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23/08/2022 12:22 Crise migratória sem precedentes dispara na América Latina | CNN Brasil

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Crise migratória sem precedentes dispara na


América Latina
Em 2020, os migrantes internacionais representavam 2,6% da população total da América do Sul, um
aumento de quase 1% do registrado em 2015

Imigrantes venezuelanos cruzam a pé a fronteira entre Venezuela e Brasil, próximo ao município de Pacaraima, em
Roraima
Foto: Wherter Santana/AE (19.abr.2018)

Daniela Mohor W, da CNN

15/10/2021 às 04:30

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(CNN) – Em uma recente manhã de sábado,


ELEIÇÕES 2022
Cristina Oyarzo, uma historiadora
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41 anos que mora na cidade costeira de Iquique, no Chile, perto da fronteira com
a Bolívia, estava muito tensa. Como muitos outros residentes, ela viu nas redes
sociais que haveria uma manifestação anti-imigrantes algumas horas depois e
ficou preocupada que as coisas saíssem do controle. Ela tinha razão.

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Nos últimos meses, Iquique se tornou uma parada para muitos migrantes latino-
americanos escapar da pobreza e da turbulência política em seus países. As
tensões entre a multidão de migrantes e a população local aumentaram
progressivamente.

No fatídico sábado, 25 de setembro, eles chegaram a um ponto de ebulição:


milhares de pessoas participaram de protestos anti-imigrantes que culminaram
em violência quando alguns atacaram um grande grupo de migrantes
venezuelanos.

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Oyarzo, que saiu de casa para registrar o protesto, disse que chegou ao calçadão
da cidade e viu um grupo de manifestantes pegando sete jovens venezuelanos,
um deles sem uma perna, e tentando atacá-los fisicamente. Outras pessoas
intervieram, mas os agressores conseguiram roubar as mochilas dos migrantes,
gritando que eram “criminosos” e “ladrões”.

“Foi horrível!”, contou Oyarzo. “Os migrantes estavam desesperados porque


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estavam encurralados entre seus agressores e o mar. Eles não tinham saída”.
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Em outras partes da cidade, os manifestantes seguravam bandeiras chilenas com


mensagens dizendo “Venezuelanos sujos saiam do nosso país” ou “Os direitos
humanos são para os chilenos” e entoavam o hino nacional. Também gritavam
com os migrantes, muitos deles famílias com filhos pequenos, para que
retornassem ao seu país. Alguns até cuspiram neles e incendiaram roupas,
carrinhos, brinquedos e colchões.

A violência em Iquique, uma cidade com cerca de 200 mil habitantes, reflete uma
tensão crescente em relação à migração na América Latina. O êxodo histórico da
Venezuela, o grande número de haitianos que se desloca pelo continente e outros
migrantes regionais que perderam seus empregos devido à pandemia
contribuíram para uma crise humanitária sem precedentes na região.

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“Sempre tivemos migrantes na América Latina e no Caribe”, disse Cristián Doña-


Reveco, diretor do Escritório de Estudos Latinos e Latino-Americanos da
Universidade de Nebraska-Omaha.

“O que está mudando são os padrões, a resposta dos governos aos diferentes
fluxos e o efeito que eles têm na vida dos migrantes”, acrescentou.
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Em meados de2022
ELEIÇÕES 2020, os migrantes internacionais representavam 2,6% daCientistas não
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população total da América do Sul, um aumento significativo de quase 1% do
registrado em 2015, de acordo com a Organização Internacional para as
Migrações (IOM).

Quase 80% deles vieram de outro lugar na América do Sul e muitos estão agora
em trânsito devido a posições cada vez mais difíceis sobre a imigração em vários
países. Outra razão é a pandemia, que exacerbou as já difíceis condições de vida
e rareou os empregos.

Entre 2000 e 2017, vários líderes sul-americanos, incluindo presidentes da


Argentina, Chile, Equador e Bolívia, pressionaram por leis de imigração mais
progressistas que tornariam mais fácil para os migrantes cruzar as fronteiras,
trabalhar legalmente e obter vistos de residência. Mas as tendências políticas
mudaram desde então e as restrições ao movimento estão ganhando força.

Na Argentina, por exemplo, o principal destino dos migrantes na América do Sul, o


então presidente Mauricio Macri aprovou um decreto em 2017 para limitar a
entrada de imigrantes e facilitar a deportação, o que causou duras críticas das
Organização das Nações Unidas (ONU). No Chile, o presidente Sebastián Piñera
também endureceu as políticas de imigração.

O tumulto político também aumentou a pressão. Grandes protestos no Chile e na


Colômbia, um golpe na Bolívia, uma crise política que viu três homens diferentes
assumirem a presidência do Peru em uma semana e o fortalecimento do regime
autoritário da Venezuela levaram milhões de latino-americanos a sair em busca de
uma vida melhor.

“Embora tradicionalmente existissem países latino-americanos que eram o destino


final de muitos migrantes, atualmente todas as nações da região têm tanto
migrantes que chegam para se estabelecer como aqueles que estão de
passagem”, detalhou o especialista Doña-Reveco.

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O êxodo venezuelano

Os venezuelanos estão no centro da atual crise humanitária na região. Desde que


Nicolás Maduro assumiu o poder há quase uma década, a turbulência política e a
desaceleração da economia levaram o país ao colapso. Hiperinflação, cortes de
energia, escassez de alimentos, água e medicamentos essenciais, bem como
perseguições políticas, fizeram com que mais de cinco milhões de venezuelanos
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deixassem a Venezuela, segundo a OIM. Destes, 79% se mudaram para outras
nações da América do Sul.

A migração venezuelana começou com profissionais altamente qualificados, que


tinham meios para viajar e se estabelecer em outros países sem muitos
problemas, mas inclui cada vez mais pessoas pobres da classe trabalhadora.
Especialistas dizem que o volume desse fluxo é comparável à crise de refugiados
sírios.

Marcela Tapia, pesquisadora do Instituto de Estudos Internacionais da


Universidade Arturo Prat em Iquique, contou que todos os dias a caminho do
trabalho vê centenas de venezuelanos acampando na praia ou nas ruas.

“O que mudou aqui mais recentemente é o impacto da pandemia e do


fechamento de fronteiras para deter a Covid-19”, afirmou. “Os que vieram nos
últimos meses estão entrando ilegalmente e estimamos que apenas um terço
deles viajou diretamente da Venezuela. Os demais vieram da Colômbia, Equador
ou Peru porque perderam seus empregos lá”.

Tapia disse que recentemente levou uma mulher e seus quatro filhos, incluindo um
bebê, para um abrigo. A mulher contou à pesquisadora que viera carona da
Venezuela para o Chile depois que seu marido a deixou, na esperança de
encontrar parentes em Santiago.

“Eles passaram dias sem comer, dependendo da caridade para sobreviver”, disse
Tapia.

O Chile é um dos países mais ricos da região e um imã natural para os migrantes
em busca de trabalho. Mas a viagem pela cidade de Colchane, um ponto de
migração comum na fronteira com a Bolívia, é traiçoeira e envolve caminhar
longas horas por um planalto a uma altitude de mais de 3.600 metros. De acordo
com declarações recentes do prefeito de Colchane a uma estação de rádio

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local, 15 pessoas morreram este ano ao tentar chegar ao Chile, um número maior
do que nunca no país.

Haitianos, a outra onda

Enquanto isso, muitos migrantes haitianos, que já foram o grupo que mais cresce
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no Chile, têm optado
ELEIÇÕES 2022 por deixar o paísRÚSSIA
após anos lidando com o racismo aberto e
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as novas políticas governamentais que tornam cada vez mais difícil para eles
cumprir os requisitos de visto e trabalhar legalmente. Milhares de haitianos
estabelecidos anteriormente no Brasil e no Chile chegaram ao Texas, nos EUA, em
setembro e passaram dias em abrigos improvisados em Del Rio, atraindo atenção
global.

“Já existe tensão na região tanto sobre os fluxos migratórios venezuelanos quanto
sobre os fluxos da América Central, e acho que os haitianos representam um
desafio particular para alguns desses países porque foram ignorados por muito
tempo”, disse Caitlyn Yates, pós-doutoranda de antropologia na Universidade de
British Columbia que trabalhou com experiências de mobilidade de migrantes
transnacionais que se deslocam dentro e além da América Latina.

“Veremos algumas situações muito tensas nas próximas semanas ou meses”,


acrescentou.

“Queria voltar para a Bolívia”

As restrições da Covid-19 também exacerbaram as travessias não autorizadas de


fronteira e confrontos em pontos de fronteira, segundo Jorge
Martínez, pesquisador do Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia.

Em Iquique, a população migrante aumentou em parte porque muitos migrantes


não têm a vacina contra a Covid-19 necessária para continuar sua viagem de
ônibus ou simplesmente não podem pagar para continuar sua trajetória. Isso
também está acontecendo em outros países, onde o fechamento de fronteiras
prendeu alguns migrantes em uma espécie de limbo.

“Há pessoas que estavam migrando quando a pandemia começou”, contou Doña-
Reveco.

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“Eles queriam ir para o Chile, por exemplo, onde parentes iam lhes dar trabalho.
Mas, quando chegaram ao Peru, as fronteiras estavam fechadas e eles não
podiam seguir para o Chile. Todo o plano veio abaixo. Eles ficaram sem dinheiro,
não têm contatos e estão presos em campos improvisados”.

Em vários países, as autoridades muitas vezes não conseguiram ou quiseram


responder adequadamente às necessidades básicas dos migrantes vulneráveis
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em tais situações. Só depois da violência do mês passado em Iquique, o governo
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chileno anunciou uma série de medidas de assistência emergência para migrantes
no norte do país. Além de um controle mais rígido das fronteiras, haverá novos
abrigos ou vales-acomodação para afastar os migrantes das ruas; um centro de
atendimento médico; e um centro de acolhimento para ajudar aqueles que
planejam viajar para outras partes do país, onde têm parentes, a chegar ao seu
destino.

“Os governos têm a responsabilidade de proteger essas pessoas para evitar a


precariedade e as reações negativas das populações locais”, disse Martinez.
“Existem acordos internacionais assinados e os países latino-americanos devem
coordenar planos de ação para enfrentar esta emergência”.

Uma jovem de 26 anos que não quer que seu nome seja publicado porque teme
ser deportada disse à CNN que deixou a Bolívia com sua irmã no final de julho.
Nenhuma delas conseguiu encontrar trabalho em seu país de origem, e os poucos
empregos que tentaram – faxina em casas, caixa de supermercado e linha de
produção de uma empresa farmacêutica – pagavam menos do que o salário
mínimo local. Ambas têm filhos para alimentar.

As duas irmãs bolivianas pagaram aos contrabandistas para levá-los ao Chile


primeiro de microônibus, depois a pé, através da altitude e do frio das montanhas
bolivianas. “Foi realmente assustador porque eu não sabia o que podia acontecer
com a gente”, relatou a mulher. “Não sabíamos se iam nos roubar, o frio estava
terrível, minha cabeça doía e por causa da altura senti que minhas orelhas iam
explodir. Eu quase desmaiei”.

Durante sua jornada, ela viu famílias inteiras com crianças fazendo a travessia.
Uma vez no Chile, ficou chocada com a quantidade de migrantes que viviam nas
ruas. “Fiquei muito triste, tive vontade de chorar. Você vê muitas coisas que não
pode imaginar, como pais roubando para alimentar seus filhos. No início, eu queria

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voltar para a Bolívia, mas não conseguia me imaginar tendo que fazer a travessia
de novo”.

(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em espanhol)

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