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Responsabilidade Social Empresarial em Pequenas e Médias Empresas no


Brasil: uma proposta de estudo das relações entre desempenho social e
financeiro

Conference Paper · June 2015

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2 authors:

Jose Elenilson Cruz Rafael Barreiros Porto


Federal Institute of Education, Science and Technology, Brasilia University of Brasília
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Responsabilidade Social Empresarial em Pequenas e Médias Empresas no Brasil: uma
proposta de estudo das relações entre desempenho social e desempenho financeiro
Autoria: Jose Elenilson Cruz, Rafael Barreiros Porto

RESUMO
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é um tema permeado por várias correntes
teóricas, tais como as teorias do acionista (stockholder), das partes interessadas (Stakeholders)
e contrato social. Há, ainda, as abordagens Ética e Estratégica da RSE. Inseridos na
abordagem estratégica estão os estudos das relações entre desempenho social e desempenho
financeiro das empresas. No entanto, como a maioria desses estudos é realizada no eixo EUA-
Europa, e concentra-se em grandes empresas, pesquisas indicam que as investigações sobre o
fenômeno devem expandir-se para países emergentes e incluir as pequenas e médias empresas
(PMEs) como objeto de análise. Assim, este trabalho revisa aspectos centrais da literatura de
RSE, desempenho social e desempenho financeiro, buscando responder às seguintes questões
i) PMEs com desempenho financeiro nulo ou negativo limitam-se apenas a investir em
práticas de RSE obrigatórias? ii) PMEs com desempenho financeiro positivo investem em
práticas de RSE além das obrigatórias? e, iii) a forma de condução das práticas de RSE
impacta o desempenho financeiro de PMEs? Para responder a essas questões, o presente
ensaio teórico tem como objetivo geral delinear um modelo conceitual e sugerir proposições
de pesquisa para serem testados por futuros estudos empíricos quanto à: a) investigar a
relação entre desempenho social e desempenho financeiro em PMEs; b) verificar se a
capacidade financeira de PMEs influencia na natureza (obrigatória e espontânea) das práticas
de RSE desenvolvidas e, c) identificar se a forma de condução das práticas de RSE
(estratégica e indiscriminada) impacta o desempenho financeiro das PMEs.

Palavras-Chaves: Desempenho social, desempenho financeiro, pequenas e médias empresas.

1
1 INTRODUÇÃO
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é um tema permeado por várias correntes
teóricas. Dentre as principais estão as seguintes teorias: do acionista (stockholder), das partes
interessadas (stakeholders), do contrato social (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009) e as
abordagens Ética e Estratégica (FARIA; SAUERBRONN, 2008). Apesar de diferentes visões,
essas perspectivas teóricas destacam o crescente interesse e preocupação da sociedade por
questões socioambientais. Esse fato faz da RSE um guia orientador de condutas e práticas
(éticas, morais e legais) para organizações e indivíduos. Sob esse guia, empresas alteram suas
práticas de negócios visando compatibilizar produtos e serviços com novas demandas sociais.
No entanto, o entendimento da RSE como fator chave para o alcance de metas econômicas e
de geração de riqueza (GARRIGA; MELE, 2004) gera algumas controvérsias. Enquanto
algumas empresas realizam investimentos em RSE para atender a reivindicações de clientes,
colaboradores, fornecedores e outros grupos interessados, existem gestores que resistem a
realizá-los, sob o argumento de que tais investimentos são inconsistentes com seus esforços
de maximização de lucros (McWILLIAMS; SIEGEL, 2000).
Essas controvérsias, assentadas sobre a falta de consenso quanto à definição e
conteúdo exatos de RSE (FREDERICK, 1994; DAHLSRUD, 2008), impulsionam esforços
quanto à expansão do conceito ético e filosófico de RSE (considerado amplo e vago) em
direção a um construto mais adequado para refletir a ação gerencial da empresa
(FREDERICK, 1994). Desses esforços surgem os estudos sobre o desempenho social
empresarial (um subconstruto da RSE), realizados desde meados da década de 1970 (WOOD,
1991; 2010). Tais estudos compõem a abordagem estratégica da RSE (FARIA;
SAUERBRONN, 2008) e buscam responder questões relacionadas às pressões sociais
exercidas sobre as empresas, tais como: as empresas podem responder às pressões sociais?
Como e até que ponto elas irão responder? Quais os custos e os efeitos que essas respostas
terão? (FREDERICK, 1994). O foco da abordagem estratégica da RSE é o desempenho social
empresarial e tem a finalidade de explicar se a RSE leva a empresa a maiores ganhos, bem
como produzir instrumentos (ferramentas de gestão) capazes de melhorar o desempenho
social e ético das empresas (FARIA e SAUERBRONN, 2008).
A relevância da avaliação do desempenho social empresarial tornou-se um consenso
na literatura de RSE (RUF et al., 1998; McWILLIAM; SIEGEL, 2000; WOOD, 2010).
Segundo Ruf et al. (1998) avaliar o desempenho social importa tanto a pesquisadores como a
gestores. Pesquisadores estão interessados em investigar as relações entre diferentes medidas
organizacionais e o próprio desempenho social, enquanto gestores podem empregar
informações do desempenho social em seus modelos de tomada de decisão (RUF et al., 1998).
Compondo os estudos sobre desempenho social está o contínuo exame da relação entre
desempenho social e desempenho financeiro das empresas e as suas possíveis correlações de
causa e efeito (McWILLIAMS; SIEGEL, 2000; ORLITZKY et al., 2003; LUO;
BHATTACHARYA, 2006; MARGOLIS et al., 2007).
Entretanto, o foco dos estudos nessa temática tem sido as grandes corporações,
inclusive os realizados fora do eixo EUA-Europa. Apesar de a literatura reconhecer a
importância do estudo dos impactos sociais e ambientais de pequenas e médias empresas
(PMEs), os trabalhos não caminham nessa direção (JENKINS, 2006). Assim, o presente
ensaio teórico apoia-se sobre o conhecimento gerado por estudos realizados dentro da
abordagem estratégica da RSE e na premissa de que toda empresa pode ser avaliada em
termos de desempenho social (WOOD, 1991) para contribuir com a literatura quanto à
investigação do fenômeno em empresas de menor porte.
Como pesquisas indicam que empresas com maior capacidade de recursos investem
mais em RSE do que aquelas com baixa capacidade (WADDOCK; GRAVES, 1997; MELO,
2012) e, considerando que as práticas de RSE podem ser classificadas em obrigatórias e
2
espontâneas (SCHWARTZ; CARROLL, 2003), as duas primeiras questões de pesquisas desse
texto são: i) PMEs com desempenho financeiro nulo ou negativo limitam-se apenas a investir
em práticas de RSE obrigatórias? ii) PMEs com desempenho financeiro positivo investem em
práticas de RSE além das obrigatórias? Considerando também que estudos indicam que o
investimento estratégico em RSE retorna em benefícios para a empresa (MCGUIRE, et al.,
1988; BRAMMER; PAVELIM, 2006; WADDOCK; GRAVES, 1997) e em consequente
melhoria do desempenho financeiro (SINGAL, 2014), a terceira questão de pesquisa
formulada é: iii) a forma de condução das práticas de RSE impacta o desempenho financeiro
de PMEs?
Com base nessas questões, este trabalho tem por objetivo geral delinear um modelo
conceitual e sugerir proposições de pesquisa para serem testados por futuros estudos
empíricos que pretendam: i) investigar a relação entre desempenho social e desempenho
financeiro em PMEs brasileiras; ii) verificar se a capacidade financeira de PMEs influencia na
natureza (obrigatória e espontânea) da RSE desenvolvida; e iii) identificar se a forma de
condução da RSE (estratégica e indiscriminada) impacta o desempenho financeiro dessas
empresas.

2 MARCO TEÓRICO
O marco teórico aborda o avanço do tema RSE na literatura de gestão, discorre sobre
as controvérsias conceituais, delimita os conceitos de responsabilidade social, desempenho
social e desempenho financeiro, bem como encerra as dimensões do desempenho social a
serem exploradas.

2.1 Abordagem Estratégica da RSE: a transição de um conceito ético e filosófico para


uma ação gerencial orientada
Os estudos sobre RSE, intensificados a partir da década de 1950 (CARROLL, 1979),
refletem a sua natureza inerentemente controversa (ALCAÑIZ et al., 2010) e revelam a
necessidade de seu melhor delineamento para compreender com mais acuidade as motivações
do engajamento das empresas na questão. Assim, William C. Frederick, ainda em 1978, já
indicava a necessidade de se expandir o conceito ético e filosófico de RSE (considerado
amplo e vago) para um construto operacionalizável (FREDERICK, 1994). Esse autor propôs
o termo responsividade social empresarial em substituição ao conceito de responsabilidade
social empresarial, sob o argumento de que o conceito de responsividade social seria mais
apropriado para responder às pressões sociais e medir a habilidade da empresa para gerir suas
relações com os vários grupos sociais. Na visão de Frederick, a responsividade social reflete a
ação gerencial orientada e instrumentalizada, a partir de técnicas e ferramentas
administrativas capazes de verificar se as empresas podem responder às pressões sociais,
como e até que ponto irão fazê-lo e quais os custos e efeitos que estas respostas terão
(FREDERICK, 1994). Desde então, inúmeros estudos, teóricos e empíricos, foram
desenvolvidos seguindo o ponto de vista de Fredercik, e tentando explicar, conceituar e
construir formas de mensurar o desempenho social empresarial.
Wood (1991) reconhece a importância dos estudos em torno da responsividade social
empresarial, mas afirma que eles são inadequados e insuficientes, do ponto de vista
conceitual, para constituir uma teoria do desempenho social empresarial. Para Wood (1991),
apesar de integrar o desempenho social da empresa, a responsividade social não o explica por
completo. Sob essa perspectiva, Wood (1991) amplia o modelo conceitual de desempenho
social, proposto por Wartick e Cochran (1985), demonstrando que a responsividade social é
apenas um de seus elementos. A corrente teórica que tem procurado avaliar o desempenho
social das empresas e prescrever como as empresas podem ser mais efetivas nessa questão
surgiu no início dos anos 1980, a partir da escola de gestão de temas sociais (social issues
3
management), e é denominada de abordagem estratégica da RSE (FARIA E SAUERBRONN,
2008). Trata-se de uma abordagem que considera a existência de uma relação positiva entre o
comportamento socialmente responsável e o desempenho econômico da empresa (ASHLEY,
et al., 2004).
Tal comportamento traduz-se numa ação proativa que tem três características: a)
consciência maior sobre as questões culturais, ambientais e de gênero; b) antecipação,
evitando regulamentações restritivas à ação empresarial pelo governo, e c) diferenciação de
seus produtos diante de seus concorrentes menos responsáveis socialmente (ASHLEY, et al.,
2004). É uma forma exclusiva de a empresa melhorar sua reputação e identificar
oportunidades de testar novas tecnologias e produtos para adquirir vantagens competitivas no
mercado globalizado, auferindo vantagens competitivas e minimizando riscos quanto aos
impactos de cunho ético e social que podem afetá-la. (ASHLEY, et al., 2004; FARIA;
SAUERBRONN, 2008).
Para a abordagem estratégica da RSE, os objetivos estratégicos corporativos são
melhores atingidos quando a empresa inclui em sua gestão questões de cunho social. É nessa
perspectiva que estudos foram desenvolvidos com foco no desempenho social empresarial. A
finalidade principal é explicar em que contextos ou circunstâncias a RSE leva a empresa a
maiores ganhos. Além disso, os estudos dessa natureza têm produzido instrumentos
(ferramentas de gestão) com o objetivo de melhorar o desempenho social e ético das empresas
(FARIA e SAUERBRONN, 2008). Alguns desses estudos são referenciados nos itens 3.1 e
3.2 - implicações teóricas.

2.2 A delimitação conceitual de RSE e Desempenho Social Empresarial


Não obstante ser debatido por mais de cinco décadas, o conceito de RSE permanece
em construção (SCHWARTZ; CARROLL, 2003) e ainda longe de um consenso sobre o que
exatamente deve ser incluído nele (FREDERICK, 1994), tanto no mundo empresarial como
no acadêmico (DAHLSRUD, 2008). Apesar disso, este trabalho alinha-se com o conceito
seminal de Carroll (1979, p.500): “a responsabilidade social empresarial abrange as
expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem das empresas em
determinado momento”.
Nesse conceito, percebe-se que Carroll (1979) classifica as práticas de RSE em
obrigatórias (legais) e espontâneas (éticas e discricionárias). Em trabalho posterior, as práticas
éticas e discricionárias são classificadas sob um único domínio – o ético, e o modelo
conceitual é reduzido a três dimensões: econômica, legal e ética (SCHWARTZ; CARROLL,
2003). No domínio econômico estão as atividades que se destinam, direta ou indiretamente, a
maximizar o lucro ou o valor da ação das empresas (SCHWARTZ; CARROLL, 2003). Isso
significa que quando práticas de RSE, obrigatórias (legais) e/ou espontâneas (éticas), forem
realizadas com alguma finalidade econômica, devem ser classificadas no domínio econômico.
Apenas práticas puramente éticas (sem qualquer viés econômico) devem ser classificadas no
domínio ético (SCHWARTZ; CARROLL, 2003).
Entretanto, os próprios autores reconhecem a dificuldade em delimitar práticas
puramente legais e estritamente éticas, uma vez que existem práticas éticas que também são
legais, e práticas que, apesar de serem legais, não são vistas como éticas (SCHWARTZ;
CARROLL, 2003). Assim, visando evitar possível confusão conceitual, este trabalho delimita
em práticas de RSE legais aquelas previstas na legislação das esferas federal, estadual e
municipal, bem como aquelas pacificadas em jurisprudência (SCHWARTZ; CARROLL,
2003). Por sua vez, práticas de RSE éticas são quaisquer atividades que, de certa forma, são
esperadas pela sociedade, mas ainda não foram transformadas em lei (CARROLL, 1979),
tendo ou não um fim econômico. Como por exemplo, práticas que refletem as preocupações
da empresa com consumidores, funcionários, acionistas e comunidade (SCHWARTZ;
4
CARROLL, 2003). Dessa forma, para fins de operacionalização da proposta desse trabalho,
as práticas de RSE legais serão consideradas aquelas estritamente obrigatórias por lei e as
práticas éticas são todas as demais realizadas pela empresa, em favor dos stakeholders, de
forma espontânea, uma vez que não são previstas no ordenamento jurídico.
Quanto ao conceito de desempenho social empresarial, este trabalho adota a definição
proposta por Wartick e Cochran (1985), posteriormente aperfeiçoada por Wood (1991). Nessa
definição, o desempenho social das empresas é uma configuração de princípios de
responsabilidade social, processos de resposta social, políticas, programas e resultados
observáveis que se referem às relações sociais da empresa. E sua mensuração pode ser feita
por meio de resultados observáveis em termos de impactos, programas e políticas sociais
desenvolvidas pelas empresas para lidar com questões sociais e interesses de seus
stakeholders (WOOD, 1991). Portanto, a avaliação completa do desempenho social de uma
empresa deve capturar resultados econômicos, expressos em relatórios contábeis e financeiros
das empresas, como resultados não econômicos, evidenciados por políticas e diretrizes
organizacionais, frutos da cultura das empresas e empresários.

2.3 Desempenho Social Empresarial: Dimensões Indicadores


A multidimensionalidade do desempenho social tem sido objeto de estudo de
inúmeros trabalhos (SINGAL, 2014; MELO, 2012, BRAMMER; PAVELIM, 2006), porém
não existe consenso em torno de um conjunto de medidas verdadeiramente capaz de mensurá-
la, nem em torno dos temas ou iniciativas abarcadas pelas dimensões ou subcategorias.
(WADDOCK; GRAVES, 1997).
Os stakeholders mais próximos de PMEs são: empregados, clientes e comunidade
(JENKINS, 2006). Esses públicos interessados podem, portanto, serem considerados
stakeholders primários. Estudos indicam que investimentos realizados nas demandas sociais
de stakeholders primários (empregados e clientes) contribuem para melhorar o desempenho
financeiro das empresas (VAN DER LAAN, et al., 2008; ORELLANO; QUIOTA, 2011) e
que pequenos e médios empresários acreditam que atender os interesses da comunidade
impacta na boa imagem da empresa e no retorno dos investimentos (OLIVEIRA, 1984).
Assim, esse trabalho alinha-se com os estudos citados e recomenda que dentre as várias
dimensões do desempenho social, as dimensões mais adequadas no âmbito de PMEs são:
empregados, clientes e comunidade.
Não há consenso, ainda, quanto à natureza e métricas dos indicadores de desempenho
social. Estes variam numa ampla gama de condições, desde as características dos recursos,
processos internos e resultados específicos de cada empresa, até as peculiaridades do ramo de
atividade ou setor econômico no qual as empresas pertencem (WADDOCK; GRAVES,
1997). No caso do Brasil, o fato de as empresas não serem obrigadas a divulgar informações
sobre suas ações sociais também acarreta ausência de uniformidade e de padronização na
divulgação de dados sociais (CRISÓSTOMO et al., 2011) e dificulta a construção de um
índice que considere tanto critérios quantitativos como qualitativos na avaliação do
desempenho social (ORELLANO; QUIOTA, 2011).
Como isso gera dificuldades para a realização das pesquisas (CRISÓSTOMO et al.,
2011), estudos brasileiros optaram por construir seus próprios indicadores (BORBA, 2006;
CRISÓSTOMO et al., 2011) e/ou utilizar indicadores contemplados pelo Balanço Social do
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) (BORBA, 2006, CESAR;
SILVA-JÚNIOR, 2008, ORELLANO; QUIOTA, 2011 e CRISÓSTOMO et al., 2011). Este
ensaio teórico sugere aos futuros estudos empíricos o aproveitamento dos indicadores já
construídos, com as devidas adaptações, se necessário. Em caso da necessidade de construção
de novos indicadores, a metodologia do IBASE é uma importante referência.

5
A metodologia do balanço social do IBASE confronta os investimentos realizados
pelas empresas nas diversas frentes do desempenho social com a receita líquida. Os índices
podem ser calculados mensalmente e anualizados. Em relação aos empregados, as frentes
mais comuns previstas no balanço social são os investimentos, obrigatórios ou espontâneos,
feitos em folha de pagamento, encargos sociais, alimentação, previdência privada, saúde,
segurança e medicina do trabalho, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento
profissional, creche, participação nos lucros e resultados etc.
Na dimensão comunidade, investimentos espontâneos relacionam-se a educação,
cultura, saúde e saneamento, habitação, esporte, lazer e diversão, creche, alimentação,
combate à fome e segurança alimentar. E os investimentos obrigatórios vinculam-se às
práticas de gerenciamento do impacto da empresa na comunidade, em termos de geração de
lixo, mau cheiro, tratamentos de efluentes e outras formas de poluição.
A dimensão clientes não é contemplada pelo balanço social do IBASE. Nesse caso,
sugere-se que sejam utilizadas, como referência, as iniciativas previstas na dimensão clientes
e consumidores, contida nos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, um
relevante instrumento de avaliação da RSE fornecido pelo Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social. Nesse instrumento, os investimentos, obrigatórios e espontâneos,
direcionam-se para o setor de serviço de atendimento ao cliente (SAC), contemplando,
principalmente, o treinamento de funcionários. Os investimentos ainda são aplicados em
programas com foco em saúde e segurança do consumidor, processos de identificação e
gerenciamento de danos potenciais dos produtos ou serviços e em outras frentes relacionadas
ao código de defesa do consumidor.

2.4 Desempenho Financeiro Empresarial: Dimensões e Indicadores


O desempenho financeiro tem sido investigado em estudos de RSE, tanto como
variável preditora, como consequente, do desempenho social. Trabalhos indicam que o
desempenho financeiro influencia positivamente o desempenho social (PRESTON;
O’BANNON,1997; WADDOCK; GRAVES, 1997; MELO, 2012), como também pode ser
influenciado positivamente por este, o que configura um círculo virtuoso entre ambos
(WADDOCK; GRAVES, 1997). Os vários indicadores que são empregados para medir o
desempenho financeiro das empresas podem ser classicados em duas categorias: medidas de
base de mercado e medidas contábeis (COLAUTO et al., 2009). Medidas de base de mercado
refletem a valorização mais próxima do valor econômico da empresa, pois, têm como base o
preço de suas ações, um indicador de valor para os acionistas. Flutuando no mercado, os
preços das ações acabam por incorporar os movimentos gerais do mercado, da inflação e do
risco da empresa, fazendo com que essas medidas sejam apropriadas para refletir todos os
aspectos do desempenho geral de uma companhia (BHARADWAJ et al., 1999). Assim, as
medidas de base de mercado são adequadas para refletir o desempenho financeiro da empresa
e auxiliar no planejamento e na tomada de decisões dos acionistas (COLAUTO et al., 2009).
Dentre as medidas de base de mercado estão o Q de Tobin, o Valor Econômico
Agregado (Economic Value Added - EVA) e o Valor de Mercado Agregado (Market Value
Added - MVA) (COLAUTO et al., 2009). O Q de Tobin foi concebido como uma medida de
investimento futuro na empresa. Atualmente pode ser interpretado como um indicador de
oportunidade de crescimento das empresas, uma vez que companhias que apresentam esse
indicador mais elevado possuem maior estímulo para realizar novos investimentos de capital
em relação àquelas que o apresentam num patamar mais modersto (COLAUTO et al., 2009).
O EVA é um indicador dequado para avaliar a criação de valor da empresa e relacionana-se
com o conceito de custo de oportunidade por ser equiparado a uma rentabilidade mínima para
o capital do acionista (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011). O MVA avalia o quanto a
administração agrega de valor ao capital investido na companhia no longo prazo e reflete a
6
visão do mercado de capitais acerca da empresa, incorporando a expectativa de seus
resultados futuros (CERQUEIRA, et al., 2009).
Por sua vez, as medidas contábeis resultam das diversas inter-relações possíveis entre
os elementos das demonstrações financeiras (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011). Os
indicadores mais comuns são os de liquidez (luiquidez geral, liquidez corrente, liquidez seca e
liquidez imediata), endividamento (endividamento geral e endividamento financeiro) e
rentabilidade (retorno sobre o patrimônio líquido - ROE, retorno sobre o ativo - ROA e
retorno sobre o investimento - ROI) (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011). A depender do
objetivo da análise, outros indicadores específicos podem ser criados, desde que respeitem o
fundamento e a consistência conceitual que constituem a base da inter-relação entre os
elementos patrimoniais e de resultados (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011).
Tanto medidas de base de mercado quanto medidas contábeis têm sido utilizadas como
representativas do desempenho financeiro na literatura de desempenho social. O Q de Tobin
foi considerado nos estudos de McGuire et al. (1988) e de Crisóstomo et al., (2011). O MVA
foi empregado no trabalho de Melo (2012). Porém, as medidas contábeis citadas são, ainda, as
mais utilizadas (MCGUIRE, et al., 1988; BERRONE et al, 2007; CRISÓSTOMO et al., 2011;
MELO, 2012). Entretanto, segundo Venkatraman e Ramanujan (1985), a mensuração e
avaliação do desempenho financeiro requer alguns cuidados, uma vez ele não é
unidimensional. Para esses autores, o desempenho financeiro é composto por três dimensões:
crescimento de vendas, lucratividade e lucros por ação. Isso significa que indicadores dessas
dimensões, tais como crescimento das vendas, crescimento do lucro líquido e retorno sobre o
investimento (ROI), por exemplo, não podem ser combinados em uma única dimensão, haja
vista refletirem dimensões distintas.
Essas dimensões do desempenho financeiro são corroboradas na meta-análise
realizada por Combs, Crook e Shook (2005). Nesse trabalho, as dimensões são denominadas
de: retorno contábil, crescimento e valor de mercado. Para Combs, Crook e Shook (2005), as
dimensões são distintas, mas relacionadas teoricamente e estatisticamente, fazendo com que
apresentem alguma sobreposição. Nesse ponto de vista, uma estratégia de baixo custo pode
aumentar o retorno contábil (pela redução do custo), como melhorar o crescimento, atraindo
novos clientes pelo preço baixo. A distinção entre as dimensões está no fato de que, não
necessariamente, o crescimento leva a retornos contábeis, uma vez que empresas podem
sacrificar lucros em busca de crescimento. De forma semelhante, em indústrias com baixo
crescimento ou estagnadas, empresas podem esquecer o crescimento e priorizar a
lucratividade (COMBS; CROOK; SHOOK 2005).
O estudo de Combs, Crook e Shook (2005) evidencia que as medidas principais que
refletem a lucratividade (retorno contábil) são: retorno sobre os ativos (ROA), retorno sobre
as vendas (ROS) e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE). No entanto, os testes realizados
por esses autores indicam que as medidas contábeis que apresentam evidência de
confiabilidade são retorno sobre os ativos (ROA), retorno sobre o investimento (ROI) e
retorno sobre as vendas (ROS). Em relação às medidas de crescimento, as mais utilizadas são:
crescimento das vendas, crescimento do lucro e participação de mercado. Os indicadores de
valor de mercado que mais se destacam são o retorno sobre ação e o Q de Tobin (COMBS;
CROOK; SHOOK 2005).
Além da multidimensionalidade do conceito, outro cuidado a ser tomado no estudo do
desempenho financeiro é a separação de suas diferentes esferas de influência. Para Brito e
Brito (2012), o desempenho financeiro sofre influências de fatores estruturais do país, da
indústria, da corporação (nível estratégico) e da empresa (fatores idiossincráticos da unidade
de negócio). Porém, a influência do fator empresa é superior aos demais. Segundo Brito e
Brito (2012), é comum, nos estudos sobre desempenho financeiro, a decomposição das
dimensões em termos de variáveis de lucratividade, crescimento e valor de mercado.
7
Sabe-se que a utilização de medidas de base de mercado em estudo de PMEs é
dificultada pela baixíssima participação dessas empresas no mercado de capital. Apesar dos
incentivos do governo brasileiro e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) à abertura de
capital de PMEs, apenas onze empresas deste segmento estavam presentes na Bolsa de
Valores de São Paulo (BOVESPA) até junho de 2014 (CURY, 2014). Um caminho para o
estudo do desempenho financeiro de PMEs é a aplicação da metodologia apresentada em
Brito e Brito (2012), na qual o desempenho financeiro é avaliado utilizando as dimensões
retorno contábil, representado pelo ROA, e crescimento, refletido pela variação das vendas
líquidas no tempo. Assim, esse trabalho recomenda aos futuros estudos empíricos a replicação
dessa metodologia para a avaliação do desempenho financeiro de PMEs e a utilização das
mesmas medidas empregadas.

3 Agenda de Pesquisa e Desenvolvimento das Proposições de Teste Empírico


Este subtópico destina-se a discutir as implicações teóricas que cercam os estudos
sobre a relação entre desempenho social e financeiro das empresas e sugerir uma agenda de
pesquisa a partir da formulação de um modelo conceitual e proposições de teste empírico.

3.1 Implicações da Teoria Slack-Resources


Slack-Resources refere-se à uma maior disponibilidade de recursos organizacionais
(financeiro, humano, materiais etc), consequência de desempenho financeiro superior no
passado (PRESTON; O’BANNON, 1997; MELO, 2012). Os defensores da teoria Slack-
Resources argumentam que os gestores empresariais têm a discricionariedade de utilizar parte
destes recursos em iniciativas que não trazem retorno imediato (BANSAL, 2005), como pode
ser o caso de ações de responsabilidade social (WADDOCK; GRAVES, 1997). Neste caso, o
desempenho financeiro torna-se preditor de desempenho social (WADDOCK; GRAVES,
1997) e revela uma relação de causalidade entre um e outro (BERRONE et al., 2007;
GODFREY et al, 2009).
Vários estudos confirmam a validade dos argumentos dessa teoria, tais como o de
Preston e O’Bannon (1997), realizado com dados de 67 grandes empresas norte americadas, o
qual indica que o desempenho financeiro precede ou é contemporâneo do desempenho social;
o trabalho de Waddock e Graves (1997), realizado com 469 empresas listadas pela Standard
and Poor´s (indice S&P500), o qual revela que o desempenho social depende de um
desempenho financeiro positivo; e o estudo de Melo (2012), que analisou dados de 624
empresas listadas pela Stand and Poor´s (índice S&P 1000), identificando que o desempenho
financeiro anterior impacta positivamente o desempenho social e que este impacto ocorre em
diferentes intensidades em cada uma das dimensões do desempenho social. Com base nesses
resultados, este trabalho postula que pequenas e médias empresas com desempenho financeiro
anterior positivo investem em práticas RSE além das obrigatórias, conforme a proposição 1:

• P1: PMEs com desempenho financeiro anterior positivo investem em práticas de


RSE obrigatórias e espontâneas.

Waddock e Graves (1997) afirmam ainda que enquanto os investimentos das empresas
com forte desempenho financeiro direcionam-se para ações com impactos de longo prazo,
como as de melhoria das escolas da comunidade, as empresas com problemas financeiros têm
pequena capacidade para investir em atividades de RSE voltadas à comunidade, como as
relacionadas à filantropia empresarial. Ou seja, as empresas com desempenho financeiro nulo
ou negativo tem dificuldades para investir em práticas RSE espontâneas, classificadas no
domínio ético do modelo conceitual de Schwartz e Carroll (2003).

8
Nesse sentido, este trabalho considera que PMEs com desempenho financeiro anterior
nulo ou negativo, por enfrentam restrições financeiras, tendem a investir seus recursos apenas
em práticas de RSE obrigatórias, conforme a proposição 2:

• P2: PMEs com desempenho financeiro anterior negativo ou nulo investem apenas
em práticas de RSE obrigatórias.

3.2 Implicações da Teoria Good Management


A teoria Good Management integra a base teórica de muitos estudos em
responsabilidade social (BACKHAUS et al., 2002; SEIFERT et al., 2004; BRAMMER;
PAVELIN, 2006; PORTER; KRAMER, 2006) e configura-se numa visão instrumental da
teoria dos stakeholder (MELO, 2012). Neste aspecto, um pequeno recorte da teoria dos
stakeholders contribui para melhor entender os argumentos da teoria good management.
Os defensores da teoria dos stakeholders advogam a existência de stakeholders
primários e secundários, cujos interesses devem ser atendidos no processo de gestão da
empresa (CARROLL, 1979; FREEMAN, 1994, 2004; CLARKSON, 1995, FROOMAN,
1999). As reivindicações dos stakeholders primários são explicitadas em contratos formais,
como contratos de trabalho, de financiamento, fornecimento etc. E as reivindicações dos
stakeholders secundários são implícitas, decorrentes de um acordo da mesma natureza com a
empresa, tais como compromisso com a qualidade de produtos e serviços, relações com
agentes do governo etc. (CORNELL; SHAPIRO, 1987; McGUIRE et al., 1988).
Ambas as reivindicações geram custo para a empresa, mas as explícitas são mais
onerosas porque se não forem atendidas podem implicar em multas onerosas (CORNELL;
SHAPIRO, 1987; CLARKSON, 1995). Então, posturas socialmente irresponsáveis podem
fazer com que os stakeholders secundários queiram transformar suas reinvindicações
implícitas em explícitas, elevando, assim, o custo total da empresa e diminuindo, por
consequência, seu desempenho financeiro (CORNELL; SHAPIRO, 1987; McGUIRE et al.,
1988). Dos acordos com os stakeholders derivam ações de RSE em resposta aos impactos das
operações da empresa sobre eles (PORTER; KRAMER, 2006).
A teoria good management defende que se essas ações forem incorporadas à estratégia
da empresa resultam em recompensas por parte da sociedade (McWILLIAMS; SIEGEL,
2001), tais como melhor reputação da empresa perante seus consumidores (BRAMMER;
PAVELIM, 2006), maior preferência e lealdade dos clientes para seus produtos e serviços
(MCGUIRE, et al., 1988; PIVATO et al., 2008), maior motivação, satisfação e produtividade
dos funcionários e menos problemas trabalhistas (MCGUIRE, et al., 1988; WADDOCK;
GRAVES, 1997). Nesse aspecto, os pressupostos da teoria good management podem ser
utilizados para explicar alguns dos resultados encontrados por estudos que investigam as
relações entre desempenho financeiro e desempenho social das empresas. Van der Lann et al.,
(2008), Cesar e Silva-Júnior (2008) e Orellano e Quiota (2011) encontraram relação positiva
entre desempenho financeiro e os indicadores sociais internos (dimensão empregados) e
negativa em relação aos indicadores sociais externos (dimensão comunidade).
Os investimentos em empregados revelam-se estratégicos devido ao grau de
importância deles para a empresa (stakeholder primário) e ao nível de regulação de suas
relações com a empresa. Stakeholders primários, tais como empregados e clientes, mantêm
alto nível de interdependência com a empresa, o qual é evidenciado pelas frequentes
transações e relações de trocas, diretas e recíprocas, que eles têm com a organização (VAN
DER LAAN 2008; CLARKSON, 1987). Especialmente no Brasil, as relações de trabalho são
reguladas por uma complexa legislação trabalhista (SOUZA et al., 2012), o que faz com que
grande parte das ações destinadas aos empregados sejam de natureza obrigatória. Assim, este
trabalho considera que o grau de importância do stakeholder e o padrão de decisão e de
9
comportamento adotados pela empresa diante de determinadas ações obrigatórias podem
revelar aspectos de sua estratégia corporativa, conforme afirma Andrews (1994). Para esse
autor, uma estratégia corporativa configura-se por um padrão de decisões que determina e
revela os objetivos, propósitos ou metas de uma empresa. Esse entendimento eleva as
iniciativas de RSE enquadradas nestas condições à categoria de estratégicas para as empresas.
Por outro lado, os resultados em relação aos indicadores sociais da dimensão
comunidade podem ser negativos porque as ações de RSE direcionadas a esse stakeholder,
principalmente nas empresas brasileiras são, em sua maior parte, assistencialistas, aleatórias e
pulverizadas (PASSADOR, 2002), podendo assim, em sua concepção e execução, serem
classificadas como indiscriminadas (SINGAL, 2014). Por outro lado, existem ações nessa
dimensão que justificam ser integradas à estratégia, como é o caso de práticas obrigatórias,
relacionadas ao gerenciamento do impacto da empresa na comunidade, desenvolvidas em
termos de tratamento de geração de lixo, mau cheiro, efluentes e outras formas de poluição.
Apesar da dificuldade em medir os resultados de ações de RSE destinadas à
comunidade (SHAW; POST, 1993), Schwartz e Carroll (2003) indicam que tais ações
também podem se basear em motivos econômicos. É o caso das ações realizadas em favor da
comunidade com o objetivo de aumentar as vendas, melhorar a imagem pública da empresa e
a moral dos funcionários (SCHWARTZ e CARROLL, 2003) ou obter incentivos fiscais
(ESTIGARA, et al., 2009). Assim, a forma com que práticas de RSE são executadas pelas
empresas pode influenciar positivamente ou negativamente em seu desempenho financeiro. Se
forem integradas à estratégia podem melhorar o desempenho financeiro, mas se forem
realizadas de forma indiscriminada, impactam negativamente. Sob tais argumentos, este
trabalho postula as proposições 3 e 4:

• P3: Práticas de RSE integradas à estratégia impactam positivamente o


desempenho financeiro de pequenas e médias empresas.

• P4: Práticas de RSE indiscriminadas impactam negativamente o desempenho


financeiro de pequenas e médias empresas.

Discutidas as implicações teóricas e propostas as proposições de pesquisa, a seguir é


delineado o modelo conceitual.

3.3 Modelo Conceitual


Com base na discussão teórica e nas proposições de pesquisa, é formulado o modelo
conceitual deste estudo, conforme esquematizado na figura 1. As setas contínuas representam
as proposições de pesquisa, enquanto as setas pontilhadas representam apenas condições. Isso
quer dizer que ações de RSE, obrigatórias e espontâneas, podem ser tanto integradas à
estratégia como indiscriminadas. Percebe-se ainda que desempenho financeiro e desempenho
social aparecem como variáveis preditoras e consequentes entre si. O que as diferencia é o
recorte temporal da análise. Para se medir o efeito do desempenho financeiro sobre o
desempenho social é necessário um hiato de tempo, de T-1 (período anterior) para T (período
atual). O mesmo não é necessário para se verificar o efeito do desempenho social sobre o
desempenho financeiro, pois espera-se que tal efeito também possa ser medido dentro do
próprio período de tempo atual (T). Assim, a proposta desse ensaio é que futuros estudos
empíricos realizem pesquisas longitudinais, assim como é feito com grandes empresas.

10
Figura 1: Modelo conceitual da pesquisa
 
T‐1  T T, T+1 

Desempenho Social
Desempenho  Desempenho 
Financeiro  Dimensões Financeiro 
Empregados –  Comunidade ‐ Clientes 
Naturezas das ações  Formas de Execução 
   
Negativo P2    P3 
           
Obrigatórias
         
Integradas à estratégia Aumenta
ou nulo
                           
P1 
Positivo             

                     P4
Espontâneas Indiscriminadas Reduz
               

Fonte: o autor

3. DELIMITAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (PMEs)


Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm recebido atenção de pesquisadores nos
últimos anos, mas a extrema heterogeneidade dessas empresas e a falta de consenso quanto às
formas de classifica-las são tidos como grandes dificuldades ao avanço de pesquisas e à
formulação de teorias mais adequadas ao seu contexto (LEONE; LEONE, 2012). São vários
os indicativos que podem ser utilizados para a classificação das empresas nessas categorias,
mas nenhum deles é considerado completamente apropriado e definitivo para todos os tipos
de contexto (LIMA, 2001).
Leone e Leone (2012) analisaram os critérios comumente usados na literatura
científica e no cotidiano de órgãos e organizações em diversos países (EUA, Rússia, Japão,
Índia, Coréia da Sul e em Estados membros do Mercosul), classificando-os em qualitativos,
quantitativos e mistos. No Brasil, as duas principais normas balizadoras dos critérios de
classificação de empresas são a Resolução GMC nº 59/98, do MERCOSUL, e a Lei
Complementar nº 123/2006, denominada de Estatuto da Micro e Pequena Empresa (LEONE;
LEONE, 2012).
Com base nesses dispositivos legais e no atendimento dos próprios interesses, vários
órgãos brasileiros (Banco do Brasil, BNDES, SEBRAE, CAIXA, FIESP e Receita Federal do
Brasil) editam suas próprias normas para tipificar o porte de empresas. A maioria desses
órgãos estabelece critérios quantitativos com base na receita bruta anual. Os critérios do
SEBRAE, FIESP e IBGE, também quantitativos, relacionam-se à medidas de número de
funcionários, sendo que o SEBRAE varia esse número por setores: indústria, comércio e
serviços (LEONE; LEONE, 2012). Como a Lei nº 123/2006 define as faixas de receita bruta
anual apenas para micros e pequenas empresas, sendo omissa em relação às médias
empresas, este ensaio sugere aos futuros estudos empíricos adotarem os critérios do BNDES
para referida classificação.
Conforme a Circular BNDES nº 11/2010, pequenas empresas são aquelas que obtêm
receita operacional bruta anual ou anualizada entre R$ 2,4 milhões e R$ 16 milhões e médias
empresas são as que auferem receita operacional bruta anual ou anualizada superior a R$ 16
milhões e inferior ou igual a R$ 90 milhões. Quando a empresa for controlada por outra ou
pertencer a um grupo econômico, a classificação do porte se dar-se em função da receita
operacional bruta consolidada do grupo.
11
Entende-se que a aplicação dos critérios do BNDES não entra em conflito com o perfil
de tributação das pessoas jurídicas no Brasil, estabelecido pela Receita Federal. Segundo a
nota técnica RFB nº 042/2007, 97,37% das pessoas jurídicas brasileiras têm até 30
empregados e 0,46% têm entre 50 e 70 empregados. Destas, 95,5% estão voluntariamente
enquadradas em regimes tributários simplificados (Lucro Presumido – 24,51% e Simples –
70,99%). Ainda segundo a nota técnica, mesmo dentro da faixa de empresas com mais de 70
empregados, mais de um terço são tributadas nos regimes do Lucro Presumido ou do Simples.
Sendo a amostra composta por empresas com diferentes sistemas de apuração do Imposto de
Renda, sugere-se que os estudos respeitem os critérios nos quais as empresas se enquadram.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sob a abordagem estratégica da RSE, estudos sobre o desempenho social empresarial
são realizados há quatro décadas, tendo como foco de análise as grandes corporações. Tais
estudos, além de procurar explicar as relações entre desempenho social e financeiro, têm
procurado produzir ferramentas de gestão capazes de aprimorar o desempenho social das
empresas. Apesar de reconhecer a relevância dos impactos sociais e ambientais das PMEs,
essas pesquisas não têm investigado o fenômeno nesse tipo de organização. Esse fato motivou
a realização do presente ensaio teórico.
Após revisar parte do conhecimento gerado pelo campo, este texto propõe um modelo
conceitual e sugere proposições de pesquisas para serem testados por futuros estudos
empíricos. Espera-se que as futuras pesquisas empíricas possam evidenciar se peculiaridades
específicas vivenciadas por PMEs, tais como maior vulnerabilidade às mudanças ambientais,
problemas relacionados às finanças (CAMPOS et al. 2008), visão de curto prazo e gestão
menos profissionalizada (NAKAMURA; ESCRIVÃO, 1999), levam as PMEs a investirem
mais recursos financeiros em práticas de RSE obrigatórias e menos em espontâneas. Além
disso, espera-se que os trabalhos empíricos evidenciem se as práticas de RSE impactam o
desempenho financeiro dessas empresas.
A realização desse ensaio teórico parte do pressuposto de que investigar o desempenho
social de PMEs pode gerar valiosas contribuições teóricas para esse campo de estudo e
fomentar a tomada de decisão dessas empresas.

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