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Apostólicos Românticos

Introdução
Atravessar os infindos sentimentos que atormentam, que alegram e que mo-
vem todos os românticos, o que seria do poeta se não tivesse a explosão de
sentidos que não se cabem em pensamentos e quando não externados causam
uma dor profunda e doentia, o que seria do mundo sem uma lembrança ou
sem as palavras que nos fazem recordar aquele dia, aquele cheiro, aquele
amor guardado? O que seria do humano sem o poeta, o poeta sem a dor de
outrora, e a dor de outrora a ser imortalizada pelo mesmo?

Somos estes ministros, estes apóstolos que querem a todo custo reviver o que
vivemos, com uma doce nostalgia, e que não é estritamente nossa, é da arte,
da arte que é universal e subjetiva; a arte, a dor e a alegria que é de todos nós,
compartilhadas, vividas e reencarnadas para todos aqueles que amaram de-
mais e que jamais se esqueceriam disso no momento em que se põe a cruzar
suas histórias com as nossas poesias. Esse é o intuito do verdadeiro artista,
ser luz na escuridão conduzir a sociedade para onde nós mesmos queríamos
ser conduzidos.
Atormentado.
Vivo atormentado por um passado
Que só é justamente belo
Porque se é passado.
O hoje sempre parece a lamúria de ontem
Então pra quê viver indo adiante
Se felicidade vindoura se mostra distante
O que se passou, é a minha busca incessante.

Série: Eufóricas
1. Vazio Carnaval
2. Estudos sem provas
3. Pó de lua
4. Domar-te
5. Mil dias
6. Amor Virginal
Série: Eróticas
1. O Fresco Aroma das Vivas Flores
2. Sabores
3. Dia Certo
4. Precoces
5. Na onda
6. No ato
Série: Melancólicas
1. 162 Horas
2. Alquimia
3. Esquecimento
4. Meu cria
5. Pássaro na janela
6. Ficha cai
Eufóricas

Vazio Carnaval
Escorrego pelo lençol da vida

Em uma rede estratosférica

Tudo escuro, porém feixes de luz marcam todo meu corpo.

Um festival de luzes eternas que embriaga e vicia

Um frenesi, uma felicidade não natural, uma euforia desordenada.

Há quanto tempo estou aqui?

Não sei! Mas não quero e não consigo sair

Então crio meu mundo, meus amores, meus prazeres.

Sei que nada disso é real

É só silêncio com movimentos desgovernados

Dentro soa-se um vazio carnaval

Na que altera as cores dos fantasiados

E o tempo inerte já não passa...


Estudos sem provas

Valerato de Sonhos

Cipionato de Ardor

E Citrato das Desilusões,

você se recolhe em solução incolor,

morfina cura toda essa dor

Bem que eu tentei sintetizar o seu amor em quatro químicos atos

No primeiro lhe sedo em meio à paixão

No segundo a carne te consome,

Matando toda minha fome,

Sob a sombra da sedução.

No terceiro em alta atividade cerebral,

Diz que fica tudo bem, diz que não me fará mal.

Mas, por ultimo você é minha,

E o seu coração numa bandeja,

Não sabe a maldade que te espreita

Paralisada na Morfina.

Bem que eu tentei sintetizar o Amor em quatro químicos atos.


Mas ela é tão imperfeita...

Coração quebrado pela cobaia

A substância em placebo se aceita

Se junta infeliz, mas não a amada.

Que se esvai pela imensidão dos mundos.

E o Sábio médico diz ao Químico

- Não precisa juntar os seus pedaços,

Mas enterrá-los em solos mais profundos!

Então ele dividiria seu coração em quatro atos dos acasos

Que descompassados serviriam de consolo.

Agradece o conselho de ouro

Partindo em solidão a passos largos

E haveria sempre uma paixão,

Amor lançado! Norte-sul e Leste-oeste.

E teria sempre outra direção

Se acaso uma delas não o quisesse

- E assim que os ventos lhe castigar.

Você pudesse talvez sentir


Que algum pedaço ainda há

Dividi-lo-ei também pra ti

Bem que agora eu consegui sintetizar o Amor em geográficos atos.

Pó de lua
Sei que com meu coração mexe
Nem me investe,
Nem sabe de mim.
Sou sua admiradora secreta,
como uma anja das trevas,
a lhe perseguir.

Nos nossos ambos prédios


Colados vice-versa e de versos
o que escrevo pra ti.
Mas assim que sai da garagem
de carro pra night,

O sublime esquece de mim.


Via tomar banho, beber água,
sair do chuveiro de toalha,
e eu apagada
acendia a luz em mim.

Se aparecesse nas minhas costas


talvez só assim me acorda
pois esqueci de me vestir.
Se eu tomar pó de lua,
jogar ouro na rua,
começo a rir.

Sei que não fará nada


o feitiço acaba,
com pessoas vangloriadas,
me antecipei em dar o que ainda não quis.
Você só me conhecia
nas anteriores vidas,
da salgada visão feliz.

Só lhe reencontraria
dentro de uma padaria
comprando o teu pão de cada dia

Domar-te

Eu já não sei onde estou


De tão dedicado à ti,
Entre teus cílios.
Fiz um samba enredo
Dentro da Imperatriz.
Sempre ali,Sempre ali...

Jobim e Vinícius de repente


Quando falo uma verdade:
"Das purpurinas, Deus me deu advertência,
Por ter pego estrelas para moldar-te".
Ouvindo teu palpitar de beijar for ,
"Calma amor, seu crioulo acabou de chegar".

O calor dos beijos não aliviou


as faltas,as queixas.
Paguei o Sol para fazer hora extra
Para tentar disfarçar.
Ficando na rua o dia inteiro
Em pontos, praças e postes,
Quase todas as flores irão de te esperar.
Ah! Você quer me chantagear com mordidas
Por trás dos sorrisos, o tal desafio é
Domar-te agora e já.
Mil dias

Hoje acordei e esqueci


que sou o mais renovado do mundo!
Fortalecido,desejado,
deslumbrado em tudo

Por você
Não tem como conter,
de o Sol nascer
e deixá-la na porta de casa,
podendo ter
você acordando na cama,
Na cozinha,na sala da minha ,casa.

Fazendo nada ou fazendo tudo,


Nada é o suficiente para os nossos distúrbios.
Planos ,plantas de casa,
realizações todas executadas!
Sentimos falta de tudo
sem nem nos restar nada!

"Liberdade, fraternidade e igualdade"


Não são os três ditos da democrata sociedade?
Sim o primordial, essencial,
nossas três bases.
Estrada à fora no meio da tarde,
queria só trilhar seu coração para conquistar..
Ah deixa isso pra lá !
Olha como o sol brilha !
Com o mapa, combustível, seu sorriso
e essa lista de inúmeros lugares,
Arrivederci à bon voyage,

Pois meta a batida!


O verde em volta,
as nuvens à cima,
a nossa frente pistas vazias
Pé no acelerador,
mil paisagens,
Mil noites, mil dias

Amor Virginal

Eu te beijo e te aperto jogando-te á relva


E corro bradando seu nome, eu te amo!
E os risos brotando ecoando na selva
Dever-me-ia te amar este ano...?
Pausa! respira!

Uma ninfa sorrindo e chorando me beija


O sol que reflete seu peito me peita
A ingênua idade em seu corpo me ajeita
Será que acaba se o Astro se deita...?
Pausa! Respira!

Mas pra que ter vergonha do belo sagrado


A raposa sem pelos ainda não tem pecado
Meu corpo no seu me envia o recado
Deixarei sua seiva vermelha ao passado...?

E que amor da juventude se passa tão rápido


O sexo é o conflito pessoal compartilhado
Que aflora o jovem belo corpo.

Com o erotismo pelo cheiro de ser puro


Mas por instinto já absorto,
na perversão de se converter impuro.
Eróticas

O fresco aroma das vivas flores

Sonhava eu com uma incrível festa perversa

Que atravessa toda a luxúria grega,

E quando a horda romana chega,

Supera o lendário barbarismo Persa

A sua disposição, digníssimas Caldeias.

Vinho e carne em abundância

Entregues e nuas em primeira instância.

Também o áureo pelo das jovens hebreias

Engalar-se-ão em meio à fartura infindável

Direi que do prazer, minha vida, é inseparável.

Nesta máxima; vivo as noites e morro nos dias.

E hão de julgar a minha perversão

Pois no batismo das águas turvas fiz minha unção

No sebo de um ventre, fundamento das heresias.


Sabores
A receita rica? Explorei sem medo
Suor de meu corpo tempero vibrante
Reguei em sua carne, rubra e penetrante
Que nesse corpo fervilha em segredo.

Na virilha uma nota de azedo


Salpicada com pimenta picante
Sendo o resultado o rubor de amante
Degusto em silêncio, sujo meu dedo.

Meu fogo aumenta e o cheiro se exala


O cru de seu corpo some e se cala
Dando espaço ao banquete de nome

É a boceta agora suja na pia


Transformou-se na minha iguaria
Assim que me pus um louco de fome.

Dia certo

Se não for pra gente transar


Nem fazer certa sacanagem
Vou meter o pé, me adiantar
Velho demais pra fuleiragem

Pois sei que lá fora n'algum lugar


Existe uma grande porcentagem
Mulheres odiosas de bela imagem
Abrirão as pernas pra vim me dar
O teu preço não é baixo de fato
Vou lutar para um dia pagar
Mas não fico com a fome do ato

Pois haverá o dia, que bem sei


Que no teu corpo chafurdarei
Depois de ter o dinheiro e o trato

Precoces
Estou atordoado por quem
não encontro pronúncias,
em imaginações se debruça
e que com suas curvas
aceita torturas,
me tranca,
me zomba,
me mantém...

Emudecido
ouço o riso da menina mulher
que cria sua própria maré.
Atriz,se recria
numa honesta,
numa promíscua,
numa qualquer.

Com quarto apagado


aguardo lua que não vem...
Mesmo afobado,me alisa
de lingerie me ensina
como o homem deve ser.
Com minhas, se alisa
do suor da barriga
até onde tudo encadeia
em escorrer.
Na onda
Derramado em seu sorriso,
belos lábios,
belo corpo,
de belo gosto,
belo frasco,

Embriagado em você,
você, o vinho.
A onda aguça,
o pênis dilata,
alisa as curvas
impaciente em começar
a lamber sua bunda.

Suas nervosas risadas


reflexo do meu arrastar
de língua na carne.
Exala feromônio
que solta pelos poros
os animais que sempre fomos,
entro nos poros e arde.

Nesta noite propus o que propões,


seu ventre, a fragrância,
estimula ganância
e o paladar de onde sangra
tem seu próprio teor.

Lambo todas as pontas,


das suas belas pontas
a saltar no selvagem
entregue aos ápices, fervor.
No ato

Rounds de 24 horas,
a menina pede "me soca",
tão acostumada de dar pra bichos.
bebe caipirinha,
finge que chora,
delira o pedófilo que adora
propor perigo.

Flui como droga,


tá no ar que respiro,
no molhar que me jorra,
cola e seca o exercício.
no sucesso da contração,
dos fracassados peitinhos.

Nem toquei no nome dela,


a te deixar a pá do baixo nível.
Assassinarei a ovelha que me berra,
Não te atravessar me estressa.
Cabe-me saciar com o atrito.

Melancólicas

168 horas

Na segunda só sei que me odeio

E sem rodeio explico o porque

Que na terça eu me aturo e me bloqueio

Pra que na quarta respire meu ser


Na quinta já me sinto menos feio

Voz mais alta que eleva o Querer

Preparando o terrível anseio

Para na sexta me desfalecer

Então já invocada euforia

Sábado forçando a falsa alegria

E cego não vejo mais conselho

É o domingo que chega na agonia

De explicar a máxima do dia

O porque que hoje eu me odeio

Alquimia
Hoje eu cansei, me dei o direito de cansar

De parar e sofrer em paz

Calado, pois o motivo de meu amargor não me dá ouvidos

“Não quero”, esse é o ciclo

Cada vez mais vivendo futuros irreais

Com romances iguais

Nesse medo de me amarem, então eu corro

Corro para alguém que já não sei se existe

Quis sempre o impossível para justificar o insucesso. E assim...


Aprendi a curtir o veneno

Destilar frustrações

Evaporar sentimentos

Solidificar minhas emoções.

Esquecimento.

Prendi-me em saudade quase fatal


Era o que de ti eu ainda tinha
Resquício de algo devocional
Do trágico ao solene tudo definha

Meu medo é esquecer até mesmo a saudade


Aí sim, esvairá em pó todo o passado
Naquilo que eu havia premeditado
O esquecimento é a única verdade.

Pois, nem memoria ou você, nem nada


Seguirei esta lembrança mimada
Que em minha solidão cai como luva

É ai que a profecia se enterra


Pro meu pavor tua imagem se encerra
Confunde como lágrimas na chuva

Meu cria

Coração mesmo grande, aperta


Em ver meu pássaro preso na cela,
Passo um perrengue toda semana
Só pra ver seu sorriso.
Meu cria, Minha vida
Meu amigo Vinícius .

Pro mundo, muitos anos se passam,


Aqui em casa eu que me arrasto
Por horas vendo suas fotos.
Graças a Deus nunca nos afastamos,
Apesar de tudo é aqui que estamos.
Não há de vir nada pior...
Olha onde até chegamos!!

Acordo e o travesseiro à de lhe aguardar.


Vou tomar banho
Sua escova está lá.
Suas manias, discussões
Desobediências, teimosias
Mas tudo bem.
"Mas espera aí! "
Estou fazendo almoço
e o vento da tarde que passa em meu rosto

Trás sua voz pedindo pra me acalmar.


São vezes que me encontro no fundo do poço
Tendo suas mãos pra me resgatar.
Se dentro do quadrado o povo te esfria e isola,
Saia dessa caixa e abraça-me porquê

Aqui tem quem te ama e chora.


Alumia a lua nestas horas,
Anunciando mais um capítulo nesta história ,
Nos anseia nas vezes que a gente ora,
Fortalece essa paixão edipiana
Que sangra e te olha.

Pássaro na janela

Encontrei-me olhando seu telefone


Num papel em cima do meu piano,
e emudeci o mundo corrido
e o rádio com um leve pano.

Um pássaro aparece na janela,


Me pergunta o que eu estou fazendo,
E então avancei no tempo,
Com os futuros corações me pedindo trégua.
Já basta de dúvidas, invejosos ou destino
para me segurar.

Ao confrontar meu velho passado,


Seu coração rompeu meu grito.
Os anjos não poderão se conformar,
Pelo engano rompimento desdenhado
e pelo bosque que as flores acabaram de se tornar.

Voltei pelo seu papo, atitude, pelos fatos,


Tudo que tínhamos passado
Até o seu pássaro mandado
Ter me perguntado o que eu estou fazendo:
"Amando, amando até onde eu aguento!"

Me peguei cantando sua música,


Deitado na cama olhando para o teto
Parei o mundo barulhento
Percebendo sua voz sussurrar.
Um pássaro aparece na janela
Me perguntando o que estava esperando
E no relógio fui voltando ,
Com passados corações cheios de pena.

Mas graças a videntes, dívidas e labirintos


Para me ajudar.
Ao chegar no meu novo futuro,
Seu abraço abriu meu sorriso.
Os anjos não poderão se conformar
Pelo céu a invejar o meu outro céu
Que tinha meu infinito,
E pelo absurdo que as flores
tinham se tornado.
Voltei pelo seu sorriso, olhar, jeito,
Defeitos, sarnas, sarros.
Por tudo que temos ainda para passar.
Até o pássaro mandado,
Perguntar o que havia acabado de solucionar:
"Amar, amar mais e até onde aguentar !"

A ficha cai

Segundos passam,
a mente voa,
reclamando sóbrio
esquecendo de apreciar
as coisas mais boas.

Deitado não faço nada realmente,


sentindo o gosto de estar
Dentro de um homem deprimente.
Mais uns minutos que vão e o que vêm,
é uma pedra na consciência
que pesa também.

Não tenho o que reclamar


nasci perfeito, amém!!
Meu maior incômodo
é não ser apressado por ninguém .
Invisível ? Inseto ? Incesto ?

Ou o inverso é o que mais espero...


Por tudo!
Da janela do ônibus observo um novo mundo.
Me pego sem respostas e pergunto :
Esse mundo destruído tá dentro de mim
ou só enxergo a expressão do meu mundo !?

Rio de Janeiro 01/07/2021

Apóstolos:
Matheus Sobreira Carvalho
Victor Oliveira

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