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Livro Proprietario - Cultura Empreendedora
Livro Proprietario - Cultura Empreendedora
EMPREENDEDORA
autora
HELCIMARA AFFONSO DE SOUZA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-130-7
Prefácio 7
2. Perfil Empreendedor 55
7
Percebemos, assim, que o empreendedorismo pode ser uma forma de pensar e
agir sobre oportunidades. Trata-se de um conceito muito mais amplo do que o sim-
ples ato de abrir e fechar empresas de pequeno porte, destinadas a garantir a sub-
sistência das pessoas atingidas pela escassez de vagas no mercado de empregos.
Ele surge como uma forma de mudar a realidade da falta de emprego e da pouca
visão e percepção que as pessoas têm sobre as possibilidades de inserção no mer-
cado de trabalho. Ele surge como uma forma de mostrar que, se não há emprego,
há trabalho de sobra – e é por meio dele que se fará a inserção no mercado. Para
compreender essa realidade faz-se necessário desenvolver múltiplos olhares sobre
a atuação profissional desses indivíduos para os próximos anos e você, faz parte
desse cenário. Esperamos que este conteúdo mude seu olhar ou aprimore suas per-
cepções sobre a importância do empreendedorismo em nossas vidas!
Bons estudos!
1
Panorama Geral
e Conceitos
Básicos do
Emreendedorismo
“O Empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do
que a revolução industrial foi para o século XX” Jeffry Timmons,1990
(Dornelas, 2001, p112)
OBJETIVOS
• Compreender a importância do empreendedorismo
• Motivar pessoas a empreender
• Conhecer sobre os conceitos de empreendedorismo
• Conhecer o histórico do empreendedorismo no Brasil e identificar quais principais caracterís-
ticas de uma pessoa empreendedora.
10 • capítulo 1
1.1 O Empreendedor, o Conhecimento e a
Cultura Empreendedora
capítulo 1 • 11
CURIOSIDADE
O mito da caverna encontra-se no livro de Platão intitulado A República. Resumindo, podería-
mos usar o texto da Wikipedia* para que vocês saibam de que trata essa alegoria de Platão:
“Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna
existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permane-
cem seres humanos, que ali nasceram e cresceram.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder de locomoção, forçados a olha-
rem somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens
que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.
Os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o
qual quebra os grilhões. Aos poucos vai se movendo e avança na direção do muro e o escala,
com dificuldade enfrenta os obstáculos que encontra e sai da caverna, descobrindo não
apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a
natureza.”
Voltando ao mito da caverna, a interpretação de Platão é que o ser humano, com suas
crenças e superstições, muitas vezes acorrenta a si próprio e impede seu desenvolvimento e,
ainda, aponta que o caminho para a libertação está no conhecimento racional, sistemático e
organizado, tal como o que encontramos na ciência (SALIM E SILVA, 2009).
O texto completo está disponível em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo
=796 – O mito da caverna, e no endereço: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna
12 • capítulo 1
natureza do trabalho, o trabalho imaterial, ou a produção intelectual, que to-
mou as rédeas da história e hoje é o grande diferencial das pessoas e auto-
maticamente, das organizações. Trabalho imaterial, portanto, é o conjunto
das atividades intelectuais, comunicativas, afetivas, expressas pelos sujeitos
e pelos movimentos sociais.
Desta forma, esta economia imaterial, caracterizada pela produção de in-
formação e conhecimento, não pode ter como alicerce a força física, o tra-
balho mecânico, o automatismo, mas sim, oportunizar aos trabalhadores
situações onde poderão estimular sua inteligência, sua imaginação, sua cria-
tividade, sua conectividade, sua afetividade – dimensões subjetivas, antes re-
sididas apenas no aspecto pessoal e privado.
CURIOSIDADE
Os tipos de conhecimento e sua importância no mundo contemporâneo
Baseados nos estudos de Nonaka e Takeuchi (1997), existe uma distinção do termo “conhe-
cimento”. Segundo eles, o conhecimento é formado por uma estrutura ambígua, ou parado-
xal, na qual podemos identificar dois componentes aparentemente opostos: o conhecimento
tácito e o conhecimento explícito. Em relação às teorias administrativas que existiam, até
então, essa abordagem é determinante para a inovação apresentada pela gestão do conhe-
cimento, porque ele revela e instaura novos paradigmas para as empresas modernas.
Nessas organizações, o conhecimento pode ser encontrado em documentos, processos,
práticas, rotinas, normas estabelecidas como também pode ser encontrado nos indivíduos.
São dois tipos de conhecimentos distintos que Nonaka e Takeuchi (1997) os classificam de
conhecimento tácito e conhecimento explícito.
Para os autores o conhecimento explícito é o que pode ser articulado na linguagem
formal, especificações, manuais etc. É o tipo de conhecimento que pode ser transmitido
de forma relativamente fácil, de maneira formal entre os indivíduos. Como o próprio termo
“explícito” sugere, esse componente do conhecimento é o que identificamos como visível ou
intangível. De modo geral, podemos entendê-lo como o conhecimento codificado em lingua-
gem. Por isso, ele apresenta uma estrutura formal e sistêmica, o que facilita sua transmissão
de um indivíduo para outro e confere a ele um caráter mais impessoal.
Já o conhecimento tácito é encontrado nas pessoas que formam as organizações, como
conhecimento de normas e procedimentos, cultura organizacional, experiências profissionais e,
principalmente, suas percepções com relação à organização. Considerado mais importante que
o conhecimento explícito é muito mais difícil de ser articulado e transmitido, o conhecimento tá-
cito envolve fatores intangíveis como crenças pessoais, perspectivas e experiências individuais.
capítulo 1 • 13
Assim, os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem mo-
tivação singular, apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais
um na multidão, querem se reconhecidas e admiradas, referenciadas e imita-
das, querem deixa um legado. Uma vez que os empreendedores estão revolu-
cionando o mundo, seu comportamento e o próprio processo empreendedor
devem ser estudados e entendidos (DORNELLAS, 2005, pg. 21).
Para isso, vamos levá-lo a compreender que o Empreendedorismo é algo
que o ser humano já pratica há muitos séculos — desde que começou a sair
de casa para caçar e trazer o alimento para o sustento da família. Claro que
a forma como o Empreendedorismo é praticada hoje difere muito daquela
que se observava no tempo das cavernas, mas a essência é similar. Uma ca-
racterística marcante do ser humano é sua proatividade na busca de melhor
qualidade de vida, em qualquer época e independentemente de sua condição.
Desde então, temos observado demonstrações de Empreendedorismo muito
importantes: a construção das pirâmides do Egito, o empreendimento que foi
fazer os jardins suspensos da Babilônia, o Farol de Alexandria, a cidade Maia
de Chichen Itzá, enfim, são muitas manifestações e estão distribuídas pelo
mundo afora.
Na realidade, os pesquisadores do empreendedorismo concordam em
dizer que a origem desse conceito está nas obras de Cantillon, que era um
banqueiro no século XVIII, mas que hoje seria qualificado de investidor em
capital de risco. O interesse de Cantillon pelos empreendedores não era um
fenômeno isolado na época. Este interesse harmonizava-se com o ideário dos
pensadores liberais da época que exigiam, entre outros, liberdade plena para
que cada um pudesse tirar o melhor proveito dos frutos de seu trabalho. Para
ele, o empreendedor era aquele que comprava matéria-prima por um preço
certo para revendê-la a preço incerto. Ele entendia, no fundo, que, se o em-
preendedor lucrara além do esperado, isto ocorrera porque ele havia inovado:
fizera algo de novo e de diferente.
14 • capítulo 1
Atualmente, segundo Salim e Silva (2009), estamos vivenciando um mo-
mento especial do Empreendedorismo: é reconhecido pelo seu valor como
promotor de desenvolvimento econômico, por sua capacidade de gerar em-
pregos, pela criação de produtos inovadores, pela atuação na busca de so-
luções para questões sociais e até mesmo pela sua inclusão em programas
governamentais com o objetivo de conseguir fazer acontecer o desenvolvi-
mento local e regional.
Mas, embora tenhamos exemplificado com a construção de grandes
obras, o Empreendedorismo tem muito mais realizações em planos mais
simples: na construção de casas para moradia, de lojas comerciais que ven-
dem produtos de consumo diário e na criação de toda a infraestrutura de
cidades, desde as mais antigas até aquelas em que vivemos hoje em dia.
Vejamos mais algumas invenções e conquistas mais importantes do sé-
culo XX. Nosso objetivo não é esgotar a lista dessas descobertas e conquis-
tas, mas trazer algumas das mais importantes para nossa reflexão.
capítulo 1 • 15
Segundo Dornellas (2005), especialmente no século XX, o empreendedo-
rismo sofreu influência das teorias e escolas da administração, que predomi-
naram em determinados períodos do século, em virtude de contextos socio-
políticos, culturais, de desenvolvimento tecnológico, de desenvolvimento e
consolidação do capitalismo, entre outros. O quadro a seguir mostra quais des-
ses conceitos foram mais determinantes: no início do século, foi o movimento
da racionalização do trabalho; na década de 1930, o movimento das relações
humanas; nas décadas de 1940 e 1950, o movimento do funcionalismo estru-
tural; na década de 1960, o movimento dos sistemas abertos; nos anos 70, o
movimento das contingências ambientais. No momento presente, não se tem
um movimento predominante, mas acredita-se que o empreendedorismo irá,
cada vez mais, mudar a forma de se fazer negócios no mundo.
1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000
Movimento de racionalização
do trabalho: foco na gerência
administrativa
Movimento das
relações humanas:
foco nos processos
Movimento do funcionalismo
estrutural: foco na gerência
por objetivos
Movimento dos
sistamas abertos:
foco no planejamento
estratégico
Movimento das
contingência
ambientais: foco
na competitividade
Observação:
Movimeto: refere-se ao Não se tem um movimeto predo-
movimento que predominou minante, mas há cada vez mais
no período. foco no papel do emprendedor
Foco: refere-se aos conceitos como gerador de riqueza para
administrativos predominantes. a sociedade
16 • capítulo 1
REFLEXÃO
O papel do empreendedor foi sempre fundamental na sociedade. Então, por que o ensino
do empreendedorismo e da cultura empreendedora está se intensificando? O que mudou?
Diferentemente do passado, os avanços tecnológicos têm sido de tal ordem, que re-
quer um número muito maior de empreendedores. A economia e os meios de produção e
serviços também se sofisticaram, de forma que hoje existe a necessidade de se formalizar
conhecimentos, que eram apenas obtidos empiricamente no passado. Portanto a ênfase em
empreendedorismo surge muito mais como consequência das mudanças tecnológicas e sua
rapidez e não apenas como um modismo. A competição na economia também força novos
empresários a adotar paradigmas diferentes, buscar novas formas de se manterem e enfren-
tarem as adversidades de mercado, que são, na maioria das vezes, imprevisíveis, por isso a
atenção a tudo o que acontece a nossa volta (DORNELLAS, 2005).
capítulo 1 • 17
eram cursos formando profissionais para serem grandes administradores
de grandes empresas já existentes, pois os empregos oferecidos por essas
grandes empresas nacionais e multinacionais, bem como a estabilidade
que se conseguia nos empregos em repartições públicas, eram muito con-
vidativos, assim como os salários, o status e a possibilidade de crescimento
profissional na organização ou instituição. Assim os cursos voltados para as
áreas de administração (ou disciplinas relacionadas a este universo) tinha
este foco: formar profissionais para gerir grandes empresas e não para cri-
á-las. Em outras palavras, nem os profissionais experientes, nem os jovens
à procura de uma oportunidade de emprego, nem as instituições de ensino
estavam aptas para este novo contexto.
Com o passar dos anos, as mudanças foram ocorrendo e começa um movi-
mento de atenção para a formação desse profissional, que precisava ser remo-
delado a partir destas mudanças conjunturais todas.
18 • capítulo 1
A palavra “empreendedor” surgiu na França, com significado de: aquele
que assume riscos e começa algo novo. Por volta de 1800 Jean Baptiste Say
considerou o Entrepeneur um dos fatores de produção ao lado da terra, do
trabalho e do capital. Para Say, o empreendedor é definido como alguém que
combina e organiza os fatores para viabilizar a produção. Cabem a ele en-
tão as funções de gerenciamento e organização de recursos. Say foi então o
primeiro a associar o empreendedor com a atividade de gestão (HEBERT &
LINK, 1988). Say foi também o primeiro a definir as fronteiras sobre o que é
ser empreendedor, dentro do entendimento moderno do termo, e o primeiro
a delinear a diferença entre empreendedor e capitalista. A visão de Say sobre
o empreendedor é repleta de contribuições de diversas visões correntes em
sua época. Por ser um dos pioneiros, Jean-Baptiste Say é considerado um dos
pensadores clássicos do empreendedorismo, fazendo com que suas ideias se-
jam ponto de partida obrigatório no início do estudo. Cantillon e Say influen-
ciaram toda a teoria sobre o empreendedor que dispomos nos dias de hoje.
Como Say foi o primeiro estabelecer os alicerces desse campo de estudo, ele é
descrito como o “pai do empreendedorismo” (DORNELAS, 2005).
O economista austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) é um dos
autores modernos de maior expressão dentro da teoria moderna do empre-
endedorismo. Foi Schumpeter quem redefiniu o papel do empreendedor
(que perdurava desde os teóricos clássicos da economia) e introduziu a fun-
ção de criar mudanças na alocação de recursos como própria do empreen-
dedor. A obra de Schumpeter (1982) foi publicada no início do século XX e
hoje é referência para os estudiosos desse tema. O autor destaca, principal-
mente, o papel do empreendedor como “motor da atividade econômica” e
sua função de romper com a ordem econômica pré-estabelecida, sendo o
primeiro a preocupar-se com o impacto do empreendedorismo no desenvol-
vimento econômico e social das nações.
Para Schumpeter, “O empreendedor é uma pessoa que destrói a ordem
econômica existente introduzindo novos produtos e serviços, criando no-
vas formas de organização e explorando novos materiais.” (SALIM E SILVA,
2009). Ele atribuía aos empreendedores a função de trazer a inovação para
o mercado e, portanto, considerava-os responsáveis por destruir a ordem
econômica, provocando a necessidade de se gerar uma nova ordem. “O
Empreendedor é o ator social que encarna a capacidade de empreender, as-
sumir riscos e inovar nas sociedades de mercado”
capítulo 1 • 19
Seu ponto de vista era que a inovação causava o desequilíbrio dos siste-
mas econômicos, acreditando no processo cíclico de retomada do equilí-
brio e novo rompimento causado pela inovação, e assim por diante. Como
comprovação da tese de Schumpeter, podemos citar os seguintes exemplos
20 • capítulo 1
Com o intuito de resumir as principais tendências dentro do pensamen-
to econômico a respeito do empreendedorismo, Baumol (1993) propôs duas
categorias de empreendedor: o empreendedor organizador de negócios e o
empreendedor inovador. Dessa forma, o autor buscou abranger as diferenças
e congruências a respeito do tema dentro do pensamento econômico. Dentro
da categoria empreendedor organizador de negócios, encaixa-se o empreen-
dedor clássico descrito por Say como “aquele que combina e organiza os fato-
res para viabilizar a produção”. Na categoria empreendedor inovador encai-
xa-se o empreendedor descrito por Schumpeter (1982). Na visão de Baumol, o
empreendedor (queira ou não, também exerce a função de gerente) tem uma
função diferente. É seu trabalho localizar novas ideias e colocá-las em prática.
Ele deve liderar, talvez ainda inspirar; ele não pode deixar que as coisas se tor-
nem rotineiras e, para ele, a prática de hoje jamais será suficientemente boa
para amanhã. Foi Baumol em 1993, que citou o uso da imaginação, a ousadia,
a engenhosidade, a liderança, a persistência e a determinação como caracte-
rísticas relevantes dos que se dedicam a inovar.
CURIOSIDADE
Em 2003, William Baumol recebeu o Prêmio Global de Empreendedorismo Research pelo
seu esforço persistente para dar ao empresário um papel-chave na teoria econômica, por
seus estudos teóricos e empíricos sobre a natureza do empreendedorismo, e para a sua
análise da importância de instituições e incentivos para a atribuição do empreendedorismo. O
livro de William Baumol, "O microteoria de Empreendedorismo Inovador" é a primeira análise
teórica formal do papel dos empresários inovadores (DORNELAS, 2005)
Para Peter Drucker (1986), com base na análise do ambiente o indivíduo em-
preendedor procura criar novos valores e satisfações novas e diferentes, con-
vertendo um material (informação) em um recurso (conhecimento) ou combi-
nando os recursos existentes para uma nova configuração.
A empresa e a cultura empreendedora emergente assumem a centralidade
do processo de desenvolvimento econômico na atualidade.
Neste sentido o papel do empreendedor, enquanto ator social representati-
vo de uma época, não pode ser reativo, limitando-se a desempenhar exclusiva-
mente uma função individual, em função das oportunidades de mercado, em-
capítulo 1 • 21
bora isto constitua uma parte fundamental de sua atividade. No cenário atual
o Empreendedor terá uma participação mais efetiva na sociedade, pois as deci-
sões de emprego, renda e flexibilização das condições de trabalho, deslocam-se
progressivamente para a empresa (DORNELAS, 2009).
A seguir temos algumas definições modernas e aceitas de empreendedoris-
mo que foram reunidas pelo programa Unisul de empreendedorismo:
DEFINIÇÃO AUTOR
22 • capítulo 1
1. São caracterizados por um conjunto de comportamentos e de hábi-
tos que podem ser adquiridos, praticados e desenvolvidos. Seria imaginar
que esses indivíduos têm comportamentos e hábitos que lhes são típicos e
que há possibilidade de agrupá-los e traçar uma espécie de perfil empreen-
dedor. Naturalmente, isso facilitaria muito a identificação do empreendedor,
mas, apesar de existir um conjunto de características capazes de atender a
tais requisitos, não se pode dizer que todos os empreendedores cabem neste
molde. Assim, é praticamente impossível traçar um perfil único que sirva a to-
dos, mas é possível definir conjuntos de características mais frequentemente
encontradas.
2. Adotam clara atitude proativa de observação da realidade, que os
leva a ter uma boa percepção das oportunidades. Esta parece ser a principal
dessas características e é, certamente, a com mais frequência encontrada nos
empreendedores.
3. São capacitados para capturar e avaliar oportunidades e, a partir de
suas ideias, desenvolver planos para realizar seus objetivos. Nem sempre são
capacitados, mas é comum que aprendam rapidamente, como um meio, devi-
do a sua vontade de realizar objetivos.
4. Desenvolvem habilidade para obter apoio de colaboradores e de finan-
ciadores para seus empreendimentos. Há empreendedores solitários, mas o
mais comum é que sejam comunicativos e até mesmo insistentes em divulgar e
convencer as pessoas de suas ideias, de seus benefícios e da viabilidade de seus
projetos.
5. São habituados a tomar decisões. Empenhados fortemente em reali-
zar suas ideias, os empreendedores precisam tomar decisões importantes e,
por isso, necessitam conhecer métodos para a tomada segura de decisões.
6. Buscam incessantemente criar valor para a sociedade através de seus
empreendimentos. O reconhecimento da sociedade é relacionado ao valor
criado e, por isso mesmo, ambicionando esse reconhecimento, empreendedo-
res se acostumam a buscar soluções para os problemas e a usar a inovação para
gerar seus empreendimentos.
Mas quem são esses empreendedores? Somos todos aqueles que podemos
transformar uma boa ideia em uma atividade de sucesso e isso depende, em
primeiro lugar e fundamentalmente, da capacidade empresarial que tenha-
mos adquirido. A persistente busca pela realização e a determinação gerada
por outros elementos motivadores qualificam os agentes dotados de maior
capítulo 1 • 23
capacidade e os diferenciam dos demais, independentemente do fato de terem
maior ou menor número de ideias. Como empreendedores que somos, quere-
mos saber “quantas boas ideias deveremos ter na vida” para podermos realizar
um sonho. Talvez apenas uma única seja suficiente para ocupar toda a existên-
cia de um empreendedor em sua realização.
Um aspecto complementar para a compreensão do Empreendedorismo,
segundo Salim e Silva (2009) está ligado ao ambiente em que ele se processa,
vinculando-se às mais diversas atividades, tais como:
a) Inovação — Compreende, além das invenções ou das novidades tec-
nológicas que geram novos produtos, a inovação em processos, tal qual a de
venda, produção ou apresentação. A inovação é, possivelmente, o centro do am-
biente do empreendedor.
b) Comunicação — O advento do e-mail é algo que mudou os costumes
das pessoas e muitos outros engenhos tecnológicos. O fato é que, atualmen-
te, as pessoas têm muito maior rapidez, menor custo e maiores alternativas de
comunicação
c) Informação — Há alternativas novas, como a informação pela Internet,
a proliferação de canais de TV, alguns deles acompanhando sua área de inte-
resse em tempo real. Um dado importante nessa área é a constatação da pu-
jança dos canais de TV dedicados a transmitir informação, como a CNN, a
BBC em sua nova visão e as GloboNews, RecordNews eBandNews, no Brasil.
Lembramos como são recentes essas conquistas: a CNN foi fundada por Ted
Turner em 1980, certamente sem imaginar o quanto se tornaria tão importante
como meio de informação e em um prazo tão curto.
d) Distribuição — A base logística prolifera em todo mundo a partir do
momento em que o comércio internacional tem aumentado a cada ano em ve-
locidade crescente. Mesmo em situações de crise financeira, com alguma redu-
ção no ritmo de crescimento, será apenas por algum tempo e como forma de
reordenamento e, talvez, até de mudança dos participantes.
e) Tecnologia — A velocidade de mudança é incrível — o trem antigo, que
funcionava em 1900, corria a uma velocidade de 50 km/h e ainda existe opera-
cionalmente em diversos lugares do mundo. A geração seguinte de trens que
vieram após os anos 50, andavam a 100 km/h e isso já foi uma evolução formi-
dável; logo em seguida, já nos anos 80, víamos os trens de alta tecnologia cru-
zando os países da Europa e Japão em uma velocidade mais típica dos aviões,
de 500 km/h. Mas, se o trem bala corre a 500 km por hora, certamente os aviões
24 • capítulo 1
estão correndo muito mais, e essa é a história da tecnologia hoje — parece que
sua capacidade de evolução é ilimitada.
f) Globalização — Essa palavra tem muitas conotações e é tão importante
para compreendermos o mundo de hoje que vamos dedicar um capítulo des-
te livro para tratar disso. Em sua conceituação, cuidaremos de aspectos como
velocidade dos negócios, conectividade entre mercados e pessoas e intangibili-
dade, como novo fator de valor na economia, conduzindo a uma nova forma de
avaliação das empresas. Também vamos tratar do que aconteceu no relaciona-
mento entre os países pobres e ricos em razão da globalização.
g) Novos conceitos — Muitos conceitos têm surgido, como responsabilidade
social, time to market (tempo para chegar ao mercado), mas se pode observar que
a vida adquiriu uma velocidade muito maior, com as vantagens e as desvantagens
que isso pode carregar. Até a ética teve de ser reinventada para poder atender às
novas situações que a Internet aporta: tanto os males incríveis da pedofilia virtual
(fator de aceleração de um comportamento na sociedade real), como o conforto
de comprar sem sair de casa e as novas regras éticas de relacionamento entre ven-
dedor e comprador. Surgem novos mecanismos de aprender ou de rapidamente
consultar uma enciclopédia moderna utilizando-se a Internet.
capítulo 1 • 25
3. Século XVII e XVIII: em XVII Richard Cantillon definiu pela primeira
vez a diferença entre empreendedor (aquele que assumi riscos) e capitalista
(aquele que fornece o capital) e essa diferença ganhou força no século XVIII.
4. Séculos XIX e XX: nestes séculos grandes confusões começaram a se
configurar no que tange o administrador e o empreendedor. Donerllas (2005)
diz: “todo empreendedor necessariamente deve ser um bom administrador,
nem todo bom administrador é um empreendedor”, ou seja, o empreendedor é
um administrador com algumas características adicionais, como por exemplo
assumir riscos calculados.
REFLEXÃO
Os empreendedores seriam mais audaciosos, sagazes, famintos do que os demais? Seriam gê-
nios malucos? Não é bem assim. Eles acreditam em algo, aprendem a avaliar os riscos e as pos-
sibilidades e têm o hábito de agir de um modo que os faz parecer audaciosos e sagazes. Essa é a
observação que se pode fazer a respeito da realidade de um número significativo de empreende-
dores. Por vezes, seu sonho é muito prematuro para ser realizado com os recursos da tecnologia
e da cultura daquela época, mas não são loucuras impossíveis. Outras vezes não se transformam
em sucesso econômico, mas ajudam a melhorar a vida das pessoas (SALIM E SILVA, 2009).
26 • capítulo 1
entre os acionistas da empresa, os empregados e com prêmios em forma de
bônus ou opções de compra de ações como forma de valorizar o sucesso. É ver-
dade que a mídia tem mostrado os excessos e erros muito graves, mas, apenas
como ideia, é uma proposta a ser considerada.
2. Empresas: A criação de empresas é a forma mais habitual de se perce-
ber o Empreendedorismo e o trabalho do empreendedor, mas vamos perceber,
ao longo do processo de aprendizagem, que há várias outras possibilidades, na
área social sobretudo, e mesmo nas atividades governamentais.
3. Inovação: A ligação do Empreendedorismo com a inovação é essencial,
como já havia sido percebida por Schumpeter, que estabeleceu a ligação da ino-
vação com a estabilidade dos sistemas econômicos. A inovação tem evoluído e,
hoje, é estudada com detalhes e pode ser analisada tanto em produtos como
em processos ligados a eles. Por outro lado, constitui-se em diferencial essen-
cial para a conquista de mercado.
4. Mudança: Esta é uma característica do mundo de hoje e que também
está associada ao Empreendedorismo, uma vez que os empreendedores se ca-
racterizam por trazerem novos produtos e processos para as pessoas.
5. Empregos: Hoje em dia, no mundo inteiro, o Empreendedorismo
tem sido o maior gerador de novos empregos. Em diversos países, os gover-
nos estão empenhados em ajudar os empreendedores a criarem seus em-
preendimentos, já que o retorno dos recursos investidos acontece muito ra-
pidamente e sob a forma de impostos pagos pela nova empresa gerada, além
das novas vagas de trabalho criadas. Normalmente, depois de dois anos de
vida, uma empresa passa a ter um faturamento razoável e sobre o qual inci-
dem impostos que são pagos aos governos, que, por sua vez, recuperam seus
investimentos. Custa muito mais caro para os governos gerarem novos em-
pregos pelos caminhos tradicionais do que pela via do Empreendedorismo,
o que é muito significativo.
6. Valor: O Empreendedorismo é uma fonte de geração de valor, na me-
dida em que leva soluções melhores para a vida das pessoas. Exemplo: a vida
melhorou muito depois que foi criado e disponibilizado o telefone celular, e
o que gerou valor para as pessoas não foi o telefone em si, mas poder contar
com o serviço que ele proporciona.
7. Crescimento econômico: Essa é uma das consequências do
Empreendedorismo, pela geração de empregos e de empreendimentos que
movimentarão a economia.
capítulo 1 • 27
Podemos até o momento, que a palavra empreender nos remete a dois pon-
tos principais: começar algo novo e assumir riscos. Contudo podemos explicar
esses pontos segundo duas visões e linhas de pensamento.
A primeira linha que iremos considerar aqui é a linha dos economistas, se-
gundo (CHIAVENATO, 2007) o empreendedorismo teve suas raízes baseadas
na ciência econômica, mais precisamente no pensamento do liberalismo eco-
nômico (que defendia a liberdade do mercado e a livre concorrência e que a
economia seria uma consequência dessa liberdade).
A linha de pensamento do liberalismo econômico dizia que o empreende-
dorismo seria a ferramenta capaz de promover o desenvolvimento econômico
por meio de suas inovações. Ou seja, desde o início, nas definições de empre-
endedorismos defendidas pela vertente dos economistas, empreender envolve
inovação (portanto, riscos, pois inovar implica em risco) e lucro.
Outros entendimentos sobre o empreendedorismo também são admitidos
em outas linhas da vertente econômica, mas se as visões dessas principais li-
nhas de pensamento econômico sobre empreendedorismo tivessem que ser
resumidas elas poderiam ser divididas em duas: (FILION, 1999)
28 • capítulo 1
de empregos, elemento fundamental para atingir um maior nível de desenvol-
vimento econômico e social, objetivo básico de bem-estar de cada país. De que
forma, então, empreendedores e consumidores interagem até concluírem pelo
preço final e a quantidade do produto ou serviço que irão oferecer e consumir,
respectivamente, provocando o fenômeno da aceleração da economia?
A demanda pode ser definida como a quantidade de determinado bem que
os consumidores queiram e possam adquirir em certo período, utilizando os
recursos disponíveis. É influenciada por variáveis como o preço, os bens con-
correntes, a renda do consumidor, o gosto ou preferência do indivíduo, a sazo-
nalidade etc.
Os empreendedores, em uma visão econômica clássica, precisarão estar
motivados a produzir para atender à demanda crescente (esperada), conquis-
tando fatias maiores de mercado (inclusive em outros países), abrindo novas
vagas de trabalho e contratando. Com isso é gerado maior volume de renda na
economia, novos impostos e, por consequência, crescimento econômico — tra-
duzido pela elevação do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
CURIOSIDADE
O conceito de Capitalismo cognitivo está ligado ao de trabalho imaterial, elaborado por An-
tonio Negri e Michel Hardt, no livro Multidão: “A cena contemporânea do trabalho e da pro-
dução, está sendo transformada sob a hegemonia do trabalho imaterial, ou seja, trabalho
que produz produtos imateriais, como a informação, o conhecimento, ideias, imagens, rela-
cionamentos e afetos.” Esta ideia dos autores não invalida o trabalho braçal de milhões de
pessoas, mesmo com a globalização e a informação, mas o que se coloca em questão é que
estamos gerando conhecimento subjetivo.
A perspectiva que predominava até pouco tempo, como observamos nas teorias de admi-
nistração, era a linha comportamental sobre o empreendedorismo, ou seja, uma racionalidade
estritamente econômica e individual, bem como de atributos pessoais do indivíduo empre-
endedor – para ser empreendedor o comportamento exigido era “sangue frio”, nada mais,
quando empreender é gerar, além de bens materiais, novos bens imateriais, o conhecimento,
a subjetividade.
capítulo 1 • 29
Você entendeu o que é um empreendedor pela visão econômica? Sim?
Então leia isso!
Lógico que são, por que no mínimo eles organizaram um negócio aprovei-
tando uma oportunidade visualizada no mercado. Ainda sob o mesmo exem-
plo, vamos aumentar um pouco o grau de complexidade da pergunta: Os cria-
dores do Google inovaram? Eles correram risco?
Vamos pensar qual foi o primeiro negócio que o Google abriu, um site para
encontrar sites na Internet, ou seja, um motor de busca.
Na época o produto “motor de busca” para Internet já existia, não era nenhu-
ma ideia nova. Se você é um pouco mais velho de Internet vai se lembrar que em
1996/1997/1998 já existiam alguns buscadores famosos como por exemplo o
Altavista, o Cadê ou ainda o próprio Yahoo (que existe até hoje). As imagens des-
ses buscadores podem ser vistas na figura a seguir.
30 • capítulo 1
Buscador Altavista Wandex – primeiro motor de busca criado
por Matthew Gray.
Se o tipo de produto oferecido pela Google já existia, então eles não inovaram?
Na verdade inovaram sim! Mas para entender como eles inovaram é impor-
tante você entender o conceito de inovação, veja abaixo:
capítulo 1 • 31
Com este novo algoritmo de classificação, o Google se tornou um motor de
busca que, segundo os usuários do mundo, conseguia trazer respostas melho-
res do que os motores de busca que existiam até o momento.
Respondendo a segunda parte da pergunta que fizemos, podemos consi-
derar que os fundadores do Google correram risco sim. Imaginem se o novo
algoritmo (que foi imediatamente patenteado por eles) não funcionassem ou
se o mercado não o percebesse como algo novo e eficaz, poderia ter acontecido
desta nova técnica não passar de uma invenção que nunca tivesse entrado de
fato em prática e o negócio do Google nunca teria decolado.
Esperamos que depois dessas explicações você tenha realmente entendido
o conceito de empreendedor segundo a visão econômica. Mas, será que o único
motivo que levou os sócios do Google a empreender o seu negócio foi o lucro e
apenas isto caracteriza o empreendedor?
Você percebeu que esta visão dos economistas para a definição do que é o
empreendedor é um tanto quanto “fria”? Focada apenas nos objetivos do em-
preendedor e acaba não analisando de fato o que é o empreendedor e quais são
as suas principais características comportamentais.
REFLEXÃO
Então, começou a ganhar força os estudos feitos por cientistas que defendem a linha com-
portamentalista. Os comportamentalistas (behavioristas como também são conhecidos) se
preocuparam em entender a pessoa do empreendedor e a traçar o perfil da personalidade
da pessoa empreendedora.
Essa linha de estudo começou a perceber que um empreendedor empreende não ape-
nas em busca do lucro, mas também em busca de resolver uma necessidade de realização
pessoal bem como uma necessidade de poder. Por isso novas definições de empreendedo-
res começaram a surgir seguindo esta linha de pensamento, como por exemplo a definição
de McClealland (FILION, 1999).
32 • capítulo 1
Contudo, assim como a visão dos economistas foi criticada por sua defini-
ção baseada apenas em lucro, a visão dos comportamentalistas também foi cri-
ticada por se basear apenas em duas variáveis (realização pessoal e busca pelo
poder) para explicar características comportamentais dos empreendedores.
Foi ai então que a corrente de traços de personalidade pegou uma carona
com os comportamentalistas e também buscou estudar o empreendedorismo
por meio de uma abordagem comportamental (CHIAVENATO, 2007), visando,
desta vez, determinar várias características comportamentais (e não somente
as duas abordadas anteriormente) que explicassem o empreendedor. Algumas
dessas características podem ser identificadas na Tabela a seguir:
Inovação Otimismo
Liderança Orientação para resultados
Riscos moderados Flexibilidade
Independência Habilidade para conduzir situações
Criatividade Necessidade de Realização
Energia Autoconsciência
Tenacidade Autoconfiança
Originalidade Envolvimento a longo prazo
Sensibilidade a outros Habilidade na utilização de recursos
Agressividade Tolerância a ambiguidade e a incerteza
Iniciativa Tendência a confiar nas pessoas
Capacidade de aprendizagem Dinheiro como medida de desempenho.
capítulo 1 • 33
1.4 Empreendedorismo e a geração de
novos conhecimentos
34 • capítulo 1
1.5 O Processo Empreendedor
A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso.
Isso pode ser testado fazendo-se uma pergunta básica a qualquer empreende-
dor que você conhece: o que o levou a criar sua empresa? Não se surpreenda se a
maioria das respostas for: não sei, foi por acaso... Na verdade, essa decisão ocor-
re por fatores externos, ambientais e sociais, por aptidões pessoais ou devido a
um somatório de todas essas condições, que são críticas para o surgimento e o
crescimento de uma nova empresa. O processo empreendedor inicia-se quan-
do um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio.
Abaixo relatamos os principais fatores que iniciam e contribuem, de uma ou
outra maneira, para esse processo:
Fatores pessoais: Auto-realização, valores pessoais, preferências, educação,
experiência, insatisfação com o trabalho, demissão, idade.
Fatores sociológicos: Networking, equipes, influência familiar, modelos de
sucesso.
Fatores ambientais: Oportunidade, impulso criativo, competição, recursos,
políticas públicas.
Fatores organizacionais: disponibilidade de equipe, estratégia, estrutura,
cultura, produtos & serviços entrantes ou inéditos.
Reunidos esses fatores (ou boa parte deles), podemos então entender as fa-
ses do processo empreendedor: 1. Identificar e avaliar a oportunidade; 2. de-
senvolver o plano de negócios; 3. determinar e captar os recursos necessários;
4. gerenciar a empresa criada.
capítulo 1 • 35
II. Gerenciar o empreendimento:
• Estilo de gestão
• Fatores críticos de sucesso
• Identificação de problemas atuais e potenciais
• Implementação de sistemas de controle
• Entrada em novos mercados
• Marketing
• Sumário executivo
• Conceituação do empreendimento
• Equipe de gestão
• Mercado e competidores
• Marketing e vendas
• Estrutura e operação
• Análise estratégica
• Plano financeiro
• Apêndices e anexos
• Recursos pessoais
• Recursos de amigos e parentes
• Angels
• Capitalistas de risco (investidores)
• Bancos
• Incubadoras
• Governo
36 • capítulo 1
em que o empreendedor elabora o seu primeiro plano de negócios e, em segui-
da, apresenta-o para um capitalista de risco, que faz várias críticas e sugere ao
empreendedor mudar toda a concepção da empresa antes de vir procurá-lo de
novo. Nesse caso, o processo chegou até a fase 3, e voltou novamente para a fase
1, recomeçando um novo ciclo sem ter concluído o anterior. O empreendedor
não deve desanimar diante dessa situação, que é muito frequente. O quadro a
seguir resume o processo:
Fatores sociológicos
Fatores pessoais networking
Fatores Pessoais assumir riscos equipes Fatores pessoais Fatores
realização pessoal insatisfação influência do pais empreendedor
organizacionais
assumir riscos com o trabalho família líder
equipe
valores pessoais ser demitido ser demitido gerente estratégia
educaçãoexperiência educação modelos de sucesso visão
estrutura
idade (pessoas) cultura
produtos
Ambiente
competições
Ambiente Ambiente clientes
oportunidade competição fornecedores
criatividade recursos investidores
modelos (pessoas) incubadoras bancos
de sucesso políticas públicas advogados
recursos
políticas públicas
capítulo 1 • 37
na medida em que seus resultados sejam positivos. Em razão disso, foram
criadas organizações para difundir o Empreendedorismo e transformá-lo em
uma vantagem competitiva naquele país que adotasse a cultura. Existe parti-
cularmente uma entidade internacional cujo objetivo principal é, exatamen-
te, aferir permanentemente os índices de empreendedorismo dos países de
todos os continentes. Trata-se da Global Entrepreneurship Monitor (GEM),
que anualmente realiza pesquisas cujos resultados mostram o posiciona-
mento dos países num ranking mundial.
CURIOSIDADE
O GEM é resultado da associação de duas entidades acadêmicas — o Babson College, cuja
equipe que empreendeu o GEM era liderada pelo Prof. Bygrave, e a London Business School,
que tinha à frente o Prof. Paul D. Reynolds. O GEM foi criado em 1997 e se viabilizou gra-
ças ao apoio do Kauffman Center for Entrepreneurial Leadership, ligado à Fundação Ewing
Marion Kauffman.
38 • capítulo 1
também para identificar as condições que favorecem e as que dificultam o de-
senvolvimento do Empreendedorismo. Nesse ponto haveria a possibilidade de
colaborar com cada país participante da pesquisa para que pudesse melhorar
suas condições e, deste modo, desenvolver mais o Empreendedorismo.
No início, em 1999, o GEM pesquisou o estágio de desenvolvimento do Em-
preendedorismo em 10 países e com isso conseguiu estabelecer uma metodolo-
gia muito bem estruturada. Esse formato de pesquisa foi repetido em mais países,
desta vez por equipes de pesquisadores locais, preparados sob a orientação da sede
da organização para que se mantivessem comparáveis os resultados obtidos.
Em 2000, o número de países participantes se expandiu para 21. O relatório
GEM 2000 ampliou a sua base de dados em relação ao levantamento anterior e
utilizou métodos mais sofisticados de pesquisa, além de incorporar uma nova di-
mensão de grande importância para a análise feita, que foi a avaliação do papel do
capital de risco (venture capital) em cada um dos países participantes.
Os dados foram organizados a partir de três fontes principais:
a) pesquisa de campo junto à população adulta;
b) entrevistas de profundidade com especialistas em Empreendedorismo
em cada país; e
c) uma ampla seleção de dados oficiais padronizados.
O estudo partiu de três questões fundamentais que nortearam o desenho do
modelo utilizado e todo o levantamento realizado:
capítulo 1 • 39
assunto, já que, principalmente nos Estados Unidos, país onde o capitalismo
tem sua principal caracterização, o termo entrepreneurship é conhecido e re-
ferenciado há muitos anos, não sendo, portanto, algo novo ou desconhecido.
No caso brasileiro, a preocupação com a criação de pequenas empresas dura-
douras e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses
empreendimentos são, sem dúvida, motivos para a popularidade do termo
empreendedorismo que tem recebido especial atenção por parte do governo e
de entidades de classe. Isso porque nos últimos anos, após várias tentativas de
estabilização da economia e da improvisação advinda do fenômeno da globa-
lização, muitas grandes empresas brasileiras tiveram de procurar alternativas
para aumentar a competitividade, reduzir os custos e manter-se no mercado.
CURIOSIDADE
Empreendedorismo por oportunidade cresce no Brasil
A nova edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor divulgada terça-feira (6 de Abril
de 2010), mostra que, mesmo com a crise financeira internacional, o Brasil atingiu a sua
maior taxa de empreendedorismo por oportunidade: 9,4% contra 5,9% da taxa de empreen-
dedorismo por necessidade.
Nas últimas nove edições da Pesquisa GEM, a taxa de empreendedorismo por oportu-
nidade vem demonstrando crescimento gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%,
em 2009. Os responsáveis pela pesquisa (IBQP e Sebrae) explicam que a elevação em 2009
se deve ao alto crescimento ocorrido isoladamente nos empreendimentos nascentes, que
passou de 2,93%, em 2008, para 5,78%, em 2009. Deste último dado, 4,3% são empreen-
dimentos nascentes por oportunidade.
No ranking dos países com nível comparável de desenvolvimento econômico o Brasil é o
sexto mais empreendedor, com taxa de 15,3%, o que equivale a 18,8 milhões de pessoas. A
taxa geral se refere à soma dos empreendimentos novos (que surgiram nos últimos três anos
e meio), que foi de 9,75%, e dos empreendimentos nascentes (com até três meses de vida
ou ainda em processo de criação), que ficou em 5,78%. A atual taxa está acima da média
histórica do Brasil, que é de 13%. Em 2008, a taxa ficou em 12%.
Na China, 18,8% da população adulta (169 milhões de pessoas) é empreendedora. Ape-
sar desse grande número, a proporção é de um empreendedor por oportunidade para cada
um por necessidade. Já na Rússia, o número de empresários é menor, com taxa de 3,9% (1,3
milhão), porém, a proporção de empreendedores por oportunidade é maior: 2,35 para cada
um por necessidade.
40 • capítulo 1
Países Mais Empreendedores
China
Brasil
Argentina
Estados Unidos
Coréia do Sul
África do Sul
Quando comparada aos países citados acima, a Suíça apresenta maior disparidade entre
as proporções. A Suíça possui taxa de empreendedorismo (TEA) de 7,72%. Além desse alto
índice de empreendedores, para cada pessoa que empreende por necessidade, 13 o fazem
por oportunidade. Nos Estados Unidos, a TEA é de 8%, com proporção equilibrada de três
empreendimentos gerados por oportunidade e um por necessidade.
Ao analisar 13 países membros do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do
mundo) que participaram do estudo, a GEM 2009 constatou que a população da China é a
mais empreendedora, com taxa de 18,8% (169 milhões de pessoas), seguida do Brasil, com
15,3% (18,8 milhões); Argentina, 14,7% (3,5 milhões); Estados Unidos, 8% (15,4 milhões);
Coréia do Sul, 7% (2,3 milhões); África do Sul, 5,9% (1,7 milhão); Reino Unido, 5,7% (2,2
milhões); Arábia Saudita, 4,7% (501 mil); França, 4,3% (1,6 milhão); Alemanha, 4,1% (2,1
milhões); Rússia, 3,9 % (3,7 milhões); Itália, 3,7% (1,3 milhão); e Japão, 3,3% (2,5 milhões).
Fonte: Dornelas (2010). Disponível: http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreen-
dedorismo-por-oportunidade-cresce-no-brasil/
capítulo 1 • 41
A partir de 2012, a pesquisa GEM Brasil aumentou de forma expressiva a
amostra de entrevistados junto à população adulta do país (indivíduos com
idade entre 18 e 64 anos) e especialistas, de diversos setores da sociedade,
com a finalidade de aprimorar as estimativas nacionais e permitir análises
regionais (SEBRAE, 2015). Em 2013 foram entrevistados 10.000 indivíduos
adultos, residentes nas cinco regiões do país (2000 entrevistados em cada
uma das regiões), a respeito de suas atitudes, atividades e aspirações indi-
viduais; e 85 especialistas, que opinaram sobre vários aspectos relativos ao
ambiente de negócios, os quais condicionam a criação e o desenvolvimento
de novos empreendimentos. Dentre esses aspectos, foram avaliados os se-
guintes: apoio financeiro; políticas governamentais; burocracia e impostos;
educação e capacitação; acesso ao mercado e barreiras à entrada; normas
culturais e sociais; percepção de oportunidades existentes; nível de motiva-
ção e valorização do empreendedor e seu papel; e valorização da inovação
sob o ponto de vista dos clientes.
Conforme pode ser observado na tabela 1.3, no Brasil, a taxa de empreende-
dores iniciais (como percentual da população entre 18 e 64 anos) em 2013, de
17,3%, é maior que a de empreendedores estabelecidos (15,4%)1. Em relação a
2012, essa taxa aumentou em nível nacional, especialmente na região.
Sudeste (seis pontos percentuais). No entanto, diminuiu nas regiões
Nordeste e Sul. A taxa de empreendedores estabelecidos se manteve pratica-
mente estável em nível nacional, apesar de forte redução na região Norte e ele-
vado crescimento na região Centro-Oeste (cerca de cinco pontos percentuais).
REGIÕES BRASILEIRAS
ESTÁGIO DO BRASIL CENTRO-
NORTE NORDESTE SUDESTE SUL
EMPREENDIMENTO OESTE
% DA POPULAÇÃO DE 18 A 64 ANOS
ESTÁGIO 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
EMPREENDEDORES INICIAIS 15,4 17,3 17,6 ,17,3 16,8 14,9 16,3 16,5 14,2 20,2 15,3 13,6
EMPREENDEDORES 4.5 5,1 5,3 7,1 4,8 4,8 3,8 2,5 4,6 6,1 3,5 3,2
NASCENTES
EMPREENDEDORES 11,3 12,6 12,5 10,8 12,4 10,5 12,9 14,3 10,0 14,7 12,0 10,5
NOVOS
EMPREENDEDORES 15,2 15,4 16,9 12,1 13,9 14,4 15,1 19,8 15,5 16,0 16,6 15,1
ESTABELECIDOS
TAXA TOTAL DE 30,2 32,3 34,2 28,9 30,4 28,7 30,8 36,3 29,1 35,7 31,3 28,6
EMPREENDEDORES
Fonte: GEM do Brasil 2013
Exemplo: 17,3% da população de 18 e 64 anos do Brasil são empreendedores iniciais.
42 • capítulo 1
Considerando os dados mais recentes da população brasileira de 18 a 64
anos – cerca de 123 milhões de indivíduos – pode-se estimar que a taxa total de
empreendedores - iniciais e estabelecidos - de 32,3%, representa cerca de 40
milhões de pessoas, indicando o expressivo contingente de indivíduos de 18
a 64 anos envolvidos na criação ou administração de algum tipo de negócio e,
portanto, a relevância do empreendedorismo no Brasil: 21 milhões de empre-
endedores iniciais e 19 milhões de empreendedores estabelecidos.
A tabela a seguir apresenta a motivação para a atividade empreendedora.
Os empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam um empreen-
dimento autônomo por não possuírem melhores opções de ocupação, abrindo
um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Já os empreendedores
por oportunidade são os que identificaram uma chance de negócio e decidiram
empreender, mesmo possuindo alternativas de emprego e renda.
REGIÕES BRASILEIRAS
MOTIVAÇÃO DO BRASIL CENTRO-
NORTE NORDESTE SUDESTE SUL
EMPREENDIMENTO OESTE
MEDIDA
ESTÁGIO 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2012 2013
TAXA DE OPORTUNIDADE 10,3 12,3 10,1 10,9 10,3 9,3 13,9 10,9 10,4 15,2 11,2 10,6
TAXA DE NECESSIDADE (%) 4,7 5,0 7,7 6,4 6,6 5,5 2,5 5,6 3,6 4,9 3,8 3,0
RAZÃO OPORTUNIDADE/ 2,3 2,5 1,3 1,7 1,6 1,7 5,5 1,9 2,9 3,1 3,0 3,6
NECESSIDADE
OPORTUNIDADE COMO 69,2 71,3 56,0 62,9 60,4 62,7 84,0 66,0 73,9 75,6 74,1 78,2
PERCENTUAL DE TEA
Fonte: GEM do Brasil 2013
Exemplo: 12,3% da população de 18 e 64 anos do Brasil são empreendedores iniciais por oportunidade.
Exemplo: Dos empreendedores iniciais do Brasil existem 2,5 por oportunidade para cada empreendedor por
necessidade.
Exemplo: 71,3% dos empreendedores iniciais do Brasil são por oportunidade.
Tabela 1.4 – Empreendedores iniciais (TEA) segundo a motivação – Brasil e regiões – Com-
parativo 2012-2013.
capítulo 1 • 43
A pesquisa traz nas considerações finais que os resultados pesquisados
e divulgados nesta pesquisa de 2013 são bastante favoráveis ao empreen-
dedorismo no Brasil. Com o aumento da taxa de empreendedores iniciais,
estima-se que 40 milhões de brasileiros, entre 18 e 64 anos estejam envol-
vidos com a atividade empreendedora. Além disso, verificou-se também o
aumento da proporção de empreendedores por oportunidade, o que reflete
uma decisão mais planejada em relação à opção pelo empreendedorismo,
aumentando a probabilidade de sucesso do negócio. O estudo revelou tam-
bém que, pela primeira vez no Brasil, a proporção de mulheres empreende-
doras superou a proporção de homens (52,2% contra 47,8%). Como oportu-
nidades de melhorias, o estudo revelou os baixos percentuais de novidade
nos produtos e serviços, além da baixa perspectiva de geração de empregos
nos próximos cinco anos. Apesar disso, o empreendedorismo desfruta de
uma excelente imagem no país, dado que a proporção de pessoas que consi-
deram o empreendedorismo como uma opção de carreira é superior a 80%.
CURIOSIDADE
A pesquisa citada do GEM traz outras inúmeras informações, dados e características do perfil
empreendedor no Brasil e vale a pena uma leitura completa. Para isso acesse o site do SE-
BRAE Goiás e baixe o relatório completo no endereço: http://observatorio.sebraego.com.br/
44 • capítulo 1
CURIOSIDADE
As crises são as melhores oportunidades para se ver um bom negócio. Claro que não só elas.
Por exemplo, dia 29 de abril de 2011, um casamento real movimentou toda a Grã-Bretanha.
Fonte: webaula
capítulo 1 • 45
controlar essa balança comercial, a ideia era fazer com o que o país começasse
a produzir internamente os produtos que estavam sendo importados naquele
momento. (Softex, 2009). Assim, o governo resolveu aproveitar uma reserva de
mercado que durou até 1992 na área de informática para consolidar a indústria
tupiniquim.
Bom pessoal, como acabamos de ver nessa seção, o Brasil tem uma veia em-
preendedora muito grande além de possuir instituições, projetos e financia-
mentos focados no desenvolvimento de pequenas e médias empresas
CONEXÃO
Aprenda mais sobre o SEBRAE e o SOFTEX em: www.sebrae.com.br e www.softex.com.br
Para falar sobre cognição e percepção, devemos conhecer seus conceitos e defi-
nições. Assim, temos como definição de cognição: “Cognição é o ato ou proces-
so de conhecer. Inclui a atenção, a percepção, a memória, o raciocínio, o juízo,
a imaginação, o pensamento e o discurso”. As tentativas de explicação da forma
como a cognição trabalha são tão remotas como a própria filosofia. De fato, o
termo tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles. Com a separação entre
psicologia e filosofia, a cognição tem sido investigada a partir de diversos pon-
tos de vista. Observe que as palavras têm links para você construir o seu próprio
instrumento cognitivo (WEBAULA).
Dos processos de conhecimento da cognição vai nos deter a percepção. Na
psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o compor-
tamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não
na realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para
cada um de nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo
com os aspectos que têm especial importância para si própria.
46 • capítulo 1
A percepção é um estágio do processamento de informações, ou seja, como
funciona a mente. A percepção é um estágio extremamente seletivo. Da enorme
quantidade de informações que recebemos, poucas nos chamam a atenção.
No esquema a seguir podemos ver como funciona este processo. Os três pri-
meiros estágios constituem a percepção.
capítulo 1 • 47
Mas nem sempre a Dell foi uma grande empresa como é hoje. Na verdade,
a Dell foi fundada por Michel Dell em 1984 com o nome de PC’s Limited e se
localizava dentro do dormitório deste então aluno da universidade do Texas.
Dell montava computadores em seu quarto e depois os revendia, porém Dell
acreditava que esse negócio só poderia dar certo se ele não utilizasse nenhum
“atravessador” e fizesse a venda direta para o cliente.
Então em 1984, a Dell construiu seu próprio modelo de computador utilizando
um Intel 8088 e colocou anuncio nas revistas para fazer a venda direta ao consumi-
dor final sendo que este poderia escolher a configuração desejada do computador.
Com essas duas medidas, Dell conseguiu fazer um computador mais barato
e mais conveniente de ser comprado, uma vez que o próprio consumidor pode-
ria escolher a configuração da máquina.
Dessa maneira, a Dell Inc acabou fazendo muito sucesso e o seu fundador
saiu da universidade interrompendo o seu curso universitário para se dedicar
exclusivamente aos seus negócios que no primeiro ano de existência teve um
faturamento bruto de 6 milhões de dólares. (... esqueci de falar para vocês que o
investimento inicial foi de apenas U$ 1000,00 dólares).
Atualmente, conforme já falamos no início, a Dell é uma das maiores em-
presas dos EUA e já foi considerada pela revista Fortune em 1999 com a empre-
sa mais admirada dos EUA. (Wikipédia, 2009)
REFLEXÃO
• Com o intuito de fixar os conhecimentos trabalhados até aqui, reflita sobre alguns questio-
namentos, os quais as respostas podem ser encontradas na leitura deste capítulo.
• Para ser um empreendedor, é necessário nascer empreendedor, ou seja, é algo genético
com o qual as pessoas nascem ou não nascem? Por que?
• Para empreendedor é preciso ter dinheiro próprio?
• Cite 3 características de um empreendedor e depois cite três empreendedores que você
conhece que as tem.
• Um empreendedor só quer saber de lucro?
48 • capítulo 1
1.9 Leituras complementares
Selecionamos o texto abaixo para você com o intuito de deixar o seu conheci-
mento sobre empreendedorismo ainda mais profundo.
É um texto interessante que resume toda a teoria que acabamos de estudar,
principalmente, aquele que define o que é um empreendedor e os motivos pe-
los quais o empreendedor empreende. Vale a pena a leitura.
LEITURA
O que é ser empreendedor
Adriane Alvarenga da Rocha Pombo
capítulo 1 • 49
empresa surpreendidos, sempre pronto para trazer e gerir novas ideias, produtos, ou mudar
tudo o que já existe. É um otimista que vive no futuro, transformando crises em oportunidades
e exercendo influência nas pessoas para guiá-las em direção às suas ideias. É aquele que
cria algo novo ou inova o que já existe e está sempre pesquisando. É o que busca novos ne-
gócios e oportunidades com a preocupação na melhoria dos produtos e serviços. Suas ações
baseiam-se nas necessidades do mercado.”
50 • capítulo 1
Ser um grande executivo de uma empresa não significa ser um grande empresário.
Vera Pati elenca algumas características que formam o perfil do empreendedor de sucesso:
capítulo 1 • 51
• é capaz de desenvolver os recursos de que necessita e de conseguir as informações de
que precisa;
• tem desejo de poder, consciente ou inconscientemente.
O empreendedor bem-sucedido é uma pessoa com características de personalidade e
talento que preenchem um padrão determinado, o que o leva a agir de tal forma que alcança
o sucesso, realiza os seus sonhos e atinge os seus objetivos
Elaborado por: Adriane Alvarenga da Rocha Pombo (Balcão Sebrae-DF)
Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/
A2EEEAD6407D759003256D520059B1F8/$File/230_1_arquivo_seremp.pdf
LEITURA
Google e a importância do conhecimento
O Google aparece na lista das quinze maiores empresas de valor de mercado (FINANCIAL TI-
MES, 2014) e entre as dez marcas mais valiosas do mundo (INTERBRANDS, 2014). Um feito
em diversos sentidos, começando pelos poucos anos de existência do Google ao se comparar
com as outras empresas da lista. Além disso, enquanto petrolíferas, a Coca-Cola e mesmo a
Apple se fiam na venda de produtos tangíveis, o Google especializou-se em serviços ligados à
organização das informações, não cobrando diretamente dos usuários.
Larry Page e Sergey Brin eram estudantes da pós-graduação da Universidade de Stanford
na Califórnia, em 1995. O projeto em que trabalham dizia respeito à organização de dados e
informações, especialmente sobre como hierarquizar uma grande quantidade de dados. Ao se
inspirarem no sistema de citações científicas, os dois pesquisadores chegaram a um algoritmo,
batizado de PageHank, que classificava páginas da Internet a partir do número de hiperlinks dire-
cionados a elas. Esse algoritmo foi a base para se criar um mecanismo de busca muito superior
ao das alternativas existentes. Com a explosão de usuários na Internet, o Google vinha a fornecer
uma-peça chave à sociedade da informação.
Com base no capital de investidores de capital de risco, o Google foi fundado em 1998. Page
e Brin buscaram dar à empresa uma estrutura inspirada nos campi universitários, colocando a
gestão de projetos inovadores como elemento central, e nã o as atividades operacionais. Essa
filosofia se traduz já no ambiente físico, e se faz presente no poder concedido a pequenas equi-
pes, no incentivo à realização de projetos de iniciativa própria do funcionário e na rotina de lança-
mentos e testes acelerados de novos produtos e serviços. Fomentando uma cultura baseada na
inovação, a empresa lançou dezenas de produtos em fase de teste para o público – tal como o
Gmail, que, lançado em 2004, permaneceu cinco anos com a classificação “beta”.
52 • capítulo 1
Desde o próprio mecanismo de busca, passando pelo Gmail, até chegar a serviços como o
Google Earth e o sistema operacional Android, pode-se dizer que o Google se fundamenta nas
habilidades de armazenar e analisar grandes quantidades de dados. Essa habilidade permite, por
exemplo, tomar decisões quanto ao direcionamento de propaganda nos programas Adwords e
AdSense, a grande fonte de renda do Google.
A sua ascenção entre as maiores empresas do mundo, apenas demonstra a importância
estratégica e do valor da informação em nossa sociedade.
Fonte: Polli (2014) Inovação Tecnológica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo:
Saraiva, 2007.
DEGEN, R. O empreendedor - Fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Pearson
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DORNELAS, J. C. Empreendedorismo - Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor - transformando ideias em negócios. São
Paulo: Thomson Pioneira, 1986.
FILION, L. J. Empreendedorismo - empreendedores e proprietarios gerentes de pequenos negócios.
RAE - Revista de Administração de Empresas, v. abril/julh, p. 5-28, 1999.
POLLI, M. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. 2014. Livro didático Uniseb
POMBO, A. A. D. R. O QUE É SER EMPREENDEDOR. Biblioteca Temática do
Empreendedor, 2005. Disponivel em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/
A2EEEAD6407D759003256D520059B1F8/$File/230_1_arquivo_seremp.pdf>. Acesso em: 22
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SEBRAE. SEBRAE. SEBRAE. Disponivel em: <www.sabrae.com.br>. Acesso em: 25 ago. 2009.
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TIGRE, P. B. Gestão da Inovação - A Economia da Tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006.
WIKIPEDIA. wikipedia. wikipedia. Disponivel em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 25 ago. 2009.
capítulo 1 • 53
54 • capítulo 1
2
Perfil
Empreendedor
Neste capítulo vamos estudar sobre a figura do empreendedor, suas caracte-
rísticas e seu papel na sociedade e na economia. Vamos conhecer também as
entidades que apoiam o empreendedorismo no Brasil e conhecer alguns dos
empreendedores brasileiros que fizeram a diferença na história do país. Vamos
também conhecer as entidades que apoiam novos negócios como: Endeavor,
Ernest & Young, Sebrae, Softex, Projeto Reune (CNI), as incubadoras, em
universidades.
OBJETIVOS
• O que é ser um empreendedor
• Características do empreendedor
• O Papel do empreendedor na formação da riqueza do país
• Tipos de Empreendedores
• Fundamentos do Comportamento Empreendedor
• Fatores inibidores do potencial empreendedor
• Diferenças e Similaridades entre o Empreendedor e o Administrador
• Os Empreendedores Pioneiros Brasileiros
• Entidades Brasileiras no Ambiente Empreendedor
56 • capítulo 2
2.1 O que é ser um empreendedor
O pensamento inicial que vem na cabeça de qualquer pessoa é que “ao montar
meu negócio, vou ser meu próprio patrão”. Então, você vai ter o pior patrão do
mundo!! Já que terá de se autocriticar o tempo todo. Este é um dos mitos do
empreender.
Na realidade, a característica mais importante do seu empreendimento é
a capacidade que ele vai ter de desafiar você o tempo todo e as oportunidades
de transformar a informação em um conhecimento que pode gerar lucros para
você.
Outro mito muito comum: Muitas pessoas pensam em se tornarem empre-
endedoras para ter mais liberdade e tranquilidade. Na verdade, ser empresário
exige sacrifícios diários como: a necessidade de trabalhar mais do que oito ho-
ras por dia, a dificuldade para tirar férias, dentre outros fatores. No entanto,
para o empreendedor a realização proporcionada pela prática empresarial é
o maior retorno proporcionado. O empreendedor é aquele indivíduo que tem
necessidade e é capaz de desenvolver novos projetos, ele é aquele que assume
a responsabilidade de conduzir um negócio próprio, de tal forma que esse em-
preendimento funcione e alcance o sucesso (DINIZ e GOMES, 2010).
O sucesso nunca é automático, não tem garantia e não é baseado na sorte,
embora um pouco de sorte ajude bastante. Depende, principalmente, da capa-
cidade de organização e de previsão do empreendedor.
Abrir um novo negócio é sempre uma atividade de risco e as chances de su-
cesso são pequenas. Segundo algumas pesquisas, mais de 50% das pequenas
empresas fracassam no primeiro ano de vida e 95% fracassam nos primeiros
cinco anos.
capítulo 2 • 57
um curso de pintura, aprender algumas técnicas e sair pintando quadros belís-
simos e, quem sabe um dia, alcançar o sucesso de Portinari ou Picasso.
Da mesma forma que se forma um pintor, um empreendedor também
pode ser formado. Segundo (DORNELAS, 2005), atualmente há vários estudos
e linhas de pesquisa que acreditam que o empreendedorismo é uma ciência
que pode ser ensinada, sistematizada e aprendida, e o sucesso de um empre-
endedor esta ligado há vários fatores além somente do perfil do empreende-
dor como: fatores internos e externos ao negócio (conforme vimos no capítulo
anterior) e a boa administração de adversidades encontradas no dia a dia do
negócio (entre outras).
Ainda segundo Dornelas (2005), o ensino do empreendedorismo não garan-
tirá sempre o surgimento de mega empresários como Bill Gates, Steve Jobs ou
ainda o Sr. Dell. Mas com certeza o ensino do empreendedorismo irá garantir
melhores empreendedores e empresários, gerando consequentemente melho-
res empresas e maior riqueza para um país.
Sendo assim, podemos concluir que empreendedorismo pode ser ensina-
do, de modo a capacitar as pessoas para serem empreendedores de sua própria
história, levando em conta que o sucesso de um negócio depende de fatores
internos e externos ao negócio, do perfil do empreendedor e de como ele admi-
nistra adversidades.
REFLEXÃO
É possível aprender a empreender?
As pessoas empreendedoras, de forma generalizada, tendem a se destacarem pelo seu
comportamento, pelas suas atitudes e pelo seu compromisso de negócio. Acredita-se que
ser empreendedor esteja diretamente ligado também à força de vontade do ser, porque o
convívio com pessoas desta natureza acaba sendo um estímulo para quem deseja ser em-
preendedor, desenvolvendo-se seja por um estudo – método atualmente adotado pelo en-
sino - ou por outra iniciativa. Algumas características são aprendidas ao longo da vida, com
experiências de trabalho, determinação e estabelecimento de metas pessoais desafiadoras
O que você acha? Empreendedorismo é ciência?
Há quem acredite que ser empreendedor é algo que nasce com as pessoas como se
fosse magia, ou melhor: arte.
58 • capítulo 2
2.2 Características de um empreendedor
Segundo o Sebrae-SP, algumas características são decisivas para quem preten-
de se aventurar pelo mundo dos negócios. Por isso, é muito importante conhe-
cê-las bem e procurar com sabedoria desenvolvê-las. Algumas destas caracte-
rísticas, segundo Dornellas (2005) são:
capítulo 2 • 59
Chiavenato (2007) complementa as características que motivam o ímpeto
empreendedor:
60 • capítulo 2
• Rede de contatos: é importante participar de eventos e feiras relaciona-
dos ao seu produto. Lembre-se também de que ambientes informais ajudam
a formar bons contatos. "A gente começa a desenvolver nossa rede de contatos
com a família, amigos, vizinhos e antigas experiências”, diz Diniz. “Deve-se tra-
zer isto para a sua realidade de negócio."
• Liderança: "O empreendedor deve ser o líder na sua empresa", afirma
Diniz. Ele deve ser um bom ouvinte e deve saber estimular permanentemente
a equipe, motivá-la e deixá-la comprometida. "Ele deve também ser um gestor
de pessoas".
CONEXÃO
Quer ler um artigo interessante sobre as características de um empreendedor? Então acesse
a seguir, ou busque no google pelo título do artigo: “OS HÁBITOS DO EMPREENDEDOR
EFICAZ” do autor Alfredo Passos
http://biblioteca.sebrae.com.br/bte/bte.
nsf/44D9BEDE2E0DFB7003256D520059C0A7/$File/82_1_arquivo_habitos.pdf
capítulo 2 • 61
parceiros é muito comum, ao se iniciar um negócio. E um fornecedor, por
exemplo, pode concordar em receber o pagamento mais para frente ou até tro-
car seus serviços por uma participação no negócio. A ideia é a mesma para o
cliente. Ele pode observar que terá exclusividade em um produto ou serviço,
além de preços diferenciados.
Crie uma rede de relações: Uma rede de relações é fundamental para o co-
meço de um empreendimento. Assim como na família, amigos, esta rede deve
ser calcada em valores como: respeito, transparência, lealdade e principalmen-
te reciprocidade, pois, além do networking ser uma via de mão dupla, é preciso
que o outro deseje e queira um contato para estreitar estas relações.
Outras características elencadas por autores de obras da área, citam que os
empreendedores:
• São visionários.
• Sabem analisar cenários e tomar decisões.
• São indivíduos que fazem a diferença.
• Sabem explorar ao máximo as oportunidades.
• São determinados, dinâmicos e dedicados.
• São otimistas e apaixonados pelo que fazem .
• São independentes e constroem o próprio destino.
• São líderes e formadores de equipe.
• São bem relacionados e mantém ativa rede de contato (network).
• São organizados nas suas ações.
• Planejam suas ações e são fiéis ao escopo.
• Têm conhecimento sobre o nicho que está investindo tempo e dinheiro.
• Criam valor para a sociedade como um todo.
• Assumem riscos controlados e são conscientes da realidade.
62 • capítulo 2
Segundo Dolabela (1999) tais níveis de relação fazem enxergar que o em-
preendedorismo está em todos os lugares, e que de uma forma ou de outra
ele pode ser descoberto, embora que no meio familiar seja mais frequente.
Pesquisas indicam que as famílias de empreendedores têm maior chance
de gerar novos empreendedores e que os empreendedores de sucesso quase
sempre têm um modelo, alguém a quem admiram e imitam. Por esta razão o
nível primário tende mesmo a ser um meio propício para surgimento de pes-
soas e negócios de sucesso.
capítulo 2 • 63
principalmente aos jovens profissionais. O empreendedorismo alcançou o
âmbito social em função das mudanças nas relações de trabalho, na economia
e na sofisticação dos meios de produção, exigindo uma maior necessidade de
conhecimento. Hoje, é sobretudo, um instrumento de desenvolvimento econô-
mico do país, tido como forma de geração de emprego.
REFLEXÃO
Pense comigo! Imagine que alguém lhe propõem abrir um negócio e pede para você escolher
entre duas possibilidades na forma da sua participação nesse negócio.
Na primeira forma, você deverá colocar R$ 100.000 no negócio que será gerenciado e
administrado por você e poderá lhe dar (planejado) um retorno de 30% ao ano (ou mais se
o negócio der muito certo) e uma grande satisfação de “negócio bem feito” e até um certo
status na sociedade, porém nem o retorno e nem a devolução do dinheiro são garantidos;
se alguma coisa der errada TODOS os envolvidos recebem o dinheiro de volta e, caso sobre
alguma coisa do dinheiro, você será o último a receber; e se não sobrar nada do dinheiro você
ainda corre o risco de ter que colocar um pouco mais do bolso para pagar os envolvidos como
por exemplo empregados e fornecedores.
Na segunda forma, você deverá colocar os mesmos R$ 100.000 no negócio que não
será gerenciado por você, contudo esse negócio lhe dará no máximo um retorno de 15% ao
ano e se ele der certo você será um dos primeiros a ter o seu dinheiro e seu retorno de volta
(ou pelo menos terá o direito de brigar por ele no âmbito judicial).
Qual dos dois você escolheria?
Bom, se você escolheu a primeira opção, então você está agindo com o pensamento de
um empreendedor que está disposto a correr riscos calculados, gerenciar o seu negócio e
inovar em busca de um maior lucro.
Já, se você escolheu a segunda, então você está agindo mais como um investidor que
visualizou uma oportunidade de negócio na figura de um terceiro e “emprestou” o dinheiro a
juros de mercado.
Como viram, abrir um negócio próprio não é algo simples e fácil de se decidir e imple-
mentar. Há sempre vários riscos envolvidos, como riscos trabalhistas, tecnológicos e etc. A
responsabilidade sobre o negócio é do empreendedor. E saber conviver com essa responsa-
bilidade é coisa para quem tem espírito empreendedor.
64 • capítulo 2
Além de mostrar as características de um empreendedor, Dornelas (2005)
também esclarece vários mitos sobre os empreendedores. Vamos discutir al-
guns deles:
CURIOSIDADE
O que leva as pessoas a empreenderem?
Prof. José Dornelas
13/06/2007
Em recente e abrangente estudo realizado pela American Express com empreendedores
americanos em atividade a paixão foi considerada a principal motivação para empreender
para 38% dos participantes. Outro destaque foi “inclinação natural para empreender” com
20%, ou seja, poucas pessoas consideram que têm o “algo” a mais desde cedo. E o mais
importante: não é a busca pelo dinheiro a principal motivação…
No Brasil não é diferente, e foi o que encontramos em nosso novo estudo que será
publicado em forma de livro no segundo semestre. Entrevistamos 400 empreendedores de
sucesso. A maioria não considerou o dinheiro como principal motivador, mas a vontade de
capítulo 2 • 65
fazer acontecer, a busca de autonomia e a auto-realização. A busca pelo risco em si não é
parte da motivação, mas parte do processo. Deve-se assumir risco para aproveitar grandes
oportunidades.
Isso de certa forma contradiz o que saiu no programa Fantástico da Rede Globo no últi-
mo domingo, onde algumas pessoas foram analisadas para saber se tinham o perfil de em-
preendedor ou de empregado. A abordagem foi extremamente simples e considerava que se
a pessoa não tivesse motivação para assumir riscos não poderia ser dono do próprio negócio,
ou seja, deveria trabalhar para outras pessoas. Este é um mito bastante difundido no Brasil
e que deve ser esclarecido. Assumir risco não é exclusividade de empreendedor de negócio
próprio. Pode e ocorre com freqüência com empreendedores corporativos.
Se você está no mundo corporativo e está em dúvida sobre como empreender e crescer
na carreira, considere a possibilidade de empreender sem criar o seu próprio negócio. Há
muita oportunidade no mundo corporativo para aqueles com perfil arrojado, que assumem
riscos e fazem acontecer. A conclusão aqui é que ser ou não empreendedor não está rela-
cionado apenas ao perfil de risco das pessoas, mas se trata de uma combinação de perfil,
motivação e execução. Agir de forma empreendedora é uma atitude possível em qualquer
organização, de qualquer porte. O que motiva as pessoas a agirem como tal é o desafio e a
vontade de realizar. É isso aí!
66 • capítulo 2
seus pais que são importantes no empreendedorismo e passam a observá-las
e “treiná-las” desde então. De qualquer forma, nada impede que uma pessoa
que não tem nenhuma “herança empreendedora” na família passe a se dedicar
a “treinar” as competências necessárias para um empreendedor e a partir daí
inicie o seu próprio negócio ou empreenda dentro de um negócio já existente
(POMBO, 2005).
Segundo Dornelas (2009), não existe um único tipo de empreendedor ou um
modelo-padrão que possa ser identificado, apesar de várias pesquisas existen-
tes sobre o tema terem como objetivo encontrar um estereótipo universal. Por
isso é difícil rotulá-lo. Por outro lado, esse fato mostra que tornar-se empreen-
dedor é algo que pode acontecer a qualquer um. É bastante comum uma pes-
soa, ao ser solicitada a dar um exemplo de empreendedor, lembrar-se daqueles
mais famosos, que têm exposição na mídia, que lideram grandes empresas e
que geralmente são bem sucedidos financeiramente. Exemplos como Antônio
Ermírio de Moraes, Sílvio Santos, Abílio Diniz, Samuel Klein, Luisa Helena são
recorrentes. Mas a pergunta seguinte é se eles são natos ou se podem se prepa-
rar para ser empreendedores. E, depois, se são influenciados pela família, se
atuam no mundo corporativo, se são empreendedores sociais etc. A seguir são
apresentados e definidos vários tipos de empreendedores.
capítulo 2 • 67
Tipo 2 — O Empreendedor que Aprende (Inesperado)
Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pes-
soa que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negó-
cio e tomou a decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio
próprio. É o caso clássico de quando a oportunidade bate à porta. É uma pessoa
que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar um empreen-
dedor, via a alternativa de carreira em grandes empresas como a única possível.
O momento de disparo ou de tomada de decisão ocorre quando alguém o convi-
da para fazer parte de uma sociedade ou ainda quando ele próprio percebe que
pode criar um negócio próprio. Geralmente demora um pouco para tomar a de-
cisão de mudar de carreira, a não ser que esteja em situação de perder o empre-
go ou já tenha sido demitido. Antes de se tornar empreendedor, acreditava que
não gostava de assumir riscos. Tem de aprender a lidar com as novas situações
e se envolver em todas as atividades de um negócio próprio. Quem está pen-
sando em uma alternativa à aposentadoria muitas vezes se encaixa nesse tipo.
68 • capítulo 2
Tipo 4 — O Empreendedor Corporativo
capítulo 2 • 69
Tipo 6 — O Empreendedor por Necessidade
O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem al-
ternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demiti-
do. Não resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente
se envolve em negócios informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando
serviços e conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um gran-
de problema social para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter ini-
ciativa, trabalhar arduamente e buscar de todas as formas a sua subsistência
e a dos seus familiares, não contribui para o desenvolvimento econômico. Na
verdade, os empreendedores por necessidade são vítimas do modelo capitalis-
ta atual, pois não têm acesso a recursos, à educação e às mínimas condições
para empreender de maneira estruturada. Suas iniciativas empreendedoras
são simples, pouco inovadoras, geralmente não contribuem com impostos e
outras taxas, e acabam por inflar as estatísticas empreendedoras de países em
desenvolvimento, como o Brasil. Sua existência em grande quantidade é um
problema social que, no caso brasileiro, ainda está longe de ser resolvido.
70 • capítulo 2
Esses extremos, na verdade, mostram que existem variações no perfil do em-
preendedor herdeiro. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famí-
lias, preocupados com o futuro de seus negócios, têm optado por buscar mais
apoio externo, através de cursos de especialização, MBA, programas especiais
voltados para empresas familiares, com o objetivo de não tomar decisões ape-
nas com base na experiência e na história de sucesso das gerações anteriores.
capítulo 2 • 71
o que querem, autoditadas, não gostam das hierarquias nem de horários pou-
cos flexíveis. Talvez a primeira geração economicamente identificada foram os
Baby Boomers que hoje tem entre 52 e 70 anos. Foi a geração nascida durante a
segunda guerra mundial ou na década seguinte ao fim da guerra. Depois veio a
geração dos filhos dos Baby Boommers denominada Geração X e que tem entre
32 e 51 anos. Logo em seguida vem a Geração Y que tem entre 20 e 31 anos. E
agora surge a geração Z que tem entre 12 e 19 anos. Os jovens da Geração Z, que
nasceram depois de 1995, e que agora começam a entrar no mercado de traba-
lho bastante confiantes. A chegada dessa nova geração ao meio organizacional
já causa certos impactos por conta das características peculiares desses jovens
e vai exigir que empresas se adaptem e apliquem novas práticas para atrair e
reter esses profissionais.
"Eles enxergam o mundo diferente. Sua relação com o tempo é outra, é on-
line, a maneira como lidam com hierarquias e a autoridade, enfim, tudo é di-
ferente para a geração deste milênio e as organizações devem se inspirar nela",
afirma o doutor em comunicação Dado Schneider. Ele estuda o comportamen-
to dessa nova geração há anos e acredita que ela será revolucionária. Além da
veia empreendedora, não é novidade que o costume de se dedicar quase toda
a carreira a uma só empresa veio mudando ao longo das últimas gerações.
Porém, foi com a Geração Z que essa tendência se consolidou. "Até mesmo as
empresas já estão aceitando melhor os currículos dos profissionais que ficam
menos tempo em um lugar, com passagens rápidas por elas. É a mais informa-
da porém não é a mais culta. É uma geração rasa em termos de conhecimento.
Precisam achar as informações corretas em meio a muitos dados, o que não dá
profundidade. Ficam zapeando, por isso geração Z. Pulam da TV para o com-
putador, do computador para o celular, do celular para o e-book mas não são
multisensoriais como alguns dizem. O grande diferencial desta geração que é
nativa da internet, é que tem uma capacidade especial para deixar algo e depois
retomar do ponto onde tinham parado. Continuam processando as informa-
ções uma de cada vez, mas interligam estas interrupções de forma mais rápida.
Estão nas redes sociais e não ficam impressionados com as tecnologias pois
isso é natural par eles.
Diferentemente da Geração Y, os nativos digitais não têm em mente o con-
ceito "work hard, play hard". O jargão sempre foi usado pelos jovens que se
esforçavam muito no trabalho para ganhar bem e ter tudo que desejavam. De
acordo com a coach Marie-Josette Brauer, os Y gastam com audácia e poucos
72 • capítulo 2
limites enquanto que grande parte dos Z prefere economizar. "A geração ante-
rior cresceu em um momento de economia forte e a atual cresceu com o terro-
rismo, complexidade e volatilidade"
Para Ethevaldo Siqueira (SEBRAE), esta geração tem cinco comportamentos
básicos:
1. Mobilidade total. Usam celulares, tablets e notebooks;
2. Rejeição ao e-mail. Preferem SMS’s, tuitar ou os messengers (MSN);
3. Baixo interesse pela universidade. Não querem ostentar currículos, tí-
tulos profissionais ou acadêmicos;
4. Preferência absoluta pelos projetos. Querem trabalhar em empresas
que tenham os mesmos ideais deles;
5. Abertura total para as novas ideias. Será provavelmente será a geração
mais inovadora.
CONEXÃO
Acesse o link a seguir e assista a uma apresentação no formato Prezi, para conhecer como
o SEBRAE vai atender e entender esta geração Z.
Link: https://prezi.com/_eg1htqwhcki/como-o-sebrae-vai-atender-a-geracao-z/
CURIOSIDADE
Empresas terão que se adaptar aos jovens da geração Z
Os jovens da geração Z, com idade entre 16 e 20 anos, já estão começando a entrar no
mercado de trabalho, e isso vai exigir que as empresas façam mais do que repetir comporta-
mentos e práticas adotados na gestão da geração Y (entre 21 e 32 anos) para atrair e reter
esses novos profissionais. Esta é a conclusão de levantamento feito pela empresa de consul-
toria e pesquisa Millennial Branding, em parceria com a multinacional de recursos humanos
Randstad, que analisou as principais diferenças entre esses dois grupos. Foram consultados
mais de dois mil jovens das gerações Y e Z de dez países, entre eles o Brasil.
Os resultados da pesquisa mostram que a geração mais jovem é menos motivada por
dinheiro do que a geração anterior — 27% dos jovens da geração Z consideram essa a prin-
cipal razão para escolher um trabalho, contra 38% da geração Y, o que faz da remuneração a
razão mais escolhida por eles. Entre os Z, 34% se dizem mais motivados por oportunidades
capítulo 2 • 73
de avanço na carreira. Além disso, os mais jovens têm menos disposição para acumular
muitas tarefas ao mesmo tempo quando comparados aos membros da geração Y (54% res-
ponderam gostar de "multitasking", contra 66% da geração Y). No que se refere a ambições
empreendedoras, 17% dos respondentes da geração Z gostariam de abrir o próprio negócio
e empregar outras pessoas. Na geração Y, apenas 11%. Quanto à preferência por trabalhar
de casa, 19% da geração Z apoiam a ideia, contra 13% da geração Y.
Na opinião do diretor de recursos humanos da Randstad para a América do Norte, Jim
Link, esse retrato das gerações pode ajudar companhias na hora de definir a estratégia de
motivação e retenção desses profissionais.
“As gerações estão cada vez mais separadas em faixas de idades restritas, o que exige
que gestores se esforcem mais para equilibrar necessidades e preferências de quatro ou
cinco grupos distintos trabalhando lado a lado”, diz o executivo.
Uma das principais especulações sobre as gerações mais jovens se mostrou incorreta de
acordo com a pesquisa: a percepção de que eles preferem se comunicar por meio da tecno-
logia do que pessoalmente. Tanto 51% dos profissionais da geração Z quanto 52% daqueles
pertencentes à geração Y preferem se comunicar com seus gestores pessoalmente, ao invés
de por e-mail ou troca de mensagens instantâneas. Embora a grande maioria dos profissio-
nais de ambas as gerações considere que a tecnologia os ajuda a atingir seus objetivos, ela
também se mostra uma importante distração no trabalho, ainda que de formas diferentes. Jo-
vens da geração Y consideram o e-mail o principal vilão do foco (31%), seguido do Facebook
(28%) e de programas de troca de mensagens instantâneas (25%). Já 37% dos mais novos
consideram as mensagens instantâneas a maior distração, seguido do Facebook (33%) e só
então do e-mail, escolhido por apenas 13%.
Texto adaptado de: http://extra.globo.com/emprego/empresas-terao-que-se-adaptar-aos-jovens-da-
geracao-z-13904659.html#ixzz3eqw8AN9f
Segundo Salim e Silva (2009), é sabido que o comportamento das pessoas varia
a cada dia. Algumas têm hábitos arraigados e, então, comportam-se do mes-
mo modo em seu dia a dia. Mesmo com a pequena variação é possível perceber
comportamentos mais frequentes, mais típicos de alguém empreendedor.
74 • capítulo 2
Não é simples tipificar, em um conjunto de empreendedores, característi-
cas comuns que possam ser encontradas na maioria dos componentes do gru-
po. Mas, mesmo assim, sempre ressaltando que não existe um perfil padrão de
um empreendedor, verificam-se características bem frequentes.
Mas essa conversa até agora não atingiu o ponto principal que queremos
abordar: por que o interesse em tratar do comportamento do empreendedor?
O que interessa não é o empreendimento? Não se costuma dizer que em uma
empresa as pessoas não são insubstituíveis? Então, por que precisamos levar
em conta as características do empreendedor se já conhecemos o processo
empreendedor?
A questão aqui é que empreendedor e empreendimento andam juntos,
como irmãos siameses que não podem ser separados. Não há empreendimento
sem que haja um empreendedor associado. Aí temos algumas sutilezas: se dis-
sermos que não há uma empresa sem um empreendedor associado, isso não
é verdade. O empreendedor tem interesse em realizar seu sonho, que é criar a
empresa e levá-la até determinado ponto que está na dimensão de seu sonho.
Depois disso, ele pode ter outros sonhos de expansão ou de desenvolvimento
daquele empreendimento, mas também pode se considerar satisfeito e perder
o interesse em gerenciar o que criou. Por isso mesmo, alguns empreendedores
não são bons gerentes.
Podemos, também, entender a diferença entre empresário e empreende-
dor: o empreendedor tem um objetivo, que é criar e fazer funcionar seu empre-
endimento; o empresário é quem detém a posse de um empreendimento e o
dirige, mesmo que não tenha sido ele quem o criou.
Claro que há muitos empreendedores que são empresários e muitos em-
presários que são empreendedores. Mas a relação entre um e outro não é
obrigatória.
Voltando à questão do comportamento empreendedor: para se empreen-
der, existe um processo racional, que consiste em planejar, conseguir recursos,
criar e seguir estratégias, mas também existe um lado que é a emoção. O empre-
endedor quer chegar ao objetivo sonhado e não se contenta em ter uma atitude
meramente racional de planejar e executar planos, constatando depois o resul-
tado. É claro que o resultado é essencial para ele, não significando que seja um
profissional frio tentando apenas ganhar dinheiro ou cumprir sua obrigação
com competência. Mais do que isso, é imperativo lutar de todas as formas para
viabilizar o sucesso de seu empreendimento.
capítulo 2 • 75
Assim, estamos tratando de um assunto em que temos de considerar, além
dos aspectos racionais, a emoção envolvida e o quanto o empreendedor estará
comprometido com o empreendimento. Isso faz com que sejam muito impor-
tantes as características típicas de um empreendedor, uma vez que elas ajuda-
rão a dar um rosto ao empreendimento.
E quanto a atitude empreendedora?
Até agora, utilizamos o termo “comportamento”, mas passaremos a adotar
o termo “atitude”, referindo-nos ao empreendedor. Qual a diferença entre com-
portamento e atitude?
CURIOSIDADE
O dicionário Michaelis informa:
Comportamento — s.m. — maneira de se comportar; procedimento. Em psicologia, sig-
nifica conjunto constituído pelas reações do indivíduo aos estímulos.
Atitude — s.f. — modo de ter o corpo; postura. Norma de proceder ou ponto de vista,
em certas conjunturas. Disposição interior, maneira de enfrentar um problema. Afetação do
comportamento.
Para que você entenda melhor o que se quer transmitir pelas definições citadas, vamos
apresentar a maneira como se encaram esses dois conceitos no Empreendedorismo, nos
parágrafos seguintes.
Vamos refletir a partir da percepção que você tem a respeito de três aspectos
importantes em um empreendimento: conhecimento, habilidade e atitude.
76 • capítulo 2
É possível dizer que uma pessoa que tenha uma atitude proativa em relação
a determinado objetivo seria capaz de ir buscar o conhecimento e a habilidade
necessários para tal. O exagero é por conta do fato de que nem sempre é possí-
vel conseguir esse feito em tempo hábil para atingir o objetivo.
O comportamento tem uma diferença em relação à atitude: ele é algo essen-
cialmente racional, decorrente do conhecimento, da habilidade e das percep-
ções. Mas, sendo o comportamento uma posição racional, não necessariamen-
te conduz um indivíduo a agir sempre e de maneira determinada seguindo sua
racionalidade (SALIM E SILVA, 2009).
REFLEXÃO
Uma pessoa tem diabetes e sabe que comer alimentos açucarados não faz bem a sua saúde.
Seu comportamento, normalmente, será evitar tais alimentos, mas, eventualmente, ele poderá
agir de modo diferente daquele que a racionalidade recomenda.
A Atitude Proativa
A atitude proativa é típica do empreendedor. Para você que ainda não está acos-
tumado a certas terminologias, podemos dizer, de modo bem simples, que um
comportamento é algo que deve ocorrer. Uma atitude é algo mais profundo e
é exercitada e aprimorada à medida que é praticada: associa a racionalidade
à vontade. A vontade é a capacidade de agir deliberadamente em busca de um
desejo, uma das características mais marcantes dos seres humanos.
O que é uma ATITUDE EMPREENDEDORA? Consiste em empreen-
der como trajetória escolhida para sua vida, por sua convicção racional e
por seu sentimento, sua vontade, mas não algo imposto ou recomendável.
capítulo 2 • 77
Temos observado que, cada vez mais, jovens recém-formados, profissio-
nais bem-sucedidos no mercado e alguns tantos aposentados depois de
uma vida inteira trabalhando como empregados optam por empreender e
construir uma nova carreira por conta própria. Podemos até dizer que há
situações que nem sempre são agradáveis, como o de uma pessoa que foi
demitida e aí disse para si mesma: “chegou o momento de assumir o risco
de empreender”.
Associam-se à ATITUDE EMPREENDEDORA as seguintes expressões ou ca-
racterísticas, encontradas nos empreendedores:
• Assumir posições.
• Estabelecer uma meta.
• Tomar iniciativa.
• Buscar conhecimento.
• Saber escolher.
• Ser corajoso.
• Seguir sua decisão.
• Ser determinado.
• Ser perseverante.
78 • capítulo 2
1 – Assumir riscos racionalmente
capítulo 2 • 79
5 – Tomada de decisões como um processo
• Levantamento de informações
• Análise racional da situação
• Construção e avaliação das alternativas
• Escolha da solução
• Planejamento do momento e da forma de implementação
6 – Desenvolver a liderança
8 – Autonomia
Determinar seus próprios passos, abrir seus caminhos, ser seu patrão, enfim,
buscar a autonomia é meta importante na busca do sucesso. O empreendedor
deve cultivar bons relacionamentos, ser livre, ético, evitando protecionismos
que, mais tarde, possam limitar sua criatividade e sua autonomia.
80 • capítulo 2
9 – Otimismo
Esta é uma característica das pessoas que enxergam o sucesso, que por convic-
ção afastam o fracasso, transformando dificuldades em desafios a serem venci-
dos. Ser capaz de enfrentar obstáculos, saber olhar além e acima das dificulda-
des, considerando-as como dados estimulantes do problema.
10 – “Tino” empresarial
REFLEXÃO
capítulo 2 • 81
9. O jogo empreendedor sempre se concentra no mercado e é dirigido pelo mercado.
10. Aqueles que sobrevivem tendem a evoluir.
De acordo com Diniz e Gomes (2010), há muitos fatores que inibem o surgimen-
to de novos empreendedores. Os três mais importantes são: Imagem social,
disposição de assumir riscos e capital social dos potenciais empreendedores.
• A imagem social: todo empreendedor que deseja ter sucesso precisa estar
disposto a, no início, desenvolver ele mesmo todas as atividades na sua empre-
sa. É fazer as compras, atender pessoalmente a clientes e fornecedores, vender,
entregar, fazer contabilidade, e eventualmente, até limpeza. Não há nenhuma
vergonha no trabalho honesto. Porém, muitos pensam que, após terem atingi-
do uma boa posição como empregados, as tarefas necessárias para iniciar um
novo negócio vão prejudicar a sua imagem social. Por este motivo, acabam pre-
ferindo permanecer no “conforto” do emprego.
• A disposição para correr riscos: nem todas as pessoas têm a mesma dis-
posição para assumir riscos. Muitos precisam de uma vida regrada, horários
certos, salário garantido no fim do mês e assim por diante. Esse tipo de pessoa
não foi feito para ser empreendedor. O empreendedor, por sua definição, tem
de assumir riscos, e o seu sucesso está na sua capacidade de conviver com eles e
sobreviver a eles. Os riscos fazem parte de qualquer atividade, e é preciso apren-
der a administrá-los. O empreendedor não é malsucedido nos seus negócios
porque sofre revezes, mas porque não sabe superá-los.
• O capital social: O que herdamos da nossa formação familiar, religiosa e
escolar é o que chamamos de “capital social”. São valores e ideias que sublimi-
narmente nos foram incutidos por nossos pais, professores, amigos e outros
que influenciaram na nossa formação intelectual e que, inconscientemente,
orientam nossas vidas. Um exemplo do capital social como fator inibidor de
potenciais empreendedores é uma forte formação religiosa que levam muitos
a considerarem o lucro como imoral. Essas pessoas têm vergonha de desen-
volver um negócio pelo lucro e, na eventualidade de se aventurarem a fazê-lo,
82 • capítulo 2
procuram outras razões para justificar o seu negócio, desprezando o lucro.
Como consequência, acabam perseguindo objetivos que nada têm que ver com
a realidade dos negócios e, por isso fracassam.
A falta de tempo
capítulo 2 • 83
novo é ainda mais difícil conseguir a aprovação, pois, em geral, a empresa pre-
cisa educar o consumidor e mudar hábitos e paradigmas de comportamento.
Sem contar que uma empresa nova é avaliada com muito mais critério pelo con-
sumidor, ou seja, a avaliação é muito mais rigorosa dado que não há uma ideia
pré-concebida na memória proporcionada por uma experiência passada.
O que todo empreendedor deve saber é que as previsões quase nunca são exa-
tas. São muitos os fatores que podem contribuir para uma previsão pouco fi-
dedigna, tal como uma mudança no cenário econômico, pouca experiência do
empreendedor, comportamento inesperado do mercado, etc. O fato de o pro-
duto ser muito inovador também dificulta a realização das projeções, já que
nunca se vendeu um produto parecido e, dessa forma, não há como prever com
exatidão a reação do público.
Fazê-las, por sua vez, é especialmente importante para dar um norte e orien-
tar a tomada de decisão. As primeiras previsões podem não ser tão próximas da
realidade, mas conforme a experiência do empreendedor aumenta, elas possi-
velmente serão mais precisas. Portanto, em hipótese alguma elas devem deixar
de ser realizadas.
Crescimento atropelado
84 • capítulo 2
análise de crédito pode ser desfavorável tendo em vista que a empresa não
tem histórico de compra. Uma das tarefas mais árduas de um empreendedor
é prospectar fornecedores, desenvolver e manter esses relacionamentos. Da
mesma forma, empresas nascentes ainda não têm escala de produção e com-
pram quantidades menores de insumos e, portanto, não tem nenhum poder
de barganha. Consequentemente, pagarão um preço maior. Destaca-se ainda a
necessidade de assegurar a qualidade e a oferta pontual.
CONEXÃO
O tamanho da empresa influencia muito na construção de relacionamentos fortes com for-
necedores, motivo pelo qual as empresas devem buscar aumentar a escala de produção e,
consequentemente, seu porte. Leia no link a seguir a forma que a Ford encontrou para rece-
ber pontualmente o fornecimento de bancos para seus automóveis:
<http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0633/noticias
/estoque-zero-nao-e-coisa-de-japones-basta-combinar-direitinho-com-o-fornecedor-m0049475>.
capítulo 2 • 85
Montar uma boa equipe é difícil e leva tempo
86 • capítulo 2
As pressões sobre o empreendedor são contínuas
Com tantas atividades para fazer, decisões para tomar, pessoas para gerenciar e
tudo o mais que é exigido de um empreendedor, é de se esperar que as pressões
sobre ele sejam muito grandes. Afinal, ele é o responsável por tudo e por todos.
Dessa forma, encontrar o equilíbrio entre a rotina profissional e a vida pessoal
é, por mais difícil que possa parecer, essencial. Se você decidiu seguir a car-
reira empreendedora, reserve tempo para estar com a família, manter contato
com os amigos, cuidar-se, desenvolver-se espiritualmente e fazer coisas que lhe
agrade. Somente assim estará revigorado para lidar com os problemas do dia a
dia além de que o trabalho é apenas parte de sua vida.
Agora que já tem uma boa ideia dos obstáculos que provavelmente enfrentará
no processo de gerenciamento da sua empresa, é hora de planejar sua expan-
são e consolidação. A partir desse momento, aceite que o único caminho para
sua empresa é o crescimento e a transforme em um grande negócio.
capítulo 2 • 87
Segundo Hampton (1991), os administradores se diferem por ocupar um nível
na hierarquia, que define como os processos administrativos são alcançados, e o
conhecimento que tem no geral da empresa. O trabalho administrativo pode ser
identificado como de supervisão, médio e alto.
Os supervisores tratam de operações de uma unidade específica, como uma
seção ou departamento. Os Administradores médios ficam entre os mais bai-
xos e os mais altos níveis da hierarquia em uma organização. Já os administra-
dores de alto nível, são aqueles que têm a mais alta responsabilidade e a mais
abrangente rede de interações.
Para Salim e Silva (2009), antes de apresentar e analisar o estado atual do Em-
preendedorismo no Brasil, vamos lembrar os pioneiros nacionais. É importan-
te entender sua contribuição para o país e para o Empreendedorismo.
Primeiramente, envolveremos os pioneiros que viveram desde meados do
século XIX até a primeira metade do século XX, relacionando os aspectos de sua
trajetória que trouxeram contribuições para o Brasil:
a) Francisco Matarazzo — Chegou ao Brasil em 1881, vindo da Itália, com
a mulher e dois filhos. Estabeleceu-se em Sorocaba e começou a negociar mer-
cadorias, especialmente produtos derivados de bois e porcos que existiam na
região. Montou uma venda (pequeno armazém) e depois de dois anos no Brasil
fez uma fábrica de banha. Sua grande contribuição para o Brasil foi a industria-
lização, tendo se tornado o maior industrial do país. Dizia-se, naquela época,
que Matarazzo chegou a ter 365 fábricas, uma para cada dia do ano, mas seu
biógrafo, Ronaldo Costa Couto, estima que foram um pouco mais de 140 no
total. Além de sua atividade industrial, Matarazzo incentivou as artes, especial-
mente o teatro, através da fundação e do patrocínio do TBC (Teatro Brasileiro
de Comédias). Foi um dos fundadores do Círculo Italiano de São Paulo e de um
hospital para atender a seus empregados e ao público em geral.
b) Nami Jafet — Veio com a família do Líbano para o Brasil, aonde chegou
em 1890. Eram quatro irmãos, dentre os quais Nami Jafet se destacava, especial-
mente porque, ao contrário da grande maioria dos imigrantes que vieram para
88 • capítulo 2
o Brasil, possuía instrução superior. Formado pela Universidade Americana de
Beirute, foi autor de um livro sobre matemática e teve de sair de sua terra natal,
segundo a lenda, por sua defesa apaixonada da Teoria da Evolução de Charles
Darwin. Sua contribuição para o Brasil, juntamente com seus irmãos e sócios,
foi reformular as práticas comerciais nacionais. Foi ele quem interiorizou o
comércio até então existente na capital do estado de São Paulo e implantou a
figura do mascate no Brasil.
O mascate ia para o interior vender suas mercadorias em viagens que dura-
vam meses e que, ao contrário do que se possa imaginar, eram detalhadamente
planejadas. O roteiro da viagem, a estratégia de venda para os clientes, os pro-
dutos levados e a própria forma de deslocamento usando uma parelha de bur-
ros, um carregando o mascate e o outro a mercadoria guardada em armários de
madeira que eram presos ao animal.
Nami e seus irmãos lideraram a fundação do Clube Monte Líbano de São
Paulo e do Hospital Sírio e Libanês.
CURIOSIDADE
Os armários de madeira carregados pelos burros receberam a denominação de armarinho,
nome que posteriormente passou a ser usado para designar uma loja que vende aviamentos
para costura.
capítulo 2 • 89
linha ideológica própria. Esteve ativo em muitos momentos da vida pública do
país e, mais especificamente, de São Paulo. Apesar de sua linha política bem
definida, o Estadão sempre teve jornalistas de muita projeção: estes tiveram a
liberdade de publicar suas ideias, garantida pela direção do jornal, ainda que
fossem contrárias às suas, pois a liberdade de imprensa sempre foi um valor
superior defendido pelos seus fundadores.
c) Visconde de Mauá — Viveu no século XIX, de 1813 até 1889. Foi em-
presário, industrial, banqueiro e político, sempre pensando no crescimento do
Brasil. Recebeu do Imperador D. Pedro II os títulos de barão e de visconde. Fez
uma enorme variedade de grandes projetos, como a iluminação a gás da cidade
do Rio de Janeiro, criou a Companhia de Navegação do Amazonas, fez diversas
ferrovias, companhia de bondes e foi banqueiro. Jorge Caldeira, escritor bas-
tante conceituado, retratou a obra de Irineu Evangelista de Souza, o Visconde
de Mauá, e, a partir daí, Mauá foi resgatado como um dos grandes empresários
do país. Foi feito um filme biográfico, contando vários aspectos de sua vida e
até como ocorreu sua falência, quando perdeu todos os bens, tendo reconstru-
ído sua fortuna antes de morrer.
d) Leon Feffer — Judeu ucraniano que veio para o Brasil logo após o fim
da Primeira Guerra Mundial, devido ao temor de que o recém-instalado regime
bolchevista viesse a perseguir os de sua crença. Veio para São Paulo, interessou-
se pelo comércio e pela fabricação de papel. O Brasil importava naquela época
todo o papel que consumia: esse quadro mudou em algumas décadas,graças ao
incansável trabalho de Leon Feffer. Criou a indústria do papel no Brasil, basea-
da no eucalipto, e, até hoje, a indústria que fundou — Suzano Papel e Celulose
– existe e é controlada pela mesma família. Foi o líder do grupo que promo-
veu a fundação do Clube Hebraica em São Paulo e, também, do Hospital Albert
Einstein, referência da boa medicina no Brasil.
e) Jorge Street — Foi o industrial que criou a Companhia Nacional de
Tecidos de Juta, em São Paulo. Foi um dos promotores do Centro Industrial
do Brasil e precursor da montagem de sua fábrica em um complexo industrial
envolvendo as casas dos operários, o posto médico, a escola, o clube e a igreja.
Também foi um dos 21 empresários brasileiros que fundaram a FIESP. Quando
a Revolução de 1930 triunfou e Getúlio Vargas foi posto no poder, Jorge Street
foi convidado para coordenar a formulação da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), um passo importante naquela época para regulamentar o trabalho
no Brasil, com a formalização legal dos direitos e das obrigações dos trabalha-
dores e empregadores.
90 • capítulo 2
Podemos observar que todos esses empreendedores não se restringiram
apenas a “cuidar de seus negócios”. Sempre estiveram preocupados em promo-
ver o desenvolvimento da região onde viviam e com as pessoas que lhes serviam.
f) Antonio Ermírio de Moraes — Com seu irmão José Ermírio de Moraes
Filho, a partir da herança do pai, de família da aristocracia rural do Nordeste, e do
avô, industrial português estabelecido no estado de São Paulo, criou um império
de empresas. Sob a denominação de Votorantim, essas indústrias se tornaram o
principal produtor nacional de cimento, passando depois a diversificar sua atua-
ção, inicialmente na busca de minérios e depois passando a ser um conglomera-
do envolvido com inúmeros negócios na área de minerais e de energia.
O pai, José Ermírio de Moraes, estudou engenharia de minas nos Estados
Unidos e veio para o Brasil, onde passou a trabalhar e onde conheceu D. Helena
e seu pai, o industrial português Antonio Pereira Ignácio. Casouse com D. Hele-
na e passou a trabalhar com o sogro. Mais tarde, de 1963 a 1971, foi senador da
República e ministro da Agricultura. A construção da Votorantim foi uma obra
familiar que tem grande importância econômica e empresarial.
g) Betinho (Herbert José de Souza) — Criador da ONG Ação da Cidadania
contra a Fome e a Miséria e pela Vida, mobilizou quase toda a sociedade, e de
sua campanha de combate à fome e à miséria resultaram políticas públicas
governamentais. Como se observa, os empreendedores não se limitam a criar
negócios empresariais, também influenciam muito o desenvolvimento social
do país.
h) Jorge Gerdau Johannpeter — Criador de um império nacional e internacio-
nal na área da siderurgia com empresas que, em geral, levam seu nome. Construiu
enorme fortuna e foi um dos principais empresários da região do Sul brasileiro.
Tem uma participação muito marcante na vida nacional, com seus pronunciamen-
tos dirigidos a valorizar programas nacionais que conduzam o país a uma melhor
situação de emprego, ensino e assistência médica para a população.
capítulo 2 • 91
grupos de cientistas, procurando entender o comportamento e as motivações
do empreendedor. A partir daí, analisou-se como deveria ser formatado o pro-
grama de uma disciplina que efetivamente ajudasse os universitários a desem-
penharem o papel de empreendedores. Finalmente, o ensino sistemático do
assunto, além da criação de incubadoras e empresas juniores nas universida-
des, consolidou a trajetória bem-sucedida do Empreendedorismo no Brasil.
Esta nova fase possibilitou um olhar mais atento ao tema e várias institui-
ções, de ensino, financeiras, de pesquisa e entidades de apoio às empresas e
negócios, apoiaram esta fase, contribuindo com este cenário por meio de suas
finalidades, como veremos a seguir:
1. Universidades – o Empreendedorismo passou a ter nas universidades
um ponto de apoio muito importante, pois ministram cursos na área para seus
alunos e porque mantêm as incubadoras de empresas e as empresas juniores.
2. Incubadoras e empresas juniores – são locais onde as ideias dos em-
preendedores, traduzidas em planos de negócios, são transformadas em em-
presas e onde são realizados trabalhos de apoio aos micro e pequenos empre-
endedores (área da Consultoria).
3. ANPROTEC – Associação Nacional das Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores – trata-se de uma entidade sem fins lucrativos
que agrega as incubadoras, parques tecnológicos brasileiros, instituições de
ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao empreendedo-
rismo e à inovação. Líder do movimento no Brasil, a Associação atua por meio
da promoção de atividades de capacitação, articulação de políticas públicas,
geração e disseminação de conhecimentos. A trajetória da Anprotec está dire-
tamente ligada ao desenvolvimento de incubadoras de empresas e parques tec-
nológicos brasileiros. A implantação desses ambientes em diferentes regiões
disseminou a ideia do empreendedorismo inovador no país, desencadeando a
consolidação de um dos maiores sistemas mundiais de parques tecnológicos e
incubadoras de empresas. Atualmente, o Brasil conta com 400 incubadoras de
empresas e cerca de 90 iniciativas de parques tecnológicos.
4. FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos – é um órgão do governo fe-
deral subordinado ao Ministério de Ciência e Tecnologia e que tem a missão de
promover e financiar a inovação e a pesquisa cientifica e tecnológica. Existem
duas formas de financiamentos disponíveis: financiamentos reembolsáveis e
não-reembolsáveis, que abrangem diversas áreas de desenvolvimento científi-
co e tecnológico. Pesquisas básicas ou aplicadas, inovações e desenvolvimento
92 • capítulo 2
de produtos, serviços e processos, entre outros projetos como implantação de
parques tecnológicos e inovações em empresas já estabelecidas, encontros,
seminários, congressos e feiras tecnológicas. A FINEP também atua de forma
cada vez mais intensa no apoio a empresas de base tecnológica. Desde 2000
desenvolve o Projeto Inovar, que envolve amplo, estruturado e transparente
conjunto de ações de estímulo a novas empresas, por meio de um leque de ins-
trumentos, incluindo o aporte de capital de risco, indiretamente via fundos de
capital de risco. O Programa PRIME – Programa Primeira Empresa Inovadora
incentiva a criação de novas empresas de base tecnológica (Acesse: http://www.
FINEP.gov.br/).
5. CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – é um órgão do governo federal ligado ao Ministério de Ciência
e Tecnologia e que tem diversos programas de apoio ao desenvolvimento cien-
tifico e tecnológico do país. Fundado em 1951, o CNPq é considerado uma das
instituições mais sólidas na área de investigação científica e tecnológica entre
os países em desenvolvimento, seu objetivo principal. O CNPq tem muitos ór-
gãos federais e agências de fomento estrangeiras como parceiros
6. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -
talvez seja a entidade de apoio ao Empreendedorismo mais conhecida do gran-
de público brasileiro, pois patrocina programas de televisão para divulgar casos
de sucesso de empreendedores brasileiros e difundir boas práticas de gestão.
REFLEXÃO
SEBRAE
Nove em cada dez companhias no País têm uma receita anual inferior a R$ 2,1 milhões
e nelas trabalham 56% dos empregados com carteira assinada, segundo levantamento
do Sebrae. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram
que o total de microempresas, entre 1996 e 2002, foi de 2,9 milhões para 4,6 milhões,
com crescimento acumulado de 55,8%. Com isso, a participação dessa turma de compa-
nhias no total de empresas no Brasil passou de 93,2%, em 1996, para 93,6%, em 2002.
O número de trabalhadores dentro desse grupo pulou de 6,8 milhões para 8,9 milhões
nesse mesmo intervalo.
Esse volume de dados leva a uma pergunta de extrema importância para o setor:
Por que morrem tantas companhias de pequeno e médio portes no Brasil?
capítulo 2 • 93
Há várias respostas. Desde a falta de crédito, passando pela alta taxa de juros dos últi-
mos anos e a carga tributária. Mas segundo o Vox populi, em recente pesquisa, a taxa de so-
brevivência de pequenas empresas subiu de 50,3% para 74,4%, o que demonstra a procura
por novas tecnologias, criatividade e senso de oportunidade.
Abaixo listamos alguns sites de consulta obrigatória, se você pretende empreender:
http://www.aprendendoaexportar.gov.br
http://www.endeavor.org.br
http://www.sebrae.com.br/
http://www.entreworld.org/
http://www.gemconsortium.org
http://www.ibge.gov.br/home/
94 • capítulo 2
comprometidos com a mudança do mundo. Além de uma rede ampla de em-
preendedores sociais, a Ashoka promove protagonismo, transformação e em-
patia em diversas esferas na sociedade. Os empreendedores sociais da Ashoka
fazem parte de uma rede mundial de intercâmbio de informações, colaboração
e disseminação de projetos composta hoje por mais de 3000 empreendedores
localizados nos diversos países em que atuam. No Brasil, já foram selecionados
mais 360 empreendedores de todas as regiões do país. Além disso, o Centro de
Competência para Empreendedores Sociais – uma parceria da Ashoka com a
McKinsey & Company – oferece para a rede de empreendedores sociais a adap-
tação e transferência de conhecimentos, práticas, ferramentas de gestão e pla-
nejamento do setor privado para o setor social.
10. Business Angels ou Anjos de Negócios – são pessoas com recursos
financeiros disponíveis para investimento em projetos que lhes parecem
promissores.
11. Fundos de Venture Capital – são fundos de investimento que aplicam
seus recursos na aquisição de parte dos capitais sociais de empresas que te-
nham alto potencial de crescimento.
12. Fundos de Capital Semente – são fundos com finalidade de investi-
mento em empresas nascentes que precisam de aporte de capital para realizar
planos de desenvolvimento, ganhando mais mercado ou desenvolvendo novos
produtos e serviços.
13. INPI (Instituto Nacional de Propriedade intelectual) – Criado em 1970
é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC), responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação
e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de proprieda-
de intelectual para a indústria e tem por finalidade principal, segundo a Lei da
Propriedade Industrial, executar, no âmbito nacional, as normas que regulam
a Propriedade Industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídi-
ca e técnica. Entre os serviços do INPI, estão os registros de marcas, desenhos
industriais, indicações geográficas, programas de computador e topografias de
circuitos, as concessões de patentes e as averbações de contratos de franquia e
das distintas modalidades de transferência de tecnologia. É também sua atribui-
ção pronunciar-se quanto a todas as esferas jurídicas que envolve Propriedade
Industrial. Em suma o INPI é responsável pelo registro e concessão de marcas,
patentes de: desenho industrial, transferência de tecnologia, indicação geográ-
fica, programa de computador e Topografia de Circuito Integrado. Na economia
capítulo 2 • 95
do conhecimento, estes direitos se transformam em diferenciais competitivos,
estimulando o surgimento constante de novas identidades e soluções técnicas.
Além das instituições brasileiras, o setor de empreendedorismo conta com
uma entidade de âmbito mundial, como já foi visto, que acompanha o cresci-
mento, maturidade e outros aspectos do empreendedorismo pelo mundo. O
GEM - Global Entrepreneurship Monitor têm por objetivo estabelecer critérios
para medir o grau de Empreendedorismo de um país, criando uma série histó-
rica que nos permite compreender a evolução do tema no âmbito global.
REFLEXÃO
Um dos campos de pesquisa sobre o empreendedorismo se concentra no estudo das carac-
terísticas do comportamento empreendedor. Estes estudos ainda são incapazes de estabe-
lecer relações de causa e efeito, ou seja, não são capazes de predizer se uma pessoa que
apresenta determinadas características terá ou não sucesso como empreendedora. Para se
tornar um empreendedor de sucesso, é imprescindível portanto, que você aprenda a fazer um
planejamento de suas ações futuras.
LEITURA
Definições e diferenças de ONG – OS – OSC – OSCIP
No Brasil, as entidades conhecidas como ONGs, caracterizadas como sem fins lucrativos,
são constituídas sob a forma jurídica de associações e de fundações privadas. Porém, habi-
tualmente, são identificadas como ONG, OSCIP, OS, etc., como segue:
96 • capítulo 2
No Brasil, as ONGs surgiram na década de 60, durante o período do regime militar,
engajando-se na luta pela redemocratização do país. No princípio dos anos 90, ganharam
maior visibilidade em função da ECO 92 e do Movimento pela Ética na Política, de 1993, que
desencadeou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, liderada pelo soci-
ólogo Herbert de Souza, o Betinho. O Centro de Estudos do Terceiro Setor estima em 500
mil a quantidade de ONGs existentes no Brasil. Atualmente, as ONGs funcionam em redes,
maximizando as ações sociais às quais se dedicam, atuando em conjunto com governos,
instituições internacionais ou multilaterais e empresas privadas.
OS – ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Organização Social (OS) é uma qualificação que pode ser concedida pelo Poder Executivo
às entidades privadas – pessoas jurídicas de direito privado – sem fins lucrativos, destina-
das ao exercício de atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura ou à saúde, conforme
estabelecido na Lei n.o 9.637 de 1998. A lei estabelece que, obrigatoriamente, uma OS
deva possuir determinadas porcentagens de representantes tanto do Poder Público como
também da sociedade civil na composição do seu Conselho de Administração. Para o esta-
belecimento de parcerias, entre o Poder Público e a Organização Social, a Lei n.o 9.637 criou
um instrumento específico denominado Contrato de Gestão.
capítulo 2 • 97
o Termo de Parceria entre o poder público e as instituições da sociedade civil, sendo o Mi-
nistério da Justiça o órgão que avalia, reconhece e expede o certificado de OSCIP. Este aval
é condição prévia para que a entidade tenha acesso aos recursos públicos, de acordo com o
Termo de Parceria. Possibilita, também, oferecer dedução fiscal das doações das empresas
que a patrocinam e que sejam administradas por profissionais remunerados.
Legalmente, podem obter a qualificação de OSCIPs as instituições que possuem uma ou
mais das seguintes finalidades: assistência social, cultura, educação, saúde, segurança ali-
mentar e nutricional, voluntariado, desenvolvimento econômico e social, combate à pobreza,
geração de emprego, promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da de-
mocracia e de outros direitos universais. O objetivo da lei foi o de ampliar o reconhecimento
da abrangência do trabalho das Organizações da Sociedade Civil, criando instrumentos mais
práticos e confiáveis para acesso a recursos públicos e privados.
Não se enquadram no conceito as entidades com objetivo de obter lucro ou organizadas
para gerar benefícios privados. Também estão fora da classificação as instituições que, em-
bora sem fins econômicos, estão voltadas à representação de categorias profissionais, como
sindicatos, ou à disseminação de credos religiosos, assim como, cooperativas e instituições
de saúde ou educação privadas e não-gratuitas.
Saiba mais em http://redepapelsolidario.org.br/definicoes-de-ong-os-osc-oscip/
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva,
2007.
DEGEN, R. O empreendedor - Fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Pearson
Education, 1989.
DINIZ, L. L.; GOMES, M. L. B. (2010). ANÁLISE DO POTENCIAL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS
DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UFPB. Disponível em (acesso 10.05.2015): http://www.
abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_739_15296.pdf.
DORNELAS, J. C. Empreendedorismo - Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro:
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DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor - transformando ideias em negócios. São
Paulo: Thomson Pioneira, 1986.
FILION, L. J. Empreendedorismo - empreendedores e proprietarios gerentes de pequenos
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Empreendedor, 2005. Disponivel em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/
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10.mai.2015.
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WIKIPEDIA. Disponível em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 25 abr. 2015.
capítulo 2 • 99
100 • capítulo 2
3
Ideias e
Oportunidades de
Negócios
Olá pessoal, vamos iniciar um novo aprendizado no nosso livro. Lembre-se de
que já falamos sobre o empreendedorismo e o empreendedor. Entendemos
que o empreendedor é aquela pessoa inovadora que assume alguns riscos e
que ele é uma das peças chaves na economia de um país, uma vez que é atra-
vés dos empreendedores que um país acaba gerando riquezas, melhorando a
qualidade de vida das pessoas, aumentando o superávit da balança comercial
e assim por diante. Vimos também que o Brasil é um dos países que mais em-
preende do mundo e que aqui o governo tem alguns órgãos que fomentam o
empreendedorismo como, por exemplo, o Sebrae.
Mas, muito embora saibamos a importância do empreendedor e dos em-
preendimentos, ainda não sabemos ao certo como funciona um negócio, ou
seja, não sabemos qual é a dinâmica interna de uma empresa, ou o que é uma
empresa ou um negócio. Este capítulo irá mostrar algumas definições do que
é negócio, os tipos de empresas e negócios para que possamos usar estes con-
ceitos como alicerces para o aprendizado sobre empreendedorismo e oportu-
nidades de negócio.
Veremos também como se percebe uma oportunidade de novos negócios e
de ser empreendedor no seu atual emprego. A criação das oportunidades e os
caminhos para perseguir os objetivos. Capacidade de isolar o problema e de
se antecipar a fatos para desenvolvimento de novos produtos e serviços. Como
identificar o novo.
OBJETIVOS
• Aprender a identificar as oportunidades;
• Diferença entre ideia e oportunidade
• Analisar os conceitos de necessidades;
• Identificar o novo e a novidade para o consumidor.
• Aprender os conceitos de planejamento;
• Entender estratégias e suas variáveis;
• Compreender a relação entre estratégia, planejamento e plano de negócio no ambiente
empreendedor.
102 • capítulo 3
3.1 O ambiente de negócios e a empresa
Seja qual for a ideia, ela parte de fazer algo novo ou inovar algo que já existe, seja
isso um produto ou serviço. E isso nos remete a empresa, organização, negócio,
negociação, estrutura organizacional, mercado, etc. Seja uma loja de artesana-
to ou uma indústria de nanotecnologia, tudo gira em torno do fenômeno em-
presa. Diante disso, vamos iniciar nosso capítulo, refletindo sobre empresas,
tipos de negócios, oportunidades de negócios, no âmbito empresarial.
Organizar esta estrutura significa organizar um negócio dentro de uma em-
presa que deverá ser constituída para poder “aproveitar” a oportunidade de ne-
gócio identificada. Essas ações exigem Planejamento!
Todos os dias planejamos um pouco a vida, meio inconsciente, mas plane-
jamos. Acordar tal hora, tomar banho, pegar tal condução. Da mesma forma,
quando começamos um negócio, ele precisa ser planejado. O planejamento
estratégico é um importante instrumento de gestão para as organizações, na
atualidade. Constitui uma das mais importantes funções administrativas e
é através dele que o gestor e sua equipe estabelecem os parâmetros, que vão
direcionar a organização da empresa, a condução da liderança, assim como o
controle das atividades. O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e
suas equipes uma ferramenta que os municie de informações para a tomada de
decisão, ajudando-os a atuar de forma pró-ativa, antecipando-se às mudanças
que ocorrem no mercado em que atuam.
O planejamento serve de identidade para o começo do seu negócio. Ele tor-
na as decisões coerentes, além de ser unificador e integrador. Veja bem, ainda
não é um plano de negócios (vamos aprender mais adiante), mas sim o enten-
dimento e o sentido de planejar: ato ou efeito de se preparar, antecipar ou vis-
lumbrar o que ainda não aconteceu.
No diagrama a seguir, você pode visualizar e entender melhor a influência
do planejamento, em todas as etapas da construção de uma empresa. Lembre-
se que a Informação é importante e transforma em conhecimento a base da
atual sociedade do conhecimento. Só é possível planejar, tendo conhecimento
do sistema que está sob o nosso comando e do contexto em que ele se insere.
capítulo 3 • 103
define
missão
objetivos
valores
escolhe os
segmentos
de atuação
104 • capítulo 3
um conjunto diferente de atividades para fornecer uma combinação única de
valor. A maioria dos gestores descreve o posicionamento estratégico em termos
dos seus clientes. Mas a essência da estratégia está nas atividades — optar por
exercer atividades de modo diferente ou exercer atividades diferentes das dos
rivais. Senão, uma estratégia não seria mais do que um slogan publicitário, que
não sobreviveria à concorrência.
A não implementação de estratégias do início do projeto pode levar ao seu
insucesso. Planejar estrategicamente, portanto, é apresentar ao seu consumi-
dor o seu diferencial. A seguir, mostramos alguns obstáculos que podem atra-
palhar a implementação das estratégias:
1. Estilo gerencial de cima para baixo, não delegando funções. As estraté-
gias já vêm prontas e os seus comandados não têm muito que pensar.
2. As áreas ou setores brigando internamente por recursos. As prioridades
são a estratégia de crescimento da empresa.
3. A luta interna por um poder, que ás vezes nem existe. Isto é o começo
da criação de “panelas” ou feudos, em que ninguém entra e ninguém sai, nada
pode ser modificado do status quo;
4. Não existe comunicação interna. Não existe comunicação. Assuntos
que poderiam ser resolvidos através da comunicação consomem horas de des-
gaste e energia da equipe;
5. A falta de formação de liderança que, por sua vez, não sabe escolher
sua equipe.
Mas ficam as perguntas:
a) Quais são os tipos de negócio possíveis?
b) Quais são os possíveis tipos de empresas?
c) O meu negócio/empresa irá atuar na produção de serviço ou bens?
Há diferença?
d) Quais são exemplos de empresas de base tecnológica que produzem
bens? E serviços?
Portanto, a grande motivação aqui é que você seja capaz de definir o que
é um negócio e uma empresa e quais são os tipos existentes. Para isso vamos
conhecer sobre o ambiente de negócios.
capítulo 3 • 105
REFLEXÃO
Depois de pensar em uma estratégia (que produto ou serviço queremos lançar) e na legislação,
vamos continuar ainda nesta aula, passeando pelo direito. Há nove, entre dez empresas e pes-
soas físicas, em dúvida sobre o processo e os requisitos para o registro de marcas no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A consulta da base nacional de marca e patente po-
der ser feita pelo site do INPI, assim como consultas de base de dados em internet podem ser
feitas em sites como http://www.uolhost.com.br/ ou http://www.registro.com. O registro pode
ser feito no INPI (validade nacional) ou na junta comercial (tem validade estadual).
Bens de
Capital Serviços
106 • capítulo 3
Para produzir, o negócio precisa de entradas, ou seja, matérias primas, e
essas vêm dos fornecedores, que são outras empresas das quais a empresa* que
possui o negócio em questão será o cliente dela (como uma cadeia produtiva).
capítulo 3 • 107
CURIOSIDADE
O caso Dell
Dell Inc. (NASDAQ: DELL) é uma grande empresa de hardware de computador dos Es-
tados Unidos da América, empregando mais de 106.700 pessoas no mundo inteiro. A Dell
desenvolve, produz, dá suporte e vende uma grande variedade de computadores pessoais,
servidores, notebooks, dispositivos de armazenamento, switches de rede, PDAs, software,
periféricos e mais. De acordo com a lista Fortune 500 de 2005, a Dell é a 28ª maior empresa
nos Estados Unidos (em vendas). Em 2005, a Fortune Magazine classificou a Dell como a
número 1 na sua lista anual das empresas mais admiradas nos Estados Unidos, tomando o
lugar do Wal-Mart, que mantinha o lugar por dois anos. Sua sede fica em Round Rock, Texas
nos Estados Unidos.
A empresa abriu sua fábrica em solo brasileiro na cidade de Eldorado do Sul no Rio
Grande do Sul em novembro de 1999. Conta também com um centro de desenvolvimento de
software sediado no polo Tecnopuc, da PUC-RS. No ano de 2006 foi anunciada a constru-
ção de uma nova fábrica na cidade de Hortolândia, interior de São Paulo. A partir de Agosto
de 2007, Eldorado do Sul passou a sediar apenas a administração e toda a produção de
(desktops, notebooks e servidores) foi transferida para Hortolândia.
A Dell é a maior empresa de distribuição de computadores nos Estados Unidos. Ela
desenvolve, fabrica, vende e presta assistência a uma série de computadores pessoais, ser-
vidores, data storages, softwares, periféricos, PDA´s e muito mais. Em 2006, a Dell mantinha
63.700 pessoas trabalhando ao redor do mundo e foi a empresa que mais fabricou compu-
tadores no planeta. Seu modelo de negócios se diferencia de outras companhias devido ao
baixo custo de operação e seu sistema de vendas diretas. Michael Dell fundou a empresa em
1984, aos 19 anos, quando estudava na Universidade do Texas, Estados Unidos.
Trecho retirado da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dell
108 • capítulo 3
Veja agora na tabela a seguir alguns outros exemplos de fabricação de bens
de consumo direto e bens de produção:
Voltando ao exemplo da Dell, vimos pelo box que ela não só fabrica e entre-
ga produtos de bens de consumo, como também presta assistência técnica aos
produtos por ela entregues, ou seja, ela também é uma empresa prestadora de
serviços (produz um bem intangível). Vamos conhecer o conceito de empresa
prestadora de serviço, de varejo e outras tipificações de negócios.
Segundo Salim (2005):
capítulo 3 • 109
a quantidade que um cliente compra, sendo que geralmente são outras empre-
sas (varejo) que compram esses produtos de empresa distribuidora. Exemplo:
empresas distribuidoras de equipamentos eletrônicos.
• Empresa Industrial: empresa que fabrica produtos com o uso de insumos
de entrada, bens de capital e de produção. Exemplo: empresas produtoras de
microprocessadores como a Intel.
• Empresa Mista: são empresas que contém vários negócios dos apresen-
tados acima.
Retroação do cliente
110 • capítulo 3
negócios chamamos isso de incorporação da cadeia produtiva ou verticali-
zação dos negócios pois incorporou vários “elos” da cadeia produtiva num
único negócio. Isso porque tradicionalmente, o que vemos são empresas
que seguem o estilo clássico de cadeia produtiva, a horizontalização, que se
baseia na ideia de uma empresa “produzir” e fornecer apenas uma ativida-
de, passando para a outra empresa a atividade seguinte, como exemplifica
a figura a seguir:
Fluxo de materiais
Fluxo de informações
REFLEXÃO
Este conteúdo que estamos vendo agora, serve apenas para ilustrar de forma genérica o
ambiente empresarial e de negócios pois nosso intuito aqui não é apresentar todas as carac-
terísticas organizacionais (comportamentais, mercadológicas, financeiras, estruturais etc.),
mas sim falar o básico delas para fazer sentido quanto ao assunto negócios e oportunidades
de negócios.
capítulo 3 • 111
3.3 As oportunidades de negócio
Vamos refletir um pouco antes de entrarmos no assunto.
REFLEXÃO
Uma ideia de algo novo e único, sem concorrentes e sem precedentes no mercado é garantia
de um bom empreendimento, de sucesso de negócio?
112 • capítulo 3
3.4 Diferenciando Ideias de Oportunidades
Talvez um dos maiores mitos a respeito de novas ideias de negócios é que elas
devam ser únicas. O fato de uma ideia ser ou não única não importa. O que
importa é como o empreendedor utiliza sua ideia, inédita ou não, de forma a
transformá-la em um produto ou serviço que faça sua empresa crescer. As opor-
tunidades é que geralmente são únicas. Ideias revolucionárias são raras, produ-
tos únicos não existem e concorrentes com certeza existirão.
É importante que o empreendedor teste sua ideia ou conceito de negócio
junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes (conselhei-
ros), amigos próximos, antes que a paixão pela ideia cegue sua visão analíti-
ca do negócio. Uma ideia sozinha não vale nada. Em empreendedorismo, elas
surgem diariamente. O que importa é saber desenvolvê-las, implementá-las e
construir um negócio de sucesso.
O que conta não é ser o primeiro a pensar e ter uma ideia revolucionária,
mas sim o primeiro a identificar uma necessidade de mercado e saber como
atendê-la, antes que outros o façam.
Aqui estão algumas perguntas que devem ser feitas:
a) Quais são os clientes que comprarão o produto ou o serviço de sua
empresa?
b) Qual o tamanho atual do mercado em Reais e em número de clientes?
c) O mercado está em crescimento, estável ou estagnando?
d) Quem atende esses clientes atualmente, ou seja, quem são os seus
concorrentes?
Você deve responder a essas perguntas para ter uma oportunidade e não
uma ideia.
Outro fator que deve ser considerado é o timing da ideia (momento em que a
ideia foi gerada). Essa ideia está de acordo com o cenário evolutivo do mercado?
Um dos fatos que ocorrem com grande frequência é o candidato a empre-
endedor ter uma ideia brilhante dirigida a um mercado que ele conhece muito
pouco, um ramo no qual nunca atuou profissionalmente. As chances de suces-
so nesses casos são mínimas. Procure criar negócios em áreas que você conhe-
ce, em que já tem alguma experiência, já trabalhou, ou tem sócios que já traba-
lharam no ramo. Não arrisque tudo em negócios cuja dinâmica do mercado e
forma operacional de tocar a empresa você desconhece. Só porque simpatiza
com o assunto, ou porque é uma área na qual poderá fazer dinheiro, não lhe
garante sucesso nem prosperidade.
capítulo 3 • 113
3.5 Como ter uma boa ideia
CURIOSIDADE
De onde vem as boas ideias – por Steven Johnson
Há anos venho investigando a questão sobre de onde vêm as boas ideias. Acho que é um
problema pelo qual todo mundo está intrinsecamente interessado, queremos ser mais cria-
tivos, queremos ter ideias melhores, queremos que as nossas organizações sejam mais ino-
vadoras. Observei esse problema sobre a perspectiva do meio em que vivemos, quais são os
espaços que fizeram história ao gerar níveis extraordinários de criatividade e inovação?
Eu descobri que em todos esses sistemas, existem padrões recorrentes com os quais
nos deparamos repetidas vezes e que são cruciais para criar meios que são extraordinaria-
mente inovadores, batizei um desses padrões de palpite lento, ou seja, as ideias revolucio-
nárias quase nunca surgem num momento de grande perspicácia, em um surto repentino
de inspiração, as ideias mais importantes levam muito tempo para evoluir e passam um bom
tempo dormentes, hibernadas. Só quando as ideias completam dois, três anos, às vezes dez
ou 20 anos amadurecendo, é que se tornam exitosas e úteis de uma certa maneira.
Isso ocorre em parte porque as boas ideias normalmente surgem da colisão entre dois
palpites menores que formam, portanto, algo maior que eles próprios. É comum observar na
114 • capítulo 3
história da inovação casos de alguém que tem metade de uma ideia. A grande história da
invenção da internet e Tim Berners-Lee, ele trabalhou dez anos nesse projeto, mas no inicio
ele não tinha uma visão completa do novo meio que acabaria inventando. Ele começou a
trabalhar num projeto secundário que lhe ajudasse a organizar os próprios dados, mas aca-
bou descartando o projeto depois de alguns anos e começou a trabalhar em outra coisa. Só
depois de dez anos surgiu à visão completa da internet.
É assim com muito mais frequência do que imaginamos que as ideias surgem. Elas preci-
sam de um tempo de incubação e passam um bom tempo nessa forma de palpite parcial. Ou-
tra coisa importante ao considerarmos as ideias dessa maneira é que quando elas ganham
formas nesse estado de palpite precisam colidir com outros palpites, geralmente aquilo que
transformam um palpite em algo extraordinário é outro palpite que andou povoando a mente
de outra pessoa. Temos que pensar em formas de criar sistemas que permitam que esses
palpites se unam e se tornem algo maior do que quando eram partes independentes.
Por exemplo, é por isso que os cafés durante o Iluminismo e os salões parisienses do Mo-
dernismo eram motores de criatividade, pois eles criavam um espaço onde as ideias pudes-
sem se misturar, se combinar e gerar novas formas. Ao observar a problemática da inovação
sobre essa perspectiva é possível esclarecer de maneira importante o debate recente sobre
o que a internet tem causado ao nosso cérebro. Estamos ficando desgastados com o estilo
de vida multifuncional e conectado 24 horas? Por exemplo, será que isso levará a ideias
menos sofisticadas a medida que nos afastamos do estado da leitura que é contemplativo,
mais lento e mais profundo?
É obvio que eu adoro ler, mas eu acho que é importante lembrar que o grande propulsor
da inovação cientifica e da inovação tecnológica sempre foi o aumento histórico na conecti-
vidade e na nossa capacidade e buscar outras pessoas com quem possamos trocar ideias e
pegar emprestado palpites alheios, combiná-los com nossos próprios palpites e transformá
-los em algo novo. Na minha opinião, isso tem sido mais do que tudo, o motor primordial da
criatividade e da inovação nos últimos 600 ou 700 anos.
Pois é, é verdade que estamos mais distraídos, mas ocorreu algo milagroso e mara-
vilhoso nos últimos 15 anos, temos tantas novas formas de nos conectar e tantas novas
formas de buscar e encontrar novas pessoas que possuem aquela peça que faltava pra
completar a ideia com que estávamos trabalhando, ou de nos deparar por acaso com
alguma informação nova e incrível que podemos usar para desenvolver ou melhorar as
nossas próprias ideias.
É essa a verdadeira lição sobre de onde vêm as boas ideias: o acaso favorece a
mente conectada.
capítulo 3 • 115
Steven Johnson, citado como um dos mais influentes pensadores do ciberespaço pelos
periódicos Newsweek, New York Magazine e Websight. Editor-chefe e co-fundador da Feed,
premiada revista cultural online. Johnson graduou-se em Semiótica pela Brown University
e em Literatura Inglesa pela Columbia University. Autor dos livros: Cultura da Interface, De
cabeça aberta, Emergência, dentro outros.
Disponível em: http://tradstar.info/blog/de-onde-vem-boas-ideias/
Assista ao seu vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=BtgnozUgc58
Para Steven Johnson, um dos problemas das empresas é que elas divi-
dem as pessoas em zonas separadas, dificultando esses ambientes propícios
para a imaginação coletiva e a troca de ideias isoladas. Isso porque as pes-
soas do marketing estão agrupadas em uma área, os engenheiros em outra,
os caras do financeiro em outra e por aí vai. Na prática, o pensamento real-
mente inovador geralmente acontece quando as ideias cruzam fronteiras, se
tornam multidisciplinares. Saindo de seu domínio, pode acontecer de elas
terem aplicações novas e interessantes. As empresas precisam trabalhar para
criar esses ambientes que se assemelham ao espaço do cafezinho, onde co-
nexões informais podem acontecer entre pessoas que lidam com diferentes
problemas e visões distintas deles, e é esta conexão multilateral que nascem
as ideias inovadoras.
Então a fonte de criatividade vem de informações das mais diversas fontes e
mídias e também da experiência de vida de cada um e da capacidade de trans-
formar essas informações em uma oportunidade de negócio.
Também podemos incentivar o nosso cérebro a produzir coisas criativas e
assim estimulá-lo a ter ideias boas, que trabalhadas podem se transformar em
oportunidades de negócio.
Num ambiente corporativo, Dornelas (2005) aponta o brainstorming
como uma dessas técnicas, mas ainda podemos citar o writestorming, gráfi-
co de espinha de peixe e técnica de Pareto (para a identificação da verdadei-
ra causa de problemas e nessas causas identificar possíveis soluções para
problemas, ideias inovadoras para mudar algum processo ou oportunida-
des de negócio).
116 • capítulo 3
O Brainstorming é uma técnica de criatividade em grupo a qual
contribui para que uma determinada solução para um determi-
nado problema seja encontrada por meio da análise de uma
lista de soluções proposta pelos membros deste grupo de ma-
BRAINSTORM neira espontânea.
Quer saber um pouco mais sobre Brainstorming?
Então acesse os links abaixo: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Brainstorming e http://www.rh.com.br/Portal/Criatividade/Di-
cas/7279/10-vantagens-do-brainstorming-.html
3.6.1 Varejo
O varejo é a área com a qual nós temos mais familiaridade, certo?! Lógico que
sim, por que praticamente crescemos no varejo assistindo negociações de com-
pra e venda. Os varejistas são os empreendedores que retiram os produtos de
uma fábrica ou de um grande fornecedor e os entregam aos consumidores fi-
nais, satisfazendo uma necessidade desse consumidor.
Para abrir um varejo normalmente o investimento é baixo e é necessário,
basicamente:
Na verdade, para se ter uma “boa localização” nem sempre é necessário ter
um espaço físico, podemos encontrar no mercado varejistas sem espaço físico
e Chiavenato(2007) chama-os de e os classifica da seguinte forma:
capítulo 3 • 117
• empresas de vendas direta: representante de vendas alcançam os consumi-
dores finais diretamente em suas casas, assim como faz a Natura ou a Avon. Em TI
é pouco comum encontrarmos esse tipo de empresa de varejo. Mas temos várias
empresas de TI que fazem quase isso, como, por exemplo, a Dell que faz a venda
direta ao consumidor sem local físico de venda utilizando para isso a Internet.
• empresas de vendas por mala-direta: utilizam material gráfico ou email
para enviar catálogos para os seus clientes que podem efetuar a compra por fax,
telefone ou até mesmo internet;
• empresas com máquinas distribuídas em locais públicos: pontos de ven-
das automáticos instalados em vários locais por meio dos quais o consumidor
pode efetuar a sua compra.
• vendedores ambulantes: vendedores que se colocam em áreas com gran-
de circulação de pessoas.
3.6.2 Manufatura
3.6.3 Atacado
118 • capítulo 3
3.6.4 Serviço
capítulo 3 • 119
• Derivação da ocupação atual: quase todos nós temos aquela impressão se
a empresa em que trabalhamos fosse nossa faríamos de um jeito muito melhor.
Então, ai esta uma oportunidade, ou seja, transformar a sua posição atual de
empregado para empreendedor na área em que a sua empresa atual trabalha
ou que seja da sua formação.
• Procura de outras aplicações: utilizar soluções conhecidas para proble-
mas conhecidos em problemas novos.
• Exploração de hobbies: quase todas as pessoas têm algum hobbie. Se você
tem um, com certeza outras pessoas na sua cidade, estado ou país também o
terão. Então, transformar esse hobbie em produto ou serviço de uma empresa
pode ser uma oportunidade de negócio.
• Lançamento de moda: perceber uma tendência e lançar moda pode ser
uma oportunidade de negócio.
• Imitação do sucesso alheio: uma forma pouco arriscada de se empreen-
der, uma vez que você já tem um sucesso de exemplo. Na área de informática,
vimos um exemplo de comércio de um produto genérico ao original, a venda de
HiPhone, que é uma imitação chinesa do produto original, o IPhone.
120 • capítulo 3
Reconhecimento da Oportunidade Estimulada Externamente
Refinamento da oportunidade
Identificação do
Decisão de Oportunidade Escolha da Conceito do Negócios
Começar Reconhecida Oportunidade
Refinamento da oportunidade
Reconhecimento Necessidade Oportunidade de
da necessidade Realizada Negócio reconhecida
capítulo 3 • 121
Os empreendedores precisarão aprender a praticar a inovação sistemática, por
meio do monitoramento das sete fontes para uma oportunidade inovadora:
I. O inesperado – o sucesso inesperado, o fracasso inesperado, o evento
externo inesperado;
II. A incongruência – entre a realidade como ela é de fato, e a realidade
como se presume ser ou como deveria ser;
III. A inovação baseada na necessidade do processo
IV. Mudanças na estrutura do setor industrial ou na estrutura do mercado
que apanham a todos desprevenidos;
V. Mudanças demográficas (mudanças populacionais);
VI. Mudanças em percepção, disposição e significado;
VII. Conhecimento novo, tanto cientifico como não cientifico.
As quatro primeiras fontes de oportunidade empreendedora encontram-se
dentro da instituição e são indicadas por sintomas, ou seja, por indicadores de
mudanças que já ocorreram ou que podem vir a ocorrer, desde que provoca-
das por meio de um leve esforço, As outras três fontes de oportunidades ino-
vadoras envolvem as mudanças que ocorrem fora da empresa ou de seu setor.
(DRUCKER, 2003).
CURIOSIDADE
(trecho do artigo)
122 • capítulo 3
A inovação é a utilização de novos conhecimentos para oferecer um novo produto ou ser-
viço que os clientes querem. É invenção mais comercialização. O novo conhecimento pode
ser tecnológico ou relacionado ao mercado. O conhecimento tecnológico é o conhecimento
dos componentes, ligações entre componentes, métodos, processos e técnicas que entram
em um produto ou serviço. Conhecimento do mercado é o conhecimento dos canais de dis-
tribuição, aplicações de produtos e as expectativas dos clientes, preferências, necessidades
e desejos (AFUAH, 1998).
Basadur e Gelade (2006) entendem que a inovação em processos demanda aprendi-
zado de novas rotinas e atividades, além disso, exige que os sujeitos envolvidos consigam
absorver os conhecimentos resultantes de posteriores implementações a processos antigos.
Ainda para Davenport (1993), inovação de processo combina a adoção de visão de proces-
sos de negócio com a aplicação da inovação a processos chave. O que é novo e distinto
sobre essa combinação tem enorme potencial para ajudar qualquer organização a alcançar
grandes reduções no custo do processo ou tempo, ou grandes melhorias na qualidade, flexi-
bilidade e níveis de serviço.
Um processo é, portanto, uma ordenação específica das atividades de trabalho em todo
tempo e lugar, com começo, fim e, inputs e outputs claramente identificados. Esse elemento
estrutural de processos é fundamental para alcançar os benefícios da inovação de processo,
definido de forma simples, a inovação é, naturalmente, a introdução de algo novo. Presume-
se que o propósito de introduzir algo novo em um processo é trazer uma mudança radical.
Inovação de processo combina estrutura para fazer um trabalho orientado para resultados
visíveis (DAVENPORT, 1993).
Trecho retirado do artigo no link: http://e-revista.unioeste.br/index.php/csaemrevista/article/
download/9402/7653.
capítulo 3 • 123
Obviamente, uma avaliação detalhada da oportunidade em questão será re-
alizada no plano de negócios. Contudo, é bem melhor se de antemão fizermos
uma avaliação prévia da oportunidade, evitando gastar tempo desnecessário na
elaboração de um plano de negócios de uma oportunidade que não seja real-
mente boa.
Acontece que essa análise é bastante subjetiva e depende de alguns conhe-
cimentos específicos do empreendedor. Mas, vale a pena tentarmos fazer essa
análise inicial na oportunidade em questão, que, segundo Dornelas (2005),
consiste em analisá-la respondendo às seguintes questões:
Mercado
124 • capítulo 3
estratégia acertada pode colocar a empresa rapidamente à frente dos demais
competidores, com seus produtos e serviços sendo preferidos pelos clientes.
Deve-se atentar ainda para a estrutura desse mercado, mais especificamen-
te para as seguintes características: o número de competidores; o alcance (capi-
laridade) dos canais de distribuição desses mesmos competidores; os tipos de
produtos e serviços que se encontram no mercado; o potencial de compradores
(número de clientes potenciais e quanto consomem, com que periodicidade,
onde costumam comprar, quando e como); as políticas de preços dos concor-
rentes etc.
Análise econômica
É importante que se faça uma criteriosa análise das reais possibilidades de re-
torno econômico do empreendimento, pois não adianta simplesmente ser lí-
der de mercado se o retorno financeiro não compensar o esforço empreendido.
Às vezes, é preferível ser segundo ou terceiro em outro mercado que lhe traga
mais compensação financeira, que ser líder em um mercado com estrutura
cara, altos custos de manutenção e pequenos lucros.
Normalmente, quando se analisa o retorno financeiro sobre o investimen-
to, devem-se tomar algumas referências comparativas para se chegar à conclu-
são de implementar ou não o negócio. Nesses casos, toma-se como referência
o mercado financeiro, onde atualmente podem-se obter retornos sem muito
risco, da ordem de 15% a 25% anuais tranquilamente no Brasil. Aí, a decisão de
investir em negócios que proporcionam retornos menores fica prejudicada, o
que não significa dizer que o mercado sob análise é decadente. Talvez o empre-
endedor tenha que rever a estrutura da empresa e seus custos, otimizar seus
processos produtivos, as projeções de vendas, entre outros.
Deve ser igualmente analisado o lucro final do empreendimento. Muitos ne-
gócios são criados em mercados de alta competitividade e até proporcionam re-
ceitas consideráveis no final do mês, o que geralmente não significa altos lucros.
Deve-se ainda considerar o montante de dinheiro necessário para se iniciar
o negócio, ou seja, o investimento inicial. O fluxo de caixa positivo só ocorre-
rá quando a empresa retomar o investimento inicial e estiver andando com as
"próprias pernas", ou seja quando a empresa puder evoluir sem a necessidade
de reinvestimentos externos maciços. A quantidade de investimento inicial pode
capítulo 3 • 125
determinar se o empreendedor tem condições de começar o negócio ou não. Um
negócio de alta tecnologia geralmente demanda altos investimentos iniciais para
a compra de equipamentos sofisticados e matéria-prima, geralmente importada,
bem como para a contratação de profissionais especialistas, que devem ser bem
remunerados. Nesses casos, a figura do capitalista de risco é importante, já que
o empreendedor normalmente não possui os recursos financeiros necessários
para iniciar o negócio. Em contrapartida, as possibilidades de altos lucros e rápi-
do retorno do investimento são grandes, assim como os riscos envolvidos.
A decisão de investir muito dinheiro em negócios que proporcionam pouco
retorno e demoram alguns anos para recuperar o investimento inicial pode ser
considerada uma decisão errada. Porém, o caso das franquias de restaurantes
são bons exemplos que negam a regra. O potencial de retorno de uma unidade
isoladamente é limitado ao espaço físico disponível, ao fluxo de pessoas que pas-
sam pelo restaurante diariamente e à concorrência da vizinhança. No entanto,
quando se criam franquias do restaurante inicial, as possibilidades são ilimita-
das. Em qualquer negócio, quando se usa a criatividade, pode-se obter um gran-
de negócio, sempre com possibilidades de crescimento e retornos consideráveis.
Vantagens competitivas
126 • capítulo 3
responsável por mais de 50% do mercado. Nesses casos, os demais competido-
res tendem a ser mais criativos e inovadores que a líder, pois buscam alternati-
vas para conquistar mais uma fatia do mercado.
As barreiras de entrada para novos competidores e até para os competidores
atuais constituem uma grande vantagem competitiva que a empresa deve saber
aproveitar. Uma regulamentação governamental, uma concessão, um contrato
de longo prazo com um grande comprador, acordos com fornecedores e dis-
tribuidores, são exemplos de barreiras de entrada que deixam a empresa em
situação cômoda perante a concorrência, pois está protegida dos competido-
res. Uma patente de um produto de alta tecnologia também é outro exemplo,
pois os concorrentes ou desenvolvem um produto melhor, com base em outra
tecnologia, o que não é simples, ou pagam royalties ao detentor da patente.
Equipe gerencial
Critérios pessoais
capítulo 3 • 127
3.8.1 Análise SWOT
128 • capítulo 3
custo do seu produto/serviço, a qualidade, a localização da empresa, a união da
equipe de trabalho, o tipo da matéria-prima, a estratégia de distribuição, entre
outros. Saber identificar os pontos fortes é fundamental, afinal, você precisa
vender aquilo que faz e oferece de melhor e transformá-lo no seu maior aliado.
2. Lembre-se das fraquezas
As fraquezas são os pontos mais vulneráveis da empresa em relação aos concor-
rentes. É importante identificá-las, pois só assim será possível melhorá-las e elimi-
ná-las do negócio. Porém, como faz parte do ambiente interno, essas deficiências
só podem ser resolvidas pela própria instituição. Algumas perguntas ajudam iden-
tificar e definir fraquezas: “O que o concorrente oferta ou produz melhor do que
minha empresa?”, “O que ele faz para obter melhores resultados que eu não faço?”,
“O que eu posso fazer para aumentar o custo/benefício do meu produto?”
Não tenha medo de perguntar aos funcionários da base da pirâmide, possi-
velmente a resposta estará dentro de casa.
3. Aproveite as oportunidades
São elas que o mercado oferece para o crescimento e fortalecimento da em-
presa. O ditado já diz: “Quando a porta da oportunidade se abre, não podemos
deixar fechá-la”. As oportunidades são situações externas e que independem da
empresa para acontecer. Por isso, é importante sensibilidade e precisão para
identificar e aproveitar quando surgirem. Pode ser o acesso a uma nova tecno-
logia, o aparecimento de um nicho de mercado que ainda não foi explorado ou
uma lei que favoreça a sua produção, por exemplo.
4. Proteja-se das ameaças
No grupo dos fatores externos, as ameaças representam todos fatores que
podem atrapalhar, prejudicar e oferecer risco à sua empresa. É preciso muita
atenção para conseguir identificá-las o quanto antes, por mais que seja uma
ação externa, só assim é possível coibir, dentro do possível, as consequências
que podem gerar à empresa. Pode ser a falta de qualificação dos funcionários,
a entrada de uma concorrente internacional no mercado, um método de pro-
dução pouco proveitoso em relação aos concorrentes, falta de mão de obra, etc.
Importante destacar que a análise SWOT depende da habilidade e atenção de
quem a executa. O que parece ameaça para uma pessoa, pode ser uma oportu-
nidade para outra. É a percepção e o tato da pessoa, ambição e coragem que
determinarão como usá-la a favor da sua empresa.
capítulo 3 • 129
3.9 Fontes de Novas Ideias
Muitas pessoas se queixam da falta de criatividade e que nunca têm boas ideias,
que trabalham muito e não são reconhecidas, acomodando-se e aceitando esse
fato como normal. Os empreendedores de sucesso são diferentes: estão sempre
atrás de novas ideias de negócio e de verdadeiras oportunidades de mercado, fi-
cando atentos a tudo que ocorre à sua volta. São curiosos e questionadores, não
aceitando a primeira explicação dada para os fatos ocorridos. Será que por isso
são criativos e identificam mais oportunidades que as demais pessoas? Ou será
que é fato de sempre estarem em busca de novas oportunidades que os levam
ao encontro das mesmas?
Na verdade, existe um pouco de cada coisa. Novas ideias surgem quando a
mente da pessoa está aberta para que isso ocorra, ou seja, quando está prepara-
da para experiências novas. Assim, qualquer fonte de informação pode ser um
ponto de partida para novas ideias e identificação de oportunidades de merca-
do (DORNELAS, 2005).
Informação é a base de toda nova ideia! Estar bem informado e buscar isso é
o dever de qualquer empreendedor. Atualmente, a informação está ao alcance
de qualquer pessoa, em diversas formas e veículos diferentes: televisão, rádio,
revistas, jornais, livros, internet, outras pessoas, a própria empresa, seus par-
ceiros de negócios (fornecedores, clientes, entidades de classe, governo, etc.).
Só não se informa quem não quer.
Para Dornelas (2005) o mais difícil neste processo informacional é saber fil-
trar tudo que chega a nós. Filtrar a informação que de fato gerará valor e terá
suas contribuições para nosso amadurecimento profissional.
Enfim, para Dornelas (2005), o empreendedor deve estar atento a tudo e
a todos a sua volta para estimular sua criatividade e gerar novas ideias. Fique
atento a esteja atento. A relação de possibilidades a seguir pode dar um norte:
130 • capítulo 3
• Revistas de negócios;
• Universidades e institutos de pesquisas; feiras e exposições;
• Empregos anteriores: grande número de negócios são iniciados por pro-
dutos ou serviços baseados em tecnologia e ideias desenvolvidas por empreen-
dedores enquanto eles eram empregados de outros;
• Contatos com compradores de grandes empresas: eles ajudam a identi-
ficar imperfeições e inconsistências em produtos e serviços, indicar quais são
adquiridos fora e podem ser oferecidos ou produzidos localmente;
• Contatos profissionais: advogados de patentes, contadores, bancos, asso-
ciações de empreendedores;
• Consultoria: prestar serviços a empresas pode ser uma fonte de ideias;
• Observação do que se passa em volta, nas ruas;
• Ideias que deram certo em outros lugares;
• Experiência própria como consumidor ou usuário de serviços;
• Mudanças demográficas, sociais e nas circunstâncias de mercado;
• Caos econômico, crises, atrasos (quando há estabilidade, as oportunida-
des são mais raras);
• Uso das capacidades e habilidades pessoais;
• Imitação;
• Dar vida a uma visão;
• Transformar um problema em oportunidade;
• "descobrir" algo que já existe: melhorar, acrescentar algo novo na idéia
já existente;
• Combinar de uma forma nova;
• Tendências do ambiente.
capítulo 3 • 131
LEITURA
Descubra Se Sua Ideia É Uma Oportunidade
Por José Dornelas 2013
Em empreendedorismo, ideias surgem a todo o momento. Mas o que importa de fato é a
oportunidade. Como saber se uma ideia pode ser uma oportunidade é a primeira tarefa a qual
todo empreendedor interessado em criar uma nova empresa deveria se envolver com afinco.
Mas, para isso, o empreendedor precisa conhecer métodos que o auxiliem na resolução
da tarefa. O método mais indicado para a maioria dos negócios é o conhecido como 3M, ou
Modelo de Timmons. Para entender o modelo 3M, o empreendedor precisa ter em mente que
qualquer oportunidade deve ser analisada, pelo menos, sob os seguintes aspectos:
Note que as cinco perguntas abordam questões chave de um negócio: mercado, viabili-
dade econômica, diferencial competitivo (estratégia), equipe empreendedora ("o empreen-
dedor não é uma ilha").
E, talvez a mais importante, você está realmente 100% comprometido e com a vontade
necessária para transformar esta oportunidade em negócio?
Essas perguntas formam a base do check-list que compõe o 3M, apresentado a seguir,
na forma de um roteiro. Os 3Ms são definidos como "Demanda de Mercado", "Tamanho e
Estrutura do Mercado" e "Análise de Margem".
Ao analisar o primeiro "M", Demanda de Mercado, o empreendedor deve procurar res-
ponder às seguintes questões:
Qual é a audiência-alvo? Qual a durabilidade do produto/serviço no mercado? Os clientes
estão acessíveis? Como os clientes veem o relacionamento com a sua empresa? O potencial de
crescimento deste mercado é alto? O custo de captação do cliente é recuperável no curto prazo?
O segundo "M", Tamanho e Estrutura do Mercado, está relacionado a outras questões
críticas, aqui listadas: O mercado está crescendo, é emergente, é fragmentado? Existem
barreiras proprietárias de entrada, ou excessivos custos de saída? Você tem estratégias para
transpor estas barreiras? Quantos competidores/empresas-chave estão no mercado?
Eles controlam a propriedade intelectual? Em que estágio do ciclo de vida está o pro-
132 • capítulo 3
duto? Qual é o tamanho do mercado (em reais) e o potencial para se conseguir uma boa
participação de mercado? Como é a cadeia de valor do setor? Quais são as tendências e que
eventos influenciam os cenários para o futuro do setor onde está sua empresa?
Finalmente, ao "M" de Análise de Margem aplicam-se as seguintes questões: Quais são
as forças do seu negócio? Qual a margem de lucro típica de uma empresa desse setor?
Quais os custos típicos de uma empresa desse setor? Qual o investimento inicial mínimo?
Qual a previsão de prazo para retorno do investimento inicial nesse setor?
Os 3Ms são abrangentes e envolvem questões críticas que, se respondidas e bem en-
tendidas, com certeza serão úteis na avaliação e seleção das melhores oportunidades para
serem desenvolvidas e capitalizadas pelo empreendedor.
Texto retirado do endereço: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/colunistas/jose-
dornelas/2013/11/25/descubra-se-sua-ideia-e-uma-oportunidade.htm, em mai/2015
Leia também o texto a seguir, extraído do livro de Dornelas (2005) que fala
sobre as oportunidades e os eventos ocorridos no universo das ponto.com.
LEITURA
Simples Nacional – Legislação Para Pequenas E Édias Empresas
A Lei Geral das Micros e Pequenas Empresas (para empresas com faturamento bruto até
R$ 240.000,00 anuais), aprovada pela Câmara Federal, em 22 de novembro de 2006, tem
por objetivo atender antigas reivindicações do setor: eliminar a burocracia para a abertura de
empresas e a simplificação no pagamento de tributos. Considerando os trâmites para se abrir
uma micro e pequena empresas (MPE), a nova lei estipula que a empresa pode dar início às
suas atividades assim que conseguir o CNPJ, sem precisar esperar a aprovação dos órgãos
competentes, que hoje são 10 e que envolvem 90 documentos.
Uma abertura de empresa que demorava, em média, de 30 a 60 dias (ou 150 dias, para
os casos mais complexos) passou a ser de mais ou menos duas semanas, a partir de 1º de
janeiro de 2007, quando a lei entrou em vigor. Outro ponto importante é a participação da
MPE em Licitação Pública, comum em vários países, onde é usado, como critério de desem-
pate, a preferência por uma MPE. Outro destaque é o incentivo à tecnologia, pois 20% dos
recursos dos órgãos governamentais, aplicados em tecnologia, são destinados à MPE. A
Nova Lei Geral da MPE ficou também conhecida como “Super Simples”, pois cria o Simples
Nacional (um novo processo de recolhimento de tributos, que reúne oito impostos, a serem
pagos num único documento).
capítulo 3 • 133
No Brasil existem duas formas de constituição jurídica de uma empresa: o empresário
(um único proprietário) e a sociedade empresária (associação de duas ou mais pessoas). As
sociedades empresariais mais comuns, no Brasil, são: em nome coletivo, as limitadas e as
sociedades anônimas.
Fonte: webAula
LEITURA
Identificando Oportunidades No Universo Das Ponto.com
No período compreendido entre 11 de março de 2000 a 9 de outubro de 2002 o índice
Nasdaq perdeu 78% de seu valor, um recorde na história. O número de IPOs (Initial Public
Offering – Oferta Pública de Ações) declinou de 457 em 1999 para 76 em 2001. A valori-
zação excessiva das empresas ponto.com no mercado norte-americano e, por consequência,
nos demais mercados mundiais mostrou-se insustentável e a bolha estourou.
Muitas empresas baseadas na internet começaram a falir tanto nos Estados Unidos como
na Europa, e também no Brasil. E os oportunistas, denominados erroneamente de empreen-
dedores, começaram a ter desafios verdadeiros, ou seja, tiveram de justificar os investimentos
maciços recebidos e a ausência de receita dessas empresas. A maioria não conseguiu e suas
empresas fecharam as portas ou foram adquiridas por outras (Dornelas, 2002).
De certa forma, essa fase inicial foi boa, pois mostrou que qualquer negócio, por mais
promissor que pareça o mercado onde se insere, deve ser criado de forma planejada, con-
sistente, com crescimento adequado e, principalmente, com empreendedores apaixonados
pelo que fazem, interessados em criar um negócio viável, autossustentável, e não apenas
uma marca veiculada em forma de site na internet. As oportunidades continuam existindo
como nunca na rede mundial de computadores, mas devem ser analisadas de forma crite-
riosa como qualquer outra oportunidade de negócio. Os empreendedores interessados em
ingressar nesse ramo de negócio, jovens ou não, devem ter em mente que só o trabalho
árduo e competente lhes trará a recompensa financeira e pessoal, criando uma ponto.com
da qual possam se orgulhar, gerando empregos, novas formas de fazer negócio, inovando e
promovendo o crescimento do país, sem especulação.
134 • capítulo 3
rentes das utilizadas na chamada “Velha Economia” foram criadas. Mas a maioria percebeu
que custos, receitas e lucro ainda continuam sendo as principais métricas de um negócio,
on-line ou tradicional.
Um modelo de negócio basicamente descreve como a empresa gerará receita e quais
os custos e investimento necessários para tal. Tendo em vista o baixo custo de criar um site
na Internet, o surgimento de inúmeros modelos de negócios se tornou inevitável. Não serão
apresentados aqui todos os modelos, pois são muito diversificados. Foram selecionados ape-
nas os mais observados na internet e que têm se consolidado nos últimos anos. São eles:
1. Intermediação de Negócios
2. Comercialização de Propaganda
3. Mercado Virtual
4. Empresarial
5. Comunidades
Dentro de cada categoria de modelo de negócio, foram analisados alguns sites com
características semelhantes que podem representar os modelos citados. Há sites que se
utilizam mais de um dos modelos. Nos Estados Unidos, muitas empresas patentearam seus
modelos de negócios que, apesar de não serem realmente inéditos, mereceram patentes
porque foram aplicados num domínio diferente, a Internet.
Intermediação de Negócios
Este modelo objetiva aproximar compradores e vendedores. As aproximações podem ser feitas
principalmente entre empresas, conhecidas como business-to-business (B2B), entre empresas
e consumidores finais, business-to-consumer (B2C), ou entre pessoas, consumer-to-consumer
(C2C), a principal fonte de receita é a cobrança de parte do valor das transações efetuadas.
Vale à pena lembrar que muitos sites, em virtude da estratégia de penetração adotada, isto
é, de conseguir o maior número de clientes no menor prazo possível, deixaram de cobrar taxa
transacional num primeiro momento, passando a ter como principal fonte de receita a venda de
propaganda e de patrocínio. Este tipo de estratégia foi bastante utilizado na época em que os
investidores ainda não compreendiam o funcionamento da nova mídia Internet e estavam apos-
tando suas fichas em sites com grande audiência. O problema é que a maioria dos sites utilizou
a mesma estratégia e devido ao alto volume de propaganda necessária para atrair usuários ao
site e, consequentemente, ao alto investimento necessário, sem possibilidade de receita clara e
comprovada, os investidores fugiram deste tipo de modelo de negócios.
capítulo 3 • 135
O modelo de intermediação de negócio deve ter bem definido o formato de cobrança e
em quais transações serão efetuadas as cobranças. Para maior entendimento, este modelo
será subdividido em:
a) Portais verticais B2B
Um conceito que se iniciou a partir do site VerticalNet. Nesse modelo, a empresa cria um am-
biente que atrai compradores e vendedores de um segmento específico. Além de propiciar
um ambiente de comercialização entre empresas. Os portais verticais possuem conteúdos
específicos, tais como guia de compras, diretório de produtos e fornecedores, notícias do
segmento, artigos específicos, classificados, comunidade de profissionais etc. Este modelo
também pode oferecer aos seus participantes mecanismos avançados de compra e venda,
tais como leilão convencional e reverso.
b) Compra coletiva
Modelo de negócios que tem como principal objetivo unir compradores, pessoas físicas ou
jurídicas, e então organizar um pedido com alto volume, permitindo que empresas ou pessoas
passem a ter poder de negociação de grandes compradores. Normalmente, o intermediador
fica com parte do valor transacionado.
c) Distribuidor
Baseia-se na criação e no gerenciamento de catálogos de produtos de grandes fornecedo-
res, disponibilizados para revendedores de todos os portes. Geralmente este modelo funcio-
na para transações entre empresas, o conhecido B2B. O beneficio para os fornecedores é
obtido pela facilidade e pela rapidez da divulgação de seus produtos e da automatização do
processo de compras, o que reduz custos. Para o revendedor, o beneficio advém da facilidade
de comparação de preços e produtos, como também da possibilidade de verificar disponibi-
lidade e produtos substitutos.
d) Shopping virtual
Um site que hospeda ou reúne varias empresas que já realizam comércio na Internet. Este
modelo tem como principais fontes de receita: a cobrança de uma taxa da loja e de uma
quantia de manutenção, no caso de a loja ser criada pelo shopping; a cobrança de hospeda-
gem de lojas construídas por outras empresas, com venda de propaganda; e, finalmente, a
cobrança de taxa transacional. Existem alguns shoppings virtuais que cobram por tipo de ser-
viço que o lojista deseja utilizar, tais como: acompanhamento de pedido, milhagem, cobrança,
ou propaganda (por exemplo, Shopping UOL).
136 • capítulo 3
e) Sites de comparação
Meta-sites – mais um dos vários nomes criados para a nova geração de negócios via web.
Este modelo é baseado em ferramentas inteligentes especializadas em coletar e comparar
preços de produtos e serviços. Estes mecanismos podem se basear em buscas simultâneas
on-line ou em bancos de dados atualizados frequentemente (por exemplo, BuscaPé). Outros
exemplos: Bondfaro (adquirido pelo BuscaPé em 2006).
f) Leilão
Um site que automatiza e conduz processos de leilão para vendedores (pessoa física ou
jurídica). O site cobra uma taxa de sucesso do vendedor, que geralmente varia com o preço
do produto a ser leiloado. Muitas vezes o site de leilão também cobra por dar maior destaque
a determinado produto. Existem varias regras de leilão, a mais comum, porém, baseia-se na
definição de um preço mínimo para o produto, e a pessoa/empresa que der o maior lance
leva o produto. Alguns sites de leilão estão passando a oferecer serviços de entrega e de
cobrança. O de maior sucesso na internet mundial é o eBay, e no Brasil o Mercado Livre.
g) Leilão reverso
É um modelo bastante interessante em que o comprador diz o que quer comprar e o quanto
quer pagar pelo produto, e o resto fica por conta do site. Isto é, o site envia o pedido a vários
fornecedores e o usuário passa a receber as respostas via e-mail, não precisando gastar o
seu tempo navegando em sites. É um modelo que se baseia na demanda e não na oferta.
Funciona muito bem para encontrar produtos de difícil acesso, como também produtos re-
gionais. Passagens aéreas e hotéis são categorias que funcionam muito bem, uma vez que
esses serviços muitas vezes possuem ociosidade. Outra vantagem é que o usuário escreve o
que quer com as próprias palavras, uma vez que os fornecedores irão responder aos pedidos.
Este tipo de site possui algumas formas de cobrar aos fornecedores – por meio de taxa fixa,
independente do volume de e-mails recebidos, e ainda por um percentual sobre as transa-
ções (por exemplo, Priceline, eWanted).
h) Classificados
Uma lista de itens que estão sendo procurados ou vendidos. Geralmente este tipo de site perten-
ce a alguma empresa de mídia, tais como jornais e revistas, que já possuem conteúdo de classifi-
cados. O site pode cobrar por anúncio ou por transação (por exemplo, Lista on-line, Guia OESP).
i) Sites de permuta
Os usuários deste tipo de site procuram comprar algo, não com dinheiro, mas sim com al-
gum produto que possuem. O site combina todas as possibilidades e coloca em contato os
usuários (geralmente pessoas físicas) que provavelmente terão interesse em trocar seus pro-
dutos. O site geralmente cobra uma taxa de sucesso das duas partes que fazem o negócio.
capítulo 3 • 137
Comercialização de propaganda
Isso geralmente é feito pelos portais horizontais ou especializados. É uma extensão do mo-
delo tradicional de propaganda e foi um dos primeiros modelos a se consolidar na internet. A
mídia, no caso o site, geralmente é rica em conteúdo e serviços, tais como e-mail, horóscopo,
notícias personalizadas, chats (bate-papo) etc.
As mensagens de propagandas são inseridas dentro do conteúdo e dos serviços, geral-
mente no formato de banners, pop-ups, anúncios em palavras-chave. Os anúncios possuem
algumas formas de cobrança – o patrocínio, em que o cliente paga um valor fixo para ter uma
determinada exposição e por tempo determinado, o pageviews, que significa o número de
vezes que o anúncio apareceu na tela, ou ainda pelo número de vezes que o cliente “clicou” na
palavra. Vale à pena lembrar que pageviews não significa quantas pessoas realmente “clica-
ram” no seu banner e nem quantas pessoas o visualizaram, mas quantas vezes ele apareceu.
A maioria desses sites entrega a seus clientes relatórios com todas essas informações.
Geralmente, atrás de grandes sites de conteúdo, existem grandes empresas de comuni-
cação, que já geravam este conteúdo em outras mídias. O fator crítico de sucesso para este
modelo de negócios é a alta visitação do site (portais horizontais), ou a visitação personaliza-
da (portais especializados), o que permite a cobrança de um valor mais elevado para a propa-
ganda. Os sites especializados não costumam chegar à casa de um milhão de visitantes por
mês. Esse fator crítico para muitos investidores, significa um ponto fraco, uma vez que o site
necessita gastar muito dinheiro com propaganda para atrair usuários e muitas vezes a conta
no final do mês fica negativa. As ferramentas de busca também se enquadram neste modelo
de negócio (por exemplo, Google, UOL, Terra, Globo, Yahoo!).
Mercado Virtual
Um dos modelos mais clássicos baseia-se na construção de revendas ou de empresas de
varejo na web, que vendem produtos ou serviços. Vendas são efetuadas em processos auto-
máticos e algumas vezes em leilão. Em alguns casos, essas empresas podem ter sido criadas
exclusivamente no mundo virtual.
a) Empresas puramente virtuais
São empresas que foram criadas a partir da Web, não existem no mundo real. O exemplo
mais clássico é o da empresa Amazon.com, que iniciou suas atividades comercializando livros
e depois passou a comercializar praticamente todo tipo de produto. Essas empresas criaram
um ambiente virtual adequado à nova mídia, mas com o volume de acesso e consequente-
mente de pedidos, passaram a ter que se preocupar com questões comuns aos negócios re-
ais, tais como prazo de entrega, estoque, qualidade do produto. Esse tipo de empresa neces-
sita de muita exposição para criar marca e gerar visitação (por exemplo, Amazon, Submarino).
138 • capítulo 3
b) Brick-and-mortar (tijolo e cimento)
São empresas de varejo que já estão presentes no mundo real e passam a atuar no mundo
virtual. A grande vantagem é que estas empresas já possuem posicionamento, marca e, prin-
cipalmente, clientes. Em geral, as operações são distintas entre a empresa virtual e a real,
mas as campanhas de comunicação costumam ter muita sinergia (por exemplo, Magazine
Luiza, Ponto Frio).
Empresarial
São empresas existentes no mundo real que passam a expor e comercializar seus produtos
na Web. Uma das grandes vantagens deste tipo de modelo é que um pequeno investimen-
to pode reduzir custos ou aumentar vendas, gerando capital para novos investimentos. As
empresas já possuem clientes ativos e bem definidos, o que não exige alto investimento
em marketing. Para empresas fabricantes de produtos, existe uma série de tecnologias que
podem ajudar a empresa a melhorar sua perfomance financeira. Algumas dessas tecnologias
são citadas diariamente na mídia e no meio empresarial: Customer Relationship Manage-
ment, Enterprise Resource Planning, Businness Inteligent, Supply Chain Management, ePro-
curement, eCommerce, Market-place, entre outras.
Um exemplo bastante interessante é o que tem ocorrido com o mercado de educação
e treinamento. Muitas empresas têm criado estruturas virtuais e vendido suas soluções com
preços competitivos se comparados como os cursos e treinamentos presenciais, ou seja,
novos entrantes, novas soluções e novos mercados sendo criados.
Comunidades
Nos últimos anos as comunidades têm se intensificado na internet para vários nichos de
público, estratificados por gênero, idade, hábitos e costumes. Alem de proporcionar um pon-
to de encontro entre pessoas com interesses comuns, acaba possibilitando a realização de
negócios para e pelos membros da comunidade. Trata-se de um modelo de negócios que
tem revolucionado a maneira como as empresas e as pessoas entendem e usam a internet, e
os empreendedores mais antenados com a realidade contemporânea podem criar negócios
rentáveis baseados no modelo de comunidades em curto espaço de tempo. O grande dife-
rencial das comunidades é que as pessoas se sentem livres para opinar, criticar, se expor...,
enfim, colaborar, trazendo a democracia para o ambiente virtual. A Web colaborativa permite
á coletividade construir estruturas aparentemente caóticas que, na verdade, proporcionam
um todo bastante estruturado e gerador de oportunidades em muitos casos (por exemplo,
Facebook, Youtube, Wikipédia, SecondLife, Orkut).
capítulo 3 • 139
Tendências
A Internet nos Estados Unidos começou a chamar a atenção dos investidores em meados
de 1994, quando o crescimento exponencial de usuários começou a se tornar evidente e
os novos modelos de negócios começaram a se consolidar. Yahoo! e Amazon são exemplos
de modelos de negócios que, mesmo sem apresentar lucros, atraíram muitos investidores.
Pode-se comparar a corrida da Internet com a corrida do ouro. Você precisa garimpar muito
para encontrar a pedra preciosa tão procurada, o ouro, ou no caso dos investidores, aquele
modelo de negócio que dê lucro. Mas como qualquer garimpeiro, o investidor tem que ana-
lisar bastante e, muitas vezes, acaba sendo iludido por algumas pedras que parecem ser
preciosas, e que no final não valem nada. Outro ponto a se avaliar é que inúmeras pessoas,
tanto investidoras como empreendedoras, não agiram como tal, agiram como especuladores
ou oportunistas, querendo fazer dinheiro de forma rápida e fácil e sem se preocupar ou se
vincular com os negócios em si. Muitos empreendedores tinham claras em seus planos de
negócios as possíveis estratégias de saída, que geralmente envolviam a aquisição por uma
empresa maior ou o IPO(Initial Public Offering - Oferta pública Inicial de Ações). O verdadeiro
empreendedor tem que estar pronto para assumir o desafio por muitos anos e não só criar
uma oportunidade e passá-la à frente. Muitas incubadoras ponto.com, na realidade, queriam
criar um “negócio” com muito baixo investimento e então vendê-lo para algum grupo de in-
vestidores. Outras já apostavam nas empresas e nas sinergias que existiam entre estas e as
demais empresas de seu portfólio.
O que ocorreu nos últimos anos é que a Internet deixou de ser privilégio de modelos de
negócios puramente virtuais e que nem sempre se comprovaram eficazes e passou a ser
território para as empresas tradicionais, do mundo real. As empresas tradicionais consolida-
das já estão presentes na Internet e com isso a Web passou a se consolidar como um canal
efetivo e irrestrito de vendas e comunicação com clientes, fornecedores e, internamente,
agregando mais valor ao negócio usual da empresa. Esta tem sido a principal utilidade da
Web nos dias atuais. Obviamente isto tem criado oportunidades de negócios para empresas
focadas em educação, treinamento, geração de conteúdo, desenvolvedoras de websites, pla-
taformas de comércio eletrônico, meios de pagamento on-line, gerenciamento de banco de
dados, infraestrutura, hospedagem de sites, agências de comunicação, tecnologia de trans-
missão de dados, vídeo e som, entre outros negócios de suporte.
Muitos negócios puramente on-line vão continuar a surgir, mas o mais comum será a jun-
ção de competências do mundo real com complementos possíveis apenas no mundo virtual.
A tendência dos mercados tem sido o atendimento personalizado dos clientes, focando
em nichos específicos, cada vez com características mais peculiares. Aqueles empreendedo-
res que souberem antever essas mudanças e criarem produtos e serviços baseados na Web
para esses nichos poderão ser bem-sucedidos. Isso já se tornou fato, haja vista a crescente
140 • capítulo 3
proliferação das comunidades virtuais, dos blogs de adolescentes e jovens (e também em-
presariais), da troca de informação e conteúdo entre os participantes dessas comunidades
(vídeo, som, documentos e jogos).
Uma outra tendência irreversível, que já é realidade na verdade, é a integração das mí-
dias, TV, Internet, celular etc. Aplicativos e formas mais eficazes de comunicação e utilização
dessas tecnologias serão muito bem-vindas e terão espaço no mercado. O mercado crescen-
te de jogos e simuladores tem mostrado outro campo promissor para aqueles interessados
em atuar em tecnologia e Internet. Apesar dos exemplos recentes de negócios equivocados
criados com foco na Internet, essa mídia continuará a ser um celeiro de oportunidades, dos
mais promissores e desafiadores dos últimos tempos.
Texto extraído do livro Empreendedorismo de Dornelas (2005) disponível também em: http://famanet.
br/pdf/cursos/semipre/Apostila%20Empreendedorismo%20M%C3%B3dulo%20IV.NOVO.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMOZZI, É. Sebrae Comunidade. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PARA
A EMPRESA, 2009. Disponivel em: <http://www.comunidade.sebrae.com.br/contabilizando/
Artigos+e+Noticias/29767.aspx>. Acesso em: 24 jul. 2012.
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo:
Saraiva, 2007.
DEGEN, R. O empreendedor - Fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Pearson
Education, 1989.
DORNELAS, J. Empreendedorismo. Empreendedorismo - O que leva as pessoas a
empreenderem?, 2007. Disponivel em: <http://www.josedornelas.com.br/artigos/o-que-leva-as-
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DORNELAS, J. Empreendedorismo. Empreendedorismo - Como montar um plano de negócios
simples e prático, 2011. Disponivel em: <http://www.josedornelas.com.br/artigos/900/>. Acesso
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DORNELAS, J. C. Empreendedorismo - Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro:
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DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor - transformando ideias em negócios. São
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FERRARI, A. M. Telecomunicações Evolução e Revolução. 9. ed. São Paulo: Érica, 2005.
OLPC. OLPC. OLPC, 2012. Disponivel em: <http://one.laptop.org/>. Acesso em: 01 ago. 2012.
capítulo 3 • 141
POMBO, A. A. D. R. O QUE É SER EMPREENDEDOR. Biblioteca Temática do
Empreendedor, 2005. Disponivel em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/
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WIKIPEDIA. wikipedia. wikipedia. Disponivel em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 25 abr. 2015.
142 • capítulo 3
4
Tipos de
Empreendimentos e
de Empreendedores
Neste capítulo vamos conhecer as tipificações do Empreendedorismo.
Até este ponto do nosso livro, sabemos que o Empreendedorismo teve sua
projeção a partir da criação de empreendimentos empresariais que, invariavel-
mente, visavam o lucro. A seguir, veio a percepção de que os projetos com finali-
dade social poderiam beneficiar-se das técnicas e métodos já usados na criação
de empresas com experiências bem sucedidas.
Depois disso, as técnicas e métodos dos empreendedores foram experi-
mentados em novos tipos de empreendimentos e também foi constatado que
eram muito úteis e geravam uma maior oportunidade de obtenção de sucesso.
Todos nós associamos o Empreendedorismo à ideia de criação de empre-
sas. Agora vamos ampliar essa nossa percepção.
Este capítulo traz novas e modernas formas de empreender, buscando
atender a novas conjunturas econômicas e sociais pelas quais passam a socie-
dade. Questões como sustentabilidade, gestão ambiental e responsabilidade
social estão ditando as regras nas novas estruturas empreendedoras, e não
têm, necessariamente, o lucro como objetivo principal
São empreendimentos que têm o objetivo de ajudar um grupo de pessoas
que apresentam uma dificuldade prejudicial ao seu pleno desempenho e que
poderão ter uma nova perspectiva com a prestação daquele serviço ou benefí-
cio. Esse é o foco de empreendimentos sociais. Do mesmo modo, há ações go-
vernamentais que visam desenvolver determinadas regiões e envolvem outros
participantes, como fornecedores de serviços, de bens, e a população do local.
Esse é o caso do empreendimento de desenvolvimento local.
OBJETIVOS
• As características do Empreendedorismo aplicadas à área de negócios, ação social e a
projetos de desenvolvimento local.
• Aspectos gerais do Empreendedorismo corporativo.
• Assistencialismo X Empreendedorismo e suas implicações políticas e sociais.
• As formas de constituição e qualificação das Organizações do Terceiro Setor.
• Responsabilidade social: conceito e forma de aplicação.
• Empreendedorismo social e empresarial (start-up);
• A evolução do Empreendedorismo e sua associação a empreendimentos com e sem
finalidade lucrativa.
• O Empreendedorismo voltado aos projetos nas comunidades, como exemplo de uma nova
dimensão da cidadania.
144 • capítulo 4
4.1 Tipos de Empreendimentos e seus
empreendedores
capítulo 4 • 145
4.2 Empreendedorismo e a criação de
empresas
Empresas são criadas para realizar seus objetivos de negócio, como a prestação
de um serviço, produção ou venda de um produto. Certamente, as empresas
criam valor para a sociedade. Seus empreendedores precisam gerar lucros para
que os investidores possam ser compensados, gerando impostos para a socie-
dade e, caso isso não ocorra, esses aplicadores buscarão uma nova alternativa
para seus recursos financeiros.
O desenvolvimento econômico é feito pela criação de empresas que, por
sua vez, criam empregos, produtos e serviços que são oferecidos e comprados
pelos interessados. Esse mecanismo gera a movimentação financeira e come-
ça com a aplicação de recursos para criar a empresa pelos seus investidores,
que esperam recuperar seu investimento acrescido dos lucros.
A criação de novos empregos é um elemento importante nesse processo,
pois é através do salário que as pessoas recebem por seu trabalho que a eco-
nomia se movimenta como um todo, via consumo.
A inovação tecnológica é um elemento importante na competição entre
as empresas que fornecem produtos similares e que são denominadas con-
correntes. A maneira pela qual essas empresas podem apresentar produtos
melhores para seus clientes é através da inovação tecnológica.
A aliança do Empreendedorismo gerador de empresas com as universida-
des para produzir bens e serviços inovadores é uma maneira que costuma ser
praticada com sucesso.
Vamos relembrar como os empreendimentos empresariais podem ser
classificados:
Empreendimentos comerciais – Nessa categoria de empreendimentos
empresariais estão todas as lojas comerciais: lojas de roupas prontas para
usar, tecidos, supermercados etc.
Empreendimentos industriais –Nessa categoria de empreendimentos es-
tão todas as fábricas que produzem inúmeros bens, como carros, equipamen-
tos, ferramentas, botões, tecidos, aparelhos de telefonia etc.
Empreendimentos para prestação de serviço – Nessa categoria de empre-
endimentos estão tinturarias, clínicas médicas, escritórios de contabilidade,
academias de ginástica, escolas etc.
146 • capítulo 4
Como se pode observar, em todas as categorias que englobam as empre-
sas há a criação de valor, as pessoas podem ter empregos e os acionistas ou
investidores têm a expectativa de receber uma parcela dos lucros como re-
compensa pelos investimentos feitos. Os empreendedores se realizam com
o sucesso do projeto e se preocupam com o modelo de negócios da empresa,
com seu mercado e os produtos e serviços que oferecem.
Para gerenciar essas várias tipologias de negócio e de empresa, temos tam-
bém vários tipos de empreendedores. Vamos conhecer cada um deles e suas
especificidades.
capítulo 4 • 147
indivíduos para a inovação (ideias), assumir riscos e pró-atividade, a empresa
está determinando seu grau de empreendedorismo.
As empresas que pretendem fomentar inovações vindas de seus próprios
empregados precisam estimulá-los a trazerem suas ideias para serem avalia-
das. Essa ação é essencial para multiplicar o exemplo entre os outros empre-
gados e para fundamentar a percepção de que a empresa é um parceiro justo.
Nesse caso, a atitude da empresa é muito importante: é necessário que cada
ideia seja considerada de fato. Que, além de recebida e avaliada, a empresa
ajude a transformá-la em realidade, criando um espaço específico para o em-
pregado empreendedor poder testar a proposta. Após o teste, é possível que
seja necessário melhorá-la com as sugestões decorrentes dos resultados. Há
um esforço com passos a serem percorridos, onde a parceria e a maneira cons-
trutiva de agir da empresa empreendedora é que vai ser determinante para se
conseguir desenvolver um novo produto ou serviço. Caso haja sucesso ao final
do processo, os méritos do empregado empreendedor serão reconhecidos e
recompensados pelo benefício que acabou de gerar para a sua empresa.
148 • capítulo 4
• Tolerância a falhas – Os empregados que apresentam ideias novas devem
ter a oportunidade de avaliá-las com um grupo da empresa designado para esse
fim. Muitas vezes, uma sugestão vem malformulada e requer muito trabalho
para que se transforme em projeto viável ou, simplesmente, em uma nova pro-
posta implementável que agregue valor.
• Abertura para a mudança – A empresa deve admitir que mesmo aquilo
que pareça não estar necessitando ser modificado pode ser questionado, e isso
deve ser aberto aos empregados.
• Flexibilidade – Muitas vezes, uma proposta não é clara ou evidente e preci-
sa ser experimentada para se concluir sobre sua validade ou até para modificá-la e
torná-la viável. Para isso, a empresa necessitará investir um pequeno capital para
realizar um projeto-piloto e testar a ideia. Essa flexibilidade é necessária e esti-
mulante para o empregado empreendedor, que vai compreender que a empresa
levou a sério sua proposta e até aceitou gastar recursos na sua experimentação.
capítulo 4 • 149
• Antecipar o fim do crescimento rápido – Antes que seus produtos ou ser-
viços fiquem obsoletos e comecem a perder espaço para seus concorrentes, as
empresas inovadoras substituem seus produtos e serviços capazes de melhor
consolidarem sua trajetória.
• Fixar o crescimento e manter o foco – A empresa deve estabelecer suas
metas de crescimento e se fixar nas ações necessárias para cumpri-las, sem per-
der seu foco enquanto estas forem de seu interesse.
• Desenvolver fontes de objetividade – Consiste, por exemplo, em reali-
zar projetos-piloto para testar algum novo produto ou processo, em lugar de
fomentar longas e intermináveis discussões sobre se deve descontinuar ou ir
adiante com cada projeto. Testar pode ter um preço, mas projetar o que aquele
produto ou serviço pode representar no futuro passaria a ser um grande dife-
rencial no mercado.
• Pensar como uma empresa empreendedora deve fazer – Uma empresa
empreendedora aceita o erro, mas avalia cada proposta de mudança com tran-
quilidade e interesse. A empresa empreendedora aceita e quer mudar, mas se-
gue um processo de avaliação da mudança e de planejamento da forma como
deve mudar, administrando seus riscos.
• Desenvolver uma liderança apropriada – A liderança de mudança é di-
ferente da liderança de produção: a primeira não está comprometida com uma
meta de produção, e sim com a qualidade da mudança; e a segunda precisa
cumprir metas de produção desafiadoras e não pode parar para acolher uma
mudança.
• Alimentar a cultura da empresa – O sucesso em conseguir inovação para
a empresa, especialmente proveniente das sugestões de seus empregados, é o
que estimula e alimenta a cultura da empresa no sentido de ser inovadora e
empreendedora.
150 • capítulo 4
• Procurar por ideias diferenciadas – Aquelas que ninguém ainda apre-
sentou. Em inglês, existe um termo bem adequado que expressa esse conceito:
uniqueness.
capítulo 4 • 151
• Quanto tempo a mais a empresa poderá sustentar sua participação no
mercado através de compras de controle de empresas, de spin-offs, e outras for-
mas de engenharia financeira? A gerência superior está chegando ao seu limite
de habilidade para forçar a participação da empresa no mercado sem que seja
criada nova riqueza?
• Quanto mais em termos de economia de escala a empresa pode ganhar
com fusões e aquisições? Os custos de integração estão começando a superar
as economias obtidas com os cortes de custos de overheads? (Overheads - de
modo geral, este termo é aplicado aos custos de bens e serviços que não são
diretamente identificáveis, nem se somam ao produto ou serviço que constitui
o objeto principal da operação).
• Quanto as estratégias dos quatro ou cinco maiores competidores diferem
das adotadas por sua empresa? A cada dia, está ficando mais difícil estabelecer
alguma diferença entre os competidores?
EXEMPLO
A 3M é uma empresa conhecida por suas invenções criativas e pratica intensamente o Em-
preendedorismo corporativo. No livro From Those Who Have Been There, o autor DeSimone,
chairman e CEO da 3M, afirma:
• Temos 8.000 pesquisadores que devem gastar 15% do seu tempo de trabalho em proje-
tos não aprovados — e este é um tipo de ambiente empreendedor que muitas corporações
buscam emular.
• Só há possibilidade de sucesso para essas novas atividades, quando a empresa tem a
habilidade financeira e equipe gerencial apropriada para lhes dar suporte e ainda, conseguir
cumprir suas metas atuais.
• A gerência da 3M é tão flexível e confiante que não se preocupa se não ouvir falar de um
empregado por um bom tempo.
• Se a energia criativa de alguém está desaparecendo, a pessoa é simplesmente realocada
para um departamento onde sua energia possa ser revitalizada.
• O processo de contratação é uma parte-chave do ambiente criativo e empreendedor da 3M
— o perfil dos contratados deve incluir entendimento do mercado, apresentar características
inovadoras, ter um passado com vivência em projetos realizados (mesmo como crianças) e
mostrar projetos familiares empreendedores e inovadores.
152 • capítulo 4
4.4 O empreendedorismo Start-up
As empresas nascentes, denominação usada pelo GEM, recebem a denomi-
nação de start-up, em inglês. Startup significa o ato de começar algo, normal-
mente relacionado com companhias e empresas que estão no início de suas
atividades e que buscam explorar atividades inovadoras no mercado. Empresas
startup são jovens e buscam a inovação em qualquer área ou ramo de atividade,
procurando desenvolver um modelo de negócio escalável e que seja repetível.
Essas empresas, quando bem sucedidas, criam seus produtos e serviços e for-
mam sua clientela com o tempo, até que se firmam, passando a ser classifica-
das como “novas”.
• a competitividade do negócio;
• a busca dos diferenciais competitivos;
• de vencer a concorrência; conquistar clientes; e
• alcançar a lucratividade e a produtividade necessárias à manutenção
do empreendimento.
capítulo 4 • 153
CURIOSIDADE
O Conceito de Start-Up Segundo os Investidores
Tudo começou durante a época chamada de bolha da Internet, entre 1996 e 2001. Apesar
de usado nos EUA há várias décadas, só na bolha ponto-com o termo "startup" começou a
ser usado por aqui. Significava um grupo de pessoas trabalhando com uma ideia diferente
que, aparentemente, poderia fazer dinheiro. Além disso, "startup" sempre foi sinônimo de
iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento.
Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa em seu período inicial pode ser
considerada uma startup. Outros defendem que uma startup é uma empresa com custos de
manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez
maiores. Mas há uma definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e
investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repe-
tível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.
Apesar de curta, essa definição envolve vários conceitos:
• Um cenário de incerteza significa que não há como afirmar se aquela ideia e projeto de
empresa irão realmente dar certo - ou ao menos se provarem sustentáveis.
• O modelo de negócios é como a startup gera valor - ou seja, como transforma seu trabalho
em dinheiro. Por exemplo, um dos modelos de negócios do Google é cobrar por cada click
nos anúncios mostrados nos resultados de busca - e esse modelo também é usado pelo Bus-
capé.com. Um outro exemplo seria o modelo de negócio de franquias: você paga royalties por
uma marca, mas tem acesso a uma receita de sucesso com suporte do franqueador - e por
isso aumenta suas chances de gerar lucro.
• Ser repetível significa ser capaz de entregar o mesmo produto novamente em escala potencial-
mente ilimitada, sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente. Isso pode ser feito
tanto ao vender a mesma unidade do produto várias vezes, ou tendo-os sempre disponíveis inde-
pendente da demanda. Uma analogia simples para isso seria o modelo de venda de filmes: não
é possível vender a mesma unidade de DVD várias vezes, pois é preciso fabricar um diferente a
cada cópia vendida. Por outro lado, é possível ser repetível com o modelo pay-per-view - o mesmo
filme é distribuído a qualquer um que queira pagar por ele sem que isso impacte na disponibilida-
de do produto ou no aumento significativo do custo por cópia vendida.
• Ser escalável é a chave de uma startup: significa crescer cada vez mais, sem que isso
influencie no modelo de negócios. Crescer em receita, mas com custos crescendo bem mais
lentamente. Isso fará com que a margem seja cada vez maior, acumulando lucros e gerando
cada vez mais riqueza.
154 • capítulo 4
É justamente por esse ambiente de incerteza (até que o modelo seja encontrado) que
tanto se fala em investimento para startups - sem capital de risco, é muito difícil persistir na
busca pelo modelo de negócios enquanto não existe receita. Após a comprovação de que
ele existe e a receita começar a crescer, provavelmente será necessária uma nova leva de in-
vestimento para essa startup se tornar uma empresa sustentável. Quando se torna escalável,
a startup deixa de existir e dá lugar a uma empresa altamente lucrativa. Caso contrário, ela
precisa se reinventar - ou enfrenta a ameaça de morrer prematuramente.
Saiba mais em: http://revistapegn.globo.com/Startups/
capítulo 4 • 155
TEÓRICOS SUAS DEFINIÇÕES
O empreendedorismo de start up difere-se do empreendedorismo corporativo,
porque são negócios recém-criados, que estão em fase de desenvolvimento e
pesquisa de mercado que possui alto risco envolvido no negócio; além de serem
HERMANSON empreendimentos com baixos custos iniciais e serem altamente escaláveis. Este
(2011) tipo de empreendedorismo caracteriza-se pela: criação de riqueza; busca de inves-
timento junto a capitalistas de risco (angels); cria estratégias e culturas organiza-
cionais; não seguem regras; atuam no horizonte de curto prazo; e possuem passos
rápidos (caos controlado).
O empreendedor de start up, assim como o empreendedor
Corporativo, também é apaixonado pelo o que faz, mas ambos possuem o grau de
paixão diferente, porque é exagero admitir que o empreendedor corporativo veja
DORNELAS a organização como algo que é dele, a não ser que, seja oferecida a possibilidade
(2008) de retornos pelos riscos assumidos (não só financeiros, mas reconhecimento,
promoção, premiação etc); já o empreendedor de start up sente prazer em fazer
acontecer, é apaixonado pela sua ideia; por isso corre altos riscos ao defendê-la.
Uma start up possui um número ilimitado de metas, a qual algumas destacam-se
por se tratar de pontos de referência da empresa – delimitam um progresso impor-
tante ao longo da estrada para o sucesso. Entre essas metas, há sete pontos nos
quais toda empresa deve se concentrar:
1. Comprovar a concepção da ideia.
KAWASAKY 2. Gerar especificações completas de projeto.
(2011) 3. Concluir um protótipo.
4. Levantar capital.
5. Levar aos consumidores uma versão que possa ser testada.
6. Levar aos consumidores uma versão final.
7. Equilibrar receita e despesa.
CURIOSIDADE
Características de uma Startup Enxuta
Assim como startup é um conceito relativamente novo no Brasil, os métodos para gerir um
empreendimento também são novidade. Muitos são trazidos de fora e adaptados para a nos-
sa realidade. O lean startup (startup enxuta, em uma tradução livre) é um deles. Criado pelo
americano Eric Ries, a ideia central do processo é evitar desperdícios para gerar mais lucro
e melhor qualidade em um intervalo de tempo mínimo. “Uma das maiores vantagens do lean
156 • capítulo 4
startup é sua simplicidade. Com um pouco de estudo e muita disciplina, é possível aplicar
na sua startup”, diz Maurilio Alberone, cofundador da Biztart, consultoria especializada em
startups. Conversar com empreendedores que já usam o método, ler livros sobre o assunto,
participar de workshops e cursos online ajudam na introdução ao método. Para ajudá-lo,
Alberone lista algumas características de uma “startup enxuta”:
Sem desperdício
A gestão lean tem dois princípios básicos: redução de desperdício e aprendizagem contínua.
Seu próprio nome vem de lean manufactoring, uma filosofia consagrada na produção indus-
trial, que prevê a eliminação de desperdício no processo de fabricação de produtos.
Aprendizado contínuo
Existe um conceito que resume bem o lean startup: Loop de Aprendizado Contínuo. Você deve:
1. Construir o produto de maneira enxuta, priorizando os recursos voltados ao aprendizado
pretendido e colocando-o em contato com os clientes o mais rápido possível;
2. Criar e seguir um determinado número de métricas claras que refletem bem a relação
de causa e efeito;
3. Coletar os dados gerados com a experiência, aprender com eles e incorporar o apren-
dizado à gestão.
Persistência
Uma vez iniciado no método, é importante que ele seja mantido até seu produto ou sua em-
presa alcançar a maturidade necessária para o mercado.
Fonte: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/
CARACTERISTICAS+DE+UMA+STARTUP+ENXUTA.html
capítulo 4 • 157
4.5 Empreendedorismo Social
Você talvez não saiba, mas aproximadamente 1,5% do PIB brasileiro é aplicado
anualmente em programas sociais. Como você pode imaginar, esse percentual
representa um valor muito apreciável.
158 • capítulo 4
Em 2009 – R$ 12 bilhões (segundo orçamento aprovado)
Como se pode ver, trata-se de valores consideráveis em relação às despesas
públicas, mas, ao mesmo tempo, insuficientes se considerarmos as demandas
sociais e a grande população que vive abaixo da zona da pobreza.
É muito importante que os programas sociais sejam feitos de modo plane-
jado e zelando pela boa aplicação dos recursos, tanto sob o ponto de vista de
sua eficácia como sob o ponto de vista de sua eficiência. A eficácia consiste em
aplicar naquilo que faz a diferença e produz um resultado significativo para o
combate aos problemas sociais. A eficiência significa a aplicação de uma me-
nor quantidade de recursos para se obter o mesmo resultado. Isso poderia ser
traduzido assim: dado um objetivo, é possível atingi-lo com maior ou menor
conforto, gastando-se mais ou menos. A opção que se recomenda adotar é a
de atingir o objetivo (resultado) com o menor volume de recursos, para que so-
brem mais recursos para atender aos demais necessitados de ajuda social, ou
seja, viabilizar outros programas.
Outro ângulo da questão sobre o qual você precisa refletir: o governo não
consegue atender a todas as carências sociais do país, pois não há recursos su-
ficientes para isso. Além disso, por uma questão de cidadania, solidariedade e
responsabilidade social, é importante que cada pessoa, física e jurídica, dentro
de suas possibilidades e atendendo a sua motivação e área de conhecimento,
venha participar das ações sistemáticas de melhoria do país e da sua população.
Por essas razões, a abordagem do tema tem importância central no
Empreendedorismo, que não é apenas interessado e dedicado a criar empresas
e buscar lucros. Claramente, o empreendedor está inserido na sociedade em
que vive e tem, portanto, todo o interesse de que seu país e sua população este-
jam vivendo em melhores patamares de qualidade.
Além disso, o uso das percepções dos empreendedores nessa área tem aju-
dado muito a modificar a atuação das pessoas que nela atuam, conduzindo a
resultados que favorecem a melhoria da utilização dos recursos e a busca de
autos sustentação para as entidades dedicadas às ações sociais.
O empreendedorismo social está ligado ao conceito de responsabilidade
social. Segundo o dicionário de Ciências Sociais (Biroui, 1976), responsabilida-
de social pode ser definida como: Responsabilidade daquele que é chamado a
responder pelos seus atos face à sociedade ou à opinião pública (...) na “medida
em que tais atos assumem dimensão ou consequência sociais”. Um compro-
misso que a empresa deve ter com a sociedade. A responsabilidade social pode
capítulo 4 • 159
ser definida como o novo ethos empresarial, que pretende dar uma direção cul-
tural e política à sociedade. E que se procura incluir na totalidade social, através
de permanente ação educativa, reproduzindo certos valores e padrões sociais.
O empreendedor social assume, muitas vezes, a função de governo e as
ideias são divulgadas porque devem ser multiplicadas e aplicadas em outras ci-
dades, regiões e países. Como, por exemplo, a pastoral da criança da Dra. Zilda
Arns ou a Fundação Gol de Letra, dos jogadores Raí e Leonardo. O sucesso vem
por meio da força social, do número de pessoas beneficiadas com a solução
proposta no programa ou projeto de empreendedorismo social. O retorno pode
ser mensurado pela melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários, no seu
progresso material e autoestima.
Ao transformar a sociedade, o empreendedor social também gera riqueza
para o país, só que com outra lógica dos outros dois empreendedorismos.
O coletivo está acima do individual e o humano acima do econômico.
CURIOSIDADE
160 • capítulo 4
4.6 Assistencialismo × Empreendedorismo
O assistencialismo, tal qual se coloca aqui no Brasil, eivado de intenções e prá-
ticas ligadas a interesses político-eleitorais, não tem possibilidade de se har-
monizar com o Empreendedorismo, calcado em capital social e em busca de
soluções que valorizem a cidadania.
Para entender melhor essa questão, vamos relatar de modo sucinto os pon-
tos mais importantes da trajetória dos movimentos sociais no Brasil:
1. A filantropia como ponto de partida — Desde o século XVI observam-se
no Brasil ações de caráter filantrópico, como o aparecimento das santas casas
de Misericórdia, que existem até hoje. Tais entidades se dedicavam ao atendi-
mento a pessoas carentes. A filantropia no Brasil desenvolveu-se sob a lógica da
prática assistencialista, com base na caridade cristã. Ricos exerciam a filantro-
pia sustentando escolas, hospitais, santas casas, asilos.
2. No final do século XIX e início do século XX, esse quadro começou a
mudar. Surgem, no início do século XX, instituições de assistência e amparo
à população carente, deixando a lógica da caridade cristã como motivação e
passando a ter o objetivo de assistir os grupos que tinham uma relação mais
específica com os patrocinadores. Foram os sindicatos que passaram a criar
ações sociais para atender aos trabalhadores que estavam experimentando os
primeiros tempos da industrialização e grupos de imigrantes estrangeiros já
vivendo no Brasil havia alguns anos e que recebiam seus conterrâneos chegan-
do dos respectivos países de origem, como ocorreu sistematicamente graças à
receptividade favorável do Brasil a acolhê-los.
3. Com a Proclamação da República, o Estado passou a atuar intensa-
mente nessa área, especialmente nos segmentos de saúde, higiene e educação,
cumprindo as atribuições constitucionais que lhe foram conferidas. Além dis-
so, o Estado interveio nas organizações sociais, como condição para contribuir
financeiramente com elas — os recursos dados pelo Estado tinham suas contas
auditadas pelo governo.
4. A partir dos anos 20 e 30 do século XX, a rápida industrialização do país
agravou essa situação. Cresceu muito rapidamente a massa de operários, espe-
cialmente em áreas urbanas, quando ainda não havia uma legislação trabalhis-
ta que lhes garantisse direitos sociais e, desta forma, os problemas pendentes
ampliaram-se. Como resposta da sociedade, o número de organizações sem fins
lucrativos se multiplicou, mas sempre com dependência econômica do Estado.
capítulo 4 • 161
5. Sindicatos, associações de classe e organizações para auxílio a imigran-
tes entraram cada vez mais fundo na área social e, ainda, nos anos 70, foram
fundadas novas organizações, algumas delas dedicadas à defesa dos direitos
humanos (ameaçados pela ala radical da ditadura militar).
6. O nome ONG (Organizações Não Governamentais) passou a ser usado
para identificar essas organizações sem finalidade lucrativa, mas essa nomen-
clatura nunca foi acolhida pela legislação brasileira, que usa o termo OSCIP.
7. A partir dos anos 70, tivemos uma mudança radical nessas organiza-
ções, especialmente porque parte delas se opunha ao governo e com isso não
recebiam seu dinheiro. A lógica mudou para elas, já que tiveram de buscar sua
sobrevivência através da contribuição de pessoas físicas e jurídicas, inclusive
de organizações externas ao país (Fundação Ford, Rockefeller e agências de fo-
mento internacionais).
8. A partir dos anos 80, uma nova mudança ocorreu: a abertura política
e econômica nos países do Leste europeu e a emergência das crises, inclusive
de fome, na África, deslocaram o financiamento das entidades internacionais
para aqueles locais. Novamente, a lógica mudou, e desta vez as organizações
passaram a buscar sua sustentabilidade através da contribuição individual e de
empresas — em dinheiro e em trabalho voluntário —, mas a partir do mérito de
suas causas e em sua capacidade de criar valor.
9. O termo “terceiro setor” passou a ser utilizado nos anos 90 para desig-
nar as organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, criadas e mantidas
com ênfase na participação voluntária. Essas organizações atuavam na área so-
cial visando a solução de seus problemas, agravados pelas políticas econômicas
que aumentaram a diferença entre a base e o topo das classes sociais do país.
Em 2009, existiam no Brasil 250 mil organizações do terceiro setor, movimen-
tando aproximadamente 1,5% do PIB brasileiro. No futuro, espera-se que essas
organizações movimentem maior porcentagem do PIB, aproximando-se da ex-
periência internacional. Nos Estados Unidos, segundo informações que reco-
lhemos, o terceiro setor movimenta 6,3% do PIB americano (fonte: Salomon, L.
Investment Management in the Nonprofit Sector. Studying the Performance of
Private Foundations).
10. Como veremos adiante — em responsabilidade social —, há um enga-
jamento crescente do setor privado nas questões sociais. Dezenas de fundações
com objetivos sociais e sem finalidade de lucro surgiram, ligadas a empresas
como: Odebrecht, Educar, Boticário, Acesita, Shell etc.
162 • capítulo 4
11. Nos últimos anos, com a entrada do setor privado nessas organizações,
houve um gradativo processo de adaptação a critérios típicos da iniciativa priva-
da: mais uma mudança da sua lógica, agora direcionada a fazer o planejamento
dos seus investimentos; da busca da produtividade e de outros indicadores de
eficácia; e da forma como os recursos são aplicados.
A partir de então, elas passam a ser denominadas organizações da socieda-
de civil (OSC) que não têm a participação do Estado. Em todas essas organiza-
ções, a busca da sustentabilidade é algo essencial e marcante. Pode existir um
investimento para salvar situações críticas e preparar pessoas para exercerem
novas funções e profissões, mas se objetiva que ao final haja sustentabilidade.
capítulo 4 • 163
• Forma de Constituição – Sob o aspecto legal, existem as seguintes formas
para uma organização sem fins lucrativos e de clara atuação social ser constituída:
I. Fundação pública ou privada
II. Associação ou sociedade civil
III. Cooperativa
IV. Cooperativa social
Se a organização tiver superávit ao final do exercício, este terá de ser rein-
vestido na própria organização. Se este superávit for capaz de sustentar a ope-
ração da organização e, assim, ela não mais necessitar receber doações e con-
trair financiamentos para se sustentar, a organização passa a ser considerada
autossustentável.
• Forma de Qualificação – Certificados podem qualificar as organizações e
são concedidos pelo poder público, mediante a comprovação do atendimento
a certos requisitos:
I. Título de Utilidade Pública — federal, estadual e municipal
II. Registro no Conselho Nacional de Assistência Social
III. Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos
IV. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público — OSCIP
V. Organizações Sociais
CONEXÃO
Responsabilidade social: conceito e forma de aplicação
Segundo o Instituto Ethos1 de Responsabilidade Social, responsabilidade social empresarial é:
• a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos
os públicos com os quais ela se relaciona; e
• o estabelecimento de metas empresariais que impulsionam o desenvolvimento sustentável
da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respei-
tando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
1 Organização não governamental com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus
negócios de forma socialmente responsável.
164 • capítulo 4
Quem pode se associar ao Instituto Ethos:
• Empresas
• Entidades empresariais
• Instituições de ensino
capítulo 4 • 165
Ashoka foi também o nome de um imperador que governou a Índia durante
o século III a.C. e é lembrado como um dos maiores inovadores sociais do mun-
do. Após uma guerra pela unificação do país, o imperador Ashoka renunciou à
violência e dedicou sua vida à promoção do bemestar social, da justiça econô-
mica e da tolerância. Em seu governo, instituiu serviços de saúde, lançou um
amplo programa de abertura de poços, construiu alojamentos para viajantes e
plantou milhares de árvores para fazer sombra nas estradas quentes e de muita
poeira da Índia.
Mas vamos repetir o que é a Ashoka, enquanto instituição: a Ashoka é uma
organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no trabalho e apoio aos em-
preendedores sociais — pessoas com ideias criativas e inovadoras, capazes de
provocar transformações com amplo impacto social.
Foi criada em 1980 pelo norte-americano Bill Drayton e teve na Índia seu pri-
meiro país de atuação. Hoje, está presente em 60 países e, no Brasil, desde 1986.
A Ashoka é pioneira na criação do conceito e na caracterização do
Empreendedorismo social como área profissional de trabalho. Em sua meto-
dologia, identifica e seleciona o empreendedor social, ao qual oferece uma bol-
sa mensal por três anos para que ele possa se dedicar exclusivamente ao seu
projeto e ainda contribui significativamente para sua profissionalização, en-
quanto empreendedor social, provendo serviços como seminários e programas
de capacitação.
Todos os empreendedores sociais da Ashoka fazem parte de uma rede mun-
dial de intercâmbio de informações, colaboração e disseminação de projetos,
composta hoje por mais de 1.600 empreendedores localizados nos diversos
países em que atua. No Brasil, compõem a rede cerca de 250 empreendedores
sociais.
Além disso, o Centro de Competência para Empreendedores Sociais — uma
parceria da Ashoka com a McKinsey & Company — oferece para a rede de em-
preendedores sociais e outras organizações do setor a adaptação e transferên-
cia de conhecimentos, práticas, ferramentas de gestão e planejamento do setor
privado para que sejam usadas pelo setor social.
A Ashoka atua através de um processo de seleção rigoroso e qualificado
dos empreendedores sociais e busca permanentemente a inovação. Seu apoio
aos empreendedores sociais nos diferentes estágios de desenvolvimento de
suas ideias e sua filosofia de investir em pessoas, e não em projetos, fazem da
Ashoka uma organização única, que se diferencia no contexto do setor “cida-
dão” no Brasil e no mundo.
166 • capítulo 4
De seu site (http://www.ashoka.org.br/) podemos tirar algumas informa-
ções para completar sua caracterização e entendimento:
Missão – Contribuir para criar um setor social empreendedor, eficiente e
globalmente integrado.
Visão – Todo mundo pode mudar o mundo.
Cada indivíduo da sociedade pode ser um agente de mudanças e contribuir
para a superação das necessidades sociais. Para estimular e tornar concreto
esse potencial de transformação, o setor social deve ser ágil e reagir com eficá-
cia às soluções e transformações sociais que vêm sendo geridas pelos cidadãos
em todas as partes do mundo globalizado.
Rede de empreendedores sociais ASHOKA: por meio da criação e apoio a
uma rede de empreendedores sociais com visão estratégica, criatividade, deter-
minação e motivação, a Ashoka promove a inovação e busca possibilitar aos in-
divíduos com essas características a descoberta de seu potencial para provocar
as mudanças necessárias.
Como o setor social cresce e se estrutura em todos os continentes, a missão
da Ashoka se torna um desafio ainda maior, notadamente nos próximos cinco
anos, que constituirão uma janela de oportunidades para a conformação defi-
nitiva do setor cidadão.
CURIOSIDADE
A Ashoka estrutura sua atuação na interação de três pilares:
1o Pilar: Voltado para o investimento em empreendedores sociais, porque a Ashoka
acredita que eles são capazes de ampla transformação social.
2o Pilar: Tem seu foco de atuação no Empreendedorismo em grupo. Para a Ashoka,
se um empreendedor é capaz de promover vasto impacto social, juntos e em grupos essas
transformações atingem escala ainda maior.
3o Pilar: Refere-se ao desenvolvimento de infraestrutura eficiente para o setor social não
só para o crescimento desse setor, mas também como forma de sustentação das transfor-
mações conquistadas
capítulo 4 • 167
CONEXÃO
Exemplos de Empreendedorismo social na Ashoka:
Veja os filmes:
a) Ashoka empreendedores sociais
http://www.youtube.com/watch?v=s3WJEXppLnc
b) Ashoka — Geração Muda Mundo
http://www.youtube.com/watch?v=HEHDv9VULhM
c) Fundação Gol de Letra
http://www.youtube.com/watch?v=ml-ChNHB42c
d) Instituto Ayrton Senna – Talento
http://www.youtube.com/watch?v=XVUQ31h6jt4
O CDI
168 • capítulo 4
cionais, destacando-se entre eles: BNDES, Fundação W. K. Kellogg, BID, Banco
Mundial, Xerox, Fundação EDS. Devido aos resultados, esse projeto é conside-
rado pela ONU como de impacto e de exemplo mundial, pois pode ser aplicado
em vários lugares e alcançar, a um custo baixo, resultados significativos de in-
clusão não só digital, mas também social e de exercício da cidadania.
REFLEXÃO
Analisando o caso CDI, criação de Rodrigo Baggio, temos a ênfase na INCLUSÃO. Reflitam
bem quantos problemas de desajuste social podem ser resolvidos através dela. O ser hu-
mano deseja participar de todos os grupos que lhe interessam. A restrição a essa inclusão
vai gerar uma percepção de inferioridade e até mesmo de menosprezo. No caso específico
da informática, podemos até dizer que as pessoas que não tinham posses para adquirir um
computador se sentiam excluídas e isso geraria até mesmo uma rejeição por parte delas em
relação aos benefícios que a informática tem trazido para o ser humano. Com movimentos
como o CDI, esse vetor se inverte: as pessoas passam a querer usar a informática, por não
temer seus aspectos de inovação e por reconhecer o valor que eles agregam a sua vida.
Fonte: Revista da FAE, Curitiba, v. 7, n. 2, p. 15-18, jul./dez. 2004 |15
CONEXÃO
A Ashoka e o CDI não são os únicos projetos brasileiros relevantes em Empreendedorismo
social e com a característica de uniqueness. Felizmente, se propagaram e fizeram seguidores
e hoje existem vários outros projetos que seguem seus pontos positivos. Queremos que você
os conheça e que identifique sua forma de atuação e suas semelhanças e diferenças em
relação à forma de atuar da Ashoka e do CDI.
Vamos começar:
capítulo 4 • 169
4.7.2 Estatísticas do setor social
Vamos analisar a questão das estatísticas do setor social e, para isso, vamos fa-
lar de uma entidade brasileira, ABDL (Associação Brasileira para o Desenvolvi-
mento de Lideranças):
Do seu site www.abdl.org.br, tiramos ainda o link http://www.lead.org.br/
article/fix/49?GlobalSectionIDOverride=1:
“A ABDL é uma organização sem fins lucrativos (OSCIP) com a missão de
articular liderança para um mundo sustentável. A instituição desenvolve pro-
gramas de formação de liderança e projetos voltados à capacitação e mobiliza-
ção de atores sociais interessados em promover o desenvolvimento sustentável.
A ABDL nasceu em 1991, resultante de uma parceria entre a Universidade
de São Paulo e a Fundação Rockefeller, para trazer ao Brasil um inovador pro-
grama de formação de liderança em meio ambiente e desenvolvimento, o Pro-
grama LEAD. Hoje, a ABDL é uma organização brasileira autônoma, vinculada
à rede internacional LEAD (Leadership for Environment and Development) e
apoiada por vários parceiros, nacionais e internacionais, que apostam em sua
trajetória e acreditam em sua metodologia de formação para a ação.”
Agora vamos falar de Lester Salomon, autor do livro Investment Manage-
ment in the Nonprofit Sector. Studying the Performance of Private Founda-
tions, que citamos e que contém a informação de que o terceiro setor movi-
menta 6,3% do PIB americano.
O Boletim da ABDL entrevistou Salomon e o apresenta inicialmente assim:
“Lester Salomon é um dos principais pensadores do Terceiro Setor em nível
mundial. Como diretor do Centro de Estudos da Sociedade Civil da Universida-
de Johns Hopkins, ele vem dirigindo um programa de fellowship(companhei-
rismo) desenvolvido pela entidade que reúne pesquisadores e ativistas da socie-
dade civil de todo o mundo.”
Essas declarações mostram a importância da área em todo o mundo e, no
pensamento de Salomon, o Estado continuará atuando juntamente com as or-
ganizações privadas, de modo complementar um ao outro.
A seguir, o boletim pergunta qual o papel dos programas de formação de
redes de liderança em um mundo onde as tecnologias de comunicação são ca-
pazes de estabelecê-las. E Lester responde:
“Estamos em um mundo onde existe tanta informação disponível que pre-
cisamos filtrá-la e interpretá-la. Ambos os programas não se preocupam ape-
170 • capítulo 4
nas em gerar novas informações, mas em criar redes capazes de interpretá-las.
Há uma diferença grande entre mera informação e o conhecimento. O se-
gundo só acontece quando há a compreensão dos significados por trás dos da-
dos crus que compõem a informação. As redes têm o poder de permitir o com-
partilhamento de compreensões e conceitos, tornando-os comuns a todos os
seus membros. Isso não acontece sem muita interação, e ambos os programas
criam um ambiente para que essa troca aconteça.”
Em função disso, estamos levantando o questionamento do que represen-
tam as informações que estão circulando sobre os programas sociais. Vamos
mostrar um exemplo que você deve ter observado neste capítulo: que aproxi-
madamente 1,5% do PIB brasileiro se destina a programas sociais e que nos
Estados Unidos o percentual atinge 6,3% do PIB americano. Vamos analisar o
que está compreendido como programa social nos dois conceitos? Em primei-
ro lugar, não vamos encontrar essa informação com clareza em suas fontes. Em
segundo lugar, já que não existe a informação disponível, caberia uma especu-
lação: quais os itens que estão incluídos como programas sociais.
Vamos, de acordo com a nossa percepção, listar os itens possíveis:
capítulo 4 • 171
novas organizações dedicadas a programas sociais têm como filosofia buscar a
autossuficiência e o Estado está cada vez mais pressionado pelo atendimento a
seus próprios programas. Concluímos que, em cada local ou país, a inclusão ou
não daqueles dados nos índices precisa ser analisada em cada caso.
Assim, toda vez que forem fornecidas informações como porcentagem do
PIB utilizado em programas sociais, Você deve tomar cuidado: tentar enten-
der o que está incluído ou não, se esses dados são somente ilustrativos e se são
comparáveis ou não.
172 • capítulo 4
Mas por que estamos falando disso? Você já descobriu: é que se percebe que
os diferentes níveis de governo estão associados a inúmeros empreendimentos
que nos interessam muito, pois uma boa parte deles é orientada a nos prestar
serviços diretamente. Existem atividades contínuas, ou melhor, sistemáticas,
como o atendimento em um posto de saúde. Por outro lado, temos obras pú-
blicas, como uma estrada, a pavimentação de uma rua ou a construção de uma
escola. Esses são projetos: têm início, orçamento, execução e fim. Então, como
falar em empreendimentos?
Um empreendimento é uma entidade que pode ter vida continuada, compreen-
dendo atividades e projetos. Veja uma empresa, uma loja comercial: todos os dias
há diversas tarefas sendo feitas, como atendimento aos clientes, contabilização
das vendas, arrumação das mercadorias nos locais próprios e há também projetos,
como a construção de uma filial ou o lançamento da coleção de verão daquele ano.
A administração pública é organizada em órgãos que têm objetivos, fina-
lidade e vida continuada e que realizam projetos e atividades. Enfim, tais en-
tidades precisam ter planejamento com a definição de seus objetivos em um
período de tempo, metas específicas, fontes de receitas e despesas geradas pe-
los encargos necessários para a prestação de seus serviços. Uma diferença: não
havendo finalidade lucrativa, o custeio precisa ser coberto com as verbas do Es-
tado, obtidas via tributos.
Então, é nos governos que temos uma quantidade enorme de organismos que
precisam ter seus planos elaborados e acompanhados. Quando a administração
pública tem objetivos de desenvolvimento, como reformular o sistema viário de
uma cidade ou construir uma dezena de postos de saúde para atender a um mu-
nicípio, o planejamento torna-se ainda mais importante. Nesse caso, os planos
serão tipicamente de desenvolvimento, isto é, atividades e projetos serão realiza-
dos e permitirão que se note uma mudança na forma como aquele serviço passou
a ser prestado à população, ao final do horizonte do planejamento.
Podemos acrescentar ainda que, em muitos projetos públicos, há obras que
necessitam ser operadas e mantidas: por exemplo, quando se realiza a constru-
ção de uma escola, a conclusão da obra não significa que terminou o trabalho e
que seu objetivo foi atingido. Talvez o objetivo do construtor tenha sido alcan-
çado, mas o do governo continua a ser perseguido: a escola precisa funcionar
e aulas tem de ser dadas, alunos precisam aprender as disciplinas ensinadas.
Logo, o empreendimento continua a funcionar e somente um de seus projetos,
que consistiu na construção da escola, já terminou.
capítulo 4 • 173
Não é fora de propósito dizer que boa parte dos alimentos produzidos pela
agricultura brasileira é desperdiçada e ainda acrescentar que existem pessoas
no Brasil que passam fome, segundo o IBGE em sua Pesquisa Nacional Domi-
ciliar (PNAD) de 2004.
Mas você deve estar pensando: e o que o assunto relacionado ao planeja-
mento de empreendimentos tem a ver com tudo isso? Pois é: acreditamos que
seja possível diminuir a fome no Brasil apenas por meio de planejamento, mes-
mo admitindo o fato de que a maior cultura de alimentos ocorresse somente no
médio prazo e não fosse capaz de solucionar o problema de imediato.
Primeiramente, na nossa proposta, seriam elaborados projetos para melho-
rar o escoamento da produção e o armazenamento adequado dos alimentos
para reduzir as perdas do que é colhido no campo.
Depois, trabalhar a educação e os hábitos das pessoas para que passem a
comprar alimentos em quantidades mais próximas de suas necessidades de
consumo, reduzindo o desperdício.
Tais ações seriam suficientemente importantes para a geração de um resul-
tado expressivo nessa área, contribuindo substancialmente para melhorar o
padrão de vida dos brasileiros, mas exigindo um bom planejamento para atin-
gir as metas estabelecidas.
Um governo, em qualquer instância — federal ou estadual ou municipal —,
precisa que vários de seus órgãos trabalhem em conjunto, desenvolvendo ações
sincronizadas e simultâneas, para que suas metas sejam alcançadas. Para me-
lhorar os resultados, costuma criar coordenações para planejar, negociar, arti-
cular e controlar o trabalho. Um aspecto fundamental para que essas coordena-
ções possam ter sucesso é a existência de planejamento e recursos financeiros
compatíveis para viabilizar os objetivos.
Muitas vezes, a obtenção dos recursos é algo que se faz por meio de verbas
orçamentárias, mas que precisam ser aprovadas pelo poder Legislativo. É fácil
imaginar que, para obter a aprovação, será necessário apresentar boas justifica-
tivas, mostrar em que e como as verbas serão gastas, quais os objetivos a serem
atingidos e seu valor para a sociedade.
Para realizar projetos ou empreendimentos, é preciso buscar recursos, em
geral fora do orçamento operacional do governo. Esses patrocinadores de re-
cursos vão exigir um plano que demonstre com clareza os benefícios produ-
zidos, a possibilidade de retorno e, até mesmo, se haverá receitas decorrentes
para pagar o financiamento, a forma como será conduzido o empreendimento
174 • capítulo 4
e quais as estratégias e ações decorrentes a serem efetuadas para atingir o ob-
jetivo.
Assim, para que a maior parte dos objetivos governamentais com foco no
desenvolvimento local seja alcançada, os projetos devem ser tratados como
empreendimentos, requerendo um planejamento muito similar ao que se faz
para planos de expansão ou de crescimento de empresas. Claro que, além de
planejar, o governo terá de negociar a aprovação do plano do empreendimento
e ainda buscar as possíveis fontes de recursos para viabilizar sua implantação.
Mas, como pré-requisito para o desejo de realização de um governo, há a neces-
sidade de planejar.
Isso significa que as perguntas a serem respondidas para planejar empre-
endimentos para desenvolvimento local não são, no geral, diferentes daque-
las que respondemos quando preparamos planos de negócios: é claro que há
alguns aspectos específicos a serem analisados e que tipificam os planos para
empreendimentos locais e diferem em forma do que existe em um plano de
negócios.
ATIVIDADE
Analise a região em que mora: pode ser o seu bairro, a área da sua cidade ou a cidade inteira.
Não vá além da cidade nesta atividade. Nosso objetivo é que você proponha um empreen-
dimento para desenvolvimento local visando melhorar aspectos da região escolhida, espe-
cialmente considerando a vida das pessoas que moram, trabalham ou frequentam a região.
Agora que você fez a sua proposta, vamos revisá-la e seguiremos um che-
cklist para ajudar a criar um empreendimento de desenvolvimento local.
Caminho para a criação de um empreendimento de desenvolvimento local
1. Defina o local que será o palco do empreendimento — pode ser a rua
ou o bairro onde mora, uma região da cidade ou toda a cidade. Poderia até
mesmo ser algum espaço maior, mas não é recomendável nesta sua primeira
experiência.
2. Identifique as características do local escolhido que, em sua opinião,
se melhoradas, poderiam beneficiar a qualidade de vida das pessoas do local.
É necessário que seja verificado se sua percepção é a mesma das pessoas que
residem, trabalham ou frequentam o local.
capítulo 4 • 175
3. Você identificou aspectos do local que não satisfazem ao seu público,
isto é, incomodam os moradores, os trabalhadores ou os frequentadores do lo-
cal. Agora imagine como você solucionaria aquela situação. Pense em como vai
ficar a região depois que o empreendimento que você quer criar tiver sido im-
plantado. Isso significará estabelecer os objetivos que você quer atingir.
4. Agora, visualize as ações que precisam ser realizadas para se obter a me-
lhoria pretendida. Você precisa dizer quais as providências ou ações que preci-
sam ser tomadas para que consiga chegar aos objetivos que quer atingir.
5. Nesse ponto, você define a primeira missão do seu empreendimento
para desenvolvimento local. Será o objetivo que ele vai atingir. Você também
poderá relacionar, para melhor entendimento, quais as ações que deverão ser
tomadas para que o empreendimento atinja os objetivos pretendidos. Não
esqueça que devem ser imaginadas todas as providências para viabilizar o
empreendimento.
6. Faça uma nova leitura e observe se as providências ou ações que foram
relacionadas resultam na melhoria das condições de vida das pessoas, como
você pretendia. Se sua resposta for sim, siga em frente, e, caso seja não, volte
ao início.
7. Agora que você definiu os objetivos, verificou as ações a fazer e confir-
mou que vai atingir o objetivo pretendido, chegou o momento de pensar em
manutenção. Planeje as ações que serão necessárias para que os resultados
obtidos sejam mantidos, sem haver deterioração com o tempo. Isso quer dizer
que, após as providencias realizadas, tendo atingido seu objetivo, é necessário
que haja continuidade, que os benefícios atingidos sejam mantidos e não se-
jam descaracterizados com o tempo ou até mesmo perdidos após se passarem
alguns anos. Geralmente, para isso, é necessário operar o empreendimento ou
fazer sua manutenção. Liste as ações para garantir a permanência das melho-
rias conquistadas.
8. Neste ponto, releia sua proposta e verifique se levou em conta o ponto
de vista das demais pessoas da comunidade. Se elas concordam com o objetivo
e se o valorizam do mesmo modo que você e se acreditam que a realização das
ações propostas garantirá a conquista do objetivo. Antes de o empreendimento
ser iniciado, haverá necessidade de maior segurança em relação a esse ponto.
9. Mais uma vez, visite sua lista de ações e tente verificar e apontar como e
por quem cada uma delas seria realizada. Pense em como poderia haver parti-
cipação da comunidade local nas ações. Em princípio, a comunidade local deve
176 • capítulo 4
acompanhar o empreendimento, pois é de seu interesse que seja bem-sucedi-
do, mas em alguns casos é possível até empregar gente da localidade nas ações
a serem empreendidas.
10. Idealmente, você deveria imaginar a duração dessas ações, seu custo,
os tipos de recursos necessários e como deveria ser o funcionamento do em-
preendimento para cumprir sua missão. Entretanto, estamos apenas querendo
criar o conceito do empreendimento. Neste momento, não estamos pretenden-
do planejá-lo integralmente.
capítulo 4 • 177
Essa não é apenas uma opinião dos autores. Mostraremos um caso concreto
que vai comprovar esta tese. Você pode encontrar outros pesquisando o assun-
to na Internet. Leia nosso exemplo para formar seu próprio julgamento.
EXEMPLO
Vejamos a história de uma empresa internacional dedicada ao entretenimento, a Corporación
Interamericana de Entretenimiento, nascida no México em 1990 e que atua em vários países.
Essa empresa dedica-se a montar empreendimentos na área cultural, como peças de
teatro, filmes, festivais e gerenciamento da carreira de artistas. Nos primeiros oito anos de
vida, desenvolveu projetos no México. Conseguiu firmar um convênio com a Ticketmaster,
empresa líder mundial de venda de entradas de espetáculos. Com a Disney Theatrical Wor-
lwide e com o The Really Usefull Group, conseguiu comprar os direitos para a apresentação
de obras do teatro musical, do tipo Broadway, na América Latina. Em 1997, expandiu-se para
Argentina e Brasil.
Desde aquela época, a CIE Brasil administrou grandes casas de espetáculos neste país,
como a Claro Hall, no Rio de Janeiro, o Credicard Hall, o DirecTV Music Hall e o Teatro
Abril em São Paulo e este último local foi escolhido para receber os grandes musicais da
Broadway que a empresa trouxe para a América Latina, depois que adquiriu os direitos dos
espetáculos nas línguas espanhola e portuguesa. O Fantasma da Ópera foi um dos primeiros
empreendimentos: com um custo de US$ 10 milhões, foi visto no mundo por mais de 60 mi-
lhões de espectadores e seu plano foi ficar em cartaz por um ano e meio em São Paulo, com
a expectativa de atrair um público de 600 mil pessoas (Fonte: Horvath, Sheila. “Dominando
o mercado – Brasil já responde por 60% da receita da mexicana CIE International”, Revista
FORBES. Edição 110, 13 de maio de 2005).
178 • capítulo 4
Para o organizador, seria algo que traria rendimentos crescentes, se os lo-
cais de apresentação, como teatros, estádios e conchas acústicas, tivessem uma
programação continuada. Isso criaria no público o hábito de se programar para
comparecer sempre que gostar do programa. Assim, os eventos gerariam recur-
sos para suportar a infraestrutura montada para os eventos.
Companhias teatrais estáveis – O Brasil já teve esse tipo de companhia.
Com o tempo, o sucesso das novelas projetou novos artistas que passaram a
ocupar a preferência das pessoas. Algumas passaram a não comparecer mais
aos espetáculos das companhias que existiam e a novela passou a ser o pro-
grama para após o jantar. Atualmente, essas companhias estão se refazendo,
constituídas dos artistas projetados pelas novelas, usando o prestígio adqui-
rido pela aparição na TV, e o público tem lotado os espetáculos apresentados.
O Brasil já possui um mercado razoável de pessoas que gostam de ir ao te-
atro e assistir a peças de boa qualidade e com conteúdo interessante. A pro-
va disso é que todas as peças bem montadas e com textos inteligentes que são
apresentadas têm tido sucesso de público e conseguido ganhar dinheiro, ainda
que a maior parte dos artistas em cena não esteja nas novelas televisivas. Um
exemplo disso aconteceu com a peça Descoberta da América, do autor italiano
Dario Fo, um monólogo feito no Rio de Janeiro pelo fantástico ator Julio Adrião:
o resultado foi casas lotadas todas as noites e teve de voltar a ser exibida quando
conseguiram teatro disponível, pois havia muito público interessado.
Museus – Nossos museus raramente possuem recursos audiovisuais para
que o visitante, durante o percurso do museu, vá ouvindo as informações sobre
o que vê. Hoje em dia, em que os sistemas de MP3 e seus sucessores têm custo
baixo, seria razoável que os visitantes tivessem acesso a esses aparelhos. Isso
é quase uma norma nos museus europeus. Temos no Brasil museólogos com-
petentes, toda a tecnologia para fazer as gravações e os aparelhos de escuta. O
custo correspondente mais o respectivo lucro do empreendedor seria acrescido
ao preço da entrada do museu. Certamente seria um negócio que, se bem feito,
seria lucrativo e custaria pouco para os usuários, agregando valor a sua ida a
um museu. As gravações poderiam ser feitas em diversos idiomas, atraindo o
visitante estrangeiro para visitação aos nossos museus.
Moda – arte de vestir sempre foi um trabalho artesanal. Com o advento da
revolução industrial, a moda moderna se consolida. As máquinas de costura,
em 1860, aqueceram a força produtiva, ampliando sua escala. Nesse contexto,
o acesso à moda é ainda mais facilitado.
capítulo 4 • 179
Nesse momento “heroico e sublime” da moda, duas indústrias se destaca-
ram, mirando alvos diferentes entre os consumidores. De um lado, os tecidos
luxuosos da alta-costura faziam a alegria da aristocracia, criando sob medida
vestidos sofisticados para ela.
De outro lado, o prêt-à-porter tentava proporcionar um luxo popular, pro-
duzido em série e em escala massiva. A indústria brasileira de moda começou
a se profissionalizar quando o produtor Paulo Borges criou um calendário para
o lançamento das coleções e os estilistas passaram a ter data e local para verem
e serem vistos.
O Brasil começou a despertar atenção lá fora. O fenômeno Gisele Bündchen,
dona das passarelas do mundo desde 1998, ajudou a divulgar as criações nacio-
nais. Empreender nesta área apresenta riscos bem menores pela profissionali-
zação e pelo interesse que o brasileiro passou a ter pelo segmento. No quadro,
algumas sugestões de negócios a serem empreendidos neste segmento.
180 • capítulo 4
Como vemos, em cada esporte vamos encontrar um consumidor e um po-
tencial único para empreendedorismo. Veja, no quadro, algumas sugestões
para empresas em esporte e lazer.
capítulo 4 • 181
econômico e social de suas áreas de convivência, têm mostrado também que as
metodologias do Empreendedorismo são úteis e ajudam a conduzir os empre-
endimentos com maior eficácia.
As organizações típicas das comunidades são associações e cooperativas.
As associações costumam discutir os problemas e formular soluções que preci-
sam obter o consenso da comunidade para a viabilização dos objetivos. A forma
como devem ser realizados pode ser por projetos ou empreendimentos, depen-
dendo de suas características.
De todo modo, os empreendedores, com suas características típicas e ha-
bilidades desenvolvidas, são muito bem-vindos para trabalhar em empreendi-
mentos e projetos comunitários, sobretudo, como forma inequívoca de con-
tribuírem de modo permanente com o desenvolvimento daquele entorno e
assegurando um grande exemplo de uma nova dimensão de cidadania.
182 • capítulo 4
As marcas deixadas no mundo pela relação entre o desenvolvimento econô-
mico e o conhecimento científico ao longo do século XX causaram efeitos per-
versos, refletidos na degradação ambiental, na fragilização do tecido social e no
aumento da desigualdade de renda (BRUNELI e COHEN, 2012). Segundo estu-
diosos do assunto, a noção de sustentabilidade desenvolveu-se em meio a uma
longa crise instalada nas últimas décadas do século XX, durante o processo
contraditório e diverso da formação da sociedade global. A partir da década de
1990, as discussões sobre desenvolvimento sustentável se intensificaram. O de-
senvolvimento sustentável pode ser entendido como um processo de mudança
social e elevação de oportunidades sociais que tem como objetivos integrar e
compatibilizar o desenvolvimento econômico e social e a qualidade ambiental.
Esta definição embute a noção de que os problemas ambientais não podem ser
tratados isoladamente das questões socioeconômicas, tais como, por exemplo,
a pobreza e a desintegração social (BRUNELI e COHEN, 2012).
Assim, pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável de uma socie-
dade visa promover simultaneamente a equidade social, a eficiência econômi-
ca e a conservação ambiental, o que torna sua implementação extremamente
complexa, considerando-se que, em muitas das vezes, tais objetivos mostram-
se pouco claros ou mesmo antagônicos, em função dos divergentes interesses
dos agentes envolvidos: governo, organizações com fins lucrativos, organiza-
ções sem fins lucrativos, comunidade (segmentada em suas diferentes classes
sociais) e outras organizações, formando um complexo sistema de múltiplas
inter-relações e interdependências.
O conceito de desenvolvimento sustentável a partir de então, foi sendo pro-
gressivamente incorporado ao planejamento das empresas por meio da susten-
tabilidade corporativa, como novo componente das estratégias corporativas e
das operações. Assim, a responsabilidade socioambiental passou, aos poucos,
a ser vista como necessária e, até mesmo, vital à sobrevivência das empresas no
longo prazo (BRUNELI e COHEN, 2012).
Além disso, novas fontes de receitas começaram a ser enxergadas para ati-
vidades e tecnologias que reduzem o impacto de produtos e processos produti-
vos sobre a natureza e a sociedade. O próprio comportamento do mercado con-
sumidor, cada vez mais consciente e exigente, passou a pressionar as empresas
a produzir produtos e serviços ecologicamente mais corretos. Nesse contexto,
emergiram na literatura acadêmica os conceitos de empreendedorismo am-
biental e empreendedorismo sustentável como modelos de empreendedores
capítulo 4 • 183
que veem a crise socioambiental como oportunidades para novos negócios.
Todavia, são conceitos cujas definições são diversas e para os quais existem
muitas questões em aberto relacionadas às atividades desses empreendedores
e seus impactos e implicações mais amplas para as economias nacionais.
REFLEXÃO
Antes de qualquer conceito ou definição do termo é precisa ressaltar que, por se tratar de um
conceito novo, existe uma discussão ativa sobre nomenclatura na literatura. Uns consideram
correto usar o termo empreendedorismo orientado à sustentabilidade por considerarem a
sustentabilidade um processo e pelo fato de nenhuma empresa ser totalmente sustentável.
Contudo, o termo empreendedorismo sustentável se popularizou, sendo adotado pela maioria
dos pesquisadores. O conceito de empreendedorismo sustentável emergiu recentemente
na literatura acadêmica e define a criação de negócios que combinam, ao mesmo tempo, a
geração de valor econômico, social e ambiental. A raiz do conceito derivou de estudos que
relacionavam empreendedorismo com desenvolvimento sustentável e de pesquisas sobre
empreendedorismo social e empreendedorismo ambiental. Apesar dos conceitos de empre-
endedorismo ambiental e social serem relacionados ao de empreendedorismo sustentável,
eles não são sinônimos.
Segundo a literatura, o empreendedorismo social não deve ser categorizado como um
subconjunto do empreendedorismo sustentável porque nem todas as missões sociais são
sustentáveis e os empreendedores sustentáveis mesmo tendo a intenção de resolver ques-
tões sociais não têm apenas esse foco. Outro argumento encontrado para diferenciar o em-
preendedorismo social do sustentável é que aquele voltado às questões sociais é menos
orientado ao lucro, sendo em grande parte composto por organizações não governamentais
(ONGs) ou híbridas, ao contrário daqueles orientados à sustentabilidade que perseguem a
rentabilidade (BRUNELI e COHEN, 2012).
184 • capítulo 4
LEITURA
Artigo sobre empreendedorismo sustentável
Definições, Diferenças e Semelhanças entre Empreendedorismo Sustentável e Ambiental:
Análise do Estado da Arte da Literatura entre 1990 e 2012. Autoria: Mariana Brunelli, Mar-
cos Cohen, disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_ESO2100.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Tecnologia no Estado do Pará. Disponível em: http://www.aedb.br/seget/arquivos/
artigos12/30616273.pdf (acesso 07/2015)
ARAÚJO FILHO, Geraldo Ferreira de. Empreendedorismo criativo. .Rio de Janeiro: Ciência
BERNARDES, Cyro. Você pode criar empresas. São Paulo: Saraiva, 2009.
BORGES, Cândido (org.). Empreendedorismo Sustentável. 1ª edição. São Paulo: Saraiva: 2014.
BRUNELI E COHEN, 2012. Definições, Diferenças e Semelhanças entre Empreendedorismo
Sustentável e Ambiental: Análise do Estado da Arte da Literatura entre 1990 e 2012. Disponível
em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_ESO2100.pdf
CAVALCANTI, Marly; FARAH, Osvaldo Elias; MARCONDES, Luciana Passos. Empreendedorismo
Estratégico: Criação e Gestão de Pequenas Empresas. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
CHER, Rogério. Empreendedorismo na veia. Rio de Janeiro: Campus, 2008.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do
empreendedor de sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 2007.
LOZINSKY, Sérgio. Implementando empreendedorismo na sua empresa. São Paulo: M. Books,
2009.
OLIVEIRA, E. M. Empreendedorismo Social: da teoria à prática, do sonho à realidade. São Paulo:
Qualitymark, 2008.
SABBAG, Paulo Yazigi. Gerenciamento de projetos e empreendedorismo. São Paulo: Saraiva,
2009
SANTOS, Franklin Jorge. Avaliando e implementando novas oportunidades de negócio.
Disponível em: http://famanet.br/pdf/cursos/semipre/Apostila%20Empreendedorismo%20
M%C3%B3dulo%20IV.NOVO.pdf
capítulo 4 • 185
186 • capítulo 4
5
O Plano de
Negócios e o Plano
de Projetos
Olá, esperamos que até o momento você tenha se envolvido cada vez mais no
mundo do empreendedorismo. Até o momento você já aprendeu bastante so-
bre o perfil do empreendedor e suas motivações. Também aprendeu sobre o
processo empreendedor, os tipos de empreendedores e vimos também como
identificar uma oportunidade de negócio.
Acho que já deu para perceber que “abrir o seu próprio negócio” não tem
nada a ver com arte ou algo com o qual você já tenha que ter nascido, ou seja,
já sabemos que podemos encarar o empreendedorismo como uma ciência e,
desta forma, sabemos que á técnicas envolvidas que pode nos levar o sucesso.
De fato imaginamos que com o conhecimento que construímos juntos até
o momento você já seja capaz de identificar o que é um empreendedor, o que é
uma empresa e um negócio e a identificar oportunidades de negócio.
Agora vamos aprender a fase do processo empreendedor na prática: o plano
de negócios e o plano de projetos. Na unidade anterior já iniciamos o aprendi-
zado sobre este plano de negócio e nesta unidade vamos continuar aprendendo
sobre ele mostrando incialmente (e de forma breve) duas ferramentas de sof-
tware que auxiliam na construção deste plano e na sequencia sobre a primeira
parte do plano: o sumário executivo.
OBJETIVOS
• Definição e importância de um Plano de Negócios
• Estrutura de um Plano de Negócios: Informações ambientais, estratégias de marketing,
plano operacional e gerencial e plano financeiro
• O Plano de Negócios como ferramenta de gerenciamento.
• Elementos essenciais de um projeto
• Planejamento de projetos
188 • capítulo 5
5.1 O Plano de Negócios
Segundo (DORNELAS, 2005), um plano de negócios é uma ferramenta utilizada
para gerir o processo de planejamento e desenvolvimento de uma nova empresa,
contudo, ele tem sido muito importante também na captação de recursos para ini-
ciar negócios, principalmente no que diz respeito às empresas de base tecnológica.
Como descrito na definição acima, (SALIM, 2005) concorda com a defini-
ção de Dornelas(2005) e enfatiza bastante o que deve ser planejado no plano
de negócios. Utilizando a mesma analogia de Salim et al(2005), que cita uma
passagem do livro “Alice no País das Maravilhas” na qual Alice pergunta para o
gato qual caminho deve ser seguido. Então o gato responde: “Isso depende de
para onde você vai. Afinal todos os caminhos são válidos para quem não tem
ideia de para onde quer ir!” O gato nos mostra para que serve um plano de ne-
gócio, ele é um caminho o qual planejamos seguir para atingir o objetivo do seu
empreendimento. Uma vez que ao contrário de Alice, o seu empreendimento
deve ter um objetivo.
Dornelas (2005) mostra a importância de se ter um plano de negócio ao
enfatizar o índice de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras
(MPE) que em 70% dos casos fecham as portas nos primeiros anos de existên-
cia. E este cenário não é uma exclusividade somente do Brasil. As MPE ameri-
canas também seguem esta tendência e 50% delas fecham a porta também nos
primeiros anos de vida. (Donelas, 2005).
Mas essas empresas deixam de existir nos primeiros anos por que elas não têm plano
de negócio?
capítulo 5 • 189
que na grande maioria das vezes, a principal causa da falência prematu-
ra das MPEs é a falta de planejamento ou então o planejamento mal feito.
(Donelas, 2005)
Olhando esses números, parece ficar claro a importância de uma ferramenta
de planejamento do empreendimento e como mais um argumento para mostrar
a utilidade do plano de negócios, a mesma pesquisa realizada pelo SBA apontou
que a grande maioria das empresas que deram certo e não fecharam as suas por-
tas realizaram o planejamento do negócio antes de iniciá-lo. (Donelas, 2005)
CONEXÃO
Quer saber um pouco mais sobre as pesquisas de mortalidade de empresas do sebrae? En-
tão acesso o link abaixo do sebrae de São Paulo e aprenda mais sobre o assunto:
http://www.sebraesp.com.br/TenhoUmaEmpresa/Biblioteca/OutrosConteudos/Estu-
dosEPesquisas/MortalidadeDasEmpresas/Paginas/MortalidadeDasEmpresas.aspx
Donerlas (2005) também chama atenção para um erro muito comum entre
os empreendedores: achar que o plano de negócios deve ser utilizado apenas
no momento da abertura da empresa. O que você deve entender é que o mer-
cado no qual o seu negócio está inserido sofre, e sofrerá, várias mudanças e
planejar o seu negócio para atender e prever essas mudanças é função do em-
preendedor. E isso pode ser feito com uma ferramenta de planejamento como
é o seu plano de negócios
Pessoal, falamos bastante aqui sobre o que é o plano de negócio e por que
ele é tão importante. Espero que vocês tenham entendido que uma das princi-
pais funções do empreendedor é planejar o seu negócio continuamente.
Vamos na próxima seção falar um pouco sobre quem é a pessoa para a qual
o plano de negócios é feito.
Professor, entendi que temos de fazer o plano de negócio para poder planejar a empre-
sa. Mas depois que terminamos o plano, quem é que irá lê-lo? Ou seja, para quem eu o
encaminho e quem irá utilizá-lo?
190 • capítulo 5
Será que só você vai ler o plano de negócio? Bom, se a resposta for sim isso já é su-
ficiente para tê-lo, principalmente se você estiver 100% comprometido com ele.
Isso por que só o ato de planejar embutido na confecção do plano de negó-
cio já vai fazer você pensar bastante no seu negócio, encontrar inconsistências
e/ou otimizar o seu negócio. Mas além de você, há outras pessoas que também
estão interessadas no plano de negócios. Salim et al (2005) diz que um plano
de negócio também interessa para o uso interno da empresa como por exem-
plo para os empregados. Imagine uma empresa na qual todos os empregados
saibam para onde remar, pois sabem para onde a empresa quer chegar e acre-
ditam nisso. Imaginaram?
Agora imaginem que no plano de negócios dessa empresa esta escrito que o
lucro será dividido com os funcionários. Olha o efeito potencializador de traba-
lho que o empreendedor tem nas mãos. Incrível, não?
Quanto à busca por recursos financeiros, Salim et al (2005), cita que, o capi-
tal de bancos é um dinheiro caro para o empreendedor conseguir viabilizar o
seu negócio quando não tem capital próprio. Além disso, os bancos não gostam
de correr riscos e sempre solicitam garantias reais para “lastrear” o emprésti-
mo (garantias reais).
Então, ao invés de correr atrás de um banco seria mais interessante encon-
trar um sócio investidor que queira correr o risco do seu negócio com o dinhei-
ro dele, mas por que acreditar que esse negócio lhe dará retorno?
No início da criação da sua empresa, só há uma forma de mostrar para um
investidor que a sua empresa pode ser um ótimo investimento: por meio de um
plano de negócios.
Dornellas (2005) aponta, além daqueles mostrado aqui por Salim et al(2005),
mais 5 outros grupos que podem ter interesse no plano de negócios de uma em-
presa, a saber:
capítulo 5 • 191
(AIDAR, 2007) em seu livro é ainda mais detalhista nos interessados no pla-
no de negócio, e, para melhor fixação e entendimento do aluno, estes interessa-
dos no plano de negócio são mostrados por meio da figura a seguir.
Incubadora
Parceiros Clientes
Plano de
Negócios Empreendedores
Investidores
Acionistas
Financiadores Fornecedores
192 • capítulo 5
Um plano de negócios descreve a ideia de um novo empreendimento e projeta os
aspectos mercadológicos, operacionais e financeiros dos negócios propostos, geral-
mente, para os próximos três ou cinco anos. Seu preparo permite a análise da proposta
e ajuda o futuro empreendedor a evitar uma trajetória
I. Análise setorial:
capítulo 5 • 193
• Veja quais serão os preços e as condições de venda. Saiba que há técnicas
para a determinação do preço.
• Descreva como a sua empresa será organizada juridicamente e fiscalmen-
te (aqui você pode economizar alguns impostos no Brasil).
• Descreva e analise a estrutura organizacional da sua empresa.
194 • capítulo 5
Para auxiliar novos empreendedores nesta tarefa de elaboração de um plano
de negócios, o Sebrae desenvolveu um esboço de plano de negócio para ajudar
àqueles que não têm muita experiência. Acesse o link a seguir (box conexão) e
veja como ficou esse esboço. Perceba os passos estudados logo acima contem-
plam a confecção do plano de negócios segundo o modelo proposto pelo Sebrae.
CONEXÃO
Para aprender mais sobre como abrir o seu negócio e como montar um plano de negócios,
visite o site do sebrae neste endereço: http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um
-negocio/vou-abrir/consulte-a-viabilidade/plano-de-negocio
Chiavenato (2007) propõe um modelo um pouco mais didático que vai lhe
ajudar muito na construção de um plano de negócio. Abaixo segue este modelo
com algumas pequenas adaptações:
PLANO DE NEGÓCIO
1. Ramo de Atividade:
• Porque escolheu estes negócio?
2. Mercado Consumidor:
• Quem são os clientes?
• O que tem valor para os clientes?
3. Mercado fornecedor:
• Quem são os fornecedores de insumos e serviços?
4. Mercado Concorrente
• Quem são os concorrentes?
5. Produtos/Serviços a serem ofertados:
• Quais são as características dos produtos/serviços?
• Quais são os seus usos menos evidentes?
• Quais são as suas vantagens e desvantagens diante dos concorrentes?
• Como criar valor para o cliente por meio dos produtos/serviços?
6. Localização
• Quais são os critérios para avaliação do local ou do "ponto"?
• Qual é a importância da localização para o seu negócio?
capítulo 5 • 195
PLANO DE NEGÓCIO
7. Processo Operacional
• Como sua empresa vai operar etapa por etapa? (Como fazer?)
• Como fabricar?
• Como vender?
• Como fazer o serviço?
• Qual trabalho será feito? Quem o fará? Com que material? Com que equipa-
mento?
• Quem tem conhecimento e experiência no ramo?
• Como fazem os concorrentes?
8. Previsão de produção, previsão de vendas ou previsão de serviços:
• Qual é a necessidade e a procura do mercado?
• Qual é a sua provável capacidade de produção?
• Qual é a disponibilidade de matérias-primas e de insumos básicos?
• Qual é o volume de produção/vendas/serviços que você planeja para seu
negócio?
9. Análise Financeira
• Qual é a estimativa da receita da empresa?
• Qual é o capital inicial necessário?
• Quais são os gastos com materiais?
• Quais são os gastos com pessoal de produção?
• Quais são os gastos gerais de produção?
• Quais são as despesas administrativas?
• Quais são as despesas de vendas?
• Qual é a margem de lucro desejada?
Figura 5.2 – Roteiro para a confecção de plano de negócio sugerido pelo Sebrae (retirado
de Chiavenato, 2007).
196 • capítulo 5
• Breve contexto sobre o mercado em que a empresa irá atuar, mostrando
como era, esta e a tendência desse mercado.
• Relato sucinto sobre os sócios e suas características.
• Relato sucinto sobre os recursos necessários para alavancar o negócio.
• Plano Estratégico:
• Missão, visão, objetivos a curto e longo prazo da empresa;
• Definição do negócio;
• Previsão de vendas;
• Planejamento da produção;
• Previsão de lucro operacional;
XII. Apêndices.
capítulo 5 • 197
5.1.3 Nosso template de plano de negócios
Para efeito didático, iremos definir aqui um pequeno template, tratando ape-
nas de tópicos gerais, do que será o plano de negócios que iremos utilizar para
efeitos didáticos no nosso curso.
Então, o nosso template em tópicos do plano de negócio será:
• Sumário de negócios.
• Resumo da Empresa.
• Descrição de produtos e serviços.
• Análise de Mercado.
• Marketing e Vendas.
• Planejamento Estratégico.
• Análise Financeira.
Por mais simples que seja o template de um Plano de Negócios ele irá requerer
muita atenção, precisão (até onde conseguimos ser precisos quando se trata de
desafios mercadológicos), planejamento e determinação. Existem tecnologias
em softwares disponíveis para auxiliar esta elaboração. São os “softwares para
plano de negócios”. Vamos agora dar uma olhada em alguns desses softwares.
198 • capítulo 5
O usuário pode baixar a versão do software (que vem compactada) e realizar
a instalação por meio de um “wizard” de fácil execução. Após a instalação o
usuário deve se cadastrar no software para utilizá-lo. Para isto, basta clicar no
botão “cadastre-se no sistema” e depois seguir com o cadastro. Assim que o ca-
dastro for finalizado o usuário pode cadastrar o seu primeiro plano de negócio
e iniciar a inserção.
Após cadastrar o usuário é necessário também cadastrar o plano de negó-
cios. Para tal, na tela que irá aparecer depois de entrar no sistema, basta digitar
o “nome do plano de negócio”, o “período de planejamento” , o “estado” em
que o negócio acontece e, por fim, “o objetivo do plano”, ou seja, se é um plano
de negócios para treinamento de estudantes (estudantil); empresas nascentes;
empresa em consolidação; empresa em expansão.
Depois que o plano foi cadastrado, então o software oferece uma interface
na qual o usuário pode ir preenchendo o plano de negócios de forma estrutura-
da. No lado esquerdo da tela o software mostra as seções e subseções do plano
de negócio e no lado direito, conforme uma seção/subseção é selecionada, o
software mostra os campos que devem ser preenchidos. Caso o usuário fique
com dúvida, no lado superior direito o software oferece dicas e exemplos de
como o preenchimento deve ser feito.
O interessante deste software é que ele é muito didático e auxiliar o empre-
endedor a planejar o seu negócio no sentido de oferecer um plano de negócio já
estruturado contendo seções necessárias para um bom planejamento.
Além disto, o software oferece exemplos e dicas de como preencher o plano
possibilitando ao empreendedor uma experiência melhor de planejamento no
momento da montagem do plano.
Vale a pena acessar e simular um plano de negócios para você!
capítulo 5 • 199
COMO MONTAR UM PLANO DE NEGÓCIOS SIMPLES E PRÁTICO
Professor José Dornelas
31/03/2011
A revista Pequenas Empresas Grandes Negócios publicou em seu site uma prévia de meu novo livro
de plano de negócios, com dicas para quem precisa desenvolver um PN com objetividade. Confira a
íntegra do texto aqui no blog.
Para desenvolver um plano de negócios é importante entender o que essa ferramenta de gestão
significa. O plano de negócios é um documento utilizado para planejar um empreendimento ou
unidade de negócios, em estágio inicial ou não, com o propósito de definir e delinear sua estratégia
de atuação para o futuro. Trata-se ainda de um guia para a gestão estratégica de um negócio ou
unidade empresarial.
O seu desenvolvimento fica mais claro quando se analisa o processo empreendedor. Como o plano
de negócios é muito utilizado por empreendedores que estão estruturando a criação de novos
negócios, pode ser entendido como um guia para o planejamento de novos negócios ou ainda para o
planejamento de novas unidades empresariais, no caso de empresas já estabelecidas.
200 • capítulo 5
COMO MONTAR UM PLANO DE NEGÓCIOS SIMPLES E PRÁTICO
Mas, por que planejar? Ao responder a esta pergunta o empreendedor deveria pensar no plano de
negócios como uma ferramenta de auxílio no processo de planejamento e não como uma obrigação.
Só há razão de se planejar algo caso esteja claro para o empreendedor aonde se quer chegar, ou
seja, qual é o seu objetivo.
Negócios criados sem planejamento são empresas conhecidas como “estilo de vida” nas quais os
empreendedores não têm visão clara de crescimento e de como será a empresa daqui a 5, 10, 20
anos. Por isso, ao se estabelecer um objetivo de crescimento para um negócio, seja em relação à
receita, lucro, número de clientes, participação de mercado etc., fica mais evidente a necessidade de
se planejar cada passo que será dado para que o objetivo seja atingido.
O processo empreendedor resume essas etapas de maneira a facilitar o trabalho do empreendedor.
Inicia-se com a ideia de negócio, que geralmente é o ponto de partida para qualquer empreendimen-
to. Em seguida, analisa-se a oportunidade, ou seja, procura-se entender se a ideia que você teve tem
potencial de viabilidade econômica, tem clientes em potencial no mercado para consumir um produto
ou serviço decorrente dessa ideia. Com a oportunidade identificada parte-se para o desenvolvimen-
to do plano de negócios. O plano de negócios concluído permitirá ao empreendedor identificar a
quantidade necessária de recursos e as fontes existentes para financiar o empreendimento. Após
estas etapas iniciais parte-se para a gestão da empresa. Note que o processo pode ser extremamen-
te dinâmico e as etapas podem ser revistas a qualquer momento, de forma interativa. O importante
é o empreendedor planejar o processo de estruturação do seu negócio desde a análise das ideias
iniciais para saber se são oportunidades, para então selecionar a melhor oportunidade, desenvolver o
plano de negócios e, assim, poder se dedicar à gestão da empresa.
Percebe-se, pela análise do processo empreendedor, que o plano de negócios pode e deve também
ser utilizado após a constituição do negócio. Desta forma, caberá ao empreendedor revisar e atualizar
seu plano de negócios periodicamente para garantir que a execução da estratégia de negócios
ocorra de maneira adequada.
O prazo para essa revisão pode variar dependendo do tipo de negócio e do mercado no qual a
empresa atua. O empreendedor deve ter em mente que o plano de negócios deve ser revisto assim
que uma premissa importante utilizada nas projeções de seu plano mudar. Premissas importantes po-
dem ser: variação na taxa de crescimento do mercado, entrada de novos concorrentes no mercado,
mudança na legislação que afeta diretamente o seu negócio, revisão de uma parceria estratégica,
conquista ou perda de clientes importantes (que representam percentual considerável do faturamen-
to da empresa: 10, 20, 30%) etc.
Não há regra rígida ou metodologia única para se desenvolver um plano de negócios, mas um bom
ponto de partida é você planejar as atividades que deverão ser desenvolvidas, incluindo tarefas,
responsáveis, prazos e resultados almejados. Isso facilitará na obtenção do seu plano de negócios
dentro de um prazo razoável de forma que você possa controlar as atividades. Dificilmente o plano de
negócios será desenvolvido em uma única sequência de passos. É provável que muitas interações
ocorram e que após algumas seções serem concluídas você julgue necessário revisá-las novamente
quando algum tópico que se aplica a mais de uma seção tenha sido alterado. É importante que se
tenha clareza do nível de detalhe que se busca para o plano e que se estabeleça um prazo para
concluí-lo, caso contrário você nunca obterá uma versão final para o seu plano de negócios.
Uma possível sequência para o desenvolvimento de um plano de negócios é iniciada pela análise da
oportunidade (seguindo o processo empreendedor) e em seguida passa-se para uma rigorosa análi-
se do mercado, do público-alvo e dos concorrentes. A partir daí você poderá se dedicar a definir: a) o
seu modelo de negócio (o que vender, o que é o negócio, como vender, para quem, a que preço,
capítulo 5 • 201
COMO MONTAR UM PLANO DE NEGÓCIOS SIMPLES E PRÁTICO
o plano de marketing…) e projeções iniciais de receita, b) investimentos iniciais necessários, c) ne-
cessidade de recursos humanos, d) projetar custos, despesas e receitas ao longo do tempo, e) fechar
o modelo de negócio cruzando necessidade de recursos com resultados, f) criar os demonstrativos
financeiros, g) fazer análises de viabilidade através de índices de retorno sobre investimento, rentabi-
lidade, etc., h) revisão completa de todos os passos, i) concluir a redação do plano e fechamento do
modelo.
Note que todos os passos indicados podem ser feitos sem você necessariamente se dedicar, logo de
início, à escrita completa do plano de negócios. Os passos listados acima sugerem que você crie uma
planilha eletrônica com várias pastas interligadas. Assim, quando uma determinada variável crítica do
seu plano de negócios for alterada todas as pastas que dependerem desta variável serão automa-
ticamente atualizadas. Exemplo: um vendedor típico de determinado negócio no interior da Bahia
pode visitar 20 clientes por mês e tem uma taxa efetiva de venda de um kit padrão de produtos de 5
clientes diferentes ao mês. Assim, para cada vendedor contratado você terá em sua planilha, em mé-
dia, cinco novas vendas/mês. Essa variável deveria influenciar custos com compras de matéria-prima,
divulgação, contratação de pessoal, receita etc. Use esta mesma lógica para toda variável que julgar
relevante em seu plano de negócios e assim o seu trabalho ficará mais efetivo.
Procure analisar em detalhes a planilha do plano de negócios do Tourbr.com (que acompanha o
livro Plano de negócios, seu guia definitivo e está disponível gratuitamente na seção de download
do blog) e então faça a sua própria planilha utilizando a do Tourbr.com como exemplo ou ponto de
partida.
É isso aí. (DORNELAS, 2011)
202 • capítulo 5
O que queremos dizer é que com o sumário executivo o seu plano de negó-
cios fica mais fácil de ser lido, pois o leitor tem uma ferramenta rápida para
decidir se irá lê-lo por inteiro ou se o descartará.
É importante salientar que, como o sumário executivo deverá conter um re-
sumo geral da ideia, ele será um dos últimos itens que será elaborado no seu
plano de negócios. Porém, como ele é o primeiro item a ser lido pelos investido-
res, então ele deve ser o primeiro item a aparecer no plano de negócios.
Na definição acima de Salim et al (2005) já dá para ter uma ideia do que deve
conter um sumário executivo. Mas além da definição acima, Salim et al (2005)
sintetiza tudo o que é importante constar no seu sumário executivo:
capítulo 5 • 203
(DORNELAS, 2005), prefere mostrar o que deve conter um sumário execu-
tivo por meio de perguntas que devem ser respondidas neste sumário, a saber:
Então, considerando os três autores acima citados, para o efeito deste cur-
so, iremos considerar os seguintes itens para o sumário executivo:
Lógico que você poderá enfatizar um item ou outro dos acima apresentados
dependendo da sua empresa e do foco do seu negócio.
Para deixar mais claro cada um dos itens acima, vamos explicá-los mais de-
talhadamente logo abaixo.
Objetivo do plano de negócio
A primeira parte do sumário executivo é dizer de forma direta e clara qual é o ob-
jetivo do plano de negócios em questão. Assim, o leitor já saberá na primeira linha
do seu documento, sobre o que se trata o seu negócio vendo se o interessa ou não.
No objetivo do plano de negócios o empreendedor deve dizer objetivamen-
te quem é a empresa (rápido descritivo) e qual é o negócio (rápida definição).
(Salim et al (2005))
204 • capítulo 5
Nós acreditamos que na fase de objetivos do sumário executivo, as seguin-
tes perguntas de Dornelas (2005) devem ser respondidas:
Aqui o empreendedor deve deixar claro qual(ais) será(ao) o(s) seu(s) produto/
serviço, qual é o mercado e o seu tamanho e qual será a sua estratégia de abor-
dagem do mercado.
Na nossa visão, seguindo as perguntas de Dornelas(2005) mostradas ante-
riormente, pensamos que o empreendedor deve responder nesta parte do su-
mário executivo às seguintes perguntas:
capítulo 5 • 205
• Qual é o seu produto e serviço?
• Onde está o seu mercado clientes?
• Missão;
• Visão;
• Análise SWOT;
Dizemos um breve planejamento estratégico aqui, pois neste ponto ainda
não será mostrado uma formulação da estratégia de forma completa e muito
menos a implementação e avaliação da estratégia.
Ainda há de se mostrar nesta parte do planejamento estratégico quais são
os pontos chaves para que a empresa obtenha sucesso, segundo a análise de
seus empreendedores, ou seja:
Missão
Toda a empresa é vista como um sistema aberto, ou seja, uma porção de partes
que se interagem de forma sinérgica buscando um objetivo/função em comum
e que sofre influências do meio externo.
206 • capítulo 5
Sendo assim, toda a empresa deve ter um objetivo específico que justifique
a sua existência nesse meio externo, ou seja, o mercado.
Para traduzir esse objetivo toda a empresa deve ter uma MISSÃO, que nada
mais é do que o objetivo/função que uma empresa tem perante o mercado.
Em um plano de negócios, normalmente a missão é uma sentença que resu-
me os objetivos da empresa e a área de atuação da empresa. (Salim et al 2005)
Logo abaixo temos uma tabela com alguns exemplos de missão de algumas
empresas conhecidas retirados de (CHIAVENATO, 2007)
EMPRESAS MISSÃO
A visão da empresa é uma sentença que diz onde a empresa quer estar no
futuro em relação ao negócio que ela atua. É a percepção que os sócios da em-
presa tem do seu negócio no futuro (Chiavenato, 2007).
Não necessariamente a visão é algo alcançável (Salim et al 2005), mas é que
norteará os trabalhos da empresa, ou seja, é o que vai direcionar as ações da
empresa para que o empreendedor não gerencie o seu negócio sem nenhum
objetivo a atingir.
capítulo 5 • 207
CONEXÃO
Na análise estratégica a empresa é vista como um sistema aberto e é modelada de tal forma.
Assim, como o sistema tem um objetivo a empresa também deve tê-lo. Portanto, podemos
fazer uma analogia da missão da empresa com o objetivo do sistema atual e a visão com o
objetivo futuro da empresa.
Esta será a última parte do nosso sumário executivo e nela o empreendedor deve-
rá mostrar os números (ou a previsão deles) necessários para a empresa ou negó-
cio acontecer. Seguindo o template de Dornelas(2005), pensamos que o empreen-
dedor deve responder nesta parte do sumário executivo às seguintes perguntas:
EXEMPLO
Sumário Executivo
Objetivos do Plano de Negócio
208 • capítulo 5
A empresa ainda não está estabelecida sendo que este plano de negócio tem por
objetivo planejar o início da empresa no negócio de desenvolvimento de softwares per-
sonalizados. Sendo assim, este plano de negócio irá apresentar o planejamento para a
estruturação da empresa MicroSysTudo e sua estratégia para se estabelecer no negó-
cio/mercado escolhido.
Para estruturar a empresa, os sócios possuem um capital inicial de R$ 50.000,00 e ne-
cessitam de mais R$ 40.000,00 para o estabelecimento da empresa.
capítulo 5 • 209
A empresa MicroSysTudo tem como ponto forte a experiência de seus sócios no desen-
volvimento de softwares corporativos e no mercado de softwares corporativos. Como ponto
fraco a empresa apresenta deficência de know how em empreendimentos, uma vez que
nenhum dos seus sócios tem experiência em abertura de novos negócios.
O mercado apresenta várias oportunidades como: a ALGAS esta interessada em abrir
parcerias com empresa startups para as quais deseja repassar os clientes que são empresas
micro, pequena e média empresa; o governo brasileiro reduziu os impostos para empresas
desenvolvedora de software principalmente aquelas exportadoras.
Em contrapartida as grandes empresas concorrentes da ALGAS agora iniciaram o de-
senvolvimento de softwares destinados às micro, pequenas e médias empresas uma vez que
viram o potencial deste nicho de mercado.
Para a empresa MicroSysTudo, são fatores críticos de sucesso: localização em região
com disponibilidade de recursos humanos de desenvolvimento de software e realizar a par-
ceria com a ALGAS uma vez que nenhum dos seus sócios têm experiência em vendas e
prospecção de mercado.
210 • capítulo 5
5.1.6 Descrição dos produtos e serviços
Segundo Dornelas (2005) este pode ser considerado com a seção mais difícil de
ser feita e uma das mais importantes também.
É aqui que o empreendedor vai fazer uma análise profunda do mercado no
qual o seu empreendimento irá se inserir.
Nesta seção é onde será feita uma análise dos concorrentes e uma estratégia
de marketing deverá ser elaborada.
capítulo 5 • 211
Quando se faz análise de mercado, até os mais experientes empreendedores
correm o risco de errar por estarem inseridos na “emoção” do negócio, ou seja,
acabam acreditando tanto na idéia que terminam por ter certeza de que o negó-
cio não tem concorrente, ou então que ele se venderá sozinho.
Nesta seção o empreendedor também deve mostrar a situação atual do mer-
cado, como ele esta segmentado, quais são suas tendências, suas alianças es-
tratégicas e etc.
Segundo Dornelas (2005) um bom guia para fazer esta seção seria abordar:
Salim et al (2005) procede quase da mesma forma que Dornelas (2005), po-
rém um pouco mais simplificado uma vez que ele divide esta seção em duas:
análise de mercado e estratégia de negócios. Na seção de análise de mercado,
Salim et al (2005) diz ser importante:
Para o nosso curso, vamos selecionar os mais importantes desses dois auto-
res para explicarmos com maiores detalhes e montar um pequeno template do
que seria uma análise de mercado, a saber:
212 • capítulo 5
I. Análise ambiental do mercado:
• Os 4 Os de marketing
capítulo 5 • 213
No plano de negócios é importante o empreendedor ir até a parte de formu-
lação de estratégia mostrando que ele tem conhecimento sobre o mercado em
que ele atua e consciência sobre os seus pontos fortes e fracos.
Uma vez feita a análise SWOT parte-se do princípio que o empreendedor en-
tendeu bem seus pontos internos e externos e, em conjunto com o que ele de-
finiu na missão e visão, é hora de definir quais são os objetivos para a empre-
sa. Obviamente, esses objetivos devem atender a missão e a visão da empresa,
não se esquecendo que a empresa tem seus fatores internos e externos. Os
objetivos são declarações amplas com as intenções gerais do que a empresa
deve atingir.
Já as metas configuram-se no passo a passo que a empresa deve seguir para
atingir os objetivos. Dessa forma conclui-se que para atingir um determinado
objetivo a empresa pode formular variadas metas. E é importante que essas me-
tas sejam SMART, ou seja: Específicas, Mensuráveis, Atingíveis, Relevantes e
Temporárias. (Dornelas, 2005)
REFLEXÃO
De fato, ao se determinar os objetivos para a empresa juntamente com as metas, uma es-
tratégia esta sendo formulada. Dornelas (2005) diz que os objetivos e metas mostram o que
atingir, já a estratégia de negócio mostra como atingir. Há pelo menos 4 tipos de estratégias
de negócio (Porter, 1980 apud Dornelas, 2005):
214 • capítulo 5
• Expansão do mercado: parecido com a estratégia de penetração, porém aqui o principal
não é simplesmente “aumentar o pedaço mantendo o mesmo bolo, mas sim aumentar o bolo
para desta forma ter um pedaço maior, mas na mesma proporção”, ou seja, o que se deseja
aqui é ampliar o mercado.
• Diversificação: entrar em novos mercados com novos produtos uma vez que o mercado
atual ou estagnou ou ainda não oferece oportunidade de crescimento (o que pode ser iden-
tificado nas análises externas da SWOT).
Agora precisamos mostrar no nosso plano de negócio como será a vida finan-
ceira do empreendimento, ou seja, precisamos projetar os números que irão
mostrar que o negócio em questão é realmente bom e que vale investimentos e
que terá o retorno esperado.
Normalmente esta é a parte mais difícil do plano de negócios, pois todos
os números mostrados na análise financeira devem refletir exatamente o que
exposto até aqui no plano de negócios.
Na verdade a análise financeira do plano de negócios é um conjunto de de-
monstrativos financeiros que mostram em números como o empreendedor
pretende alcançar tudo aquilo dito até então no plano de negócios.
Segundo Dornelas (2005), os demonstrativos que aparecem no plano de
negócio devem projetar o empreendimento em no mínimo 3 anos, sendo que
normalmente usa-se 5.
Ainda segundo Dornelas (2005), os demonstrativos mais utilizados são:
• Balanço patrimonial;
• Demonstrativo de resultados;
• Demonstrativo de fluxo de caixa;
• Análise do ponto de equilíbrio;
• Demonstrativos de análise de retorno financeiro, a saber:
• Prazo de payback;
• TIR;
capítulo 5 • 215
• VPL.
216 • capítulo 5
Serão abordadas as diferenças entre um projeto e um empreendimento, de-
monstrando seu impacto no planejamento de cada um deles. O planejamento
de projetos é efetivamente um tema importante para um empreendedor. Boa
parte do trabalho de um empreendedor é feito por meio de projetos. Quando
pensamos, por exemplo, em empreendimentos para desenvolvimento local,
acabamos entendendo que eles são constituídos de um conjunto de projetos,
articulados em seus objetivos e no tempo exato de cada etapa planejada.
Os outros tipos de empreendimentos também utilizam projetos coordena-
dos para realizar seus objetivos. Esses conjuntos de projetos também são cha-
mados de programas.
Gerenciar projetos já é considerado uma habilidade própria de determina-
da profissão, e pessoas comprovadamente capacitadas e experientes nessa área
podem, inclusive, obter certificações dessas competências.
Como se pode ver, as duas definições podem ter formas diferentes, mas têm
o mesmo conteúdo, ressaltando pontos específicos do que é um projeto. No
segundo livro, os termos mais utilizados e que não são óbvios são devidamente
explicados a seguir:
capítulo 5 • 217
• Atividades únicas – O projeto não aconteceu antes e nunca mais aconte-
cerá sob as mesmas condições. Para projetos similares, há um conjunto de ati-
vidades que são realizadas e que, embora sejam de mesma natureza, aplicam-
se a situações diferentes, produzindo resultados também diferentes.
• Atividades complexas – As atividades compreendidas por um projeto são
relativamente complexas, isto é, geralmente não são ações repetitivas, são no-
vas e requerem um nível de conhecimento e experiência para serem imagina-
das e realizadas.
• Atividades relacionadas – Há uma sequência que precisa ser respeitada
para que o projeto possa ser completado.
218 • capítulo 5
Plano de Projeto
• Objetivos
• Prazo
• Custo
capítulo 5 • 219
abrange. O prazo deve ser calculado levando em conta as diferentes ações e
sua interdependência. O número de horas de trabalho e de dias para concluir
o empreendimento é um ponto fundamental. Essa forma de planejar por que-
bras sucessivas em partes menores, aprofundando gradativamente o traba-
lho, resulta em uma estrutura de trabalho que, em inglês, é denominada WBS
(Work Breakdown Structure).
4o passo: Definir os perfis e quantificação dos profissionais necessários à
realização das atividades, assim como o tempo que será despendido.
5o passo: Com esses elementos, é possível estabelecer o prazo viável para
a execução do projeto, seus recursos e custos previstos. Dessa forma, é possí-
vel retornar ao patrocinador para verificar se concorda com o prazo e o custo
previstos para conseguir atingir os objetivos pretendidos. Espera-se que pos-
sa ocorrer, naturalmente, uma negociação entre o patrocinador e o gerente do
projeto para ajuste dos interesses mútuos.
A seguir, uma figura representando uma WBS, onde cada item descreverá o
trabalho necessário para obtenção do resultado daquela atividade, decompon-
do o projeto em partes mais facilmente manipuláveis.
Objetivo do projeto
220 • capítulo 5
EXEMPLO
Agora, vejamos um exemplo de WBS para melhor compreensão do assunto. Trata-se de um
projeto para a construção de uma casa:
Preparo do local
Fundações
Estrutura
Instalações
Paredes
Tetos
Acabamentos
Nesse caso, tomemos, por exemplo, o item Instalações: inicialmente seria subdividido em
instalações elétricas, hidráulicas, telefonia e, para cada nível descrito, detalhado o trabalho
requerido e os materiais aplicados.
capítulo 5 • 221
sendo realizados, através de nove dimensões — o escopo do projeto e do tra-
balho para que seja concluído, a qualidade comprometida com o objetivo a
alcançar, mantendo razoáveis os custos e o tempo, administrando o pessoal
envolvido, cuidando das comunicações sobre o projeto para todos os inte-
ressados, obedecendo à legislação para a aquisição de bens ou contratação
de serviços, cuidando de alternativas para atividades de risco, finalizando
com a devida integração de todos esses itens.
A satisfação de todos os requisitos levantados em cada área de atuação
citada frequentemente exigirá tomada de posição relativa às prioridades a
serem atendidas e alguma política de compensações que o empreendedor
deverá preparar-se para enfrentar.
ATIVIDADE
Faça uma visita ao site do PMI (www.pmi.org.br) e verifique o que significa uma certificação
em gerência de projetos e a importância de uma organização certificadora.
Como você já percebeu, um empreendimento é algo que é feito para ter vida
longa, para durar por prazo indeterminado. Assim, no exemplo que demos, há
um período em que serão feitos diversos projetos para que o empreendimento
“Revitalização da área do Porto” passe a funcionar. Quando o projeto de um
empreendimento fica pronto, seu resultado passa a ser regularmente produzi-
do e mantido em operação. Depois, seguirão etapas em que, simultaneamente,
estarão ocorrendo o seu uso, correções e melhorias, bem como o desenvolvi-
mento de novos projetos.
Um projeto possui data de início e término, finalidade definida e recursos
identificados para sua realização. Ao ficar pronto, há a entrega do objeto a que
se destinava, ou seja, seu produto.
Em um empreendimento, estão consideradas as atividades de manutenção
e operação, inexistentes em projetos. Ainda em um empreendimento, há a pos-
sibilidade de criação de novas etapas de expansão, reformulação de alguma de
suas partes ou introdução de algo que não havia sido pensado inicialmente.
222 • capítulo 5
Um empreendimento se adapta às necessidades de cada época e engloba, além
dos projetos que contribuíram para sua operacionalização, as atividades de
operação e manutenção.
Importante:
Vamos ao questionário:
capítulo 5 • 223
• Qual o produto ou serviço que será vendido; qual o benefício que será
prestado e qual o conjunto de projetos e ações que vão constituir um empreen-
dimento para beneficiar ou desenvolver uma região
• Como será feita a prestação do serviço ou a fabricação do produto? Qual a
forma de funcionamento do empreendimento?
• De que forma vai funcionar, caso se trate da venda de um produto
ou de um serviço? (Aqui se define o MODELO DE NEGÓCIO aplicável ao
empreendimento.
• De que forma vai ser operacionalizada, caso se trate de uma ação social
com o objetivo de prestar um benefício a um grupo de pessoas — como vamos
definir os membros do grupo (quem tem direito), como vamos fazer a prestação
do benefício (processo de funcionamento)?
• Quem mais faz a mesma coisa? Faz do mesmo modo? São os concorren-
tes, os competidores e seus similares, isto é, quem faz produtos que substituem
parcialmente ou concorrem com o empreendimento em questão?
• Qual a quantidade de interessados em adquirir os produtos e serviços?
Ainda há espaço no mercado para o empreendimento? Qual o tamanho do
mercado? Como vai ser conquistado esse espaço? De que forma os comprado-
res serão convencidos a adquirir o produto? Como convencer os doadores de
que a ação social é suficientemente meritória para que contribuam para sua
realização?
• Como será organizado o início do empreendimento? Como fabricar, ven-
der, prestar serviços, prestar benefícios etc.? Quantas pessoas serão necessá-
rias — quais as características dessas pessoas e os conhecimentos/ prática que
devem ter?
• De que forma será iniciado o empreendimento? Quais as primeiras me-
tas? Como colocar em operação a empresa, ação social ou empreendimento
para desenvolvimento local?
• Quais os fatores críticos de sucesso do empreendimento? (Fatores críti-
cos de sucesso são aqueles que precisam estar presentes e atuantes no empre-
endimento para que este seja considerado bem-sucedido.)
• Qual o valor do investimento inicial para colocar o empreendimento em
operação? Há expectativa de ficar autossuficiente ou atingir o breakeven point?
Quando? O investimento poderá ser recuperado? Em que prazo?
224 • capítulo 5
EMPREENDIMENTO É o que consegue arrecadar o suficiente para custear
AUTOSSUFICIENTE sua operação
capítulo 5 • 225
PROJETO EMPREENDIMENTO
tem início determinado, mas, em princípio, o fim é
tem início e fim determinados
indeterminado
tem objetivos que mudam durante seu ciclo de
tem objetivos que são cumpridos durante seu
vida, embora parte deles seja cumprida durante
ciclo de vida
sua existência
a recuperação de seus custos pode ocorrer em tem como objetivo tornar-se autossuficiente,
um prazo estabelecido por seu patrocinador ou recuperando seus investimentos e podendo gerar
por algum critério dos responsáveis pelo projeto lucro
What? O quê?
5W
When? Quando?
Where? Onde?
226 • capítulo 5
WHO? PARA QUEM?
2H How? Como?
Agora, vejamos um exemplo para aprender a usar esse método tão simples:
imaginem que a equipe de administração de viagens de uma empresa qual-
quer identifique dificuldades para fazer reservas de passagens de trem e que
essa seja a modalidade de transporte requerida. A equipe de administração de
viagens, pensando em cada uma das sete letras do método 5W+2H, como você
pode ver a seguir, relaciona:
PROBLEM PERGUNTAS 5W + 2H
Por quê
WHY Propósito
Por que usar viagens de trem?
O quê
Quais são as atividades para reservar a viagem?
WHAT Atividade
As pessoas estâo perdendo tempo para fazer
as reservas?
Onde
WHERE Lugar
Elas viajam para onde?
Quem?
WHO/WHOM Equipe
Quem está viajando e quem faz as reservas?
capítulo 5 • 227
PROBLEM PERGUNTAS 5W + 2H
Quando
WHEN Tempo Quando serão feitas as reservas?
Quando as pessoas viajarão?
Como
HOW Método
Como serão feitas as reservas?
Quanto
HOW MUCH Custo
Quanto custa viajar de trem?
EXEMPLO
Suponhamos ser necessário realizar um levantamento de mercado, contratar a equipe téc-
nica e implementar processos administrativos em um empreendimento. Cada um desses
objetivos deverá dar origem a um projeto, e isso facilita a mobilização dos recursos nos mo-
mentos certos e nas quantidades necessárias para sua realização, podendo dividir a equipe
de implantação em subequipes que acabam por ser mais bem utilizadas e, com isso, serem
realizadas tarefas simultâneas
228 • capítulo 5
Como conseguir visibilidade na carreira?
A resposta seria:
capítulo 5 • 229
organizada de forma que se chegasse ao objetivo final: vencer a guerra. Os mi-
neiros interpretaram essa ideia de uma maneira simples e clara: comer o boi a
bifes. Você vai dividir seus objetivos em metas intermediárias que, se vencidas,
o levarão a conquistar o objetivo.
Condições para o alcance das metas – Quais os requisitos necessários para
alcançar cada uma das metas que você fixou? Em relação a esses requisitos,
como você se vê diante deles? Quais deles seriam fáceis para você adquirir e
quais seriam mais difíceis? Como você pode adquirir tais requisitos?
Oportunidades de mercado – Para mapear as oportunidades de mercado,
você terá de fazer um trabalho mais detalhado de busca de informações em em-
presas e anúncios de concursos públicos. O que também ajuda muito é conver-
sar com profissionais bem-sucedidos nas áreas às quais você quer se dedicar.
Não esqueça que na Internet há muitas informações sobre empresas que
poderão ajudar nessa tarefa, inclusive indicar onde você pode disponibilizar
seu currículo para se candidatar a um emprego.
Pontos fortes e fracos – Analise seus pontos fortes e fracos em busca da
solução para seus pontos negativos e comunicação de seus pontos positivos.
Assim sendo, pense separadamente no seguinte:
Potencialidades – São as características, tangíveis ou não, que podem in-
fluenciar positivamente seu desempenho. Veja que algumas são característi-
cas tangíveis, como aquilo que você sabe ou a experiência de trabalho que você
possui em determinada área. Mas há também aspectos intangíveis dessa abor-
dagem, como a garra que caracteriza você ou sua tenacidade para lutar por um
objetivo. As coisas tangíveis podem ser demonstradas ou comprovadas. Já as
intangíveis são mais subjetivas e não podem ser comprovadas, a não ser pela
convivência e pelo tempo, eventualmente detectadas pelas entrevistas para se-
leção de colaboradores.
Fragilidades – São as características que podem influenciar negativamente
seu desempenho. O que você não sabe e precisaria saber para exercer uma ta-
refa; o que lhe falta de experiência para almejar uma posição em uma empresa;
sua dificuldade em realizar algo, mas que seja fundamental para conseguir re-
alizar um de seus objetivos.
Observação: Todos nós temos pontos fortes e fracos e não é vergonhoso re-
conhecer nossas fraquezas. O ruim é não conseguirmos reconhecer nossas po-
tencialidades e fragilidades para agirmos em nosso próprio benefício, sabendo
tirar o melhor de nossas potencialidades e conseguir equacionar nossas fragili-
dades, inclusive minimizando-as por uma maior atenção ao assunto.
230 • capítulo 5
Definição do plano de ação para implementação
a) Planeje como vai conseguir cada requisito que você levantou para con-
quistar cada oportunidade. Se for um conhecimento em que cursos ou leituras
podem habilitá-lo, você já sabe que somente o esforço pessoal poderá ajudá-lo
no processo. Se a exigência é ter experiência na área (dois anos de estágio ou um
ano de prática), como você pretenderia atender ao requisito?
b) Para conseguir alcançar uma oportunidade, você terá de seguir uma
sequência de passos: são requisitos a serem preenchidos e possuem uma se-
quência lógica. Imagine como se fosse uma gincana, na qual você estabelece os
passos para atender a cada um dos requisitos.
c) Pode acontecer de você já ter conseguido atender aos requisitos ne-
cessários para ganhar uma oportunidade. Nesse caso, junte os elementos que
comprovam essa competência e relacione no seu plano de carreira os elemen-
tos/documentos que vai apresentar, para mostrar que atende a eles.
d) Registre em seu plano de carreira os locais de trabalho que vai procu-
rar, as características e os aspectos positivos e negativos que identificou em
cada um deles, visando facilitar sua análise posterior. Mas, ATENÇÃO! Se você
obteve alguma informação através de terceiros, confira-a através de outra fon-
te (NUNCA DIGA “Fulano me disse…”). Após a confirmação, através de fonte
de natureza diferente da inicial, a informação pode ser considerada válida.
Quanto ao informante, sempre que ele emitir uma opinião, pergunte-lhe a cau-
sa ou fundamentação e decida pela procedência.
e) FICOU SATISFEITO COM SEU PLANO DE CARREIRA? ISSO É MUITO
IMPORTANTE. De nada vale todo esse plano se, ao final de tudo isso, o esforço
pela elaboração não o conduzir à satisfação plena. É provável que você não pos-
sa, ainda, manifestar-se quanto à realização futura, mas pode avaliar se ficaria
feliz com o resultado projetado do plano!
f) ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO — A HORA DA VERDADE
Esse é o momento crítico. Muitos projetos bons fracassam devido à falta de
cuidado durante sua implementação. É o conhecido termo “morrer na praia”!
Em seu plano de carreira, devem estar contidas todas as ações que realizará
para implementá-lo e atribuir a cada uma delas uma data de início e uma data
de término. Registre esta interdependência: uma ação depende de outra. Por
exemplo, se não estiver graduado e se esse for um requisito necessário para ins-
crição em um dos cursos capacitantes de que precisa para atingir o objetivo,
programe o início dessa ação para depois da formatura.
capítulo 5 • 231
g) Para construir essa tabela com as tarefas ou ações ou atividades a reali-
zar, suas datas de início e término, além das possíveis interdependências, você
terá alguma dificuldade para estimar alguns prazos e datas. Mas planejar é as-
sim mesmo: deve-se lançar o que de melhor conseguir e, depois, na implemen-
tação, observar como funciona na realidade cada tarefa e rever sua estimativa.
h) Quando iniciar a execução ou implementação do plano de carreira,
anote os fatos que forem acontecendo e os marcos que forem sendo vencidos
e, também, os que tiverem de ser reprogramados. As justificativas e os efeitos
dessa reprogramação sobre as atividades que virão a seguir devem fazer parte
de suas anotações.
i) Acompanhar a implementação é muito importante: para verificar o que
está ocorrendo conforme o planejado e o que não está e precisa ser re-planeja-
do. Você vai aprender muito fazendo o acompanhamento do plano.
232 • capítulo 5
LEITURA
A sua empresa no papel
Sebrae - http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/retornando-do-ex-
terior/plano-de-negocio/
Sumário executivo
O sumário executivo é um resumo do plano de negócio. Não se trata de uma introdução ou
justificativa e sim de uma síntese contendo seus dados mais importantes: resumo dos princi-
pais pontos do plano de negócio; informações dos empreendedores, experiência profissional
e atribuições; dados do empreendimento; missão da empresa; setores de atividades; forma
jurídica; enquadramento tributário; capital social; fonte de recursos.
Análise de mercado
Esta é uma das etapas mais importantes da elaboração do seu plano. Afinal, sem clientes
não há negócios. Os clientes não compram apenas produtos e serviços, mas soluções para
algo que precisam ou desejam. Você pode identificar essas soluções, se conhecê-los melhor.
Plano de marketing
Aqui você deve descrever os principais itens que serão fabricados, vendidos ou os serviços
que serão prestados. Informe quais são as linhas de produtos, especificando detalhes como
tamanho, modelo, cor, sabores, embalagem, apresentação, rótulo, marca, etc.
Analise a possibilidade de ter um preço competitivo ou que ofereça um diferencial para o
seu cliente. Observe as melhores localizações para o seu empreendimento considerando as
características do seu público-alvo.
Oferecer comodidade de acesso para seus clientes pode melhorar o desempenho do
seu negócio. Avalie as promoções que você poderá fazer. Faça sua marca ser conhecida,
fidelize seus clientes.
capítulo 5 • 233
Plano operacional
Por meio do layout ou arranjo físico, você irá definir como será a distribuição dos diversos
setores da empresa, de alguns recursos (mercadorias, matérias-primas, produtos acabados,
estantes, gôndolas, vitrines, prateleiras, equipamentos, móveis etc.) e das pessoas no espaço
disponível.
Plano financeiro
Nessa etapa, você irá determinar o total de recursos a ser investido para que a empresa co-
mece a funcionar. O investimento total é formado pelos Investimentos fixos; Capital de Giro;
Investimentos pré-operacionais.
Definidas quais serão suas despesas com pró-labore, funcionários, luz, água, aluguel,
telefone, fornecedores, tributos, financiamentos, serviços terceirizados e outras despesas de
sua empresa, você conseguirá projetar sua meta de vendas.
Suas vendas deverão ser suficientes para pagar todos os compromissos e, preferencial-
mente, sobrar uma reserva para que a empresa possa fazer novos investimentos.
Avaliação estratégica
Saiba quais são os pontos fortes e fracos de sua empresa. Conheça suas oportunidades e
ameaças. A análise dos pontos fortes e fracos assim como das ameaças e oportunidades
(F.O.F.A.) levará você a pensar nos aspectos favoráveis e desfavoráveis do negócio, dos seus
proprietários e do mercado.
234 • capítulo 5
LEITURA
Como criar 145 empresas
José Dornelas
Se criar uma única empresa já é tarefa das mais difíceis, imagine a criação de 145 negócios!
Isso é o que tem feito o empreendedor americano Paul Graham com a Y Combinator. Trata-
se de um modelo inovador para acelerar novos negócios na área de TI.
O conceito é simples e aparentemente eficaz. O negócio foi concebido há poucos
anos e possibilita a jovens empreendedores com ideias inovadoras o acesso ao seed
money (capital semente inicial) para criar suas empresas. São investimentos da ordem
de US$10 mil.
Os jovens são geralmente provenientes de universidades e atraídos pela oportunidade
de colocar em prática negócios que poderão render muito dinheiro no futuro. Paul entra com
o recurso e com um treinamento em negócios, que dura cerca de 3 meses.
Após o treinamento os empreendedores precisam concluir o protótipo do primeiro
produto e a empresa é então criada. Paul fica com 6% do negócio e auxilia na busca
de mais recursos junto a investidores e demais fundos de investimento, bem como na
gestão, como conselheiro. Algumas das empresas já foram até vendidas para grandes
players como Yahoo. Mais informações podem ser obtidas no site da empresa.
Será que um modelo parecido poderia funcionar por aqui? O que vocês acham?
(JOSÉ DORNELAS, 2009)
http://www.josedornelas.com.br/artigos/como-criar-145-empresas/
LEITURA
O que não pode faltar na seção financeira de um Plano de Negócios
capítulo 5 • 235
Na verdade, a falta de conhecimento da área financeira leva as pessoas a agirem desta
forma, até apresentando certo temor de como abordar o assunto. No evento da próxima
semana o objetivo é desmistificar o tema e apresentar, de forma didática e prática, como
elaborar cada item importante desta seção.
O que não pode faltar na seção financeira do PN pode ser resumido em:
a) Necessidade de recursos no momento inicial e em demais momentos do desenvolvi-
mento do negócio (Lembre-se que não é apenas o investimento inicial que determina quanto
de capital sua empresa necessita. O número geralmente é maior…)
b) Usos e fontes (De onde virão os recursos necessários para o desenvolvimento do ne-
gócio e como serão utilizados)
c) Demonstrativos financeiros como Fluxo de Caixa, DRE e Balanço
d) Índices importantes, tais como Ponto de Equilíbrio, Payback, TIR
e) Informações acerca do valor do negócio, ou o Valuation
f) Informações para ajudá-lo a negociar com investidores: pre-money e post-money valuation
g) Estratégias de saída para os investidores
Apesar de serem vários os itens importantes, os mesmos são muito dependentes uns
dos outros e você consegue levantar muitas destas informações através dos demonstrativos
financeiros do PN e de uma análise gráfica da exposição do caixa da empresa, ou seja, dis-
pensando fórmulas…
O mais importante para se garantir um bom planejamento financeiro é que as premissas
utilizadas para o desenvolvimento do negócio, tais como perspectivas de receita, participação
de mercado etc. estejam muito bem fundamentadas. (JOSÉ DORNELAS, 2007)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AIDAR, M. M. Empreededorismo. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
CHIAVENATO, I. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva,
2007.
DORNELAS, J. C. Empreendedorismo - Transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2005.
FERRARI, A. M. Telecomunicações Evolução e Revolução. 9. ed. São Paulo: Érica, 2005.
JOSÉ DORNELAS. José Dornelas - . José Dornelas - Empreendedorismo - Como criar 145, 2009.
Disponivel em: <http://www.josedornelas.com.br/artigos/como-criar-145-empresas/>. Acesso em:
05 ago. 2012.
236 • capítulo 5
SALIM, C. S. . H. N. . R. A. C. . &. R. S. A. Construindo Planos de Negócios. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005.
SEBRAE. SEBRAE - Quero abrir um negócio. SEBRAE - Quero abrir um negócio - Plano de
Negócios, 2012. Disponivel em: <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/
retornando-do-exterior/plano-de-negocio/>. Acesso em: 05 ago. 2012.
TIGRE, P. B. Gestão da Inovação - A Economia da Tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,
2006.
WIKIPEDIA. Wikepdia - Angel Investor. Wikepdia - Angel Investor, 2012. Disponivel em: <http://
en.wikipedia.org/wiki/Angel_investor>. Acesso em: 05 ago. 2012.
WIKIPEDIA. Wikipedia - Seed money. Wikipedia - Seed money, 2012. Disponivel em: <http://
en.wikipedia.org/wiki/Seed_money>. Acesso em: 05 ago. 2012.
capítulo 5 • 237
ANOTAÇÕES
238 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 239
ANOTAÇÕES
240 • capítulo 5