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EMPREENDEDORISMO NÃO

SE APRENDE NA ESCOLA

Robert Kiyosaki

Tradução de Eliana Camparo Bussinger

4ª tiragem
Sumário

Introdução Desperte o Gênio Financeiro do seu Filho 1

Parte Um As escolas estão preparando seu filho para o mundo real? 11


Capítulo Um
Lição #1: Uma Crise Educacional 17
Capítulo Dois
Lição #2: O Conto de Fadas Acabou 33
Capítulo Três
Lição #3: Prepare seu Filho para o Pior 49
Capítulo Quatro
Lição #4: Janelas de Aprendizagem 77
Capítulo Cinco
Lição #5: Por que os Melhores Alunos da Turma Fracassam 109
Capítulo Seis
Lição #6: Por que Algumas Pessoas Ricas Quebram 119
Capítulo Sete
Lição #7: Por que os Gênios São Generosos 147
Capítulo Oito
Lição #8: A Mentalidade de Direitos 169

Parte Dois Outro Ponto de vista 195


Capítulo Nove
Outro Ponto de Vista Sobre Inteligência 207
Capítulo Dez
Outro Ponto de Vista Sobre Históricos Escolares 215
Capítulo Onze
Outro Ponto de Vista Sobre a Ganância 231
Capítulo Doze
Outro Ponto de Vista Sobre Dívidas 249
Capítulo Treze
Outro Ponto de Vista Sobre Impostos 263
Capítulo Quatorze
Outro Ponto de Vista Sobre Palavras 277
Capítulo Quinze
Outro Ponto de Vista Sobre Deus e o Dinheiro 299

Parte Três Dê a seu Filho uma Vantagem Injusta 309


Capítulo Dezesseis
As Dez Vantagens Injustas de uma Educação Financeira 319

Parte Quatro Escola de Pós-graduação para capitalistas 339


Capítulo Dezessete
Seja o Banco Central 349
Capítulo Dezoito
Como eu Imprimo Meu Próprio Dinheiro 353

Considerações Finais 369


Epílogo 379
Conheça a Família Lannon 381
Conheça a Família McElroy 385
Sobre o Autor 389
Glossário 393
Introdução

Desperte o Gênio
Financeiro do seu Filho

“Todos têm talentos.


Mas se você julgar um peixe por sua habilidade
de subir em uma árvore passará sua vida inteira
acreditando ser um estúpido.”
– Albert Einstein
INTRODUÇÃO

Sempre que penso em escrever um novo livro eu me pergunto: Por que


estou escrevendo este livro?
A resposta, para mim, é sempre a mesma e muito simples. Frequente-
mente me perguntei por que o dinheiro não é um assunto ensinado nas
escolas. Dia após dia, os professores martelam em nossas cabeças:
“Vá para a escola para conseguir um emprego. Se você não frequentar
uma escola, não conseguirá um bom trabalho.”

Por que ir para a escola?


Isso fez com que eu perguntasse a meus professores: “A razão para con-
seguir um emprego não é fazer dinheiro? Se dinheiro é o objetivo de se
conseguir um emprego, por que não ir direto ao ponto e simplesmente nos
ensinar sobre dinheiro?”
Minha pergunta nunca foi respondida.

O Rei Está Nu
A Roupa Nova do Rei é um conto dinamarquês escrito por Hans Christian
Andersen, publicado em 1837.
A trama:
Era uma vez um rei que se importava apenas em exibir suas roupas novas. Um
dia, dois vigaristas se apresentaram a ele e disseram que poderiam fazer a mais
bela das roupas a partir de um tecido maravilhoso. Esse tecido, disseram eles, era
muito especial. Ele era invisível aos mais tolos e aos malnascidos.
4 | Introdução

Um pouco nervoso sobre se ele próprio seria capaz de enxergar o tecido, o rei
primeiro mandou dois de seus mais fiéis conselheiros para ver aquele ma-
terial especial. Naturalmente, não havia tecido algum, mas nenhum deles
admitiu que não conseguia enxergá-lo, elogiando o material.
À medida que os boatos sobre esse tecido especial se espalhavam, todas as
pessoas da cidade acabaram interessadas em saber o quão estúpidos eram
seus vizinhos.
O rei, então, permitiu que os dois vigaristas o vestissem com a roupa feita
com o tecido especial, para uma procissão pela cidade. Embora soubesse que
estava nu, o rei nunca o admitiu, por medo de ser inapto e estúpido por não
enxergar que não estava usando roupa alguma. Ele também tinha medo de
que seus súditos pensassem que era estúpido.
Naturalmente, todas as pessoas da cidade elogiaram imensamente a magní-
fica roupa do rei, elas próprias com medo de admitir que não conseguiam
ver coisa alguma, até que uma criança bem pequena disse: “Mas o rei não
está usando nada!”
Os pais da criança tentaram silenciá-la, mas ela não se calava. Torcendo-se
e esperneando, tirando as mãos de seus pais de sua boca, ela continuava gri-
tando: “O rei está nu.” Em poucos segundos, às risadinhas, alguns dos seus
coleguinhas de classe se juntaram a ela.
Em breve, alguns adultos se uniram às crianças e começaram a sussurrar:
“As crianças têm razão. O velho está nu. Ele é um tolo e espera que sejamos
tolos como ele.”

O Que as Pessoas Realmente Querem?


Em seu livro de 2009, What Americans Really Want...Really*, o Dr.
Frank Luntz, um respeitado pesquisador das forças que guiam a América,
perguntou a seguinte questão:
Se pudesse escolher, você preferiria ser o proprietário de uma empresa ou
o presidente de uma das 500 empresas listadas na Fortune?**

* Nota da Tradutora: O Que os Americanos Realmente Querem, em tradução livre.


** O autor se refere a uma lista das 500 maiores empresas do mundo divulgadas anualmen-
te pela revista Fortune.
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As pessoas questionadas responderam da seguinte forma:

80% O proprietário de um negócio com 100 empregados ou mais.


14% O presidente de uma das 500 empresas da Fortune, com mais de
10.000 empregados.
6% Não souberam/recusaram-se a responder.

Em outras palavras, as pessoas hoje querem ser empresárias.


O problema é que o nosso sistema de ensino está treinando nossos filhos
para serem empregados.
É por isso que muitos professores e pais continuam a dizer, “Vá para
a escola para conseguir um trabalho bem remunerado”. Poucos pais ou
professores estão dizendo, “Vá para a escola para aprender a criar bons em-
pregos de altos salários”.
Há uma tremenda diferença entre o conjunto de competências de um
empregado e o conjunto de competências de um empreendedor. As habili-
dades requeridas para ser um empresário não são ensinadas na maioria das
escolas.
Dr. Luntz descobriu que mais de 70% dos empregados corporativos
estão considerando ou já consideraram começar seus próprios negócios.
Muitas pessoas sonham tornarem-se empreendedoras, mas poucas darão
o primeiro passo. A falta de educação financeira é a principal razão pela
qual a maioria das pessoas continuará a ser empregada. Sem uma educação
financeira, a maioria dos empregados teme perder seu emprego, não ter um
salário fixo ou, simplesmente, falhar. A educação financeira e a transforma-
ção que ela provoca são essenciais para os empreendedores.

Esqueça os MBAs
Dr. Luntz continua, afirmando:
“Então, como equipar uma geração inteira para o sucesso como empreen-
dedores? Esqueça os MBAs. A maioria das escolas de negócios ensina a você
como ser bem-sucedido em uma grande corporação, ao invés de como come-
çar a sua própria empresa. Mas criar e sustentar algo do nada é exatamente
onde nosso país tem sido mais forte e mais inovador.”
6 | Introdução

Destruindo o Sonho Americano


Os americanos sempre desejaram ser empreendedores.
As pessoas imigraram para a América – algumas passando por sofrimen-
tos inimagináveis – atraídas pela promessa do sonho americano. Milhões
deixaram a opressão de reis e rainhas da Europa e a tirania de ditadores
comunistas em outras partes do mundo, apenas para tentar o sonho ameri-
cano. O sonho americano deles.
O sonho americano, como diz o Dr. Luntz, é: “Criar e sustentar algo do
nada, exatamente onde nosso país tem sido mais forte e mais inovador.”
As escolas parecem ter esquecido o sonho americano. O problema é que
nosso sistema de ensino treina seus alunos para ser estudantes “A” – acadê-
micos – ou estudantes “B” – burocratas. Nossas escolas não treinam nossos
jovens para ser estudantes “C” – capitalistas. Além disso, são esses estu-
dantes “C” que frequentemente seguem o caminho do empreendedorismo,
carregando a tocha do capitalismo e criando novos empregos.
Pergunte a empresários hoje e muitos lhe dirão que as burocracias estão
destruindo ativamente o espírito empreendedor do capitalismo.
Eles também lhe dirão que muitos jovens graduados não possuem as
habilidades exigidas no ambiente de trabalho de hoje. Na verdade, muitos
são hostis aos capitalistas.

Ódio aos Capitalistas


Em 2008, a Fundação Kauffman, um importante grupo de pesquisado-
res e pensadores nos EUA, contratou o Dr. Luntz para descobrir o que os
americanos pensavam do capitalismo. A pesquisa descobriu que:
“É difícil dizer qual emoção se tornou mais forte: respeito pelos empreen-
dedores ou ódio pelos presidentes das empresas.”
Em novembro de 2012, a Hostess Brands, uma icônica panificadora
americana, fechou suas portas e abriu falência. O presidente da Hostess
alegou que a empresa foi forçada a fechar por causa das demandas dos sin-
dicatos por maiores salários e benefícios.
Para piorar, não foram apenas os mais de 18.000 trabalhadores que fo-
ram afetados. Quando a empresa fechou, 18.000 famílias também sentiram
o impacto. Se há uma média de quatro pessoas em uma família, o número
de vidas afetadas pula para 72.000. Esse efeito cascata se espalha em cada
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família, afetando escolas e empresas, como clínicas odontológicas, super-


mercados, lavanderias, lojas, oficinas de automóveis, até mesmo igrejas e
todo restante da comunidade.
Mais tarde, foi divulgado que o presidente da Hostess Brands e sua fe-
lizarda equipe de homens e mulheres pagaram a si próprios milhões em
bônus de indenizações.
Não admira que os americanos odeiem os presidentes – os CEOs – de
empresas. Muitos são graduados em nossas melhores escolas de negócios
e isso levanta a questão: é isso que nossas escolas de negócios ensinam?
Infelizmente, é.
Muitos de nossos alunos mais brilhantes vão para escolas de negócios,
graduando-se com MBAs e galgando a escada corporativa como empregados
e não como empreendedores. Os mais ambiciosos tornam-se presidentes e
executivos de grandes empresas.

Presidentes de Empresas (CEOs) Não São Capitalistas


Mais à frente neste livro, escrevi sobre o fato de que a maioria dos CEOs
não é capitalista. A maioria dos CEOs e executivos das corporações cai na
categoria chamada de capitalistas administradores (ou de gestão), emprega-
dos que trabalham para os verdadeiros empreendedores – empresários como
Steve Jobs, Thomas Edison, Walt Disney, Mark Zuckerberg e outros – mas
que não possuem nenhuma participação financeira ou investimento pessoal
no empreendimento.
Curiosamente, Edison e Disney não terminaram o segundo grau. Jobs e
Zuckerberg nunca se formaram na faculdade.
A maioria dos estudantes “A”, graduados em nossas melhores escolas, se
tornam “capitalistas administradores” – empregados – em vez de “capitalis-
tas verdadeiros”. São esses administradores, tipicamente estudantes “A” que
conseguem empregos de altos salários, que dão má fama ao capitalismo.

Os Capitalistas Administradores São Assustadores


Em seu livro, What Americans Really Want...Really, o Dr. Luntz afirma que:
...“no mundo de hoje os ‘capitalistas’ assustam as pessoas e ‘capitalismo’ sig-
nifica CEOs levando milhões de dólares no mesmo dia em que suas canetas
fazem desaparecer 10.000 empregos.”
8 | Introdução

Tragicamente, muitas pessoas não compreendem a diferença entre capi-


talistas administradores e capitalistas verdadeiros.
Basta pensar nos CEOs a quem foram pagos bônus enormes, enquan-
to milhões de pessoas perderam seus empregos, suas casas e as reservas da
aposentadoria.  É isso que  nossas escolas  ensinam aos nossos jovens mais
brilhantes?
Novamente, a reposta é “Sim”. Nossas escolas dão má fama ao capitalis-
mo, porque o que elas ensinam não é o verdadeiro capitalismo.
Infelizmente, a maioria dos pais se orgulha quando o pequeno João ou
Maria se formam entre os primeiros alunos de suas classes e são contratados
por uma grande corporação, ganhando salários anuais de seis dígitos com
apenas 26 anos, e começam a galgar a escada corporativa. A maioria dos pais
não se importa que seus filhos tenham sido treinados para serem capitalistas
administradores, ao invés de verdadeiros capitalistas, empresários como Ste-
ve Jobs ou Thomas Edison. Hoje temos uma crise global porque:
As escolas estão mais focadas na ganância do que na generosidade.
• As escolas tratam de “Quanto dinheiro posso ganhar?” ao invés de
“Quanto dinheiro posso gerar servindo aos outros?”.
• As escolas focam em encontrar um emprego altamente remunerado
ao invés de criação de empregos altamente remunerados.
• As escolas focam em galgar a escada corporativa ao invés de como criar
empresas e escadas corporativas.
• As escolas focam em segurança no emprego ao invés de liberdade finan-
ceira, razão pela qual a maioria dos empregados vive com medo de
“perder seus empregos”.
• As escolas pouco ensinam sobre o dinheiro, razão pela qual milhões de
pessoas hoje contam com os programas sociais do governo. E milhões de
outras se tornam funcionários públicos ou militares, não para servir a seu
país, mas por causa da aposentadoria e dos benefícios médicos.

A Nova Depressão
Em 2007, o mundo acordou para a Nova Depressão. Há muitas razões
para essa depressão dos tempos modernos. Algumas delas são:
1. Governos imprimindo dinheiro.
2. Trilhões em dívidas, ambas individuais e governamentais.
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3. Programas sociais subfinanciados e um aumento da mentalidade as-


sistencialista ao redor do mundo.
4. Alta taxa de desemprego entre os jovens e aumento das dívidas com
empréstimos estudantis, o que pode comprometer a capacidade de
endividamento dos estudantes.
5. Globalização, exportação de mão de obra e de postos de trabalho,
levando à queda de salários.
Esses são problemas que seu filho enfrentará.

O Rei Está Nu!


A pergunta que os pais devem se fazer é: as escolas estão preparando
meus filhos para o mundo real?
A resposta é “Não”.
Assim, a trama se complica... Como Hans Christian Andersen nos aler-
tou em 1837, em seu conto sobre as roupas do rei:

Logo os sussurros passavam de pessoa para pessoa, até que todos na multidão
começaram a gritar, “O rei está nu”.
O rei ouviu, claro, e embora soubesse que as pessoas estavam corretas porque
ele estava completamente nu diante da cidade inteira, manteve a cabeça
erguida e terminou a procissão.

Parece-me que o sistema escolar não pode admitir que não está prepa-
rando as crianças para o mundo real. Isso seria admitir as falhas – e todos
nós sabemos o que falha significa no sistema de ensino.
Significa que a escola acha que seu filho não é inteligente – na verdade,
porém, realmente só significa que seu filho não está fazendo o que a escola
lhe diz para fazer.
Sem educação financeira, seu filho deixará a escola nu. Ele ou ela pode
ser um estudante “A”... mas desfilará pela vida afora como o rei. Como diz
o conto:
“Embora soubesse que estava nu, o rei nunca o admitiu, por medo de ser
inapto e estúpido por não enxergar que não estava usando roupa alguma.
Ele também tinha medo de que seus súditos pensassem que era estúpido.”
10 | Introdução

Dado que nossas escolas jamais admitirão que não estão preparando seus
filhos para o mundo real, então, depende dos pais – os primeiros e mais im-
portantes professores de uma criança – dar aos filhos a educação financeira
requerida para o mundo real, um mundo que gira em torno do dinheiro.

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