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Houvesse por quê e o mundo seria outro

Emerson Monteiro

Vem desde o princípio da conformação isso de se render ao absoluto de


tudo (Não recalcitreis contra o aguilhão, bíblico). Obediência
incondicional ao gestor dos acontecimentos. Aceitação plena em caráter de
entrega. Bem nessa hora de evitar maiores dores depois de fazer o
necessário. Saber, por demais, o tanto de encarar o princípio das horas,
baixar a cabeça e rezar. Vem de bem distante essa vontade extrema de
trabalhar o destino com as próprias mãos, no entanto. Forçar a barra do
impossível e vencer, resultado que fosse de uma justiça maior sobre o
mundo. Há quanto tempo vem sendo assim nem o próprio Tempo revelará.
As normas desse mister prevalecem, apesar dos ânimos exaltados da
inteligência humana. Todavia há de haver sentido nessa vontade humana de
revelar o invisível, desfazer o enigma e chegar no teto do Infinito. Viver, só
então, da própria consciência, matriz das ações e possibilidades. A busca
significa o pulsar das gerações. A insistência em continuar a tela do
horizonte. Viver, enfim. Sorrir, tocar em frente, acreditar nalguma razão
superior de que também somos peças.
As iniciativas individuais prosseguem, pois, de asas abertas a todo
momento. Rompem barreiras quase intransponíveis. Fazem guerras,
destroem países, alimentam animais desconhecidos nas cavernas das
criaturas que invadem a regularidade, no desejo ardente de vencer a
pequenez dessa fase tão oscilante. Ninguém para. Querem viver e construir
os edifícios cinzentos da ilusão aonde quer que avancem. Instrumentam o
instinto de dominação a ferro e fogo. Humanos até quem sabe quando...
Porém, a vasta cena desse drama das gerações nada além disto representa
senão a fome deslava de encontrar a si mesmo pelas dobras da Natureza a
quem ver nas suas intenções e conquistas. Sementes à cata dos céus, entes
secretos da Luz, potenciais senhores da santa realização do Ser que lhes
conduz neste sonho de revelar a perfeição de que fazemos parte integrante,
definitiva.

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