Você está na página 1de 3

OS PERIGOS DA INFANTILIZAÇÃO DO HOMEM

Por infantilização entendemos o processo de regressão da mente humana que deveria


atingir o nível adulto da maioridade, mas que opta ou é induzida a pensar e a viver de maneira
infantil, dependente, dominada. A essa maneira de pensar e de viver, ou seja, a esse retrocesso
espiritual, intelectual, emocional, o filósofo alemão Immanuel Kant, em 1738, chamava de
“menoridade” (“Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos”). Para esse
filósofo, a culpa pela sua menoridade é do próprio homem, do próprio Ser Humano.

Explicando o que entendia pelo movimento intelectual da época, o “Aufklärung”, a que


denominava “Esclarecimento”, afirmou Kant que “significa a saída do homem de sua
menoridade, da qual o culpado é ele próprio”. Dizia que “a menoridade é a incapacidade de
fazer uso de seu entendimento sem a direção do outro indivíduo”. E que “o homem é o próprio
culpado dessa menoridade se a sua causa não estiver na ausência de decisão e coragem de
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem”. Segundo Kant, a única saída é a da
“transformação do espírito” para que possa “emergir da menoridade e empreender uma
marcha segura.”

Muito foi escrito a respeito, mas parece que o processo da infantilização do adulto não se
limitou ao século XVIII, mas estendeu-se até os nossos dias, com evidente prejuízo ao
aperfeiçoamento da nossa sociedade.

Além do filósofo Kant, o psicanalista e escritor Erich Fromm escreveu a respeito, alertando
sobre o perigo desse tipo de dominação, a que denominava “automatismo” (“Medo à
Liberdade”). A escritora e filósofa Hannah Arendt, no seu livro “Entre o Passado e o Futuro”,
também se refere a esse estado de dominação, em que ocorre “a total eliminação da
espontaneidade, isto é, da mais geral e elementar manifestação da liberdade humana…”

O processo de infantilização do adulto (manter a pessoa imatura, sem capacidade de


raciocínio claro, sem opinião própria decorrente de seu próprio entendimento) é algo que
interessa aos governos que pretendem induzir as pessoas a acreditarem no que eles querem
que acreditem, mesmo sem lógica e sem coerência. Isso começa pelos discursos, pela
demagogia e pela publicidade muitas vezes hipnótica, sempre rebaixando a mentalidade, como
se fôssemos todos destituídos de raciocínio e de capacidade de entendimento.

A mídia parece ter se especializado em histórias, imagens e diálogos infantis. A legislação


tornou-se paternalista demais, como se as pessoas adultas fossem crianças sem saber como
agir. Ditam comportamentos e não se importam em manipular negativamente a sociedade.
Desde a TV aberta até as Redes Sociais, todos seguem o mesmo padrão, induzindo as massas a
ter atitudes infantis, caprichosas, egoístas, sem opinião própria. Fabrica-se um comportamento
totalmente manipulável.

O adulto infantilizado vai aos poucos perdendo sua liberdade e, com ela, a vida que
poderia viver com maturidade, gratificação, aperfeiçoamento de si mesmo. Isso prejudica suas
relações afetivas, sociais, profissionais. É fundamental que, quem compreenda isso, decida
mudar a si mesmo, colaborando para que outras pessoas possam fazer o mesmo.
E agora falando do nosso universo masculino ... É possível constatar, atualmente, uma
rejeição do homem à vida adulta. Antigamente, o menino virava homem muito mais cedo que
na atualidade, começava a trabalhar antes, tinha senso de responsabilidade já com 13 anos ou
menos. As desculpas são muitas para se fugir da responsabilidade e de cumprir com seu papel
de homem na sociedade. São os “eternos “adolescentes.

A verdade é que os homens de hoje estão fugindo das responsabilidades da vida adulta.
Falar em compromisso no namoro já não soa bem. Casamento e filhos? Nem pensar. O homem
“esperto” é aquele que ganha sua grana para colaborar em festas e programas de lazer do fim
de semana, é o “rato” de academia, pratica um esporte toda semana, tem seus joguinhos on
line, sai com muitas mulheres sem compromisso, alguns se drogam e se embriagam etc. Esse
tipo de homem não quer se envolver com nada nem com ninguém. Foge das responsabilidades.
Muitos ainda moram com os pais, quando deveriam ter sua própria casa e família. Há uma
busca por diversão a qualquer preço, uma busca louca por prazer, uma vida egoísta e
egocêntrica. Fora isso, há aqueles que vivem a ilusão das redes sociais onde tudo parece
perfeito. É lamentável ver homens de mais de 30 anos, portando-se como adolescentes de
15,17 ou 18 anos.

O homem infantil abre mão de suas responsabilidades, não quer cumprir com seus deveres
e sente medo de seus objetivos e metas. Já não são mais os pais que educam, pois as crianças
vão para a escola cada vez mais cedo. O dever de educar, que é dos pais, passa para um
estranho, que é pago para isso. Nós já estamos vendo o resultado dessa inversão e omissão
(nível crescente de analfabetos funcionais, ensino da Ideologia de gênero para crianças no
ensino fundamental, doutrinação marxista etc.).

No cotidiano, o culto ao corpo dita as normas para os hábitos inclusive os alimentares. O


homem tem medo de comer alimentos não recomendados pela mídia, mas não tem medo de
produtos químicos que alimentam sua vaidade. O homem perdeu a capacidade de resolver seus
próprios problemas sozinho. Há uma insegurança . Há medo do futuro e da própria vida.

Esse comportamento já foi chamado de “Síndrome de Peter Pan”, conceito que designava o
homem que, fugindo da realidade e das suas responsabilidades, se recusava a crescer vivendo
uma nostalgia exagerada, se apegando a uma infância nostálgica enquanto sua vida de adulto
ficava estagnada assim como as contas, família, prazos, horários e metas . Peter Pan não queria
crescer. Muitos homens hoje em dia também não.

Mas há uma missão para o homem nesse mundo. Ser criança a vida inteira não faz parte
do projeto de Deus para o macho da espécie. Conhecendo o desígnio de Deus para nós,
precisamos buscá-lo arduamente na batalha do dia a dia, por meio da oração e da comunhão
e assim viver uma vida coerente.

Não há nada de errado, em qualquer idade, em se divertir. Dar boas risadas, sair com
amigos, ver um bom filme, namorar, ouvir uma boa música, tudo isso faz bem para o corpo e
para alma.

Mas hoje o culto ao prazer tem feito daquilo que poderia ser apenas uma parte da vida se
tornar um todo. O que vemos são homens regredindo mentalmente, vivendo como se fossem
adolescentes mimados, reféns de seus impulsos e vícios, com a mídia e a tecnologia
corroborando para isso. Preferem ter carros e animais de estimação a ter filhos. Preferem ter o
mundo para ir, do que um lar para voltar.

Meu conselho a todos os homens que estão teimando em continuar adolescentes é que
amadureçam e vivam o presente, vivam o hoje com todas as condições e deveres que ele traz.
Vença a si mesmo. Conte com a graça do Senhor. Peça a Deus a força e a coragem para mudar
de vida e o discernimento para caminhar em Sua Santíssima Vontade. Há um tempo para cada
coisa, e agora é hora de lutar com hombridade e destemor.

Como cavaleiros templários precisamos buscar essa maturidade necessária a nossa missão
de soldados de Cristo. Sejamos joviais, sim, mas jamais infantis. A infância já passou e ficou para
trás. Temos uma meta. Estamos em guerra contra o mal. Um guerreiro é um homem pronto
para seu alvo e objetivo na vida. A Cruz estará sempre à sua frente, irmão templário. Existem
pessoas para amar e batalhas para vencer, há uma causa e uma missão. Deus Vult!

Dr Dionildo Dantas

Você também pode gostar