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VOCÊ VALE A PENA
ISBN: 978-1-4507-5826-0
ESTA HISTÓRIA FOI ESCRITA PARA MEU PAI E AMIGO
Leandro Jorge Xavier – o Pai Herói
MEUS IRMÃOS
Leandro Fleury,
Luciano Fleury,
Suzzan Sharon,
MINHA QUERIDA MÃE
Solange Fleury – a Protetora,
MINHA AMADA ESPOSA
Iara Fleury – Fiel companheira,
MEU INSTRUTOR,
Fernando Carvalho – o Gamaliel,
MEUS AMIGOS
Todos que fazem ou fizeram parte de minha
caminhada,
E EM SEGUNDO A
“...todos nós, que Valemos a Pena e acreditamos
que ainda
há chance para um novo começo.”
PREFÁCIO
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Kevin não parava de ligar e, por um instante, pensei no
Fredy e disse para mim mesmo: “deve ter acontecido
alguma coisa pois Kevin não é tão insistente assim; deve ter
acontecido algo”.
Não deu outra, atendi e ouvi o que jamais gostaria de ter
ouvido:
“ Plus, o Fredy está morto. Perdemos o nosso amigo”.
Aquelas palavras entraram no meu ouvido como uma
espada, rasgando a minha mente e chegando ao coração;
senti uma dor e um sentimento de perca imensos, não sabia
se chorava ou se corria em direção ao local onde ele estava.
“ Kevin, não brinca comigo, brother, isso é muito sério!”
Eu sabia que ele não estava brincando, Kevin não contava
nem piada... mas eu precisava de algum argumento, de
alguma razão; cheguei a pensar que ainda estava dormindo
e tendo um pesadelo e que aquilo tudo era irreal.
“Plus, vá ao local e veja você mesmo com seus próprios
olhos”. Anotei o endereço e corri para a garagem,
precisando de um carro que respondesse àquela minha
ansiedade; queria chegar depressa à direção que eu tinha
em mãos. Entrei no melhor carro e, em desespero, cheguei
ao local do acidente.
2
INÍCIO DE UM DESPERTAR
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Sentei-me na cama e comecei lembrar-me de quantas
vezes havia recebido ligações de meu pai e não as atendia;
quantas vezes meu pai me dizia que tínhamos que passar
mais tempo juntos, e mesmo, assim eu só o via uma vez por
mês.
O motivo disto era a mágoa que carregava em meu
coração de não ter tido a sua presença constante na minha
infância devido a separação entre ele e minha mãe, acabei
carregando comigo decepção em relação ao meu pai.
Antes da separação de meus pais éramos unidos e
vivíamos em família numa área nobre da cidade, mas,
quando meu pai decidiu começar uma nova vida e constituir
uma outra família, as coisas mudaram, então, eu e meus
amados irmãos Xavier e Fleury, junto com a nossa mãe,
tivemos que ir morar na casa do nosso avô, em uma região
afastada num local onde vivia uma população de baixa
renda.
Algumas vezes, no mês, nosso pai ia nos visitar.
Chegava à porta de casa e buzinava antes de parar o
carro. Quando ouvíamos o som da sua buzina ficávamos
alegres e eufóricos, por vê-lo.
Creio que toda criança tem em seu pai um herói e um
mentor; eu, particularmente, desejava ser como ele.
Meu pai era piloto de avião e, dentro de mim, eu decidi
que seria como ele - um piloto de avião.
Em uma de suas visitas, quando buzinou, eu saí correndo
ao seu encontro para ver o “meu herói” e percebi que ele
tinha bebido além do que costumava.
Desceu do carro e me abraçou com muita força chegando
a tirar-me o fôlego. Efeito da pressão sobre o meu peito, eu
lhe disse:
“ Pai, o senhor vai nos levar para sair hoje?”
“ Hoje não filhote” - essa era a forma que me chamava -
“mas amanhã, passo aqui às oito da manhã para te pegar e
irmos em uma pescaria naquele rio que você tanto deseja
ir”.
Fiquei muito feliz, era meu sonho pescarmos juntos no rio
Araguaia que, naquela época, tinha muito peixe, de várias
espécies e tamanhos.
Trocamos algumas palavras, ele entregou um dinheiro
para as despesas mensais, e logo partiu com a promessa de
voltar no dia seguinte às oito da manhã.
Como meus irmãos, não eram chegados à pescaria, não
se importaram com o convite feito a mim, pelo meu pai.
Entrei em casa, o mais rápido possível, e comecei a me
organizar para aquela que seria a mais importante pescaria
de toda a minha vida, tão aguardada, no rio Araguaia, o
sonho de qualquer pescador naquela época.
Peguei a minha mochila e fui logo escolhendo as roupas
mais próprias para o local: camisas de mangas compridas e
calças, compridas também, pois já sabia sobre os ataques
dos mosquitos naquele rio. Peguei a minha maleta de
equipamentos de pesca - minha preciosidade - que eu
adquirira com muito esforço e dedicação.
Na terreno da casa do nosso avô, onde morávamos,
cresciam juntos plantas alguns capins, então, eu era o
responsável pela limpeza do quintal pois o mato dava um
aspecto feio ao jardim. Fazia isto uma vez por mês e meu
avô me pagava. Eu, pegava o dinheiro, e ia ao centro da
cidade para comprar anzóis, linha e todo o meu material de
pesca.
Tinha muito apreço por aquela maleta; foram meses de
suor no quintal, arrancando matinho e, agora, não via a
hora de chegar o dia seguinte para desfrutar do meu
trabalho.
Passei quase a noite toda em claro devido a ansiedade
que sentia em meu coração.
Amanheceu e eu me levantei. Meu café estava sobre a
mesa pois, minha mãe já estava de pé. Olhou-me fixamente
e falou:
“ Filho, seu pai bebeu um pouco demais ontem”.
“ Eu sei mãe, mas não vou deixar ele beber no caminho
para o rio, não.” Respondi sem entender bem o significado
daquelas palavras.
Levantei-me da mesa, peguei a minha mochila e disse
para minha mãe que iria esperar pelo meu pai sentado na
esquina da rua. Ela me abraçou, beijou-me na cabeça e
disse que podia ir em paz e que tomasse cuidado com
aquele rio.
Sai de casa e fiquei assentado na calçada do bar da
esquina. Olhei em meu pequeno e singelo relógio de pulso
digital e vi que já eram oito e vinte da manhã e meu pai
ainda não viera para me buscar.
Sr. Mário, o dono do bar, me perguntou se eu estava
esperando por alguém, pois observara que eu estava
olhando insistentemente na direção da rua, de acesso
àquela esquina.
“ Ei garoto, quem você esta esperando?”
“ Meu pai, ele hoje vai me levar para pescar lá no rio
Araguaia. Ele está um pouco atrasado mas logo, logo eu vou
ver o carro dele apontar naquela outra esquina”.
“ Ok! tudo bem. Fique à vontade e, se quiser, pode pegar
uma cadeira para ficar mais confortável. Este chão deve
estar duro”.
“ Obrigado, Sr. Mário. Estou bem aqui.”
Todo carro que surgia no início da rua me fazia gelar o
coração. Não existiam telefones celulares, naquela época,
senão, eu ligava para meu pai para saber qual o motivo da
demora.
Já eram dez horas da manhã e, nada.
Meus amigos estavam andando de bicicleta e me viram
sentado naquele lugar com a mochila do lado e
perguntaram:
“ Plus, aonde você vai?”
“ Vou pescar com meu pai. Ele está vindo para me
buscar”.
Já estava cansado de dar a mesma resposta a todos que
passavam e comecei a ficar envergonhado.
Um sentimento de frustração invadiu a minha mente e o
meu coração.
Deu uma hora da tarde e nada daquele carro aparecer na
rua. Ví vindo, na direção da esquina, um carro da mesma
côr e modelo do carro do meu pai e me levantei logo. Bati a
mão no ombro de um amigo, que havia parado por um
instante naquele lugar, e disse:
“ Meu pai está vindo. Agora tenho que ir”.
Tinha certeza que era o carro dele, gritei de alegria. O tal
carro da mesma côr e modelo se aproximava cada vez mais
perto e o gelo no coração de um menino, que já não se
controlava de tanta alegria, começou a aumentar, mas o
carro passou por mim devagar, olhei e o motorista e não era
o meu pai. Era uma mulher loira que conduzia o veículo.
Pensei comigo: “não pode ser, é o mesmo carro, até a côr
é igual”... Mas de novo, senti-me frustrado.
Meu amigo ficou rindo do lado. “Olha Plus, seu pai é tão
bonito!”
Minha mãe chegou ao local, pegou-me no braço dizendo:
“ Filho, vamos para casa, pois seu pai já foi”.
“ Não pode ser mãe, ele não iria me esquecer”.
“ Pois ele se esqueceu. Tentei te falar aquela hora em
casa que seu pai estava um pouco tonto e que não se
lembraria do compromisso feito contigo. Ele já foi para o rio
meu filho.”
“ Mãe, me deixa esperar só mais alguns minutos e já vou
para casa”.
Fiquei alí até as sete da noite, movido pelo desejo
desenfreado de estar com meu pai naquele rio, que tanto
sonhara em conhecer.
Antes de eu sair daquela calçada, Sr. Mário, me deu um
refrigerante e disse que era um presente e que eu não
precisaria pagar.
Acho que ele tentou compensar a minha decepção com o
refrigerante. Era o máximo que ele podia fazer por mim.
Agradeci, peguei a minha mochila e voltei para minha
casa, pensando e questionando em minha mente: “Por
quê?”
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Era tarde da noite e eu já estava de saída quando Dimitri
me chamou para ir com ele ao sótão da sua casa dizendo
que precisávamos colocar tudo aquilo que conversamos na
presença do seu “guia espiritual”.
“ Quem é ele Dimitri ?”
“ Plus, ele é um deus que abre as portas a qualquer
sucesso”.
“ Dimitri o motivo, aqui, não é tanto o sucesso. Marley não
precisa de ser famoso ou rico, ele apenas quer transmitir
nas canções suas idéias e sentimentos e desde já te digo,
estou nisso só até que ele deslanche e consiga andar com
as próprias pernas, depois, eu estou fora. Você sabe que
tenho minha transportadora para cuidar e não posso me
envolver nisso mais do que já o fiz.
“ Tudo bem Plus, mas deixe-me colocar este projeto na
presença de meu guia”.
Subimos ao sótão, onde havia um altar todo preparado,
com velas coloridas e um livro, que parecia ser de magias,
aberto sobre uma pequena mesa.
Em silencio total, fiquei observando tudo aquilo, meus
olhos fitos em Dimitri que, agora, pronunciava palavras
ininteligíveis. Ele revirou os olhos e se prostrou diante do
altar em atitude de dedicação. Ficou totalmente em transe
como se outra pessoa houvesse se apossado do seu corpo.
Calado, eu não via a hora daquilo tudo acabar.
Ele se levantou e me chamou para voltarmos dizendo que
já estava tudo feito.
“ Ok Dimitri, vamos”.
Dei partida na camionete, engatando a ré para sair
depressa dali.
“ Tchau, Dimitri!
“ Tchau, Plus!”
Fui direto ao encontro do Marley e contei-lhe o que
acontecera na casa do Dimitri falando-lhe, também, do tal
“guia” espiritual.
A reação dele foi imediata:
“ Esse camarada é bruxo e não vai conosco para São
Paulo. Sei muito bem como funcionam esses pactos; em
todos eles, a pessoa tem que dar algo em troca. Logo, logo
esse “guia” pede a nossa alma”.
“ Marley, eu não entendo de bruxarias e pactos, na
verdade, nem dou muita “moral” para essas coisas mas, se
você acha que ele não deva ir conosco, resolvam isto entre
vocês. Ele participa deste projeto e é o responsável por
grande parte dele” .
“ Deixa comigo Plus, vou escrever uma carta e você a
entrega, pois não quero me encontrar com ele”.
“ Uma carta, brother? liga para ele e fala a verdade!”
“ Não, Eu sei que me expresso melhor escrevendo. É por
isso que faço músicas.”
“ Ok. Faz a carta que eu entrego. Vou ser o seu “pombo
correio” só por um dia; mas não se acostuma, porque a
próxima será cobrada, e minha hora tem um preço
exorbitante”.
Voltei à camionete e fui para o apartamento, pois já
passava das duas da manhã e eu tinha que liberar os meus
caminhões bem cedo para irem em direção ao nordeste do
país.
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Aquela música entrava em meus ouvidos e invadia a
minha alma. Desmanchei-me em choro, aquele choro que
estava incubado em minha vida por um longo tempo. O
choro do cansaço e ao mesmo tempo o choro da liberdade,
enfim, estava colocando para fora as minhas frustrações e
dores. Sentia que Deus estava colhendo cada lágrima que
caia dos meus olhos; lágrimas sinceras e encharcadas com
a verdade. Ali, me entreguei completamente a Deus e
coloquei a minha vida em Suas mãos.
Fiz uma oração e pedi perdão por todos os meus pecados
e ajuda para aquela nova caminhada e que, por mais difícil
que fosse, eu estaria disposto a estar no centro da sua
vontade.
Levantei-me, após ouvir as músicas de Marley, lhe dei
boa- noite e fui para o meu quarto dormir.
Apaguei a luz, deitei-me na cama e logo adormeci.
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1 Coríntios cap. 13