Você está na página 1de 11

As 12 regras para a vida, propostas por Jordan Peterson,

são:

1. Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua


responsabilidade;
2. Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para
você;
3. Deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar o
mundo;
4. Não deixe que seus filhos façam algo que faça você
deixar de gostar deles;
5. Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta;

1 – Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém


sob sua responsabilidade
Em inúmeros casos, as pessoas são mais cuidadosas na
compra e administração de medicamentos para seus
animais de estimação do que para si mesmas. Por que isso
acontece?
Primeiro é preciso entender que o mundo apresenta a cada
pessoa a dualidade do caos e da ordem.
O caos é o domínio da ignorância, o inexplorado. Em
resumo, é tudo o que não conhecemos e não entendemos. A
parte terrível, diz Peterson, é que ele envolve uma terrível
liberdade.
A ordem, por sua vez, é como um território explorado, é a
hierarquia, a organização, o ambiente de domínio, no qual
se sabe e se entende. A ordem é definidora e por esta mesma
razão pode envolver tirania se a uniformidade e a pureza se
tornarem demasiado unilaterais.
Analogamente, o condado dos hobbits é a ordem, pois é
pacífico, seguro e produtivo. O caos é o reino subterrâneo dos
anões, tomado por um feroz dragão que esconde um tesouro.
Jordan Peterson, recuperando um pouco da psicologia
simbólica, também afirma que a ordem está associada à
masculinidade. Os homens ao longo da história têm sido os
construtores de povoados e cidades, os engenheiros,
pedreiros, marceneiros e operários de máquinas pesadas.
O caos, que é o desconhecido, está simbolicamente
associado ao feminino. É do desconhecido que as coisas são
feitas, por isso o caos é mãe. Por ser um campo inexplorado, é
fonte de todas as possibilidades, ideias e é uma força
avassaladora, assim como as mulheres costumam ser mães
exigentes.
“A tendência das mulheres para dizer não, mais do que qualquer outra
força, foi o que moldou como evoluímos para criaturas vivas,
engenhosas e com cérebros grandes”.
Para Jordan Peterson, todas as pessoas vivem com um pé
fixado na ordem e na segurança; e o outro no caos, na
possibilidade que se apresenta, no crescimento e na
aventura.
Ordem e caos estão não apenas fora de cada um, mas dentro,
uma vez que todos conseguem enxergar em si mesmos uma
inclinação para o mal.
Uma vez que o mundo apresenta perigo e cada um também
apresenta perigo a si próprio e aos outros pelo mal que pode
fazer, Peterson pergunta aos pais que o leem:
“Vocês querem fazer com que seus filhos estejam seguros ou que
sejam fortes?”
Esta pergunta é motivada por uma realidade: não é possível
proteger alguém de tudo. O mundo não é só ordem, é
preciso enfrentar o caos da vida cotidiana. A consequência
de tentar fugir do caos é inevitável.
Se fosse possível banir permanentemente tudo o que é
ameaçador e perigoso (fonte de crescimento), outro perigo
emergiria: o infantilismo e a inutilidade dos seres humanos.
Retomando o conteúdo de Gênesis, Peterson explica que a
nudez que Adão e Eva descobriram, pode ser interpretada
como a sua indignidade perante Deus. Eles perceberam sua
pequenez.
As pessoas não cuidam de si próprias, é a resposta,
porque tendem a pensar que não vale a pena cuidar de si
mesmo, alguém tão:
“indefeso, feio, envergonhado, assustado, sem valor, covarde,
rancoroso, defensivo e acusador quanto um descendente de Adão”.
As pessoas são conscientes da sua finitude e mortalidade.
Quando cada um descobre o que o faz sofrer, descobre
também como fazer os outros sofrerem. É por isso que o
homem é o único capaz de infligir dor aos outros apenas para
este fim. Voluntariamente, ele pode tornar tudo pior.
Se uma pessoa vai mal, isso traz consequências
catastróficas para os outros.
“Cuidar de si mesmo da forma que cuidaria de alguém sob sua
responsabilidade significa considerar o que seria realmente bom para
você. Não é ‘o que você quer’. Também não é ‘o que o faria feliz’.
Toda vez que você dá um doce a uma criança, você a deixa
feliz. Isso não quer dizer que deva dar apenas doces a elas.
‘Feliz’ de modo algum é sinônimo de bom”.
Jordan Peterson termina os conselhos deste entendimento
com a sequência:

 Você precisa saber onde está, para que comece a traçar


o seu percurso;
 Você precisa saber quem é, para que entenda suas
armas e fortaleça a si mesmo no que diz respeito às suas
limitações;
 Você precisa saber para onde está indo, para que possa
limitar a extensão do caos em sua vida;
 Reestruture a ordem e traga a força divina da esperança
para o mundo.

Por tudo o que foi explicado, a segunda das 12 regras para a


vida é: cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua
responsabilidade.
2 – Seja amigo de pessoas que queiram o melhor
para você
Peterson abre o capítulo com uma história de sua infância para
enfatizar a importância dos amigos. Um deles era irritadiço,
ressentido e sem esperança.
Na adolescência, seu amigo descobriu a maconha junto com
outros amigos. Este conjunto específico não mudou de
amizades e não mudou as circunstâncias de suas vidas.
“Quando as pessoas têm uma opinião negativa sobre seu próprio
valor – ou, talvez quando se recusam a assumir a responsabilidade
por suas vidas –, escolhem uma nova amizade precisamente do
mesmo tipo que se provou causadora de problemas no passado”.
Segundo Freud, trata-se da compulsão à repetição, um desejo
inconsciente de repetir os horrores do passado.
Outras possibilidade para a má escolha de amizades é típico
na juventude: tentar resgatar alguém.
Há até mesmo aqueles que aumentam o próprio sofrimento na
tentativa de provar aos outros que o mundo é injusto.
Ajudar alguém “na pior” envolve um risco. Em vez de puxar
o necessitado para cima, aquele que ajuda pode ser puxado
para baixo. É mais fácil a delinquência se espalhar do que a
estabilidade, porque é mais fácil cair do que subir.
Muitos daqueles que querem ajudar os “caídos” também agem
por narcisismo e vaidade, já que é fácil parecer virtuoso
estando ao lado de um irresponsável.
Segundo Jordan Peterson, as pessoas se associam a
outras que são ruins não porque é melhor, mas porque é
mais fácil.
Ao encontrar alguém com problemas, deve-se saber que essa
pessoa pode ter recusado o caminho para o topo por causa da
dificuldade. Negar a responsabilidade pessoal por parte da
vítima é negar-lhe a possibilidade de correção.
Em resumo, não adianta ficar ao lado de quem não quer
melhorar, pois esta é uma condição para o progresso. Há
muitos que vivem uma vida miserável apenas para poder
bradar a todos que o mundo é cruel para eles. Tais amizades
afundam outras.
“Se você tem um amigo cuja amizade não recomendaria à sua irmã,
ao seu pai ou filho, por que teria tal amizade para si mesmo?”
A terceira, das 12 regras para a vida de Jordan Peterson,
ensina a buscar amizade com pessoas que querem que as
coisas melhorem. Estas pessoas não toleram cinismo e
destrutividade e, portanto, elevam aqueles que estão com elas.
As que não almejam alto, são as que oferecem cigarros a ex-
fumantes e álcool a ex-alcoólicos.
A imagem que ilustra o capítulo é a de Davi, de Michelangelo,
imponente em sua perfeição. Sem dizer nada, ela diz a quem a
observa: “você poderia ser mais do que você é”.

3 – Deixe sua casa em perfeita ordem antes de


criticar o mundo
No início do capítulo, Jordan Peterson cita vários exemplos de
homicidas e suicidas. Citou pessoas que questionam o valor da
existência humana e a odeiam. Colocam-se como juízes da
realidade e decidem matar em escolas e cinemas.
O que há em comum nas pessoas que cometem
assassinatos em massa e depois se matam?
Normalmente foram pessoas feridas no passado. Começaram
odiando quem as fez mal. O ódio cresceu e se estendeu à
humanidade. Mas isso não motivaria tantas mortes. Para
algumas dessas pessoas, o próprio Deus, criador da ordem,
havia se tornado o foco.
Culpar a Deus é culpar a realidade. E se a realidade é a
culpada, não há responsabilidade pela mudança a nível
individual.
Mas este não é o único caminho.
“As pessoas que experimentam o mal podem certamente desejar
perpetuá-lo, dando o troco adiante. Mas também é possível aprender
o bem ao experimentar o mal”.
Não sendo capaz de mudar um passado ruim, ou a
estrutura do mundo real, é possível mudar a estrutura da
própria vida.
Alexandre Soljenítsin é um exemplo. Ele foi aprisionado em um
campo de trabalho soviético. Foi preso, surrado e lançado na
prisão pelo próprio povo. Depois foi acometido de câncer. Sua
vida foi mais miserável por causa de Stalin e Hitler.
Em vez de culpar a Deus e aos outros, ele agiu como o autor
de sua vida. O resultado foi expresso no livro Arquipélago
Gulag, que destruiu total e definitivamente a credibilidade
intelectual do comunismo, como uma ideologia ou sociedade.
“A decisão de um homem em mudar sua vida, em vez de amaldiçoar o
destino, balançou todo o sistema patológico da tirania comunista até
seu âmago”.
Tudo isso para uma conclusão simples: todos sofrem.
Mas a pergunta que Peterson faz é: Você arrumou a sua
vida?

 Comece a parar de fazer o que você sabe que é errado;


 Faça apenas as coisas das quais você possa falar com
honra;
 Não culpe o capitalismo, a esquerda radical ou a
iniquidade de seus inimigos;
 Tenha um pouco de humildade;
 Não reorganize o Estado até que você tenha ordenado
sua própria experiência.

“Se você não pode levar paz para sua casa, como ousa tentar
governar uma cidade?”
A conclusão da sexta das 12 regras para a vida é que com uma
vida menos corrupta, mais honesta consigo mesmo e mais
forte, é possível começar a pensar em mudar o mundo.

4 – Não deixe que seus filhos façam algo que


faça você deixar de gostar deles
Pais atenciosos não deixam os filhos birrentos e chatos, porque
estes são fonte do desprezo de todos. Nenhum estranho, ou
até familiares, quer a companhia de uma criança mal-educada.

 O que é homeschooling e como funciona? 8 benefícios.

De acordo com Peterson, o desejo dos pais de deixar seus


filhos agirem em cada impulso sem correção produziu o efeito
contrário. A criança foi privada de limites e de ser
independente.
A imagem da criança imaculada é um ideal. Muitos pensam
que é a sociedade que corrompe o ser humano, um legado da
filosofia de Rousseau. A realidade, entretanto, mostra que as
melhoram com o tempo e com a convivência social.
Um exemplo enfático é o bullying. É mais intenso nos pátios
das escolas do que na sociedade adulta. O tempo tornou os
seres humanos mais pacíficos. Já houve muito mais
selvageria na história do mundo.
Por esta razão, as crianças não podem ser deixadas sozinhas,
intocadas pela sociedade para florescerem com perfeição,
porque elas não são apenas boas.
As crianças desandam de formas complexas se não forem
treinadas, disciplinadas e encorajadas. Não fazer isso é
colocá-las em risco de não prosperarem.
Jordan Peterson aponta um problema nos pais modernos: o
medo de que os filhos não os apreciem por causa das
correções e exigências.
No entanto, os pais são como os árbitros da sociedade. Eles
não podem ser simplesmente amiguinhos dos filhos. A verdade
é que os limites oferecem segurança e fomentam a
criatividade.
“A crença no elemento puramente destrutivo das regras e das
estruturas é frequentemente combinada com a ideia de que as
crianças farão boas escolhas sobre o horário de dormir e sobre o que
comer se simplesmente permitirmos que suas naturezas perfeitas se
manifestem”.
Se a criança não tiver limite, ela será cada vez mais ousada
buscando algo que a faça parar. Sem considerar isto, muitos
pais modernos temem duas palavras: disciplinar e punir.
A punição freia os comportamentos indesejados e a
recompensa reforça os comportamentos desejáveis.
Para evidenciar o problema da superproteção dos filhos
comumente vista hoje, Jordan Peterson recorda da história da
Bela Adormecida.

 Há diferentes dicas para ler livros que são de fantasia.


Aprenda sobre isso no resumo de Como ler livros?

A pequena princesa amaldiçoada pela Malévola não foi


ensinada a não tocar em agulhas de rodas de fiar. Seus pais
preferiram esconder todas as rodas de fiar do reino. Isto tornou
sua filha fraca e ingênua.
Este tipo de criança, quando cresce e tem o inevitável contato
com a dor, o fracasso e a maldade, caem sem saber como agir,
assim como a princesa caiu em um sono profundo.
“O mundo social mais amplo, crítico e indiferente infligirá conflitos e
punições muito maiores do que os provocados por um pai consciente.
Você pode disciplinar seu filho ou delegar essa responsabilidade ao
mundo cruel”.
Outro dever dos pais é garantir que os filhos satisfaçam as
expectativas da sociedade civil. Ele crescerá e viverá em um
mundo fora da família. Precisa ser uma pessoa agradável e
competente.
Crianças que foram mal criadas têm mais dificuldade para fazer
amigos e posteriormente conseguir e manter um emprego.
E quanto aos pais que rejeitam a punição física quando
necessária?
“Significa fomentar a ilusão de que adolescentes diabinhos surgiram
magicamente a partir de crianças anjinhas”.
Um pai que não educa, está delegando o trabalho sujo de
corrigir a outros, a estranhos.
Na quinta das 12 regras para a vida, Jordan Peterson
resume os princípios que quer passar:

1. Limite as regras;
2. Use a força mínima necessária;
3. Os pais deveriam estar sempre juntos;

Para ele, é o dever primário dos pais tornar seus filhos


socialmente desejáveis.
“Se as ações deles [os filhos] fazem com que você deixe de gostar
deles, pense qual será o efeito delas em outras pessoas, que se
importam muito menos com eles do que você”.

5 – Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta


Quando Jordan Peterson percebeu que uma inverdade produz
consequências indesejadas, mesmo que dita com boa
intenção, começou a dizer a verdade – ou pelo menos não
mentir.
Muitas pessoas tentam manipular o mundo para obter o que
querem. É uma mentira. Manipular a realidade pela
percepção, pelo pensamento é permitir que exista apenas
um resultado minuciosamente desejado e predefinido.
A mentira cresce e evolui para orgulho. O indivíduo acaba
pensando que o que sabe é tudo o que precisa ser sabido.
Ideólogos fazem isso. O governo é o culpado, a imigração,
o capitalismo, o patriarcado. Ideólogos mentem tentando
explicar tudo seguindo esta ótica fechada e passam a acreditar
que podem refazer o mundo quando, na verdade, a própria
vida deveria ser assumida.
Sobre a autenticidade, o conselho de Jordan Peterson é:
“Se você disser não ao seu chefe, seu cônjuge ou sua mãe quando for
necessário dizê-lo, então se transforma em alguém que consegue
dizer não quando é preciso. Porém, se você disser sim quando é
necessário dizer não, você se transforma em alguém que só
consegue dizer sim mesmo quando claramente é o momento de dizer
não”.
O acima exposto mostra que o caráter de uma pessoa
enfraquece quando ela não diz a verdade. Mentes orgulhosas
tentam esconder seu erro usando a mentira.
Alguns culpam o mundo e as pessoas, não a si mesmos,
quando o que eles queriam não acontece. Recusam-se a
serem verdadeiros consigo mesmos.
Algo drástico surge a partir disso. Indivíduos desonestos e
inautênticos são precursores do totalitarismo. Os cidadãos
soviéticos, por exemplo, negaram o sofrimento que o Estado
impunha. Quem mente, sabe que mente. É que a mentira
corrompe a alma.
O exemplo comunista retrata o extremo. O não reconhecimento
da impossibilidade de fazer um paraíso na terra conduziu a
milhares de mortes. Milhares de vidas específicas sacrificadas
pelo coletivo e por uma utopia.
Basta entender que o que salva é a disposição de aprender
com o que não se sabe, em vez de apegar-se a uma
ideologia e tentar impô-la.
Os movimentos totalitários delegaram a si mesmos a função de
criar o sistema perfeito para ser implementado no mundo.
Cegaram-se, fecharam-se, não foram verdadeiros ao saber que
não sabiam tudo.
“Você tem uma direção, mas pode estar errada. Você tem um plano,
mas pode ter sido mal formulado”.
De acordo com Jordan Peterson, é responsabilidade de cada
um enxergar o que está à sua frente e aprender com isso,
mesmo que seja algo horrível. Não é de admirar que Nietzsche
diga que o valor de um homem é determinado pela quantidade
de verdade que ele é capaz de tolerar.
A parte mais importante de “não mentir” é não mentir para si
mesmo. Um totalitarista não se pergunta onde ele errou.
Mentir gera vergonha. Devido à vergonha, o risco é
desenvolver um pensamento distorcido e depois mais
mentiras para encobrir as consequências do pensamento
distorcido.
“Se sua vida não é o que poderia ser, experimente dizer a verdade”.
Jordan Peterson encerra a oitava das 12 regras para a vida
dizendo que o Paraíso só pode ser um Paraíso porque nele
todos dizem a verdade.

Você também pode gostar