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ADICGAO, SUBTRACAO E SIGNIFICADOS CELIA MARIA CAROLINO PIRES Introduca Fazendo uma breve retrospectiva © ensino das chamadas “quatro operaces” sempre teve grande destaque no ciais. No entanto, nem sempre ele foi conduzido trabalho desenvolvide nas séries da mesma maneira. Assim por exemplo, nas décadas de 50 e 60, as técnicas operatérias eram aprendidas mediante treino. Os alunos deviam decorar a “tabuada” e aprendiam a fazer a “prova real” e a “prova dos nove”, como formas de verificacao de resultados. A aprendizagem das operacdes era realizada “por passos”, procurando graduar possivels dificuldades. 0 uso das operacies para a resolucdo de problemas vinha somente ao final, como uma aplicacao das técnicas aprencidas. Em meados da década de 60, periodo influenciado pelo movimento internacional conhecido como “Matemética Moderna”, as operacdes passarain a ser ensinadas com base “nos conjuntos". Desse mado, a adic&o era apresentada por meio da unigo de dois conjuntos disjuntos e 0 diagrama de Venn era usado com a intencdo de facilitar visuallzacdo dessas operactes. Nesse periodo, o caiculo mental passou a ser menos enfatizado e havia uma recomendacdo contra a memorizacao da tabuada A partir de 1980, com as criticas a0 movimento “Matematica Moderna”, as operacées passaram a ser trabalhadas a partir de situacées problema em que as ideias ou significados nelas presentes eram exploradas: juntar, acrescentar, tirar, comparar, completar, medir etc. Para a compreensdo das técnicas operatirias (0 vai um, os “empréstimos” etc.) estimulava-se 0 uso de materials como o Material Dourado, as barras Cuisenaire e jogos. Também lancava-se mo de tabelas, esquemas e de representacao na reta numérica. Nos anos 90, 0 estudo das operacées articulando os calculos 8 resolucdo de problemas ganha forca e as diferentes estratégias de resoluco de um problema e de uma operacao, inclusive aquelas criadas pelas criancas, passaram a ser valorizadas. As pesquisas sobre o ensino das operagées também se ampliaram. Algumas delas mostram, por exemplo, que a dificuldade de um problema nao esta diretamente relacionade & operacao requisitada para a solucéo. Nem sempre problemas que se resclvem por adigéo s3o mais faceis para as criangas do que outros, resolvidos por subtracao. A teoria desenvolvida por Gérard Vergnaud, conhecida como Teoria dos Campos Conceituais, traz como implicag&o 0 fato de que problemas aditivos € subtrativos nao podem ser classificados separadamente, pois fazem parte de uma mesma familia Evidencia também que a construcdo dos diferentes significados relacionados as situages-problema demanda tempo ¢ ocorre pela descoberta de diferentes procedimentos de solucdo. Desse modo, 0 estudo da adicao e da subtracdo deve ser proposto ao longo dos dois ciclos, juntamente com o estudo dos ntimeros € com 0 desenvolvimento dos procedimentos de cdiculo, em fung&o das dificuldades légicas, especificas a cada tipo de problema, e dos procedimentos de soluco de que os alunos dispdem. Na sequencia analisaremos situagdes que envolvem adicao subtracao e, para efeito de andlise, distinguiremos quatro grupos. (1). Situagées associadas a idéia de combinar dois estados para obter um terceiro. Esta € uma das situagdes mais frequentemente trabalnadas na escola e é comumente identificada pelos professores com a acd de “juntar”. Vejamos um exemplo (A) Em classe hd 15 meninos e 13 meninas. Quantas criancas hd nessa classe? 1°. 26 3°. Estado Estado Estado 15, 13 | 2 A partir dessa situag3o é possivel formular outras duas, mudando-se a pergunta. As novas situages so comumente identificadas como aces de "separar ou tirar”. Exemplos: (B) Em uma classe de 28 alunos, hd alguns meninos e 13 meninas. Quantos s&o os meninos? 10. 29. 30, Estado estado estado ? 13 28 (C) Em uma classe de 28 alunos, 15 s40 meninos. Quantas sao as meninas? 10, 20, 30, Estado estado estado 15 22 28. No entanto, € importante destacar que muitas criancas resolvem esses problemas, adicionando 15 ao 13 (B) ou 13 ao 15 (C), em funcGo da forte imbricacdo entre adicdo e subtracSo. (I). si um estado ini \c6es ligadas a idéia de transformagio, ou seja, a alteragéo de I, que pode ser positiva ou negativa. Nestas situagdes € como se a crianga tivesse que observer cenas sucessivas de um acontecimento e identificar a alterac&o ocorrida, Vejamos um exemplo: (D) Paulo tnha 20 figurinhas. Ele ganhou 15 figurinhas num Jogo. Quantas figurinhas ele tem agora? Estado Transformacao Estado inicial final 20 +15 35 (E) Pedro tinha 37 bolinhas. Ele perdeu 12 num jogo. Quantas figurinhas ele tem agora? (transformacao negativa). Estado ‘Transformagao Estado inicial final a7 -i2 25

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