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Resenha sobre o livro “O Homem da cabeça de papelão”

No Livro o Homem da cabeça de papelão de João do Rio (pseudônimo do autor


João Paulo Emílio Cristóvão dos santos Coelho Barreto) é contada a história de Antenor,
um homem que a princípio era ético, justo, verdadeiro e autônomo de seus próprios
pensamentos. Morava na capital do país do Sol, onde a população era desordeira,
exploradora e sem princípios.

O autor esboça através desta obra uma crítica irônica sobre a realidade crescente
dos dias atuais: desonestidade, competitividade acirrada e o capital acima da própria
humanidade. Nela existia uma meta social padrão auto imposta da qual Antenor não estava
seguindo, gerando nele um desconforto e auto rejeição. Isso fica evidenciado quando ele,
após ter um fracasso social e profissional, resolve “tomar jeito” e pede a um relojoeiro que
conserte sua cabeça desajustada. Como solução, o relojoeiro dá a ele uma cabeça comum,
feita de papelão enquanto a dele era inspecionada para conserto. Após colocar a nova
cabeça Antenor, um jovem feliz e honesto começou a pensar com a cabeça de papelão e
começou a trapacear, a mentir, e só assim começa a ter sucesso e ser aceito na comunidade
em que vivia.

João do Rio parece abrir um questionamento sobre como a identidade humana


consegue ser tão fluida. Esse processo de mudança é um ponto discutido por autores como
David Harvey (1989) sobre o processo sem fim de rupturas e fragmentações internas, ou
seja, o homem sempre passa por escolhas que acabam por mudar sua realidade, ela a não é
centrada e fixa, mas instável e mutável. O homem aqui então não pode ser visto como
centrado e possuidor de autonomia própria pois ele se altera à medida que ele vai
vivenciando experiências.

Ter sucesso naquela sociedade moralmente decaída significa ser um fracasso como
indivíduo, e mesmo assim Antenor optou por seguir a vida com sua cabeça de papelão,
pois sem ela nada adiantava ser bom. Assim ele encerra o conto, mostrando o quanto a
prevalência do mal sobre o bem é comum quando a realidade do indivíduo não é favorável.

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