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RELATÓRIO

XENOFOBIA O presente relatório tem por objetivo debater sobre a Xenofobia, onde foi utilizado dois textos como
referência: Xeno-Racismo – Problematizando a Hospitalidade Seletiva aos Estrangeiros no Brasil e
Anais do V Seminário Internacional da Tríplice Fronteira Sobre o Tráfico de Pessoas. Além disso, foi
feito uma pesquisa de campo sobre a Xenofobia no Brasil - Região Nordeste, com o intuito de tomar
conhecimento sobre as causas e consequências de pessoas que fizeram ou praticaram Xenofobia na
nossa região, abrangendo as cidades da Paraíba. Ademais, o relatório cita um caso que ocorreu na
cidade de João Pessoa em março de 2014, onde o caso repercutiu e gerou uma ação penal que foi
aberta pelo Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB), que corria na 16° Vara Federal da
Paraíba.

Componente Curricular: Sociologia e Antropologia Jurídica


Docente: Herry Charriery
Discentes: Amanda Kelly; Eduarda Brito; Jamilly Catão; Joyce Veras;
Kethylen Araujo; Luana Vitória; Mavylla Yasmim; Mikaella Barbosa; Maria Vitória.
INTRODUÇÃO

O termo xenofobia provém de duas palavras do grego que é Xenos


(estrangeiro) e phóbos (medo). Esse termo tem como principal definição a aversão,
medo e preconceito contra estrangeiros e pessoas que tem culturas diferentes. Os
xenófobos, possuem um pensamento de superioridade contra os demais, que são de
outro território, que acreditam em conceitos diferentes ou dispõem de culturas opostas
as suas.
Na Grécia foi onde teve início as primeiras discussões sobre esse termo, já
que os antigos gregos possuíam esse sentimento xenofóbico contra os estrangeiros,
os chamando de " bárbaros", eles se achavam superiores em todos os âmbitos,
principalmente na cultura. Hodiernamente, no Brasil, podemos ver que esse quadro
só vem evoluindo, e que os casos de xenofobia se tornam cada vez mais frequentes.
Esse cenário permeia a sociedade principalmente em momentos que está
dividida, como no período das eleições onde segundo uma pesquisa do G1, os casos
de xenofobia no Brasil em 2022, tiveram uma alta de 874%, comparado a 2021, e o
alvo principal desses ataques xenofóbicos são nordestinos. Dessa forma, para
reconhecer esse tipo de prática é preciso observar certos comportamentos que por
muitas vezes se apresentam de uma maneira sutil.
Além disso, no meio digital, com a facilidade das trocas de informações e a
falsa impressão de que a Internet seria um ambiente sem lei, nós podemos observar
a maior concentração de manifestações xenofóbicas que provém de comentários
maldosos disfarçados de brincadeiras ou podendo até evoluir para xingamentos.
Vale ressaltar, que no Brasil a prática da xenofobia se enquadra no crime de
racismo, a Lei Nº 9.459/97, prevê que quem comete a xenofobia é passível a reclusão
de um a três anos e multa.
TEXTO 1
XENO – RACISMO E/OU XENOFOBIA RACIALIZADA
PROBLEMATIZAÇÃO DA HOSPITALIDADE SELETIVA AOS ESTRANGEIROS
NO BRASIL

Xeno- racismo é um conceito ainda pouco discutido e restrito no âmbito popular


ou literal latino. Criado no início dos anos 2000, é um conceito que vem ganhando
espaço nos meios de pesquisa, ao longo dos anos. Nesse contexto o que é chamado
de “novo racismo” não é baseado somente por código de cores, não se resume
apenas a discriminação ou fobia psicológica contra estrangeiros, o cenário em
questão está ligado principalmente a desvalorização de alguém.
O xeno-racismo por sua vez é utilizado para explicar novas expressões de
racismo, a partir de comportamentos socioeconômicos, em que separar migrantes
qualificados ou não qualificados seria pertinente. O projeto nacionalista exclui práticas
de imigrantes.
O conceito de xeno-racismo é bastante vigoroso em seu potencial de denúncia
à negação de direitos e violências diversas sofridas pelos grupos supracitados, mas
demonstra-se, no entanto, pouco sensível à tematização da distribuição desigual e
racializada da fobia e da filia entre diferentes grupos de estrangeiros (xeno) em países
de via colonial – sobretudo, no contexto da xenofobia sul-sul – uma vez que para o
tal propositura a clivagem central que daria sustentação à discriminação não seria a
cor da pele, mas a nacionalidade (estrangeiro X nacional).
A xenofobia racializada que nos caracteriza embora também seja encontrada
nos países centrais, dado que também foram marcados pelo colonialismo, desloca a
aporofobia para um intricado complexo de exploração, discriminação e opressão,
onde os significantes mobilizados pela aparição de determinados corpos,
corporeidade e indumentárias transcendem a dimensão meramente econômica ou
nacional.
O conceito de xenofobia é “aversão ao estrangeiro”, não havendo, para sua
caracterização, a necessidade de nenhum outro elemento de cor, língua, ou
especificação quanto ao país de origem.
TEXTO 2
ANAIS DO V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA TRÍPLICE FRONTEIRA SOBRE
O TRÁFICO DE PESSOAS

Introduzimos o conceito de xeno-racismo, discutindo as suas possíveis


aplicações aos estudos sobre migração, diáspora e xenofobia no Brasil.
Problematizando as relações entre xenofobia e racismo diante das características
históricas e sociais particulares do capitalismo no Brasil. Argumentamos que os
critérios de aceitação e distinção em sociedades pautadas pela colonização
ofereceram um cenário de distribuição desigual do acolhimento aos estrangeiros, a
depender de sua origem e heteroclassificação nos marcadores sociais de diferença
locais.
Essa seletividade, aqui nomeada como xenofobia racializada, impõe
características sociológicas próprias às dinâmicas migratórias no contexto particular
brasileiro. De acordo com as informações coletadas para a pesquisa, o maior objetivo
do crime de tráfico humano interno e internacional é o trabalho análogo à escravidão.
O estudo mostra ainda que alguns grupos são mais suscetíveis ao tráfico de
pessoas, como mulheres, migrantes, negros, pobres e desempregados. De janeiro de
2020 a junho de 2021, foram registrados pelo Disque 100, 301 casos de tráfico de
pessoas. Destes, 50,1% são crianças e adolescentes e outras 24,9% mulheres. A
divulgação dos dados faz parte das ações do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH).
PESQUISA DE CAMPO SOBRE XENOFOBIA NO BRASIL – REGIÃO NORDESTE
- PARAÍBA

Com o intuito de fazer uma pesquisa de campo para tomar conhecimento sobre as
causas e consequências de pessoas que fizeram ou praticaram Xenofobia na nossa região,
abrangendo as cidades da Paraíba, realizamos uma pesquisa através de um formulário virtual
onde 55 pessoas que não se identificaram, responderam as seguintes perguntas:
Diante do que foi exposto pela pesquisa, podemos citar um fato que aconteceu em
março de 2014, onde o piloto de avião Eduardo Pfiffer estava em um restaurante em João
Pessoa e, insatisfeito com o atendimento, escreveu numa rede social que o Nordeste tinha
um "padrão porco, nojento, relaxado, medíocre". Ele disse também que o povo nordestino
era " escroto" e que o lugar era "nojento" e que aquilo não era preconceito, mas opinião.
Contudo, toda essa manifestação dele gerou uma ação penal que foi aberta pelo
Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB), que corria na 16° Vara Federal da Paraíba. E,
após nove anos de trâmite, as partes chegaram a um acordo de não persecução penal. Em
outras palavras, houve uma conciliação em que o piloto aceitava as penalidades em troca do
encerramento da ação. No acordo, ficou definido que Eduardo Pfiffer vai pagar multa de R$20
mil, em quatro parcelas de R$5 mil, iniciando o pagamento em março de 2023. A multa será
destinada a uma entidade indicada pela Justiça Federal. Ele vai pagar mais de R$5 mil para
substituir a pena de prestação de serviço à comunidade. Ele vai precisar também apresentar
à Justiça Federal um trabalho acadêmico em que faz um resumo da obra. O trabalho precisa
ter um mínimo de 30 páginas e deverá seguir as regras da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). E o objetivo da leitura é proporcionar ao investigador a oportunidade de
adquirir o conhecimento necessário à reflexão crítica sobre a gravidade e as consequências
maléficas do discurso de ódio.
Contudo, podemos chegar as seguintes conclusões: as pessoas que responderam ao
formulário têm ciência do que é Xenofobia, temos uma diferença considerável entre as
pessoas que já praticaram Xenofobia das que sofreram e, um dos dados que mais trás
relevância, é o fato de que as 49 pessoas que sofreram com um ato xenofóbico não tomaram
ação em buscar o poder judiciário ou policial para denunciar e tomar as medidas cabíveis
como consta na lei 9.459/97. Os motivos pelos quais as pessoas não buscaram as devidas
providências é algo que merece um estudo mais aprofundado e detalhado. Quanto à
prevenção, pode-se afirmar que é necessário que haja uma conscientização social e
educacional, fazendo uso de políticas públicas onde a sociedade deve participar ativamente
para que se possa mudar esse panorama brasileiro com atos de xenofobia contra nordestinos.
Esse problema está ligado de modo sociocultural nos brasileiros, problema que carregamos
por longos séculos de “normalização” por esses atos que traz consequências psíquicas, sociais
e econômicas para as pessoas que passam por esse ato discriminatório.
REFERÊNCIAS

VIEIRA, P. XENOFOBIA NO BRASIL: revisão de literatura e relato de experiência.


Disponível em: http://hdl.handle.net/11422/17057> Acesso em: 24 de Março.

FAUTISNO, D. M; OLIVEIRA, L. M. XENO-RACISMO OU XENOFOBIA


RACIALIZADA? PROBLEMATIZANDO A HOSPITALIDADE SELETIVA AOS
ESTRANGEIROS NO BRASIL. Disponível
em:https://www.scielo.br/j/remhu/a/WhQNMSS8L6RsKwVWkfR68tg/?lang=pt&forma
t=pdf> Acesso em: 24 de Março.

BORDIGNON, C. P. T. et al. ANAIS DO V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA


TRÍPLICE FRONTEIRA SOBRE O TRÁFICO DE PESSOAS. Disponível em:
A_PROTECAO_INTERNACIONAL_DOS_REFUGIADOS (1).pdf> Acesso em: 24 de
Março.

Eixo promoção e proteção de Direitos, combate à xenofobia e ao racismo.


MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, 07 de Março de 2023.
Disponível em: Eixo 3 - Eixo promoção e proteção de Direitos, combate à xenofobia
e ao racismo - Portal de Imigração (mj.gov.br)> Acesso em: 24 de Março.

Crianças, adolescentes e mulheres são 75% das vítimas do tráfico de pessoas,


apontam dados do Disque 100. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania,
publicado em 30 de Julho de 2021. Disponível em: Crianças, adolescentes e mulheres
são 75% das vítimas do tráfico de pessoas, apontam dados do Disque 100 —
Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (www.gov.br)> Acesso em: 24 de
Março.

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