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LEONARDO PINTO DE MAGALHÃES

Engenheiro de Biossistemas: histórico, perfil e perspectivas


futuras

Trabalho de conclusão de curso apresentado


à Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos da Universidade de São Paulo,
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Bacharel em Engenharia de
Biossistemas.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Viera de Sousa


Co-orientador:

Pirassununga
2015
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.2 Uso da tecnologia na agricultura


Com o aumento da demanda por mais alimentos e uma produção
com menos impacto ambiental, aumentou também a utilização de novas
tecnologias no campo. Até a Revolução Industrial a forma de produção
agrícola era mais simples e rudimentar, mas a eclosão das mudanças na
forma de produção das indústrias modificou não apenas a organização
nas sociedades, com a migração da população do campo para as cidades,
como também a forma de produzir equipamentos e insumos para a
agricultura. A migração do campo para a cidade começou a mudar o estilo
de vida da população, com maior acesso a itens de saúde e saneamento,
aumentando a expectativa de vida e a taxa de crescimento populacional. Esse
aumento levou a uma demanda maior por alimentos e assim maior produção
agrícola. Por outro lado, o aumento do êxodo rural diminuiu a mão-de-obra
disponível no campo o que pressionou por maior uso da mecanização na
agropecuária (DERRY; WILLIANS, 1977 apud FONSECA, 1990).
Esse cenário é verificado até hoje, pois a utilização de inovações na
agricultura faz-se necessário tanto para atender a demanda nutricional no
Mundo quanto para diminuir os impactos no meio-ambiente, decorrentes da
produção agrícola. O aumento da utilização da tecnologia na agricultura
brasileira pode ser exemplificado pelo aumento da frota de tratores de rodas.
Na década de 1960 o país possuía uma frota de 62.684 desses veículos, no
ano de 2006 essa frota atingiu uma quantidade de 336.589, um aumento de
537%. No mesmo período, a área cultivada em terras brasileiras teve um
aumento de 223% passando de 25.673.000 ha para 57.445.000 ha (SARTI et.
al, 2009). Por esses dados, verifica-se que o número de hectares por trator de
rodas diminuiu, sendo hoje, segundo os mesmos autores, de 171 ha/trator ante
410 na década de 60. A diminuição desse fator representa um aumento da
mecanização agrícola.
Se avaliarmos a frota total de tratores a quantidade desses veículos
desde a década de 1970 até 2013 passou de menos de 200 mil veículos para
mais de 800 mil unidades.
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Figura 1- Evolução da frota brasileira de tratores agrícolas por tempo de


uso do veículo, em mil unidades.

Fonte: Céleres®. Anfavea. Disponível em:<http://www.celeres.com.br/o-setor-


de-maquinas-agricolas-no-brasil-evolucao-nos-ultimos-anos-e-perspectivas/>. Acesso
em: 10 abr. 2015.

Apesar do aumento da mecanização no Brasil, o país ainda possui uma


taxa menor se comparada a outros países. No ano de 2012 o Brasil possuía 11
tratores por mil hectares de área produtiva (esse termo considera a área arável
e as culturas permanentes) contra 27 tratores nos EUA e 82 na Alemanha. Nos
anos recentes o aumento nas vendas de máquinas agrícolas deveu-se a baixa
taxa de juros nos financiamentos instituída pelo Governo Federal em 2009
(destaque ao PSI/Finame, do BNDES) e à alta no preço da soja e milho. No
caso das colhedoras, a taxa média de crescimentos das vendas foi de 23% ao
ano entre 2010 e 2013. Nos quatro anos anteriores, a taxa era de 17% ao ano,
em média (FERO, 2014).
Além do aumento na produção, em alguns países, ocorreu uma maior
ocupação de terras por aglomerações urbanas e outros empreendimentos após
a Revolução Industrial (como exemplo o Reino Unido), ou outros casos, como
no estado do Paraná, as áreas disponíveis para cultivo já foram praticamente
ocupadas em sua totalidade. Houve assim necessidade de aumento na
produtividade já que as terras disponíveis para a agricultura eram menores. Ou
seja, produzir mais utilizando menores áreas. Segundo Barros (2009), a
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produtividade relaciona-se negativamente com o preço da terra, ou seja,


quanto menor for a produtividade em uma região maior será a necessidade de
áreas de produção e assim haverá um aumento no valor dessas terras. Além
do aspecto econômico de maior produtividade em função da menor
disponibilidade de terras e mão-de-obra, há também o aspecto ambiental. O
aumento da produtividade e menor necessidade de mais áreas de cultivo levam
a uma redução no desmatamento e menor uso de agroquímicos, reduzindo
assim contaminações e impactos ambientais.
Para que ocorra um aumento da produtividade, ao longo dos últimos anos
houve um incremento no surgimento e utilização de novas tecnologias no
campo. Centenas de inovações surgiram e dentro da área relacionada à
Engenharia de Biossistemas podem-se citar algumas como: softwares de
gestão, sensores de avaliação da planta, do solo, do ambiente, automação de
equipamentos e silos, mapeamento, sensores de produção animal entre outros.
Alguns exemplos dessas inovações e suas aplicações podem ser vistas na
tabela a seguir:
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Tabela 1- Exemplos de inovações usadas na agricultura


Softwares SIG (Sistema de Informação Sistema geo-referenciado que
Geográfica) permite: (1) entrada de dados; (2)
processamento de dados; (3)
manipulação e análise; (4) saída de
dados.
IFM (Integrated Farm Management) Gerenciamento Integrado de
Fazendas – fornece um conjunto de
ferramentas para a tomada de
decisão, integrando a fazenda com
o meio-ambiente.
Sensores Espectrorradiômetros para planta e Sensores que emitem feixes de luz
solo sobre o solo ou planta, a luz
refletida é detectada pelo sensor e
processada. Com esse processo é
possível detectar ervas daninhas,
pragas ou outros alvos pela
diferença de radiação do feixe de
luz.
Sensores de condutividade do solo Detectam a condutividade elétrica e
correlacionam esses dados com a
presença ou ausência de algum
nutriente, determinando assim a
irrigação ou tratamento da planta
em questão.
Sensor de umidade para irrigação Determina a umidade no solo,
através do valor de saída do
sistema que corresponde a um
valor de umidade, e assim
determina-se a quantidade
necessária de água para a
irrigação.
Automação e Piloto Automático de tratores e Esse sistema pode ser guiado
implementos agrícolas através de sistemas de
tecnologias de posicionamento global, feixes de luz
aplicação entre outras características.
Garante maior precisão aos
processos de plantio, colheita,
pulverização etc.
VRT Tecnologia de taxa variável. Os
VRTs são controles especializados,
que variam a quantidade de
material depositado, concentração
do insumo ou ainda proporção entre
diferentes materiais, de acordo com
mapas e as especificações do local.
Automação de casas de vegetação Sistemas compostos por sensores e
ou granjas softwares que monitoram
temperatura, umidade e outros
fatores, e com isso determinam
período de irrigação, abertura ou
fechamento de cortinas,
ligar/desligar ventiladores etc.
Fonte: Próprio autor

Muitas dessas inovações se inserem dento do conceito de Agricultura de


Precisão. Quanto a essa prática, no Brasil ainda há poucos estudos sobre sua
adoção. Seu uso no Mundo vem se intensificando desde a década de 1990,
ano em que foi produzido na Alemanha o primeiro mapa de produtividade
derivado de um monitor de rendimento utilizado junto a um GNSS. Esse mapa
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foi feito em uma plantação de canola (SCHNUG; HANEKLAUS; LAMP, 1991).


Fatores como o preço relativamente baixo das terras, alto custo dos produtos
utilizados (em sua maioria importados), baixo custo da mão-de-obra e baixa
utilização da informática no campo contribuem para o avanço lento da AP no
Brasil (GRIFFIN; LOWENBERG-DEBOER, 2005). Bernardi (2014) realizou
pesquisa, onde um questionário foi submetido a 301 entrevistados que
responderam sobre o uso da AP. Nos resultados dessa pesquisa, 53% dos
entrevistados afirmaram utilizar a AP em suas propriedades. Na pesquisa
também se observou que os proprietários mais jovens e os que possuíam
maior escolaridade e renda utilizavam mais a AP do que os proprietários que
não se encaixavam nessas categorias. Segundo esses pesquisadores, em
pesquisa feita por Rogers (2003) foi indicado que os produtores mais
inovadores e que adotaram mais cedo essa tecnologia são os que: “possuem
maior grau de escolaridade, estão mais expostos aos meios de comunicação
de massa e interpessoal, maior contato com agentes de mudança, maior
disponibilidade de capital e proximidade com outros adotantes”. Portanto, a
tendência futura é que a Agricultura de Precisão se incorpore mais fortemente
aos meios de produção, tornando-se algo básico para a produção agrícola.

3.2.1 Outras aplicações


A Engenharia de Biossistemas além da Agricultura de Precisão também
possui como escopo de atuação outras áreas. Entre elas pode-se citar: bem-
estar animal, zootecnia de precisão, energias renováveis, novos materiais,
construções rurais etc.
Em relação ao bem-estar animal, as recentes mudanças de consciência
dos consumidores em relação às condições de criação dos animais e as novas
exigências de países importadores de carne do Brasil, levam à necessidade de
desenvolvimento de novas tecnologias para a produção. Na Europa a
tendência de criação de frangos, por exemplo, é preconizar uma área mínima
de 500 cm² por frango (SILVA; MIRANDA, 2009, p. 95). Essa imposição pode
beneficiar o Brasil, já que a necessidade de maiores áreas para produção
coincide com a disponibilidade de áreas encontrada no País. Para atender
essas novas exigências de bem-estar são necessários também o
desenvolvimento de sistemas de controle, como exemplo para manutenção de
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uma boa qualidade do ar, ou sistemas de alimentação e manejo


automatizados.
Ainda no âmbito de produção animal, ganha destaque nas pesquisas e
aplicações a Zootecnia de Precisão. Com o objetivo de melhorar a produção
animal, o bem-estar e controlar os processos envolvidos na atividade a
Zootecnia de Precisão utiliza-se de sistemas, equipamentos eletrônicos,
monitoramento em tempo real entre outras tecnologias para gerenciar e
garantir ferramentas de apoio à decisão. Nessa área, há necessidade de
desenvolvimento de sensores, softwares e sistemas que auxiliem na produção
animal. Destacam-se o uso da termografia, análise de imagens, sensores de
detecção de gases entre outros.
Dentro da Zootecnia de Precisão ainda pode-se citar a pecuária de
precisão. Segundo Carvalho et al. (2009), “a pecuária de precisão diz respeito
a inovações tecnológicas que monitoram o animal no seu ambiente pastoril”.
Ela integra os conhecimentos de comportamento animal, eletrônica e sistemas
de decisão para o pastoreio (LACA, 2008).
Para todos os tipos de produção citados anteriormente é necessário um
adequado fornecimento de energia. E assim como atualmente há maior
pressão por produção agrícola sustentável, há também demanda por produção
de energia mais durável e que cause menor impacto ambiental. O
desenvolvimento de sistemas de geração de energia solar, eólica e biomassa
são algumas das opções em que o Engenheiro de Biossistemas pode atuar no
planejamento e desenvolvimento. Na matriz energética brasileira observa-se
uma participação importante da biomassa, sua utilização demanda sistemas e
equipamentos para obter matéria-prima para produção de energia e para o
próprio sistema de produção.
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Figura 2- Composição da matriz energética brasileira

Matriz energética brasileira

1% 0%

13%
óleo (43%)
43% gás (7,5%)
carvão (6,7%)
28%
biomassa (28,4%)
hidráulica (13,1%)
7% 8% nuclear (1,3%)
outras (0,2%)

Fonte: Adaptado de (OSAKI et al., 2012)

Ainda há o desenvolvimento de biocombustíveis e do etanol de segunda


geração. Segundo Osaki et al. (2012), há perspectivas futuras de aumento na
demanda por veículos movidos à etanol e biocombustíveis, que demandam
também maior produção no campo das matérias-primas desses combustíveis.
Dentre as modalidades de geração de energia, futuramente destaca-se a
energia solar. A previsão de produção da energia solar fotovoltaica para 2035,
é que passe dos atuais 0,6% para 2,6% na matriz energética Mundial
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY-IEA, 2013). Para o Brasil estima-se
uma produção de 400 MW no ano de 2020. Sobre as perspectivas futuras para
a atuação dos engenheiros de biossistemas na produção dessas fontes de
energia e das outras áreas citadas anteriormente, veremos alguns dados no
capítulo seguinte.

3.3 Perspectivas Futuras


Como a Engenharia de Biossistemas tem seu campo de atuação
majoritariamente no agronegócio, é interessante vislumbrar um pouco quais
são as perspectivas futuras tanto de produção quanto de tecnologias nessa
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área. Segundo dados do Ministério da Agricultura no Relatório de Projeções


Agrícolas para 2020/2021, a soja em grão atingirá no último ano de projeção,
ou seja, em 2021 uma produção de 65,5 Milhões de toneladas. Já a produção
de açúcar será de 42,3 Milhões de toneladas frente aos atuais 36 Milhões. A
produção total de carne (suína, bovina e frango) tem uma projeção de aumento
de 26,5% chegando a um total de 31,2 Milhões de toneladas (BRASIL, 2011).
Como projeção para os próximos dez anos o Brasil se manterá entre os
principais exportadores de açúcar, grãos e carnes. Segundo o relatório, o País
será o 2° maior exportador de carne bovina, 4° de carne suína, 1° de carne de
frango, 4° em milho e 1° de soja em grão.
Esse cenário vislumbrado demonstra uma demanda crescente nos
próximos anos de profissionais que garantam esse aumento de produtividade,
além da demanda por equipamentos e desenvolvimento de sistemas. Esse
aumento da produção no Brasil vai de encontro também à uma necessidade de
aumento na produção de alimentos no Mundo. Segundo dados da FAO (Food
and Agriculture Organization of The United Nations), em 2019 a produção de
óleos vegetais, por exemplo, terá um aumento mundial maior que 35%, só nos
países em desenvolvimento o aumento chegará a quase 40% em relação a
2007-2009 (JONES, 2010). O consumo mundial de açúcar terá um aumento de
aproximadamente 25%, de arroz será pouco mais de 15% e de carne dos
países em desenvolvimento aumentará em torno de 23%. A importação de
alimentos proteicos pelos países desenvolvidos passará de 66.297 kT (período
de 2007-2009) para 85.871 kT. Os mesmos produtos terão um aumento
acentuado de demanda também dos países em desenvolvimento, que
passarão de 27.517 kT importadas para 43.590 kT, as importações mundiais
de oleaginosas passarão de 92.647 kT para 108.686 kT.
No uso de biocombustíveis, as projeções da FAO também são de
crescimento. O uso de etanol no Brasil, por exemplo, teria um crescimento de
6,3% e na União europeia esse crescimento seria de 10,81%.
Em uma projeção divulgada pelas mesmas instituições, visando o ano de
2024 o uso da terra no Brasil seria de 70 milhões de hectares, um aumento de
17% em relação ao período de 2012-2014, os maiores aumentos de terras
cultivadas seriam de cana (26%) e da soja (21%). O documento projeta que o
País superará as exportações de soja dos EUA em 2018 e terá grande
destaque de produção em: tabaco, frango, milho, arroz e carne bovina. O País
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também permanecerá como maior fornecedor de: açúcar, suco de laranja e


café. Um dos pontos de entrave para o País é que as suas exportações são
pouco integradas ao comércio Mundial, ou seja, outros países utilizam pouco
das exportações agrícolas brasileiras em suas próprias exportações
(MOREIRA, 2015).
Dentro dessa perspectiva de grande produção agrícola no Brasil, uma das
alternativas para aumentar a produção e atender essa demanda futura por
alimentos é usar de alternativas que garantam maior produção com menor uso
de terras e menor impacto ambiental. Já é difundida no País a integração
lavoura-pecuária-floresta. Nessa modalidade de produção há “implantação de
diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne, leite, agroenergia, entre
outros, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou rotacional”
(MACEDO, 2009). A produção é alternada entre lavoura, pasto e também em
alguns casos a produção de madeira, essa modalidade possuí benefícios como
a diminuição da compactação do solo, renovação dos nutrientes disponíveis,
renovação das pastagens, diversificação da produção entre outros. Apesar de
seus benefícios, a adoção dessa modalidade ainda é pequena, ficando em
cerca de 1,5 milhões de ha no Brasil (BALBINO; BARCELLOS; STONE, 2011).
Há o planejamento que até 2020 o País passe a ter mais 4 milhões de ha sob
esse modelo de produção, o que representaria uma diminuição na emissão de
18 a 22 milhões de CO2 equivalente. Para que ocorra esse aumento na
utilização da integração lavoura-pecuária-floresta “é necessário planejamento
eficiente, gestão competente e envolvimento de equipe multidisciplinar
(multicompetências)” (VILELA et al., 2011). Um exemplo de profissional
multicompetências é o Engenheiro de Biossistemas.
Já no cenário do desenvolvimento tecnológico, o Fórum Econômico
Mundial divulgou nesse ano de 2015 uma projeção de “10 tecnologias
emergentes que deverão impactar o Mundo nos próximos anos”. Das dez
tecnologias citadas, pelo menos quatro relacionam-se diretamente com a
Engenharia de Biossistemas, são elas: robótica, engenharia genética agrícola,
inteligência artificial (computação suave) e drones inteligentes (10
TECNOLOGIAS..., 2015). Dentro da robótica, destaca-se o uso cada vez maior
de robôs em atividades do dia-a-dia, onde na agricultura a colheita robotizada,
a automação de ambientes protegidos e o controle de pragas foram
destacados no relatório.
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A Engenharia genética agrícola, um dos pontos de maior polêmica da


lista, trata do uso da transmissão de parte do DNA de um genoma para outro
se utilizando de bactérias. Essa técnica permitiria o desenvolvimento de
espécies mais produtivas e mais resistentes ao clima e pragas.
Já a inteligência artificial cresce em diversas áreas da vida humana, mas
na agricultura seu uso seria, principalmente, em sistemas que reconhecessem
o ambiente e adaptassem as condições de produção às mudanças climáticas e
às necessidades das espécies (seja animal ou vegetal). O uso de drones na
agricultura já é uma realidade, mas o desafio seria o desenvolvimento de
equipamentos que voassem sozinhos e que realizassem ações de acordo com
as imagens captadas no momento.
Outra tecnologia de destaque para os próximos anos é a fenotipagem
agrícola. Segundo explicação da Embrapa Milho e Sorgo do que se trata a
fenotipagem, há o exemplo a seguir do uso da fenotipagem no
desenvolvimento de sementes com resistência à seca:
Espécies vegetais diferentes apresentam estágios
diferenciados de melhoramento, e o esforço corrente de
caracterização de cada cultura para tolerância à seca implica
na definição da estratégia de melhoramento, no parâmetro
fenotípico (característica de planta), na tipificação da seca
(descrição do potencial hídrico no solo e na planta, na fase
fenológica crítica da cultura), e métodos e técnicas
(identificação e monitoramento da duração e a intensidade do
déficit hídrico imposto à planta) para avaliação adequada das
respostas diferenciadas entre genótipos. Essas medidas, em
condições controladas e a campo, são fundamentais para a
caracterização do estresse hídrico, a avaliação do rendimento
de grãos e o comportamento de características secundárias
associadas ao rendimento (DURÃES et al., 2015).

Nessa área os engenheiros de biossistemas atuariam tanto no


desenvolvimento dos equipamentos e sistemas para testes de fenotipagem
com as espécies vegetais, quanto na aplicação dos testes.
Outra tecnologia de destaque recente e com perspectivas de aumento
futuro é a chamada Internet das Coisas (Internet of Things). Esse conceito foi
idealizado no MIT (Massachusetts Institute of Technology) com o intuito de criar
um sistema global de registro de bens. Suas aplicações são amplas, e na
agricultura possuem forte impacto em sistemas de planejamento de produção
(INTERNET..., 2013).
Ainda nas tecnologias de uso futuro destacam-se outras áreas como:
novos materiais, medicina (neuroengenharia, próteses mecânicas etc.),
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fazendas urbanas, automação de construções e desenvolvimento de


novas fontes de energia (solar integrada, por exemplo).

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