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Cartografia Temática EAD PDF
Cartografia Temática EAD PDF
CARTOGRAFIA TEMÁTICA
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Clareiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
526 P489c
ISBN: 978-85-8377-081-7
CDD 526
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cáia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Marins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Princípios teóricos da Cartograia Temática e suas relações com a Geograia.
Aquisição de dados geográicos e tratamento estatístico da informação espa-
cial. Fundamentos da semiologia gráica aplicados à comunicação cartográica.
Generalização Cartográica. Métodos para mapeamento de dados geográicos
quantitativos, qualitativos, estáticos e dinâmicos. Cartograia de Síntese. Análise
e interpretação de Cartas Temáticas. Tendências cartográicas atuais.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Para facilitar seu estudo sobre Cartografia Temática, divi-
dimos o conteúdo em oito unidades, que serão resumidamente
apresentadas a seguir.
Na Unidade 1, apresentaremos os princípios teóricos que
fundamentam a Cartografia do ponto de vista da comunicação
científica. A compreensão das bases teóricas é fundamental para o
entendimento de suas potencialidades e para o desenvolvimento
de sua prática, especialmente no segmento temático da atividade
cartográfica. Nesse contexto, abordaremos, também, as diferentes
concepções de escala (matemática e geográfica), essencial quando
se trata de representação (generalização) do espaço geográfico.
10 © Cartograia Temática
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Acurácia: na Cartografia, pode ser entendida como a dis-
crepância entre o valor do dado estimado e o observado
(referência), ou seja, o quanto o dado se difere espacial-
mente.
2) Aplicativo: desde os anos de 1980, com a difusão dos
computadores, a informática tornou-se indispensável
nas áreas de Geociências, e a palavra “aplicativo” confi-
gurou-se como um termo usual, que se refere a progra-
mas de computador (softwares), criados para atender
às necessidades específicas de um determinado usuá-
rio. pode, também, designar uma ferramenta específica
dentro do software. Por exemplo: o Sistema de Infor-
mações Geográficas SPRING/INPE possui aplicativos de
processamento digital de imagens.
3) Arquivos raster: são comumente denominados de ima-
gem, pois consistem em uma matriz regular, formada
por linhas e colunas, em que cada unidade (célula) é de-
nominada de pixel. Cada pixel, por sua vez, contempla
um valor numérico. Pode ser compreendido como um
modo de armazenamento de dados.
4) Arquivos vetoriais: constituem-se em um modo de ar-
mazenamento de dados por coordenadas (vetores),
compostos por linhas, pontos ou polígonos, passíveis de
edição que permitam alterações em sua geometria e po-
sição espacial, sem que haja, necessariamente, perda de
informação, diferentemente dos dados raster.
5) Banco de Dados Geográfico (BDG): arquitetura compu-
tacional que permite o armazenamento de dados alfa-
-numérico, sob a forma de tabelas, com o diferencial de
suportar feições geométricas com suas respectivas coor-
denadas espaciais.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Cartografia Temática
pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim,
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus es-
tudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliogra-
fias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orientações para o
estudo da unidade.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno do Curso de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
© Caderno de Referência de Conteúdo 35
3. E-REFERÊNCIAS
ASPRS – SOCIEDADE AMERICANA DE FOTOGRAMETRIA E SENSORIAMENTO REMOTO.
Home page. Disponível em: <http://www.asprs.org/>. Acesso em: 27 mar. 2012.
CARTOGRAFIA. O que é? Disponível em: <http://www.cartografia.eng.br/artigos/carto.
php>. Acesso em: 29 mar. 2012.
IBGE. Noções básicas de cartografia. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/cartografia/manual_nocoes/representacao.html>. Acesso em: 27 mar. 2012.
IMPE – DIVISÃO DE SENSORIAMENTO REMOTO. Introdução sobre o geoprocessamento.
Disponível em: <http://www.dsr.inpe.br/intro_sr.htm>. Acesso em: 27 mar. 2012.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
JAPIASSU, H. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
EAD
Fundamentos Teóricos da
Cartografia Temática e a
Problemática do
Termo “Escala”
1
1. OBJETIVOS
• Conhecer e descrever os princípios teóricos da Cartogra-
fia Temática.
• Compreender e discutir as diferentes abordagens do ter-
mo “escala”.
2. CONTEÚDOS
• Fundamentos teóricos da Cartografia Temática.
• Escala cartográfica x escala geográfica.
• Generalização cartográfica e cálculo da precisão gráfica
para determinação do valor da escala numérica.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Você já notou que, em nosso cotidiano, as representações
cartográficas se tornaram elementos essenciais em nossas vidas?
Deparamo-nos com mapas nas escolas, nos telejornais, nos rotei-
ros de viagem, no computador de bordo do carro, na rede mundial
Cartograia ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Cartograia é o conjunto de estudos e operações cientíicas, artísticas e
técnicas, baseadas nos resultados de observações diretas ou de análise de
documentação, com vistas à elaboração e preparação de cartas, planos e outras
formas de expressão, bem como sua utilização (ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA
INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA, 2012).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A seguir, analisaremos cada um dos tópicos destacados an-
teriormente. Vejamos:
• Ciência: de acordo com Duarte (2002), a cartografia pode
ser considerada uma ciência, pois está inserida em um
campo de atividade humana que requer o desenvolvi-
mento de conhecimentos específicos, aplicação sistemá-
tica de operações de campo e laboratório, planejamento
dessas operações, metodologia de trabalho e aplicação
de técnicas, além do conhecimento de outras ciências.
• Arte: a sensibilidade artística é própria, também, de todo
trabalho cartográfico. Por ser caracterizado como docu-
mento exclusivamente visual, o mapa está submetido a
leis fisiológicas de percepção da imagem. Assim, para que
© U1 - Fundamentos Teóricos da Cartograia Temática e a Problemática do Termo “Escala” 43
Comunicação cartográfica
Há inúmeras formas de comunicar uma mensagem. De ma-
neira simplista, podemos indicar a comunicação por meio da fala
(comunicação verbal), da música, da escrita e de várias outras pos-
sibilidades desenvolvidas ao longo da história do homem.
Esses meios de comunicação atingem o seu objetivo median-
te o uso de uma linguagem específica, que pode ser compreendida
como:
Linguagem ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Qualquer e todo sistema de signos que serve como meio de comunicação de idéias
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráicos, gestuais etc.,
podendo ser percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir
várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais
complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de elementos diversos, como se faz
nos ilmes que misturam a linguagem visual com a sonora (ALMEIDA, 1980, n. p.;
HOUAISS, 2001, n. p.).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dessa forma, podemos considerar a cartografia como uma
linguagem específica, pois atende a todos os requisitos mencio-
nados. Ou seja, possui seus signos (normatizados pela semiologia
gráfica), exprime uma ideia (o tema abordado) e é, na maioria das
vezes, uma linguagem visual. Existem mapas cuja finalidade não
se destina apenas ao sentido visual. Há mapas especiais desen-
volvidos para deficientes visuais também. A Cartografia Tátil é a
responsável pela elaboração de mapas (maquetes), formados por
materiais distintos, apresentando formas e rugosidades específi-
cas, segundo o objeto da realidade que esteja representando. É
especial por ser um meio de comunicação entre indivíduos, como,
por exemplo, o editor do mapa e o receptor.
Segundo Martinelli (1991), as representações gráficas com-
põem, de maneira abrangente, os sistemas de sinais que o homem
desenvolveu para possibilitar a comunicação entre si, criando uma
linguagem exclusivamente visual.
O conceito de representação gráfica sustentou a cartografia
por longas décadas. Vejamos:
Representação Gráfica é a linguagem gráfica; bidimensional; atem-
poral; destinada à vista. Se expressa por meio da construção da
imagem, por isso tem supremacia sobre as outras formas de lin-
guagem, pois demanda apenas de um instante mínimo de percep-
ção. E principalmente, integra o sistema semiológico monossêmico
(MARTINELLI, 1991, p. 9).
Visualização Cartográfica
Segundo Ramos (2001), a visualização cartográfica é uma
nova forma de conceber a cartografia.
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Pontos turísticos
Glebas Agro-pastoris
C- Cana-de-açúcar
P- Pastagem
L- Laranja
Escolas Públicas
Área urbana
Limite do município X
Curva de nível
Generalização cartográfica
A escolha e a conveniência da escala a ser utilizada depende-
rão das dimensões da porção do território que se queira mapear,
bem como do objetivo do mapa.
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9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Para finalizar, sugerimos que você faça uma síntese dos con-
teúdos estudados nesta unidade, procurando responder para si
mesmo:
1) O que faz a Cartografia? Como ela pode ser útil para a sociedade?
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, foram apresentados os principais conceitos
sobre a cartografia.
Poderíamos nos estender e apresentar outras abordagens
além da comunicação cartográfica, e da visualização. Contudo,
11. E-REFERÊNCIAS
ICACI – ASSOCIAÇÃO CARTOGRÁFICA INTERNACIONAL. Home page. Disponível em:
<http://icaci.org/>. Acesso em: 27 mar. 2012.
IBGE. Noções básicas de cartografia. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
geociencias/cartografia/manual_nocoes/representacao.html>. Acesso em: 27 mar. 2012.
2. CONTEÚDOS
• Modos de implementação: pontual, linear, zonal.
• Escalas de mensuração estatística: nominal, ordinal, in-
tervalar, razão.
• Níveis de organização cartográfica: associativo, seletivo,
ordenado, quantitativo.
68 © Cartograia Temática
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, conhecemos as principais teorias que
regem a Cartografia, e o modo como se insere no processo de co-
municação visual, por meio de sua linguagem própria.
© U2 - Os Mapas Sob a Ótica da Comunicação Visual 69
5. TRADUÇÃO GRÁFICA
Para iniciarmos os estudos desta unidade, é importante re-
lembrar a definição de Cartografia Temática, vejamos:
A Cartografia Temática é o ramo da cartografia que se preo-
cupa com a representação espacial de fenômenos Geográficos. Ou
seja, sua preocupação é transcrever para o mapa tudo aquilo que
possui dimensão espacial (SALICHTCHEV, 1977 apud MARTINELLI,
1991, p. 35).
Para facilitar nossos estudos, aceitaremos quatro regras bá-
sicas propostas por Duarte (1991), as quais serão tomadas como
X e Y são as duas
Z é a variação da
dimensões do plano na
mancha inscrita na
folha de papel, definem
posição (X:, Y:)
a posição (X:, Y:) da
mancha elementar
6. VARIÁVEIS VISUAIS
Conhecemos, até o momento, a necessidade da compreen-
são da natureza da informação espacial, decifrando a relação entre
objetos (similaridade/diversidade, de ordem e de proporcionali-
dade) para, assim, optar pela melhor forma de transcrevê-la para
o mapa. Para viabilizar esse processo, foram apresentadas as três
dimensões do plano para a construção do mapa, retomemos:
• A dimensão "X e Y": responsáveis pela localização geográ-
fica e orientação do fenômeno na superfície representa-
da.
• A dimensão "Z": variação visual da mancha que trans-
crevemos no plano, responsável pela percepção da men-
sagem pelo destinatário, pode assumir três significados
variáveis em função do fenômeno observado: ponto, li-
nha e zona (superfície). Cada um desses significados pode
sofrer variações visuais, tais como: tamanho, intensidade
(valor), granulação, cor, orientação e forma.
Estudaremos agora, apoiados nas descrições de Duarte
(2002), as principais características de cada variável visual (ou va-
riáveis retinianas). No entanto, abordaremos com maior ênfase a
variável visual cor, atualmente muito utilizada em função das pos-
sibilidades oferecidas pelo universo digital. Vejamos.
Tamanho
O tamanho compreende a variação da dimensão dos símbo-
los (altura, largura, profundidade), permitindo que sejam extraídas
informações sobre a grandeza dos componentes do mapa. Esta é a
variável mais apropriada quando se pretende transmitir um nível
de informação quantitativo (Q). Observe a ilustração pela Figura 2.
Valor (intensidade)
A variável valor, consiste na diversificação da tonalidade de
uma cor, quando valores fortes e fracos são representados, respec-
tivamente, por tons escuros e claros, ou seja, variação do preto ao
branco (ou de qualquer outra variação tonal). Essa variável é dis-
sociativa, pois dissocia qualquer outra variável com a qual ela pode
combinar. Vale destacar que, no caso de uma só tinta, a técnica de
degrade é que mostrará a intensidade do fenômeno. Acompanhe
a demonstração dessa variável por meio da Figura 3.
Granulação (Textura)
Esta opção é pouco usada, e se assemelha à variável valor,
porém definida como uma variação de tamanho de elementos fi-
gurados, sem modificação da proporção de cor. É obtida a partir
do tamanho e espaçamento das primitivas gráficas ponto e linha.
Nesse caso, as linhas apresentam sempre a mesma direção, va-
riando apenas o espaçamento ou a espessura, capaz de transmitir
a sensação de diferentes valores. Veja mediante a Figura 4 a vari-
ável granulação.
Cor
A cor é uma variável seletiva que mais se empregada nas re-
presentações, juntamente com as variáveis tamanho e valor. Ela
pode ser usada para agrupar objetos pertencentes a uma mesma
classe ou distinguir grupos de formas semelhantes, ou ainda suge-
rir noções de hierarquia a elas. É uma variável muito importante
e complexa, principalmente devido à intensificação de seu uso e
à utilização dos recursos dos softwares gráficos que são aprimo-
rados constantemente. Além disso, em termos de manuseio, ela
é a mais delicada, pois contém maior número de conceitos, o que
dificulta o seu uso. Em função dessas características, a variável cor
será analisada com mais profundamente logo adiante.
Acompanhe pela Figura 5 a disposição da variável cor.
Orientação
A orientação (Figura 6) é aplicada como linhas e formas alon-
gadas, a variação na direção das linhas que preenchem a área é
obrigatória, mas a distância entre elas deve ser a mesma. Além dis-
so, esta variável corresponde à inclinação do traço nas representa-
ções em uma só linha, quando então usamos hachuras e tramas.
Loch (2006) considera que as diferentes direções assumidas
pelas linhas são: vertical, horizontal e inclinada (45°).
Forma
Trata-se do efeito ou da configuração dos símbolos, podendo
ser usadas variações geométricas, combinações de traços e figuras,
além de símbolos evocativos. Neste caso, devemos prestar aten-
ção às convenções cartográficas adotadas para representação de
determinados temas e objetos, como, por exemplo, a mineração
representada por dois martelos cruzados, aeroporto pelo símbolo
de um avião, entre outros. E por fim a forma (Figura 7) representa
uma variável ideal para diferenciar inúmeros caracteres, ou seja,
para diferenciar dados qualitativos. Vejamos:
© U2 - Os Mapas Sob a Ótica da Comunicação Visual 81
Figura 12 Declividade.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Ao final desta unidade, é válido que você se questione:
1) O que significa "tradução gráfica"?
7) Qual é a ordem das cores no espectro visível da luz? Qual é a relação que ela
apresenta com a hierarquização de dados num mapa?
9. CONSIDERAÇÕES
É muito importante que despenda esforços para compreen-
der o uso das variáveis visuais, estudas nesta unidade.
Para colocar em prática todas as questões abordadas na Uni-
dade 2, recomendamos a reflexão sobre a natureza das informa-
ções: quantitativa, qualitativa, ordenadas, proporcionais, discre-
tas, contínuas etc.; presentes em seu cotidiano. Assim, para cada
informação que encontrar, escolha qual é a representação visual
que melhor representa esse fenômeno. É importante, também,
fazer análises de diversos mapas temáticos, observando aspectos
como: cores usadas, legenda, disposição das informações na le-
genda, símbolos empregados, dados abordados, clareza de infor-
mação, tamanho de fonte, entre outros aspectos que formam o
seu conjunto.
Para finalizar esta unidade, é importante destacar que com-
pete ao redator gráfico aplicar convenientemente o sistema mo-
nossêmico de signos a cada questão a ser transcrita visualmen-
te, observando cuidadosamente as propriedades perceptivas das
© U2 - Os Mapas Sob a Ótica da Comunicação Visual 97
10. E-REFERÊNCIA
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Noções básicas de
cartografia. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/
manual_nocoes/indice.htm>. Acesso em: 28 mar. 2012.
2. CONTEÚDOS
• Fontes para aquisição de dados geográficos: documentos
cartográficos de base, produtos de sensoriamento remo-
to e observação direta da paisagem (análise de campo –
GPS).
• Levantamento e tratamento de dados socioeconômicos a
partir de fontes públicas.
100 © Cartograia Temática
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Até o presente momento, estudamos nas Unidades 1 e 2 o
corpo teórico da Cartografia. Aprofundamos, na unidade anterior,
as regras da gramática da linguagem cartográfica, dando ênfase ao
uso das cores nos mapas.
Além disso, vimos que a semiologia gráfica é o ramo da Car-
tografia responsável em analisar a natureza da informação espacial
para, posteriormente, selecionar as melhores e mais adequadas
variáveis visuais capazes de realizar a transcrição gráfica dos da-
dos desejados. Ou seja, a tradução para mapas ou diagramas dos
dados descritivos e/ou tabulares que possuem dimensão espacial.
Contudo, agora se torna pertinente a seguinte questão:
como podemos obter os dados para ser mapeado? Quais são as
fontes de dados que a cartografia se baseia para a elaboração dos
produtos? Observações diretas da Terra? Mas como? E os dados
abstratos, como distribuição de renda, como são tratados e ma-
peados? A presente unidade, portanto, objetiva responder a essas
questões.
Como sabemos, a Geografia é a ciência que estuda a relação
entre o homem e a natureza, considerando suas interações e pro-
dução do espaço, logo, há uma infinidade de temas abarcados por
Dados cartográficos
Na etapa de aquisição de dados ou informação, não só para
mapeamento, mas para qualquer outra pesquisa, é importante
fazer um levantamento do tema que será abordado. No caso da
cartografia, os primeiros materiais a serem levantados são os do-
cumentos cartográficos de base, pois, como menciona Joly (2003),
eles fornecerão informações precisas de configurações do terreno
e limites, podendo dispor seguramente qualquer outra informa-
ção.
Dos mapas de base, a cartografia pode beneficiar-se tam-
bém com a extração da rede hidrográfica, rede viária, limite de
municípios (limites políticos em geral), localização geográfica (co-
ordenadas "X, Y" e a variável altimétrica "Z"). Além dos mapas de
base, a Cartografia Temática pode se utilizar também de outros
mapas temáticos, como, por exemplo, para elaborar um mapa de
aptidão agrícola das terras em uma determinada área, precisare-
mos do mapa de declividade, do mapa pedológico entre outros.
Desse modo, podemos concluir que o próprio documento
cartográfico representa uma fonte de dados para a Cartografia Te-
mática.
Levantamentos terrestres
Levantamento terrestre ou levantamento de campo é um
conjunto de operações realizadas em um terreno para se obter as
medidas de interesse à representação desejada. Este tipo de ativi-
dade fornece informações de detalhes, como medidas precisas de
distâncias horizontais e verticais, ângulo e orientações, para repre-
sentar os pontos que definem a forma, as dimensões e as posições
relativas de uma parcela da superfície terrestre. Normalmente, o
levantamento terrestre é mais indicado para geração de mapas de
base, como as plantas topográficas.
11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final de mais uma unidade! Os conceitos estu-
dados até o momento tornam-nos capazes de mapear e represen-
tar adequadamente qualquer tipo de dado geográfico, seja quali-
tativo, seja quantitativo.
Nesta unidade, vimos a importância de tratar um conjunto
de dados para que ele possa ser apresentado como informação
visível e compreensível. No entanto, somente introduzimos alguns
importantes métodos e conceitos estatísticos.
Desse modo, sugerimos que você aprofunde seus conheci-
mentos a fim de utilizar os métodos que mais se adéquem à si-
tuação imposta. Para tanto, tenha à disposição alguns livros das
Bibliografias Básica e Complementar para usá-los, inclusive, como
um manual cartográfico. A habilidade adquirida com os trabalhos
ao longo do tempo lhe dará mais segurança para ponderar as pos-
sibilidades e tomar as decisões corretas. Lembre-se de que, na car-
tografia, vezes o que prevalece, muitas vezes, é o bom senso do
redator do mapa!
Na próxima unidade, veremos como representar no mapa as
informações aqui elaboradas, segundo diferentes métodos do ma-
peamento temático, como os mapas coropléticos e isarítimicos.
12. E-REFERÊNCIAS
EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Home page. Disponível
em: <http://www.embrapa.br/>. Acesso em: 28 mar. 2012.
FJP – FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Home page. Disponível em: <http://www.fjp.gov.br/>.
Acesso em: 28 mar. 2012.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Home page. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 28 mar. 2012.
INPE – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Home page. Disponível em:
<http://www.inpe.br/>. Acesso em: 28 mar. 2012.
SEADE – FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Home page. Disponível
em: <http://www.seade.gov.br/>. Acesso em: 28 mar. 2012.
2. CONTEÚDOS
• Representações quantitativas, qualitativas, ordenadas e
dinâmicas (no tempo e no espaço).
• Representação coroplética e isoplética.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Como visto anteriormente, uma série de fatores devem ser
considerados na construção de um documento cartográfico eficaz,
como, por exemplo, o modo de implantação da informação espa-
cial (pontual, linear ou zonal), a escala de mensuração (nominal,
ordinal, intervalar ou razão) e a distribuição espacial (contínua ou
discreta).
Novamente, é importante lembrarmos que o estudo prévio
da natureza e as características dos dados são determinantes para
selecionar corretamente as variáveis a serem empregadas no do-
cumento cartográfico.
Na unidade anterior, conhecemos e trabalhamos com a or-
ganização de dados geográficos. Tivemos como exemplo a distri-
buição da população da microrregião de Iguatemi – MS. Dividimos
os dados em classes, estabelecemos o intervalo entre elas, distri-
buímos a ocorrência de dados em frequências para cada classe,
geramos o histograma de frequência e analisamos a dispersão dos
dados, tendo como referência a média do conjunto.
Agora, nesta unidade, conheceremos alguns métodos de ma-
peamento que viabilizam a visualização desses dados trabalhados.
© U4 - Métodos de Representação da Cartograia Temática 123
11. CONSIDERAÇÕES
Procure analisar os mapas apresentados nesta unidade. Per-
ceba a disposição dos elementos no conjunto do mapa: as letras
usadas, os elementos comuns a todos os mapas, o uso das coor-
denadas geográficas, os mapas de localização, as cores, o título, a
legenda etc. Lembre-se de que não há regras para a disposição dos
elementos em um mapa, mas há elementos que são essenciais em
sua diagramação.
Novamente, ressaltamos que o senso artístico para deter-
minar a harmonia e a clareza da apresentação do conjunto e o
"bom senso" devem prevalecer sobre qualquer regra inflexível da
apresentação cartográfica. Caso você não tenha ainda esse "sen-
2. CONTEÚDOS
• Pressupostos da síntese cartográfica e meios para sua
execução.
• Tipos e construção de cartogramas e diagramas.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Entre os exemplos de mapas expostos até o momento, todos
representavam uma única variável, como, por exemplo, o mapa de
uso da terra e cobertura vegetal natural, apresentado na Unidade
1, e o mapa de distribuição da população, exposto na Unidade 3.
Contudo, pode ocorrer a necessidade de representar duas
ou mais variáveis que estabelecem relação entre si em um único
mapa. Como resolver este problema? Ora, a solução imediata é
óbvia, fazer uma sobreposição de informações ou uma justaposi-
ção entre elas!
Sabemos, no entanto, que a apresentação demasiada de da-
dos num único documento conduz à exaustão visual e é totalmen-
te contrária às normas da comunicação cartográfica, que primam
pela visualização imediata do mapa, ou, por sua leitura simples.
Desse modo, para resolver este problema, é necessário
realizar um cruzamento de informações entre as variáveis
consideradas, de maneira a sintetizar as informações, ou seja,
elaborar um mapa síntese.
O procedimento manual para elaboração de mapas síntese
não é simples de ser realizado, depende inclusive de algumas téc-
nicas de desenho e aparelhos específicos, como mesa de luz.
© U5 - Cartograia de Síntese e Outras Formas de Visualização da Informação Espacial 143
5. SÍNTESE CARTOGRÁFICA
Grande parte dos livros de Cartografia ou de Cartografia Te-
mática não aborda a síntese cartográfica. Ou, quando abordado, o
assunto é mencionado nos tópicos de generalização cartográfica,
o que é um erro.
Joly (2003) denomina a cartografia de síntese como Carto-
grafia das Correlações, dando um enfoque claro da problemática
em seu livro A Cartografia.
A generalização cartográfica corresponde na verdade à es-
colha do nível visual das informações (seus detalhes) que devem
compor um mapa. Ela é determinada exclusivamente em função
da escala cartográfica adotada no trabalho.
Tipos de gráficos
Os gráficos são elaborados tendo como referência um
conjunto de dados, geralmente dispostos em tabelas.
Na literatura, encontramos "tabela" descrita como "séries
estatísticas", correspondendo à organização dos dados em uma
tabela ou em um quadro.
Os dados em uma tabela podem ser organizados segundo o
tempo, o espaço ou a categoria do fenômeno observado:
• Tempo (série histórica): registro de uma série de observa-
ções em instantes distintos ao longo do tempo, manten-
do-se fixas a área de análise e a categoria (LOCH, 2006).
• Espaço (série geográfica): informações colhidas em luga-
res distintos, e são mantidos fixos o tempo e as categorias
de análise.
• Categoria (série categórica): quando mostra o registro
de dados diversos, mantendo fixos a área em análise e o
tempo considerado.
Muitas vezes, as tabelas são suficientes para apresentar um
conjunto de dados, principalmente se estes não forem extensos,
e quando se está considerando no máximo duas ou três variáveis.
Caso contrário, a elaboração de simples gráficos garante o objetivo
da representação gráfica.
Para se criar um gráfico é preciso primeiro conhecer o tipo
de informação que se deseja transmitir, assim como toda tradu-
ção gráfica, pois um gráfico poderá informar de forma visual as
tendências de uma série de valores em relação a um determinado
espaço de tempo, a comparação de duas ou mais situações etc.
Os gráficos descritos a seguir estão baseados no livro de Ruth
Nogueira Loch (2006), e serão expostos de maneira simplificada. A
© U5 - Cartograia de Síntese e Outras Formas de Visualização da Informação Espacial 149
Gráfico de linhas
Segundo Loch (2006), este tipo de gráfico é recomendado
para apresentação de frequência acumulada ou porcentagem acu-
mulada, e para apresentação de séries temporais. Observe a Figu-
ra 2.
Gráfico de barras
O gráfico de barras ou de colunas é uma das mais antigas
formas de representar dados em gráficos.
Este tipo de gráfico é útil para comparar quantidades entre
diversos grupos, facilitando ao leitor a tarefa de elaborar extensos
julgamentos.
Alguns trabalhos apontam que mais de duas categorias em
lugares distintos ou mais de dois lugares em tempos diferentes são
difíceis de serem comparados com a construção de um único grá-
Gráficos de setores
Devido à sua aparência, são comumente chamados de gráfi-
co de pizza ou torta. Assim como os de coluna, também são muito
utilizados para representar séries estatísticas ou observações di-
retas.
© U5 - Cartograia de Síntese e Outras Formas de Visualização da Informação Espacial 151
Figura 4 Gráfico de setores: Distribuição das áreas em termos de uso da terra e cobertura
vegetal na bacia hidrográfica do Ribeirão Jacu - SP.
Gráfico triangular
De acordo com diversos autores, este tipo de gráfico tem
sido mais usado na Geografia do que em outras disciplinas. Loch
(2006) destaca que o gráfico triangular é mais apropriado para
leitura do que para comparação visual imediata.
Ainda segundo Loch (2006), o gráfico triangular não é de
fácil execução, ele é utilizado para representar três componentes
ou variáveis em quantidades diferentes que formam o todo. Dessa
forma, cada lado do triângulo serve de linha base para uma vari-
ável.
Na Geografia, o emprego mais comum deste gráfico é para
representar a textura do solo. Ele ilustra os componentes de areia,
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Para formalizar o aproveitamento de seus estudos sobre o
conteúdo desta unidade, vamos, neste momento, responder às
questões autoavaliativas.
1) Um mapa síntese pode ser encarado com um mapa temático comum? Qual
é a relação fundamental que ele representa entre as variáveis abordadas no
mapa?
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, apresentamos mais alguns complementos
para representação gráfica, como os diagramas.
O jornal, mídia impressa, faz bom uso de diagramas, princi-
palmente de cartogramas para ilustrar o conteúdo da matéria vei-
culada. Contudo, na Educação Básica, nem sempre vemos o em-
prego correto dos diagramas, cabendo a você, futuro licenciado
em Geografia, esclarecer aos seus alunos os eventuais erros de um
material didático ou mesmo potencializar o que está sendo apre-
sentado.
Inúmeras teses e dissertações elaboradas nos últimos anos
que analisam materiais didáticos de Geografia enfatizaram a ques-
tão do uso do mapa nas séries do Ensino Básico, e, como resulta-
do, chama a atenção de que o mau uso do material cartográfico
é decorrente da má formação do professor de Geografia na área
cartográfica.
Portanto, procure compreender todo o conteúdo, discuti-lo
com seus colegas e retirar eventuais dúvidas com o tutor, além
de encarar os exemplos e as figuras expostos nesta unidade como
ferramentas para sua reflexão na condição de futuro responsável
pela formação de novos indivíduos.
Claretiano - Centro Universitário
154 © Cartograia Temática
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, P. A. Cartografia temática. Florianópolis: UFSC, 1991.
JOLY, F. A Cartografia. Campinas: Papirus, 2003.
LOCH, R. N. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais.
Florianópolis: UFSC, 2006.
MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991.
MENESES, R.; NETO, J. S. M. Sensoriamento remoto: reflectância e alvos naturais. Brasília:
UnB, Planaltina: Embrapa Cerrados, 2001.
EAD
Cartografia Digital:
Compreendendo a
Organização do
Espaço Geográfico 6
1. OBJETIVOS
• Apresentar temas pertinentes ao atual momento da Car-
tografia, considerando seu viés tecnológico e educacio-
nal, oferecendo conteúdo crítico para discussão e avalia-
ção de sua utilização.
• Compreender o conceito de geotecnologias, enfatizando
as ferramentas de geoprocessamento no contexto da atu-
al produção cartográfica.
• Criticar o uso da Cartografia nos Ensinos Fundamental e
Médio.
2. CONTEÚDOS
• Evolução das geotecnologias e novas ferramentas de mo-
nitoramento e planejamento do espaço geográfico.
• Cartografia e educação.
156 © Cartograia Temática
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de conhe-
cer, estudar, discutir e compreender as bases teórico-conceituais
e práticas da Cartografia Temática. Enfatizamos a veiculação da in-
formação espacial pela ótica da comunicação cartográfica e enten-
demos que essa abordagem é um facilitador para transmissão do
conhecimento, acentuando o caráter de linguagem da Cartografia.
© U6 - Cartograia Digital: Compreendendo a Organização do Espaço Geográico 157
ATENÇÃO!
Os sistemas sensores, principalmente os orbitais, viabilizam o le-
vantamento, a análise e o monitoramento sistemático de elemen-
tos do meio físico terrestre. Como exemplo de monitoramento,
podemos destacar o programa do Instituto de Pesquisas Espa-
ciais – INPE, denominado Sistema DETER – Detecção de Des-
matamento em Tempo Real (http://www.obt.inpe.br/deter/), entre
outros, como PRODES (http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html)
e CANASAT (http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/).
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR:
A aquisição de dados de uso do solo/cobertura vegetal por meio
de registros aerofotogramétricos é realizada por procedimentos de
foto-interpretação, amplamente difundidos por manuais específi-
cos, como o American Society of Photogrammetry (1952).
Geoprocessamento –––––––––––––––––––––––––––––––––––
O geoprocessamento engloba a área do conhecimento que tem por base
técnicas matemáticas e computacionais com a inalidade de tratamento e análise
de informações geográicas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Dentro da tecnologia do geoprocessamento, destaca-se a
ferramenta computacional denominada Sistemas de Informações
Geográficas - SIG, ou Geographic Information Systems – GIS, que
permite realizar análises complexas, integrando dados de diversas
fontes e criando bancos de dados georreferenciados e relacioná-
veis (DRUCK, et al, 2004).
Os Sistemas de Informações Geográficas - SIGs são ferra-
mentas capazes de manipular funções que representam os pro-
cessos ambientais em diversas regiões, de uma forma simples e
eficiente, permitindo uma economia de recursos e tempo. Estas
manipulações permitem agregar dados de diferentes fontes, como
imagens de satélite, mapas topográficos, mapas temáticos etc. em
diferentes escalas. Assim, o resultado geralmente é apresentado
sob a forma de mapas temáticos com as informações desejadas.
É importante salientar que muitas vezes o termo "Sistemas
de Informações Geográficas" é confundido com o termo "Geopro-
cessamento". O Geoprocessamento, segundo Câmara (1996), é o
conceito mais abrangente e representa qualquer tipo de proces-
samento de dados georreferenciados, enquanto um Sistema de
Informações Geográficas processa dados gráficos e não gráficos
© U6 - Cartograia Digital: Compreendendo a Organização do Espaço Geográico 163
PCN e Cartografia
O PCN apresenta a Cartografia como um recurso fundamen-
tal para o ensino e a pesquisa, uma vez que este, ao mesmo tempo
em que restringe os mapas aplicados ao campo do ensino da Ge-
ografia, abre espaço para a utilização de diversos tipos de mapas,
pois os conteúdos propostos pelo PCN, no que diz respeito ao en-
sino de Geografia, são bastante generalistas.
Segundo Brasil (1998, p. 76):
Tanto para a pesquisa como para o ensino da Geografia é preciso
ter clareza sobre a escolha do recorte e da escala com que se irá
trabalhar. Vale a pena lembrar que, no estudo dos lugares, para que
o aluno possa se situar melhor, a Cartografia estará neste ciclo prio-
rizando a grande escala, garantindo-lhe maior detalhamento dos
fatores que caracterizam o espaço de vivência no seu cotidiano.
ATENÇÃO!
As informações trabalhadas em representações cartográficas são
selecionadas como relevantes por seus elaboradores e, muitas
vezes, estes são sujeitos aos interesses daqueles que financiam
estas confecções.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Esta unidade tem um caráter fortemente teórico e reflexivo;
logo, sua leitura deve ser realizada atentamente, refletindo sobre
os parágrafos apresentados. Para facilitar a sua compreensão so-
bre os aspectos primordiais daquilo que foi apresentado, sugeri-
mos que você responda e discuta algumas questões referentes à
contribuição das novas propostas de desenvolvimento da Carto-
grafia, como a Cartografia Digital e o forte elo com as Geotecno-
logias. Se sentir dificuldade em responder às questões a seguir,
releia o material e utilize a bibliografia básica indicada.
1) O que são “Geotecnologias”?
9. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, contextualizamos a importância da Carto-
grafia no estudo da Geografia contemporânea, tanto para o aluno
atender às necessidades do seu cotidiano quanto para estudar o
ambiente em que vive, pois, aprendendo as características físicas,
econômicas, sociais e humanas do ambiente, ele pode entender as
transformações causadas pela ação do homem e dos fenômenos
naturais ao longo do tempo.
Portanto, lembre-se de refletir sobre a teoria e a metodolo-
gia da Cartografia ao considerar o ambiente educacional, pois falar
de Cartografia no ensino de Geografia implica a Cartografia feita
de forma crítica, sem esquecer ou reduzir o conhecimento teórico
e científico dos mapas.
10. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
CADERNO DIDÁTICO. Satélites Landsat. Disponível em: <http://www.dsr.inpe.br/selper/
image/portugues/landsat2.html>. Acesso em: 12 abr. 2011.
EUROPEAN SPACY AGENCY ESA. Home page. Disponível em: <http://www.esa.int/esaCP/
index.html>. Acesso em: 7 abr. 2012.
FOSSGIS BRASIL. Georreferenciando o conhecimento. Disponível em: <http://fossgisbrasil.
com.br/>. Acesso em: 7 abr. 2012.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS INPE. Divisão de Geração de Imagens.
Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/siteDgi/index_pt.php>. Acesso em: 8 de abr.
2012.
SAT. SPOT. Disponível em: <http://www.sat.cnpm.embrapa.br/satelite/spot.html>.
Acesso em: 12 abr. 2011.
ZACHARIAS, V. L. C. Centro de Referência Educacional. Disponível em: <http://www.
centrorefeducacional.com.br>. Acesso em: 11 abr. 2011.
© U6 - Cartograia Digital: Compreendendo a Organização do Espaço Geográico 173
2. CONTEÚDOS
• A importância da boa comunicação.
• Processos psíquicos e fisiológicos desencadeados pela
sensação visual "cor”.
• A mensagem por trás das cores.
• O significado das cores na apresentação de ideias.
176 © Cartograia Temática
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Vimos, nas unidades anteriores, o conteúdo essencial que
a ciência Cartográfica engloba, mais especificamente, a Cartogra-
fia Temática – sua história, teorias, conceitos, métodos, todos os
requisitos necessários para estabelecermos críticas sobre as infor-
mações cartográficas que o mundo nos apresenta, além de adqui-
rirmos a capacidade de pensar e avaliar aquilo que apresentare-
mos ao mundo.
No entanto, ressaltamos que apresentar sua essência ao lon-
go destas unidades não significou esgotar o tema. Significa ape-
nas sugerir um caminho para que você conheça as potencialidades
dessa ciência e possa promover a construção de seu conhecimen-
to segundo a sua interpretação e o seu entendimento.
© U7 - A Inluência das Cores no Processo de Comunicação Visual 177
5. A COR E A COMUNICAÇÃO
Hoje em dia, saber comunicar-se é uma questão de sobre-
vivência profissional, seja dentro de qualquer organização, seja
em qualquer ramo de atividade do mercado de trabalho, inclusive
dentro de uma sala de aula. A comunicação cartográfica é apenas
uma das formas de se comunicar, e como faremos isso de forma
eficaz? Simples, dominando sua linguagem, e aproveitando as tec-
nologias disponíveis.
De um jeito ou de outro, todo mundo se comunica. Mas é
grande o número de profissionais em nossa área que apresentam
(sem imaginar) dificuldades para transmitir suas mensagens com
força e clareza por meio de mapas.
A comunicação eficiente consiste em fazer as pessoas enten-
der a sua mensagem e responder de forma a provocar novas tro-
cas. Sendo assim, a comunicação sempre é uma via de duas mãos.
© U7 - A Inluência das Cores no Processo de Comunicação Visual 179
Legibilidade e Visibilidade
O impacto que a cor traz implícito em si, de eficácia indis-
cutível, não pode ser analisado arbitrariamente pela mera sensação
estética. O impacto está intimamente ligado ao uso que se fará do
elemento cor, ou seja, a sua finalidade.
Sua utilização está diretamente relacionada com as exigên-
cias da área que a explora, seja na área da Educação, prevenção
de acidentes, decoração, medicina, produtividade, trânsito, entre
outros. Cada um desses campos utiliza uma linguagem específica
que explicita seus pontos de vista; por meio dela, procura-se atingir
seus objetivos propostos.
Isso torna o estudo da cor uma necessidade dentro de diver-
sos cursos que se voltam à comunicação visual, principalmente ao
compreendermos que as pesquisas nessa área se respaldam nos
recer o forro da sala, pois isso confere a ela um aspecto mais baixo
e acolhedor; caso contrário, haverá um “recuo”, oferecendo um
ambiente mais amplo. Observe esse exemplo na Figura 1.
Estudo de Bamz––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Há uma pesquisa muito interessante, realizada pelo psicólogo Bamz (apud
FARINA, 1990), que alia o fator idade à preferência que o indivíduo manifesta
por determinada cor. Esse estudo pode conduzir a resultados eicazes quando
você conhce o público a que vai destinar sua mesagem, fundamental no campo
mercadológico.
Você pode se perguntar qual é a importância de saber sugestões para o
campo do marketing. Em essência, os mapas são um “marketing”, ainal,
é a promoção de uma ideia.
Vejamos a Tabela 3:
ESTÍMULO INFLUÊNCIA
Período de 1 a 10 anos; idade da
Vermelho
efervescência e da espontaneidade.
Período de 10 a 20 anos — idade da
Laranja
imaginação, excitação, aventura.
ESTÍMULO INFLUÊNCIA
Período de 20 a 30 anos — idade da
Amarelo
força, potência, arrogância.
Período de 30 a 40 anos — idade da
Verde
diminuição do fogo juvenil.
Período de 40 a 50 anos — idade do
Azul
pensamento e da inteligência.
Período de 50 a 60 anos — idade do
Lilás
juízo, do misticismo, da lei.
Período além dos 60 anos — idade
Roxo do saber, da experiência e da
benevolência.
Fonte: adaptado de Farnina (1990).
SENSAÇÕES
ASSOCIAÇÕES E ETIMOLOGIA
ACROMÁTICAS
Associação material: sujeira, sombra, enterro, noite,
carvão, fumaça, condolência, morto, im, coisas escondidas.
SENSAÇÕES
ASSOCIAÇÕES E ETIMOLOGIA
ACROMÁTICAS
Associação material: flores grandes, terra argilosa, palha, luz,
topázio, verão, limão, chinês, calor de luz solar.
Associação afetiva: iluminação, conforto, alerta, gozo, ciúme,
Amarelo orgulho, esperança, idealismo, egoísmo, inveja, ódio, adolescência,
espontaneidade, variabilidade, euforia, originalidade, expectativa.
“Amarelo” deriva do latim amaryllis. Simboliza
a corda luz irradiante em todas as direções.
Associação material: umidade, frescor, diafaneidade, primavera,
bosque, águas claras, folhagem, tapete de jogos, mar, verão,
planície, natureza.
Associação afetiva: adolescência, bem-estar, paz, saúde,
ideal, abundância, tranquilidade, segurança, natureza, equilíbrio,
Verde
esperança, serenidade, juventude, suavidade, crença, firmeza,
coragem, desejo, descanso, liberalidade, tolerância, ciúme.
“Verde” vem do latim viridis. Simboliza a faixa harmoniosa que
se interpõe entre o céu e o sol. Cor reservada e de paz
repousante, que favorece o desencadeamento de paixões.
Associação material: montanhas longínquas, frio, mar, céu,
gelo, feminilidade, águas tranquilas.
Associação afetiva: espaço, viagem, verdade, sentido, afeto,
intelectualidade, paz, advertência, precaução,
Azul
serenidade, infinito, meditação, confiança,
amizade, amor, fidelidade, sentimento profundo.
“Azul” tem origem no árabe e no persa lázúrd, por lazaward. É a cor
do céu sem nuvens. Dá a sensação do movimento para o infinito.
Associação material: noite, janela, igreja, aurora, sonho, mar
profundo.
Associação afetiva: fantasia, mistério, profundidade, eletricidade,
Roxo dignidade, justiça, egoísmo, grandeza, misticismo, espiritualidade,
delicadeza, calma.
“Roxo” vem do latim russeus (vermelho-carregado). É uma cor que
possui um forte poder microbicida.
Fonte: adaptado de Farnina, (1990).
CORES PSICODINÂMICA
Acalma o sistema nervoso. Aplicado em anúncios de
artigos religiosos, em viaturas, acessórios funerários,
etc. Para dar a essa cor maior sensação de calor,
Roxo
acrescenta-se o vermelho; de luminosidade, o amarelo;
de luminosidade ao calor, o laranja; de frio, o azul; de
frio e arejado, o verde; de luminosidade ao frio, o verde.
Cores representativas do valor e da dignidade. Aplicado
Púrpura e ouro
em anúncios de artigos de alta categoria e luxo.
Esconde muito a qualidade e o valor e, portanto, é
pouco recomendável em Publicidade. Sua eventual
Marrom
aplicação em combinação com outras cores deve ser
bem estudada.
Entristece o ser humano, não sendo, portanto, muito
Violeta
bem visto na criatividade publicitária.
Indica discrição. Para as atitudes neutras e diplomáti-
Cinza
cãs, o “cinza” é muito usado em Publicidade.
Pouco recomendável em Publicidade. Uma peça
Preto com muitos detalhes em “preto” deixa o ser humano
geralmente frustrado.
Estimulante, predispõe à simpatia; oferece uma
sensação de paz para produtos e serviços que precisam
Azul e branco
informar sua segurança e estabilidade (por exemplo,
anúncio de companhia aérea).
Estimulante da espiritualidade; combinação delicada e
Azul e vermelho
de maior eficácia em Publicidade.
Sensação de antipatia; deixa o indivíduo preocupado;
Azul e preto desvaloriza completamente a mensagem publicitária e
é contraproducente.
Estimulante, mas de pouca eficácia publicitária.
Vermelho e verde Geralmente se usa essa combinação para publicidade
rural.
Estimulante e eficaz em Publicidade. Pesquisas
demonstraram que, em certas pessoas, essa
Vermelho e amarelo
combinação de cores provoca opressão e, em outras,
insatisfação.
Produz atitude passiva em muitas pessoas. É de pouca
Amarelo e verde eficácia publicitária. Poderá resultar eficaz se houver
mais detalhes coloridos na peça apresentada
Fonte: adaptado de Farnina (1990) e de Abra (2011).
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Esta unidade teve um caráter complementar, de cunho te-
órico e prático; logo, sua leitura deve ser realizada atentamente,
refletindo sobre o conteúdo apresentados e, principalmente, ava-
liando o mundo ao seu redor, na tentativa de “enxergar” aquilo
que foi exposto. Para auxiliar sua compreensão e dar boa conti-
nuidade aos estudos, sugerimos que você responda e coloque em
discussão algumas questões referentes a Psicodinâmica das Co-
res, bem como reflita sobre a afinidade existente entre a ideia da
propaganda (marketing) e a Cartografia. Se sentir dificuldade em
responder às questões a seguir, releia o material e utilize a biblio-
grafia indicada.
1) Como a manipulação da cor pode auxiliar a comunicação visual, de modo a
garantir boa visibilidade e legibilidade na mensagem?
9. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade nos apresentou um pouco mais do complexo
universo contemplado pela Cartografia Temática. Ao longo de seu
CRC, observamos alguns preceitos exclusivamente cartográficos,
que nos ofereceram conteúdo teórico e metodológico para estru-
turarmos os alicerces que sustentam a ciência cartográfica.
Devemos nos lembrar de que esses “alicerces” a que nos re-
ferimos condizem com a realidade e com o contexto histórico em
que vivemos atualmente, no início do século 21. Sabemos que o
conhecimento científico é dinâmico e que a epistemologia cientí-
fica proporciona flutuações de paradigmas; logo, tudo aquilo que
sustenta a ciência cartográfica hoje pode ser superado por novos
conceitos, mais atuais e que respondem às demandas da socieda-
de. Ver as informações georreferenciadas, seja por meio de GPS,
seja por aparelhos celulares, por câmeras fotográficas, seja qual-
quer outra tecnologia, já deixou de ser uma curiosidade.
Portanto, evidenciamos que este material apenas orienta e
que podemos afirmar que outros conhecimentos, de natureza in-
ter e multidisciplinar, se mostram fundamentais para o nosso enri-
quecimento e desenvolvimento.
Ambientes digitais, como softwares de edição gráfica, forne-
cem-nos ferramentas e possibilidades que ampliam nossa capaci-
dade de criação, manipulação e apresentação de ideias. Atualmen-
te, podemos até mesmo reapresentar informações antigas com
novas "roupagens", proporcionando novas conotações e amplian-
10. E-REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. CB-32 - Equipamentos de
proteção individual. 1996. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_
pagina=958>. Acesso em: 28 mar. 2012.
ABRA – ACADÊMIA BRASILEIRA DE ARTE. Como combinar as cores - introdução. 2001.
Disponível em: <http://www.abra.com.br/oficinas/11-como-combinar-as-cores-
introducao=Cores:> Acesso em: 28 mar. 2012.
2. CONTEÚDOS
• O desafio de uma Cartografia socialmente útil.
• Sugestões para reflexão do tema Cartografia e Poder.
206 © Cartograia Temática
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Observa-se que a Cartografia sempre esteve ligada, de algu-
ma forma, aos Estados, direcionada a atender aos interesses de
poder, apoiando ações de planejamento econômico e geopolíti-
co em consonância com os objetivos da segurança nacional, nem
sempre se voltando a contribuir com os anseios da sociedade.
Por esse motivo, é importante sabermos avaliar alguns as-
pectos e reconhecer quando há o uso da Cartografia naquilo que
alguns autores costumam denominar de AIE (Aparelhos Ideológi-
cos do Estado). Os AIEs nada mais são do que as instâncias nas
quais o poder do Estado se apoia para o seu pleno exercício.
Como frisado diversas vezes ao longo deste Caderno de Referên-
cia de Conteúdo, é importante realizarmos uma avaliação crítica das for-
mas de veiculação da Cartografia, do modo como ela chega ao público,
o que ela apresenta ou o que ela nos induz a acreditar, a nos convencer.
Inúmeros estudos publicados em periódicos científicos, te-
ses e dissertações indicam que a Cartografia nacional é pouco útil
à sociedade, não visando, prioritariamente, a contribuir para a re-
solução dos problemas sociais, nem para a formação da cidada-
nia. O que isso significa? Significa que, enquanto as tecnologias,
os conceitos e o conhecimento são produzidos em universidades
e institutos, aquele que tem a responsabilidade de executar e dis-
seminar tais ações à sociedade se omite, distorce e, muitas vezes,
Geopolítica
Uma análise de como tem ocorrido ao longo de décadas (e,
porque não dizer, ao longo de séculos) essa relação entre a Carto-
grafia, a Geopolítica e o poder requer especial atenção, em virtude
do nível de complexidade que o assunto enseja. A Cartografia, um
saber construído milenarmente a partir das formas primitivas de
representação gráfica do espaço e das práticas humanas e sociais
nele desenvolvidas, cresceu científica e tecnicamente “acompa-
nhando”, por assim dizer, o desenvolvimento das “civilizações”.
É claro que esse “acompanhar” não foi algo espontâneo e
que, nesse seu crescimento, nem tudo foi “civilizado”. Na verda-
de, a Cartografia, enquanto técnica de registro gráfico de áreas e
de informações a elas relativas, sempre esteve a serviço de inte-
resses dos mais poderosos em todos os estágios civilizatórios. Ela
é um excelente apoio à Geopolítica dos Estados, especialmente
daqueles que melhor sabem aproveitar os seus recursos. Ao mes-
mo tempo, a Geopolítica tem servido de estímulo à pesquisa e à
produção cartográficas, no intuito de colocar suas ambições e es-
tratégias em prática.
Ciência ou conjunto de conhecimentos específicos sobre a
funcionalidade do território, a Geopolítica é parte integrante das
preocupações do poder do Estado, face à possibilidade de perda
do controle do território, principalmente. É como cuidar da da nos-
sa casa, protegendo “o que é nosso” contra a cobiça dos vizinhos.
Mas é, também, o “olho grande” no que é “dos outros”, vendo
a possibilidade de conquista. Evidentemente, essas atitudes não
dizem respeito apenas a um espaço específico (como a Europa)
ou a um tempo específico (como os séculos 19 e 20). A Cartografia
historicamente tem servido, por meio civil ou militar, ao uso dos
mapas para o subjugo de homens e nações, em todos os lugares e
tempos, com maior ou menor grau de intensidade.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você prepare uma suposta aula baseada nes-
ta unidade. Provavelmente, enquanto estiver pensando na orga-
10. CONSIDERAÇÕES
As questões aqui expostas refletem a preocupação da Car-
tografia como instrumento de poder, colocada historicamente a
serviço do Estado, que, já na sua formação original, teve na re-
presentação cartográfica do espaço um instrumento de poder de
alto significado geopolítico. De fato, é inegável o histórico papel
desempenhado pela Cartografia no apoio à formação dos Estados,
nas diferentes partes do mundo e, obviamente, aqui no Brasil.
Assim, Estado e Cartografia desenvolveram-se conjuntamen-
te no processo de formação do Estado brasileiro, seguindo a tradi-
ção mundial de sua inserção nos aparelhos do Estado, sendo a Car-
tografia brasileira alicerçada pelo trabalho dos pioneiros, desde o
Brasil Colônia, passando pelo Império e chegando até a República,
sempre com a decisiva experiência dos militares, na organização
dos primeiros mapeamentos e da Política Cartográfica Nacional.
© U8 - As Faces da Cartograia: o Poder da Ideologia e a Construção do Saber 235
LACOSTE, Y. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 2. ed.
Campinas: Papirus, 1989.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.
SANTOS, D. Estado nacional e capital monopolista. In: OLIVEIRA, A. U. Para onde vai o
ensino da Geografia? São Paulo: Contexto, 1990.