Eu com certeza não sou um Tolkien ou uma J.K Rowling...

Mas se eu puder ajudar uma pessoa a se sentir melhor, bom, esses dez
minutos que eu gastei escrevendo esse prefácio já valeram a pena.

30 VEZES QUE EU ME F****

PARA QUE VOCÊ

NÃO PRECISASSE

CAIO PIMENTEL
 O que você
vai ler
01 Se relacionar é burocrático

02 Os tempos são líquidos e você é descartável

03 Olimpíada de Desinteresse

04 Beleza física é fantástica... Por um tempo bem

curto

05 Homens raramente simulam desinteresse

06 Precisamos parar de responsabilizar o traído e

precisamos parar de enaltecer o traidor.

07 O Elevado Espiritualmente (ou seu guru) é

alguém que estudou muito, se fo*** muito ou já
foi um monstro

08 Mesmo se você pensa que conhece alguém,

você não conhece. Ah, e você não tem controle.

09 A estrada que pavimenta o perdoar não é a

estrada que pavimenta o esquecer

10 O texto de superação se fazendo de vítima faz

todo mundo saber que você ainda chora no
banho

11 O “não” sem ênfase vai matar você.

12 O “estou indisponível” é um bagulho sex

13 Sexo é um colete salva-vidas em um mar cheio

de tubarões

14 Na era das redes sociais, relacionamentos são

um luxo

15 O luto que você sente não é só pelo

relacionamento, mas pela sua versão que
morreu
 e mais...
16 Eu não sou mais digno de me sentir bem?

17 Não da pra esperar a dor passar pra você voltar a

viver
18 Não salvamos quem não quer ser salvo

19 Todos temos um lado sombrio, não se

apaixone pelo seu

20 Quem demonstra interesse e some, tá te

usando de estepe
21 O “nunca vou achar alguém melhor” é a mentira mais
imbecil que sua mente pode contar

22 Ser gentil consigo mesmo é necessário, ainda

mais em momentos de baixa frequência

23 Achar o porquê não vai te trazer paz agora

24 Substituir um fantasma por outro só te manterá

em uma casa mal-assombrada

25 Você não precisa ser escroto pra conseguir estar

com alguém (mas gente boazinha é sacal)

26 Nem tudo que é bom faz bem pra você

27 Triar quem entra ou quem sai da sua vida é o

termômetro entre sucesso e fracasso

28 Identifique suas emoções dominantes e as

inflame ou as oprima

29 Se você pensa que dá pra ficar feliz toda hora,

você está sendo burro (e vai ficar doente)

30 Ninguém liga pra vítima

Prefácio
Eu sei que minha família vai odiar o título e
eles tem toda razão pra isso.

Não é politicamente correto, é muito grande,

e tem um cara com o mesmo nome que eu
que já teve a ideia de colocar um palavrão no
título pra chamar atenção.

Mas eu realmente não consigo imaginar

outra maneira de escrever sobre essas
experiências, a grande maioria adquiridas por
empirismo e depois ratificadas na vida real,
sem usar a frase inicial.
Eu também podia colocar um nome pequeno
e pretensioso para aqueles que buscam
soluções milagrosas em tempos difíceis se
alimentarem por alguns dias, se sentirem
motivados acordando às quatro da manhã e
então descartarem o livro sem nunca mais
quererem sequer o folhear.
A real é que eu errei muito e quem erra
muito aprende muito. Meus erros foram tão
grandes e tão severos que me levaram a
filosofia e a psicologia como tentativa de
explica-los. Eu me agarrei com uma
determinação acachapante sobre os
caminhos sinuosos da mente humana para
tentar responder a questão que Wundt
concebeu e que criou a Psicologia Moderna:

Mas não, esse é o nome e é o que significa.

30 batalhas que eu travei e nas quais fui
irrevogavelmente e invariavelmente
derrotado. Em algumas eu fui herói, em
outras, vilão. Em algumas eu fui vítima e na
outra fui o predador. Em umas eu fui “tóxico”
(Santo Deus, como eu odeio essa palavra) e
em outras fui intoxicado.
Algumas eu conheci em plano teórico, outras
ocupei TODOS os papéis.
“Por que caralhos eu faço as
coisas que faço?”
Eu li inúmeros estudos. Li de Platão a Érico
Rocha. De Freud ao Primo Rico. Dos mais
icônicos e introvertidos pesquisadores de
Harvard até os gurus do palco e do
Marketing Digital e vi que alguns
comportamentos se repetem, mas não
existe um manual pra mudar sua vida.

01
É fazer você abraçar que
relacionamentos são
imperfeitos, mas isso não
quer dizer que você deva
rastejar.

E eu testei esse pequeno manual antes dele
chegar em você. Eu fui de um cara no quarto
escuro pensando em suicídio ao
“aconselhador do TikTok” em 4 meses. Eu
cheguei nos 3 dígitos de seguidores
literalmente expondo em pequenas pílulas o
que você tem acesso em amplitude total
nesse livro (e por um preço ridículo).
Essas regras são imutáveis, concretas e
acontecem em 100% dos casos? Claro que
não. Nada em Psicologia funciona desse
jeito. Aliás, isso aqui não é nem
remotamente um aconselhamento
terapêutico. Nem quero que seja isso, quero
errar sem que as pessoas joguem sobre mim
a pesada capa da “autoridade”.
Existem linhas psicológicas e essas linhas
abordam as coisas de maneiras diferentes.
Se você falar que lembrou uma obra do
Augusto Cury, aí sim, eu realmente vou ficar
chateado (brincadeira, Cury, eu adoro você,
só não gosto dos seus livros).
Talvez um dia ele saia fisicamente. Eu
sempre quis esse lance de ir numa Saraiva
(será que eu posso citar o nome da loja?) e
ficar autografando uma obra minha.
Eu com certeza não sou um
Tolkien ou uma J.K Rowling... Mas
se eu puder ajudar uma pessoa a
se sentir melhor, bom, esses dez
minutos que eu gastei escrevendo
esse prefácio já valeram a pena.

Somos bebês engatinhando em um campo

que embora tenha sido concebido na Grécia
Antiga, só acordou genuinamente no último
século.

Se você discordar e quiser seguir exatamente

o contrário do que está dito aqui, tá tudo
bem por mim. Se você achar as ideias
ridículas e pretensiosas, tudo bem também.

02
#01 Se relacionar é
burocrático.
Relacionamentos no geral são pintados como coisas maravilhosas e
transcendentais. Isso não é exclusividade dos filmes da Disney, tem autor
fazendo isso desde o surgimento da escrita.

A real é que relacionamento é igual a uma piscina de água gelada às duas

da manhã: um amigo seu eventualmente vai pensar que é uma boa ideia
pular nela, e quando ele o fizer, vai ficar de lá de dentro chamando você pra
pular também porque a água ta gostosa.

Ela não está.

Vocês podem até se acostumarem a água gelada, mas o momento em si
vale mais que a temperatura da água. Com relacionamentos a premissa é a
mesma: você trabalha pra ter momentos bons vez ou outra. Custa caro, é
exigente e a maioria das pessoas trata de maneira leviana. Por isso, um em
cada dois casamentos terminam em divórcio.

No vídeo que eu fiz sobre, eu pareço frustrado. E estava mesmo. Porque

depois de ler uma caralhada de material, estudar, repassar meus erros,
pensar com clareza... Eu vi que a decisão racional é ficar sozinho.

A atenção das pessoas é ridícula nos dias atuais e criar constantemente

formas de entreter o parceiro ou parceira é um porre homérico. A arte da
conquista se perdeu em meio aos Tinders e Badoos da vida...

03
#01
Eu fiz um experimento social no meu Instagram e
perguntei às pessoas se elas achavam que
alguém que deixa de conversar com você por
dois dias, o fazia porque estava cansado de
puxar assunto, ou porque não estava tão
“na vibe” assim de ficar com a pessoa.

O resultado foi tão óbvio quanto uma piada de

papagaio:

Sem entrar em méritos de gênero e

estereótipos, a esmagadora maioria dos
autoidentificados como homens se
disse cansado e a esmagadora maioria
das autoidentificadas como mulheres
disseram que era por desinteresse.

Nessa pequena amostragem temos um reflexo

do que é gigantesco hoje em dia: de um lado
caras que aprenderam que podem transar
deslizando o dedo em um aplicativo e mulheres
com tantos likes e começos de conversa
inacabados que simplesmente não sabem como
sustentar uma conversa, mesmo quando têm
interesse genuíno pelo alvo em questão.

Nessa bagunça, nunca se hipersexualizou tanto e

nunca transou-se tão pouco.

04
#01
Estamos mais castos que a geração “sexo, drogas e rock’n’roll” mas com
nossos Instagrams dizendo que trepamos o tempo todo.

Cunhou-se até um termo para denominar as pessoas que não transam: os

Incels.

Frequentemente atribuído de forma pejorativa a um individuo que se

identifica com o gênero masculino, o Incel é um cara que está em (cel)ibato
(in)voluntário.

A falta de vontade em construir relações duradouras e sólidas tornou o

processo de conquista insuportável e mais que isso:

Em um jogo no qual não há vencedores.

Tenha em mente que se você quer se relacionar com alguém, tem que
invariavelmente se adaptar as partes ruins que vem com o pacote. E pode
acreditar que elas são inúmeras.

Não acredite que relacionamentos podem ser superados somente pela força
suprema do amor, porque eles não podem. Amor é uma variável em uma
equação gigantesca que envolve gostos em comum, trabalho, perspectivas
de vida, família, religião, sociedade, visão de mundo, traumas anteriores,
linguagem afetiva... E uma lista infindável de outras.

LIÇÃO

SE VOCÊ QUER SE RELACIONAR, ARREGACE AS

1 MANGAS. VOCÊ VAI TER QUE TRABALHAR. E

TRABALHAR BASTANTE.

05
#02 Os tempos são
líquidos e você é
descartável
As pessoas não gostam das nuances que permeiam um relacionamento.
Não tem como ter o dormir de conchinha vendo Netflix sem ter a pessoa
que deixa uma porrada de pentelhos no ralo. Não tem como ter a paixão
escaldante sem os acessos súbitos de raiva. Não tem como viver uma vida a
dois e fugir da chatice de ir ao mercado.

Enfim, coloque o nome que quiser, mas relacionamentos são em sua

maioria longos períodos enfadonhos seguidos por momentos de felicidade e
companheirismo que justificam a parte chata.

O problema é a que a nossa tolerância a frustração hoje é nula. Criamos

nossas crianças para lidar com seus copiosos choros convulsivos olhando
para uma tela brilhante. Crescemos adultos emburrecidos acreditando que
tudo tem que dar certo o tempo todo e que se não formos milionários aos
vinte e cinco, somos fracassos.

As pessoas não sabem lidar com seus baques. Não sabem encarar a vida e
os traumas sem engolir seus Rivotrios e Alprazolams. E sem essa
consistência em encarar o peso da existência, o fardo dos momentos chatos
de um relacionamento vira o peso que Atlas sustentava em suas costas.

A hora que encara-se um problema que seria facilmente resolvido em

quatro sessões de terapia ou em uma conversa franca de dez minutos, as
pessoas tendem a sacrificar o relacionamento no altar de suas imperfeições.
Bauman cunhou o termo “líquido” para se referir a fragilidade exponencial
das relações atuais. Descarta-se, quebra-se, destrói-se... Mas não recicla-se.

06
#02
Se relacionar hoje é um campo minado onde o pisar sem estratégia leva a
bombas de desafeto, rancor, medo e claro, abandono. Não tem como prever
literalmente o que outra parte vai fazer, então escolher se relacionar é
escolher estar exposto.

E muita gente simplesmente esquece-se disso porque a paixão é feita

inexoravelmente para nos emburrecer e nos levar a reprodução.

Sem preparo você vai parar no pântano fértil das relações imbecis que nos
permeiam. Você se vê isolado no oceano de relacionamentos fracassados e
boas intenções mortas.

Sem uma análise minuciosa e terapêutica, provavelmente seu

relacionamento já estava morto na incubadora e você sequer notou.

LIÇÃO
TENHA EM MENTE QUE VOCÊ NÃO TEM CONTROLE SOBRE AS AÇÕES
DO OUTRO E QUE VOCÊ ESTÁ VULNERÁVEL. TENHA PREPARO

2 (TERAPÊUTICO OU NÃO) PARA QUE AS AÇÕES DO SEU PARCEIRO NÃO

DEFINAM SEU BEM-ESTAR OU MAL-ESTAR.

07
#03 Olimpíada de
Desinteresse
Esse é um dos meus tópicos favoritos porque acomete não só grande parte
do meu público, mas grande parte da humanidade no geral.

Hoje quem se mostra mais desinteressado, tecnicamente, se mostra mais

preparado, evoluído e até apto a transar. Houve um “boom” nos livros de
autoajuda com essa temática na última década e todos partem da mesma
premissa: não mande mensagem, não mostre interesse, não responda antes
de um tempo longo passar...

Essas estratégias não são nem remotamente uma novidade. Os PUA’s ou

“artistas venusianos” usavam isso em 1990. Os caras compilaram em
manuais estratégias psicológicas que funcionavam melhor na abordagem de
mulheres “bonitas” (o que é beleza, afinal?) e sim, eles tinham uma taxa de
assertividade imensa.

O problema é que hoje qualquer adolescente de 15 anos tem acesso a esses

manuais gratuitamente e a distorção deles leva com que todas as práticas
descritas nos livros para meninas e meninos soem da mesma maneira:
pareça desinteressado.

Ninguém tá dizendo que você deve se mostrar desesperado como um cão

que acabou de receber o dono de uma viagem longa, mas tentar
constantemente mostrar que você não está nem aí em alguém quando você
está, tem exatamente o efeito que se propõe:
Você começa a soar um porre.

08
#03
Essa “gamificação” do flerte não fez com que ele soasse divertido. Fez com
que ele soasse como trabalho, e trabalho chato. Demanda-se muita
resiliência ficar conversando com alguém que não tem a o menor interesse
em manter a conversa viva. É um saco ser sempre a pessoa que chama
primeiro para receber respostas evasivas e monótonas. É destruidor para o
interesse ver a pessoa que você beijou meia vez subitamente se tornar uma
Angel da Victoria Secret e te tratar não como o Adam Levine, mas sim como
um estagiário que devia levar o sanduíche vegano dela e está vinte minutos
atrasado.

Quando não há interesse genuíno, essas ferramentas são maravilhosas e

funcionais desde a Idade da Pedra. Mas quando existe um lampejo de
interesse e você mata isso em prol de uma saciedade escrota de
personalidade, pra que você se sinta superior, é pavoroso.

Pasme: pessoas com inteligência emocional elevada sabem soar

interessantes sem passar essa onda de desespero que você tem tanto medo
e que acaba fazendo de você um floquinho de neve em seu trono dourado,
enquanto a plebe se esbalda com Guaraná Dolly e conhecendo gente de
verdade.

LIÇÃO
TER O BOM SENSO DE MOSTRAR INTERESSE SEM SOAR
DESESPERADO SERVE PARA AMBOS OS SEXOS, NÃO TE ATRAPALHA E

3 NÃO TE FAZ CAPACHO. SIMULAR DESINTERESSE TENDO INTERESSE SÓ

TE FAZ IDIOTA

09
#04 Beleza física é fantástica...
Por um tempo bem curto.

“Não existe Monalisa cuja beleza

não se acostume”

Eu soltei essa frase antes de saber que a

Monalisa é praticamente um papel
A4 e que perto das outras obras do
Louvre, ela é até bem sem-graça.

Os puritanos de arte vão se sentir

pessoalmente atacados, mas isso só
mostra como beleza é um bagulho
totalmente conceitual.

Tem gente que acha barba e cabelo

longo pra homem, um horror. Minha
avó me fez jurar que vou fazer a barba
completamente pelo menos uma vez
antes dela falecer...

Na contra mão da mãe da minha progenitora, inúmeras páginas de Instagram

ilustram o quão viril e másculo é ter uma barba até o meio do peito.

O que é bonito ou não varia de acordo com a geopolítica, localização,

sociedade, período histórico e uma gama gigantesca de outros aspectos. No
Império Romano, se você fosse barrigudo, era sinal que você era rico, bonito
e saudável... E se você tivesse um six-pack (barriga tanquinho) você era um
escravo horroroso.

10
#04
Cabelos compridos em homens durante inúmeros períodos da história foram
visto como um sinônimo de liberdade. Na Grécia Antiga se separava o
escravo do homem livre pelo corte de cabelo. Vikings adornavam suas
longas madeixas e faziam tranças para irem esteticamente belos ao
encontro das valquírias. Isso sem contar na influência artística, musical e
pessoal que fazem parte do pacote sobre o que é ser bonito.

Beleza é indivisível de identidade. Existem padrões, claro. A mídia e a moda

determinam constantemente o que é tido como “belo”, mas na Era da
Informação, a aceitação nunca se fez tão presente. Inúmeras marcas hoje
ostentam pessoas “alternativas” em seus rótulos. Nunca fez tanto esforço
para diversificar etnias, personalidades e sexualidades.

A beleza do nosso século é mais democrática.

No entanto...
As redes sociais criaram um retrato deformado sobre autoimagem.
Tendemos a nos rotular junto com as celebridades do Instagram e isso é
uma bomba atômica na autoestima. As influencers exibem seus corpos
robóticos e retocados pixel a pixel como se aquilo fosse uma verdade
incondicional e como resultado temos um boom em doenças
psicossomáticas como anorexia e bulimia. Nunca houve tanta pressão social
para que garotos sejam cada vez mais cedo sexualizados. Ríamos
incansavelmente de como Smallville colocou um cara de 30 anos para
interpretar o Superman aos 15, mas hoje isso passa batido em inúmeras
séries do Netflix.

Um garoto franzino e baixo tem sua autoimagem deformada por milhares

de conteúdos diários que dizem que ele devia ser alto, forte, impiedoso e
belo.

11
#04
Bom, ninguém é quando analisado pela ótica
correta. E essa pressão excruciante nos deixa
doentes.

Eu me relacionei com muita gente “bonita” para

os padrões sociais, e posso assegurar que
quando um relacionamento mergulha em caos,
você esquece totalmente que está conversando
com uma modelo internacional. A beleza
é um soco nocauteante: breve, potente mas
uma hora você acorda.

E quando você acorda e se acostuma as

imperfeições que regem essa sua Vênus ou seu
Aquiles, você vai ter que se escorar sobre
personalidade, afinidades, conversa, empatia...

A beleza é a prima esquecida. É um ar-

condicionado no carro rodando no Alaska. É
aquele recurso de câmera lenta que fez eu
comprar meu celular e esquecer que ele tinha
essa opção dois dias depois. É algo efêmero.
Passageiro. Tedioso.

Se você começar um relacionamento com

alguém se escorando simplesmente no pilar da
beleza, é muito provável que ele naufrague
rapidamente se você não soube achar outras
boias para carrega-lo.

12
#04
Beleza física é um negócio fantástico, mas no primeiro transtorno você a
esquece rapidinho.
Vai por mim.

LIÇÃO
VOCÊ ATÉ PODE DEIXAR PRA SE RELACIONAR SOMENTE COM
GENTE QUE CONSIDERA MUITO BONITA, MAS SE ESSE FOR O ÚNICO

4 FATOR QUE VOCÊ CONSEGUIR ENXERGAR DEPOIS DE UM TEMPO, VOCÊ

INVARIAVELMENTE VAI ESTAR FADADO AO FRACASSO

13
#05 Homens raramente
simulam desinteresse
Quando eu fiz o roteiro pra esse vídeo eu mantive um comportamento
padrão típico masculino e esqueci de várias facetas que permeiam os
relacionamentos modernos.

Me arrependo? De maneira nenhuma.

Os conceitos de gênero e sexualidade se tornaram absurdamente amplos

nos últimos vinte anos e como futuro psicólogo não é meu interesse
negligenciar nenhum deles. O problema é que as linhas que separavam
comportamentos sociais tipicamente masculinos ou tipicamente femininos
estão cada vez mais tênues.

Um dos meus mestres favoritos na faculdade fez inúmeros exercícios para

tentarmos explicar o que conceitua “homem” e “mulher” sem usar a parte
biológica e as respostas foram um emaranhado de indefinição digno de
deixar a pessoa mais prolixa de cabelo em pé.

Portanto, para fins ilustrativos, vamos deixar definido que o homem aqui
mostrado é o “hétero top”. O macho clássico que você encontra na balada
(me perdoa se você vai pra balada ler um livro ou ficar analisando os outros,
eu já fiz isso várias vezes, mas pasme, não é padrão).

14
#05
Esse cara e suas eventuais características raramente simulam desinteresse.
Eu sou hétero (por incrível que pareça) e todas as vezes que eu parecia
estar desinteressado é porque eu estava de fato desinteressado. Não existia
um estratagema por trás. Não existia um plano mestre para tentar fazer a
garota se aventurar em mim.

Se a garota já baixou a guarda e disse “te quero” e o cara continua sendo

evasivo é muito provável que ele genuinamente não tenha interesse.

Alguns homens nos comentários disseram que se sentiam inseguros e eu

disse:

“Ok, mas se ela disser, “vem na minha casa agora”, você vai?
Ou vai deixar pra outra hora?”

100% deles responderam que iriam na mesma hora.

Mulheres geralmente (mais uma vez, não se ofenda, floco de neve), tem
mais opções que homens por isso tem recursos de validação social muito
mais rígidos. Por vezes uma garota tem até um pequeno lampejo de
interesse, mas prefere testar para ver se aquele macho em específico é
digno de sua aprovação. Então ela mostra um leve desinteresse enquanto
te estimula a tentar mais um pouco. Homens, NO GERAL, são menos
propensos a este tipo de comportamento. O desinteresse masculino é
genuíno. Homens, NO GERAL, não dão tantos tocos quanto garotas e isso
faz com que eles se sintam ou pressionados a aceitar todo tipo de investida
feminina ou a soarem idiotas a ponto de fingirem não entender o que está
acontecendo quando a mina já verbalizou que o quer.

15
#05
Por via das dúvidas, o cara passivamente desinteressado não está jogando
um xadrez com você. Ele simplesmente é o que ele pinta: desinteressado.

PS: essa lição é polêmica porque existe uma gama muito

grande de pormenores envolvidos mas...

LIÇÃO
SE VOCÊ JÁ DEIXOU CLARO SUAS INTENÇÕES, ELE NÃO ESTÁ
SIMULANDO DESINTERESSE, ELE SIMPLESMENTE NÃO ESTÁ TÃO AFIM

5 DE VOCÊ. (E SIM, EU JÁ ME FODI COM ISSO PORQUE NÃO PERCEBI QUE

ESTAVA SOANDO DESINTERESSANTE PROPOSITALMENTE, COMO UMA
FORMA DE DEFESA)

16
#06 Precisamos parar de
responsabilizar o traído e
precisamos parar de
enaltecer o traidor
É válido ressaltar que isso vale para relacionamentos em que o contrato
inicial era uma relação monogâmica. Se você e a pessoa ao seu lado tem
seus contratos de “amor livre” e “poliamor”, fiquem à vontade para pular
para a próxima lição.

Tomar um chifre é igual contrair Covid: pode ser que você tenha passado
pela experiência e sequer saiba. Que eu saiba, eu nunca fui traído, mas
existem certas lições que podem ser aprendidas observando outras pessoas
e essa é uma delas.

17
#06
Por que colocamos a pessoa que traiu em uma espécie de blindagem e
tiramos sarro do pobre coitado que teve sua confiança, amor próprio e
alegria sugadas para um buraco negro devastador que provavelmente vai
marca-lo pelo resto da vida?

O traidor vai ter dezenas de desculpas, das mais engraçadas e improváveis

as mais lúcidas.

Fato: nenhuma delas o justifica. Quando se trata deliberadamente da

traição, é sobre o seu caráter e não sobre o da outra pessoa. Mesmo em
relações abusivas, na qual a traição pode ser vista como um meio de
sacrificar um relacionamento moribundo para voltar a vida, o preço pago é
imensamente alto.

Já lidei com traidores compulsivos que diziam que simplesmente o faziam

porque não se viam dormindo com a mesma pessoa o resto da vida. Então
por que diabos manter a outra parte refém de algo que você está fugindo
desesperadamente? É um balanceamento injusto e maldoso.

Falar de traições modernas e não citar Gaslighting seria como fazer um bolo
de cenoura sem cobertura. Gaslighting é um tipo de abuso que faz com que
a pessoa questione sua sanidade no que diz respeito a realidade. Um dos
parceiros faz com que o outro questione se o que está acontecendo é uma
mera ilusão ou hipervalorização de algo pequeno.

Sociopatas são excelentes nisso.

Essa prática pode ser usada num contexto de traição de inúmeras formas,
por exemplo: A pessoa trai e faz com que a outra se questione se aquilo é
realmente uma traição. Bons manipuladores podem fazer você vê-los na
cama com outra pessoa e ainda assim negarem veementemente que aquilo
foi um ato deliberado

18
#06
É um tipo de manipulação sutil (nem tanto), mas que evidencia como
traidores podem escapar mais facilmente de um estigma social do que a
pessoa que foi traída.

Na outra ponta da equação temos uma outra nomenclatura não muito

ortodoxa: o “corno retroativo”. Se o Gaslighting é sobre fazer a pessoa que
enxerga bem ficar cega diante de um ato ofensivo ao questionar sua
sanidade, o “corno retroativo” considera absolutamente tudo como um
gesto de traição sem que aquilo de fato realmente seja.

Se você terminou, “pediu um tempo” ou parou de mandar mensagens sem

ter firmado nenhum tipo de vinculo que evidenciasse um relacionamento
monogâmico, sinto muito, mas você só está sendo emocionado. Não
importa se foi em dois dias ou em dois anos, se a pessoa está solteira não
existe “traição”

Você não acha que a pessoa devia pelo menos enterrar o cadáver que é o
relacionamento anterior antes de buscar alguém novo no reino dos vivos?
Essa é outra história.

O fato é que solteiros não podem ser cornos. Você não foi traído porque seu
parceiro ficou com mais pessoas que você. Você não foi traída se terminou
com o cara e ele foi pra um puteiro. E obviamente: você não foi traído pelo
que aconteceu ANTES da pessoa te conhecer.

(Aliás, se você está com alguém que fica avaliando as pessoas

que vieram antes e te culpando por isso, eu reconsideraria
todo relacionamento)

19
#06
Se você traiu e se arrependeu, bom, eu acredito piamente que você tem
que se perdoar. Mas mais importante que se perdoar, você tem que
respeitar o direito da outra parte de não querer mais você por perto. Eu
acredito em erros isolados, acredito que pessoas podem mudar e acredito
que existem pessoas que por um deslize colocaram em xeque toda uma
existência com alguém que amavam... Mas perdoar nem sempre é
permanecer.

Essa é uma lição que talvez para todos os papéis aqui descritos seja difícil
de entender.

LIÇÃO
NÃO VANGLORIE ATOS DE TRAIÇÃO, MESMO DE PESSOAS PRÓXIMAS A
VOCÊ. NÃO SE COLOQUE EM POSIÇÃO DE “TRAIDOR” POR COISAS QUE

6 ACONTECERAM EM MOMENTOS DE SOLTEIRICE. SE O ATO DE TRAIR É

UM PENSAMENTO CONSTANTE NA SUA CABEÇA, FIQUE SOLTEIRO.

20
#07 O Elevado Espiritualmente
(ou seu guru) é alguém que
estudou muito, se fo***
muito ou já foi um monstro.
Quando meus vídeos começaram a viralizar eu
me deparei com muitas pessoas me
colocando nessa caixa de areia estranha que é
o “guru”. Frases como “você é muito
espiritualizado” ou “você é um mensageiro de
Deus” começaram a aparecer de diversas
fontes e eu comecei a me preocupar.

As pessoas têm um desejo absurdo de serem

governadas. Figuras de autoridade exercitam
nossa imaginação desde sempre e sem um
cabresto ético estreito, essas figuras podem
desvirtuar, roubar, destruir e criar padrões
errados na mente de milhares de pessoas.

Essa necessidade ardente de ter alguém

ditando como a vida deve ser em prol de se
viver melhor foi aproveitada desde o início
dos tempos e foi elevada a décima potência
com o avanço das Redes Sociais.

Eu tive problemas em convencer as pessoas

que eu NÃO SOU um psicólogo
formado. Muitas queriam atendimento clínico
independente da minha graduação.

21
#07
Muitas queriam substituir seus tratamentos terapêuticos para conversar
comigo e até hoje, mesmo alugando uma hora do meu tempo SEM
FINALIDADE TERAPEUTICA para conversar com pessoas às vezes, eu
vejo que existe essa projeção de “preciso que você me diga o que fazer”.

O “guru” acaba exercendo um papel oposto ao que tento exercer: o de fazer

as pessoas terem uma vida mais livre e feliz caminhando com as próprias
pernas. Todo esse projeto nasceu para que pessoas sofressem menos numa
caminhada que eu já trilhei e por mais que soe como uma motivação nobre
de um monge tibetano, é algo que eu almejo que me dê dinheiro e que me
fez absurdamente bem.

Ter uma boa oratória, retórica e ser excelente em solucionar problemas

alheios , mesmo que temporariamente, vai te alçar em determinados
momentos a essa posição perigosa.

O “guru” é moldado de três formas: na primeira, ele estudou amplamente o

assunto abordado. Gastou horas e horas debruçando-se sobre o
conhecimento que ele traz de maneira palatável para outras pessoas. Fez
graduações e estudou como vender aquilo de uma forma sexy, para que as
pessoas quisessem comprar... Ou, simplesmente foi dando testadas no
muro até aprender o que funciona e o que não funciona.
Eu sou este segundo.

Eu fui buscar validação do meu empirismo em raízes científicas. Eu não sou

um guru, eu sou um cara que se fodeu inúmeras vezes e decidiu estudar
sobre o assunto. Depois que aprendi um pouco sobre ele, decidi passar isso
"pras" pessoas em uma linguagem acessível e isso acabou se tornando uma
ferramenta altamente sedutora. Nada do que eu faço é desconhecido a um
estudante de segundo ano de psicologia, mas a forma como eu prego essas
coisas me colocou nessa área cinzenta que eu rejeito fortemente.

22
#07

E o terceiro método de se moldar um guru?”

Frank Abagnale Jr foi um adolescente no mínimo problemático. Ele tinha um

dom incrível de persuasão, uma lógica fora do padrão, atenção meticulosa a
detalhes que para nós, meros mortais, passaria incólume e o mais
importante: nenhum tipo de escrúpulo em usar isso para se beneficiar.

No seu período de atuação, dos 15 aos 21 anos, ele foi professor de Ensino
Médio, piloto de avião, médico e advogado. Criou inúmeros cheques falsos
tão bem feitos que nem o banco conseguia diferencia-los e gerou prejuízos
astronômicos a empresas e ao Governo Norte-Americano.

Você deve estar pensando que em um país de legislação rígida como os

EUA, Frank deve estar preso até hoje, certo?
Errado.

Frank é um dos maiores consultores de segurança do mundo e acumulou

uma fortuna vendendo seu conhecimento em ser vigarista... Para pessoas
que querem se livrar de vigaristas. Assim como Frank, inúmeros especialistas
em segurança digital são hackers hábeis, com um amplo currículo em
explorar vulnerabilidades de sistema.

23
#07
“E onde isso se encaixa com o guru?”

Seu guru pode ter sido um monstro. Alguém que sabia como utilizar suas
habilidades de maneira inescrupulosa e egoísta, mas decidiu utilizar isso
para propagar o conhecimento necessário para você evitar outras pessoas
que tem esse poder.

É inconcebível pensar que o especialista em Psicologia Positiva pode ser

alguém que não encontrou felicidade na vida até muito tarde e quer que
você evite o caminho das pedras, mas é uma possibilidade real. É estranho
pensar que podemos estar diante de uma pessoa que ajuda as outras para
silenciar o ímpeto de usar seu poder para o mal. Ou para que isso a impeça
de ter uma visão niilista e detestável da vida (talvez eu me encaixe um
pouco aqui).

Com a coragem e a preparação necessárias, qualquer um pode ser um

“guru”.
Eu nego o rótulo.

Eu já tive atitudes execráveis durante a minha vida. Não tenho uma visão
santificada ou beatificada. Não tenho um plano mestre. Não fui elevado por
nenhuma entidade.

Não sou erguido espiritualmente. Sou um cara que decidiu estudar e falar
sobre uma vida de derrotas catastróficas que me colocaram na potencial
rota de uma vitória.

LIÇÃO

QUESTIONE SOLUÇÕES FÁCEIS E QUEM SE APRESENTA COMO

7 OFERECEDOR DELAS. A VIDA É FEITA DE PROCESSOS E POR MAIS QUE

EU AME MILAGRES, NÃO PODEMOS VIVER A ESPERA DE UM

24
#08 Mesmo se você pensa que
conhece alguém, você não
conhece. Ah, e você não tem
controle
Você consegue descrever pra mim as dimensões da sua casa de maneira
perfeita? Vamos supor que de maneira improvável, você a tenha projetado
na planta, tenha escolhido cada um dos seus detalhes...

Ainda assim, você saberia quantos metros separam a sala do banheiro? Você
saberia me dizer quais foram os materiais utilizados na construção? Você esteve
lá na formação do alicerce? Consegue dizer a temperatura máxima a qual as
paredes já foram expostas?

Mesmo que você tenha respondido “sim” para todas as perguntas, a

elaboração de uma casa não chega nem remotamente perto das nuances
utilizadas para a moldagem de uma psique humana.

É ridículo e presunçoso achar que podemos saber tudo sobre alguém,

mesmo sobre alguém que mora conosco a décadas. Você não conhece nada
da bioquímica cerebral do seu parceiro. Não tem noção de como ele se
comporta quando exposto constantemente a estímulos de stress extremo.

Não sabe se ele escolheria um envelope de presente azul ou vermelho. É

provável que alguns não saibam nem a numeração de calça que o outro
usa

Nos assustamos constantemente com facetas desconhecidas de pessoas

próximas e usamos eventos para determinar o “conhecer” sobre alguém.
Quem nunca ouviu, por exemplo:
“Só quando casei conheci Tal Pessoa de verdade”

25
#08

Mesmo que você conhecesse um fractal desse ser humano, ele pode ter
sido absolutamente adulterado a partir do momento que vocês decidiram
morar juntos ou trocar experiências em um nível mais íntimo.

Além de nossa absurda complexidade somos mutáveis, inconstantes e

volúveis.

Tendemos a acreditar que não mudamos, que somos os mesmo seres

humanos de cinco ou dez anos atrás, quando na verdade não somos os
mesmos seres humanos de cinco ou dez DIAS atrás. Sua mente está em
constante estimulação. Você recebe impulsos e influências constantemente
de maneira consciente ou inconsciente. Pequenos gestos podem ter
consequências enormes no futuro da sua mente e eles podem ter passado
totalmente despercebidos em um primeiro momento.

Tomemos como exemplo a paternidade.

Eu conheço homens que se tornaram cidadãos exemplares após terem um
filho. Melhoraram como pessoas, como indivíduos e como sujeitos.

26
#08
Demonstraram amor e passionalidade em
um nível nunca antes visto.
Abandonaram vícios e reconstruíram seus
casamentos...

E na contramão conheço homens que

afundaram. Mergulharam em um
padrão derrotista como se a vida tivesse
lhes sido drenada. Ou pior ainda,
abandonaram suas esposas grávidas com
medo da responsabilidade latente
do porvir.

Não temos como prever como reagiremos a um assalto.

Não temos como prever como reagiremos a uma ameaça eminente as
nossas vidas.
Não temos como prever como reagiríamos se ficássemos absurdamente
ricos.
Não temos como prever como reagiríamos se descobríssemos que temos
mais dois meses de vida.

Podemos prospectar e nos preparar mentalmente através de processos

terapêuticos, mas as projeções não são por si só um sinônimo de que o jogo
vai se desenrolar exatamente como previmos.

Podemos treinar nossos cérebros para cenários improváveis e nos

condicionar de maneira comportamental para reações desejadas em face
desses momentos, mas não podemos afirmar com certeza matemática como
um cérebro exposto a essas experiências irá se comportar.

27
#08
Nós não conhecemos as pessoas tão bem como pensamos. Nós não
conhecemos sequer nós mesmos tão bem como pensamos, que dirá outro
ser humano dotado de livre arbítrio, emoções, gatilhos e frequências
totalmente diferentes dos nossos.

Eu não digito essas coisas com o intuito de assustar vocês ou tentar pregar
para que todos fiquem sozinhos, mas para que você esteja ciente de que se
relacionar é correr constantemente o risco de ver uma reação que nós não
esperávamos em alguém que amamos muito e que nunca pensamos que
iríamos ver.

Pode ser algo drástico como uma traição ou algo ridículo como peidar na
mesa no almoço de domingo. Relacionamentos são formados desses
períodos em que nos questionamos:

“Onde está a pessoa que eu escolhi estar?”

“Ela existe ainda?”
“Como alguém pode mudar tanto em tão pouco tempo?”
“Este sempre foi o eu de verdade dela?”

Estar em um relacionamento sério é abdicar da necessidade de controle. A

enorme parte dos problemas entre casais acontecem por uma tentativa pífia
de controle sobre algo muito maior que nós.

Quando dividimos nossas vidas, sonhos e aspirações com alguém, é como

se isso forçasse em nós um desejo de reciprocidade, de que aquilo deve ser
pago de alguma forma. Quando nos sentimos abundantes essa sensação de
débito passa desapercebida, mas em momentos de escassez tendemos a
pressionar o outro com nossas inseguranças, ciúmes e dúvidas.

28
#08

A insegurança se retroalimenta. Quanto mais inseguro você se sente, mais

você cria casos onde essa insegurança passa a ser visível e palpável. Isso se
manifesta em uma sensação patológica de controle em algo que nunca
teremos.

Estar em um relacionamento é correr o constante risco de ser traído,

humilhado, deixado, abandonado ou excluído. Soa horroroso, mas algo tão
bom quanto estar apaixonado teria que cobrar seu preço de alguma forma,
e na maioria das vezes, é com estes sentimentos.

Se eu pudesse dar um conselho para um casal que está começando a se

relacionar seria esse:

“Abandone a necessidade de controle”

Como alguém que já dançou essa valsa de procurar por coisas erradas
inúmeras vezes, eu digo: se alguém quiser te enganar e esconder algo de
você, e for bom nisso, você nunca vai sequer descobrir.

29
#08
Se você não se sente à vontade com aquela pessoa, não confia nela e acha
que nem terapia pode resolver, fique solteiro. Viver constantemente sobre a
paranoia de estar sendo traído ou deixado é um veneno mortal que
transforma todas as outras áreas da sua vida em um pântano.

Faça as pazes consigo mesmo e saiba que por mais que exista a
possibilidade de você estar dormindo com seu algoz, você também pode
estar dormindo ao lado do seu maior motivador. Da pessoa que mais te ama
na Terra. Do seu melhor amigo.

A possibilidade de dar certo ou errado depende de uma série de fatores,

mas a energia gasta imaginando o pior cenário possível é a mesma gasta
em imaginar o melhor cenário possível.

A diferença é que uma te adoece e a outra faz com que você viva sabendo
que existem sim, solavancos, mas você vai estar preparados pra eles.

E que você é amplamente capaz de resolve-los.

LIÇÃO ABANDONE A NECESSIDADE DE CONTROLE E ACEITE QUE RELACIONAMENTOS

PODEM DAR ERRADO. SE VOCÊ NÃO CONSEGUE FICAR EM PAZ COM ISSO,
TALVEZ AINDA NÃO SEJA HORA DE VOCÊ SE RELACIONAR.

8 RELACIONAMENTOS SÃO DIFERENTES ENTRE SI E PORQUE 10 DERAM

ERRADO, NÃO SIGNIFICA QUE O DÉCIMO PRIMEIRO TAMBÉM DARÁ.

30
#09 A estrada que pavimenta o
perdoar não é a estrada
que pavimenta o esquecer
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se
vangloria, não se orgulha.Não maltrata, não procura seus
interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a
verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Toda vez que alguém usa esse trecho bíblico para justificar viver um
relacionamento abusivo, muitas vezes se colocando em risco de morte, Paulo
deve dar um soco na porta do céu.

É importantíssimo contextualizar que Paulo falava para uma massa de

cristãos que estavam sendo usado como piras para iluminar Roma no período
de maior perseguição a esse credo que se viu na história.

O amor que Paulo cita aqui não é um amor romântico, mas um amor tão
puro, que significa amar seus algozes mesmo em face de uma morte terrível.
Paulo escolhia sabiamente as suas palavras porque não queria incitar uma
revolução ou guerra, mas queria que a mensagem de amor passada por
aquele que foi seu Mestre fosse repetida a um mundo que não entendia o
“dar a outra face”.

Isso não significa que vamos incitar uma mulher agredida em casa, a suportar
as agressões sem reagir. Isso não significa nem remotamente que se você
tem que ficar com a sua namorada que faz você se entupir de tarja preta
para poder sobreviver.

31
#09
Temos que parar de romantizar
atitudes de pessoas perturbadas e
pior ainda, trata-las como
demonstrativos de amor e carinho.

Não bata palma pra louco

dançar. Não fique perto de
alguém que está colocando em
xeque o espetáculo mais
bonito ao qual você tem
acesso: o de viver.

O perdão é uma parte invariável do processo terapêutico. Se a raiva, rancor

e ódio permanecem, o alvo desses sentimentos é seu senhorio. Quem faz
você sentir raiva, tem controle sobre seu cérebro, sobre suas sinapses,
sobre sua forma de agir. O perdão serve não só com um artefato místico,
para nos elevar a um status de inalcançáveis diante daqueles que nos
destruíram, mas como um machado que quebra o controle de quem nos fez
mal e nos tira de uma posição patética de vítima para nos colocar de volta
no controle das nossas ações.

Mas a estrada que pavimenta o perdoar, não é a estrada que pavimenta o

permanecer. Você pode sim, perdoar alguém e ao mesmo tempo não querer
que essa pessoa faça mais parte de nenhum processo da sua vida. Você
pode perdoar e encerrar suas relações com aquele ser humano. Você pode
perdoar profundamente e sem ressalvas e ainda assim escolher que o risco
de estar perto de uma pessoa desequilibrada não vale a barganha.

32
#09
Se coloca em xeque sua saúde física e mental você precisa de distância.
Você precisa separar que o amor e o perdão que você denota por alguém
não pode ser o suficiente para se desfazer da sua vida. Um amor genuíno e
altruísta não faria você ter de fazer essa escolha e isso por si só é um
indicativo curto e grosso de que você pode perdoar e não querer mais ao
seu lado.

E mais importante que isso:

Entender essa lição em sua totalidade pode salvar não só seus processos
mentais e a higiene da sua psique, mas pode salvar também você de ser
fisicamente subjugado.

Perdoe incontáveis vezes, mas aprenda a partir quando isso põe sua mente
e corpo em risco.

LIÇÃO

PERDOAR NÃO SIGNIFICA PERMANECER. NÃO USE O PERDÃO COMO

9 DESCULPA PARA CONTINUAR EM SOFRIMENTO COMO SE ISSO FOSSE POR

UMA CAUSA NOBRE. BUSQUE AJUDA ESPECIALIZADA E QUEBRE ESSE CICLO.

33
#10 O texto de superação se
fazendo de vítima faz todo
mundo saber que você
ainda chora no banho
Eu lembro que tinha tido um final de relacionamento traumático (um dos
vários da vida) e sem querer abri uma aba de navegador no meu PC que
tinha a rede social dessa minha ex. Eu sempre tive na cabeça que fuçar (ou
stalkear para a geração atual) é procurar validação para sofrer.

O ato de, deliberadamente, ir até a rede social de alguém que não quer
estar com você para ver o que essa pessoa está fazendo ou com quem ela
está se relacionando é um recurso maligno para que você fique escravo do
passado e em sofrimento. Nada de bom vai sair dali, mas isso é papo pra
outra lição...

O fato é que eu fui traído pelo “misclick”. O Instagram dela aparecia nos
mais digitados, claro, eu sempre via as coisas dela quando estávamos
juntos e quando eu fui digitar a page inicial no navegador. Acabei clicando
por pura idiotice e tremedeira no dela. Meu coração foi na boca. Me senti
absolutamente estúpido mas já que tinha clicado, terminei o rito de
crueldade comigo mesmo e fui fuçar.

34
#10
“Ela está ótima”, pensei. Centenas e centenas de likes, comentários e fotos
de viagens nos lugares mais picas do mundo. Eu fiquei genuinamente feliz
por ver que ela tinha seguido em frente tão rápido, mas aí abri uma das
fotos e fui ler a legenda.

Era um baita textão de superação sobre como ela havia sofrido cruelmente
nos últimos anos. De como ela havia passado por todo carma e
desmerecimento e tinha feito daquilo uma escada para experiências mais
úteis. Por linhas e mais linhas, tudo que eu vi era uma autoafirmação mal
escrita e piegas de como tinha sido doloroso passar pelo processo de luto e
o quanto ela tinha evoluído naquele período.

Ela estava no topo do mundo e não tinha perdido o papel de vítima. Ela
sempre vai ser a pessoa que sofreu e foi maltratada sem motivo algum. Não
aprendeu nada. Não ressignificou nada. Não alterou nada.

O meu pensamento que até então era de:

“ela está ótima” se tornou automaticamente
“ela chora no banho”.

Se você esta num momento realmente feliz,

de autoamor, de reconstrução e de alegria
genuína, você não precisa do texto de
superação apontando dedos. De todo o
luxo que ela se encontrava, de todas as
paisagens que ela visitou, de toda dor que
ela conseguiu converter em viagens e
passeios fantásticos, a legenda tinha que ser
sobre como ela foi maltratada pra estar ali?

35
#10
Se eu estiver de frente pro London Eye (de novo), eu não preciso dar crédito
as pessoas que me destruíram para que eu estivesse ali, bem pelo contrário...

Uma experiência válida vai passar a soar como um ato de despeito. Como
algo que eu fiz porque queria provocar meus carrascos.

De todas as frases motivacionais que ela podia ter posto, ela escolheu essa
suposta dor como força motriz do que guiou ela até aqueles lugares. Nada
contra usar a raiva pela queda como combustível, na falta de um mais
adequado, ela até deve servir... Mas dar crédito a quem a causou somente
por uma pseudo-afirmação de superação?

“Fui maltratado, destruído, pisado e cuspido... Mas estou aqui

de frente para essa paisagem maravilhosa e superei!”

Se de frente pra paisagem maravilhosa, você ainda não consegue se

desconectar dos momentos ruins que levaram a sua reformulação para
focar na reconstrução em si, eu tenho péssimas notícias:
Provavelmente você tá fazendo tudo isso por despeito e não superou bosta
nenhuma.

36
#10
E quer a pior parte disso tudo?
As outras pessoas sabem. As pessoas se conectam e se identificam com
histórias realistas de superação. Quando se trata de superação, o ato fala
por si só. Se você precisa verbalizar o quanto foi maltratado para que aquilo
dê significado a uma experiência maravilhosa que você está vivendo, os
vilões da sua história tem mais crédito no seu sucesso que você.

Todo esse projeto que eu criei foi graças aos meus traumas, mas eu não
coloco nenhum deles como plenamente superados. São partes de mim que
sobrevivem como cicatrizes e como dores esporádicas. Meu sucesso pode
até ter a ver com a superação da dor que me impuseram, mas afirmar isso
o tempo todo e em circunstâncias nas quais devíamos estar brindando
pequenas conquistas, só nos passa a certeza convicta que se você superou
realmente foi por despeito (e nada contra) ou que ainda chora no banho
quando tá sozinho.

LIÇÃO
SE VOCÊ ALICERÇA SUAS CONQUISTAS DEMONIZANDO OUTRAS
PESSOAS (MESMO AS REALMENTE MÁS) SOB O PRETEXTO DE SUPERAÇÃO,

10 VOCÊ NÃO SUPEROU SEUS TRAUMAS E A MAIORIA DAS PESSOAS NOTA ISSO.

QUANDO FOR FALAR DE SUPERAÇÃO, NÃO DÊ CRÉDITO AS PESSOAS QUE TE

MASSACRARAM PARA VOCÊ ESTAR ALI E SIM AO QUANTO VOCÊ É FORTE POR SI SÓ.

37
#11 O “não” sem ênfase vai
matar você.
Eu podia encerrar essa lição no título, mas preciso discorrer bastante
porque se não conseguir te convencer pelo peso acentuado das palavras,
quero convencer pelo terror. Eu não me importo como você vai assimilar
isso, mas você precisa entender que, se o seu “não” não convence, as
pessoas se sentirão no direito de fazer o que quiserem com sua mente,
corpo e força de vontade.

Se a pessoa entende que pode fazer o que bem entender e ainda assim o
seu “não” verbal vai continuar sendo um “sim” carnal, ela vai destruir você
como um rolo compressor e dizer que o fez porque você autorizou.

E ela terá razão.

O seu “não” tem que ser punitivo. Devastador. Deve soar como um tiro no
escuro. Deve ser acachapante. Se tem algo em sua psique que deve ser
admirado pela capacidade de gerar pavor, deve ser o seu “não”.

Quem controla o “não”, controla o jogo.

Quem não consegue dizer não, não consegue impor limites. Não consegue
se afastar da fonte de sua dor. Não consegue parar de alimentar a fogueira
que o consome, porque a lenha é um “não” apático e risível.

38
#11
O seu “sim” tem que ser merecido. Ponderado. Essencial.

O “não” tem que fazer parte das suas atribuições diárias. Você não precisa
se justificar um “não” em uma escolha pessoal e autônoma. Não precisa
dizer o porquê.

Você tem que ser um excelente zelador de quem entra na sua vida, e isso
só é possível quando você tem a habilidade de dizer “não” das mais
diferentes formas. Das mais empáticas as mais cruéis, o seu “não” é uma
arma poderosíssima que deve ser usada sem moderação.

Experimente dizer “não” para quem você sempre disse um “sim” que
sempre teve implicações drásticas e te custou caro. Observe o semblante
de surpresa. A exasperação sincera de alguém que percebeu que as pilhas
do controle acabaram. Que a marionete cerrou com suas unhas as cordas
que o mantinham dançando sob o som de uma valsa repetida, com um
sapato apertado e pés cheios de bolhas. Experimente se colocar no topo da
sua lista de prioridades com um “não quero” retumbante e seguido de um
sorriso. Veja a transformação...

Se eu tivesse que te dar só uma lição, de todas desse livro, seria essa:
Não tenha dó de usar seu “não”.
E sempre tenha uma negativa à mão.

LIÇÃO

SE VOCÊ NÃO SOUBER DIZER NÃO, PESSOAS VÃO USAR VOCÊ,

11 DESTRUIR SUA PSIQUE, TE MALTRATAR E VÃO DIZER QUE FIZERAM TUDO ISSO
PORQUE FORAM CONVIDADAS A FAZÊ-LO. E TERÃO RAZÃO.

39
#12 O “estou indisponível” é
um bagulho sexy
Seria um compêndio extraordinário, a análise de quantos relacionamentos a
lá Romeu e Julieta começaram por um simples “eu nunca vou me envolver
com você”.

Existem duzentas teorias psicológicas sobre, pavimentadas desde as mais

absurdas até as mais realistas, mas o fato é que a indisponibilidade torna
alguém a última bolacha do pacote.

São tantos casos de casais que não se suportavam até se verem

separados. Tantos casos de pessoas que tentaram se isolar por saber que
o parceiro não era nem remotamente o ideal.

Ou pior, incontáveis casos de pessoas que subitamente perderam o amor de

suas vidas, só porque viram a outra parte casar e ter filhos.

No marketing nós temos um recurso ridiculamente funcional chamado

“gatilho de escassez”.

O cara diz que vai vender o curso online pelas próximas doze horas e tirar
do ar porque o mesmo vai acabar. Ninguém sequer questiona como um
ativo online, replicado ao bel-prazer do autor, vai acabar. Aliado com um
“gatilho de urgência”, o produto se torna irresistível.

Qualquer aluno no primeiro semestre de Marketing sabe disso e mesmo

assim o recurso continua sendo utilizado e validado por infinitas publishers.
E por quê? Porque funciona.

40
#12

No campo afetivo vale o mesmo. Dentre inúmeros relacionamentos

conturbados, eu tive um em especial que grudou em mim como um
simbionte só depois que terminamos. Eu tive que pinçar vezes na minha
memória em que mentalmente implorei para ficar sozinho para sair daquela
cortina de fumaça causada pela indisponibilidade alheia. Eu tinha a
sensação nítida e clara que tinha perdido a melhor pessoa do mundo. Que
tinha perdido a futura mãe dos meus filhos. Que tinha perdido a melhor
namorada que já tinha tido... E todos ao meu redor (terapeuta, líder
religioso, mãe e amigos em comum), embasbacados, diziam “você
enlouqueceu?

Quando esse exemplar específico de fêmea tomou de mim a capacidade de

escolha, meu livre arbítrio de escolher quando reataríamos e quando
ficaríamos brigados, eu sucumbi. Na minha cabeça, ela virou uma
divindade. Um recurso muito útil do meu subconsciente para me torturar
por absolutamente tudo de errado que acontecia na minha vida por conta
do meu “self”.

41
#12
Nós nunca fomos saudáveis juntos. Nunca tivemos chance de ter um “happy
ending” porque nossa dinâmica era desajustada e mutuamente abusiva.
Éramos piores um do lado do outro...

Mas a indisponibilidade maquiava essas nuances tão sutis quanto uma

cratera lunar com asfalto superfaturado solúvel em água. Você pode não
querer, mas não quer ser extirpado da escolha de eventualmente querer. E
dizer “não queira” é adiantar o processo de querer para um futuro bem
próximo ou para o agora.

Dependentes emocionais sabem disso muito bem e preferem o inferno do

convívio que enfrentar a vastidão pacífica da solidão. Se você quer soar
afetivamente sexy, a autossuficiência é o arroz e a indisponibilidade é o
feijão.

Todos querem uma fatia do que não podem ter.

E a “oferta e procura” faz todo resto do serviço por você.

LIÇÃO

VOCÊ REALMENTE PERDEU ALGO VALIOSO OU SÓ TEM ESSA

12 IMPRESSÃO POR QUE DEU COM A CARA NA PORTA? ESTAR INDISPONÍVEL

É SEXY E AS PESSOAS PODEM ESTAR USANDO ISSO CONTRA VOCÊ PARA
TE MANIPULAR

42
#13 Sexo é um colete salva-
vidas em um mar cheio de
tubarões.
Sexo.
Desde o início dos tempos moldando
regras, paradigmas e reinos. Desde a
mais tenra das eras inspirando guerras,
genocídios e assassinatos. Sendo
usado como forma de dominação,
barganha e arma...

Eu confesso que tenho uma puta

dificuldade de respeitar alguém que não
consegue se controlar sexualmente. No
momento em que escrevo existe
uma pandemia rolando solta e eu perdi
as contas de quantos dos meus
amigos próximos, pessoas que eu julgo
super inteligentes, colocaram a si
mesmo e suas respectivas famílias em
risco por uma foda rala, mal dada e
sem envolvimento.

Sem a capacidade de controlar nossas genitálias, somos macacos com redes

sociais e ansiedade. Vivemos uma era em que a palavra “celibatário” virou
um xingamento. E nessa ânsia brutal de prolongar a alegria efêmera do
orgasmo, nos atrelamos com simbiontes e parasitas que vão nos consumir
até os ossos e apagar nossas memórias da mente de outras pessoas.

43
#13
Sexo é legal. Sexo é um bagulho maravilhoso.
Eu acho genuinamente que o sexo nos aproxima de Deus ou do Nirvana.
Mas eu vejo pessoas rastejando, zumbificadas em estado catártico,
simplesmente porque acham o sexo da outra parte a melhor coisa do mundo.

Adictos. Viciados em uma sensação parca e passageira que comprimi toda a

existência em um belo amontoado de bosta com uma fita vermelha de
presente no topo.

Você pode contar com a boa vontade do destino de salvar seu

relacionamento no poder maravilhoso do “sexual healing”, mas
provavelmente irá cair num loop infindável de brigas injustificadas que
aproximam vocês como casal na reconciliação. Vocês precisam do litígio para
então corrigir o curso de tudo com suor, lágrimas e liquido seminal.

44
#13
Alguns casais mantem essa dinâmica por décadas. Terminam e voltam com a
expressão da derrota em suas faces, porque não conseguem desatar o nó
sexual que os prendem.

Esse Super Bonder mental travestido de sintonia carnal gera uma avalanche
que põe em xeque integridade física e mental.

O sexo pode manter sua cabeça pra fora da água por um tempo, mas não
adianta muito quando a outra parte está desesperadamente tentando te
afogar. O sexo pode dar um sentido extra para um relacionamento e não me
leve a mal, é um excelente termômetro, mas se você confiar só nele,
eventualmente vai falhar.

E se não falhar, vai se condenar a uma existência de escravidão. Porque

como a maioria das drogas, o efeito é curto e cada vez mais ameno com o
tempo. E quando todas as demais nuances somem em um apanhado de
decisões estúpidas e convívio errático, o mundo fica mais cinza, a ira vira
uma constante e não existe coito no mundo que apazigue a situação.

“O coração quer o que o coração quer”, não é?

Mas sem aprender o que ele e seu pau/vagina querem você pode estar com
um ticket só de ida para uma vida miserável.

A carne é de fato fraca, mas você precisa ser forte.

LIÇÃO

SE TUDO QUE VOCÊS TEM É SEXO, É PROVÁVEL QUE OU VOCÊS TERMINEM EM

13
CIRCUNSTÂNCIAS TRAUMÁTICAS OU VIVAM VIDAS MISERÁVEIS POR UM LONGO
TEMPO. É ESSENCIAL TRABALHAR A RELAÇÃO E ACHAR OUTROS COLETES SALVA-
VIDAS OU BARCOS PARA “FUGIR DOS TUBARÕES”

45
#14 Na era das redes sociais,
relacionamentos são um
luxo.
“Vamo lá, Caio... Redes sociais são só uma ferramenta. Nós que damos a
utilização para elas e é injusto incutir o pensamento que elas por si só
corroeram a base dos relacionamentos modernos”

Bom, como alguém que trabalha com redes sociais há quase 15 anos... Eu
vou discordar. As redes sociais nos colocaram a poucos cliques dos nossos
heróis, desafetos, família e claro, daqueles que cortejamos. Com uma
pesquisa social de dois cliques conseguimos saber se determinada pessoa
ainda permanece namorando ou se o status do relacionamento mudou.

Temos constantemente um cardápio aberto para degustação. Homens e

mulheres inflamando-se e dizendo que é meramente por bem-estar ou
empoderamento. Uma sexualização constante travestida de liberdade, mas
que nos mantém escravos dos likes, da opinião de terceiros e de inboxes
maliciosos.

46
#14
Você não precisa trabalhar num relacionamento quando a sua foto tem 2000
likes, porque você pode simplesmente substituir os problemas por um novo
namorado apanhado do campo de “zeros e um” infinitos de uma rede social
qualquer.

A nossa necessidade de sermos desejados sabota a construção saudável de

um relacionamento porque estamos sendo constantemente expostos a
noção torpe que devíamos flertar mais, sair mais e claro, transar mais.

Mais do que isso as redes sociais nos brindaram com a profundidade

emocional de um pires. As pessoas discutem e postam indiretas para
parceiros sentados há três metros de distância. Qualquer negligência deixa
de ser trabalhada e é trocada por uma selfie sexy. Casais permanecem em
seus mundos particulares com telas nas mãos, mas não se escutam, não se
envolvem, não trabalham em si mesmos.

Ninguém comenta o quanto é necessário ser blindado emocionalmente para

conseguir trabalhar nos termos atuais, mas números não mentem e eles são
devastadores: nunca houve tão pouco envolvimento afetivo e tantas
doenças ligadas ao espectro sentimental. Números que em uma coincidência
sádica, começam com o aumento exponencial da utilização das redes sociais.

Seria correto afirmar que a utilização compulsiva de redes sociais nos

emburreceu, nos tornou polarizados e por consequência menos tolerante a
frustrações? Se sim, o quanto isso impacta em como nos relacionamos
afetivamente com outras pessoas? Por que, subitamente, começamos a notar que
os relacionamentos são frágeis e passageiros? Por que existem tantas pessoas
destruídas emocionalmente?

47
#14
As redes sociais são um câncer, ou melhor, uma metástase purulenta que
contaminou com uma noção imbecil de sexualidade toda uma geração (ou
talvez mais de uma). Nossos jovens crescem com a perspectiva que sexo é
aprendido no Xvideos, que flerte se aprende no Tinder e que maturidade de
relacionamento é um status no Facebook.

Se você fugiu da tendência, você é rico.

Se você tem um parceiro que não se importa com o aspecto virtual, você é
abençoado.

E se você é um escravo de aplicativos porque eles viraram seu trabalho ou

porque depende desesperadamente da aprovação de desconhecidos, saiba
que eles cobram mais que o seu tempo:

Eles cobram sua mente.

E talvez em casos mais extremos, eles cobrem sua alma.

LIÇÃO

AS REDES SOCIAIS FORMARAM ZUMBIS DIGITAIS QUE NÃO SABEM SE RELACIONAR.

14
TERAPIA E MENOS TEMPO DE TELA DEVEM SER UMA DOUTRINA, E NÃO UMA
CONDUTA A PARTE. RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS SÃO DIAMANTES, E SUA
RARIDADE ESTÁ ATRELADA AO FATO QUE O GARIMPO DAS REDES SOCIAIS FORNECE
MAIS LIXO DO QUE PEDRAS PRECIOSAS.

48
#15 O luto que você sente não
é só pelo relacionamento,
mas pela sua versão que
morreu.
Nem todo relacionamento que termina é
uma maldição. As vezes estamos nos
sentindo minados e destruídos, o final
amargo vem para ressignificar isso e nos
trazer uma sensação de liberdade. Ou pelo
menos devia ser assim.

Mesmo em relacionamentos horrorosos,

quando decidimos nos mover em direção
a porta, temos de estar plenamente
convictos que não é só o relacionamento
que está morrendo, mas também toda
uma versão nossa que conta com anseios,
projetos, fases, sonhos. Uma versão sua,
talvez uma muito importante, morre junto
com seu envolvimento com aquela
pessoa.

Ainda que seja uma libertação, é um sacrifício em grande parte dos casos.
Nossa mente racional nos mostra como estamos tomando a decisão correta,
mas nossos sentimentos, hábitos e subconsciente jogam contra. O luto é um
processo natural e que deve ser sentido em sua totalidade, mas pode virar
um monstro gigantesco quando temperado da certeza indubitável que uma
parte sua importante morreu no processo.

49
#15
Doido, não é? A perspectiva que se libertar de uma prisão e de um
carcereiro pode nos causar uma dor que a princípio não existia, mas o
evitamento dessa dor por vezes nos mantém prisioneiros de uma realidade
sufocante e ainda mais dolorosa que o vislumbre da liberdade.

O jeito correto de encarar esse multiverso de decisões é acreditar que ao

matar essa versão sua que era amalgamada ao monstro, você deu a luz a um
novo ser. Um ser que vai ter que aprender a andar sozinho, se comunicar
sozinho, viver sozinho e se apaixonar novamente pela descoberta. A parte
mais difícil do final é começar de novo, não resta dúvida, mas começos
podem trazer poder.

A dor faz parte do (re)nascimento.

O luto é um aprendizado básico pelo qual temos que passar e que daríamos
tudo para evitar.

Ambos juntos podem nos lembrar de que uma versão nossa morreu, para
que talvez uma melhor pudesse nascer.

Existe uma sensibilidade tocante em entender que talvez precisemos chorar

para que nossos pulmões se encham novamente de ar. E que talvez abrir os
olhos pode ser o suficiente para dissipar a densa cortina de fumaça de um
término que acabou com você bem menos do que o relacionamento o fez.

LIÇÃO

SINTA A DOR DA VERSÃO SUA QUE MORREU, MAS TENHA EM MENTE QUE

15 VOCÊ PRECISA TRANSFORMAR A NOVA QUE NASCEU EM ALGO AINDA

MELHOR. SEPARE A DOR DO TÉRMINO DA DOR EXISTENCIAL. DIVIDIDAS
ELAS SUCUMBEM MAIS FÁCIL.

50
#16 Eu não sou mais digno de
me sentir bem?
Aquela impressão maldita pós-trauma tá grudada em você? Uma sensação
constante de que independente do que você faça o bem-estar que existia
antes de um evento doloroso, parece nunca voltar? Pensamentos
recorrentes e intrusivos que contaminam até os momentos mais inocentes e
divertidos e suscitam uma questão latente:

“Será que eu não mereço esse

sofrimento?”

Essa é uma das armas mais brutais

que nossa mente pode voltar contra nós.
É como se subitamente você estivesse
refém e desarmado de frente para o
Justiceiro. A validação da dor pode lhe
envolver em um padrão mental repetitivo
e excruciantemente doloroso.

E é aqui que algumas pessoas começam a aceitar a mentira de que elas

merecem sofrer e que essa dor não precisa ser combatida porque ela se
tornou o todo que você é. Sua bateria social passa a acabar com absurda
rapidez. Sua disposição para atividades, mesmo as que você ama, passa a ser
quase nula. A cama vira um refúgio com sono inquieto e pesadelos
recorrentes. Nada faz sentido e você abraça essa versão tunada da
depressão como se ela fosse o carma por você não ter percebido que o
sofrimento viria. Por você ter errado durante seu relacionamento. Por você
ter banalizado a capacidade do inimigo de te destruir em nível molecular.

51
#16
Não importa a razão, essa pergunta tem que ser respondida com a verdade.
A verdade não pode deixar de ser trazida a tona, e a única verdade é que
você obviamente merece ser feliz e sair desse limbo que você
se meteu. Você é digno de sentir alegria, de ser respeitado, de
ser trazido a luz...

Não importa os erros que você cometeu, as pessoas que lhe traíram ou
quantas vezes você sucumbiu, quando sua mente ousar questionar o seu
direito natural de ser amado, digno, respeitado e viver uma vida boa, você
silencia esses pensamentos com atividades que exijam concentração total e
exaustão física para então responder: sim, eu sou digno de ser feliz.

Outro erro padrão que pode levar a pergunta título dessa página é traçar
comparativos com as pessoas que nos deixaram ou que terminamos. É um
recurso macabro acreditar que se a pessoa seguiu em frente e nós
permanecemos, o problema deve estar conosco. Esse pensamento mantém
inúmeros seres humanos reféns do “crazy stalking”: aquele ato pavoroso de
ficar fuçando indiscriminadamente nas redes sociais de pessoas que
passaram pelas nossas vidas para checar se elas estão se saindo melhor que
nós.

Fechar a porta, se olhar com carinho, se dedicar a atividades prazerosas e ter

uma voz mental interna forte são remédios poderosos que podem ajudar a
sanar as dúvidas de um subconsciente estável e machucado por decisões de
terceiros.

LIÇÃO

VOCÊ MERECE SER FELIZ. VOCÊ É DIGNO DAS COISAS BOAS QUE A VIDA TEM A LHE

16 OFERECER. SILENCIE A SUA VOZ INTERIOR QUANDO ELA SE TORNAR MALDOSA SE

DEDICANDO A ATIVIDADES PRAZEROSAS, EXERCÍCIOS FÍSICOS, AUTOSSUGESTÃO E
NÃO STALKEANDO QUEM LHE QUEBROU.

52
#17 Eu não sou mais digno de
me sentir bem?
Eu estou escrevendo esse capítulo num dia particularmente pavoroso pra
mim. Foi um período cheio de reviravoltas que me levaram a traumas
antigos que eu tive que revisitar, e eu acabei me embriagando um pouco em
nostalgia destrutiva. Executei minhas atividades como se nada tivesse
acontecido. Fui à academia como se nada tivesse acontecido. Interagi com
as pessoas a minha volta como se nada tivesse acontecido.

Eu não estou aqui militando pra que você finja. A dor de segurar uma
máscara de bem-aventurança em meio ao inferno ceifa vidas diariamente.
Mas eu queria que você lembrasse que o que fazemos nesses momentos de
dor extrema é o que nos caracteriza como seres humanos. Um dos grandes
pontos de abordagem dos meus vídeos, e que serão pontos de abordagem
quando eu for terapeuta, é uma visão cínica da vida. Eu simplesmente odeio
quando alguém tenta me empurrar goela abaixo que tá tudo bem, que é só
uma fase ou que meu problema não é tão grande assim. A minha maior
necessidade é fazer que as pessoas se movam através da dor. Que elas se
adaptem as suas mazelas e funcionem num padrão aceitável para continuar
com suas atividades e através delas buscar o conforto que elas precisam.

53
#17
É um ponto de vista estóico, obviamente, mas que contraria o hoje em dia,
quando vivemos uma ode a positividade estúpida. Mantras otimistas
ecoando em redes sociais como se a vida fosse uma calmaria quando na
verdade ela é tempestade. Precisamos estar preparados para dor, para o
cataclisma, para a frustração e para o abandono. Não com paranoia e
ansiedade, mas com liberdade de ação e estratégia.

Não podemos fazer da dor um escudo impenetrável. Não podemos nos

recolher pacificamente em nossas cavernas esperando um dia acordar sem
os lobos ao nosso redor. Não podemos ranger os dentes em nossos quartos
esperando que nossos algozes desapareçam e que nossos carrascos deixem
de amolar seus machados olhando em nossa direção.

Ao contrário, o que fazemos nesses dias nos torna mais fortes. Hoje eu
sobrevivi a uma tonelada de pensamentos mórbidos, a depressão, ao
abandono revisitado, a romantização escrota de quem me fez mal... Eu
sobrevivi e mais que isso: eu me mexi.

Quando nos paralisamos em prol desses

traumas e da dor, deixamos que memórias
nos roubem nosso bem mais precioso:
o tempo. Ficamos presos num instante
eterno de agonia, torcendo para que ele
passe... No entanto, não podemos contar
que ele vai passar sem que façamos nossa
parte. E a nossa parte consiste em
continuar trabalhando, estudando,
conversando, amando, saindo e se mexendo
com o estilhaço cravado no peito.

54
#17
Existem dores paralisantes, acredite, eu sei bem sobre elas, entretanto,
temos que tentar nos mexer quando recuperamos o controle. Eu vou citar
algumas coisas que ajudam a diminuir a dor, o foco nos pensamentos
intrusivos e que podem ajudar você a se manter em movimento, mesmo que
seja por poucas horas no dia:

Terapia
Exercício Físico
Animais de estimação
Hobbies que exijam que você se movimente
Leituras positivas
Viagens
Reviver um projeto antigo e com significado,
Música “up tempo” (batidas aceleradas, letras animadas e festivas),
Conversar com alguém que te faça bem...

55
#17
São coisas que podem soar idiotas mas que nos colocam para trabalhar
pensamentos alheios ao trauma vivenciado. Não escute músicas com
background (história por trás) , não leia coisas que remetam ao que você
está tentando evitar.

Acima de tudo, eu adoraria que você conseguisse se mover nesses períodos

pavorosos. Eu queria que você levantasse da cama e tentasse recuperar o
controle e o tempo que ficaram maculados pela agressão alheia, as vezes tão
covarde e injustificada.

Não podemos esperar essa chaga sarar para continuarmos com nossas vidas.

Temos que prosseguir mesmo quando a pontada, tão aleatória quanto uma
bala perdida, nos acertar.

Porque eventualmente, e sem que percebamos...

Nossa mente vai parar de atirar...
E nós vamos parar de nos afogar.

LIÇÃO

FAÇA UM ESFORÇO PARA VOLTAR A SE MEXER. VAI AJUDAR NO SEU PROCESSO DE

17 CURA E DÁ UM SENSO MAIOR DE RECUPERAÇÃO DO CONTROLE QUE PERDEMOS AO

NOS MACHUCARMOS. NÃO PODEMOS ESPERAR AS DORES CESSAREM TOTALMENTE
PARA NOS MOVERMOS PORQUE NOS MOVER FAZ PARTE DO PROCESSO DE CURA.

56
#18 Não salvamos quem não
quer ser salvo.
O Complexo de Messias é um estado psicológico não muito incomum no
qual um indivíduo acredita estar predestinado a salvar um grupo, população,
etnia e por vezes o planeta todo. O Complexo de Messias tem sub-
ramificações nos relacionamentos, quando uma das partes acredita
piamente que tem que salvar o relacionamento e a outra pessoa, mas
negligencia pavorosamente seu próprio bem-estar no processo.

Rastejante, o Superman deste caso rasteja por um deserto em busca de uma

Lois Lane que não faz questão nenhuma de sair do seu trono de kriptonita.
Existem boas intenções por trás do desejo mordaz de instruir alguém sobre
como derrotar seus somatismos. Existe uma bem-aventurança em se colocar
na linha de tiro por quem se ama. No entanto, devemos lembrar que existem
pessoas que estão plenamente confortáveis com seus status, dores, mazelas,
desvios de caráter e crenças limitantes. Existem pessoas que são alicerçadas
em seus maus hábitos, na inabilidade de manter um relacionamento, de se
modificar e se reparar em prol do bem alheio.

Não há guerra sem um inimigo definido, mesmo quando ele é intangível.

Não existe possibilidade alguma de ser o salvador de alguém que está
confortável em sua própria cela ou em seu próprio inferno. Por vezes
acabamos descobrindo que essa pessoa não está no limbo sendo torturada,
mas que é seu próprio demônio.

Como dividir então, quem é passível de salvação e quem deve ser

descartado? Como saber quando estamos agindo por pura autopreservação
ou por egoísmo?

57
#18
É simples: você oferece a ajuda. A mão amiga. Seu amor, carinho e respeito
incondicionais. Se oferece para atravessar aquele processo junto com a
pessoa amada. Ilustra o quanto os hábitos nocivos estão corroendo todo
relacionamento... E se mesmo assim, não houve um lampejo de luta, de
tentativa de mudança, de movimento em relação a um destino melhor...

Você se retira.

É um processo doloroso e difícil,

principalmente porque existe
muito do seu ego em ter falhado
na sua campanha heroica de
salvação. Por vezes, é mais fácil
convencer o outro que ele está
doente do que se convencer a
desistir, tendo em vista que em
uma pluralidade de casos
associamos a desistência a derrota,
a derrota a vergonha, a vergonha
a tristeza, a tristeza a raiva, a raiva
a decisões ruins e as decisões ruins
a novas derrotas.

Tirar de si o peso de heroísmo é uma necessidade básica para o Messias

machucado que tenta em vão salvar sua musa dos perigos eminentes que ela
insiste em agarrar. Tirar de si a capa de superprotetora e passar a enxergar o
parceiro não como um garoto ingênuo em um oceano de perigos, mas como
um menino mimado, traiçoeiro e birrento pode ser o fator determinante
entre uma vida doentia e uma vida plena.

58
#18
Se você insistiu e sangrou por algo, seria interessante cogitar a retirada.
Não porque você é fraco ou mesquinho.
Não porque você abandona pessoas que não cumprem suas expectativas.

Mas porque pra certas pessoas não importa o quanto você doe, não importa
quantas vezes você a salve, não importa o amonte de cuidado que você
tenha...

Elas preferirão o calabouço.

Porque a escuridão dela se comunica melhor no amargor e
imundice da prisão, do que na areia branca da praia que é a
liberdade.

LIÇÃO

NÃO PERCA TEMPO TENTANDO SALVAR QUEM NÃO QUER SER SALVO. TENTE AJUDAR,

18 MAS SE SUA AJUDA FOR RECHAÇADA, NÃO SEJA BABÁ DE GENTE GRANDE. FOCAR EM
VOCÊ É NECESSÁRIO E PODE TE POUPAR DE MAZELAS DESNECESSÁRIAS

59
#19 Todos temos um lado
sombrio, não se apaixone
pelo seu.
A minha obra favorita de qualquer mídia ou tipo de arte é Rick and Morty. É
uma animação amplamente conhecida por seu humor ácido, niilismo e
controvérsias. A série conta a história de Rick, um cientista com a
inteligência de um deus que viaja pelo multiverso com o neto, que é um pré-
adolescente comum de 14 anos. Como era de se esperar, raramente o
garoto sabe lidar com as aventuras do avô e acaba sofrendo inúmeros
impropérios no decorrer da jornada por não ser nem remotamente tão
inteligente quanto seu parceiro de aventura.

São inúmeros episódios onde ele perde aulas, é abandonado, trocado,

esquecido e maltratado. Esses supostos escapes cômicos mostram como a
interação dos dois é problemática e abusiva, e num multiverso infinito de
possibilidades, uma de suas versões se rebelou: o Evil Morty.

60
#19
Sim, uma versão maligna do neto bobo e ingênuo acaba se tornando a principal
ameaça ao gênio e não é preciso dizer que o público se apaixonou pelo vilão. A
conexão que ele gera vem do fato que todos nós, hora ou outra, queríamos
nos rebelar e começar a agir meramente por satisfação egoísta. Queríamos
destruir nossos inimigos, poder agir inescrupulosamente e colocar de joelho
aqueles que nos fizeram mal.

Não é nenhuma surpresa que nos últimos anos vilões e anti-heróis sofreram
um “boom” incrível. A jornada do herói é bacana, porém repetitiva. Um vilão
é um personagem complexo, tecido em loucura, trauma, raiva e tristeza. Ao
contrário do herói, o vilão tem uma disciplina macabra para colocar em
prática planos que vão levar meramente a sua satisfação pessoal.

O anti-herói é uma versão atenuada disso. Ele tem as motivações egoístas,

mas opta por fazer o bem, mesmo que a sua maneira e com lucro inerente.
O anti-herói pode salvar o mundo, mas o faz pelo status, dinheiro e fama. O
faz para ser mais forte. O faz não porque ele quer ser um arauto da verdade
e bons costumes, mas sim porque tem uma necessidade latente de cumprir
seus próprios objetivos, os quais ele jamais vai nublar por uma motivação
nobre.

Heisenberg, Vegeta,Thomas Shelby, Hannibal, Coringa,

Kratos, Justiceiro, Rorschach...

Vilões e anti-heróis que nos inspiram porque são aguçados, inteligentes,

viscerais, sem escrúpulos e com uma vontade latente de fazer o que querem
a hora que querem.

61
#19
Nós temos esse vilão dentro de nós. Existe uma “sombra”, um ser muito
eloquente pavimentados nos cantos recônditos da nossa mente. Esta
sombra luta incessantemente pelo controle das nossas vidas. Ela pode ser
extremamente maldosa, mesquinha, egoísta, deprimida, raivosa, cética e
sarcástica. Mas ela também é aquela que nos muniu com nossos sonhos e
ambições mais secretas. Se um dia você quis ser um rockstar somente pela
fama, essa sombra o alimentou. Se um dia você quis ser rico apenas pra
poder colocar seus adversários de joelhos, essa sombra te motivou. Se um
dia você desistiu da humanidade e colocou um cadeado no portão que te
ligava ao mundo, essa sombra te motivou.

Existe uma versão maligna sua, uma versão absurdamente eloquente que
revisita a trindade de ID, Ego e Superego... Eu notei essa versão minha
desde muito cedo. Como eu, essa versão espelho minha tinha suas próprias
forças e fraquezas, mas ele costumava resolver as coisas com muito mais
habilidade que a minha contraparte que costumava “dar a outra face”.

E então eu me apaixonei por esse lado sombrio. O problema é que a

obstinação que ele tinha vinha com doses cavalares de raiva, paranoia,
agressividade e pensamentos mórbidos. O controle dele era pesado e
pautado em guerra. E quando ficou insustentável, eu fiz o que qualquer ser
humano deveria fazer em um caso desse:

62
#19
Eu o levei comigo pra terapia.

Eu me lembro de ter explicado por uma hora e meia como sentia essa
divisão clara que existia entre o meu eu cotidiano e essa versão
descontrolada e bestial. Descrevi as decisões que vinham de maneira
impulsiva e o que eu pensava que devia ter feito e meu terapeuta ouviu sem
me interromper. Eu me lembro de dizer que amava essa versão porque ela
resolvia as coisas mais rapidamente. Lembro-me dos olhos sorridentes do
psicólogo ao dizer:

“Não importa, porque ele não ama você.”

E então eu tive um insight poderosíssimo que aquela versão nunca devia

ficar no controle. Ela tinha que ser acorrentada e mantida com concessões,
porque ela prefere “queimar a apagar aos poucos”. Eu nunca mais deixei o
vilão solto. Ele está acorrentado, preso e parcialmente silenciado. É
necessário ceder alguns dos seus caprichos infantis para que convivamos
sob a mesma pele sem a chance de um colapso, mas o controle tem que ser
pautado em ponderação, estratégia e inteligência emocional.

Não me leve a mal, é legal demolir tudo. É legal ver o mundo pegar fogo. É
legal ouvir seu nome na boca de outras pessoas com temor. É legal ser mais
que justiça, ser punição. Mas o caminho que pavimenta essas atribuições é o
mesmo que pavimenta a autodestruição.

63
#19
Ouça os desejos dessa versão sombria, mas saiba pauta-los sob sua
autoridade. Escute os desejos infantis da sua sombra, mas saiba adapta-los
ao mundo real. E o mais importante, não ceda o controle a ela a não ser que
seja absurdamente necessário.

Sua psique e a sua saúde agradecem.

LIÇÃO

A SUA VERSÃO MÁ, SUA SOMBRA, SEU ID... ACHA QUE CONTROLA SUA VIDA MELHOR

19 QUE VOCÊ, MAS NÃO É BEM ASSIM. TENHA CONCESSÕES E PONDERAÇÃO EM CEDER
AOS CAPRICHOS INCUBADOS NA SUA VERSÃO DE ESCURIDÃO, PORQUE MESMO QUE
VOCÊ A AME... ELA NÃO AMA VOCÊ.

64
#20 Quem demonstra interesse
e some, tá te usando de
estepe.
Não é necessário um QI de três digitos pra notar que quem fica usando essa
técnica sebosa de "push/pull" o faz porque tem trocentas opções e você não
é uma das primárias.

Tem gente que ta absolutamente confortável com o fato de não ser a

primeira opção, principalmente quando se está lotado de outras opções
também. Mas quando um dos lados tem sentimentos profundos e de
conexão com o outro, aguentar os períodos de ausência pode desestabilizar
toda uma vida estruturada.

Primeiro vamos fazer um parênteses: nem todo mundo que faz isso está
fazendo com intuito de ser mesquinho ou maldoso. Existem incontáveis
pessoas desprendidas quando o assunto é envolvimento romântico. Nesse
caso aqui, uma conversa franca vai resolver tudo em questão de minutos...

65
#20
Mas temos que levar em consideração o outro lado da moeda: a pessoa que
gosta de fazer as outras se ajoelharem, pois assim algo dentro delas se
acende e da um pouco de sentido a vida medíocre que elas levam.

Esse é o tipo que temos que evitar quando se trata dos interesses súbitos
seguidos por longos períodos de ausência. A abordagem tradicional é essa:
"Não gosto da dinâmica de como nos relacionamos. Acho melhor pararmos de
conversar"

Se a outra parte estiver jogando, ela seguirá com um caminhão de desculpas,

algumas até bem articuladas, sobre como o tempo anda escasso e a vida
corrida.

Não titubeie: é uma mentira tão porca quanto a personalidade de quem a

usa. É possível com o amonte de empenho correto até mesmo inverter esses
papéis, mas você não vai querer se igualar a este papel medíocre não é
mesmo?

Para o bem ou para o mal, se alguém desaparece e volta regularmente, você

não é prioridade.

E aí vai de você aceitar que esse papel social lhe casa bem ou
sair disso porque sua energia vital é drenada no processo.
Pense a respeito e traga a ideia à maturação.

LIÇÃO

NÃO ESPERE PRIORIDADE DE ALGUÉM QUE BANCA O MESTRE DOS

20 MAGOS. A AUSÊNCIA DE INTERESSE ESTÁ ESCRITA POR TODO PROCESSO

PELO QUAL VOCÊS SE RELACIONAM.

66
#21 O “nunca vou achar
alguém melhor” é a
mentira mais imbecil que
sua mente pode contar
A piada mais profana que sua mente pode contar é a que a pessoa que te
deixou é incomparavelmente única. Porque, pasme, ela não é.

Eu não ligo o quão bonita, inteligente, receptiva, amorosa, cordial,

espetacular, performática, sexual e perfeita essa pessoa, sua Vênus de Milo
ou Casanova, era... Existe alguém no mesmo nível ou superior há exatos dois
quarteirões de distância se você morar numa cidade com mais de dez mil
habitantes.

Para preservar parâmetros considerados saudáveis e habituais seu cérebro

vai as ultimas consequências da tortura: a de te provar que você perdeu um
tesouro inestimável, a progenitora ideal para sua prole e o anjo celestial que
guiaria você a Terra Prometida.

A verdade é que o que dá essa conotação de realeza ao fruto da sua

idealização é a ausência que ela propositalmente criou (como visto na regra
da Indisponibilidade) e o seu cérebro tentando criar parâmetros mais
cômodos para poder gozar, dormir e comer com mais facilidade.

“O nunca vou achar alguém melhor” é a armadilha mais ridícula que a mente
pode criar para nos sacrificar em prol de um hábito. É provável que sua vida
tenha crescido incomensuravelmente em diversos aspectos, mas isso passe
batido, porque você está tão obcecado pela derrota alçada desse
relacionamento falido, que não consegue reparar nas suas vitórias diárias.

67
#21
Se você estiver disposto a abrir as portas da sua existência para
simplesmente CONHECER outras pessoas, vai ver que as características
que moldam sua musa ou herói são compartilhadas por outras centenas de
pessoas. Abrir os olhos da escuridão do luto pode ser o suficiente para
conhecer pessoas mais bonitas, inteligentes, sensíveis e claro... compatíveis.
É feio compartimentalizar pessoas em caixas
sobre o rótulo de piores ou melhores.

Mas o fato é que se essa caixas existem, o

campo amostral para se banhar nelas é infinito.

E mesmo com a autoestima mirrada de um

menino que acabou de tomar uma surra em
um ambiente sentimental, sempre vai ter uma
musa mais bonita e interessante para lavar
suas feridas e segurar a sua mão.

A questão essencial é:
Você está olhando na direção certa ou ainda
está preso a imagem dessa pessoa que nem
era tudo isso?

Esse questionamento, parceiro(a), eu não

posso responder por você.
E nem queria.

LIÇÃO

VOCÊ NÃO PERDEU NENHUMA DIVINDADE E QUALQUER UM PODE SER O AMOR DA

21 SUA VIDA. SILENCIE SEU CÉREBRO PORQUE ELE SÓ ESTÁ TENTANDO TE MANTER
NUMA ZONA DE CONFORTO PARA QUE VOCÊ PROCRIE.

68
#22 Ser gentil consigo mesmo é
necessário, ainda mais em
momentos de baixa
frequência
Crucificação.
Um processo bárbaro no qual um criminoso sofria a pena capital da pior
forma possível. Um símbolo de maldição e uma desonra para toda geração
do crucificado.

Soa absurdo, ate para o pior dos malfeitores, um processo desse tipo na
atualidade.

Mas nós nos crucificamos diariamente em nossas mentes. Ruminamos

pensamentos indefinidamente. Cortamos-nos com traumas antigos. Punimos-
nos por rejeições que nada tiveram a ver com nossas vulnerabilidades.
Seguramos os cravos que destroem nossos pulsos como se eles tivessem um
propósito superior e arrastamos nosso madeiro de fracassos
hipervalorizados pela Via Crucis de batalhas que não podem ser modificadas.

Você precisa ser brando consigo mesmo, principalmente depois de uma

queda. Ver nossos ferimentos não com uma demonização atroz de nós
mesmos, mas com uma análise calma e objetiva sobre os pontos a não serem
repetidos.

São incontáveis casos nos quais somos piores que nossos piores algozes.
Inúmeros transtornos, distúrbios e dores que perduram por décadas são
causadas pelo nosso processo de eutanásia mental. Destruímos nossos
cérebros acreditando que somos monstros e esquecemos um detalhe
essencial:

69
#22
Monstros de verdade não sentem remorso.

Sua culpa, por mais horrorosa que seja, mostra que você é capaz de sentir
empatia e isso por si só mostra como você não é um ser humano tão
péssimo como pensa.

Porque se fosse, provavelmente não estaria tentando melhorar. E

provavelmente não passaria tanto tempo por dia tentando se crucificar

LIÇÃO PEGUE LEVE COM VOCÊ MESMO. TIRE UM TEMPO PARA SE TRATAR COM
GENTILEZA, COM CONSIDERAÇÃO E “AGRADAR SUA CRIANÇA INTERIOR”
(MEU DEUS, COMO EU ODEIO ESSA FRASE).

22 ESTAR APTO A RECONHECER QUE VOCÊ FEZ E ESTÁ FAZENDO UM BOM

TRABALHO EM LUTAR COM A DOR TEM TANTA IMPORTÂNCIA QUANTO
EVITAR A PROCRASTINAÇÃO OU LUTAR CONTRA A ANSIEDADE.
SE AME!

70
#23 Achar o porquê não vai te
trazer paz agora.
Durante um processo terapêutico entender o que causou o trauma é
indispensável. Mas quando esse trauma foi executado por um terceiro, de
maneira randômica e bruta, entende-lo em um momento inicial e de dor não
vai ameniza-lo.

Seria como andar com uma fratura exposta. A ferida existe, foi notada e se
ela não foi causada por alguma obviedade que fizemos entender o porquê
agora não amenizará a dor.

Podemos revisitar o trauma quando estivermos confortáveis com nossas

talas mentais e nossos gessos psíquicos, mas após a fratura, o que temos
que fazer é respirar fundo e estancar a hemorragia para que possamos
estudar a cicatriz.

Depois disso podemos entender o incidente em sua totalidade e evitar

ocorrências futuras.

O porquê em um estágio inicial de luto pode servir como mecanismo de

autotortura e autossabotagem.

Se você tiver um perfil mais analítico, ignorar passivamente o porquê pode

soar doloroso, mas ainda assim, menos doloroso que o trauma que você
acabou de vivenciar.

O balanço entre o evitamento total e a busca desesperada por uma resposta

que pode sequer existir é um dos aspectos mais difíceis na superação das
nossas derrotas, sejam elas pequenas ou gigantescas.

71
#23
De maneira geral, se a dor é muito intensa, ruminar o porquê não vai a
amenizar. E em alguns casos pode inclusive nos piorar e trazer à tona um
quê de vingança.
De mesquinhez.
De ódio.

Respira fundo e aguarda.

Agora é o momento de curar. Depois a gente tampa os buracos que levaram
você a quebrar seu tornozelo.

LIÇÃO
O PORQUÊ NÃO AMENIZA, ENVELOPA, DIMINUI OU DÁ SENTIDO A DOR. DOR É DOR.
SABER O MOTIVO EM ESTÁGIOS INICIAIS DE RECUPERAÇÃO PODE TRAZER UMA
SENSAÇÃO FALSA DE QUE A CULPA É INTEGRALMENTE SUA, E MESMO QUE O ERRO

23 SEJA GROTESCO, NÃO É O MOMENTO DE SE MARTIRIZAR ASSIM (LEMBRE-SE DA LIÇÃO

ANTERIOR). ESSE É UM DOS POUCOS CASOS EM QUE A IGNORÂNCIA É UMA BENÇÃO.
E CONFIAR NAS RESPOSTAS DO SEU DIABO INTERIOR OU EXTERIOR, É CRUEL E
INCONSEQUENTE.

72
#24 Substituir um fantasma
por outro só te manterá em
uma casa mal-assombrada
Eu queria demais poder dizer que
você iria ter resultados melhores em
esquecer esse parasita na sua mente
simplesmente realocando mais
parasitas para fazer figuração no
seu cérebro... Mas não funciona.

Na verdade, é provável que você

comece a colecionar traumas e em
algumas ocasiões especiais, comece
a sofrer por várias pessoas ao mesmo
tempo por motivos distintos.

É até engraçadinho ver pessoas recém solteiras mudando suas posturas

corporais nas fotos, com amplos sorrisos e baba compartilhada dos
duzentos beijos em aleatórios dados na noite... Mas o final amargo do dia
feliz é uma cama de consciência questionável, nostalgia destrutiva e do
pensamento clichê e perfurante do "que eu to fazendo da vida"

O amortecimento da dor nos leva as caixas de tarja preta, a saliva de

estranhos, aos templos religiosos e ao colo de algozes anônimos tão
quebrados quanto nós.

A dor deve ser expurgada em sua totalidade. Sentir a queimadura química

sem tentar usar subterfúgios ineficazes é o caminho mais longo porem o
mais correto.

73
#24
As drogas, as noitadas e principalmente o sexo esportivo em um período em
que existe um vínculo de dependência emocional, só farão com que a dor se
prolongue. Farão com que a cama fique gigante. E às vezes até farão você
pensar que esta sujo ou pecaminoso.

Passaremos o vale da sombra da morte, mas sem invocar mais fantasmas

para exorcizar. Porque por vezes miramos libertação e acabamos acertando
uma festa mal-executada de Halloween com monstros pra la e pra ca

LIÇÃO
NÃO OUSE TENTAR SUBSTITUIR UMA PAIXÃO DOENTIA COM OUTRA. É PROVÁVEL
QUE A TENTATIVA DE ANULAR AS DORES A TRANSFORME EM UMA NOVA QUIMERA DE
COCÔ PRONTA PRA TE DEVORAR. ESPERE A DOR PASSAR, APROVEITE SUA PRÓPRIA

24 COMPANHIA, APRENDA A LIDAR COM O LUTO E DEPOIS, SÓ DEPOIS, ABRA AS PORTAS

PARA QUE OUTRA PESSOA POSSA ENTRAR.

E NÃO ESQUEÇA DE FAZER ELA TIRAR OS SAPATOS.

74
#25 Você não precisa ser
escroto pra conseguir estar
com alguém (mas gente
boazinha é sacal)
Toda vez que alguém diz que cansou de ser bonzinho, o que eu escuto é que
as outras pessoas notaram que ela é um porre e que agora além de ser um
porre, ela quer ser um porre com caráter questionável.

Pasme: é perfeitamente possível ser

bondoso e cordial e ainda passar uma
aura magnética, confiante e sexy. Grande
parte dos sedutores lendários eram
amplamente cretinos, mas cretinos
românticos, dedicados e vorazes.
Até o estereótipo de nerd se tornou algo
sexualizado no sec XXI, então essa desculpa
que as pessoas estão te passando pra trás
porque você tem um senso de honradez
acima da média é inválido.

A real é que essa sua versão chorona,

de ombros arcados, voz inaudível, sem
capacidade de dizer não e sem limites
definidos não eletrifica ninguém. Não traz
nenhum tipo de recompensa por estar ao
seu lado. Não deixa ninguém mais feliz.

E se você pensa que as pessoas tem que gostar de você simplesmente

porque você existe, você não está sendo apenas ingênuo, mas também está
sendo imensamente estúpido.

75
#25
É horrível, eu sei, mas seres humanos gostam de presenças carismáticas,
sedutoras, misteriosas e que possam satisfazer seus anseios básicos.

Podemos nos isolar em nossos quartos e morrer sozinhos (o que muita gente
faz) ou podemos tornar o processo de demonstrar nossa personalidade,
mesmo quando introspectiva, em algo natural, benéfico e divertido.

Desculpe o sincericídio, mas provável que todas as vezes que você se

autoproclamou bonzinho, você só estava sendo carente e chato.

Ser bom é fantástico, mas ninguém te deve uma garrafa de Chandon ou

uma ida ao motel por isso.

Aliás, se você é bom esperando algo em troca... Eu tenho péssimas notícias

pra você.

LIÇÃO
SE VOCÊ ESPERA QUE SER BONZINHO É SEU PRINCIPAL

25 PROBLEMA, É PROVÁVEL QUE NÃO SEJA.

É MAIS PROVÁVEL QUE VOCÊ É INTROSPECTIVO, FECHADO E POR
INÚMERAS VEZES: SACAL.

76
#26 Nem tudo que é bom faz
bem pra você
Certo, essa talvez é a mais óbvia. É literalmente um quote da sua mãe ou
avó. Mas dada a pandemia de mensagens motivacionais imbecis e sem
embasamento que vivemos, achei interessante citar:

Os caminhos do seu coração podem o levar a total aniquilação.

Não é porque um usuário de crack está em sofrimento que ele precisa de
outra pedra. Ele precisa de acolhimento, tratamento, elucidação e
aconselhamento.

Por que seria diferente em relação aos seus sentimentos? Aquele rush
repentino de adrenalina que você sente do seu ex abusador não justifica a
vida miserável que você vem levando.

Temos que nos pautar no racional, no ético, no saudável para tratar não só
nossas feridas mas para sermos humanos socialmente funcionais. Foi-se a
era do "faz mal só a mim". Com a conexão que vivemos hoje se faz mal a
você, ja faz mal pra muita gente.

Então nem sempre o que faz seu coração se alegrar momentaneamente é o

caminho correto pra você.

Ao contrário, esse sentimento pode ser potencialmente perigoso.

Pra você e para os outros.

LIÇÃO
ABSORVA A OBVIEDADE DESSAS PALAVRAS. TENTE PENSAR COM

26
HONESTIDADE EM QUANTOS HÁBITOS SUPOSTAMENTE INOFENSIVOS
VOCÊ SUSTENTA E QUE NO FINAL DO DIA TE TRAZEM MAIS PERTO DA
DESTRUIÇÃO.
SEJA SÁBIO EM ESCOLHER SEUS VÍCIOS E LUTAS.

77
#27 Triar quem entra ou quem
sai da sua vida é o
termômetro entre sucesso e
fracasso
Se conseguíssemos ter a clarividência necessária para enxergar futuros
desenrolares das nossas escolhas em um primeiro encontro, 99% dos
relacionamentos morreriam nos dez segundos iniciais. Crescemos ouvindo
aquele clichê que somos a soma das pessoas que mais convivemos e acabou
que isso não é um clichê: é uma verdade psicológica brutal, afiada, destrutiva
e que deve ser colocada num pedestal.

A capacidade latente de nos inspirarmos pelos fracassos e derrotas de

nossos amigos próximos, colegas de trabalho e até mesmo familiares é
infinita. Cortar o cordão umbilical que no liga a esses gêiseres de crenças
limitantes deve ser um escudo protetor ostentado sobre disciplina militar.

78
#27
A convivência com fracassados esmorece as nossas chances de sucesso.
A persuasão cínica dos sem vontade nos contamina com procrastinação e
cansaço.

A dúvida dos nossos pais dói mais que a dúvida da nossa própria mente, em
nossa própria capacidade.

Não tenho o intuito de incitar revolta contra as pessoas próximas a você,

mas saber silencia-las e até mesmo afasta-las de seus projetos é uma
característica que deve operar em piloto automático na sua mente, o tempo
todo.

Nossos amigos próximos podem nos destituir de ideias que mudariam o

mundo. Nossos pais podem nos empurrar em direção ao abismo de uma
carreira sólida salpicada de infelicidade por todos os lados. Nossos colegas
de trabalho podem extinguir nossa segurança em arriscar um projeto novo
enquanto nos regem para permanecermos no mesmo curral que eles, pois
eles tem medo de serem abandonados a própria sorte e sozinhos.

Faça uma análise mental das pessoas a sua volta.

O que elas têm a oferecer.
Quais suas principais habilidades, fraquezas e forças.

Seja um juiz implacável e resposta sinceramente:

“Se a minha vida dependesse dessa pessoa, eu poderia confiar

nela ou estaria em risco?”

79
#27
Assim dá pra saber a quem você pode confiar a porção mais próxima de vida
que temos em nossas mãos: nosso tempo, nossos projetos e nossa vontade
de fazer algo relevante.

LIÇÃO
MESMO SEUS AMIGOS MAIS FIÉIS TEM UMA CAPACIDADE ENORME DE

27
DESTRUIR A SUA VIDA.
“INIMIGOS PODEM MATA-LO, MAS SÓ AMIGOS PODEM FERI-LO”
TENHA ISSO EM MENTE.

80
#28 Identifique suas emoções
dominantes e as inflame ou
as oprima
Quando uma pessoa diz que é intensa você pode facilmente apertar a tecla
SAP mental e corrigir a sentença para: “não tenho controle sobre minhas
emoções”.

Todos nós temos emoções que nos tiram do eixo. Emoções que quando
soltas e sem coleira causam inúmeros problemas. Em algumas pessoas essa
emoção é a paixão: elas se envolvem catastroficamente com desconhecidos
que acabaram de conhecer. Gastam rios de dinheiro para satisfazer
necessidades ególatras e desajuizadas.

Em algumas pessoas essa emoção é a tristeza. Uma profunda melancolia

incapacitante e disfuncional que resvala nas paredes do cérebro gerando
desgosto, preguiça, inquietação e procrastinação. Quando a tristeza é
exponencial tudo é sem sentido e é questão de tempo até que esse
sentimento evolua para uma depressão voraz.

O meu sentimento dominante é a raiva.

Quando eu fiz esse exercício comigo mesmo, não teve nada que eu consegui
pensar além da raiva. A minha raiva é suprimida e amordaçada, mas quando
solta, é tão visceral e genuína que se torna responsável pelos maiores
problemas que eu tive na vida. Sob o efeito destemperado dessa emoção
embebida em cortisol, eu já ameacei pessoas, coloquei em curso vinganças
mirabolantes, xinguei, desejei o mal e gritei em desespero.

81
#28
A questão é que esses sentimentos existem com
finalidades específicas. São sinapses cerebrais
que existem com intuitos pautados em anos de
evolução. Seja levar você a reprodução,
defender-se de um predador ou poupar energia,
todos os sentimentos supracitados exercem uma
função natural e que quando bem delimitada
pode servir de fator auxiliador.

“Pera, você ta me dizendo que eu posso

usar raiva como recurso?”

Embora não de uma maneira ortodoxa... Sim, você pode. Eu conheço

incontáveis casos em que a raiva proveniente de uma traição mudou
completamente o estilo de vida de alguém. Vi futuros esportistas e
bodybuilders nascerem no seio da raiva bem alicerçada, seja contra
circunstâncias de vida injustas, contra uma família abusiva ou contra a
traição de um parceiro.

A tristeza, quando bem direcionada, faz com que você preze muito onde vai
gastar sua vitalidade, já que você não dispõe de muita. A paixão pode ser
redirecionada para uma disciplina gigantesca e que pode gerar conquistas
maravilhosas.

82
#28
Não existem sentimentos ruins. Existem sentimentos.
São escapes neurológicos de uma mente funcional. Sinapses abrindo
passagem pelo terreno fértil que é a sua cabeça. E como toda ferramenta ela
pode ser usada para o bem ou para o mal.

Estes dois últimos sim, caminhos bem definidos o qual todos vez ou outra
precisamos nos debruçar.

LIÇÃO
ANALISE PORQUE SUAS EMOÇÕES EXISTEM. MANTENHA-AS EM SILÊNCIO

28
OU AS INFLAME COM O CALOR DE MIL SÓIS. SÓ QUEM PODE DEFINIR O
RESULTADO DESSA ESCOLHA BINOMIAL É VOCÊ. E ISSO É UMA DAS COISAS
MAIS IMPORTANTES DA VIDA.

83
#29 Se você pensa que dá pra
ficar feliz toda hora, você
está sendo burro (e vai
ficar doente)
Vivemos o século da comparação. Sempre estamos nos julgando com base
nas experiências e conquistas alheias e o preço disso para nossa psique é
devastador. Sempre haverá alguém mais bonito, brilhante, bem sucedido e
interessante que nós e o Instagram vai usar o algoritmo para mostrar essa
pessoa pra você.

O culto a uma felicidade estúpida, capenga e ingênua tem destruído seres

humanos num ritmo alarmante. É necessário recuperar o controle de nossas
mentes e entender que grande parte dos influenciadores tem depressão
severa e crises brutais de ansiedade justamente por apoiarem-se sobre essa
mentira ridiculamente mal contada de que suas vidas são perfeitas.

“No mundo tereis aflições”

É absurdamente mortal se guiar por uma existência em que a felicidade é

tratada como uma reação neuroquímica constante, nos injetando cargas
cavalares de alegria estúpida e eterna para suportarmos a vida. Não é assim
que as coisas funcionam.

Se vivêssemos em um constante estado de felicidade, qual

seria a diferença dessa felicidade para a mais mortal e
silenciosa rotina?

84
#29
A felicidade tem de ser notada. Temos que perceber os seus lampejos em
momentos nos quais não estamos preparados:

No animal de estimação que vem nos receber na porta.

Na risada dos seus filhos.
No momento em que uma música arrepia os pelos do seu braço.
No momento em que você consegue se reunir com as pessoas que
ama.

Quando aprendermos a identificar a face da felicidade existem dois

possíveis caminhos, um saudável e um enlouquecedor:

No saudável, regozijamos a presença do sentimento justamente por sua

brevidade. Aprendemos a enaltecer as características, pessoas,
circunstâncias e pensamentos que nos colocam em um estado de graça.
No enlouquecedor, criamos um hábito paranoico de nos torturarmos com
antecedência por saber que aquele momento não dura, esquecendo-nos
propositalmente que o fato dele não durar é que torna aquele momento tão
especial.

85
#29
A felicidade acaba se tornando ansiedade.

A boa notícia é que com a postura correta é fácil transformar este último no
primeiro. Terapia, meditação, boa vontade e uma autoanálise clínica e
meticulosa nos colocam abraçados com nosso self e com a característica
mais marcante dos nossos períodos de felicidade:

Sua fugacidade.

LIÇÃO

29 A FELICIDADE É RARA E POR TAL MOTIVO ELA É TÃO IMPORTANTE.

RECONHEÇA-A E A ABRACE SEMPRE QUE POSSÍVEL.

86
#30 Ninguém liga pra vítima
Meia-noite.
Você se contorce na sua cama lembrando-se de
todas as suas imperícias, de todas as vezes que foi
sacaneado e passado pra trás. Lembra-se dos seus
algozes, lembra-se das traições... Traça milhares
de estratagemas contra seus inimigos.

Cansado e sem conseguir dormir, você se levanta

e faz um texto sobre como a vida é injusta. Posta
numa rede social genérica qualquer.

Diz que vai sair melhor e renascido mas nem você

acredita nisso. Do outro lado alguém (que nem
remotamente causou o desconforto que você
está passando) lê e se solidariza. Outro lê e sente
uma profunda empatia. Outro lê e sente dó.

E subitamente você está envelopado em uma teia

constante de piedade. Tudo que você consegue
inspirar nas pessoas é pena. Pasme: pena é a pior
coisa que alguém pode sentir por você. Não
inspira, não motiva, não é sexy, não tira da zona
de conforto, não inspira pavor, não gera respeito,
não incomoda... Pena é para fracos e para aqueles
que não querem mudar suas próprias vidas
porque simplesmente não aceitam o
protagonismo das mesmas.

87
#30
Ninguém liga pra vítima e eu sei que isso soa absurdo. Devemos nos
compadecer e fornecer as condições para a pessoa se reestruturar, mas uma
condição eterna de vitimismo afasta, deturpa, corrói e mata.

Todos nós fomos algozes e vítimas em algum momento e perpetuar esses

papéis sociais nos torna insuportáveis. Eu sei melhor do que gostaria que
algumas batalhas nos escarificam para a vida, mas temos que transformar a
dor e o luto dos golpes injustificados em combustível para termos uma vida
melhor.

A sociedade passa por cima de vítimas como um rolo compressor e as suas

indiretas vão cair em olhos cegos e ouvidos surdos. Quando se trata de
alfinetar nossos algozes, mil caíram a tua destra, dez mil a tua esquerda, mas
a pessoa a qual ela se destina não será atingida.

A maior vingança é uma vida plena.

A maior imposição de derrota sobre aqueles que nos roubaram é nos tornar
infinitamente mais bem sucedidos do que eles pensaram que seríamos. O
sucesso é a única forma de vingança genuína.

Se você tiver que escolher algo, escolha fazer com que os vilões da sua história
não tenham um momento de paz: aonde quer que eles olhem, eles tem que ver
rastros seus sendo bem-sucedido enquanto você nem sabe que eles existem.

LIÇÃO

30 SEJA UMA VÍTIMA POR INSTANTES.

SEJA UM PREDADOR POR TODO RESTO DA SUA VIDA.

88
Epílogo
MAS JÁ?
SIM. ESSE LIVRO É UM TESTE. EU NÃO SEI EXATAMENTE COMO MEU
PÚBLICO VAI LIDAR COM ISSO. NÃO SEI OS FORMATOS, NÃO SEI
COMO VENDER, ENTÃO PREFIRO O “FEITO” AO “PERFEITO”

SÃO 30 DICAS. UMA PRA CADA DIA DO MÊS. ERA EXATAMENTE ISSO
QUE EU QUERIA O TEMPO TODO (OU NÃO), MAS NADA IMPEDE
QUE ISSO SE TORNE EXPONENCIALMENTE MAIOR, SE O ALCANCE
FOR LEGAL.

EU QUERIA QUE PESSOAS QUE NÃO TEM HÁBITO DE LER LONGAS E

ENFADONHAS PÁGINAS DEVORASSEM ESSE LIVRO COM CERTA
FACILIDADE E É POR ISSO QUE ELE É CURTO, RASO, RÁPIDO E
BARATO.

NADA IMPEDE QUE EU ESCREVA 900 PÁGINAS DA PRÓXIMA VEZ,

MAS VIVEMOS A GERAÇÃO DAS PÍLULAS E ESSE LIVRO É UMA
PÍLULA EM DIREÇÃO A UMA VIDA LIGEIRAMENTE MELHOR.

QUERIA AGRADECER DEMAIS TODO APOIO QUE VENHO RECEBIDO

EM ESPECIAL POR CONTA DOS MEUS VÍDEOS NO TIKTOK E NO
INSTA. QUERIA AGRADECER TODAS AS PESSOAS NAS LIVES QUE
NÃO DEIXARAM EU LEVAR ESSE PROJETO COM A BARRIGA, SEMPRE
ME PERGUNTANDO: E O LIVRO?

NÃO ESQUEÇA DE ME SEGUIR EM

CAIOPIMENTELPSI

CAIOOPIMENTEL

AH, ENQUANTO EU ESCREVO O EPÍLOGO DESTE EBOOK, JÁ TEM

OUTRO PRONTO PARA SER LANÇADO. SIM, EU VOU LANÇAR UM
LIVRO POR MÊS EM 2022 ENTÃO APERTEM OS CINTOS.

ESTAMOS SÓ COMEÇANDO E TODO MUNDO SABE QUE OS

MELHORES LUGARES FICAM DISPONÍVEIS A QUEM CHEGA
PRIMEIRO. ESCOLHA O SEU.

DE PREFERÊNCIA AO MEU LADO.

CAIO PIMENTEL
O autor

Caio Pimentel é formado em Administração

desde os 21 anos, tem ênfase em RH, gestão
de crises e desenvolvimento pessoal. Conta
com mais de 2.5 milhões de likes em suas
redes sociais, 200 mil seguidores somados e
mais de 8 milhões de visualizações em 2021.

Atualmente tem se especializado em livros

em formato de pílulas, cursos e mentorias.

Ah, também é músico, escritor de romances

teens e procrastinador profissional.