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História Econômica

Introdução a História Econômica

Iniciaremos nossos estudos dessa temática tratando de conceitos básicos da


História Econômica, apontando as relações entre os termos ‘história’ e
‘economia’, além de fazer uma breve exposição sobre essa área de estudo,
inclusive apontando necessidades para uma historiografia mais coerente com o
nosso contexto contemporâneo; historiografia esta, que inclua nas abordagens da
História Econômica considerações a respeito da influência das demais atividades
humanas, como política, cultural, jurídica, entre outras.

Num segundo momento, passaremos a considerar os primeiros sistemas


econômicos que surgiram na humanidade, especialmente aqueles do período da
Revolução Agrícola, a fim de percebermos como os múltiplos fatores da vida
afetam não só as atividades econômicas das sociedades, como, também, suas
relações política, social, cultural, etc.

Pretendemos que você perceba que o estudo da História Econômica lhe auxiliará
nas reflexões a respeito das transformações econômicas ocorridas nas diversas
sociedades de diferentes períodos históricos, considerando as inúmeras relações
entre passado e presente.
Se adotássemos a junção dos termos ‘história’ e ‘economia’, portanto,
poderíamos chegar no seguinte sentido: História Econômica é o estudo
das atividades econômicas desenvolvidas pelas diversas sociedades –
em tempo e localidade – no decorrer dos muitos anos da humanidade.
José D’Assunção Barros (2005) comenta que a classificação dos campos
da história, dentre eles a ‘História Econômica’, é gerada pelas várias
dimensões da vida humana, que na realidade social não se desliga de
outras áreas, como a História da Cultura Material, a História
Demográfica, História Política, História Cultural, entre outras. Segundo
o autor, “dificilmente pode haver dúvidas relativas aos objetos da
História Econômica. Estuda-se qualquer um dos três aspectos
envolvidos pelas atividades econômicas: a produção, a circulação ou o
consumo” (p. 235).

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O modo de produção de uma sociedade concretiza-se por meio da força
de trabalho; dos recursos utilizados para a realização do trabalho, sejam os
equipamentos, bem como as matérias-primas a serem transformadas;
junto às relações estabelecidas entre os próprios trabalhadores e com os
recursos de trabalho.
Uma análise da História Econômica, então, precisa considerar as questões
econômicas dentro de uma perspectiva temporal e não apenas em seus
aspectos pontuais e estáticos, como é comum à Economia. Assim, essa
análise deve procurar observar os aspectos conjunturais, a fim de
compreender a dinâmica estrutural estabelecida e vice-e-versa. A
atividade econômica – produção, circulação e consumo – caracteriza-se
como a infraestrutura das relações entre os membros da sociedade. A
produção acontece num contexto político-cultural, portanto, para que as
transformações infraestruturas sejam melhor compreendidas, se faz
necessário o entendimento do cenário político, cultural, ideológico,
jurídico da época.
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Antes do domínio da pecuária e da agricultura, a humanidade vivia sob
uma economia natural, obtendo os recursos necessários à alimentação,
ao vestuário e à moradia a partir do meio ambiente. Devido à
simplicidade dessa maneira de produção, o trabalho humano visava às
necessidades coletivas e era desenvolvido numa divisão social simples,
geralmente baseada no sexo e na idade. Nesse período, havia uma
incerteza produtiva imposta pelo ambiente; não havia excedente de
produção; a coletividade estava acima do direito privado; não havia
distinção bem definida de classes sociais; ainda não era conhecido o
papel do Estado; e as relações comerciais não eram praticadas.
O domínio da agricultura conduziu o ser humano a se organizar de
maneira mais complexa no trabalho. Observa-se nesse período,
atrelado à expansão da agricultura, o início de novas funções, dentre
elas as administrativas e as religiosas. A partir do excedente da
produção uma parte da população pôde exercer outras funções.
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Nesse período de produção de excedente é que aparecem os
primeiros problemas relacionados à economia, afinal, como justificar
e definir quem iria se dedicar à produção dos meios de subsistência
(um trabalho mais árduo) e quem iria administrar, desenvolver
artesanato, construir, etc. (um trabalho com maior status)? Para lidar
com essa questão é que surge a ‘ideologia’ – das classes dominantes
sobre as dominadas –, a fim de legitimar a nova organização social
assumida pelas sociedades.
E nesse mesmo contexto de relações de poder é que surge outro
importante conceito, o da ‘utopia’, que basicamente atende os
mesmos princípios da ideologia, contudo, não pertencente às classes
dominantes, mas aos dominados, que passam a questionar a
ideologia imperante e a propor novas formas de pensar e praticar a
sociedade.

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Referências Bibliográficas

BARROS, José D’Assunção. O campo histórico: as especialidades e abordagens da história. In:


História Unisinos. vol. 9, n. 3; pp. 230-242, setembro/dezembro, 2005.

BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. rev. São Paulo: Brasiliense, 1993.

BRASSEUL, Jacques. História econômica do mundo: das origens aos subprimes. Lisboa: Edições
Texto & Grafia, 2011.

CAMERON, Rondo. História económica do mundo: de uma forma concisa, de há 30.000 anos
até ao presente. Mem Martins: Europa-América, 2000.

HOBSBAWM, E. J. Sobre história: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

LEÃO, Igor Zanoni C. C.; CARVALHO, Anna Luiza B. D. de. Introdução à história econômica. In:
Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, n. 3 (34), p. 539-548, dez. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882010000100015>.

REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História econômica geral. 9. ed. 2. reimp. São Paulo: Contexto,
2010.

SINGER, Paul. O que é economia. São Paulo: Brasiliense, 1989.

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