Você está na página 1de 27

Bem-Vindo

Saio do silêncio p'ra cumprir as normas


Dar voz à plenitude e acolher a revolta
Abro os olhos como se fosse a primeira vez
E, então, seja bem-vindo de volta.
Se sou poeta não importa os meios
Ouço, sinto e ainda vejo
E me inundo em um mar de tormenta eufórica
Conheço o suor do plantar sob devastação
Por lá, apenas um e ali mais do mesmo
O peito em chamas a arder por um verão
Sábio ou tolo, serei o que fores
Serei fatos, nunca falso sermão
Espinhos letais com o formato das flores

Me amo à fim de amar-te

Como pode um poeta amar a dor?


Confundir-se entre sentimentos enquanto versa o teu valor.
Que por tanto esteve a procurar
Que por tanto amor se alegrou em criar

E como borboleta tu eras


Te busquei e me escapavas
Tu fugias, eu ignorava
Não há fuga ao se tratar do destino.

Ao cansar de tentar alcançar, veio-me a surpresa


Sutilmente em meu ombro pousou.
Assim a vida imita a arte
Fiz morada por toda parte

Auto-amor que destrói culpa


A extinguir tua insegurança
Quero despertar-lhe esperança
Ser tua única desculpa.

A desculpa que contarás a ti mesmo


Para ir e amar-te como és
E eu repito que te amo

Em mil anos ainda amaria


Se em vida eu por ti morreria
Em morte vivenciar-lhe-ia.
Rebusta busca

Se não conheço a melodia da vida


Como procurar o sentido da morte?
Como um cão que persegue a própria cauda
Sentindo-se alheio à própria manifestação
Em nome de todas as primeiras vezes
Que a metamorfose não seja em vão
Mas, se em vida, aprazia
Na morte, satisfação

Balanço manso

Que horas são?


A hora é agora
Com os pés suspensos
Num balanço manso
Não há, não é e não está
É no vazio que a felicidade habita
No cálice do êxtase de não existir

Onde florescer

As paredes são ásperas


Estou contra estas falsas cercas
Buscando o destino de um coração ansioso
Aflitiva pressa antes que eu me perca

Sou a regra viva em um jogo de escolhas


Com palavras soltas a mercê da vontade
Outra vez, um novo dia nasce
Dominei o incerto mas, encontrei a saudade

A tormenta antecede a erupção


E muitos erros antecedem o acerto
Se a minha canção amansa as águas
Assim a paz floresce do aperto

Filho da mãe

Me deitava pelo impulso, adormecia pela exaustão


Mudo, cego, surdo e fraco, pois,
Não falava o que era útil
Não amava o que era puro
De sujo a burro, de feiticeiro a pagão
Do diabo à besta, do pecado à ilusão
Aquele que envergonhava os sábios
Aquele à beira do envenenamento
Mãe que ódio disse, assim me fez
Que assim fez acontecer e pela dor dilacerou
E mostrou-me o caminho de volta
E o espelho como um santo professor
Escravizando minh'alma, mapeou minha libertação
Oprimindo minh'arte, mostrou-me a ressurreição
Uma criança e um diálogo interior
Órfão do afeto da ingênua validação
Confiante na estrada de luzes em seus sonhos
Não pai, não mãe; não eu, então?
Piada que ecoa e ainda faz-me rir
Eu sou o vazio dando lugar ao que sou.
Agradeço o sacrifício em ser o mal que me lapidou
Minha aposta é outra, é o amor arriscado
Naquele que agora é o puto perdedor.

Quem poderia dizer?

Éramos uma potência explosiva


Os limites se dissolviam como fumaça
E ainda te tenho em minhas canções
Minha liberdade te escravizou
E atravessou as palmas das minhas mãos

Sem que eu pudesse ver, Babel desabou


O dia mais importante se tornou dor
Eu já andava sozinho há miseráveis anos
Ainda estando ao seu lado pelo anoitecer
E as nossas línguas se confundiram entre o rancor

Eu traduzi, tu sucumbiste
Por vulnerabilizar eu, tu engradeceste o teu
Tu sucumbiste, eu sorri em paz
Ainda te amo repleto de belos motivos
Além do que tu serias capaz

É que não houve imprecisão


O amor é cabal mas não se desfaz
Quem poderia dizer?
Te amo além do que serias capaz
Ainda haverá de compreender
Refeito

Toda a desarmonia está explicada


Faltava-me o verdadeiro silêncio
Todo instante agora se refaz feliz
Conheci a euforia, o extâse e a paz
Que agora dançam com a divina paixão.
A tristeza perdeu o hábito da visita surpresa
Hoje, eu quem consciente a surpreendo
Com a capacidade de me fazer pleno
Bêbado sem o álcool, chapado sem erva
Transcendido no intervalo do labor pela moeda
A verdade surgindo do negrume quântico
O expandir da consciência etérea sob a vida cotidiana
Me vi sob mil processos e sob a paz
Com uma suposta ausência de motivos
A suposição criada por outra suposta mente nada vivente
É que ela mente ser, mente estar
Verbos básicos da existência
É por isso que não te vejo, só te percebo
Se és minha, nunca o oposto.
A vida é congruência, é um lindo jogo
Se me apaixono por outro personagem
Nada além de um reconhecimento.
Há n'outro o que buscava em mim
E me propus a encontrar.
Quando voltei aos lugares errados
Retomei o progresso, retornei ao pó.
É conhecendo a ausência que se faz presença.
É a capacidade de estar refeito por si só.
E aquele tesouro invisível se manifesta
Me cobre de ouro e o mundo desaba por mim
Não fiz nada por isto, apenas reacendi.

Fé sem pé nem cabeça

Hoje, me desmonto e me desfaço;


Não sei por onde serei ou onde chegarei
A ordem está desordenada
E a solene falta ainda consome
Dramáticos nesta bela peça
Um jogo de paradoxos invertidos
Busques mas não encontres
Quando a verdade é do desconhecido
Dormir sorrindo
Não sofrer quando o sabor é amargo
É isso que vivo
É disciplina, é esforço.
Transcender o ego é também vestí-lo quando necessário.
É a paz e a tormenta, é a neutralidade.
E todo dia é o primeiro passo.

Despertar

Quando acordo e é dificultosa a tentativa de abrir os olhos


Me perco entre realidade e ilusão; ilusão e realidade.
Ao deitar-me a fim de adormecer
Me perco em realidade e ilusão; ilusão e realidade.
Você me faz sentir que o que eu sei é verdade
Quando na realidade...
Nua e crua é a nossa vaidade
Cante aos golfinhos e te ensinarão
Sobre o dualismo que fazes parte.
Amargores em um lamaçal de culpa
Dores expelidas convidam a lacrimar
Esperei um bocado pra me descontaminar
Mas trouxe o Ser em minha voz
Quem sabe alguém queira escutar
Me ouvir dizer coisas das quais já sabem
Se esqueceram, problema não há.
Em meus olhos eu trago vendas
Atire o ego e não atingirá
Trago tampões aos ouvidos
Assim poderás disparar
Nada direi ao que presenciar
Independe a essência do evento promovido
Não vejo, não ouço e não hei de falar
Diga a todos: não houve atingido.

So(m)bras de um espelho

desde a "pura" que me pariu


desde a cruz que deram-me a carregar
com o peso do medo
por temerem a própria liberdade
me vi num lamaçal de nauseantes ilusões
medo de estar, medo de ser
sentir como sinto
vassalar, vadiar, viscerar
medo de me doar
de viver, morrer, obliterar
de viver a medoar...
medindo cada mínimo risco
calando a doce espontaneidade
privando o meu eu de criançar
de criar e recriar o verbo
nascido e morto sob a condicionalidade.
entre ser mancebo ou ter mancebia
mas, decidi esquecer que esse mundo existia
agora, todo dia me mato.
quem sou?
ou melhor, quem não sou?
não tô fora nem ao alcance de um olho
um axioma a flutuar no espaço consciente entre os átomos
não sou tua palavra depravada
tampouco, o que apenas pensou
tu chama de ofensa quando me ensina sobre ti
e tu, também sei que não sou
fui muitos, hoje poucos e ainda vários
mesmo o todo sempre há de ser
é a resplandecente correspondência
se me ofereces a luz, é um lindo sol que há em você

Sinestesia

riso eufórico saciado de nulidade


hei de delirar sob as luzes
minha consciência louva à musica
temo a inércia, não o risco
danço com as tonalidades
sinto um som geometricamente cheiroso e violeta macio
é só um olhar âmbar sinestesiano
a germinar em um eco oceânico

Estrela Cadente

Tu sempre me pede o mesmo


'tás sempre a questionar-me a vida
Já sabe a hora em que eu corto o céu
Nunca passo despercebida
Meu som ecoa pela flauta vitoriana
Mas, desta vez algo está mudado
Te vejo pleno e soberano
À luz do destino ao alcance e à cura
A liberdade não se faz com um discurso
O amor não reside em lugares errados
E a dualidade não é uma mistura
O amor não se faz com futuro e passado
Porventura, dessa vez
Tão somente dessa vez
Ao te ver enfim consciente
Hei de trazer-lhe o puro bálsamo.

A ideia

Todo dia o vento me conta um segredo


Eu, de punhos cerrados e braços cruzados
Não importa o que eu faça
Seja o que flor
Não entrego o que esperas
Sou a ideia que renegas
Sigo a sobrevoar enquanto dormes
Sobre um cemitério repleto de pétalas
Sigo em paz enquanto temes
Entre as formas que aprisionam
À ausência de propósito
E me sobra tempo pra sonhar acordado
Pra dormentar o corpo em transe
Aos arrepios da transformação
Como uma amostra grátis do destino
Ritmado ao ser fantástico
Onde tudo acaba no princípio
Onde morto sente-se vivo
Mas, estou de saída
Só espere um pouco... qual sua música preferida?

Morte

É que eu morri.
Comigo, todas as formas físicas
Sempre nunca sempre
O espaço consciente
Se a frequência é a repetição
Escolho os padrões;
A dedo.
Para que não haja erro em haver erros,
crio um enredo que se desfaz e,
Rejeita o inútil apego.
Quando nada é real, o vazio se experencia
E eu escalo;
às vezes me arrasto.
No entanto, livre.
Como a serpente e o cajado.
Performando o aspecto egípcio
Relembrando o inimaginável, dançando sob paradoxos
reavivo o cristal divino em cada célula.
O orgasmo transcendental
Desfaz o eu que se faz transpassar
Em meus olhos, o brilho de Sirius
E a promessa de retornar
A ausência de identificação me enche de paz
Afasto a penosa panema
Se atento, não olho para trás
Quando o ego mente
Observo.
o ego, a mente...
O organismo projetado.
Quanto pesa o amor?
Quanto custa ouvir tua verdadeira voz?
Não é por mim, é sobre um nós.
"Vós pensais que vim trazer a paz sobre a terra?
Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão”
Se abarcamos o que transcende a compreensão
Ainda que abdicados da perfeição
O mito de que Deus descansou,
novamente;
Vós pensais
Eu sou.

A mente que compila

a ideia de estar no cosmos


de ser o cosmos
uma imensidão.
a infinitude e a solidão
a alguns assusta
também acalenta
é que o destino ajusta
entre mil milhões de composições
te encontrei pelas névoas de Netuno e te apresentei às luas de Júpiter
e pelos anéis de Saturno;
tu.
tão somente, tu
se reconhecendo nos astros
me reconhecendo em ti
observo a confiança me alcançar
e viver sem culpa
e não seguir a correnteza
eis o calor em mil faces, mil formas de entorpecer -se
em tsunamis de dopamina
sutis e densas, todavia, quando toda a vida
imita a arte
já nada mais preocupa
ainda a falsa diplomacia
a morte lenta de uma sociedade
vazia.
contra a ascenção que contagia só àqueles que se rendem
à doce e doída vulnerabilidade.
agônico pelo silêncio da liberdade
como sou e venho sendo
rico e cheio de mim mesmo
mesmo, mesmo, o mesmo suspirar
o breve incômodo, o ato reflexo
é que já me enchi de ausências
mas, histórias pra contar
tênue espaço entre o consolo
e o conselho
sempre fingimos uma falta de apego
e enquanto isso podemos bailar
interdimensionalmente
por mil estrelas viajar
animicamente
a sinastria e a mente astral
repleto de cor e fagulhas,
com textura e sabor.
o tempo é um sábio compositor
é como ele destinar.

A questão

a questão é
que és tão, tão.
viés revolucionário em ocasião
amo quem ama o amor por amar
olhar magnético e singular

soas embaçado ao declarar


confuso ao decidir
pois, sendo assim
em águas não experienciaria
a bagunça se ordenar

perco vida
perco vindas
mas não ouso me negar.
Ferida

estive por aqui


passei pela ferida em seu peito
se hoje estou onde estou
é porque já estive por ali
decodificando
atravessei e não me perdi
apesar de você e apesar de mim
você recusa o que te eleva
faço uma chalé em meus sonhos
esperando sua visita
e a correnteza nos leva
já te vi por aqui
fugindo da entrega
mas a tarde caiu

Epifania

não tente me entender se,


me vê assim por passear
em teorias e paradoxos
se me vê assim por prosear
a condenar o ortodoxo

não vês.
o que acontece no invisível
em meu silêncio.

é que a vida é o que não é


se mar calmo nunca fez bom marinheiro
me acalmo, me calo.
somos gota e oceano
somos tão profundos quanto.

não vês?
é que a vida é o detalhe,
a contradição que escapa despercebida

é a epifania
é a epifania
é a epifania

Saber sentir.
Nunca me esqueço daquilo que não me lembro
No entanto, me basto em minha percepção
Em louvar aquilo que aprendo em silêncio
Vivendo a experiência ilusória de um cercado
Num universo além dessa dimensão
Distante dessa egoísta concepção
A árvore da vida pra quem é de crença
O conhecimento pra quem é de fé
Viagem adentro e conhecerá
Conheça afora e transcenderá
Espero que sinta o mesmo, pois,
Sempre falho em tentar explicar
Saber ou sentir, saber e sentir
E saber sentir

Um brinde

Esse corpo não tem governantes


Teus portões são de aço, quem me dera cetim
Esse corpo não responde a líderes
Caminho árduo é adentrar meu anseio
Findará o vendaval que parecia eterno
Quando hei de encontrar-me em mim mesmo
Um brinde ao meu eu do futuro incerto
Mas, por agora, um brinde a mim

Encontro

Penso em linhas e códigos


Preso em teu sorriso radiante
Busco no complexo, o óbvio
Não me expresso como espero
Esta noite, faça-me eletrizante

Beijei esse beijo sabor bendito fruto


Provei do tempero maldito e intrigante
Licor de viril que nos enfervesceu
Vício instantâneo em vermelho grená
Puto caçador de almas amantes

Antes de ti, fui outro


Outro alguém imerso em um anseio superficial
Este alguém à beira do bestial
Depois de ti, fui ouro.
o vôo

Quando a chuva cai


Tua alma suplica
A solidão vem e vai
Ouvirás o inconsciente
Este sempre fica

O sol te atrai
o bom frescor da brisa
no entanto, distrai
vem a fome de intuição
Quando tudo é cinza

Pela reforma se transformará


É possível que reste somente o vazio
Há de romper esse teu casulo
Então, voe e me encontrará

Dúvida

O violento vento que sopra a questionar


Ouviu o que queria ouvir?
Sentiu o que queria sentir?
Ainda quando sufocava
Disse o que queria ter dito?
A madrugada fala sobre os montes
Imodestos, mostram-se em sonhos
Conhecem a escalada e a fuga da razão
Se alcanço o topo, torna-se impossível
Limitar-se a um ponto em vão
Calada e suave ela vem
Em teu olhar transbordante
Uma nova perspectiva
Se fez surreal sem qualquer promessa
Enquanto invisível, não há prerrogativa
Se em tua veia corre
Se deixe levar, elevar, lavar
E a tão leal dúvida descansa
Quando a canção assim cantar
Revisitando dias anteriores
Te vejo em alados devaneios
O teu medo é apegar-se
À sombra do que sobreveio.
Terça-Feira

Perdi as rédeas daquilo que vai e vem


Sem aviso prévio, tampouco brando
Nesta terça sem sol, sem sal
Não há mais céu sobre nós
O que pensamos, apenas.
Porque insisto em repetir
Não há mais temor à compreensão
Se vejo, subitamente sou
O afago de um abraço tropical
Em equilíbrio, a satisfação
E estoicamente você me compõe
Como a morte enxerga a vida
Em conformidade somos um
Atualizando a programação
Como a mente enxerga o coração.

SI.LÊN.CIO

ainda nos vemos ao dormir?


despertos e desnudos
sob nuances daquela velha fúria oprimida
da outra face de um mesmo conto
buscando a hora certa e rendido
a uma ilusão inspirando sonhos e apegos
expirando a paixão e a escolha
e a áspera renúncia
que jamais esconde seu custo
para isso, paraliso
paraíso quando me invade
os tortuosos pensamentos
são horas iguais e,
eu
ainda me assusto.

Lar, Cá ou Lá.

Me entrego.
Na corrente desse mar
Exprimo o superlativo
Da vida que temos
cor de rosa e riso incessante
como energia crepuscular
Se te canto, perco o tom
Me invade
Me inverte
Me encanto e perco o dom
De cerrar a porta do coração
Do que é passado, o que passou
Da boa nova, do saber valer
Me bordei de sonhos
Contigo é lar, cá ou lá
Na complacência que recorda
Perfume de amor aconchegante
E a plenitude pinta e borda.

MAGA

nos devoramos em chamas ao perceber


que queimávamos e inflamávamos o mundo
enquanto cuspíamos filosofias e trazíamos em verso
o universo e seu inverso vivo
e além de uma opinião
além de Abraão, vá ilusão
além da hipocrisia e julgo cristão
matéria, morte e ressurreição
além do que dizem haver em seu coração
a pura magia em ti se refaz
dos gélidos segredos que traz
nas palmas das mãos
christus mansionem benedicat
lançaram-te às brasas
sois fogo e a crença esquecida
o brado sólido por justiça

Feliz dia das crianças!

Feliz dia das crianças!


Às que acabaram de abrir os olhos e contemplar a realidade como um mundo mágico. Às
que já vêem o nascer da esperança e trazem consigo as devidas mudanças. Às que não
podem se expressar e sonham com a liberdade p'ra voar. Às que carregam o amor e a
inocência como projeções da nossa pura essência.
Feliz dia das crianças!
Àqueles cuja progenitura os permitiu brilhar como pequenos deuses que são.
Mas àqueles cujas raízes se uniram à dor
Filhos daqueles que ainda não conhecem o verdadeiro amor,
tua criança interior nunca vos deixou e aguarda colo e acolhimento.
Reflita e ouvirás ao fundo um choro doído, um pequenino triste e oprimido, uma pequena
luz não reconhecida.
Pois esta virá a ascender.
Amar sutilmente e se permitir ser frágil, não te apagará a bravura.
Te perdoe, te ame e não te culpe.
Terás a cura.
Feliz dia das eternas crianças.

Roleta russa

A bala é inserida antes do revólver projetar


Meu prazer é efeito
A causa é teu fervente despertar
Diga-me coisas das quais já sei
Problema não há, serei ouvinte atento
Ação é efeito
A causa é o pensamento
Disparo no 3!
O que há fora, há dentro
Flores expelidas convidam a bailar
Aroma de amor aromatizará
No entanto, há outra face
Amargores em um lamaçal de culpa
Dores expelidas convidam a lacrimar

Esperei um bocado pra me descontaminar


Mas te trouxe em minha voz
Quem sabe alguém queira escutar
Me ouvir dizer coisas das quais já sabem
Problema não há.
Em meus olhos eu trago vendas
Atire e não atingirá
Trago tampões aos ouvidos
Assim poderás disparar
Nada direi ao que presenciar
Independe a essência do evento promovido
Não vejo, não ouço e não hei de falar
Diga a todos: não houve atingido.

Findou-se a madrugada

Podemos somente dançar bêbados na areia da praia?


Mesmo preferindo a textura de um gramado
Não sei.
Podemos só pensar nos mistérios da vida? E calados, contemplaríamos a criação.
Trazer à tona as promessas da descida
Reconhecer o nosso papel como visita
Esquecer a pressa mesmo estando de saída.
'contece que há muitos deles ao meu redor
São estranhos e isso me limita

Gosto de brincar com a mesóclise


Quando Júpiter sorri pra mim e as palavras começam a fluir...
Ufano eu coleciono sincronicidades
Êxito e vitória se assim me permitir
E pisco repetidamente em busca da multidimensionalidade.

Mas, o dia está azul e,


poderíamos planejar uma forma mais simples de desaparecer
Não mais Norte, Leste ou Sul
Diz-se que o coletivo é na verdade 1.
É pelo Oeste que me lançarei por conhecer

Por lá, um grande amigo serei das águas


Muito ensinam sobre a profundidade
São fontes daquilo que hei de ser
Tocarei a matéria da possibilidade
Tu és quem eu sou
E eu sou você.

Presença

Por puro instinto teu coração acelera


Pronto pra fuga inundado de medo
Fugir de que? de alguém?!
Diz ser do Futuro.
A malandra emoção de alta intensidade
Fere a respiração maldita ansiedade
Pergunto-me inseguro
Sobre esse famoso Futuro
Mas como ele é?
Pode descrevê-lo?
Não obtenho resposta.
Pode ao menos vê-lo?
Oferecê-lo uma proposta?
Se é isso que temes
Não há coerência
Nutra a maturidade
e a tua paciência...
Sua vida aqui está
No presente; No agora.
Não há como ver à frente
O que haverá de haver por consequente
O que existe é o que é.
Estado de presença
O momento é unidade
De quê importa a crença?
O Futuro é a possibilidade.

A sorte

a sorte nunca andou ao meu lado


jamais deu-me regalias, ou,
sequer se assentou comigo num banco de praça
sempre levado aos extremos
conquisto somente pelo sofrimento
sempre à beira do caos
levado à última gota de um suor tristonho
viverei um eterno fim de outono
desfolhado e seco
esperançoso por um verão arder…

Brisa de amar

Com tanto amor fluindo pelo ar


Gratuitamente pelo vento a flutuar
Há mais de um bocado de partículas do verbo amar
Por quê temer quando é possível se banhar?

Já fostes outrora ser de índole duvidosa


Já fui um dia o que hoje teço má prosa
Em outras vidas ou neste instante agora
Se necessária a correção, o desejo aflora

Beirando a face da sociopatia


O vírus do ego, a maior pandemia
Amor à Terra é bruxaria?
Em fogo incessante, pois, nos queimaria

Escondam em vós a vulnerabilidade


Para que não vejam que é um ato selvagem
Entregar-se ao mundo sendo sensibilidade
Se isso é loucura, mais um louco nasce

Tecendo linhas de graciosidade


Temam a flor que em solitude desabrocha
Que independente se transforma
E fere a quem luz não suporta
Cálice

Se por vezes o calar-se é o melhor cálice a se beber


Ou se, por vezes, embebedar-se do silêncio é a melhor das atitudes
Cale-se, embriague-se e renasça
Por ti não há quem faça
Tens em mãos além da faca,
O queijo, um bom vinho...
O foco é sempre um tolo perdido
Retire a tua mordaça
Se resuma em ser teu lar e,
Corra atrás do lapidar
Antes que se quebrem as taças

Belo defeito

Já decorei os tons das lágrimas


Estas correm como a queda d'uma cascata
Quando observo o mundo funcionar
Me esforço em digerir
O desejo é apartar-me à fim de esvair

Em um futuro hei de lembrar


Em memória, recordar
Como fui capaz de sentir-me assim?!
Ora, ninguém me mostrará
Como é lindo estar aqui

Se assim escolhi aqui chegar


Mil estreias eu faria
Há magia, há falha
Há tristeza e alegria
Porém, não mais me feriria

Remediação

o apelo antecede a tragédia


que não esperemos a chegada do pior
nem tampouco a partida do melhor
percebamos os sinais
busquemos o brilho dos bons ideiais
se transforme
se amplie
pois, por ainda
não é tarde demais.
O valor de um poema

o quanto vale um poema?


sem sul e sem norte
com erros de ortografia
desprovido de bela grafia
rico em amor, rico em verdade
mas, a moeda não vê
não enxerga tua alma
nem ao menos percebe
tua profundidade.

Submerso

a verdade é o silêncio
a porta é o sentir
hoje quem cria mazelas
se habitua ao secar
das folhas de outono
mas, dessa vez
por um ano completo

Revoltas e vitórias

não vi
não toquei
não ouvi
mas informações recebi
fruto da mais bruta pedra preciosa
um culto ao instinto da alma curiosa
sou filho regido pela força da ira
da fúria no olhar presente
sabedoria cantando aos céus
que seja dizimado esse cheiro de enxofre
o pulsar nas minhas artérias
representam guerrilhas revolucionárias
há homens de poder
que no tribunal de justiça, são réus
há revolta de equilíbrio
mas há esperança de um novo início
intuição da cabeça aos pés

Espasmo
eu durmo pouco
demasiado desperto
a justiça traz o fôlego do primeiro passo
naquele dia drenado de energias
adormeço periodicamente
preciso manter o alicerce de pé
invencibilidade é saber viver
sem motivos pra seguir em frente
mas, ainda caem as flores de ipê.

Remediação

caminhando e cantando e seguindo a canção?


tropeçando e desafinando e errando a melodia.
somos todos iguais braços dados ou não?
somos todos rivais e escravos da fantasia
pra não dizer que não falei das flores, hoje falo sem parar
num velório onde exalam dores
como num ato de compensação
a um corpo lançamos flores
pura remediação.

Depois.

Já te dei meu antes


E te entrego o meu agora
Peço a presença do teu semblante
Por ti ando nu de dentro a fora
Em meus dias e memórias
Mas quando a noite cai
Quando esquece que somos dois
Só me ofereces o teu depois

Regalo

tás em guerra com deus


me vejo na mesma situação
darei a deus o que é de deus
quanto a ti não sei o que fazer
que eu aprenda a empacotar meu coração
desde que tropecei num pedacinho seu
que deixou cair
tentando juntar outros pedaços alheios
que deixaram cair
por tropeçar no próprio orgulho
agora é diferente
o amor foi consequência
não foi meta
não foi criado
ele chegou
ele soprou
e derrubou meu castelo de cartas.

Imersão

uma vez instalado


o caos domina a conjuntura
a peneira da vida, no lance certo
traz boas novas aos dignos
envergonha os mesquinhos
seleção natural é uma lei universal
e A Morte é o arcano escolhido
no iluminar ao acender tua luz
não se apartam as sombras da tua história
em meio a imensidão que habita em ti
há espaço para o bom e ruim
tu alimenta o que julgar correto
contudo, a era é transitória
arcano XX em movimento.

Café com amor.

Há bom esforço em me orgulhar de quem sou


Danosa é minha bagagem
Dois dedos e meio de prosa
E meu cigarro apagou
Escrevo em paredes contemplando a melodia
Pergunto à Dona Viagem Só de Ida
Investi as forças da minha lealdade
Fechei negócio com a subtração?
Alguém haverá de ver tal labor
Se quiser café com aroma de amor
Por vezes porei açúcar demais
No rio da vida e sua complexidade
Navegarei contigo rumo à foz

Olhar mágico.

O universo cabe naquele olhar


há constelações em teu mirar
Prouvera a Deus que alcançável fosse
Assim, conhecer-te-ia o suficiente
Para que jamais cogitasse apartar
tua briga com o sol
A decidir quem há de brilhar
E não é a anatomia que vai definir
Enxergo a chama da tua personalidade
Pela beleza do teu existir
Pela intensidade do teu estar
As ondas me engoliam
Tempestade em alto mar
Resistente me fiz de cínico
Mas depois de lhe beijar
O oceano amanheceu Pacífico

Acalento.

Sem ela eu perdi a noção do tempo


Poderiam me presentear com um relógio;
grande, imenso
E que eu vá por aí vagando só
Contemplando as flores
Observando os flamingos
Podendo, dessa vez, sentir
Que o tempo passa e eu aqui
A me esvair,
a superar
a digerir
Pois me parti em pedacinhos
Quando partiu;
daqui.

A ti que me domina.

És a personificação do extraordinário
A metáfora materializada
O porto mais seguro
Meu paraíso na terra
És o tudo em meu nada.

Aio

Dor é o gritar do sentir já fadigado


É a exaustão da percepção interior
Pra que não mais ignoremos o mal
Pra que o aio cujo destino é a solução, não seja vivenciado de forma equivocada.
Por mais que erramos na interpretação, ainda assim há a tentativa de auto-alerta.
Mas, corrói e muitas vezes é imperceptível pois já torna-se parte da essência mais pessoal
e do ego quase falecido.
Ênfase no quase.
Ego apenas encontrará a falência quando o altruísmo real e verdadeiro existir. Quando os
olhos ameaçarem se fechar.

Áries

Áries,
A força que carrega o primeiro impulso
É a energia caótica de um herói destemido
O fogo cardinal que incendeia e atrai
Áries raramente passa despercebido

Sinceridade é a tua maior verdade!


Pela liberdade de amar sem limites
Não sabe ser morno, tampouco frio
Torna-se um guardião de cada amigo
Nasceu pra ser livre e dispensa palpites.

Touro

Touro,
Firme, leal e obstinado
Tua missão é plantar e fazer florescer
É mestre no cultivo, no autocuidado
A energia da terra que sabe se erguer

Tua razão é teu tesouro de maior valia


É só no íntimo que expressas tua pura emoção
Sabe apreciar a experiência material
Valoriza o que tem, é teu e de mais ninguém
É a bela prosperidade, tua verdadeira paixão.

Gêmeos

Gêmeos,
Um questionador nato e de mente ágil
Filho de mercúrio, o mensageiro comunicador
Às vezes tempestade, às vezes ensolarado
De personalidade única, mas adaptável.
O conhecimento é teu oxigênio
Pelo intelecto teu valor é transmitido
É a própria curiosidade pelo desconhecido
Talvez o amor seja teu ponto fraco
Todavia, prefere a solidão a ser mal compreendido

Câncer

Câncer,
Não espera a razão pra que possa sentir
Ensina que o coração é um lar de aconchego
Tua intuição sempre precede o agir
São mestres quando o assunto é apego

Atado ao passado, vide tua boa memória


É o resgate do sagrado romântico
Um incenso, um chá, um conselho sobre o amar
Sentimento vivo, não teme em se entregar
Na valsa da vida, baila que baila bons cânticos

Leão

Leão,
Traz consigo o brilho da essência solar
Tem a capacidade de reconhecer o que é belo
E cada um que o seu caminho cruzar
É convidado a conhecer teu castelo

Nasceu para a nobreza


E para doar-se em prol da gentileza
Tem força e orgulho em demasia
Fixo e firme, em função disso, a teimosia
E quem te vê ao longe, de pronto percebe tua admirável beleza.

Virgem

Virgem,
Naturalmente um alquimista
Já experimentou a ordem e,
Conhece a consequência do caos
Torna-se então, observador e detalhista

Guarda em gavetas o que sente


Crítico, visto que porta o talento do critério
Tua presença exala o perfume da ciência
Cura o que toca, é de enorme inteligência
No entanto, teu coração é ainda um mistério.

Libra

Libra,
Um mundo ativo entre dois polos
Um mar de elegância com aroma de rosas
De harmonia e senso, és manancial
É a formosura dispensando o banal

A ti foi dado o olhar de justiça


A postura firme que exige respeito
És a crítica e a compreensão na medida certa
Tua indecisão te leva à autodescoberta
Enquanto vive a busca interna pelo equilíbrio perfeito

Escorpião

Escorpião,
Guardião da chave do subconsciente
Louvável capacidade de regeneração
Compreende em si a vida, morte & renascimento
Acesso livre às sombras e à magia da transmutação

Teu berço é nas profundezas dos mistérios


Vital e traiçoeiro como o oceano
Sentimento em absoluta intensidade
De zero a cem num piscar de olhos
És quem transforma e em tal arte, és soberano.

Sagitário

Sagitário,
Representa a constante expansão consciencial
Alegria e esperança que faz contagiar
Viajante curioso a percorrer esse mundo carnal
Em tua bagagem, sabedoria e experiência pra contar

Riso frouxo que confronta a seriedade


Em todo ambiente és tu quem chega em bom astral
Cantarolando supera a adversidade
Recolhimento e renovo se a melancolia vos abrasa
Professor na arte da vida, paz e fraternidade.
Capricórnio

Capricórnio,
Foco e resiliência são tuas vestes
Presença única que exala sucesso
Sabes como materializar as ideias
Personifica o almejado amadurecimento em processo

És tu quem impõe e determina regras


Invejável senso de responsabilidade
Atrai para si os caminhos de sorte
No mais, insiste em sempre ser forte
E em segredo um coração imerso em fragilidades

Aquário

Aquário,
Um rebelde com muitas e muitas causas
Confuso ou berçado na originalidade
Teu intelecto traz orgulho abundante
Tua mente vive à frente dessa atual normalidade

Percebe bem o quão lindo é o diverso


Está sempre mirando a evolução
Intensa teimosia em alcançar liberdade
Versado na filosofia da coletividade
E onde quer que esteja, trará a revolução

Peixes

Peixes,
Sente a dor alheia como se tua fosse
Ou, a alegria como em tuas próprias vitórias
Ninguém vê o mundo como tu vês
És uma fábula, um conto, um livro de histórias

No mundo dos sonhos fez sua morada


O sangue místico é tua herança
Tens o acesso ao interior das emoções
Como peixes no fundo do mar
Enquanto transmite a mensagem da esperança.

Apresentação
No corpo, a exaltação do meu essencial
No sangue, o poder do fogo me abrasando
No espírito, a divina fonte em manifestação
Olá, meu nome é Evandro!

Na mente, inquietude sem fim


Em meu caminhar, um traço malandro
O universo é o que está fora e dentro de mim
Olá, meu nome é Evandro!

Que me dêem as rosas ou me lancem os espinhos


Se sou eu quem sou e sabendo o quê sou
Que já estive acertando, já estive errando
Nunca estive Fernando, nem João ou Caio, mas se caio, me levanto.
Muito prazer, meu nome é Evandro.

Você também pode gostar