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Relatório de

2018

Visita Técnica
Aterro Sanitário de Feira de Santana
– SUSTENTARE SANEAMENTO

Dário Magalhães e Francirley Santos


PPGECEA/UEFS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - UEFS

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental – PPGCEA


Disciplina: Disposição Final de Resíduos Sólidos
Professora: Maria do Socorro Costa São Mateus
Aluno: Dário Magalhães Dias e Francirley Santos da Silva

Relatório de Visita Técnica


Aterro Sanitário de Feira de Santana/BA operado pela SUSTENTARE
Saneamento
Data: Dezembro/2018

INTRODUÇÃO
Com o objetivo de estabelecer relações entre o conteúdo teórico e a prática
na disciplina de Disposição final de Resíduos Sólidos, do Programa de Pós-
graduação em Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana, os
alunos realizaram a visita técnica ao aterro sanitário (AS) da cidade de Feira de
Santana/BA operado pela empresa Sustentare Saneamento. Esta atividade visou,
também, proporcionar conhecimentos de diferentes realidades tecnológicas de
disposição final de resíduos para cidades de grande porte, propiciando aos alunos
um aprendizado mais efetivo na observação das inúmeras variáveis que influenciam
a engenharia dos aterros sanitários, dentro da perspectiva sanitária, ambiental e
geotécnica.
Este relatório técnico traz a compilação de dados de projeto e operação do
aterro sanitário visitado, com informações passadas pelo corpo técnico da empresa,
dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS e do
banco de dados do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da
Bahia – INEMA.

A empresa

Razão Social: Data da abertura


SUSTENTARE SANEAMENTO S/A 24/09/2013
CNPJ:
17.851.447/0004-10
A empresa é a atual responsável pela operação do aterro sanitário que recebe
os resíduos sólidos da cidade de Feira de Santana, após vencer licitação para este
fim, no município. O mesmo aterro era operado anteriormente pela empresa Qualix
Servicos Ambientais S.A, que encontra-se em recuperação judicial, no entanto,
integram o mesmo grupo da atual, inclusive alguns documentos apensados no
processo de licenciamento ainda recebem o brasão da antiga empresa.

Figura 1 - Vista aérea do aterro sanitário visitado

Dados do SNIS

O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre saneamento foi concebido


e vem sendo desenvolvido pelo Programa de Modernização do Setor Saneamento –
PMSS, vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA, do
Ministério das Cidades – MCIDADES. O SNIS consiste de um banco de dados
administrado na esfera federal e contém informações sobre a prestação de serviços
de saneamento, entre eles a componente Limpeza Urbana e Manejo dos RSU, de
caráter operacional, gerencial, financeiro, de balanço e sobre a qualidade dos
serviços prestados
O SNIS coleta dados sobre os serviços de manejo de Resíduos Sólidos
Urbanos desde o ano de referência 2002. Os dados de cada ano são publicados nos
respectivos Diagnósticos dos serviços e as informações são auto declaratórias,
preenchidas pelos municípios ou empresas em regime de concessão dos serviços.
A Tabela abaixo traz alguns dados referente ao ano de 2016, para o
município de Feira de Santana

Quadro 1 - Dados do SNIS para Feira de Santana

Valor
Valor
contratado
contratado
(preço Quantidade
(preço Quantidade Quantidade
População População Unitário) Total de Despesa total Geração
Unitário) Total de Total de
Total Urbana do serviço RDO e com manejo percapta de
do serviço RDO RPU
(Hab) (Hab) de RPU de RSU RDO
de coleta coletada coletada
IBGE IBGE aterramento coletada (R$/Ano) (kg/hab/dia)
de RDO e (Ton/Ano) (Ton/Ano)
de RDO e (Ton/Ano)
RPU
RPU
(R$/Ton)
(R$/Ton)
622.639 571.177 99,86 34,46 173.600 72.000 245.600 41.360.000,00 0,83
Fonte: SNIS, 2016. .

Histórico da empresa junto ao órgão estadual de Meio Ambiente


Licenças Ambientais

Em 24/09/04 o Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEPRAM por meio


da Resolução nº 3327/04 concedeu Licença de Operação, a QUALIX SERVIÇÕES
AMBIENTAIS LTDA, para a célula 01 do aterro sanitário de Feira de Santana/BA.
Conforme Portaria N° 10.568 de 06 de fevereiro de 2009, foi concedido a
Licença de Operação à SUSTENTARE SERVIÇOS AMBIENTAIS S.A para operar
as células 04, 05 e 06 do aterro sanitário de Feira de Santana/BA.
Já em 2014, a empresa obteve do INEMA a Renovação da Licença de
Operação, através da Portaria nº 6898, válida pelo prazo de 04 (quatro) anos, para
operar a célula 06 do Aterro Sanitário para recepção e disposição final de 600 t/dia
dos seguintes resíduos sólidos da Região Metropolitana de Feira de Santana:
urbanos; comerciais e prestadores de serviços; serviços públicos de saneamento
básico; industriais com exceção dos classificados como classe 1; serviços de saúde
previamente tratado e dispor os resíduos inertes da construção civil e de podas.
Autos de Infração
Em relação a aplicação de penalidades envolvendo multas ambientais, há o
registro das algumas notificações no Sistema Estadual de Informações Ambientais,
entre elas podemos destacar:
 Em 07/03/2013, o INEMA aplica a penalidade de multa (2013-
002141/TEC/AIMU-0065) no valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil
reais) a SUSTENTARE, pela contaminação do solo por chorume
proveniente de aterro sanitário causando poluição e degradação
ambiental.
 Em 25/07/2013 o INEMA aplica a penalidade de multa (2013-
007558/TEC/AIMU-0304) no valor de R$ 75.000,00 (setenta e cinco
mil reais) a SUSTENTARE, pela contaminação da rede de água
pluvial por chorume causando poluição e degradação ambiental da
área no entorno do aterro sanitário.

Dados de Construção e Operação do Aterro Sanitário

O aterro sanitário operado pela empresa, fica ao lado do antigo lixão do


município, separado pelo cinturão verde da área. Este cinturão integra as
condicionantes ambientais da empresa e em parte não se obteve êxito, em função das
características climáticas e do solo da região. Visando analisar a origem da pluma de
contaminantes, a empresa executou, por meio do método da eletrorresistividade, que
consistiu na comparação dos resultados de várias seções de imageamento elétrico, o
ensaio geofísico com a finalidade de comprovar que não era a responsável pela
contaminação e sim o antigo lixão.
A localização do aterro está próxima a um bairro construído por ocupação
(invasão) e é atualmente um fator limitante para futuras expansões dos atuais 10.000
m2 (1 hectare).
Os taludes internos da vala possui uma profundidade útil máxima da vala de
5,0 metros, tendo o fundo da vala largura de 25,0 metros e inclinação de 5% em
direção ao dreno de percolado.
A camada impermeabilizante de fundação foi projetada em um sistema
composto de solo argiloso compactado com permeabilidade igual ou superior a 10-7
cm/s, com variação em torno de 10-6 cm/s segundo o engenheiro Denilton Salomão,
que nos acompanhou durante a visita técnica, com 0,50 metros de espessura, acima
dela temos o colchão drenante de aproximadamente 40 cm e uma manta de Geotêxtil
para realizar a drenagem de qualquer percolado para um poço de inspeção
testemunho. Ou seja, todo material que atravessar a camada de 2mm de PEAD que
está sobre esse colchão drenante, aparecerá no poço testemunho.
O sistema de drenagem de gases é formada por uma malha retangular de
tubos PEAD perfurados de no mínimo 2 polegadas, envoltas com pedras de mão, e
canalizados para os queimadores. De acordo com o engenheiro, a antiga célula que
se encontra sem receber novos resíduos, não ocorre mais a queima na ponta do
sistema de drenagem em função de não haver mais geração de metano (não fase
específica para geração do biogás) devido à baixa umidade.
Nesta antiga célula, para fins de teste da efetividade da recirculação de
chorume para amenizar os problemas supracitados, foram utilizados 80.000 litros de
chorume e traçador com pastilhas de cloro, com percolação pelo maciço de lixo e a
recuperação/monitoramento pela base do sistema de drenagem de líquidos.
Já o sistema de drenagem de lixiviado é realizado por drenos do tipo espinha
de peixe, sendo até 3 linhas de captação longitudinais nas novas células, que são
construídos apoiados (em torno de 20%) a partir de escavação na camada de argila e
preenchidos com matacão, tubo kananet perfurado e envelopado com Bidim. Tais
canaletas vão surgindo com o avanço da frente de operação, para evitar perdas e
entupimento.
Em decorrência de não estar recebendo o resíduo da coleta municipal, o
aterro recebe atualmente uma contribuição em torno de 50 Ton/dia de RSU. Uma
célula finalizada, após a disposição do resíduo fica em torno de 60 m de altura,
sendo 5 m escavados e 55 m acima do nível do solo. O material de cobertura é RCD
disposto em camada em torno de 55 cm.
Os recalques é realizado por empresa terceirizada, a Infratech, e há marcos
superficiais para acompanhamento das movimentações por meio de GPS geodésicos
de alta precisão.

Lagoas de tratamento de efluentes


A vazão do chorume atualmente é em torno de 3 m³/hora e o sistema de
tratamento projetado encontra-se desativado parcialmente.
O sistema de tratamento, construído com um investimento em torno de 2
milhões, era composto por um sistema que utiliza a tecnologia de STRIPPING do
Nitrogênio, com aplicação de calor e soda cáustica, de tal forma que se chegue a um
ambiente favorável a um sistema biológico adequado (colônia de bactérias), para
digestão orgânica e anaeróbia do chorume.
Em seguida o chorume era encaminhado para uma lagoa de estabilização
aerada de 16 metros de profundidade (anaeróbio) e após esta etapa era encaminhado
a uma bacia de fitodepuração (wetland), de aproximadamente 60 cm de
profundidade com cultivo de espécie vegetal, uma hidrófita conhecida como taboa.
Após este processo retornava para uma outra lagoa. O processo possui boa
eficiência, saindo de uma DBO de 5.000 mg/L para 250 mg/l mas, o órgão
ambiental requereu um tratamento que possibilitasse um residual de 5 mg/l após
tratamento.
Sendo assim, o processo funciona apenas as lagoas convencionais para
redução da carga orgânica para reduzir o custo. A empresa atualmente encaminha o
efluente em caminhões-pipa para a empresa CETREL em Camaçari, a um custo
médio de R$ 25,00/m³, com variações pois depende de parâmetros como volume,
carga orgânica (DBO) e matéria sólida que podem alterar para mais ou para menos
este valor.

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