Você está na página 1de 25
hp Nhe Qouceun echliew can A lingua muse Ed. FO, Lisbor ( | | } Capitulo 1 A linguagem musical (0 objectivo arrisado haverk quem Ihe came petensioo ~ desta obra conse em explora 0 fendmeno musa a pari dose interior, tentar mostrar os mecanismes ftimos da sua coasttigde, do seu fincionamento e da sia percep, iteragar a form musical como proceso dinmico,cbservaraestatgias do compositor no interior ds ‘obra por fim, evcaralgumas das grees etapa a linguagem musical fem evolo,consideraas istics. ( gu nos levou' pr de lado toda a prudéncae decidir meter mos sotrabalho fio fact de ninguém falar dalinguagem musical Evetade {que hi quem a descreva extcrormente numa ou noutra das suas Crisalizags istics, geraimente em termon esis, normatvos, Sfirmativose ctegorizadores; ata-se de um procedimento ulizado ‘ead inicio do seulo XX, desde os velos vos de Riemann sobre a forma e de Vincent "Indy sobre composi. Basta abr-os para verficar com espanto que este processo continua tanto no campo edaggico como no da comanicapo de mass (as cas de discos). AL feutasoa lingam mesial viva como uma cadela de eseredtpos cas Forma no como processosindviduaiseatves, mas como dependendo de eategorisrgtase de esquomas formas matemdticos, num museu ‘is formas. Quite nunca se considera a linguagem musical como um ‘conju de linha de foga, da lags iteractivas de as orgs nem, Sobretudo, do seu funcionamento no tempo. Independentemente 40 ‘stidio ominalista ~ oda desr—ao eda veiiago~ 0s livros 80 ‘mudos bibliografia vezi. Asraras obras deinteresse superior como ALINGUAGEM MUSICAL, a Inroduction 2S. Bach() de Basi de Seloezer ov, numa linha de pensumento diferente, Penser fa musique axjowrd Tl) de Boulez hero oda ans seg, mas no chegam par fundar uma biblio= tafn sobre este asso, Acba de Scloezer, austera mas acesivl fais um ensio de extica msial,efectudo com rigor exemplar, do ‘qu uma investiga da linguagems com elaa nossa grado apendeu fale Embora tenha sido publicada em 1947 e ten envehecio, Insisnenhumd he seguiu a pleads. Pener la musique jour de Boulez com cera de quarents ans ainda merece a nossa atens20, mas restinge-e ao serialismo tal com c autor opraticou; 0 seumétodo € diretivo © normative quanta ds oppes gestos do compositor. EEntretano, 6 evidente gue o pesamento miscal acta tem trtado de Tinguagem musical; may, inflioments, aeflexdo dos composites, dos intrpretes edo avs fnvestgadores que se aventuram neste dominio {Sth dapersn por mumeross artigos ou enrevisus ao longo deste meio ‘euloe geal-mentecentrada em problemas particulares. Apes deo ‘avin apino-nado pela mien (Que ~depisde ter superadoo eto Sacepointltivament pels intprees~nsuiientementeconeep- ‘ualizad,¢ realmente capital Da dstribuigo eda dferencag0min- ‘isa das itensidades dentro de wm acorde depend a sua Sonoda, tanto aa msi clssica como a do século XX. Debussy, especialmente ‘mn un mfsiza de piano recoea dosages subi de intensidades pr zncia visitas por so mesmo qe esta misiea soa de mancira ‘ierente,produzindoencantarento, quando focada por um panista ‘que sai interpreta neste sentido (Gteseking)- Po so, peesbe-se Porque ¢ gus, Debus, falear una intensidade se possivelmente Ina grave do que fuser uma lus. Acualene foam Messiaen (Mo lei vous cnt) e Stockhausen raster, gu esther ‘mas pero da questo, a produ ignduras com intensiddesinteras| desigaais. £2 2 = Stocker: Kaveri "2 Seas ntnsidades no tém mais do qu ito graus (doze em Boulez, paras nocesiddes de guialncia mumfie com a auras), orgs tm nda menos: falas de grave, de médio ede apudo, em rigor de ALINGUAGEM MUSICAL. cextemamente grave, meo-gave e speragudo, como nest passage falgorante da Sonate op. I de Beethoven que as sus diferenganespeclaculres deegiste! mS ‘A masta & um elemento de gue curosamente, ios al; oterico cldsicopouco se ineresta por saber se um acorde €composto de rs fons ou de de ~ 25 contam a ua fungo harménica ea sua posto. ‘verde que amass perebida de maneia bastante aproxiati’, mas ‘percep psn, avali-ae conparaaconstntemente com oontexo ‘Alig, um nada a compensa uma diferenga de esto na massa “umn” (porexerplo) Bc 4—Bestove:Sohateop (ars) ras enquant ligada a todos os outos elementos, & susceptvel de ‘moda completamente a sua exeeug. ‘0 timbre, por fm, come elemento activo, emergureaivament tarde, sé depos de Bach. bastante dif de representa ainda mais dif de analisar, sobretido se nfo 0 consideramos apenas provenente de on insrumentas pros ou aralgmados evident que os contrasts instrumentais prodiem dierengss do inbre faciimente perceptive © poderosamenseficzes As alerlncas das madeira, dascordas dos reas sio utlizagesclamentres delas a passagem dlbre da Herdica ALINGUAGEM MUSICAL. de Beethoven constitu um exemploelssico em que a progressto do tempo eweegurad pelo tne: 2D Noentanto independentomente desta stuages simples e das sbias _ombinap es instrumenais ~ ujoscampeses foram Berlioz, Strauss © Debussy péese a questo daescrtado rime, da sua concep e das suas técnica, porque otmbreesreve-se, mesmo que ea pars um ico Instrument, Eo que i de mas dificil de expicarEnfrentemo 07sco ~eotempe, Em pinto lgar, épreito esclrecer que a questo 56 se colocou depois de meados do sdculo XX; iso porque atomada deconsciénca «do imbre como esrita fo lena a maniferta-ee, com ela, o care ‘mentos conebidasparaest efito, Porque a antiga definigso do timbre eagle qu diferencia dos sons cm que todos os elementos so ais, igus» € uma definigio "pr defet”, dere obscura, oque diz nto sobre estado dareflexao musical. ram os composites sri do ps-auerra qu pusecamo problems, se nfo com um rigor ciemifco, pelo menos com imgingdo bastante paraesclarecer eeaiqueceraai+ (Ho. Evidetemente,irtonso quer daar que aescia do titre (wo piano, omeadamente)nioexsise anteriomente Beetboveh dios faosos txamplos (ve adiant)- Mas io poeelamosaalisilos sem possi os Imcis teriens, em que sei, a0 menos, una hipsese sobre osmbre ‘como fargo do tempo, Nia eatrand (pot agora) neses labios, demos explo um pequen coajuno de medeles tirados de Beethoven (Gervindo-no de uma nossa obra anterior) Cy Adi Boscom: El Bho Ace So 19 ALINGUAGEM MUSICAL. No inicio do primiro movimento da Sonata op 53, chad “Wald sein", Beuthovenescreve: 6 Retomando imeditamente este tema (nasser realmente un tna no sentido elesica do termo? Dir-se-ia antes uma cr), ele duplie as duragbes Porgué? "Noprimeiro exempl,s coleheisdavam Som uma cera qualidade, tua pulsagdo temporal relativamentelenta.No segundo exemplo, [Bethoven quer modar ea qualidade por itera doterpo (oto) «isso "son de mancia diferente. $80 oses 0s exemplosrudimentares; ‘mbm pssaremos de das paragens famicas para és camadas rimicas sobrepots, no movimento ial desta mesma Sonata ALINGUAGEM MUSICAL. z es, Distinguimos aqui claramente cata tréscamadas. A mais “lata” _enconta-e no agudo, caractrizada pelos seus aloes de seminimase Ae colchess adm disso éportadom da melodia A camada central um tril quer dizer um som, uma oslo peribicaaquccos ses bate tosrapiissinoseindecomponives coferem uma qualidade especifien; ‘tela gum timbre, Pr fim, acamada inferior € composa de triplas col- ‘hes ascendentes gad or dupas coleias descendents picaas [oudestigadas), Quer dizer qu uma dupla classifi: pla ures pelos modes de ataque dos sons ~ legato ascendeate, staccato des- ‘endente “Assim casifiads, srs camadasfunden funcionam em on- juno, constitundo um fendmen snot en evoluo, de una complex fade ue, prossgulsemos eta andise com maior aprofindament, ‘mostra sem fim; mas oxi asim a" Waldstein" oy toda a isin ‘de piano de Chopin, de Liste mais ainda de Debussy, éperesbe aim porncia do timbre eee" a suas cores. 7 impensivel um fendena sonore que no possua toes estes ele- mento, ou uma etrutira musical que ao relacione vriosfensmenos Sonor, Ea queenram em cena as diferenas. Estas diferengas so es ‘eninlmente gualzatvas porque mesmo aqui que parece uantificivel (or exerpo uma rego de intensidaes, fortelraco) & submetido 20 ‘Principio da relavidade edo context; o gue & taco pode se ouvio ‘como “forte” (al come um plansimo sbito, no fim de wma passage ALINGUAGEM MUSICAL tonitrunte, para dar um exempl grossa) e vice-versa. O “valor” de tim lementoiolado 3 ericameate se pderdconceber. Na realidad ‘sical, elemento sladoé uma quimera.Oqueftzsm 9 compositor © inérprete sublinhar, fazer pevalce, via, acetuar um ou mais ‘lemons relaionando-o uns com os ours, fm de ote uma produ- ‘Hod ifeengas, eando todo os outros elementos sempre presents a ‘iversos ives Assim, olga privilegiad de dferengas de uma esti- Tura elds sera ercala de auras pone, inserts cont, ama haronia que Geoerete com el «pondo em jogo duragesourempes], Imensidades, um resto, timbres, et, sobre os quas se actu igualmente A misiautiza elementos necesaramenteindissacives eden oro ‘Cogou o momento de ena fazer una satese estes elementos na categoria do ritmo. ‘Que significa plavea “ritmo”? E dizer ado. fo que moda otem- pomsial Porque arelajzoentreclemenos, cnt esruturs dei {sa marea no tempo e eansforme-o, Quando a mais pequena diferenja Ge heron, de duragées, de ntensidade, de timbre, de est (en- {quanto indissciveis)~ ria um araaho, uma pequena ou profind {era no tempo, prods wm lo. A harmon: basta uma diferenga de fing (gor exempl, nice dominant, todos os ours elementos estan- do presentes, mas imei) pare peeduzr um rtmopoderoso. And mas ‘sharmonia como ritmo esti na origem da dindmica do ds ‘Quinto & lod: sea altura fr mexda no mas pueno interval, surge imeditament un imo, vide wo mesmo tempo como diferenga ‘um context harménice dado, ecomo simples diferenga de afastamento fente dois sons que a percep aprecia vem tempo realy, O-mesm0 contee com uma dferenga de regio: pasta do grave ao agudo & ‘roduc um acento fortsimo, E mar de timbre é muda de az. “asin, €constudo pla combina ineessamte de todos estes scootsienos insti no tempo Fo pode andar do tempo mesial, ‘quaisqer que seam a eis ovo lvr-arblro que o goverem (*) Entrmos jn crag da composi. Desnham-s igualmente os ‘ontorns Jeu modelo de funcionamento da estutura musical Este ‘modelacontempla dua escalastempoais: a o curto prazo que rege as (PVA aso. ALINGUAGEM MUSICAL relages sonoras medias «do longo prazo em que hi relaes das tstraturae na fo -MODELOS DE FUNCIONAMENTO: 0 CURTO PRAZO Funcionamentoe hrarguas no ssema tonal “Consierenoso cura prazo em que se instauram as elas de wm som a outro eu slmento aout altusas, duraes, ntensidades, te), no sem acrescenar que a exist um iseurso esquemitico, um ‘propos de modelo eno a exposigi exacta de uma Gnica realidad [Estas relagdes,estbelecids pelo compositor, consttvense em inas scores sobreudotranspostas em todos os tons cromsticos Iso ornoce ‘um material mais do que abundante para compor, com uma tics see, suites, variages,sinfonias ett quan. Para mals, com a satis lelectual de opera todas estas dees na "coeréncia als, mais iuséria do que eectiva em eluao realidad musical No deixa de sot verdade qué sista dodecafnico permit cir obas-peimas, tanto a Schonberg como, sobretud, 20s seus dscipuls Weber Berg E evident que dedecafonismo sera, jt batantedeseavolviso por ‘Wiebe eretomade, depois da Segunda Guerra Mandl, pela nova gre: so, ra evolu foremete a pari dos anos cinguenta [do séulo XX} ‘stenderse durante um cro pride, sabretidegrajas 0 se desenvol ‘vimento et sua radializago ns obras de Boulez a todos as elementos Aa linguagems no soment ks slurs comics, mas também a et os, as intensidados eos atagues dos tons. (Messiaen tin proporo| tum exemple inaugural, no Seu estado inttulado Mode de valeurs ef Tinto) ‘esta manciraofendmeno sonoro expo a pari dose interior, ‘cmos seus elementos separadose depois arbiariamentereassociados, recurso extrem se neces. B verdade que, actualmete, é “de bom tom’ considera aberante este sistema, chumado “série generalizada” (Gereso, éde facto abereet!). Coto, na obsess da "organizaso tou” eda“coetdnca absolut” da pecs, evitava-se formar conscne as sus consoquncias prpraments sonora"). Renegado plo pip. Boulez como tence ivivel longo paz, ejetada pelo publica como cesteticamente“intrapivel” a sie generalzaa 0 ous prod, pe ‘ialmente as Earacwas (1 Livo) de Boulez anda cinta, pelo menos ‘05 cuvies do ator, com um bio sonore nau. Enquarto esta evelagSo Sono, jf intulda em Messiaen por Stock: haan, iia conduzir este elaborao de uma era do som como 580 do tempo (ver o comentiro & sua obra Gruppen no segundo capitulo), ‘os composites depts do eilismo, km dove dliro de crganias0, ‘emavam conseifncia de ouraspropriedades epecfens da série, nomen “damente sda sua eapacidade de servi de igagSodescontina etre os (Cen 1980 1951, Stns, owing vnc i ets es Node evar oad Mest ng de ‘ae coo mals congenic a pata ALINGUAGEM MUSICAL. ‘ort Be 12-Boaler Sree! evens (”).A re devianecesariament muda 6, mes eonservndo Unt minimo de pinepios estiinticos qu inpediam ge aescrta musical ‘ales nas antiga clasuls gramaticis,tedia para um ceraabstacgo de algun modo, indo ealulava auras 08 duragdes& ia, ras trdenavaproprges, quantidadse sobretud,quaidades. Aj citads Pega X para piano, de Stockhausen, goverada por um programa de proporges abstract (voltaemos a este asinto mals ponfenorzada- ‘mente no capitulo segue), representaraotitimo esto (terminal?) Aoserilsmo, Actaments, que ret de to iso? Tendo sido abandonada aobses- so da oraniapioconfad uss automatcamente sie, ainda perma TE Dave etn — mst de eto doer lar norte esrins ur oreo ee eal) Torin cn csi Ics eel mar ras” od gulge Spas ALINGUAGEM MUSICAL. ove a consis, como heranga do stialismo, de uma descontauidade,

Você também pode gostar