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MATERIAIS E TÉCNICAS DE TECIDOS

Experimentações

Alguns exemplos de exploração expressivo-criativa dos tecidos:

- Recolha de amostras: efetuando um mostruário com pequenas amostras de tecido,


devidamente identificadas;

- Identificação de amostras: identificação de pequenas amostras de tecidos, comparando-os


com o mostruário;

- Análise pelo fogo: há diferente reação à chama, conforme a constituição do tecido. As


fibras animais ardem com dificuldade, deitam cheiro desagradável e deixam cinza pretas e
grossa. As fibras vegetais ardem com facilidade, cheiram a papel queimado (celulose),
deixando cinza fina e cinzenta. As fibras sintéticas derretem-se deixando um resíduo
semelhante ao plástico;

- Fibras: procurar obter fibras de vegetais (linho ou outros arbustos semelhantes,


descascados e desfiados), de animais (lã de ovelha ou pelo de cão, tosquiados), algodão (o
da farmácia também serve) e mesmo a partir do desfiar de tecidos velhos;

- Cardagem: fazer uma cardadora, com vários pregos sem cabeça, pregados muito
próximos numa ripa de madeira. Depois de bater e estender fibras obtidas pelos processos
anteriores, passá-las repetidamente por este "pente". Depois de bem cardadas, libertas de
lixos e borbotos, podem-se pentear com um pente normal, para as fibras ficarem menos
entrançadas;

- Fiação: enrolar manualmente as fibras com os dedos, de modo a ir criando um fio, que se
vai enrolando num cilindro de madeira;

- Criação de fios sintéticos: derreter numa vasilha pedaços de plástico mole (como os das
caixas para guardar coisas no frigorífico). Pode-se adicionar tinta plástica, para dar cor ao
plástico. Deitar, ainda quente, num passador que os pasteleiros usam para fazer os fios de
ovos, deixando escorrer para dentro de uma bacia com água fria. O fio de plástico, ao tocar
na água, arrefece e solidifica;

- Tingimento: experimentar diferentes tintas para tingir tecido, em amostras de fios


diferentes

Tecelagem
A tecelagem é a arte de transformar fibras têxteis (cânhamo, linho, algodão, etc.),
preparados pela fiação, em tecidos.

Os tecidos ordinários ou lisos são geralmente compostos por fios entrecruzados em duas
direções perpendiculares.
A urdidura são os fios longitudinais, paralelos, que se estendem por todo o comprimento da
peça. A trama, são os fios transversais, entrelaçados com os primeiros, passando por cima
dos fios pares e por baixo dos fios ímpares, abrangendo toda a largura da peça.

A tecelagem é efetuada em teares, desde o manual mais simples ao eletromecânica


computorizado.

Segundo alguns autores a tecelagem deriva da cestaria, pois o homem pré-histórico terá
começado por entrelaçar ramos, canas e vimes, passando posteriormente a fibras de
plantas como o linho e, posteriormente a fios confecionados com pelo de animais, como a
lã.

Ao fim de séculos de evolução, desenvolveram-se os modos de cardar e de fiar as fibras,


tendo-se desenvolvido a roca e o fuso. Os teares mais primitivos eram constituídos pelos
fios da urdidura pendurados num pau, com pesos na extremidade inferior, passando-se os
fios da trama por entre aqueles.

Para Expressão Plástica, existem à venda no mercado alguns pequenos teares manuais em
tudo iguais aos antigos teares de manípulos e de alavancas. Colocados sobre uma mesa,
permitem à criança confecionar tecidos com diferentes tipos de "debuxo" (modo como os
fios se cruzam).

Também se podem construir pequenos teares:

- Tear de bastidor ou tear de pregos: constrói-se um caixilho retangular constituído por


quatro ripas de madeira. Nas duas ripas mais pequenas pregam-se pregos a intervalos
muito pequenos. Para constituir a o fio ao primeiro prego de uma dos lados do caixilho,
fazendo-o passar depois pelo primeiro prego do segundo lado, depois pelo segundo prego
do primeiro lado, pelo segundo do segundo lado, e assim sucessivamente. Enrolando outro
fio num pau de gelado, tem-se a naveta, que se faz passar sucessivamente por cima e por
baixo dos fios da teia, constituindo a trama;

- Tear com pente, ou liço: A sua construção e funcionamento é igual ao anterior, mas ao
colocar-se a teia fazem-se os fios por um "pente" ou "liço". Este é constituído por um
pequeno retângulo de contraplacado de comprimento igual à largura do bastidor, tendo sido
efetuados na sua linha central uma série alternada de furos e ranhuras, tantas quanto os
pregos, por onde se faz passar os fios da teia. Deste modo, levantando este pente, os fios
da teia que passam pelos seus furos elevam-se acima do nível da teia, sendo mais fácil
fazer passar por eles a naveta.

Alguns exemplos de exploração expressivo-criativa dos tecidos no tear:

- Diferentes fios: experimentar confeccionar tecidos com diferentes tipos de fio: lã, linho,
cordel, linha de bordado, de croché, etc.;

- Diferentes debuxos: Experimentar diferentes modos de cruzamento dos fios: Tafetá:


cruzamento alternado de um fio de trama com um fio de teia; Tafetá duplo: cruzamento
alternado de dois fios de trama com dois fios de teia; Tafetá meio duplo: cruzamento
alternado de dois fios de trama sobre um fio de teia; Sarja: alternam-se os cruzamentos,
como os tijolos de uma parede; Cetim: cruzamento alternado do fio de trama, sobre um fio
de teia, depois três fios de teia, dois, quatro, um, três, etc.(interessa o mínimo possível de
cruzamentos);

- Aplicações: Experimentar incluir diferentes fios (lã, corda, cordel) e pedaços de tecido
(seda, algodão, malha), procurando proporcionar diferente composição estética ao tecido
que se vai tecendo;

- Confeções: procurar confecionar diferentes peças de tecido: cachecol, pano de loiça, pega
para panelas, manta de retalhos, saco para molas da roupa, etc.

- Tapeçarias: utilizar o tear para confecionar tapeçarias tecidas.

- Tratamentos: depois de confecionado o tecido, pode-se ainda aplicar-lhe diferentes


tratamentos, como tingir, estampar, impermeabilizar (borracha líquida, parafina, óleo de
linhaça, cola, etc.).

Costura

Poderemos considerar como costura a arte de coser, compreendendo os trabalhos


efetuados com agulha que têm por finalidade fazer, consertar ou adornar tecidos.

Os diversos pontos de costura dividem-se em dois grupos:

I - Pontos Simples, que se subdividem em:

- Ponto adiante: que serva para unir duas partes de um tecido, para fazer bainhas, etc.;

- Ponto de lado: que se distingue do anterior por ser feito obliquamente;

- Ponto de bainha, para fazer bainhas;

- Ponto atrás: que é um ponto de junção de tecidos;

- Pesponto: semelhante ao anterior, mas sem intervalos;

- Ponto de luva: que é outro ponto de junção;

- Ponto de X ou ponto de cruz: em que se cruzam duas linhas oblíquas e inversas;

- Ponto de casa: para casear as casas dos botões;

- Ponto de passagem: que serve para passajar.

- Pontos de Ornamentação, que derivam quase todos do ponto de cadeia:


- Ponto de cadeia: formado por laçadas que se encadeiam umas nas outras;

- Ponto de espinha: formado pelas mesmas laçadas, mas dispostas alternadamente à


direita e à esquerda;

- Ponto de recorte: executado como o ponto em cadeia, mas com as laçadas encostadas
umas às outras, servindo para guarnecer as extremidades dos tecidos;

- Ponto de marca ou ponto de cruz: que serve para formar letras e para marcar a roupa
branca.

Alguns exemplos de exploração expressivo-criativa da costura:

- Novas Criações: Confecionar de modo mais interessante e inédito, antigos artigos


utilitários, como: pano de loiça, guardanapo, pega para panelas, avental, toalha, etc.;

- "Alta Costura": Fazer roupas para fantoches e enxoval para bonecas, usando moldes em
papel, efetuando provas com alfinetes e alinhavos, etc.;

- Utilidades: confecionar artigos como, por exemplo: manta de retalhos, saco para o pão,
painel de sacos para por sapatos, rolo para frinchas de porta ou janela, etc.

Rendas e Bordados
As rendas e bordados são trabalhos artísticos efetuados manualmente com agulha e linha.

A diferença entre renda e bordado é que esta se sobrepõe a um fundo preexistente de


tecido, enquanto que a primeira se executa apenas com o fio, criando o seu próprio fundo.

Há algumas rendas que são feitas sobre fundo aberto, ou seja, efetuadas num "buraco" que
se recortou no tecido ou através da extração de fios de tecido, como nas rendas de Dresde.

O bordado é geralmente efetuado sobre um tecido que é esticado num bastidor, retangular,
quadrado ou em arco.

Há três tipos principais de bordados, dos quais derivam quase todos os outros:

1 - Bordado da branco: que é normalmente executado com fio de algodão sobre tecidos
laváveis, sendo conhecidos o bordado inglês, o da madeira, o Richelieu, em relevo, vários
pontos de fantasia, etc.;

2 - Bordado a cores: compreendendo, para além das três espécies de matriz (simples, com
claros e com sombras), todos os bordados que se executam com fios de diferentes
qualidades e cores;
3 - Bordado a fios contados: compreendendo vários trabalhos efetuados sobre talagarça,
estamina, filete, etc., cujos motivos são executados por meio de contagem de fios, pontos
ou casas.

Alguns exemplos de exploração expressivo-criativa de rendas e bordados:

- Renda desfiada: em tecido de serapilheira, de linho ou mesmo outro tecido grosso,


levantar com um alfinete determinados fios, cortando-os para dar ao tecido um aspeto de
renda;

- Tranças: Com três ou quatro fios fortes, efetuar o seu entrançamento, fazendo uma
"corda", que poderá ter diferentes cores, tipos de entrançamento e diferentes aplicações;

- Macramé: pendura-se horizontalmente um pau ou uma ripa e madeira (de comprimento


correspondente à largura que se pretende para a tapeçaria a efetuar), atando-lhe os fios
com que se vai trabalhar (normalmente corda, cordel grosso, lã espessa, etc.), ficando estes
na vertical. A seguir entrançam-se e dão-se nós com os fios, entretecendo-os conforme
melhor aprouver. Os espaçamento e os tipos de nós conferem ao trabalho a sua riqueza
estética;

- Bordado em serapilheira: Usa-se tecido de serapilheira, bem esticado num bastidor, sobre
o qual se borda, com agulha de bordado ou de estofador, usando lã, cordel ou outro fio
grosso;

- Bordado em tecido: Para um tecido normal, esticado num bastidor, usam-se agulhas e
linha de bordar (de várias cores e espessuras);

- Aplicações bordadas: Colocar no bastidor uma peça de tecido (camisa, cachecol, lenço,
etc.) e bordar sobre ele;

Tapeçaria

A tapeçaria é a arte de criar tecidos de natureza decorativa, em tear ou bastidor,


especialmente em lã mas também podendo ser empregue a seda ou o algodão, para forrar
paredes, móveis, soalho, etc.

As civilizações mais antigas fabricavam já tecidos imitando pinturas pela combinação de fios
de diferentes cores. A tapeçaria fabricada pelos Caldeus, Assírios, Medos, Persas e
Fenícios atingiu tal notoriedade que era muito procurada na Grécia e em Roma, onde
atingia elevados preços.

A igrejas dos primeiros tempos da Idade Média empregavam a tapeçaria na sua decoração,
tendo os tecelões ingleses atingido certa fama, no século XI.
No século XIII, com o regresso dos cruzados, que no oriente tomaram contacto com o
apreço dispensado naquelas regiões à tapeçaria, esta divulgou-se rapidamente por todos os
castelos da Europa.

O Museu Nacional de Arte Antiga, o Palácio Foz e o Palácio da Ajuda possuem notáveis
coleções de tapeçaria. Arraiolos e Portalegre são ainda hoje famosas pela elevada
qualidade artística dos seus tapetes.

A realização de uma tapeçaria pode ser efetuada de dois modos:

- Tapeçaria Tecida: em que a tapeçaria é efetuada num tear, tal como se estivesse a criar
qualquer outro tipo de tecido, com trama e teia, São exemplo os tapetes Persas, os de
Portalegre, de Gobelins e de Beiriz.

- Tapeçaria Bordada: em que há um tecido sobre o qual se bordam os desenhos, em ponto


de Arraiolos, ponto de cruz, meio ponto, nó de Esmirna, etc.

O desenho da tapeçaria pode ser efetuado de três modos:

- Criação direta: em que se atua diretamente sobre o material, aplicando-se os diferentes


fios coloridos sem qualquer ação de imaginação prévia;

- Desenho direto: em que se cria previamente o desenho, pintando-o sobre a teia;

- Com cartão: em que o desenho é criado sobre um cartão que se fixa sob a teia.

Alguns exemplos de técnicas de exploração expressivo-criativa da tapeçaria:

- Fada-do-lar: Esta técnica de tapeçaria que normalmente usa fio de lã, requer um tecido de
debuxo grosso (geralmente serapilheira), colocado num bastidor e uma agulha especial,
designada como "agulha de fada-do-lar". Emprega-se um arame fino dobrado para enfiar a
lã na agulha e com ela vai-se perfurando a tela em espaços pequenos e regulares. O ato de
espetar e tirar a agulha faz com que esta deixe na tela pequenas argolinhas. É a única
técnica de tapeçaria que é executada pelo avesso da tela, deixando do lado principal um
espesso aveludado de argolinhas de lã. Depois de terminado o trabalho, deve-se aplicar, no
avesso, uma camada de cola de madeira diluída em água, para que os fios não desfiem;

- Esmirna: Utiliza-se uma tela de malha grossa e uma agulha, especiais para "Esmirna". A lã
utilizada é cortada em bocadinhos pequenos (existe no mercado maços já preparados),
atando-se cada um à tela com a ajuda da agulha;

- Tapeçaria bordada: O princípio é quase sempre o mesmo: uma tela esticada num bastidor,
sobre a qual se bordam desenhos, normalmente com lã e uma agulha de lã. O que varia
são os pontos, que podem ser de Rya (ponto de nó), de Fantasia (matiz, cadeia, flor,
margarida, cheio, lançado, espinha, atrás, mosca, nozinhos, ziguezague, cadeia, etc.), Fios
Contados, Ponto de Cruz, etc. Para as crianças mais pequenas, basta dar-lhes uma agulha
com a lã enfiada, para que comecem logo a bordar, sem se preocuparem com o tipo de
pontos;
- Tapeçaria de Aplicações: trata-se essencialmente de um bordado de aplicações, em que
se aplicam pedaços de tecido sobre a tela. Normalmente estes pedaços de tecido são de
cores e formas variadas, cosidos com ponto de recorte, de cadeia ou de zigzag. A tapeçaria
Hindu usa muito esta técnica, chegando a aplicar lantejoulas e pequenos espelhos;

- Tapeçaria de Arraiolos: efetua-se bordando com lã sobre uma tela de serapilheira,


usando-se os pontos de Arraiolos, largo ou apertado.

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