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Eles, os fantasmas da solidão

Emerson Monteiro

Do Amor procedemos, e com Ele fomos criados. Assim, ao Amor


tendemos, e a Ele estamos consagrados. Ibn Arabi
O medo que, de si mesmo, isso ocasiona, de querer fugir sem ter aonde se
esconder. Instinto do ego, a luta de esquecer o passado e correr ao futuro
prevalece. À medida do tempo, vem o gosto de conhecer o abismo da
Consciência. Desejo ardente de neutralizar a ausência incontida, fonte de
tantas angústias, daí esse fator que permanece no querer das criaturas.
Ninguém que seja capaz de avaliar a importância de querer algo com toda
força. Nas doses extremas de dor, correm à embriaguez, à fome de conter,
neutralizar, o que restringe descobrir o gosto do equilíbrio. Mascarar a
própria presença. Esses fantasmas chegam, passo a passo, diante da
solidão. Quando seria o instante de encontrar o ser que somos de verdade,
nesse momento avançar nos apetites da matéria é desfazer a oportunidade
do encontro.
São muitos os nomes a isso, à feliz realidade no encontro consigo mesmo.
O vazio deixado pelo tempo que escorre no firmamento somos nós.
Aprendizes do Destino, e apenas observamos um jeito de responder à maior
das interrogações. Frutos doces da Eternidade, contemplamos o Infinito
feitos peças ocultas desse imenso painel das luzes em movimento. Quantas
vezes, olhos postos no mistério, observamos finais do dia sem conhecer a
raiz do que nos trouxe aqui. Fronteira entre o tudo e o nada, tão só
avaliamos grosso modo o motivo da estar neste mundo. As causas, os
valores que viajam pelos céus.
Talvez por isso de ser assim, padeçamos, questionemos a forma ideal de
tocar as fímbrias das madrugadas e que possamos despertar, de uma vez
por todas, deste sono que nos envolve e, nalguns lugares, embriaga. Nem
de longe há o prumo definitivo de conter o desenrolar dos séculos com
facilidade. Pulseiras do teatro desse tempo, avaliamos constantemente a
solução de tudo. Fitamos longe as luas e adormecemos nos sonhos. A
música das nuvens que passam bem que pode, lá um dia, tocar o nosso
coração e revelar o enigma que ora somos. Estejamos atentos, pois.

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