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Introdução à Cosmovisão Reformada: Anotações

quase aleatórias (1)


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Hermisten Maia Pereira da Costa 3 de abril de 2013

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“O Cristianismo tem um conteúdo para ser


acreditado e uma visão de mundo a ser
adquirida” − Perry G. Downs.1

“A menos que Deus mude a maneira de


pensarmos – o que Ele faz em alguns pelo
milagre do novo nascimento – nossas mentes
sempre nos dirão para nos virarmos contra
Deus – o que é precisamente o que fazemos” ‒
James M. Boice.2

“Se a cosmovisão cristã pudesse ser


restabelecida no lugar de destaque e respeito na
universidade, isso teria um efeito de
fermentação no meio da sociedade. Se
mudarmos a universidade, mudaremos nossa
cultura por intermédio dos que a moldam” ‒ J.P. Moreland; William L. Craig.3

“Ora, se conseguirmos fazer com que os homens fiquem a formular perguntas assim: ‘isto
está em consonância com as tendências gerais dos movimentos contemporâneos? É
progressista, ou revolucionário? Obedece à marcha da História?’ então os levamos a
negligenciar as questões efetivamente relevantes. E o caso é que as perguntas que assim
insistirem em formular são irrespondíveis; visto que não conhecem nada do futuro e o
que o futuro haverá de ser dependerá muitíssimo, exatamente, daquelas preferências a

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propósito das quais buscam socorro do futuro. Como consequência, enquanto suas
mentes ficam assim a zumbir nesse verdadeiro vácuo, temos nossa melhor oportunidade
de até imiscuir-nos para forçá-los à ação correspondente aos nossos propósitos. A obra já
realizada neste sentido é enorme” – C.S. Lewis.4

Introdução

indissolúvel entre comportamento e o que você crê. Quando sabemos no
Há uma relação
que cremos, as decisões tornam-se mais fáceis. No entanto, uma das questões difíceis de
responder é: no que você crê? A resposta a esta questão revelará uma série de
pressupostos –  conceitos implícitos em sua fala –, muitos dos quais talvez jamais tenham
ocorrido, pelo menos de forma teórica, ao entrevistado. É possível que sem percebermos o
nosso pensamento revele uma série de inconsistências e, até mesmo, excludências. O fato
é que nossos conceitos explícitos ou não terminarão por se juntar a outros e, deste modo,
sem consciência e mesmo consistência, vamos aos poucos formando uma maneira de ver
o mundo5 e, conseguintemente, de avaliá-lo. “De fato, escreve Cheung, se pensarmos
profundamente o suficiente, perceberemos que cada proposição simples que falamos ou
cada ação que realizamos pressupõe uma série de princípios últimos inter-relacionados
pelos quais percebemos e respondemos à realidade. Essa é nossa cosmovisão”.6

Esta percepção determinará de forma intensa o nosso comportamento na sociedade em


que vivemos, tendo implicações em todas as esferas de nossa existência. A epistemologia
antecede à lógica e esta, por mais coerente que seja, se partir de uma premissa equivocada
nos conduzirá a conclusões erradas e, portanto, a uma ética com fundamentos duvidosos
e inconsistentes.   Deve ser dito que toda verdade é lógica, no entanto, por algo nos
parecer lógico, não significa que seja verdadeiro..Portanto, a questão epistemológica
antecede à práxis e em grande parte a determina. “Uma cosmovisão contém as respostas
de uma dada pessoa às questões principais da vida, quase todas com significante conteúdo
filosófico. É a infraestrutura conceitual, padrões ou arranjos das crenças dessa
pessoa”.7         
 

Ainda que não pretendamos ser exaustivos, podemos, inspirando-nos em Nash (1936-
2006),8  dizer que a nossa cosmovisão é constituída por um conjunto de crenças que
estabelecem essencialmente a sua distinção de outras cosmovisões ainda que haja no
cerne de cada cosmovisão diferenças importantes, porém, que não são excludentes.
Vejamos algumas dessas crenças:

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a) Deus: Ainda que o nome de Deus nem sempre apareça em nossas discussões, a fé em
Deus envolvendo, obviamente, o conceito que temos Dele é ponto capital em qualquer
cosmovisão. Deus existe? Ele se confunde com a matéria? Há um só Deus? Ele age? É
soberano? É um ser pessoal? As respostas que dermos a estas questões são cruciais para
identificar a nossa cosmovisão.

b) Metafísica:  A Metafísica trata da existência e da natureza e a qualidade daquilo que é


conhecido. A nossa cosmovisão determinará um tipo de compreensão de questões tais
como: Todos os homens têm a mesma essência?  Todo evento deve ter uma causa? Há
realidade além daquilo que podemos ver? Existe um mundo espiritual? Há um propósito
para o universo? Qual a relação entre Deus e o universo? 

c) Epistemologia: A Epistemologia é o estudo das questões relacionadas aos problemas


filosóficos do conhecimento. O seu objetivo é conhecer, interpretar e descrever
filosoficamente os princípios essenciais que conduzem ao conhecimento científico ou, em
outras palavras, “estudar a gênese e a estrutura dos conhecimentos científicos”.9 A
Epistemologia trata de questões tais como: Como conhecemos alguma coisa? É possível um
conhecimento certo a respeito de alguma coisa? Os sentidos nos dão um conhecimento certo
a respeito dos objetos sensíveis? Nossas percepções dos objetos sensíveis são idênticas a
esses objetos? Qual a relação entre o intelecto e a matéria? Qual a relação entre a razão e a
fé? Podemos conhecer algo sobre Deus? É o método científico o melhor método para o
conhecimento

d) Ética: Lalande (1867-1963) interpretando determinada compreensão, define ética como o


“conjunto das regras de conduta admitidas numa época ou por um grupo social”.10 A Ética
filosófica analisa a vida virtuosa no seu valor último e a propriedade de certas ações e estilos
de vida. Ela se refere à conduta humana, às normas e princípios a que todo o homem deve
ajustar seu comportamento nas relações com seus semelhantes e consigo mesmo.   

O filósofo moral não é apenas um cientista teórico envolvido em especulações abstratas, ele
é alguém comprometido com a realidade, buscando soluções para os problemas práticos que
nos cercam e que deram origem à pesquisa. A sua preocupação também não se limita à ação
certa, mas também ao princípio que a justifica. Perguntas comuns a esta disciplina: É justo
falsificar a declaração de imposto de renda? O aborto é correto? É corretofinanciar
instituições que em suas pesquisas contemplem a prática do aborto?  É viável a pena de
morte? E a eutanásia? Há um padrão absoluto de moral ou ele é relativo a épocas, culturas e
pessoas? A moralidade transcende ao lugar, época e cultura? Como distinguir o bem do
mal?

e) Antropologia: O conceito que temos a respeito do homem revela aspectos de nossa


cosmovisão. O ser humano é apenas matéria? De que forma a morte determina o fim de
nossa existência? Existe algum tipo de recompensa ou punição após a morte? A alma é
imortal? O homem é um ser livre ou determinado por forças deterministas? Qual o propósito
da vida?

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f) História: “A Filosofia da história é a reflexão crítica acerca da ciência histórica e inclui
tanto elementos analíticos quanto especulativos”.11 Ela parte do princípio de que o homem é
uma síntese entre o passado e o presente, tendo as suas decisões atuais relação direta com as
suas experiências pretéritas, daí algumas perguntas: O alvo da explicação histórica é
predição, ou meramente entendimento?  Visto que escrever a história envolve seleção de
material pelo historiador, um documento histórico pode ser considerado objetivo?  A
História é linear12ou cíclica?13  Existe alguma finalidade, ou um padrão que confira sentido
à História?

1. Pressupostos e Percepções14

“As pessoas agem de acordo com a sua visão de mundo. (…) De maneira que pensa, um
homem é” ‒ Francis Schaeffer.15

“Um falso deus leva à formação de uma falsa cosmovisão” ‒ Nancy Pearcey.16

    

Qual é a matriz de nosso pensamento? Queiramos ou não, gostemos ou não, temos


matrizes que conferem determinado sentido à realidade por ela ser percebida como tal. A
realidade é o que é; no entanto, nós a percebemos mediante contornos conferidos e
mediados por nossa experiência. No que acreditamos, de certa forma, determina a
construção de nossa identidade. Todos temos a nossa filosofia, adequada ou não, de
vida.17 Esta filosofia é a nossa cosmovisão.[18] É esta cosmovisão que nos permite ser
como somos, fornecendo elementos de padronização para a nossa cultura. Schaeffer está
correto ao declarar que “as ideias nunca são neutras ou abstratas. Têm consequências na
maneira como vivemos e agimos em nossa vida pessoal e na cultura como um todo”.19
Toda cosmovisão traz consequências epistemológicas determinantes de nossa conduta.
   

A nossa forma de aproximação do objeto já indica onde estamos. Recentemente, vi parte


de um filme no qual o criminoso foi fotografado enquanto assassinava sua vítima. Quando
o fotógrafo o procurou com a foto, o assassino disse para ele em qual prédio e andar
estava no momento do clique; isto apenas pelo ângulo da foto. Da mesma forma, vemos o
que vemos e como vemos pelo andar e janela na qual nos encontramos. A partir daí,
podemos até dizer em que tipo de construção intelectual estamos abrigados.

Todo conhecimento parte de um pré-conhecimento que é-nos fornecido pela nossa


condição ontologicamente finita e pelas circunstâncias temporais, geográficas,
intelectuais e sociais dentro das quais construímos as nossas estruturas de conhecimento.
Afinal, a humanidade atesta a sua humanidade; a criatura demonstra a sua condição. Não
existe neutralidade existencial porque de fato, não há neutralidade ontológica.20
 

Só existe possibilidade de conhecimento porque, entre outras coisas,  antes de


percebermos, há um objeto referente que, por existir, possibilita o conhecer. Deste modo,
o ser antecede ao conhecer. A essência precede à experiência, e esta modela a nossa

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cosmovisão. Fazer uma inversão aqui seria algo avassalador para a nossa epistemologia e,
consequentemente, para nossa práxis.

Somos em muitos sentidos parte de um produto cultural, filhos de uma geração com uma
série de valores que determinam em grande parte as nossas pré-compreensões.
 

Valendo-se de  uma figura de Aristóteles (384-322 a.C.), Mohler faz uma aplicação
interessante e elucidativa:
  

“A última criatura a quem você deveria perguntar como é se sentir molhado é a um peixe,
porque ele não faz ideia de que esteja molhado. Uma vez que nunca esteve seco, ele não tem
um ponto de referência. Assim somos nós, quando se trata de cultura. Somos como peixes
no sentido de que não temos sequer a capacidade de reconhecer onde a nossa cultura nos
influencia. Desde a época em que estávamos no berço, a cultura tem formado nossas
esperanças, perspectivas, sistemas de significado e interpretação, e até mesmo nossos
instrumentos intelectuais”.21 

Portanto, a realidade se mostra a nós com contornos próprios delineados não


simplesmente pelo que ela é, mas, também, pelos nossos olhos que a enxergam e pinçam
fragmentos desta realidade conferindo-lhes novas configurações com cores mais ou
menos vivas, atribuindo-lhes valores muitas vezes bastante distintos dos reais.

As nossas ênfases revelam não simplesmente os nossos pensamentos e valores como


também aspectos da realidade como os percebemos. A concatenação de nossas ideias e a
estruturação de prioridades, dentro da fluidez histórica, assumem  aspectos relativos.
Deste modo, por exemplo, quando lemos um autor devemos entender também o seu
tempo, a  sua forma de pensar e os pontos que visava destruir, consolidar ou mesmo
transformar. Toda obra é, de certa forma, dialogal, explícita ou implicitamente.22 
Portanto, ninguém  pode se ufanar de passar incólume por este processo. Cada época nos
diz algo de seus atores, e cada ator histórico nos fala direta ou indiretamente do cenário
que o inspira, dentro do qual ele foi criado e, de certa forma, delimita a sua própria
percepção da realidade.
 

Quando não percebemos estes aspectos, tendemos a ser extremamente rigorosos em


nossos julgamentos ou facilmente somos conduzidos a cometer anacronismos
injustificados. Isto se dá, especialmente, quando lemos autores de séculos anteriores ao
nosso que, além da distância temporal, viveram em outro continente, com valores
próprios, percepções delimitadas pela sua época, tendo que se deparar com desafios
gigantescos alguns dos quais são quase que imperceptíveis em nossa época. Aí surge o
nosso problema; é impossível ter todas as visões; a nossa, além de vários condicionantes,
é feita a partir de nossa época, sob o feitiço de nossos valores e concepções, os quais por si

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só já produzem um pré-conhecimento. O anacronismo condenatório é fácil de ser
praticado e extremamente difícil de ser  percebido por quem o exerce. Deste modo, a
consciência destas questões deve produzir em nós um salutar sentido de limitação e,
portanto, de maior prudência em nossos  juízos, reconhecendo que a nossa época, dentro
da qual estamos inseridos e mais cativos do que imaginamos, tem as suas paixões e
feitiços – plenamente justificados, diga-se de passagem, pelos seus cidadãos bem
socializados ou seja; aculturados –, assim como a de nossos personagens analisados. O
que torna a nossa visão melhor do que a deles? Talvez seja a própria história que
constantemente nos fornece um leque mais amplo e ilustrativo de fracassos da
humanidade…
 

Nash (1936-2006) parece-nos correto em sua observação: “A obtenção de maior


consciência de nossa cosmovisão pessoal é uma das coisas mais importantes que podemos
fazer, e compreender a cosmovisão de outros é algo essencial para o entendimento que os
torna distintos”.23

***

Como sabemos, todos trabalham com os seus pressupostos,24 explícitos ou não,


consistentes ou não, plenamente conscientes deles ou apenas parcialmente.25 Os
pressupostos se constituem na janela (quadro de referência) por meio da qual vejo a
realidade; o difícil é identificar a nossa janela, ainda que sem ela nada enxerguemos.26
Assim, falar sobre a nossa cosmovisão,27 além de ser difícil verbalizá-la, é paradoxalmente
desnecessário. Parece que há um pacto involuntário de silêncio o qual aponta para um
suposto conhecimento comum: todos sabemos a nossa cosmovisão. Deste modo, só
falamos, se falamos e quando falamos de nossa cosmovisão, é para os outros, os
estranhos, não iniciados em nossa forma de pensar. Sire resume bem isso: “Uma
cosmovisão é composta de um conjunto de pressuposições básicas, mais ou menos
consistentes umas com as outras, mais ou menos verdadeiras. Em geral, não costumam
ser questionadas por nós mesmos, raramente ou nunca são mencionadas por nossos
amigos, e são apenas lembradas quando somos desafiados por um estrangeiro de outro
universo ideológico”.28

 
 O conhecimento, seja em que nível for, não ocorre num vácuo asséptico conceitual quer
seja religioso, quer filosófico, quer cultural.29  A nossa percepção e ação fundamentam-se
em nossos pressupostos os quais sãos reforçados, transformados, lapidados ou
abandonados em prol de outros, conforme a nossa percepção dos “fatos”. A questão
epistemológica antecede à práxis. Contudo, como nos aprofundar no campo intelectual se
abandonamos as questões epistemológicas? As palavras de J.G. Machen (1881-1937) no
início do século XX não se tornam ainda mais eloquentes na atualidade?: “A igreja está
hoje perecendo por falta de pensamento, não por excesso do mesmo”.30   
 

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Há  sempre  o perigo de nos tornarmos cativos de nossa perspectiva e, portanto, da nossa
percepção. Como obviamente não conseguimos ter  “todas as visões”, permanecemos, de
certo modo, cativos de nossa perspectiva,31em outros termos: prisioneiro de sua
percepção. Nem sempre é fácil submeter os nossos valores ao rigor daquilo que cremos.
Como o cientista tem dificuldade em revisitar os seus paradigmas, nós também temos
dificuldade em rever a nossa cosmovisão. É muito difícil – talvez por ser doloroso demais
– aplicar e avaliar em nosso próprio sistema as implicações do que sustentamos.
Podemos, sem nos darmos conta, nos ferir com as nossas próprias armas, que julgávamos
serem bisturis. Aliás, o mal uso do bisturi pode ser fatal, assim como o “fogo amigo” nas
guerras. O antidogmatismo pode se constituir num dogma.
 

A nossa cosmovisão não deve servir apenas – aliás, um “apenas” injustificável em si


mesmo –, para um exibicionismo pretensamente acadêmico, ufanismo ignorante ou
mesmo como demarcação de terreno no qual nada se sucede, exceto a presunção
compartilhada e demarcada por outras cosmovisões. A nossa cosmovisão consciente deve
estar comprometida com a busca de coerência perceptiva e existencial. Isto nós
chamamos de integridade, o não esfacelamento condescendente e excludente daquilo que
cremos, falamos e fazemos.   Ainda que não haja a ideia de orgulho meritório na fé,32 ela é
responsável pelo nosso agir e pensar. “A fé não concerne a um setor particular da vida
denominado religioso, ela se aplica à existência em sua totalidade”.33 Contudo, a  genuína
fé não pode ser autorreferente. Ela parte da Palavra e para lá se direciona.
 

Por buscarmos a coerência do crê e viver  — daí a extrema importância de uma fé


inquiridora —,34 há compromissos sérios entre o que cremos e como agimos. Um 
distanciamento consciente e docemente acalentado e justificado entre o crer e o fazer
produz uma esquizofrenia intelectual, emocional e espiritual, cuja solução definitiva
envolverá um destes caminhos:  ou mudar a nossa crença ou abandonar a nossa práxis.
Para o cristão, cosmovisão é compromisso de fé e prática, como diz Lloyd-Jones: “A fé
cristã não é algo que se manifeste à superfície da vida de um homem, não é meramente
uma espécie de camada de verniz. Não, mas é algo que está sucedendo no âmago mesmo
de sua personalidade”.35
 

Como temos insistido, somos o que cremos; pelo menos, esta deve ser a nossa atitude
cotidiana; esforçar-nos por viver conforme aprendemos nas Escrituras. A nossa fé tem
implicações decisivas e fundamentais em nossa existência a começar aqui e agora. Fé
cristã é crer de tal modo que buscamos transformar a nossa vida num reflexo daquilo que
acreditamos.
 

            Nash parece-nos oportuno aqui:


  

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“Cosmovisões deveriam não apenas ser testadas em uma aula de filosofia, mas também no
laboratório da vida. Uma coisa é uma cosmovisão passar no teste teórico (razão e
experiência); outra é passar no teste prático. As pessoas que professam uma cosmovisão
podem viver consistentemente em harmonia com o sistema que professam? Ou
descobriremos que elas foram forçadas a viver segundo crenças emprestadas de sistemas
concorrentes? Tal descoberta, eu acho, deveria, produzir mais do que embaraço”.36 
 

 A nossa chave epistemológica é a Escritura, portanto, a nossa cosmovisão partindo de


uma perspectiva assim nos conduzirá naturalmente de volta a Deus.37 A Educação Cristã,
por exemplo, fundamentando-se nas Escrituras oferece-nos um escopo do que Deus
deseja de nós, e nos fala de qual o propósito de nossa existência em todas as suas
esferas.38

CONTINUE LENDO – PARTE 2 AQUI


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[1] Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2001, p. 178.
[2] James M. Boice, O Evangelho da
Graça, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 111.

[3]J.P. Moreland; William L. Craig, Filosofia e Cosmovisão Cristã, São Paulo: Vida Nova,
2005, p. 16. Veja-se também:  William L. Craig,  Apologética Cristã para Questões difíceis
da vida, São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 14.
[4] C.S. Lewis, Cartas do Inferno, São Paulo:
Vida Nova, 1964, p. 160-161.
[5]Cf. Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia,
São
Paulo: Cultura Cristã, 2008, p. 8. Veja-se também: Franklin Ferreira; Alan Myatt,
Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 2007, especialmente, p. 8-10.
[6]Vincent Cheung, Reflexões sobre as Questões Últimas da Vida, São Paulo:
Arte
Editorial, 2008, p. 61.

[7]Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia, p. 13. “Modo
pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. (…) É a estrutura por meio da qual a
pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão influencia muito a maneira em que a
pessoa vê Deus, origens, mal, natureza humana, valores e destino” (Cosmovisão: Norman
Geisler, Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã, São Paulo:
Editora Vida, 2002, p. 188).
[8]Ronald H. Nash, Questões
Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia, p. 15ss.
[9]Hilton F. Japiassu, Introdução ao Pensamento Epistemológico, 3ª ed. rev. e amp.
Rio
de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1979, p. 38. Vejam-se descrições complementares In:
Thomas R. Giles, Introdução à Filosofia, São Paulo: EPU/EDUSP, 1979, p. 121; Franklin
L. da Silva, Teoria do Conhecimento: In: Marilena Chauí, et. al. Primeira Filosofia, 4ª
ed. São Paulo: Brasiliense, © 1984, p. 175; Johannes Hessen, Teoria do Conhecimento, 7ª
ed. Coimbra: Arménio Amado – Editor, 1976, p. 25.
[10]Moral: In: André Lalande, Vocabulário Técnico
e Crítico da Filosofia, São Paulo:
Martins Fontes, 1993, p. 705. Para uma distinção entre Ética e Moral, veja-se: W. Gary
Crampton; Richard E. Bacon,  Em Direção a uma Cosmovisão Cristã, Brasília, DF.:

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Monergismo, 2010, p. 56.
[11]N.L. Geisler;  P.D. Feiberg, Introdução à Filosofia, São Paulo: Vida Nova, 1983, p. 27.
[12] “O importante princípio que devemos manter sempre vívido na mente é que a única

maneira de entender a longa história da raça humana é dar-se conta de que ela é
resultado da Queda. Essa é a única chave da história, de qualquer espécie de história,
tanto da história secular como desta história mais puramente espiritual que temos na
Bíblia. Não se pode entender a história da humanidade se não se leva em conta este
grande princípio. A história é o registro do conflito entre Deus e Suas forças, de um lado, e
o diabo e suas forças, de outro; e o grande princípio determinante é de imensa
importância, não só para entender-se a história passada, como também para entender-se
o que está acontecendo no mundo hoje. É, igualmente, a única chave para compreender-
se o futuro. Ao mesmo tempo, é a única maneira pela qual podemos compreender as
nossas experiências pessoais” (D.M. Lloyd-Jones, O Combate Cristão, São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991, p. 72). “A história não saiu das mãos de
Deus” (D. Martyn Lloyd-Jones, As Insondáveis Riquezas de Cristo, São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 64).
[13] “O conceito grego da história como um processo cíclico trancava os homens num
moinho onde eles podiam lutar com todas as forças, mas nem deuses nem homens
conseguiam avançar. O conceito cristão do julgamento indica que a história caminha
rumo a um objetivo” (Leon Morris, A Doutrina do Julgamento na Bíblia: In: Russel P.
Shedd; Alan Pieratt, eds. Imortalidade, São Paulo: Vida Nova, 1992, p. 62).
[14] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A necessidade e a importância da Teologia

Sistemática. In: Franklin Ferreira, ed. A Glória da Graça de Deus: ensaios em honra a J.
Richard Denham Jr,  São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2010, p. 239-262.
[15] Francis A. Schaeffer, Como Viveremos? São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.
144.

[16]Nancy Pearcey, Verdade Absoluta: libertando o cristianismo de seu cativeiro cultural,


Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2006, p. 46.
[17] Veja-se: J.P. Moreland; William L. Craig, Filosofia e Cosmovisão Cristã,
São Paulo:
Vida Nova, 2005, p. 27-28.
[18] “Uma cosmovisão é uma
série de crenças, um sistema de pensamentos, sobre as
questões mais importantes da vida. A cosmovisão de uma pessoa é sua filosofia” (W. Gary
Crampton; Richard E. Bacon,  Em Direção a uma Cosmovisão Cristã, Brasília, DF.:
Monergismo, 2010, p. 13).
[19]Francis A. Schaeffer, O
Grande Desastre Evangélico. In: Francis A. Schaeffer, A Igreja
no Século 21, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 258.
[20] Veja-se: H.R. Rookmaaker, A Arte não precisa de
justificativa,  Viçosa, MG.: Editora
Ultimato, 2010, p. 39.

Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed., A
[21]R. Albert Mohler Jr.,
Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 66. Lewis se vale parcialmente
desta figura, argumentando: “Nós nos sentimos molhados, se cairmos na água, porque
não somos animais aquáticos: um peixe não se sente molhado”  (C.S. Lewis, A Essência do
Cristianismo Autêntico, São Paulo: Aliança Bíblica Universitária,  (s.d.), p. 20-21).
[22] Posteriormente li Mohler nos Agradecimentos de seu livro, afirmando: “Salvo

raríssimas exceções, livros representam uma conversa” (R. Albert Mohler, O


Desaparecimento de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 9).

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[23]Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia, p. 14.
[24] “Nenhum homem, seja ele um cientista ou não, consegue trabalhar sem
pressuposições” (Henry H. Van Til,  O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura
Cristã, 2010, p. 23).
[25] “Todas as pessoas
têm seus pressupostos, e elas vão viver de modo mais coerente
possível com estes pressupostos, mas até do que elas mesmas possam se dar conta. Por
pressupostos entendemos a estrutura básica de como a pessoa encara a vida, a sua
cosmovisão básica, o filtro através do qual ela enxerga o mundo. Os pressupostos apóiam-
se naquilo que a pessoa considera verdade acerca do que existe. Os pressupostos das
pessoas funcionam como um filtro, pelo qual passa tudo o que elas lançam ao mundo
exterior. Os seus pressupostos fornecem ainda a base para seus valores e, em
consequência disto, a base para suas decisões” (Francis A. Schaeffer, Como Viveremos?,
São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 11).

[26] “Seria atenuar os fatos dizer que a cosmovisão ou visão de mundo é um tópico
importante. Diria que compreender como são formadas as cosmovisões e como guiam ou
limitam o pensamento é o passo essencial para entender tudo o mais. Compreender isso é
algo como tentar ver o cristalino do próprio olho. Em geral, não vemos nossa própria
cosmovisão, mas vemos tudo olhando por ela. Em outras palavras, é a janela pela qual
percebemos o mundo e determinamos, quase sempre subconscientemente, o que é real e
importante, ou irreal e sem importância” (Phillip E. Johnson no Prefácio à obra de Nancy
Pearcey, A Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu Cativeiro Cultural,  Rio
de Janeiro: Casa Publicadora das  Assembléias de Deus, 2006, p. 11).
[27]“Em essência, é um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem
ser
verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou inteiramente falsas) que sustentamos
(consciente ou inconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a formação
básica do nosso mundo” (James W. Sire, O Universo ao Lado, São Paulo: Hagnos, 2004,
p. 21).

[28]James W. Sire, O Universo ao Lado, p. 21-22.


[29]Nancy R. Pearcey; Charles B. Thaxton, A Alma
da Ciência,  São Paulo: Cultura Cristã,
2005, p.  9-12; 294.

[30]J.G. Machen, Cristianismo y Cultura, Barcelona: Asociación Cultural de Estudios de


la Literatura Reformada, 1974, p. 19.

[31]Li por meio de Peter Burke, que Fernand Braudel (1902-1985) gostava de afirmar que
o historiador é prisioneiro de suas suposições e mentalidades (Peter Burke, O
Renascimento Italiano: cultura e sociedade na Itália, São Paulo: Nova Alexandria, 1999,
p. 11). Paul Cézanne (1839-1906), artista de grande sensibilidade, escreveu a seu filho um
mês antes de morrer: “Devo dizer que, como pintor, estou começando a enxergar melhor a
natureza. Mas, comigo, a realização de minhas sensações é sempre muito difícil. Não
consigo captar a intensidade de tudo que se desdobra diante de meus sentidos, não
alcanço a riqueza da natureza. Aqui, na beira do rio, os motivos são tantos que um mesmo
objeto visto de um ângulo um pouco diferente já daria para estudos de maior interesse; e
tão variados são que eu poderia trabalhar por meses a fio sem mudar de lugar,
simplesmente olhando um  pouco mais para a direita ou para a esquerda” (Apud Fayga
Ostrower, A Grandeza Humana: cinco séculos, cinco gênios da arte,  Rio de Janeiro:
Campus, 2003, p. 127).

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[32]“Não existe orgulho na fé. Fé é simplesmente a crença de que nada podemos fazer
para nos salvar, mas que confiamos plenamente na graça de Deus” (Peter Jones,
Verdades do Evangelho x Mentiras pagãs, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 34).
[33]Karl Barth, Esboço de uma Dogmática, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, p. 24.

[34] “A fé cristã não é uma fé apática, uma fé de cérebros mortos, mas uma fé viva,

inquiridora. Como Anselmo afirmou, a nossa fé é uma fé que busca entendimento”


(William L. Craig,  Apologética Cristã para Questões difíceis da vida, São Paulo: Vida
Nova, 2010, p. 29).

[35] David M. Lloyd-Jones, Estudos no Sermão do Monte, São Paulo: Editora Fiel, 1984,
p. 89.

[36]Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida: uma introdução à Filosofia, São Paulo:
Cultura Cristã, 2008, p. 29.
[37] “Numa cosmovisão cristã logicamente consistente, a primeira e absoluta
pressuposição essencial é que a Bíblia somente é a Palavra de Deus, e ela tem um
monopólio sistemático sobre a verdade” (W. Gary Crampton; Richard E. Bacon,  Em
Direção a uma Cosmovisão Cristã, Brasília, DF.: Monergismo, 2010, p. 20). “O
Cristianismo é um sistema filosófico completo que é fundamentado sobre o ponto de
partida axiomático da Bíblia como a Palavra de Deus” (Ibidem., p. 77).

[38] “A cosmovisão cristã tem coisas importantes a dizer sobre a totalidade da vida
humana” (Ronald H. Nash, Questões Últimas da Vida, p. 19).

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