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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN)

PATRYK MELO

RADIAÇÃO GAMA NA FUNCIONALIDADE E


INTERAÇÃO DE Cladonia salzmannii Nyl. (LÍQUEN) COM
O SOLO

RECIFE - PERNAMBUCO - BRASIL


JUNHO - 2011
RADIAÇÃO GAMA NA FUNCIONALIDADE E
INTERAÇÃO DE Cladonia salzmannii Nyl. (LÍQUEN) COM
O SOLO
PATRYK MELO

RADIAÇÃO GAMA NA FUNCIONALIDADE E


INTERAÇÃO DE Cladonia salzmannii Nyl. (LÍQUEN) COM
O SOLO

Dissertação apresentada ao Programa


de Pós-Graduação em Tecnologias
Energéticas e Nucleares da
Universidade Federal de Pernambuco
em cumprimento aos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Tecnologias Energéticas e Nucleares.
Área de concentração: Aplicação de
Radioisótopos na Agricultura e Meio
Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Waldeciro Colaço


Co-orientadora: Profa. Dra. Eugênia Cristina Gonçalves Pereira

RECIFE - PERNAMBUCO - BRASIL


JUNHO - 2011
M528r Melo, Patryk.

Radiação gama na funcionalidade e interação de Cladonia


salzmannii Nyl (líquen) com o solo. / Patryk Melo. - Recife: O
Autor, 2011.
47 f. : il., mapa, tabs.

Orientador: Prof. Dr. Waldeciro Colaço.


Co-orientadora: Profª Drª Eugênia Cristina G. Pereira.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologias Energéticas e Nucleares, 2011.
Inclui Referências.

1. Raios gama. 2. Liquens. 3. Cladonia salzmannii.


4. Solo. I. Colaço, Waldeciro (orientador). II. Título.

571.459 CDD (21. ed.) UFPE/BDEN/2011-002


RADIACAO GAMA NA FUNCIONALIDADE E INTERACAO
DE Cladonia salzmannii Nyl. (LIQUEN) COM O,SOLO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Waldeciro Colai;o


CO-ORIENT ADORA: Profa. Dra. Eugenia Cristina Goni;alves Pereira

Vis!"~~:!i7 7;:1
Coordenadot do PROTENIDIDNIUFPE
v
À minha querida e eterna “Teacher”,
Eugênia Cristina Pereira
DEDICO
AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares da


Universidade Federal de Pernambuco e ao Departamento de Energia Nuclear, em
especial a todos os funcionários, docentes e discentes.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
pela concessão de bolsa de pós-graduação.
Ao querido orientador, Prof. Dr. Waldeciro Colaço, pelo acolhimento,
orientação, amizade e carinho.
Ao técnico João Baptista e amigos do LABMICS: Ariosto Marques, Evelyne
Solidônio, Moacir Paulo, Helena Paula, Maria Cláudia Vicalvi, Carlos Eduardo Costa
Júnior e Márcio Albuquerque pelo apoio e companheirismo.
Aos técnicos e amigos do Grupo de Fertilidades de Solos: “Giba”, “Pedrinho”,
“Clau”, pela amizade e apoio nas análises. Um agradecimento mais que especial ao
amigo Dário Primo pelas valiosas sugestões e acompanhamento. Ao Prof. Dr. Rômulo
Menezes pelo acolhimento e amizade.
Aos amigos do Grupo de Liquenologia Aplicada da UFPE, pela amizade, apoio,
trabalhos, discussões e debruçamento para com o mundo da liquenologia.
À minha família e amigos pelo apoio incondicional nesta carreira, tão difícil e ao
mesmo tempo grandiosa e gratificante, que é a Ciência.
Ao amigo-irmão, Henrique José (gordinho), pela ajuda no Inglês, pelo
companheirismo e pelas inesquecíveis “Sessions-Surf”.
Um agradecimento carinhoso à Aline Verna, minha querida namorada, que com
tanto amor ajuda-me a acreditar e a melhorar a cada dia. .
Por fim, à minha grande inspiração e modelo de profissional que me
proporcionou a oportunidade de encarar o mundo científico e crer que é possível
trabalhar em prol do próximo, mostrando que há lugar para todos. Profa. Eugênia, muito
obrigado por tudo.
RADIAÇÃO GAMA NA FUNCIONALIDADE E INTERAÇÃO DE Cladonia
salzmannii Nyl. (LÍQUEN) COM O SOLO

Autor: Patryk Melo

Orientador: Prof. Dr. Waldeciro Colaço


Co-Orientadora: Profa. Dra. Eugênia Cristina Pereira

RESUMO

Os liquens são organismos que degradam rochas pela ação química de suas substâncias
e mecânica por incrustação no substrato, favorecendo o processo de formação do solo.
Os liquens quando submetidos a diferentes doses de radiação, são estimulados a
produzirem suas substâncias em quantidades diferenciadas daquelas que produziriam
sem a intervenção das mesmas. Nesta pesquisa, objetivou-se determinar possíveis
mudanças na produção do ácido barbático (BAR) pelo líquen Cladonia salzmannii,
submetido a diferentes doses de radiação gama, e determinar se seus compostos
lixiviados para o solo alterariam sua composição química. O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado constituindo cinco tratamentos com cinco
repetições. Amostras com 8g de C. salzmannii foram submetidas a doses de radiação
gama de 5; 10; 60 e 100Gy, acondicionadas em bandejas plásticas contendo 1kg de
solo. Durante todo o experimento, as amostras foram borrifadas com 20mL de água
destilada em dias alternados. Amostras de liquens e de solo foram coletadas aos 7, 28,
71, 100 e 136 dias e, analisadas por espectrofotometria, Cromatografia em Camada
Delgada (CCD) e Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Os resultados evidenciaram um
aumento na produção do BAR na dose de 5Gy. Houve uma tendência de redução na
produção, havendo uma biossíntese bastante reduzida aos 100Gy. Foram determinados
os valores de pH, teores de carbono total e nitrogênio total de cada unidade
experimental, sendo observados aumentos destes atributos químicos, principalmente nos
tratamentos irradiados.

Palavras-chave: Raios gama, liquens; Cladonia salzmannii; solo


GAMMA RADIATION AT FUNCTIONALITY AND INTERACTION OF
Cladonia salzmannii Nyl., (LICHEN) WITH SOIL

Author: Patryk Melo

Adviser: Prof. Dr. Waldeciro Colaço


Co-Adviser: Profa. Dra. Eugênia Cristina Pereira

ABSTRACT

Lichens are organisms responsible for weathering rocks through chemical reactions as
well as through mechanical acting on subtraction incrustation allowing the process of
soil formation and ecological succession. When put under different dosages and types
of radiation, they are stimulated into producing substances in diverse quantities from
those to be produced without such intervention. The research here presented aims to
determine possible changes in the production of barbatic acid (BAR) by Cladonia
Salzamannii lichens under different dosages of gamma radiation and determine whether
its composites lixiviated to the soil would change its chemical composition. The
experimental demarcation used in this research has its outcome entirely constituted by
five treatments with five repetitions. 8g C. salzamannii samples were put under gamma
radiations dosages of 5:10; 60 and 100Gy and kept in plastic trays with 1kg soil each.
During all the experiment, the samples were sprayed with 20mL of distilled water in
alternate days. Lichens and soil samples were collected on the 7th, 28th, 71st, 100th and
136th day, then analyzed through spectrophotometry, thin layer and high performance
liquid chromatography. The results pointed out a raise in the production levels of BAR
under 5Gy dosages. From this point on, a tendency to reduction of the production was
observed while a much reduced biosynthesis resulted from the 100Gy dosages. The pH,
total carbon and nitrogen values from each experimental unity were determined and a
raise on these chemical attributes was observed mainly in the irradiated treatments until
the 136th experiment day.

Keywords: Gamma rays, lichens; Cladonia salzmannii; soil


LISTA DE FIGURAS

Página
Figura 1 - Sistema dos cinco reinos proposto por Margulis e Schwartz 4
(2001).
Figura 2 - Modelo esquemático ultraestrutural do talo liquênico. (A) 5
Fotobionte, ou camada das algas; (B) Hifas medulares ou
medula; (C) Hifas corticais ou córtex superior.
Figura 3 - Cladonia salzmannii ocorrente sobre solos arenosos em 7
tabuleiros costeiros (Alhandra, PB).
Figura 4 - Estrutura química do ácido barbático (HUNECK e 7
YOSHIMURA, 1996).
Figura 5 - Forma comercial do ácido úsnico (GRANOBIL), fabricado 9
na Alemanha.
Figura 6 - Forma comercial do ácido fumarprotocetrárico (ISLA- 9
MOSS), com fabricação na Alemanha.
Figura 7 - Localização do município de Alhandra no Estado da Paraíba. 18
Figura 8 - Cromatografia em camada delgada dos extratos orgânicos de 23
C. salzmannii aos 136 dias de experimento, onde: 1, 2, 3, 4,
5 (Controle); 6 , 7, 8, 9, 10 (5Gy); 11, 12, 13, 14, 15 (10Gy);
16, 17, 18, 19, 20 (60Gy) e 21, 22 ,23 , 24, 25 (100Gy). Rfs
Valores entre 0,80 a 0,83.
Figura 9 - Curva de calibração do BAR. R2= 0,9912. 24
Figura 10 - Concentrações do ácido barbático extraído dos talos de C. 26
salzmannii submetidos ou não a diferentes doses de radiação
gama, em diferentes intervalos de tempo de experimento.
Figura 11 - Produção total do BAR (mg) por Cladonia salzmannii 27
irradiadas ou não irradiadas durante todo o experimento.
Figura 12 - Cromatografia em camada delgada dos extratos do solo, 29
mantido sob Cladonia salzmannii irradiadas ou não
irradiadas aos 136 dias de experimento, onde: T1 – controle;
T2 – extrato de solo com liquens submetidos à dose de 5Gy;
T3 – extrato de solo com liquens submetidos à dose de
10Gy; T4 – extrato de solo com liquens submetidos à dose
de 60Gy; T5 – extrato de solo com liquens submetidos à
dose de 100Gy.
Figura 13 - Curva de calibração do BAR criada a partir de análises de 30
extratos do solo em cromatografia líquida de alta eficiência.
R2= 0,9953.
Figura 14 - Valores do pH do solo arenoso da área de ocorrência de 31
Cladonia salzmannii durante todo o experimento.
Figura 15 - Teores de Carbono total (g/kg), dos solos submetidos ao 33
líquen Cladonia salzmannii, submetido a diferentes
tratamentos (irradiados ou não irradiados com radiação
gama), ao longo do experimento.
Figura 16 - Teores de carbono total (g/kg) de amostras de solo arenoso 34
da área de ocorrência de Cladonia salmannii utilizados
durante todo o experimento.
Figura 17 - Teores de Nitrogênio total (g/kg), dos solos submetidos ao 35
líquen Cladonia salzmannii submetido a diferentes
tratamentos (irradiados ou não irradiados com radiação
gama), ao longo do experimento.
Figura 18 - Teores de Nitrogênio total (g/kg) de amostras de solo 36
arenoso da área de ocorrência de Cladonia salmannii
utilizados durante todo o experimento.
LISTA DE TABELAS

Página
Tabela 1. Teores do ácido barbático (BAR) produzido por Cladonia 30
salzmannii, irradiadas ou não irradiadas, lixiviado para o
solo a ela subjacente aos 136 dias de experimento.
Tabela 2. Caracterização química de amostras de solo arenoso da área 31
de ocorrência de Cladonia salzmannii utilizada no
experimento.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CINB Código Internacional de Nomenclatura Botânica


Cs-137 Césio-137, elemento químico radioativo
krad Quilo rad
Gy Gray – unidade de dose absorvida de radiação ionizante
UV Radiação Ultravioleta
UVB Radiação Ultravioleta B
OMC Metoxicinamato de Octila
FPS Fator de Proteção Solar
BAR Ácido barbático
NE Região Nordeste do Brasil
pH Potencial hidrogeniônico
P Fósforo
C Carbono
N Nitrogênio
Co-60 Cobalto-60, elemento químico radioativo
CCD Cromatografia em Camada Delgada
CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
DEN/UFPE Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de
Pernambuco
NT Nitrogênio total
CT Carbono total
SUMÁRIO

Página
1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DA LITERATURA 3
2.1 Os liquens 3
2.1.1 Características gerais 3
2.1.2 Substâncias liquênicas 5
2.1.3 Utilização econômica das substâncias liquênicas 7
2.1.4 Relação do líquen com o ambiente 10
2.2 Liquens e solos 11
2.3 Radionuclídeos e Radiação 13
2.4 Aplicação das radiações 14
2.5 Relação dos liquens com radionuclídeos e as radiações 14

3 MATERIAL E MÉTODOS 17
3.1 Caracterização da área de coleta 17
3.2 Coleta e acondicionamento do material liquênico 18
3.3 Coleta e armazenamento do solo 19
3.4 Irradiação gama em fonte de Co-60 do material liquênico 19
3.5 Extração, isolamento e purificação do ácido barbático (BAR) 19
3.6 Montagem dos experimentos 19
3.7 Coleta e processamento das amostras 20
3.8 Análises das amostras 20
3.8.1 Cromatografia em camada delgada (CCD) 20
3.8.2 Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) 21
3.8.3 Ensaio espectroscópico 21
3.9 Caracterização química do solo 21
3.10 Análises estatísticas 22
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 23

5 CONCLUSÕES 38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
1

1 INTRODUÇÃO

Os liquens são organismos formados a partir de uma relação de simbiose entre


um fungo – o micobionte - e uma alga - o fotobionte (PEREIRA, 2002), onde o fungo
interage com fotobiontes, localizados entre as hifas de seus micélios (XAVIER-FILHO
et al., 2006). Essa simbiose, característica dos liquens, permite que dois seres bastante
distintos, como a alga, pertencente às divisões Chlorophyta ou Cyanophyta, esta
também conhecida por Cianobactérias e, o fungo pertencente ao Reino Fungi, vivam
harmoniosamente fornecendo mútua proteção e substâncias vitais. O contato alga/fungo
facilita a transferência de nutrientes e produtos da fotossíntese do fotobionte para o
micobionte (HALE, 1983; NASH III, 1996).
Os liquens ocupam diferentes substratos: habitam madeiras queimadas, em
decomposição, troncos vivos, folhas, muros, telhados, solos, rochas, dentre outros
(SEAWARD, 1977). O papel tradicionalmente atribuído aos liquens é o de formador de
solos, pois são os organismos pioneiros na colonização da rocha matriz. Entretanto,
muito se tem a estudar em relação a sua função na sucessão de seres, uma vez que
participam de um sem-número de reações no sistema vivo, seja no preparo do solo
desenvolvido o suficiente para a instalação de musgos e vegetais fanerogâmicos, ou na
interação com insetos e outros pequenos animais, fornecendo abrigo e alimento.
Solo é a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém a vida animal
e vegetal na Terra. Ele é constituído por partículas minerais, material orgânico, água e
ar, sendo sua principal função o fornecimento de nutrientes para as plantas (LEPSCH,
2002). O solo é formado a partir da influência combinada do clima e de atividades
bióticas, modificadas pela topografia, que atua sobre os materiais originários ao longo
de certo período de tempo (BRADY, 1979).
A capacidade de habitar substratos inóspitos, com nutrientes indisponíveis, dá-se
pelo fato dos liquens terem a habilidade de reter elementos dispersos na umidade
atmosférica. Com isso, metabolizam substâncias que tomam forma cristalina,
protegendo sua estrutura das adversidades ambientais funcionando, sobretudo, como
fotoprotetores naturais (SEAWARD, 1977; RACAN et al., 2002).
Nesse contexto, os raios ultravioleta e gama são considerados nocivos aos seres
vivos, quando em doses inadequadas. Para testar a capacidade de defesa dos liquens, a
partir das substâncias cristalizadas em seu interior, Racan et al. (2002) demonstraram
alta capacidade de proteção solar do ácido úsnico. Esta substância, presente em
2

Cladonia substellata Vainio, espécie comum em tabuleiros arenosos da Paraíba,


apresenta efeito radioprotetor quando exposto a radiação gama proveniente de Co-60
em doses iguais ou menores que 10Gy (SILVA et al., 2010).
Estudos referentes aos liquens, suas substâncias e radiação são ainda escassos,
sobretudo no Brasil e, em particular, na Região Nordeste.
Os tabuleiros arenosos costeiros do Nordeste do Brasil, com fitofisionomia de
Cerrado, abrigam espécies da família Cladoniaceae, dispostas sobre o solo, em forma de
tufos. Algumas delas são endêmicas do litoral brasileiro (AHTI et al., 1993) e
extremamente influenciadas pelos fatores microclimáticos locais (LEGAZ et al., 1986), bem
como reguladas pelos climas sazonais, liberando quantidades diferenciadas de suas
substâncias para o solo (PEREIRA, 1989). No entanto, prospecções mais recentes
evidenciam essas espécies em regiões interioranas do NE, também com vegetação de
Cerrado.
Estudos genéticos com uma das espécies ocorrentes nos tabuleiros em diferentes
regiões geográficas do Nordeste, a Cladonia verticillaris, demonstraram que não há
modificação em sua estrutura de DNA como forma de adaptação à variabilidade macro e
microclimática das áreas de ocorrência, mas os fatores físico-ambientais foram atribuídos
como agentes responsáveis pelo metabolismo diferenciado da espécie (BURIL, 2011). Da
mesma forma, C. verticillaris demonstrou participar ativamente da ciclagem de nutrientes,
em uma relação líquen – solo, onde metaboliza N e P exógenos, em condições de
laboratório, ativando seu metabolismo secundário e liberando o ácido fumarprotocetrárico
ao solo subjacente. Este composto promoveu modificações químicas no solo, comprovando
a formação de quelatos pelas substâncias liquênicas (VASCONCELOS, 2007; 2009).
Com isso, um novo estudo com mais uma espécie de Cladoniaceae da área
contribuirá sobremaneira para maiores conhecimentos sobre as relações ecológicas entre
liquens e suas substâncias e o solo subjacente, aumentando as informações acerca da
dinâmica de ecossistemas tropicais, a maioria deles com reduzida área de
remanescentes.
O objetivo deste estudo foi avaliar por meio de espectrofotometria,
Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e Líquida de Alta Eficiência (CLAE),
possíveis alterações na biossíntese do ácido barbático (BAR), composto majoritário de
Cladonia salzmannii Nyl., (líquen), quando submetida a diferentes doses de radiação
gama de Co-60 e modificações nos atributos químicos do solo sobre o qual a espécie foi
acondicionada, em condições de casa de vegetação.
3

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Os liquens
Os liquens foram observados pela primeira vez por Tournefort (1694 – 1698),
que ao descrevê-los, não os destingiu dos musgos. Micheli, em 1729, utilizou o termo
“leichen” pela primeira vez, que significou planta rasteira ou lambechão. Em 1868,
Schwendener demonstrou tratar-se de uma simbiose complexa entre fungo e alga, mas
essa teoria não veio a ser completamente aceita por todos os cientistas (XAVIER-
FILHO e RIZZINI, 1976). Entretanto, ainda não se chegou a um consenso em relação à
definição de líquen. A teoria mais aceita é a estabelecida por Reinke, na qual ambas as
partes são favorecidas, havendo uma relação de simbiose entre o fungo (micobionte) e a
alga (fotobionte) (PEREIRA, 2002).

Conforme Pereira (2002), durante a Reunião Geral da International Association


for Lichenology (IAL), em 1981, na Austrália, foram lançadas definições formais para o
líquen, entre elas a de que o líquen é uma associação de um fungo e um simbionte
fotossintetizante, resultando em talos estáveis de ultraestrutura específica (Proposta pelo
Comitée de Terminologia da IAL) e, a de que o líquen é uma associação de um fungo e
uma alga, ou cianobactéria, ou ambas, que resultam em uma estrutura estável .
Xavier-Filho et al. (2006) afirmam que a relação alga–fungo trata-se de
simbiose, mas não se pode afirmar de qual tipo, variando desde o parasitismo até o
mutualismo estrito, dependendo dos grupos taxonômicos de fungos e algas (ou
cianobactérias) que estejam envolvidos.

2.1.1 Características gerais


Margulis e Schwartz (2001) posicionam os seres em uma escala baseada na
evolução celular (figura 1). Nesse sistema de classificação, os liquens estão incluídos no
reino Fungi, praticamente isolados e, filogeneticamente situados acima dos fungos
superiores Zygo, Asco e Basidiomycota. Nesse estudo, o líquen é designado como
MYCOPHYCOPHYTA, onde MYCO = fungo, PHYCO = alga e PHYTA = divisão.
4

Figura 1 - Sistema dos cinco reinos proposto por Margulis e Schwartz (2001).

A simbiose característica dos liquens permite que dois seres bastante distintos, o
fotobionte, a alga, pertencente às divisões Chlorophyta ou Cyanophyta (também
conhecidas como Cianobactérias) e o micobionte, o fungo, pertencente ao Reino Fungi,
vivam harmonicamente, fornecendo mútua proteção e substâncias vitais. O contato
alga/fungo facilita a transferência de nutrientes e produtos da fotossíntese do fotobionte
para o micobionte (HALE, 1983; NASH III, 1996).
Pereira (2002), afirma que o fotobionte e o micobionte se posicionam de forma
peculiar dentro do talo liquênico em sucessivas camadas. Assim, o córtex superior
(composto de hifas do fungo entrelaçadas, que visam proteger a camada das algas, a
qual vem logo abaixo, protegida por outro feixe de hifas frouxas, a medula), é seguido
de um outro feixe de hifas, o córtex inferior (figura 2).
5

C
A

Figura 2 - Modelo esquemático ultraestrutural do talo liquênico. (A) Fotobionte, ou camada das algas;
(B) Hifas medulares ou medula; (C) Hifas corticais ou córtex superior.
Fonte: <http://images.google.com.br/images> Acesso em 16/07/2008

A partir de 1950 o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB),


passou a declarar que o nome atribuído a um líquen deve ser entendido como aplicado
ao fungo, tendo o fotobionte, taxonomia particular dentro de seu próprio grupo
(XAVIER-FILHO et al., 2006).
O talo do líquen pode se apresentar de cores variadas, a depender da espécie e
das substâncias que ele contém; a forma ou hábito, varia de foliáceo ou folhoso,
semelhante a uma folha sobre o substrato, e dele se destaca com facilidade; o talo
crostoso não se destaca do substrato; e, o arbustivo ou fruticoso pode ser ereto ou
decumbente, semelhante a uma planta epífita (PEREIRA, 2002).

2.1.2 Substâncias liquênicas


Nos liquens, o metabolismo primário consiste na produção específica de um
único carboidrato pela alga, a partir da fotossíntese, com rápida transferência ao
micobionte e em quantidade substancial para transformação e acúmulo (PEREIRA,
1998). Os produtos do metabolismo primário são processados e, pelo metabolismo
secundário, são produzidas as substâncias liquênicas, únicas neste táxon (CULBERSON
6

et al., 1970; NASH III, 1996). Essas substâncias liquênicas, antigamente designadas
“ácidos liquênicos”, são quase na sua totalidade fenóis, responsáveis pela maioria dos
benefícios advindos dos liquens. Dentre esses benefícios destacam-se a sua ação
farmacológica, a ação bactericida e a utilização na indústria têxtil, farmacêutica, de
perfumes e de cosméticos. Também, são referidos como úteis na fermentação para a
produção de álcool, na alimentação, entre outros. Dentre todas as atividades, sua
interação com o ambiente é uma das mais mencionadas (LLANO, 1951).

No interior do talo liquênico, os compostos fenólicos (entre eles os ácidos


alifáticos, para e meta depsídeos, depsidonas, benzil ésteres, dibenzofuranos, ácidos
úsnicos, xantonas, antraquinonas, terpenóides e derivados do ácido pulvínico) tomam
forma cristalina, são extracelulares e depositados sobre as hifas do micobionte. Esse fato
confere aos líquens grande capacidade de adaptação às adversidades, visto que esses
cristais funcionam como fotorreceptores e ou fotoindutores, selecionando o tipo de
radiação que a eles seja conveniente (SEAWARD, 1977).

No gênero Cladonia, o micobionte está sempre em associação com as


clorofíceas do gênero Trebouxia (ordem Chlorococcales) e, em menor proporção, com
Pseudotrebouxia (da ordem Chlorosarcinales). A associação é considerada tão
específica que nenhuma outra alga realiza a liquenização, mesmo sob condições
laboratoriais (AHMADJIAN e JACOBS, 1981).
No Brasil, são encontradas diversas espécies de liquens, como a Cladonia
salzmannii (figura 3) que tem sido registrada nos Estados de Minas Gerais, Bahia,
Sergipe, Pernambuco e Paraíba. A principal substância encontrada nessa espécie é o
ácido barbático (C19H20O7) (figura 4), sendo ocasionalmente encontrados os ácidos
taminólico, D-taminólico e o 4-O-dimetilbarbático (AHTI et al., 1993).
7

Figura 3 - Cladonia salzmannii ocorrente sobre solos arenosos em tabuleiros costeiros (Alhandra, PB).
Foto do autor (2010).

Figura 4 - Estrutura química do ácido barbático (HUNECK e YOSHIMURA, 1996).

O ácido barbático é um depsídeo formado por dois anéis aromáticos (A e B)


interligados, entre si, por uma ligação éster. O anel B apresenta um grupo carboxílico,
duas metilas e uma hidroxila, enquanto que o anel A apresenta duas metilas, uma
metoxila e uma hidroxila (PEREIRA, 1998). Como propriedades físico-químicas possui
ponto de fusão de 187 ºC, seus cristais apresentam cor amarelo-pálido e se dissolvem
facilmente em éter etílico, etanol, acetona e benzeno levemente aquecido; desenvolve
coloração azul violeta quando adicionado ao cloreto férrico e, reação positiva de
hemofluoresceína com o hidróxido de sódio (ASAHINA e SHIBATA, 1954; HUNECK
e YOSHIMURA, 1996).

2.1.3 Utilização econômica das substâncias liquênicas


Os liquens são conhecidos desde o antigo Egito. Também, eram de larga
utilização em distintas partes da Europa e no Oriente, por produzirem substâncias
oloríferas (óleos essenciais), ou produtos de degradação que geram perfumes bastante
8

apreciados. Estes, nas indústrias de cosméticos, são usados desde o século XVI, no
fabrico de talcos, sachês e perfumes. Na manufatura desses últimos e de cremes, os
óleos essenciais dos liquens são importantes, não apenas pelo aroma agradável, mas
também como fonte de glicerol (ABRAHAN e FLOREY, 1949; LLANO, 1951; SEU-
SALERNO e BLAKEWAY, 1987; LEGAZ et al., 2006 in XAVIER-FILHO et al.,
2006).
No século XVII, o pó de Cyprus, uma combinação de diversas espécies de
liquens, era utilizado em conjunto com o âmbar cinzento, almíscar, óleo de rosas,
jasmins ou flor de laranjeira, como pó de toilete, e também para alvejar e limpar os
cabelos. No entanto, Ramalina calicaris era usada para clarear as cabeleiras postiças
(LLANO, 1951; SEU-SALERNO e BLAKEWAY, 1987).
Substâncias liquênicas, como a atranorina, são utilizadas como fixadores de
perfumes, notadamente na França (LLANO, 1951). O emprego de liquens na perfumaria
é atualmente uma das formas mais importantes de sua utilização econômica. A França,
o Marrocos e a antiga Yugoslávia, consomem de 8.000 a 10.000 toneladas anuais de
espécies produtoras de óleos essenciais, produtos de degradação odoríferos e fixadores
de aroma (NASH, 1996).
Os liquens são empregados como corantes de tecidos desde a antiguidade grega.
Roccela montagnei produz substâncias de cor púrpura ou vermelha, obtidas por
fermentação ou por extração química com amônia, utilizadas em regiões do
Mediterrâneo (NASH, 1996).
No século XIX, suas substâncias coloridas eram empregadas na indústria têxtil,
notadamente na Inglaterra, onde os tecidos tingidos com produtos liquênicos nunca
eram atacados por traças. Na Escandinávia, também eram utilizados na indústria
artesanal, principalmente para roupas de lã (LLANO, 1951; SEU-SALERNO e
BLAKEWAY, 1987).
Os liquens eram também utilizados como corantes para vinhos, licores, óleos,
graxas, além de tintas para mármore e papel. Por sua capacidade de indicar pH, eram
empregados no fabrico do papel tornassol (LLANO, 1951).
A existência de liquens comestíveis é largamente conhecida. Seu valor nutritivo
deve-se à presença de altos teores de carboidratos. Por isso, servem de alimento para
homens e animais. Tais açúcares são facilmente hidrolisados para a glicose,
consequentemente úteis nos processos fermentativos como na produção de álcool,
conhaque, e outros. Na Suécia foram encontrados projetos de fabricação desta bebida,
9

detalhados com figuras e planos para uma destilaria. Esta fábrica, após algum tempo de
funcionamento, foi fechada, devido à exploração não racional da matéria prima ter
esgotado o fornecimento dos liquens (LLANO, 1951).
Além da ampla referência do uso dos liquens na medicina popular, atualmente
são encontrados medicamentos em farmácias da Europa, sobretudo na Alemanha,
obtidos a partir de seus princípios ativos, como o Granobil - tônico estimulante (figura
05), e a Isla-Moss, pastilhas para inflamação da garganta (figura 06).
Tomando como base a interação dos liquens com as rochas, como agentes
intempéricos quelantes, comprovou-se que o ácido úsnico possui mecanismo de ação
semelhante ao do ácido fosfórico, utilizado para descalcificar o esmalte dentário, e
facilitar a adesão de resina restauradora. Por outro lado, o preparado hidrossolúvel deste
composto, na forma de sal potássico, o usnato de potássio, reagiu sobre o dente como
um verniz selador (PEREIRA et al., 1995; PEREIRA, 1996). Testes posteriores poderão
atestar a eficácia das substâncias de liquens na terapia odontológica.

Figura 5 - Forma comercial do ácido úsnico (GRANOBIL), fabricado na Alemanha.


Fonte: <http://www.google.com.br/images > Acesso em 12/01/2011

Figura 6 - Forma comercial do ácido fumarprotocetrárico (ISLA-MOSS), com fabricação na Alemanha.


Fonte: <http://www.google.com.br/images > Acesso em 12/01/2011
10

2.1.4 Relação do líquen com o ambiente


Os liquens estão presentes em vários tipos de substrato, como diversos tipos de
madeiras vivas ou mortas, folhas, muros, telhados, solos, rochas, dentre outros. Até
vidros provenientes de lixos deixados por “turistas ecológicos” no meio de bosques e
trilhas são substratos para liquens (MARCELLI, 1998). Apesar disso, muitas espécies
têm preferência por substratos específicos. O Stereocaulon alpinum é um líquen
terrícola; Cladonia cornuta é típica de solos ácidos; Lichina pygmae ocorre em
paredões rochosos ou rochas à beira mar, dentre outros exemplos. Por serem
específicos, obrigatórios ou não, indicam não só o ambiente em que vivem como
também os minerais e rochas que usam como substrato. Pela fácil adaptabilidade dos
liquens a diversos substratos e ambientes, são considerados cosmopolitas, distribuídos
dos trópicos aos pólos, existindo espécies polares, bipolares e de ampla distribuição
(SEAWARD, 1977).
Sua enorme resistência é devida à proteção do córtex superior (camada de hifas),
associada à cristalização das suas substâncias no talo, tanto ao nível cortical como
medular, funcionando, por vezes como um filtro, selecionando quantidades e tipos de
radiações recebidas, ou permanecendo em latência durante períodos onde a temperatura
e a luminosidade não o permitem fotossintetizar (HALE, 1983; SEAWARD, 1977).
Acredita-se que um dos principais motivos da sobrevivência dos liquens é o fato
de que eles dessecam muito rapidamente. Eles estão freqüentemente muito dessecados
na natureza, com o teor hídrico variando entre 2 e 10% do seu peso (RAVEN et al.,
2001). Sua grande resistência a determinados fatores ambientais como temperatura,
radiação, disponibilidade hídrica, lhes permite persistir a situações de estresse, tanto em
estado ativo, como em estado inativo (XAVIER-FILHO et al. 2006).
Seaward (1977) relata que a pureza do ar atmosférico é um fator crucial à
presença e sobrevivência do líquen, que se alimenta basicamente de forma higroscópica,
fixando elementos nele dispersos, notadamente o nitrogênio. Por absorver tais
elementos, os liquens podem ser utilizados como bioindicadores (indicando, de forma
qualitativa, características do ambiente) e biomonitores (monitorando, de forma
quantitativa, características ambientais).

A radiação solar influencia tanto a temperatura, quanto a umidade do habitat dos


liquens. Estudos realizados com liquens de zonas de elevada radiação incidente
demonstraram maior capacidade de recuperação de sua atividade fotossintética quando
11

comparados a liquens de habitats protegidos, resultados que indicam distribuição dos


liquens em função de sua tolerância a luz (XAVIER-FILHO et al., 2006).

2.2 Liquens e solos


Os solos são de fundamental importância à dinâmica da crosta terrestre, tanto
como suporte da vegetação natural dos ecossistemas, como para uso em cultivos. Em
ambas as situações, a fertilidade natural é necessária para a manutenção das espécies
vegetais e das que delas dependem (SILVA et al., 2003; KLIEMANN et al., 2003).
Para isso, nos ecossistemas naturais a ciclagem dos nutrientes orgânicos e
inorgânicos possibilita a transferência de elementos necessários à nutrição das plantas.
No entanto, os fatores envolvidos nesta transferência dependem sobremaneira das
condições climáticas, onde a disponibilidade de água e altas temperaturas são
parâmetros ideais para as reações químicas de transformação mineral e
transporte/síntese de produtos entre solo e planta (REICHARDT e TIMM, 2004). Por
isso, no domínio intertropical, sobretudo áreas de florestas, tais mecanismos são mais
evidentes e dinâmicos.
Dentre os processos de formação do solo, a degradação química, que é a
alteração/transformação de alguns materiais das rochas, se constitui num dos mais
importantes. Ao longo do tempo organismos alteram a composição química do solo. Os
primeiros organismos a se instalarem sobre as rochas aflorantes da superfície terrestre
são os liquens (LEGAZ et al., 2006).
As substâncias liquênicas podem ser produzidas tanto no córtex quanto na
medula, podendo ser lixiviadas para o solo e exercerem ação quelante sobre os minerais,
extraindo cátions e dando origem a outros novos minerais. Períodos ocasionais de
chuvas são suficientes para arrastar quantidades significativas de fenóis e percolá-los ao
solo. Assim, a água da chuva vai extraindo progressivamente pequenas quantidades de
substâncias liquênicas, visto que estas são pouco hidrossolúveis. Estudos comprovam
que o ácido úsnico pode ser lavado do talo com a chuva ou umidade para a superfície da
planta e para o solo (MALICKI, 1965). Desta forma, estes metabólitos secundários
desempenham uma importante função ecológica, pois contribuem para a estrutura e
composição da comunidade do solo (XAVIER-FILHO e RIZZINNI, 1976; LEGAZ et
al., 1986).
Como pioneiros na colonização de rochas consolidadas, os liquens as degradam
tanto por ação química de suas substâncias, como por ação mecânica por incrustação no
12

substrato, favorecendo o processo de formação do solo e sucessão ecológica. As


substâncias liquênicas são conhecidas por sua habilidade de se complexarem com
cátions do substrato mineral (PURVIS e HALLS, 1996), o que se conhece como
quelatos. Adamo et al. (1993) estudando o intemperismo de rochas sob a ação de seis
diferentes espécies de liquens, atribuíram aos liquens a capacidade de alterar
quimicamente rochas, em função do tipo e quantidade de metabólitos secundários.
A interface líquen-substrato é um local de considerável atividade química. Os
ácidos orgânicos liberados pelo simbionte podem acelerar a decomposição de rochas
(PIERVITTORI et al., 1994). Bjelland et al. (2002) detectaram a presença dos ácidos
lecanórico, divaricático e girofórico em substratos rochosos indicando assim que estes
compostos podem estar em contato direto com minerais de rochas agindo como fonte de
prótons, ou agentes quelantes, contribuindo para a degradação química das rochas.
À medida que o líquen decompõe a rocha, prepara um solo desenvolvido o
suficiente para o estabelecimento de outros seres que requerem umidade e nutrientes,
como os musgos e vegetais fanerogâmicos (HAWKSWORTH e HILL, 1984; LEGAZ
et al., 1986; BANFIELD et al., 1999; SEDIA e EHRENFELD, 2005). Liquens do
gênero Cladonia, embora não possuam uma associação com o substrato tão íntima
quanto os liquens crostosos, contribuem para a formação de húmus através da
desintegração de fragmentos do talo (ASTA et al., 2001).
Quando comparado com regiões onde o solo apresenta vegetação escassa, o solo
em áreas com liquens apresenta mais carbono e nitrogênio, umidade e nutrientes
(BENALP e LANGE, 2003). Evans e Benalp (1999) consideram os liquens organismos
que influenciam na fertilidade e estabilidade do solo em regiões áridas.
A presença de substâncias liquênicas no solo e sua estabilidade com o tempo
possibilitam a ocorrência de fenômenos alelopáticos, ou seja, o efeito direto ou indireto
destes compostos sobre outros organismos, o que tem sido descrito amplamente na
literatura (LEGAZ et al., 1986). Sugere-se que o ácido úsnico tem ação alelopática
(YANO et al., 1999), mas pouco se conhece sobre seu mecanismo de ação. Além disso,
os liquens, por meio de suas substâncias, podem afetar o crescimento e reprodução dos
microrganismos do solo, ou mesmo inibir a germinação de sementes localizadas no seu
perfil (FAHSELT, 1994; GIORDANO et al., 1999).
Por outro lado, STARK e HYVÄRINEN (2003) demonstraram que substâncias
liquênicas produzidas por Cladina stellaris, como ácido úsnico e perlatólico, podem ser
fontes de carbono para os microrganismos do solo, ao invés de exercerem efeito
13

alelopático. Dessa forma, os liquens podem afetar a microbiota do solo de diferentes


maneiras (SEDIA e EHRENFELD, 2005).
O conhecimento dos fatores envolvidos e o estudo da relação líquen/solo bem
como a influência destes sobre os microrganismos do solo são de fundamental
importância para a compreensão da função ecológica desempenhada pelos liquens sobre
seu habitat.

2.3 Radionuclídeos e radiação


Nuclídeo é denominado a espécie de átomo ou núcleo que tem um número
definido de prótons e nêutrons que o caracteriza. Os nuclídeos podem ser estáveis ou
instáveis (radioativos). Esses últimos são conhecidos como radionuclídeos ou
radioisótopos (KELLER, 1981).
Conforme Okuno et al. (1982), os radioisótopos podem ser usados de duas
maneiras: como traçadores, na diagnose, ou como fontes de energia, na terapia. São
usados como traçadores ou marcadores devido a duas importantes propriedades: possuir
comportamento químico idêntico ao de isótopos estáveis do mesmo elemento e
apresentar emissão espontânea de radiação que pode ser detectada, indicando assim sua
posição e quantidade. Como fontes de energia, os radioisótopos encontram aplicações
por serem detectáveis após absorção ou espalhamento pela matéria, ou por quebrarem
moléculas e ionizarem átomos formando íons, iniciando assim reações químicas ou
biológicas.

Radiação é uma forma de energia, emitida por uma fonte, e que se propaga de
um ponto para outro sob forma de partículas com ou sem carga elétrica, ou ainda sob a
forma de ondas eletromagnéticas (OKUNO, 1988). As radiações estão divididas em
dois grandes grupos: corpusculares e eletromagnéticas.
As radiações corpusculares são feixes de partículas atômicas, que transferem sua
energia para todo corpo com o qual colidem. Entre essas estão as partículas alfa e beta
(OKUNO, 1982). As radiações eletromagnéticas são constituídas de campos elétricos e
magnéticos oscilantes e se propagam no vácuo com velocidade constante igual à
velocidade da luz. São exemplos as ondas de rádio, as luminosas (luz), raios
infravermelhos, raios ultravioleta, raios X e raios gama (OKUNO et al., 1982). Essas
radiações diferem entre si pela sua frequência e pelo seu comprimento de onda
(OKUNO, 1988).
14

2.4 Aplicação das radiações


Os raios gama é um dos tipos de radiação emitida dos núcleos dos átomos dos
elementos radioativos naturais e artificiais; é uma radiação eletromagnética com
comprimento de onda extraordinariamente curto e que, por isso, possui uma enorme
capacidade de penetração. Eles surgem na desaceleração das partículas carregadas, na
aniquilação de um par de antipartículas (eletron-pósitron, próton-antipróton, etc.), na
cisão espontânea ou artificial dos núcleos dos átomos de urânio e plutônio e em algumas
outras reações nucleares (SCAFF, 1979).
As radiações gama, emitidas das fontes radioativas naturais e artificiais têm
ampla aplicação devido a sua propriedade de penetração na matéria e sua não
destruição. Na indústria são utilizados para examinar o interior dos materiais e
conjuntos lacrados, destacando-se as radiografias e gamagrafias. Também são utilizados
como medidores de espessura ou de níveis de materiais, detecção de vazamentos, em
pesquisas sobre desgastes de motores, na conservação de alimentos e esterilização de
materiais cirúrgicos.
Na agricultura, destaca-se a criação de novas variedades de plantas com
características melhoradas, aumento e melhora na produção de alimentos e controle ou
eliminação de pragas agrícolas.
Outras aplicações também são conhecidas, tais como análises por ativação com
nêutrons, estudos da poluição atmosférica, coloração de cristais e datação pelos métodos
de carbono-14 e termoluminescência (OKUNO et al., 1982).

2.5 Relação dos liquens com os radionuclídeos e as radiações


Erbisch (1977) estudou o efeito da radiação gama de uma fonte de Cs137 no
líquen folhoso Parmelia sulcata Tayl sobre árvores da espécie Acer rubrum durante um
ano, observando que apenas os líquens que foram irradiados com dose de 100krad (103
Gy) apresentaram danos, são eles: estímulos e quebra de lóbulos, formação de
pigmentos escuros, distorção do cloroplasto da alga, modificação no crescimento
normal do talo e, eventualmente, morte. Constatou que, após ter recebido uma grande
dose de radiação gama, o líquen não pode realizar suas funções normais de crescimento
e deteriora-se. Pollum; Erbisch1 apud ERBISCH (1977) estudaram o efeito da radiação

1
POLLUM, P. A., F. ERBISCH, F. H. 1972. Effects of gamma radiation on the lichen Cladonia
verticillata. Bryolologist, v.75, p.48-53, 1972.
15

gama no líquen Cladonia verticillata e constataram que durante o período de exposição,


o líquen apresentou escurecimento, em relação a sua cor natural, com tendência a entrar
em colapso. Erbisch2 apud ERBISCH (1977) observou o líquen Cladonia sylvatica sob
radiação gama. Os resultados não indicaram danos causados aos espécimes estudados.
Racan et al. (2002) compararam substâncias naturais extraídas de liquens com o
protetor Nívea Sun Spray® FPS 5 e com o Metoxicinamato de Octila (OMC). Neste
caso, o ácido úsnico foi melhor filtro de raios UVB que o OMC e, semelhante ao
protetor Nívea Sun Spray® FPS 5, sugerindo que tal substância pode vir a ser usada no
preparo de bloqueadores solares e também protege o líquen da radiação excessiva.
Haal et al. (2002), em experimentos de laboratório com o líquen Cladonia
arbuscula submetido à radiação ultravioleta, observaram um aumento na produção de
compostos fenólicos e mediram a atenuação dos raios ultravioleta dentro do talo
liquênico utilizando fibra ótica.
Rubio et al. (2002) estudaram amostras do líquen Acarospora schleicher,
coletadas nas latitudes 18°S, 19°S, e 33°S em zonas alpinas do Chile, nas quais as
concentrações do ácido rizócarpico foram determinadas e comparadas. Os resultados
obtidos sugerem que a síntese do ácido rizocárpico é induzida pela radiação UVB e, que
este composto representa uma adaptação química aos níveis elevados da radiação UVB
em habitats do líquen.
Rozema et al. (2002), estudando o papel da radiação ultravioleta em
ecossistemas terrestres e aquáticos, verificaram que os liquens Cladina foliácea, C.
portentosa e Cladonia arbusculosa, e a pteridófita Lycopodium annotinum, não tiveram
redução significativa de seu crescimento sob radiação ultravioleta. Já o musgo Tortula
ruralis teve seu crescimento reduzido com o aumento dessa radiação. As plantas
aquáticas estudadas não tiveram seu crescimento afetado com o aumento dessa radiação
e, plantas terrestres de maior porte, tiveram seu crescimento afetado.
De La Torre Noetzel et al. (2004) testaram a resistência do líquen Rhizocarpon
geographicum, coletado em altitude elevada no centro da Espanha. Avaliaram amostras
com córtex e com esta parte removida, durante os meses de maio e junho de 2001 e
julho de 2003. Os resultados obtidos indicaram uma alta redução na atividade
fotossintética em amostra do líquen que teve seu córtex removido, em relação às do
líquen com córtex.

2
ERBISCH, F. H. 1974. Effects of acute and chronic gamma radiation on Cladonia sylvatica
and Parmelia sulcata . USAEC Report C00-2085-7, Michigan Tecnological University.
16

Os dados, aqui considerados, são sugestivos de que os liquens quando


submetidos à radiação ultravioleta (UV) intensiva são estimulados a sintetizar
metabólitos criando, dessa forma, uma proteção contra os efeitos/danos da radiação.
Sobre a capacidade de reativação metabólica dos liquens, Stark e Hyvarinen
(2003) verificaram, ao retirar os ácidos úsnico e perlatólico do líquen Cladonia stellaris
(Opiz) Brodo, utilizando acetona como solvente, após 2 meses de experimento C.
stellaris não recuperou totalmente a quantidade inicial de seus compostos majoritários.
Por outro lado, Nybakken e Julkunen-Tiitto (2006) observaram que a radiação UV-B
induziu a síntese do ácido úsnico em Cladonia arbuscula e em C. stellaris após seus
compostos serem extraídos por acetona. Entretanto, nenhum dos compostos extraídos
por acetona em C. rangiferina foi produzido quando os talos foram induzidos pela
radiação UV-B. Melo (2008) observou que doses de 10Gy de radiação gama não foram
capazes de recuperar as quantidades iniciais de ácido úsnico de Cladonia substellata. O
líquen teve exauridos seus fenóis, e submetido à radiação, cuja recuperação total, após
45 dias de experimento não foi observada.
17

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área de coleta


O município de Alhandra (figura 7) está inserido na unidade Geoambiental dos
Tabuleiros Costeiros. Esta unidade acompanha o litoral de todo o Nordeste, apresenta
altitude variando entre 50 e 100 metros. De modo geral, os solos são profundos e de
baixa fertilidade natural (CPRM, 2005).
No Nordeste brasileiro, a denominação Tabuleiro é utilizada tanto para conjunto
formado pelos baixios planaltos próximos ao litoral com solo arenoso lixiviado, como
para a sua vegetação savânica semelhante ao Cerrado. Oliveira-Filho e Carvalho (1993),
reportam a ocorrência de Tabuleiros nas áreas continentais adjacentes à Restinga,
estendendo-se sobre as planícies arenosas formadas sobre o Grupo Barreiras.
Segundo Köppen (1948), o clima da região é As‟ (clima quente e úmido com
chuvas de inverno antecipadas no outono).
A formação dos solos nesse ecossistema está diretamente relacionada às
condições de drenagem e que, apesar do relevo, em geral plano a suave ondulado,
ocorrem microrelevos com tamanhos e formas variáveis, caracterizados pela drenagem
permanente imperfeita (DEMATTÊ et al., 1996).
A área de coleta é caracterizada por savana arbórea aberta, semelhante ao
Cerrado, com muitas gramíneas, arbustos e árvores de pequeno e médio portes,
caracterizada por apresentar solos com elevado teor de areia quartzosa distrófica
(PRATES et al., 1981; SALGADO et al., 1981), recebendo atualmente a denominação
de Neossolos (EMBRAPA, 2006).
18

Figura 7 - Localização do município de Alhandra no Estado da Paraíba.


Mapa elaborado por Mariana Tiné.

3.2 Coleta e acondicionamento do material liquênico


Foram coletadas amostras de aproximadamente 500g de C. salzmannii em área
de tabuleiro arenoso no município de Alhandra, Estado da Paraíba, sobre as
coordenadas geográficas (7º 24‟ 993‟‟S 34º 57‟ 734‟‟ W). O material foi acondicionado
em sacos de papel à temperatura ambiente (28 3ºC) e, identificado por meio de
caracteres morfológicos e químicos do talo. Parte da amostra foi depositada no herbário
19

UFP – Geraldo Mariz, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de


Pernambuco, sob exsicata nº 47.998.

3.3 Coleta e armazenamento do solo


Para a realização da coleta das amostras foram utilizados uma pá e sacos
plásticos etiquetados com a identificação numérica do local de coleta. O solo foi
coletado na camada de 0 a 20cm de profundidade, seco ao ar e destorroado. Em seguida,
tamisado em malha de 2mm e submetido a análises para caracterização química.

3.4 Irradiação gama em fonte de Co-60 do material liquênico


Amostras liquênicas (8g) foram colocadas em envelopes de papel e submetidas à
irradiação gama (Co-60 – GAMMACELL 220 EXCEL, taxa de dose de 6,549 KGy/h,
em 07/06/2010), recebendo quatro diferentes doses: 5, 10, 60 e 100Gy, respectivamente.
Tais amostras foram irradiadas no GAMALAB, localizado nas dependências do
Departamento de Energia Nuclear (DEN-UFPE).

3.5 Extração, isolamento e purificação do ácido barbático (BAR)


O composto principal da espécie em estudo, o ácido barbático, foi extraído
segundo metodologia de Asahina e Shibata (1954) modificado por Pereira (1998).
Amostras de 20g de C. salzmannii, foram maceradas, adicionadas a 150mL de éter
etílico e, levadas ao agitador mecânico durante uma hora, posteriormente a mistura foi
colocada em repouso a uma temperatura de 4 ºC durante 48 horas. Após este período, o
material foi filtrado em papel qualitativo, separando-se o resíduo do extrato etéreo. Ao
resíduo, após completa evaporação do éter etílico, foram adicionados 150 mL de
acetona, obedecendo ao mesmo procedimento recém referido. O material foi novamente
filtrado, obtendo-se o extrato acetônico, e o resíduo desprezado. O extrato foi
concentrado à metade do seu volume em rotavapor, à temperatura máxima de 40 °C, e
mantido, sob refrifgeração de 4 ºC, até o aparecimento de um precipitado branco. Este
precipitado foi filtrado em funil G4, seco e levado ao dessecador.

3.6 Montagem dos experimentos


Sobre as amostras do solo (1kg) acondicionadas em bandejas plásticas, foram
depositadas 8g de Cladonia salzmannii irradiadas (grupo tratado) e não irradiadas
(grupo controle).
20

O experimento foi conduzido em casa de vegetação (DEN-UFPE), em


delineamento experimental inteiramente casualizado. Os liquens colocados em
diferentes bandejas, segundo dose de irradiação, perfazendo 5 tratamentos (tratados e
controle) com 5 repetições, os quais foram borrifados com 20mL de água destilada, em
dias alternados, durante todo o experimento (136 dias).

3.7 Coleta e processamento das amostras


Amostras de C. salzmannii foram coletadas aos 7, 28, 71, 100 e 136 dias de
experimento. As coletas foram realizadas em triplicata para o cálculo do valor médio
dos teores de compostos mensurados.
O solo subjacente às amostras liquênicas foi coletado (15g) no mesmo período
do líquen e, ao final do experimento submetido à análises químicas.
O material liquênico e o solo foram submetidos à extração orgânica no momento
da coleta, assim como durante o experimento.
As amostras de liquens e de solo foram submetidas à extração em série
eluotrópica com éter dietílico, clorofórmio e acetona. Os extratos dos liquens foram
submetidos à cromatografias em camada delgada e leitura em espectrofotômetro. Os
extratos de solo foram submetidos à cromatografias em camada delgada e líquida de alta
eficiência.

3.8 Análises das amostras


3.8.1 Cromatografia em Camada Delgada (CCD)
Os ensaios em CCD foram utilizados para a detecção qualitativa do ácido
barbático, na espécie estudada, da pureza do material isolado, bem como para atribuir
sua presença e de outros compostos nas amostras teste e no solo subjacente ao líquen. A
técnica consistiu na aplicação dos extratos orgânicos e BAR isolado em cromatoplacas
de sílica Gel Merck F254+366 diluídos em concentrações de 5,0 mg/mL, juntamente
com o padrão BAR, sendo desenvolvidas posteriormente em sistema unidimensional de
solventes A (tolueno/dioxano/ácido acético 180:45:5. v/v/v), de acordo com a
metodologia de Culberson (1972). Após evaporação dos solventes, as placas foram
reveladas sob luz UV curta (254nm) e longa (366nm), posteriormente pulverizadas com
ácido sulfúrico a 10% e aquecida a 100°C por 1h, para reação de coloração das bandas.
Os resultados foram avaliados mediante cálculo dos valores de Rf, comparados aos
padrões utilizados.
21

3.8.2 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)


As mesmas amostras utilizadas para os ensaios de CCD, foram dissolvidas em
éter. Soluções com concentrações de 1 mg/mL (extratos) e 0,1 mg/mL (BAR
purificado), foram injetadas em cromatógrafo líquido HITACHI®, acoplado a detector
de ultravioleta a 254nm, sendo a fase móvel constituída por metanol/água/ácido acético
na proporção de 80:19,5; 0,5 (v/v/v), sob um fluxo de 1 mL/min, atenuação 0,04 e
temperatura ambiente (28 ± 30°C), em coluna de fase reversa C18. Os cromatogramas
foram interpretados segundo o tempo de retenção das substâncias na coluna e da área do
pico, que determinou a concentração no extrato das substâncias liquênicas em
comparação ao padrão (BAR).

3.8.3 Ensaio espectroscópico


Extratos dos talos liquênicos foram lidos em espectrofotômetro BIOCHROM®
modelo Libra 22, a 276nm para quantificação do BAR nas amostras irradiadas e não
irradiadas.
Para determinação do teor do BAR, esta substância foi avaliada por
espectrofotometria e, a partir da sua solução estoque, de onde fora realizadas diluições
seriadas, com leituras nos mesmos comprimentos de onda utilizado para os extratos. Os
valores de absorbância foram registrados e, a partir deles, construída uma curva padrão,
e calculada sua equação (y = ax + b), com auxílio do programa Excel®.

3.9 Caracterização química do solo


As amostras de solo, logo após coleta em campo e as coletadas ao final do
experimento, foram avaliadas quanto à sua composição química nos Laboratórios de
Fertilidade de Solos e Microbiologia de Solos, (DEN-UFPE).
Para caracterização foram determinados os teores de nitrogênio total, carbono
total e valor de pH, nos Laboratórios de Fertilidade de Solos e Microbiologia de Solos,
(DEN-UFPE).
Os teores de nitrogênio total (NT) foram determinados pelo método
Microkjeldahl (MALAVOLTA, 1997) e a destilação e titulação foram realizadas de
acordo com (BREMMER, 1965). O carbono total (CT) foi obtido por oxidação com
dicromato de potássio (via úmida) e titulação com sulfato ferroso amoniacal
(OKALEBO et al., 1999). O pH em (H2O), realizado pelo método da Embrapa (2009).
22

3.10 Análises estatísticas


Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, envolvendo as doses
de radição. Em seguida foi realizada análise de regressão para se estimar a dinâmica
do NT, CT, valor do pH e a quantificação das substâncias liquênicas em cada período
de coleta, por meio do uso do programa estatístico SISVAR® (FERREIRA, 2003)
observando-se, concomitantemente, a significância do modelo quadrático e o valor do
coeficiente de determinação (R2). Os dados ajustaram-se de melhor forma no modelo
quadrático.
23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação qualitativa da composição química dos talos de Cladonia salzmannii


irradiadas e do grupo controle (não irradiadas), sobrepostas sobre o solo, durante os 136
dias de experimento, revelou por meio de cromatografia em camada delgada (CCD)
(figura 8), produção de seu composto majoritário, o ácido barbático (BAR) em todas as
amostras avaliadas.

Figura 8 - Cromatografia em camada delgada dos extratos orgânicos de C. salzmannii aos 136 dias de
experimento, onde: 1, 2, 3, 4, 5 (Controle); 6 , 7, 8, 9, 10 (5Gy); 11, 12, 13, 14, 15 (10Gy); 16, 17, 18, 19,
20 (60Gy) e 21, 22 ,23 , 24, 25 (100Gy). Rfs Valores entre 0,80 a 0,83.

Para ratificar os resultados qualitativos, foi quantificado o BAR nas amostras


exauridas dos talos liquênicos, submetidas ou não à radiação gama, onde foi procedida a
análise em espectrofotômetro, com base em uma curva de calibração do BAR padrão.
Huneck e Yoshimura (1996) indicam pico máximo de absorção em UV do BAR a
268nm, 270nm e 276nm. Por apresentar maior coeficiente, foi selecionado o 276nm.
A curva de calibração do BAR (figura 9) produziu uma reta, obtida por
regressão linear com fator de correlação (R2) igual a 0,9912.
24

Figura 9 - Curva de calibração do BAR. R2= 0,9912.

Os valores obtidos foram ajustados ao modelo matemático linear. Com a


equação da reta definida, foram calculados os teores do BAR nos diferentes tratamentos
e tempos de experimento (figura 10).
Comparada à produção do BAR, em diferentes doses, os valores do tratamento
referente à dose de 5Gy, sempre estiveram em teores superiores aos demais tratamentos
durante todo o experimento, exceto aos 136 dias, onde a concentração de BAR é maior
no material controle.
Apesar da diferença nos teores de BAR, os tratamentos apresentaram a mesma
tendência, iniciando o experimento em altas concentrações e diminuindo conforme o
passar dos dias.
As concentrações do BAR nas amostras controle do líquen, indicou que, de
maneira geral, estas, foram maiores que as dos tratamentos com doses de 60 e 100Gy,
respectivamente. Apenas aos sete dias de experimento, o tratamento com dose de 60Gy
(0,378 mg de BAR/mg de talo) obteve maior teor de BAR em relação ao tratamento
controle (0,257 mg de BAR/mg de talo).
O aumento na concentração de BAR, aos sete dias de experimento, nas amostras
controle e irradiadas, exceto o tratamento com dose de 100Gy, podem estar relacionados
com estresse sofrido pelos talos liquênicos, frente ao suprimento extra de radiação gama
e ou como forma de adaptação às novas condições de ambiente, passando a produzir
BAR em maior quantidade.
Segundo a literatura, liquens submetidos à radiação gama ou ultravioleta,
tendem a produzir maiores quantidades de fenóis, pois, funcionam como fotoprotetores
e ou fotoindutores, protegendo o interior do talo, preservando suas fisiologia
25

(SEAWARD, 1977; NASH III, 1996). As condições microclimáticas parecem ser


importantes para o funcionamento de C. salzmannii (LEGAZ et al., 1986), que, quando
acondicionadas, depois de coletadas em ambiente natural, pode ter a biossíntese do
BAR incrementada.
De maneira geral, sob influência da radiação gama na dose de 5Gy, o composto
liquênico majoritário foi metabolizado em teores superiores em relação aos liquens
submetidos às demais doses de radiação, durante todo o período de experimento (figura
10). A concentração de BAR nas amostras submetidas às doses de 60 e 100Gy,
respectivamente, não chegou a ser maior quando comparado ao tratamento controle.
Pode-se sugerir, portanto, que doses a partir de 60Gy, influenciam negativamente na
biossíntese dos compostos liquênicos analisados, inibindo, com o aumento das doses de
radiação gama, a produção do BAR.
No entanto, as amostras sobreviveram pelo menos 100 dias sob condições de
estresse. Em adição, o material controle também sofreu influência das condições de
experimento, diminuindo seu teor de BAR.
A figura 11 indica, mediante os resultados encontrados, produção total do BAR,
extraídos dos talos liquênicos submetidos à radiação gama provenientes da bomba de
Co-60, mantidos sobre o solo por um período de 136 dias. Nota-se uma variação dos
teores de BAR metabolizados pelas diferentes amostras de C. salzmannii, em função
das diferentes doses administradas.
Nas doses iniciais (5 e 10Gy), foi observado um aumento no teor de BAR
produzido nas amostras analisadas. Logo, nas doses que se seguem (60 e 100Gy) houve
um decréscimo. Tal comportamento (Figura 10 E) pode ser comparado ao estudo de
Silva et al. (2010), onde amostras de C. substellata irradiadas em diferentes doses,
apresentaram limiar de produção na dose de 10Gy, havendo uma diminuição quase que
total a partir dos 60Gy, durante três meses de experimento.
26

Figura 10 - Concentrações do ácido barbático extraído dos talos de C. salzmannii submetidos ou não a
diferentes doses de radiação gama, em diferentes intervalos de tempo de experimento.
27

Figura 11 - Produção total do BAR (mg) por Cladonia salzmannii irradiadas ou não irradiadas durante
todo o experimento.

Estudos sobre a alteração na estrutura do talo liquênico, causadas por poluentes,


são relatadas por Silva (2002), na avaliação do comportamento de C. verticillaris,
submetida à ação de soluções de acetato de chumbo, em condições controladas, onde
observou-se a degradação das substâncias liquênicas, no interior do talo.
O referido autor discute ainda, o efeito de poluentes atmosféricos, em áreas
urbana e industrial, sobre a mesma espécie, quando os liquens apresentaram seu
funcionamento extremamente prejudicado, apresentando baixo teor de produção de sua
principal substância – o ácido fumarprotocetrárico (FUM), havendo, além do mais, uma
maior produção do ácido protocetrárico (PRO), sendo ratificada a hipótese da
biossíntese ser prejudicada pelos poluentes, seja pelo impedimento de parte da
fotossíntese, ou por inibição de alguma das etapas metabólicas.
Neste trabalho, a produção do BAR por C. salzmannii, parece ter obedecido a
uma tendência, em função dos níveis de radiação. Ou seja, à medida que a dose
aumentou, maiores teores de BAR foram requeridos pelas células para garantir a
preservação do talo. Porém, os dados também indicam a existência de um limite ou
limiar de produção do BAR, que ocorre em torno da dose 5Gy, a partir da qual os teores
tendem a diminuir.
Estudos com Cladonia arbuscula, Cetraria islandica, Hypogymnia physodes e
Peltigera aphthosa demonstraram que estes liquens irradiados aumentam o efluxo de
eletrólitos, K+ e compostos orgânicos (NINFOTOVA et al., 1995), o que evidencia os
danos que a radiação gama causa às membranas celulares, provavelmente também
28

extensivos às estruturas celulares e mecanismo de regulação. Apesar de pequenas doses


de radiação estimularem processos metabólicos em plantas e as altas destruírem suas
rotas metabólicas, cada organismo tem sua própria capacidade de suporte à radiação
(NINFOTOVA et al., 1995).
A atividade enzimática (peroxidase) é dependente da taxa de umidade do líquen.
As amostras secas são mais ativas do que as úmidas. P. aphthosa apresentou menor
atividade em seu talo irradiado previamente umedecido, em relação ao seco
(NINFOTOVA et al., 1995). Tratando-se de uma espécie com cianobionte, que acumula
mais umidade que espécies que possuem algas verdes, a diferença entre amostras secas
e úmidas fica mais evidente.
Neste trabalho irradiaram-se amostras secas à temperatura ambiente, o que
possivelmente contribuiu para uma resposta mais satisfatória, tomando-se a precaução
de umedecer as amostras experimentais após a irradiação.
Em etapa posterior, procurou-se avaliar se os liquens depositados sobre o solo
alterariam sua composição química através de seus pluviolixiviados.
Durante os 136 dias de experimento, onde as amostras de liquens de C.
salzmannii foram submetidos ou não a radiação gama, em diferentes doses, os
metabólitos secundários da espécie foram produzidos e lixiviados para o solo (figura
12). Análises em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) determinaram os
valores das concentrações das amostras de solo que tiveram concentração do BAR
determinadas pela regressão das suas concentrações (figura 13).
No período considerado, as substâncias com valores de Rf superiores ao padrão
BAR detectadas na CCD do extrato dos solos, podem ser resultado da reação de
quelação. Pereira (1999) em estudos com Cladonia verticillaris afirma que quando os
ácidos protocetrárico, fumarprotocetrárico e atranorina, uma vez percolados para o solo,
podem reagir com seus minerais formando quelatos. Em adição, Vasconcelos (2007),
em ensaios com C. verticillaris, relata que íons do solo podem ser absorvidos pelo talo
liquênico, promovendo alteração na produção de seus metabólitos. Nash III (1996)
sugeriu que a capacidade do líquen em acumular íons pode ser saturada. Por isso, certa
quantidade de substâncias em excesso pode ser liberada para o meio ambiente, neste
caso para o solo e o seu acúmulo pode ser mensurado. Experimentos realizados
anteriormente, com talos de C. verticillaris ocorrente sobre solo arenoso, demonstraram
a presença do ácido fumarprotocetrárico e protocetrárico nas placas de CCD dos
extratos dos solos, durante todo o experimento (VASCONCELOS, 2009).
29

Maiores quantidades do BAR encontrados no solo podem indicar uma maior


produção desses compostos no interior do talo, e isso se verifica ao tratamento com dose
de 5Gy (tabela 1). A menor quantidade de BAR lixiviado para o solo, deu-se,
principalmente sob o tratamento de 100Gy, onde, de maneira geral, as menores
concentrações do composto foram observadas (figuras 10 e 11).

Figura 12 - Cromatografia em camada delgada dos extratos do solo, mantido sob Cladonia salzmannii
irradiadas ou não irradiadas aos 136 dias de experimento, onde: T1 – controle; T2 – extrato de solo com
liquens submetidos à dose de 5Gy; T3 – extrato de solo com liquens submetidos à dose de 10Gy; T4 –
extrato de solo com liquens submetidos à dose de 60Gy; T5 – extrato de solo com liquens submetidos à
dose de 100Gy.
30

0,6

0,5

Concentração mg/mL
0,4

0,3

R = 0,9953
0,2
Sd =0,03171

0,1

0,0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000

Área

Figura 13 - Curva de calibração do BAR criada a partir de análises de extratos do solo em cromatografia
líquida de alta eficiência. R2= 0,9953.

Tabela 1. Teores do ácido barbático (BAR) produzido por Cladonia salzmannii, irradiadas ou não
irradiadas, lixiviado para o solo a ela subjacente aos 136 dias de experimento.

Tratametos Concentração BAR (ug/mL)


Solo Testemunha 0
Controle 80,2
5 Gy 152,9
10 Gy 86,8
60 Gy 72,6
100 Gy 60,4

Considerando as quantidades do BAR lixiviados para o solo, este composto


parece ter modificado sua composição química durante o período do experimento. Este
fato fica mais evidente nos tratamentos onde os liquens foram irradiados com doses de 5
e 10Gy, onde maiores concentrações desses compostos foram detectadas. Foi levado em
consideração que outros compostos orgânicos dissolvidos no solo estivessem presentes
nas amostras, e podem ter sido lidos na mesma densidade ótica das substâncias
liquênicas consideradas. Mesmo assim, os resultados são compatíveis com os
observados por CCD.
Análises de fertilidade de solo, utilizando parâmetros como valores de pH,
Carbono Total e Nitrogênio Total, antes da influência dos talos liquênicos irradiados ou
não, foram mensurados (tabela 2) para posterior comparação com os solos tratados.
31

Tabela 2. Caracterização química de amostras de solo arenoso da área de ocorrência de Cladonia


salzmannii utilizada no experimento.

pH C Total N Total
......................g/kg......................
3,96 9,8 2,1

Com base na Figura 14, foi visualizada elevações nos valores de pH,
principalmente aos sete dias de experimento, em todos os tratamentos, onde os valores
estão entre 4,88 e 4,73, sendo considerado de acidez forte (BRADY, 1989), havendo um
aumento de aproximadamente 23,2% com relação ao valor inicial (tabela 2). Aos 28
dias é observada uma queda nos valores, com destaque para os tratamentos de 5 e 10Gy,
onde apresentaram valores de 3,63 e 3,57, respectivamente. Essa diferença nos valores
de acidez pode estar relacionada à elevada produção do BAR, pelos talos liquênicos nos
respectivos tratamentos (Figura 10B), ainda não complexados com os minerais do solo.

Figura 14 - Valores do pH do solo arenoso da área de ocorrência de Cladonia salzmannii durante todo o
experimento.

De forma geral, os liquens quando em contato com o solo, apresentam


capacidade de aumentar o pH. Ocorreu uma elevação nos valores de pH do solo em
todos os tratamentos, não sendo observada discrepância em relação aos valores de pH
entre os diferentes tratamentos.
O aumento nos valores de pH do solo sob influência dos liquens, possivelmente
32

pode ter ocorrido, através da lixiviação e ação do BAR. Em analogia, pode-se citar o
trabalho de Vasconcelos (2009), que em ensaios com C. verticillaris, observou que os
ácidos fumarprotocetrárico e protocetrárico, quando lixiviados para o solo, exercem
influência sob o pH, mantendo-o em uma faixa de acidez próxima a neutralidade. Outra
possibilidade seria modificações nos teores de Ca presentes nos talos liquênicos,
favorecendo condição de alcalinidade do solo durante o período experimental.
Associada a essa questão tem-se a possibilidade da matéria orgânica ter complexado os
óxidos de alumínio na solução do solo, favorecendo o aumento do pH desse solo
(STEVENSON, 1994).

A aplicação de liquens no solo, em diferentes tratamentos, proporcionou um


comportamento quadrático nos teores de Carbono total (figura 15). Os resultados
indicaram que os diferentes tratamentos aos quais os liquens foram submetidos,
causaram aumento nos teores de carbono total do solo aos 136 dias de experimento,
com destaque aos liquens irradiados com doses de 60Gy, onde foi percebido um
relevante aumento de 443,8% em relação a quantidade inicial de Carbono total (tabela
2) e acréscimo de 9,8%, quando comparado ao tratamento controle.

Observa-se ainda que, os teores de Carbono total no solo aumentaram nos


tratamentos onde os liquens foram submetidos a doses mais elevadas de radiação gama.
Tal comportamento não está de acordo com a produção total do BAR (Figura 11) nem
com os valores mencionados na Tabela 1, onde foi verificada a maior produção e
lixiviados nos liquens irradiados na dose de 5Gy. Isso sugere que outros compostos
orgânicos ainda não identificados, tais como a liberação de carboidratos provenientes
das algas do talo liquênico (MELO, 2008) possa influenciar nos resultados encontrados.

Os valores mencionados para Carbono total, possivelmente estão relacionados


com o favorecimento da microbiota do solo. Legaz et al. (1986) reportam que a
presença de substâncias liquênicas no solo e sua estabilidade com o tempo possibilitam
a ocorrência de fenômenos alelopáticos, ou seja, o efeito direto ou indireto destes
compostos, podendo ou não afetar o crescimento e reprodução dos microrganismos do
solo (FAHSELT, 1994; GIORDANO et al., 1999) constituindo também fontes de
Carbono (STARK e HYVÄRINEN, 2003). Dessa forma, os liquens podem afetar a
microbiota do solo de diferentes maneiras (SEDIA e EHRENFELD, 2005).
33

Figura 15. Teores de Carbono total (g/kg), dos solos submetidos ao líquen Cladonia salzmannii,
submetido a diferentes tratamentos (irradiados ou não irradiados com radiação gama), ao longo do
experimento.
34

Figura 16 - Teores de carbono total (g/kg) de amostras de solo arenoso da área de ocorrência de Cladonia
salmannii utilizados durante todo o experimento.

Os liquens com cianobactérias como fotobiontes produzem glutamato e


glutamina como produtos primários de assimilação do nitrogênio. No entanto, os
liquens que contêm alga verde acumulam grandes quantidades de arginina, enquanto
que outras espécies acumulam os ácidos glutâmico e aspártico como os mais abundantes
no conjunto de aminoácidos livres. Várias espécies liquênicas têm a capacidade de
reduzir o nitrogênio atmosférico autoabastecendo-se deste elemento, sendo capazes de
crescer em lugares inóspitos e, desta forma, contribuem para a manutenção de um status
nitrogenado no meio, que favoreça a instalação e crescimento de plantas, ao ceder ao
meio ambiente parte de seu nitrogênio fixado (HAWKSWORTH e HILL, 1984; NASH
III, 1996; LEGAZ et al., 2006).
Através dos resultados observados (figuras 17 e 18), pode-se afirmar que a
simples presença dos liquens sobre o substrato, ou seja, o solo contribuiu de forma
positiva ao acréscimo de nitrogênio em todos os tratamentos. Tomando-se os dados da
tabela 2, pode-se constatar que aos sete dias, o solo sob amostras liquênicas irradiadas
com doses de 100Gy, obteve aumento no valor do nitrogênio total (NT) de 23,8%,
passando de 2,1 para 2,6 g/kg (figura 17A). Aos 28 dias, destaque para o tratamento
com doses de 60Gy, sendo observado um incremento de 1,1g de NT num intervalo de
21 dias (Figura 17B). No decorrer do experimento, observa-se certa tendência no
comportamento dos tratamentos, mantendo-se as médias dos teores de NT, exceto aos
136 dias, onde o solo sob liquens que receberam doses de 5Gy equiparam-se ao
tratamento com doses de 10Gy, ambos com valores de 2,3g/kg.
35

Figura 17 - Teores de Nitrogênio total (g/kg), dos solos submetidos ao líquen Cladonia salzmannii
submetido a diferentes tratamentos (irradiados ou não irradiados com radiação gama), ao longo do
experimento.
36

Figura 18 - Teores de Nitrogênio total (g/kg) de amostras de solo arenoso da área de ocorrência de
Cladonia salmannii utilizados durante todo o experimento.

De acordo com a figura 18 é possível afirmar que os liquens submetidos às


maiores doses de radiação gama, influenciaram de forma proeminente sobre os valores
de NT.
Barbosa (2009) afirma que ao se analisar as taxas de fixação de nitrogênio pelo
líquen, é possível levar em consideração não somente o efeito da água, irradiação, pH e
temperatura, mas também o período do dia e a época do ano. Pereira (1998) reporta uma
influência sazonal na produção de metabólitos de espécies de Cladoniaceae,
considerando que no verão e, portanto sob menor índice pluviométrico na costa da
Paraíba, ocorre maior produção de fenóis liquênicos.
Benalp e Lange (2003) afirmaram que áreas com presença de liquens apresentam
mais Carbono e Nitrogênio, umidade e outros nutrientes no solo, quando comparadas
com áreas de vegetação escassa e sem presença de liquens. Assim, fica evidente que os
liquens desempenham papel importante nas propriedades químicas do solo em
particular elevando os valores do pH e os teores de carbono e nitrogênio quando em
contato com o solo, sugerindo a conservação destes sobre a superfície do solo por
causarem melhoria nos seus atributos químicos.

É difícil precisar sobre o comportamento dos valores encontrados, tendo em


vista o pouco conhecimento a respeito do tema e a grande dificuldade de literatura
correlata. Segundo Vasconcelos (2007), com base na realização de experimentos, as
substâncias liquênicas de C. verticillaris foram efetivas sobre amostras de migmatito,
37

porém os dados referentes à participação dos liquens enquanto mediador da ciclagem de


nutrientes foi considerado pelo autor ainda insuficientes, destacando a importância da
continuidade e aprofundamento dos estudos, assim como a aplicação de outras técnicas
complementares.
Contudo, o presente estudo demonstra que pode haver uma contribuição
importante na melhoria das propriedades químicas do solo com a presença de liquens,
principalmente quando a umidade do solo é constante, o que permite maior
desenvolvimento desse organismo e, possivelmente, a passagem de substâncias que
poderão ser benéficas ao solo.
38

5 CONCLUSÕES

Os talos de Cladonia salzmannii Nyl., submetidos a diferentes doses de radiação


gama, produziram o ácido barbático (BAR) durante todo o experimento.
Foi observada maior produção do composto sob a dose de 5Gy, existindo, a
partir daí um limiar de tolerância.
Houve um decréscimo na produção do BAR em doses mais elevadas de
radiação gama.
Face a biossíntese diferenciada do BAR, em função da dose de radiação gama
empregada nas amostras de C. salzmannii, a quantidade de BAR lixiviado para o solo
foi diretamente proporcional à quantidade desta substância produzida pelo talo
liquênico.
Houve aumento nos valores de pH, teores de C total e N total, após 136 dias de
experimento, sendo observada importante contribuição na melhoria das propriedades
químicas do solo decorrente da presença dos liquens, de forma que este aumento se
correlaciona com as doses de radiação gama aos quais os liquens foram submetidos.
Tornam-se recomendáveis estudos mais profundos neste sentido para melhor
entendimento da permanência ou introdução de liquens sobre a superfície do solo,
principalmente em solos com baixo teor de matéria orgânica ou solos em que apresente
tendência à salinidade.
39

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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