Georgina, depois
de passar mais de trinta anos praticando essas coisas. Se você quer se libertar das influências dos espíritos
Mas se você sente qualquer desejo de se libertar do tome então êstes passos e receberá a nova vida de Cristo,
seu envolvimento 110 Candomblé ou Umbanda, m as até e a segurança que só Cristo nos pode dar: PRIMEIRO:
agora não lhe foi possível, eu tenho esta palavra im por­ Vá a um a igreja Evangélica onde se prega o Evangelho
tante para dizer-lhe: NÃO TENHA MÊDO. Deus estará de Cristo e aceite a Jesus como 0 seu Salvador pessoal.
com você. Não há poder que possa coiifrontar-se com Depois de ouvir a m ensagem da Bíblia, creia em Jesus
0 sangue de Jesus. Você nada vai sofrer se deixar o como o seu Libertador e Protetor. Fale com o pastor e
“orixá” ou “preto velho.” Muito pelo contrário. Vai co­ confesse o que aconteceu em sua vida. Afirm e o seu de­
m eçar a viver um a vida feliz. sejo de andar com Cristo todos os dias da sua vida.
Neste livro tenho narrado a história de Georgina, SEGUNDO: Não volte nunca mais ao centro ou ao
um exemplo m uito forte e claro do poder libertador do terreiro. Dona Georgina não teve forças para abandonar
Evangelho. Mas eu podia ter usado o testem unho de uma êsses lugares, até ao dia em que afirm ou perante Deus
porção de outras pessoas, hoje m em bros da Cruzada de que jam ais voltaria a êles, e dêsse momento em diante
Nova Vida e que durante m uitos anos foram também Deus lhe deu forças. Você não precisa dem orar um ano,
92 ro bert M cA l i s t e r

como fez ela, para se libertar. Pode tom ar a decisão e


começar a viver uma vida nova a partir do prim eiro
instante.
TERCEIRO: Faça anpzade com, o povo de Deus. Os
m embros da igreja vão ajudar a você durante os prim ei­ MINHA DECISÃO PARA SEGUIR A CRISTO
ros dias e meses da sua salvação. Você terá apoio em
oração, e a comunhão de que precisa durante o período Pastor Roberto,
do seu crescimento espiritual. Não tente continuar com
os seus amigos que não am am a Deus. Corte logo rela­
ções com êles, Quero registrar aqui o meu sincero desejo de deixar
os trabalhos de Candomblé e Umbanda para seguir so­
QUARTO: Adquira um a Bíblia e leia-a. Você vai m ente a Jesus Cristo. Ore por mim, e mande-ine lite­
descobrir um a orientação simples e poderosa nas páginas ratura sôbre a nova vida de Jesus Cristo, para que eu
do Livro Sagrado. Ouça constantem ente as mensagens possa viver tendo paz no coração.
Bíblicas na igreja. Sublinhe os versículos que falam sò-
bre o poder e sobre a proteção de Deus. Esconda essas
palavras em seu coração. NOME ...............................................................................................
QUINTO: Fale com Deus:, diária m,ent<&, em oração.
Orar é simplesmente falar com Deus, como o seu Pai ENDERÊÇO ............................................ ...................................
Celestial. Confesse-lhe a sua necessidade e agradeça-lhe
a sua ajuda divina. Ore, usando o Nome de Jesus Cristo. Data da m inha salvação ............................................................
Crie o hábito de tôda m anhã entregar a sua vida nas
mãos de Deus, pedindo a direção e proteção do céu.
SEXTO: Testem unhe aos outros sôbre a mudança Corte esta página e envie-a ao
em sua vida. A Bíblia diz que se você confessar a Jesus Pastor Roberto,
perante os seus amigos, Êle o confessará perante Seu Pai.
Caixa Postal 2734
Rio de Janeiro, GB, ZC-00

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